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DIÁRIO DA MANHÃ
Médicos vão parar de novo
Categoria irá parar amanhã e quarta-feira. Paralisação será geral e afetará pacientes de planos de saúde. Somente irão funcionar emergências e urgências
MARCELO TAVARES
Os médicos voltam a cruzar os braços amanhã e quarta-feira e vão ampliar o movimento que luta contra as medidas tomadas pelo governo federal, como os vetos ao Ato Médico e a criação do Programa Mais Médicos. Dessa vez, além do não atendimento aos pacientes que tiverem consultas ou procedimentos eletivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), também não haverá atendimento aos pacientes de planos de saúde. “Será ampliado o tempo da manifestação – serão dois dias de paralisação – e também no número de pacientes que não vão ser atendidos, já que não vamos atender os pacientes do setor privado”, explica o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), Salomão Rodrigues Filho. Mais uma vez o atendimento só será feito nas urgências e emergências de hospitais e centros de saúde.
“Estamos numa crescente, em um embate com o governo e queremos que o governo reveja os vetos ao Ato Médico e à medida provisória que criou o Mais Médicos. Vamos numa crescente nesse embate contra o governo”, explica o presidente da Associação do Médicos em Goiás (AMG), Rui Gilberto. A estimativa das entidades médicas é que somente 2 mil dos 7 mil profissionais do Estado façam os atendimentos nas urgências e emergências. A manifestação que ocorre em Goiás acompanha outras organizadas para acontecer em todo País.
Em Goiás, além da paralisação por dois dias, coordenada pelo Comitê das Entidades Médicas (Cemeg), formado pela Associação Médica de Goiás (AMG), Conselho Regional de Medicina no Estado de Goiás (Cremego) e Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), haverá atos públicos para chamar a atenção das autoridades sobre as reivindicações dos médicos.
Amanhã está previsto que os médicos, residentes e acadêmicos façam uma passeata que sairá às 9 horas da porta do Cremego (Rua T-27, no Setor Bueno) em direção à sede regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que fica na Rua 82, esquina com a 83, Setor Sul. Prédio que fica localizado na Praça Cívica, quase em frente ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Na quarta-feira, 31, às 15 horas, os médicos farão um ato público no Paço Municipal. “É o responsável pela assistência no município de Goiânia e de alguma forma representa o governo federal”, explica o presidente do Cremego.
Os médicos reclamam muito de não terem sido ouvidos para que as medidas atuais as quais eles lutam contra entrassem em vigor. “Protestamos contra o autoritarismo do governo por não nos consultar. Se o objetivo é reforçar o SUS, o nosso também é, mas precisamos ser ouvidos. Temos boas propostas para a saúde”, sublinha Rui Gilberto. “Esta crise na saúde está instalada há muito tempo e o governo, com habilidade, está tentando transferir a responsabilidade aos médicos e isso não é verdadeiro. O governo é que tem a responsabilidade de investir pouco na saúde”, explica Salomão.
De acordo com o presidente do Cremego, em 2012, o orçamento do SUS era de R$ 93 bilhões, o que ele considera um valor pequeno para um País que tem 180 milhões de habitantes. Não bastasse o orçamento pequeno, conforme Salomão Rodrigues, o governo federal não gastou R$ 17 bilhões do que estava previsto no orçamento e devolveu ao Tesouro. “Ou seja, o governo faz economia em uma área que não pode. Foram gastos, realmente com a saúde pública, somente R$ 76 bilhões”.
As manifestações dos profissionais, segundo os dirigentes médicos, já têm alguns efeitos e eles esperam mudanças a partir de agosto. “Estamos mobilizando e trabalhando junto com parlamentares (no Congresso) no sentido de derrubar os vetos do Ato Médico no dia 20 agosto”, explica Rui Gilberto. Com relação ao Mais Médicos, a categoria diz que o embate com o governo vai acontecer de forma que os conselhos regionais não façam o registro dos médicos que virem do exterior.
“Os conselhos podem fazer isso (não registrar os médicos), mas não vai fazer de forma arbitrária. Quem vir do exterior e não revalidar o diploma, nós vamos entrar na Justiça para que ele não seja registrado. Agora os médicos que fizerem o revalida, e aprovados, serão bem-vindos. O Revalida é o atestado de que o cidadão está capacitado e qualificado para prestar assistência médica”, pontuou o presidente do Cremego, adiantando que o CFM já entrou com ação no Supremo Tribunal Federal. “O médico tem trabalhado para melhorar o SUS, mas o governo demonstra com as recentes medidas que para atender no SUS pode ser qualquer pessoa”, ressalta Salomão. Ao lado, o Diário da Manhã publica um carta das entidades médicas direcionada à população.
18 mil inscritos no Mais Médicos não é contraditório
Em um momento que as categorias médicas saem às ruas para protestar contra as medidas do governo federal, este já divulgou que o Programa Mais Médico já teve a procura de mais de 18 mil profissionais. Para o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues, essa realidade não é contraditória, mas sim sinaliza que os médicos aceitam ir para interior, mas ele ressalta que só isso não resolve. “É preciso que, junto à interiorização do médico, se interiorize também a infraestrutura, as condições para que o médico desenvolva seu trabalho”, ponderou o presidente.
Embora o discurso do presidente do Cremego mostre uma disposição dos médicos em irem para o interior, há profissionais que não compartilham dessa ideia e ressalta que o número alto de inscritos é para 'blefar' com o programa. “Grande parte dos médicos só se inscreveu no sentido de, na hora de serem chamados, blefar. É uma posição política da categoria: 'se inscrevem, mas hora não aparecem”. Nos somos radicalmente contra a presidenta. Ela bateu de frente conosco e nós agora estamos batendo de frente contra ela”, relatou um médico à reportagem, que pediu para não ser identificado.
Carta aos brasileiros
Nós, médicos de todo o Brasil, estamos engajados num grande movimento para assegurar que a melhor assistência chegue aos moradores do interior e das periferias dos grandes centros. Somos solidários às queixas da população, mas sabemos que não são apenas médicos que resolverão os problemas do atendimento.
É preciso também investir pesado e ter uma gestão eficiente, moderna e transparente. Esse esforço até já poderia ter começado se as propostas da categoria médica tivessem sido ouvidas e acolhidas quando foram apresentadas, há tempos.
Somente assim, o Brasil terá postos de saúde e hospitais com padrão Fifa. Todos com boas instalações, leitos, remédios e exames para oferecer a quem procura. Colocar um médico no interior não resolverá o problema do atendimento, pois a única coisa que ele poderá fazer em casos graves será colocar o paciente numa ambulância e mandar para outra cidade.
Ao invés de investir em saúde, o governo diz que a solução é importar médicos do estrangeiro. Ninguém é contra a vinda desses profissionais, mas antes deles atenderem você, seus filhos, sua família, eles precisam mostrar que são competentes passando em exames sérios. No mundo inteiro é assim. Por que no Brasil tem que ser diferente?
Quem se formou em outro país também tem que provar que sabe falar português: que entende o que o paciente diz, que tem condições de dar orientações sobre como seguir o tratamento e de escrever uma receita que não precise de tradução. Se um morador de uma capital tem direito a isso, a mesma regra tem que valer para quem vive numa área distante.
Desse jeito vão ser criadas duas classes de brasileiros: de primeira e de segunda categoria, o que é inconstitucional, imoral e injusto. Para que impedir que isso ocorra é preciso dizer não às propostas improvisadas, eleitoreiras e antiéticas. É isso que os médicos estão fazendo.
O que se quer é simples: que a Constituição seja respeitada, que a lei seja cumprida, que a igualdade dos cidadãos seja respeitada, que as soluções sejam buscadas sem agredir aos direitos de todos e levando em conta a opinião dos diferentes setores da sociedade.
Por isso, nós, médicos, pedimos desculpas se nos próximos dias você e sua família tiverem dificuldade em marcar uma consulta ou fazer um exame. Em nenhum momento, queremos prejudicar você, cidadão. No entanto, paralisações vão acontecer em Goiás, nos dias 30 e 31, para chamar a atenção das autoridades.
Não entenda nisso uma ação corporativista, de quem está só preocupado com seus interesses, como dizem alguns. Longe disso: nosso maior interesse é fazer com que você possa ter o SUS que tanto sonha: universal, integral, gratuito e com serviços iguais para todos.
Nos dê o seu apoio nessa luta, porque ela é sua também!
(Comitê das Entidades Médicas do Estado de Goiás AMG – Cremego – Simego) 29/07/13
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Prevenir e tratar os diversos tipos de hepatite
Na véspera do Dia Mundial de Luta contra as Hepatites, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou ontem às autoridades internacionais que intensifiquem os esforços para combater os cinco vírus que transmitem a doença. Pelos dados oficiais, 1,4 milhão de pessoas morrem por ano em decorrência das diversas formas de hepatite. Apenas 37% dos 126 países analisados pela organização dispõem de estratégias para prevenção e tratamento.
A hepatite é apontada como um dos desafios de saúde pública no Brasil e no mundo e caracteriza-se pela inflamação do fígado. A doença pode ser causada por vírus, pelo uso de alguns remédios, pelo consumo de álcool e de outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. A doença nem sempre apresenta sintomas, mas quando aparecem podem ser cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
O Ministério da Saúde informa que no Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e E, esse último mais frequente na África e na Ásia. Muitas pessoas são portadoras dos vírus B ou C e não sabem.
No Brasil, atualmente, existem vacinas para a prevenção das hepatites A e B. O Ministério da Saúde oferece vacina contra a hepatite B nos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) e contra a hepatite A nos centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie). Não há vacina contra a hepatite C.
Especialistas dizem que alguns vírus da hepatite, principalmente os tipos B e C, podem também levar a doenças crônicas, como o câncer de fígado e a cirrose. A hepatite viral é chamada de "epidemia silenciosa". O diretor-geral adjunto de Segurança Saúde e Meio Ambiente da OMS, Keiji Fukuda, defendeu a adoção de medidas de imunização, triagem, diagnóstico e terapias antivirais.
A diretora de Pandemias e Doenças Endêmicas da OMS, Sylvie Briand, alertou que, enquanto 82% dos países estabeleceram programas de vigilância da hepatite, apenas metade inclui o monitoramento da hepatite crônica B e C.
Especialista destaca importância de diagnóstico
Os Estados Unidos recomendam que todas as pessoas nascidas entre os anos de 1945 e 1964 façam teste de hepatite. Essa faixa de idade é conhecida como Geração Baby Boomer. São pessoas que nasceram a partir de uma explosão populacional após a 2º Guerra Mundial. O Departamento de Saúde decidiu criar uma força-tarefa para fazer os testes que podem indicar a contaminação em todas as pessoas nascidas entre 1945 e 1965.
O professor gastroenterologista e hepatologista, Hugo Cheinquer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que estudos realizados nos Estados Unidos indicam que cerca de 80% dos infectados pelo vírus C da hepatite se encontram nessa faixa de idade. “Essas pessoas estavam em risco de infecção pelo comportamento da faixa etária, de mais transfusões de sangue e uso de drogas a partir da década de 60. O período pegou todas as modas que foram passando e se infectou mais que os outros. Oitenta por cento das pessoas com vírus C, nos Estados Unidos, estão nessa faixa etária”, explicou.
O médico informou que as estatísticas brasileiras podem ser diferentes, até porque não há estudos populacionais suficientes para verificar se os infectados com vírus C, no país, nasceram no período da Geração Baby Boomer. Ainda assim, ele considera importante fazer uma avaliação entre os pacientes no Brasil, para verificar a faixa de idade. “Até hoje, tudo que os Estados Unidos tem descoberto com relação ao vírus C tem se aplicado no Brasil. Então, eu acho que no Brasil funcionaria também essa estatística”, disse.
No país, embora o tratamento da doença tenha evoluído, a partir de junho, com a criação de centros para implantar o uso de medicamentos mais eficientes e modernos, o especialista apontou que a rede de atendimento no Brasil ainda é precária. “Uma coisa é descobrir as pessoas que têm o vírus outra é ter uma estrutura preparada no país para receber estas pessoas e tratá-las”, explicou o professor da UFRGS. Segundo ele, a estimativa, no Brasil, é que existam 2 milhões de pessoas infectadas pelo vírus C. Destes, 150 mil foram diagnosticados, acrescentou.
Hugo Cheinquer disse que hepatite C tem cura se diagnosticada e tratada precocemente. Ele informou que os dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 2 milhões de brasileiros estão infectados. O problema, segundo o médico, é que a maior parte nem sabe que tem a doença, classificada por ele, como silenciosa. “[A doença] começa a aparecer nas fases finais com uma cirrose ou um câncer”, acrescentou. (29/07/13)
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O POPULAR
MOBILIZAÇÃO NACIONAL EM DEFESA DA MEDICINA E DA SAÚDE
CARTA AOS BRASILEIROS
Nós, médicos de todo o Brasil, estamos engajados num grande movimento para assegurar que a melhor assistência chegue aos moradores do interior e das periferias dos grandes centros. Somos solidários às queixas da população, mas sabemos que não são apenas médicos que resolverão os problemas do atendimento.
É preciso também investir pesado e ter uma gestão eficiente, moderna e transparente. Esse esforço até já poderia ter começado se as propostas da categoria médica tivessem sido ouvidas e acolhidas quando foram apresentadas, há tempos.
Somente assim, o Brasil terá postos de saúde e hospitais com padrão FIFA. Todos com boas instalações, leitos, remédios e exames para oferecer a quem procura. Colocar um médico no interior não resolverá o problema do atendimento, pois a única coisa que ele poderá fazer em casos graves será colocar o paciente numa ambulância e mandar para outra cidade.
Ao invés de investir em saúde, o Governo diz que a solução é importar médicos do estrangeiro. Ninguém é contra a vinda desses profissionais, mas antes deles atenderem você, seus filhos, sua família, eles precisam mostrar que são competentes passando em exames sérios. No mundo inteiro é assim. Por que no Brasil tem que ser diferente?
Quem se formou em outro país também tem que provar que sabe falar português: que entende o que o paciente diz, que tem condições de dar orientações sobre como seguir o tratamento e de escrever uma receita que não precise de tradução. Se um morador de uma capital tem direito a isso, a mesma regra tem que valer para quem vive numa área distante.
Desse jeito vão ser criadas duas classes de brasileiros: de primeira e de segunda categoria, o que é inconstitucional, imoral e injusto. Para que impedir que isso ocorra é preciso dizer NÃO às propostas improvisadas, eleitoreiras e antiéticas. É isso que os médicos estão fazendo.
O que se quer é simples: que a Constituição seja respeitada, que a lei seja cumprida, que a igualdade dos cidadãos seja respeitada, que as soluções sejam buscadas sem agredir aos direitos de todos e levando em conta a opinião dos diferentes setores da sociedade.
Por isso, nós, médicos, pedimos desculpas se nos próximos dias você e sua família tiverem dificuldade em marcar uma consulta ou fazer um exame. Em nenhum momento, queremos prejudicar você, cidadão. No entanto, paralisações vão acontecer em Goiás, nos dias 30 e 31, para chamar a atenção das autoridades.
Não entenda nisso uma ação corporativista, de quem está só preocupado com seus interesses, como dizem alguns. Longe disso: nosso maior interesse é fazer com que você possa ter o SUS que tanto sonha: universal, integral, gratuito e com serviços iguais para todos.
Nos dê o seu apoio nessa luta, porque ela é sua também!
COMITÊ DAS ENTIDADES MÉDICAS DO ESTADO DE GOIÁS
Associação Médica de Goiás (AMG)
Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (CREMEGO)
Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (SIMEGO) 28/07/13
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Saúde
Cada vez mais um caso de Justiça
O número de pessoas que buscam via judicial garantir tratamento de saúde fez com que órgãos do setor mudassem até suas estruturas
Carla Borges
A Justiça tem sido o caminho procurado por um número cada vez maior de pessoas que, desamparadas pela falta de assistência médica imediata – mais por parte do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também de planos privados -, também estão mais esclarecidas em relação aos direitos fundamentais, garantidos constitucionalmente.
A saúde é um dos mais importantes deles. Justamente por se tratar de direito líquido e certo, quase 100% dos pedidos são acatados, o que não significa, necessariamente, que todos os mandados judiciais serão cumpridos imediatamente. Pessoas que precisam de vagas de UTI, por exemplo, normalmente são atendidas rapidamente.
Já as que querem medicamentos fora do rol do SUS às vezes amargam longas esperas. Não há nada simples nessa equação. Quem consegue uma cirurgia cardíaca – a especialidade cardiologia é a que lidera as demandas ao Ministério Público (MP) estadual – fura uma fila com 250 pessoas. Quando a cirurgia é oftalmológica, a fila é ainda maior, com 1,8 mil pacientes esperando.
A judicialização da saúde em Goiás provocou mudanças na estrutura de órgãos públicos. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) criou o Núcleo de Judicialização, que reúne técnicos capacitados especialmente para lidar com isso.
O Centro de Apoio Operacional (CAO ) da Saúde do MP estadual tem hoje a maior estrutura dentro da instituição: são 31 técnicos especializados em regulação. Doze deles atuam na Câmara de Avaliação Técnica em Saúde (CATS), criada com o objetivo de resolver administrativamente as demandas, evitando que elas acabem na Justiça.
Por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC), as secretarias Estadual (SES) e Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia se comprometeram a atender aos pedidos avaliados positivamente pela CATS, o que vem ocorrendo.
Coordenador do CAO da Saúde, o promotor de Justiça Érico de Pina Cabral diz que mais de 90% dos problemas são resolvidos na CATS. Ainda assim, os pedidos na Justiça continuam crescendo (veja quadro).
O secretário estadual da Saúde, Antonio Faleiros, afirma ao POPULAR que a SES está desembolsando mensalmente quase R$ 6 milhões para atender os processos judicializados e os que vêm das CATS.
“São mais de R$ 2 milhões para atender decisões da Justiça e quase R$ 3 milhões relativos ao acordo com o MP”, revela Faleiros.
Na SMS de Goiânia, foram cerca de 700 ações judiciais no primeiro semestre deste ano. Para garantir o cumprimento dos mandados, no ano passado foram bloqueados R$ 1,2 milhão na conta da secretaria.
“O dinheiro é bloqueado na conta do SUS e é repassado ou ao MP ou à pessoa que está demandando, para comprar o medicamento ou pagar o tratamento diretamente no hospital”, explica o chefe do Departamento Jurídico da SMS, Carlos Eduardo de Paula Itacaramby.
Juiz auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), Reinaldo Alves Ferreira constata que a judicialização ocorre em decorrência da falta de prestação de um direito que é essencial.
“À medida que o Estado cumprir com suas obrigações, essas ações deverão cair, mas, ao contrário, elas têm crescido”, observa o magistrado.
As principais demandas à Justiça goiana são para fornecimento de medicamentos e para leitos de UTI. “É uma situação que deixa o Judiciário em uma situação difícil, porque autoriza algo para algum paciente que tem direito, mas praticamente está-se tirando alguém da lista ou preterindo alguém que está na fila há mais tempo”, analisa o juiz.
Por outro lado, Reinaldo considera natural que as pessoas recorram à Justiça para terem garantidos seus direitos. “Os cidadãos estão mais informados. O aumento da consciência leva ao maior exercício da cidadania e o Judiciário tornou-se protagonista na garantia dos direitos fundamentais”.
Secretário estadual diz que problema é nacional
Secretário estadual de Saúde, Antonio Faleiros diz que a judicialização da saúde é um fenômeno nacional, vivenciado por praticamente todos os governos estaduais. “Temos conseguido atender a maioria das determinações judiciais rapidamente”, garante. “Esse é um problema decorrente, a meu ver, da não especificação da oferta de serviços no SUS. Quando se diz na Constituição Federal que é universal, todos têm direito. Não havendo limitação, a Justiça concede todos os pedidos”, observa, acrescentando que há casos em que grandes somas de dinheiro destinadas a um só usuário poderiam ser revertidas em favor de muitas pessoas.
Faleiros diz que não há um levantamento sobre o perfil das pessoas que recorrem à Justiça para garantir esse direito. “Nunca analisei quem está pedindo. É claro que quem tem mais conhecimento tem mais poder e, nesse caso, maior acesso à Justiça, mas eu cumpro todo e qualquer mandado sem olhar a quem”. O secretário, no entanto, acredita que um pouco de bom senso e de boa vontade poderiam facilitar as coisas. Há médicos, por exemplo, que mesmo havendo medicamentos genéricos, mais baratos, não os prescrevem. Ele acrescenta que as CATS existentes no Ministério Público e no Tribunal de Justiça – que contam com servidores das SES – têm ajudado muito.
“Decisões interferem na política”
Chefe do Departamento Jurídico da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Carlos Eduardo de Paula Itacaramby pondera que a questão da judicialização da saúde é muito complexa e argumenta que a SMS sofre grande impacto pelas decisões judiciais. “O caso de um CPAP (aparelho para respiração), por exemplo, quando o juiz manda comprar, o custo é só para o município”, diz. “Há decisões que interferem até na política da SMS, com reflexo muito grande”, afirma, lembrando a recente sentença determinando que a SMS construa seis Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em Goiânia.
“Não podemos programar algumas ações de longo prazo porque sofremos diretamente as consequências disso”, diz. Segundo Itacaramby, esse é um dos motivos que fazem com que a Prefeitura de Goiânia invista hoje 23% de seu orçamento em saúde, quando o mínimo exigido pela Constituição Federal é de 12%. Itacaramby acredita que a judicialização da saúde tem um aspecto bom: “Ela impulsiona os gestores a resolver problemas como de UTI e a própria falta de médicos”.
MP diz que perfil da demanda mudou
Coordenador do CAO da Saúde do MP estadual, o promotor Érico de Pina Cabral observa que o perfil das pessoas que recorrem à Justiça para receber serviços de saúde mudou. Antes, pessoas das classes média e alta não percorriam esse caminho. Hoje, isso acontece com frequência. “Temos pedidos de médicos, juízes, promotores de Justiça. A saúde é um direito de todos, está na Constituição. Por que essas pessoas iriam pagar por medicamentos se podem conseguir pelo SUS?”, raciocina o promotor.
Tão eclético quanto o perfil dos usuários que buscam o MP para intermediar a disponibilização do serviço é o tipo de demanda. Há desde diabéticos que não encontram kits para exames – diabetes é uma das doenças que mais levam segurados ao MP – até pessoas que querem medicamentos de última geração para tratamento de câncer, que são caríssimos.
Há casos, reconhece Érico, que só são resolvidos na Justiça. Uma das demandas recorrentes no MP é para o fornecimento do CPAP, aparelho para pessoas com apneia do sono, doença que, em casos severos, pode matar. Só na SMS de Goiânia há 180 pedidos de CPAP. Administrativamente, ninguém consegue o aparelho. Na semana passada, o coordenador do CAO orientou o promotor de Águas Lindas a acionar a Justiça para conseguir o respirador para um paciente da cidade que é tetraplégico. Ele está internado e só poderá receber alta do hospital quando tiver o aparelho para sobreviver.
Os principais problemas que chegam ao MP, atualmente, são de medicamentos e vaga para UTI. Para atender à crescente demanda, o CAO instalou, em 2011, um plantão noturno, que funciona com três especialistas em regulação, além de um promotor. A estrutura fica na sede do MP, no Jardim Goiás, mas atende também o interior do Estado. “Mesmo com todo esse esforço para resolver os casos administrativamente, ainda é grande o número de ações na Justiça”, reconhece o coordenador do CAO.
Sobre os medicamentos, o promotor relata que a Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa, antes uma grande fonte de reclamações de usuários, hoje funciona muito bem. No local são disponibilizados os medicamentos que fazem parte da lista do SUS e não há relatos de desabastecimento. Situação diferente, no entanto, ocorre em relação aos medicamentos fora desse rol. (29/07/13)
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Cartas dos leitores
Greve dos médicos
Desajeitada e desumana essa greve dos médicos da saúde pública. O trabalho desses profissionais é extremamente essencial. Tal como a polícia, não deveriam fazer uso do instrumento de greve para reivindicar suas inquietações.
Nos termos da Constituição Federal (lei maior do País), a saúde é direito social, fundamental e básico de todo cidadão brasileiro. Deixar a sociedade sem atendimento, seja emergencial ou não, é crime contra a dignidade da pessoa, contra a cidadania. É omissão de socorro, é discriminação, é injusto, é imoral… Entre o direito de greve e o direito a saúde, prevalece e eu fico com o último.
Wanderson de Oliveira – Goiânia – GO (29/09/13)
Ato Médico
E agora doutor, vai ali comer um salgado? Esta foi a pergunta feita pelo anestesista ao cirurgião após três cirurgias consecutivas. Quando eu entrei para o curso de medicina não esperava escutar a resposta que ele obteve. “Se eu tivesse tempo não comeria, iria ao banheiro. Tenho que ir para o ambulatório.” Todos riram. Provavelmente riram para não chorar.
Alguns vão pensar que ele deve fazer isso tudo para ganhar dinheiro. Mas todas as cirurgias e atendimentos foram pelo SUS. Não vou entrar em detalhes sobre a remuneração, pois todos concordam que além de tardar – e às vezes falhar – é pífia. SUS esse que os futuros estudantes terão de trabalhar por mais dois anos depois de formados. Indago, se estes futuros recém-formados não terão CRM, como eles atenderão? Com supervisão de um médico? Mas o que fará este médico ir para tal cidade do interior supervisionar o recém-formado que não é médico, nem estudante? Fica meio contraditório.
Estagiei durante todo o curso no SUS, atendi por cinco anos e atenderei por mais um. Todos eles com supervisão de um médico/professor. Agora os futuros estudantes serão obrigados a fazer isso tudo e ainda trabalhar mais dois anos?
Todos os estudantes de Medicina de faculdades públicas e privadas trabalham no SUS durante toda a sua formação. Não é opcional. Eu provavelmente vou continuar trabalhando no SUS, só não quero que a presidente escolha nem quando nem aonde.
Ninguém está querendo ficar na capital para ter vida tranquila. Nós só não queremos estudar desse tanto para chegar num interior e saber o que fazer e não poder fazer porque não existe condição, não existe infraestrutura.
Não vou para o interior porque não há plano de carreira, não vou porque quero dignidade para mim, para minha família e para os meus pacientes, porque não quero ficar à mercê da vontade de políticos que podem demitir os médicos quando quiserem ou atrasar os salários, já que os contratos são “de boca”.
Não estou contra a Dilma, estou contra as trapalhadas que ela anuncia dia após dia como o veto de pontos essenciais do Ato Médico após 11 anos de tramitação do mesmo. O programa Mais Médicos propondo trazer médicos estrangeiros sem a aplicação da prova revalida.
Para demonstrar que não aceitaremos isso, nos próximos dias 30 e 31 haverá paralisação nacional dos médicos. Quem sabe a população entenda que os nossos anseios são os mesmos que os deles: saúde de qualidade para todos. Depois de acompanhar o tal cirurgião a manhã inteira, diferentemente dele, eu tive um tempinho para almoçar, mas não se engane, ele é curto.
Frederico Dantas Frota – Setor Bueno – Goiânia (27/07/13)
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O HOJE
Doença figura no ranking da cegueira
Aos 47 anos, Celso Rodrigues de Moura era servidor público federal e frequentava anualmente o oftamologista, como recomendado. Graças ao problema de miopia, que demandava exames para a troca anual das lentes de contato. Numa das consultas, ao realizar a tonometria (medição da pressão interna do globo ocular), foi detectada a pressão alta e o diagnóstico de glaucoma, a principal causa de cegueira, em todo o mundo.
Após 15 anos de tratamento com colírios, os medicamentos passaram a não surtir efeito e foi necessária a cirurgia a laser, que amenizou o problema. Mas não o livrou dos cuidados. “Os médicos recomendam que a gente retorne para exames regulares a cada seis meses, mas vou a cada três meses e sempre passo no consultório, pelo menos uma vez por mês, para medir a pressão.”
Mesmo com todos os cuidados, diz ele, ainda “tive sequelas da doença. Hoje não tenho uma visão periférica muito boa e enxergo com meu olho esquerdo com muita dificuldade”, afirma, aos 64 anos.
O glaucoma é uma doença degenerativa e incurável e, segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Francisco Lima, é a principal causa de cegueira. “Se o seu Celso não fosse tão cuidadoso, com certeza já estaria cego. O tratamento com o oftamologista é fundamental”, pondera.
Causada pela lesão do nervo óptico, tem como principal causa pressão alta deste nervo, detectada em exames rotineiros (todo ano), a partir dos 40 anos. “Nesta idade, muitas pessoas com vista cansada recorrem a óculos prontos em óticas ou, até mesmo, em camelôs, e não procuram um médico para verificar a saúde dos olhos.” (Gracciella Barros) 29/07/13
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SAÚDE BUSINESS WEB
Resolução obriga instituições a terem núcleos de segurança do paciente
Departamentos deverão elaborar, implantar, divulgar e manter Plano de Segurança do Paciente
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (26) no Diário Oficial da União uma resolução que obriga serviços de saúde no País a possuírem um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP). Estes departamentos serão responsáveis por elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde das instituições.
A meta da agência é cobrar dos prestadores de serviços em saúde ações de melhora para a segurança dos pacientes. Instituições públicas, privadas, filantrópicas, civis e militares, incluindo de ensino e pesquisa, deverão se adaptar. Consultórios, laboratórios clínicos e os serviços de atenção domiciliar estão excluídos.
Serviços de saúde terão prazo de 120 dias para a estruturação dos NSPs e para elaborar o Plano de Segurança do Paciente, e outros 150 dias para começar a notificação mensal de eventos adversos. O descumprimento será considerado infração sanitária.
Os NSPs serão responsáveis pelo monitoramento dos incidentes e eventos adversos, que deverão ser mensalmente notificados à Anvisa. Óbitos devem ser comunicados em 72 horas. A Anvisa fará o monitoramento dos dados e vai divulgar relatórios anuais.
* com informações do jornal Valor Econômico 29/07/13
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação