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O POPULAR
Operação Calouro
PF prende 30 pessoas em Goiás
Sete grupos atuavam há pelo menos uma década em fraudes de vestibulares de medicina
Vandré Abreu
Trinta goianos foram presos no início da manhã de ontem por agentes da Polícia Federal (PF) acusados de participarem de seis quadrilhas que fraudavam vestibulares de medicina em instituições particulares de todo o País. As prisões fazem parte da Operação Calouro, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF) do Espírito Santo. Seis das sete quadrilhas acusadas de fraudar vestibulares de medicina em todo o Brasil estão situadas em Goiás e atuavam há pelo menos dez anos. Os ganhos de cada grupo chegavam a R$ 500 mil por concurso fraudado e cada vestibulando pagava de R$ 25 mil a R$ 80 mil.
Ao todo, foram cumpridos 70 mandados de prisão e 73 de busca e apreensão em dez estados e no Distrito Federal, com 290 policiais federais. Dentre as detenções, 22 ocorreram em Goiânia, 7 em Aparecida de Goiânia e 1 em Anápolis. A capital é apontada como o principal ponto de apoio das quadrilhas, que se conheciam e trocavam informações. Um engenheiro, um médico e quatro empresários foram detidos em Goiânia e apontados como os líderes das quadrilhas. A sétima quadrilha seria liderada por um estudante de medicina que reside em Minas Gerais.
O caso foi deflagrado pela PF do Espírito Santo porque o primeiro indício de fraude em vestibulares de medicina se deu há um ano e meio, em Vitória, capital do estado. Coordenador da operação, o delegado Leonardo Damasceno explica que, a princípio, o capixaba era visto como um líder de uma quadrilha, mas as investigações apontaram que ele tinha chefes e que, na verdade, sua função era de aliciar estudantes de medicina e profissionais que fariam as provas de vestibulares em troca de ganhos que variavam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil.
Através deste suspeito foi possível descobrir toda a hierarquia de uma das quadrilhas e até mesmo das outras seis. “Essas quadrilhas se relacionam, compartilham informações, mesmo sendo concorrentes neste mercado negro. É uma concorrência sadia entre elas e isso fez com que nós descobríssemos todas elas”, alega o delegado. Em virtude disso, a PF preferiu aguardar o período de um ano e meio para que pudesse agir. “Preferimos resguardar as investigações para que pudéssemos montar todo este quadro.” Estima-se que mais de mil vestibulandos teriam sido clientes das quadrilhas.
No entanto, Damasceno relata que a maioria dos casos de fraude ocorrida nesse período foi interceptada e levada ao conhecimento da Polícia Militar e Civil, que agiam de forma pontual. Um destes exemplos é a fraude no vestibular de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em junho deste ano, que teve de ser anulado e refeito após duas pessoas terem sido presas ao tentar realizar a prova no lugar de outros dois candidatos, com documentação falsificada.
O delegado civil Murilo Polati, lotado no 8º Distrito Policial de Goiânia à época e responsável pelo caso, relata que as investigações acerca da fraude no vestibular da PUC se encerraram com a detenção do estudante de Medicina Mateus Felipe Marques Fonseca, de 19 anos, e da estudante de Direito Alliny Leity Marques da Silva, de 28. “Não aprofundamos no caso. Soubemos que havia uma quadrilha envolvida, mas que já estava ocorrendo uma investigação da PF e então encerramos o caso.”
Damasceno explica que a atuação da PF ocorreu de forma permanente em todos os estados e várias pessoas envolvidas em fraudes foram detidas e autuadas por este crime e também por falsificação de documentos.
PARTICULARES
Coordenador da operação, o delegado da PF do Espírito Santo, Leonardo Damasceno, afirma não haver uma razão clara que estabeleça Goiânia como o local de moradia das seis quadrilhas. “O que sabemos é que as quadrilhas mais antigas começaram na cidade e as outras se formaram como ramificações destas, que depois ficaram independentes. Não existe, até então, algo que aponte a razão delas se situarem em Goiânia”, explica Damasceno.
Polati acredita que o menor número de faculdades de medicina na capital ajuda a elucidar a dúvida, já que a concorrência entre os estudantes seria maior. Além disso, o delegado civil aponta a localização geográfica da cidade como outra explicação que torna Goiânia a moradia das quadrilhas. No entanto, Damasceno lembra que as atuações dos detidos na Operação Calouro se deram em todo o País, especialmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
O delegado federal explica que as quadrilhas, nos últimos anos, preferiram atuar apenas em vestibulares de medicina em instituições particulares porque a segurança seria menor do que nas instituições públicas. “No começo a gente também estranhou, mas constatou que o mercado era mais concorrido, com mais pessoas interessadas a realizar a fraude ”, conta .
Porém, o delegado enfatiza que nenhuma instituição era conivente com o crime. Única instituição privada no Estado que oferece o curso de medicina, a PUC-GO e seus inscritos nos vestibulares teriam sido as vítimas. Em nota, a PUC-GO afirma reconhecer o trabalho da PF no combate às fraudes nos vestibulares e que, “nos limites de suas competências”, não mede esforços para realizar os processos seletivos de forma mais segura possível, “assegurando ao candidato a tranquilidade necessária para realizar bem a sua prova e ter a certeza do acesso por mérito às vagas oferecidas pela universidade”.
“As quadrilhas mais antigas começaram na cidade e as outras se formaram como ramificações destas. Não existe, até então, algo que aponte a razão delas se situarem em Goiânia”
Leonardo Damasceno, delegado
Cremego pode analisar possível sanção
A participação de médicos no esquema de fraude nos vestibulares de medicina em todo o País chamou a atenção do delegado Leonardo Damasceno, coordenador da Operação Calouro. Segundo ele, o crime mostra que existem médicos atuando no Brasil sem a devida capacidade ética e moral, e mesmo profissional. No entanto, a sanção profissional só pode ser feita pelos conselhos regionais de medicina, que só atuam caso o crime ocorra durante o exercício da profissão.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), a princípio, a instituição desconhece o teor da ação da Polícia Federal, tendo tomado conhecimento apenas pelo o que foi divulgado pela imprensa. Caso a denúncia chegue ao conselho, a assessoria jurídica deve analisar se o médico utilizou do fato de ser profissional em medicina ou do conhecimento em medicina para a participação nas fraudes dos vestibulares.
No entanto, até então, não é possível estabelecer a relação entre o exercício da profissão e o crime e o órgão atuaria como o faz com qualquer outro delito cometido por um médico, mesmo em se tratando de vestibulares de medicina.
A Polícia Federal não divulgou, oficialmente, nenhum nome das pessoas detidas pela Operação Calouro, sob a argumentação de não atrapalhar no cumprimento de todos os mandados emitidos.
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Votação
Comissão de Educação aprova projeto do Ato Médico
O substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 268/02, que regulamenta o exercício da medicina e estabelece quais são as atividades privativas dos médicos, obteve nesta quarta-feira (12) parecer favorável da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O texto será ainda submetido à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para, em seguida, chegar finalmente ao Plenário.
A aprovação ocorreu por unanimidade, após a realização de uma audiência pública conjunta sobre o tema, promovida pela CE e pela CAS, quando foram ouvidos representantes dos Ministérios da Saúde e da Educação e do Conselho Nacional de Educação.
Antes da votação, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu a formação de uma mesa de negociação, para buscar um consenso entre médicos e outros profissionais de saúde, que temem ver suas atividades cerceadas pelas normas contidas no projeto. A senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidia a reunião, lembrou que o texto voltará a ser debatido na CAS, antes da decisão final do Plenário.
As principais divergências em torno do texto referem-se ao artigo quarto, onde estão definidas as atribuições exclusivas dos médicos. Mas o projeto foi submetido à CE, antes de seguir para a CAS, por tratar do tema da formação profissional. Segundo o substitutivo, são privativos dos médicos o ensino de disciplinas especificamente médicas e a coordenação dos cursos de graduação em medicina, dos programas de residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos para médicos.
O relator da matéria na CE, senador Cássio Cunha (PSDB-PB), optou por manter o texto já aprovado anteriormente pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Em sua opinião, a redação acatada pela CCJ é a que “melhor atende às demandas das outras categorias profissionais interessadas no projeto de regulamentação da medicina”.
Os 14 itens do artigo quarto do texto aprovado definem quais são as atividades privativas dos médicos. Entre elas, a formulação de diagnóstico nosológico e a respectiva prescrição terapêutica; a indicação e execução de intervenção cirúrgica e prescrição de cuidados médicos pré e pós-operatórios; a indicação da execução e execução de procedimentos invasivos; e a execução de sedução profunda, bloqueios anestésicos e anestesia geral.
Audiência
A última audiência sobre o projeto antes da votação ocorreu em uma reunião conjunta da CE e da CAS, encerrada minutos antes da realização da reunião da CE durante a qual a matéria foi colocada em votação.
Durante a audiência, a coordenadora geral do Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde, do Ministério da Saúde, Miraci Mendes, elogiou o substitutivo em debate, mas observou que ainda existiam resistências a alguns pontos da proposta por parte de conselhos profissionais ligados à área da saúde. Para ela, “seria fundamental continuar o diálogo”, a fim de se alcançar um acordo entre todos os profissionais da área de saúde.
O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Amaro Henrique Lins, considerou importante a aprovação de um projeto que defina as atribuições dos médicos, mas lembrou que cabe ao profissional médico “trabalhar de forma harmoniosa em equipe”. Por sua vez, o representante do Conselho Nacional de Educação, Luis Roberto Liza Curi, ressaltou a necessidade de flexibilização da formação dos profissionais de saúde, levando em conta a interdisciplinaridade.
Durante o debate, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a disputa entre os diversos profissionais da área de saúde em torno do projeto era a “prova mais cabal da crise da saúde brasileira”. Vanessa Grazziotin pediu que se ampliasse o diálogo a respeito do tema, uma vez que as divergências limitavam-se a poucos pontos, como o dispositivo que considera o diagnóstico nosológico atribuição dos médicos.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) recordou que o tema vem sendo debatido há mais de 10 anos no Congresso Nacional. Da mesma forma, o senador Paulo Davim (PV-RN) considerou falsa a ideia de que existiria uma “guerra santa” entre os diversos profissionais de saúde. O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) pediu aos críticos da proposta para que apontassem, com objetividade, onde estaria no projeto o impedimento do exercício de outras profissões. Por sua vez, o senador João Capiberibe (PSB-AP) lembrou que existem 365 municípios no país onde não há nenhum médico. As equipes de profissionais de saúde desses municípios, observou, dependeriam então de médicos residentes em outros municípios.
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Caso Louanna
Médica detalha cirurgia em miss
Anestesiologista diz que arritmia detectada em modelo não era impedimento para implante de silicone
Patrícia Drummond
Em mais de três horas de depoimento, a médica anestesiologista Beatriz Vieira Espíndola, que participou da cirurgia para colocação de prótese mamária na modelo Louanna Adrielle de Castro Silva, morta no dia 1º de dezembro durante a operação, deu detalhes sobre as intervenções realizadas durante o procedimento em Louanna e na tentativa de reanimação da jovem após duas paradas cardíacas.
“Ela relatou, minuciosamente, cada tipo e dosagem de medicamentos utilizados, bem como as reações da paciente a cada procedimento. A anestesiologista assegurou que, em nenhum momento, houve negligência ou imperícia por parte da equipe que assistiu Louanna”, destacou a delegada Mirian Borges, titular do 13º Distrito Policial (13º DP). Para Miriam, nesse aspecto, o depoimento da médica foi mais esclarecedor do que o do cirurgião plástico Rogério Morale, ouvido na sexta-feira passada.
A delegada ouviu a anestesiologista a portas fechadas, das 10 horas até por volta das 13h40. De acordo com Miriam, a médica corroborou a versão apresentada por Morale sobre o resultado do eletrocardiograma que apontou uma arritmia sinusal na modelo e miss Jataí Turismo. “A médica (Beatriz) foi categórica em dizer que, nesse caso, não seria necessário um parecer de risco cirúrgico (de um cardiologista)”, afirmou. “Segundo ela, esse resultado não representaria fator de impedimento para a realização da cirurgia, dado o quadro da paciente, jovem e saudável, conforme o prontuário, e também como garantiu a própria Louanna”, acrescentou.
USO DE DROGAS
Quanto à indagação sobre um possível uso de drogas por parte de Louanna, a anestesiologista teria dito que foi um questionamento necessário feito aos familiares, em função das reações apresentadas pela modelo durante a tentativa de reversão das paradas cardíacas ocorridas no Hospital Buriti – onde estava sendo realizada a implantação da prótese nos seios. “No depoimento, ela (a médica) alegou que essas reações não foram as esperadas de uma pessoa que não faz uso de entorpecentes; daí o questionamento”, comentou a delegada. A família nega que a modelo fizesse uso de drogas.
Os comentários de uma das amigas de Louanna – que também será ouvida pela polícia – foram relatados ao Instituto Médico-Legal (IML), após a morte da miss Jataí. De acordo com a delegada, essa amiga, em meio a momentos de hesitação, teria informado à equipe que Louanna “andava com algumas pessoas barra pesada”.
“O relato dessa informação foi importante porque, com isso, o IML já providenciará o laudo toxicológico, junto com o laudo cadavérico. Só esses documentos oficiais, com a conclusão de todos os exames, aliados aos depoimentos, poderão esclarecer o que houve de fato; se houve ou não negligência, imperícia ou imprudência médica”, ressaltou Mirian. De acordo com ela, a amiga de Louanna deverá prestar depoimento amanhã de manhã ou na segunda-feira. Além dela, outros três ou quatro médicos – entre eles, o responsável pelo transporte da modelo na unidade de terapia intensiva (UTI) do Corpo de Bombeiros e o intensivista do Hospital Monte Sinai – serão ouvidos.
Na saída do 13º DP, por volta das 13h45 de ontem, Beatriz foi rápida ao falar com a imprensa. Ela afirmou estar tranquila em relação aos procedimentos adotados no caso de Louanna Adrielle e reiterou não ter havido negligência ou imperícia durante as intervenções. “Solidarizo-me com a família neste momento de dor e estou à disposição para quaisquer tipos de esclarecimentos legais que se façam necessários”, declarou a médica, lembrando, ainda, que ela e o cirurgião plástico Rogério Morale encaminharam ofício, nesta semana, ao Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), para solicitar, voluntariamente, a abertura de uma sindicância que apure o caso.
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O HOJE
Anestesista diz que não houve negligência em cirurgia de modelo
Em depoimento, Beatriz Viera Spindola disse que foi feito de tudo para salvar a vida da modelo. Laudo do IML deve sair em 30 dias
José Abrão
A anestesista que participou da cirurgia plástica que levou à morte da modelo Louanna Adrielle Castro Silva, de 24 anos, prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (12) a Polícia Civil. Beatriz Viera Spindola participou do procedimento de implante de silicone e afirmou que não houve negligência
De acordo com a delegada Miriam Borges, do 13°DP, a anestesista foi categórica em suas informações. Beatriz teve acesso aos exames pré-operatórios, que constavam uma arritmia sinusal, que, de acordo com ela, não seria um empecilho para o procedimento, já que Louanna era jovem.
Mesmo assim, ela afirmou à polícia ter feito uma série de perguntas para a modelo antes da cirurgia, como, por exemplo, se ela havia sentido dores de cabeça ou no peito. A médica também perguntou se Louanna bebia, fumava ou usava algum tipo de droga. Ela negou tudo. Os pulmões e o hemograma da modelo também não mostravam problemas, portanto, não havia nada que impedisse a cirurgia como explicou Beatriz.
“Se ela percebesse algo fora do normal, ela mesma suspenderia a cirurgia”, conta a delegada Miriam. Os equipamentos e medicamentos da sala de operação também estavam em ordem, como disse a médica em depoimento.
Morte
A cirurgia teve início por volta das 7h30, mas às 8h20 Louanna apresentou uma redução dos batimentos cardíacos e foi medicada por Beatriz, o que resultou em uma taquicardia que surpreendeu os médicos. “Ela disse que os batimentos iam subir, mas não tão rápido daquele jeito”, disse a delegada.
Após a taquicardia, os médicos resolveram suspender a cirurgia. A paciente passou da anestesia peridural para a geral e precisou respirar com ajuda de aparelhos. Beatriz afirmou, segundo a delegada, que depois disso, ela também passou a ser auxiliada pelo anestesista Antônio José.
Porém, por volta das 8h30, Louanna teve a primeira parada cardíaca. Os médicos tiveram que reanimá-la. “Beatriz então constatou que a paciente apresentava um edema pulmonar agudo.”
A anestesista solicitou a ambulância do Corpo de Bombeiros e uma vaga de UTI no Hospital Monte Sinai. A paciente foi estabilizada, porém sofreu outra parada cardíaca por volta das 10h15 enquanto se preparavam para o transporte.
A paciente foi reanimada e os médicos aguardaram 1 hora para que o estado de Louanna se estabilizasse novamente, como relatou a médica. “O motivo da demora do transporte é que, de acordo com a anestesista, o paciente não pode ser transportado se não estiver estável”, diz Miriam.
A ambulância seguiu para o hospital, onde Louanna foi recebida pelo plantonista e, de acordo com Beatriz, recebeu toda a assistência. Mas a modelo teve outra parada cardíaca às 16h, não se recuperou e morreu às 16h10.
Versões
As versões apresentadas tanto por Beatriz quanto pelo médico cirurgião, Rogério Morale, a morte ou as anormalidades na cirurgia podem ter sido causadas por uma condição cardíaca desconhecida ou por uso de alguma droga ou medicamento.
“Eles não falaram que ela usava drogas como a família acusou, mas que o uso de alguma substância talvez pudesse justificar as reações que ela teve durante a cirurgia”, diz Miriam.
A delegada informou que, em depoimento, a mãe de Louanna disse que ela sofreu desmaios por volta de um mês antes da operação e também dores no peito, mas que não teve a chance de contar isso ao médico.
A anestesista defende que não houve negligência e que Louanna recebeu toda a assistência possível. Por isso e pela condição saudável da modelo antes da cirurgia, ela levanta as hipóteses de alguma doença cardíaca pré-existente que não constou nos exames ou o uso de alguma droga.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) deve sair em 30 dias com detalhes que poderão dar mais detalhes sobre o caso.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Anestesista diz que cirurgia seguiu procedimento padrão
Médica que sedou modelo para fazer implante afirma que não houve negligência de equipe hospitalar
Thamyris Fernandes
A médica anestesista Beatriz Vieira Spíndola esteve ontem no 13º Distrito Policial (DP) de Goiânia para prestar esclarecimentos sobre a cirurgia da miss Jataí Turismo, Louanna Adrielle Silva. A modelo, de 24 anos, faleceu no último sábado,1º – no Hospital Buriti, no Parque Amazônia – depois de começar uma intervenção cirúrgica para colocar próteses de silicone nos seios.
De acordo com a delegada Mirian Aparecida Borges de Oliveira, que investiga o caso, o depoimento teve início às 10h e só foi encerrado às 13h30. Segundo ela, a médica detalhou todo seu contato com a paciente e foi categórica em dizer que a equipe do hospital fez tudo o que estava ao alcance para salvar a vida da modelo.
“Para a médica não houve negligência”, comentou a delegada. Mirian conta que Beatriz defendeu o mesmo ponto de vista que o cirurgião-plástico Rogério Morale – em depoimento na última sexta-feira, 7, – quanto à arritmia apontada no eletrocardiograma da miss. Segundo a médica, a arritmia sinusal não é considerada doença em pacientes jovens e saudáveis, como aparentava ser Louanna, e que isso não impediria a realização da cirurgia.
Relato
Em depoimento, a anestesista explicou que não foram encontrados quaisquer problemas nos exames da paciente. A médica disse que estava tudo correto na anamnese da modelo, que não relatou em momento algum que poderia estar doente. Também nada foi dito quanto ao uso de remédios controlados ou entorpecentes. “Como afirmou, ela recomendaria ao médico que a intervenção não fosse feita se tivesse detectado contraindicações”, relembra Mirian.
No dia da cirurgia, de acordo com os relatos, a paciente recebeu anestesia peridural torácica – que paralisa os movimentos do tórax. Conforme a anestesista, depois disso o procedimento seguiu normalmente, até a primeira prótese ser colocada.
Depois disso, Louanna começou a apresentar uma diminuição dos batimentos cardíacos. Segundo a médica a reação da paciente ao remédio não foi positiva, e a moça teve um quadro de hipertensão na mesa de cirurgia. Beatriz contou que pediu para suspender a intervenção nesse momento.
A médica disse que outra anestesia foi a aplicada na modelo, dessa vez de efeito geral, pois facilitaria controlar seu estado. No entanto, ao invés de se recuperar, a paciente apresentou a primeira parada cardíaca. “Segundo Beatriz, só depois que o quadro foi estabilizado que eles puderam fazer a retida da prótese e começar os procedimentos de remoção da paciente para o Hospital Monte Sinai, onde há uma UTI”, disse a delegada.
Já medicada, a equipe colheu material da paciente para realizar os exames necessários. Conforme a médica, o quadro de Louanna ficou estável, mais ou menos, por 90 minutos. Em seguida, a modelo sofreu uma nova parada cardíaca e teve que esperar, novamente, que a situação fosse controlada antes de ser encaminhada para a UTI.
De acordo com Beatriz, a remoção da paciente durou de 15 a 20 minutos. Ela relatou que a miss chegou estável ao Monte Sinai, mas o quadro geral ainda era considerado grave.
Já na UTI, Louanna sofreu a terceira parada cardíaca e não resistiu. A médica disse que, em ligação ao hospital, foi informada da morte da modelo, que deve ter ocorrido por volta de 16h.
Processo
Conforme a delegada, a anestesista também se mostrou surpresa com as reações adversas da modelo quanto às pequenas doses do medicamento que era ministrado. A médica concorda com a hipótese levantada de que a paciente poderia fazer uso de alguma substância entorpecente. “Esses detalhes, entretanto, só poderão ser esclarecidos quando estivermos em posse do laudo de óbito de Louanna”, concluiu Mirian.
Ainda segundo a delegada, os depoimentos devem continuar. Até amanhã, está previsto que uma amiga da modelo – possivelmente chamada Lélia ou Lênia – seja ouvida. A partir da próxima semana será a vez de mais quatro médicos que ajudaram nos procedimentos de socorro prestarem esclarecimentos.
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PF desmonta quadrilha que vendia vaga em Medicina por até R$ 80 mil
Operação Calouro aconteceu em 11 Estados e prendeu sete pessoas que comandavam esquema de fraude em vestibulares
Jairo Menezes
Sete líderes de quadrilhas que fraudavam vestibulares de Medicina em todo País foram presos. Seis deles estavam em Goiás e um em Minas Gerais. A “Operação Calouro”, da Polícia Federal (PF), investigou grupos que agiam em 11 Estados durante seis meses. O valor das vagas dos cursos girava em torno de R$ 45 mil e R$ 80 mil. Ao total, foram 70 mandados de prisão expedidos pela Justiça. De acordo com a PF, empresários, um médico, um engenheiro e um estudante de Medicina comandavam as quadrilhas e, em um ano e meio, mais de mil candidatos teriam tentado se beneficiar do esquema.
O dia nem havia amanhecido em Goiânia e os agentes federais já estavam preparados, em viaturas caracterizadas ou não. Todos munidos de cópias de mandados judiciais. Em Goiás foram 30 mandados, sendo que 22 em Goiânia, sete em Aparecida de Goiânia e um em Anápolis. Ao total, 130 policiais foram movidos a trabalharem na ação.
Conforme a Polícia Federal, não há um local exato onde as fraudes aconteciam. "Em qualquer faculdade de Medicina em que um grupo, de pelo menos 20 candidatos, fosse cliente da quadrilha, o esquema era realizado. Dificilmente esses alunos ou as pessoas que atuavam no momento do vestibular eram do próprio Estado onde acontecia a prova", explicou o delegado federal responsável pela operação, Leonardo Damasceno, do Departamento da PF de Vitória, no Espírito Santo.
A operação acontece em Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará e Distrito Federal. Segundo nota do Departamento de Comunicação Social da PF em Brasília, 46 pessoas haviam sido presas até o final da tarde de ontem, em diversos Estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, foram cumpridos quatro mandados de prisão. Já no DF, quatro das cinco pessoas investigadas também foram detidas. Em Goiás, vinte dos trinta mandados de prisão haviam sido cumpridos.
Até o fechamento desta edição, ainda estavam sendo cumpridos parte dos 70 mandados de prisão no DF e em 10 Estados (GO, MG, ES, RJ, SP, TO, RS, AC, MT e PI). No período de um ano e meio, entre 2011 e 2012, 54 diferentes provas de vestibular em Medicina foram fraudadas em todo o País, conforme informou a Polícia Federal. Em todo o País, 45 instituições de ensino foram afetadas. Os investigados responderão por cinco crimes: formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsidade documental, lavagem de dinheiro e fraude em certame público.
LIDERANÇAS
Seis líderes foram presos em Goiás, entre eles um engenheiro, empresários e um médico (que já possui passagens pela polícia por tentativa de fraude em concurso público e formação de quadrilha) – as identidades não foram divulgadas pela Polícia Federal. O sétimo a ser preso é um estudante de Medicina, detido em Minas Gerais durante a operação. "Todos os envolvidos são pessoas que podem comprometer imensamente a saúde pública, por não serem pessoas preparadas para cursarem esta faculdade, já que não possuem ética moral, realizando esse tipo de ação", afirmou o delegado federal Leonardo Damasceno.
Damasceno detalha que o esquema funcionava de duas maneiras. Uma mais simples e outra mais difícil de ser executada, em que uma pessoa envolvida na quadrilha falsificava documentos e fazia a prova no lugar do verdadeiro candidato. Na maioria das vezes, essa pessoa que realizava a prova era um aluno de Medicina com boas notas na faculdade.
Na outra modalidade, um membro da quadrilha fazia a prova rapidamente e saia da sala. Esse falso candidato que resolvia a prova era chamado pelos integrantes das quadrilhas de "piloto", pois deveria ser rápido para resolver as questões, e também era aluno de Medicina. De posse do gabarito, ele conferia o resultado e passava as informações por meio de uma escuta eletrônica ou por mensagem para aparelhos eletrônicos como celulares, para o candidato. Antes da prova, os candidatos que contratavam os serviços das quadrilhas eram treinados para que soubessem como agir no momento de receber as respostas.
PASSE CARO
O valor do serviço contratado por um candidato que pagou mais barato, conforme os investigadores, chegou a R$ 45 mil. O valor mais alto a ser repassado à organização criminosa foi de R$ 80 mil. O dinheiro só era entregue após o cliente e candidato à vaga ser aprovado na faculdade. O líder repassava para o "piloto" valores entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. Parte do pagamento também era entregue ao "corretor" – responsável por aliciar candidatos para entrar no esquema. Essas pessoas, geralmente, eram médicos. O líder também possuía um assistente que treinava os candidatos para receber a cola, escolhia os equipamentos tecnológicos e falsificava os documentos.
A maioria das fraudes era em faculdades particulares e algumas estaduais. Os nomes das faculdades não foram divulgados pela polícia. "A carência de vagas na rede pública e a disputa acirrada tanto das federais quando nas particulares, alimenta esse tipo de esquema, uma vez que os candidatos se atraem pela facilidade. Essas quadrilhas investigadas não atuavam nas universidades federais devido ao Enem, uma seleção muito maior e com mais restrições no momento das provas", explicou o delegado Leonardo Damasceno.
Faculdades não têm envolvimento com as fraudes, segundo o delegado. "São vítimas desses criminosos, pois as instituições querem os melhores alunos para seu quadro de estudantes." A Polícia Federal comunicará às faculdades os candidatos que foram identificados durante as investigações. "Esses alunos não possuem um vínculo permanente com a quadrilha. Nós faremos uma notificação à Justiça para que seja comunicado oficialmente e, então, sejam excluídos da instituição os candidatos que conseguiram lograr êxito em passar em uma ou outra instituição", pontua o delegado.
A Polícia Federal de Goiás não informou à reportagem do DM se os presos em Goiás seriam transferidos para o Espírito Santo, onde estão sendo chefiadas as ações da operação. Não foi informado também se os presos poderão ficar presos nas unidades prisionais de Aparecida de Goiânia ou Anápolis.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação