ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES DE HOJE
• 278 anos de prisão – Ex-médico Abdelmassih é encontrado no Paraguai
• Esclerose Lateral Amiotrófica – Baldes de gelo contra a doença
• Brasileiros reclamam da saúde pública e privada
• 93% dos brasileiros estão insatisfeitos com saúde pública e privada
• Esclarecimentos do Ministério da Saúde sobre pesquisa Datafolha
• Estudo auxilia análise de dados em medicina
• Três meses sem médico
O POPULAR
Aumentou?
O secretário estadual Halim Girade (Saúde) diz que neste mês já fez acordo com a Secretaria de Saúde de Aparecida para repassar R$ 2,3 milhões. O município cobra o dobro.
Credenciadas
A Prefeitura de Goiânia contratou, com dispensa de licitação, cerca 130 laboratórios e hospitais para atendimento pela rede SUS. Custo anual de R$ 287,7 milhões.
…………………………………………………………
278 anos de prisão
Ex-médico Abdelmassih é encontrado no Paraguai
Condenado pelo estupro de 37 pacientes, especialista em fertilização foi preso ao buscar filhos na escola
Um dos homens mais procurador do País, o ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, condenado a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 pacientes, foi capturado ontem, às 13h35, em Assunção, no Paraguai. Foragido desde 6 de janeiro de 2011, ele vivia havia três anos no país vizinho.
Um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, o ex-médico foi preso quando buscava os dois filhos pequenos na escola. Estava acompanhado pela mulher e mãe da crianças, Larissa Maria Sacco, de 37 anos. Três carros com policiais da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai, cercaram o foragido. A polícia do país vizinho era apoiada por homens da Polícia Federal (PF) brasileira.
Surpreso, Abdelmassih não reagiu. “Não esboçou reação, a não ser no rosto, com as feições paralisadas e boca aberta”, contou o delegado Marcos Paulo Pimentel, da PF. O ex-médico só quis saber o que aconteceria com a mulher, pois alguém teria de cuidar das crianças.
Abdelmassih, por quem o governo de São Paulo oferecia R$ 10 mil de recompensa por informações que levassem à sua captura, figurava na chamada “difusão vermelha” da Interpol – o índex dos criminosos mais procurados do mundo. Ele morava em uma casa em Villa Morra, bairro de classe alta da capital paraguaia onde o presidente daquele país, Horácio Cartes, tem uma residência.
Depois da prisão, o ex-médico foi levado à sede do departamento de imigração daquele país. Ali, o foragido novamente perguntou pelo destino da mulher, ex-procuradora da República com quem se casou depois que as investigações contra ele já haviam começado no Brasil.
Abdelmassih e Larissa usavam em Assunção, segundo a PF, documentos falsos. De acordo com Francisco Ayala, diretor de Comunicação da Senad paraguaia, a “condição de imigrante ilegal em território paraguaio facilitou a expulsão do ex-médico” do país.
Escoltado por policiais armados com fuzis e vestindo um boné, ele foi levado para o aeroporto de Assunção, onde, às 15h30 de ontem, foi colocado em um avião da força aérea paraguaia, que levou o foragido até Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil.
Dali, o ex-médico foi conduzido pelos agentes federais até Foz do Iguaçu, no Paraná, onde iria passar a noite. A chegada a São Paulo estava prevista para as 13 horas de hoje. Abdelmassih deve, então, ser enviado para a Penitenciária de Tremembé.
Abdelmassih começou a ser investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) em 2008. Acabou acusado de 56 estupros contra 37 vítimas – todas pacientes do então médico, que abusaria das mulheres que recorriam à sua clínica para engravidar. “Uma avalanche de fatos absolutamente repulsivos e, não por outro motivo, as vítimas descreveram as sensações que possuem em relação aos mesmo como dor, raiva, asco, nojo, humilhação e medo”, escreveu a juíza Kenarik Boujikian Felippe, na sentença que o condenou em novembro de 2010.
Em 2009, o ex-médico chegara a ser preso, mas acabou solto no fim daquele ano por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A 16.ª Vara Criminal de São Paulo decidiu, em 2011, decretar novamente sua prisão, depois que o então médico pediu a renovação de seu passaporte – para a Justiça, era um indicativo de que pretendia fugir.
“Ele fugiu quando o caso ainda estava em primeira instância, claramente para evitar o cumprimento da punição penal”, afirmou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa.
DEFESA
Os advogados de Abdelmassih, Márcio Thomaz Bastos e José Luis Oliveira Lima, informaram, por meio de nota, que aguardam “o julgamento da apelação interposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo contra a decisão que o condenou, portanto, a decisão não transitou em julgado, bem como do habeas corpus em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal”. Em relação à prisão, os criminalistas afirmaram que não iriam se manifestar.
“Me disseram que eu poderia colocar o champanhe para gelar”
Na manhã de ontem, a estilista Vanuzia Leite Lopes, de 54 anos, recebeu uma ligação que esperava havia três anos. Do outro lado da linha, vinha a notícia de que Roger Abdelmassih havia sido preso. “Me disseram que eu poderia colocar o champanhe para gelar, porque ele finalmente havia sido pego”, contou ela, à noite, ao lado da dona de casa Helena Leardini, de 45 anos, e da artista plástica Maria Silvia de Oliveira Franco, de 43, outras duas vítimas do ex-médico.
Desde que ele foi condenado, mas fugiu da Justiça, Vanuzia e outras vítimas criaram uma associação, além de um e-mail e páginas em redes sociais para receber denúncias sobre o paradeiro de Abdelmassih.
Foi graças a documentos de ligações e transações bancárias que a polícia pôde chegar ao foragido. “Essa investigação foi um trabalho de formiguinha. Mais do que felicidade pela prisão dele, tenho orgulho do que fizemos. Provamos que a mulher que sofre o abuso pode ser vítima, mas não é uma coitada e tem força para lutar”, disse.
Em 1993, durante tratamento para engravidar, Vanuzia foi violentada por Abdelmassih. Ela foi uma das primeiras mulheres que registraram imediatamente o abuso na polícia. “Tenho o exame de corpo de delito comprovando o abuso. Só que na época toda a investigação sumiu. Era a minha palavra contra a dele.”
Ela diz que, durante as investigações que fez com as integrantes do grupo, chegou a receber ameaças de morte. “Em ligações me pediam para parar as publicações no Facebook ou eu não ficaria viva”, contou.
Com a prisão do ex-médico, Vanuzia e as outras vítimas disseram estar aliviadas. “Vou dormir muito mais leve hoje ao saber que ele finalmente vai ter o que merece”, disse Maria Silvia. Ela afirmou que, além de ter sofrido abuso sexual, teve embriões desviados para venda.
……………………………………………………………….
Esclerose Lateral Amiotrófica
Baldes de gelo contra a doença
Campanha mundial faz celebridades tomarem banho gelado ou doar recursos para pesquisas sobre a ELA
Malu Longo
Baldes de gelo e muitas celebridades têm chamado a atenção nos últimos dias nas redes sociais na internet para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença neurodegenerativa ainda sem cura. Campanha da ALS Association, organização norte-americana sem fins lucrativos, está mobilizando no mundo todo pessoas famosas que são desafiadas a jogar na cabeça um balde de gelo ou fazer uma doação de 100 dólares – ou os dois -, dinheiro que será revertido para pesquisas sobre a doença e tratamento de portadores. Por aqui, a Associação Pró-Cura da ELA, a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela) e o Instituto Paulo Gontijo também entraram na brincadeira que até ontem já tinha arrecadado cerca de US$ 23 milhões em todo o mundo.
A campanha tornou-se viral depois que o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, aceitou tomar um banho de água gelada e arregimentou personalidades como Bill Gates, Lady Gaga e Justin Bieber. Depois que topa o desafio, a pessoa deve convidar outras três. No Brasil, nomes famosos como os apresentadores da TV Globo Luciano Huck, Angélica, Fátima Bernardes e Ana Maria Braga, o jogador Neymar e as cantoras Ivete Sangalo e Preta Gil já tomaram seus banhos de gelo e fizeram suas doações. Um balde de gelo sobre o corpo não tem nada a ver com tratamento para ELA, mas apenas o desafio para ver quem tem coragem de enfrentar um frio arrebatador.
DOENÇA GRAVE
Também conhecida como doença de Lou Gehrig em referência ao jogador de beisebol norte-americano, Henry Louis Gehrig, que morreu aos 36 anos por causa da enfermidade, a ELA é ainda um grande desafio para a ciência. A doença foi descrita pela primeira vez em 1869 pelo neurologista francês Jean-Martin Charcot e 145 anos depois continua gerando muitos questionamentos. O mal é raro e de difícil diagnóstico. Em média são registrados um ou dois casos por ano em cada cem mil pessoas e acomete mais homens do que mulheres, com idade entre 45 e 50 anos. No Brasil estima-se que 15 mil pessoas sejam portadores de ELA.
“É uma doença extremamente grave, degenerativa e de rápida evolução. Por causa da pequena prevalência, não atrai muitos recursos para investimento em pesquisas, como ocorre com o Mal de Parkinson ou o Alzheimer”, afirma o médico José Alberto Alvarenga, chefe da área de Neurologia do Hospital Geral de Goiânia (HGG). Fraqueza e atrofia muscular generalizada, falência respiratória e óbito em torno de 36 meses são características da doença. Por enquanto, o medicamento Riluzole é o único no mercado capaz de retardar a evolução da doença. Por ser muito caro, ele é fornecido a 101 pacientes goianos pela Central de Medicamentos de Alto Custo da Secretaria Estadual de Saúde (SUS).
O serviço Unidomicilar, da Unimed Goiânia, atende quatro pacientes portadores de ELA. Entre eles, Manoel Pereira, 53 anos, que é atendido pela fisioterapeuta Alessandra Carneiro Dorça, representante em Goiás da Associação Pró-Cura da ELA. Ele está com os músculos paralisados, respira com a ajuda de aparelhos, depende de ventilação mecânica e se alimenta por gastrostomia. O diagnóstico da doença foi feito há mais de quatro anos e desde então a família tenta garantir qualidade de vida a Manoel.
Médico psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), Geraldo Francisco Amaral morreu em setembro do ano passado, um ano e meio depois do diagnóstico de ELA. “Era um colega brilhante, um pesquisador entusiasmado”, lembra sua colega, a neurologista clínica Denise Sisterolli, que atua no Ambulatório de Doenças NeuroImunes do Hospital das Clinicas (HC) da UFG. A médica ressalta que até o momento nenhuma pesquisa ou remédio conseguiu paralisar a doença. “É um desafio médico e para a ciência porque ninguém sabe onde ela começa”. De acordo com Denise Sisterolli o mais dramático ao ser diagnosticada com ELA é que a pessoa sabe que vai morrer. “Ela perde o físico, mas a mente está boa. É o contrário da demência, que o corpo está bom e a mente ruim”.
Um dos relatos mais contundentes sobre ELA ficou registrado no livro A Tese de Um Condenado, escrito pelo engenheiro mineiro Paulo Gontijo, que morreu em 2002. Fundador do complexo agroindustrial Lasa, em Goiás, ele sucumbiu à doença. Seus filhos criaram o Instituto Paulo Gontijo (IPG), organização privada sem fins lucrativos que promove pesquisas e estudos científicos sobre ELA. O IPG, que mantém o Templo da Ciência a 150 quilômetros de Brasília, no município de Cristalina (GO), incentiva e reconhece pesquisas em ELA através de um prêmio aberto a pesquisadores de todo o mundo. Este ano a premiação será entregue na Bélgica, durante maior conferência científica sobre a doença, no mês de dezembro. No site do IPG, o interessado tem acesso ao Manual Interativo Brasileiro de Esclerose Lateral Amiotrófica.
Paralisia
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
Sintomas: Doença degenerativa do sistema nervoso que provoca paralisia motora progressiva, irreversível e limitante. Em média, a sobrevida é de três a quatro anos.
Tratamento: Fisioterapia e fonoaudiologia. O medicamento Riluzole retarda a evolução.
Atendimento
■ Hospital das Clínicas da UFG – Ambulatório de Doenças Neuroimune – segunda e sexta-feira (manhã) e quinta-feira (tarde)
■ Hospital Geral de Goiânia – Ambulatório de Neurologia
■ CRER – Serviço de Atendimento ao Portador de ELA
Informações e doações:
■ Associação Pró-Cura da Ela www.procuradaela.com.br e também no Facebook
■ Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela) – www.abrela.org.br
■ Instituto Paulo Gontijo – www.ipg.org.br
■ Portal Todos por Ela – www.todosporela.org.br
Estudo de célula-tronco é esperança
Embora, a ciência não tenha oferecido ainda respostas significativas para a cura da ELA, um pesquisador goiano tem se dedicado à causa. Trata-se do professor Amilton Antunes Barreira, da Universidade de São Paulo, vinculado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, um dos nomes de maior reconhecimento nos estudos de células-tronco. “Elas são uma promessa, mas não é uma definição de que seja uma terapia eficaz”, lembra o neurologista José Alvarenga. Em outra vertente, o Centro de Terapia Celular (CordCell), de São Paulo, registrou recentemente na revista científica Cytotherapy, o transplante de células-tronco em um brasileiro com ELA.
Alessandra Dorça explica que com as novas tecnologias é possível retardar a sobrevida. “A única forma de manter o paciente vivo é o bom acompanhamento, com fisioterapia e fonoaudiologia”. Especialista em ventilação mecânica, a fisioterapeuta acredita que tem aumentado muito o número de pacientes. A equipe em Goiânia, da qual participa, recebe pessoas de cidades como Catalão, Rio Verde, Jataí e Ceres. No mundo, o caso mais notável é do cientista Stephen Hawking, que está hoje com 72 anos, embora tenha recebido o diagnóstico de ELA aos 21. “Mais importante do que a campanha do desafio do gelo é divulgar a doença. Tem médicos recém-formados que não sabem nada de ELA”, diz Alessandra.
………………………………………………..
O HOJE
Brasileiros reclamam da saúde pública e privada
Pesquisa do Datafolha revela que 93% das pessoas ouvidas não aprovam serviços oferecidos pela rede pública e privada
Cynthia Costa
Pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Paulista de Medicina (APM) ao Instituto Datafolha indica que 93% dos usuários dos sistemas público e privado de Saúde estão insatisfeitos com os serviços prestados. O levantamento feito entre os dias 3 e 10 de junho deste ano e ouviu mais de 2 mil pessoas com idade mínima de 16 anos em todos os estados brasileiros.
Alessandra Araújo, funcionária pública e usuária do Instituto Municipal de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (Imas), conta que desde quando sofreu um atropelamento, em 1995, começou a ter insônia. “Durante quase dez anos fiz tratamento com o neurologista. Em 2004 comecei a apresentar sintomas de stress e depressão e fui internada, em 2005”. Ela revela que até 2011, conseguiu levar adiante o tratamento, mas de lá para cá, segundo ela, ficou quase impossível marcar consulta. “Só tinha vaga para 3 a 4 meses depois”, conta.
Infelizmente a situação enfrentada por Alessandra não é, de longe, uma raridade entre os planos privados de saúde. A presidente do Imas, Cristina Laval, admite a carência e explica que em 2013 foi feito um diagnóstico da assistência. “O Instituto possui cerca de 85 mil usuários e a pesquisa revelou que o atendimento não cresceu na mesma proporção”. Ela observa que havia 180 médicos que atendiam aos usuários. “O Imas abriu edital público e esse número saltou de 180 para 480, só na área médica”, informa. Ela comenta ainda que há áreas pontuais em que os planos de saúde em geral, não só o Imas, sofrem da carência de profissionais médicos como endocrinologia pediátrica.
Avaliação
O presidente do Sindicato de Médicos do Estado de Goiás, Rafael Cardoso Martinez, explicou que há pouco investimento na saúde como um todo. “Considerando o número divulgado pela pesquisa, 93% de usuários insatisfeitos, reflete o que a política nacional tem feito de investimento: pouco tanto em estrutura de trabalho quanto no fator humano”.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Erson Gumarães, o resultado do levantamento “apenas comprova o que a classe médica sabe e sente tanto na rede pública quanto na saúde suplementar”. “Já alertamos as autoridades públicas municipais, estaduais e federais para a necessidade de mais investimentos e melhorias urgentes na assistência a saúde da população”, esclarece o presidente do Cremego.
Goiás
O secretário estadual de Saúde, Halim Girad, defende a pesquisa divulgada pelo Datafolha. “É importante saber que, de forma geral no país, a saúde não está bem e deve ser dada atenção quando o usuário se queixa”. Segundo ele, a grande preocupação é o fato do governo federal não aplicar os recursos necessários para garantir uma saúde de qualidade no país. “Temos que pelo menos dobrar. Hoje, o governo federal se aproxima de 99 bilhões de reais destinados à saúde, o que é muito pouco para quem tem de 5 a 6% do PIB reservado para essa área específica”.
SUS
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a pesquisa Datafolha, divulgada ontem, reitera desafios importantes para o sistema de saúde e aponta avanços como acesso superior a 84% na maioria dos tipos de serviços avaliados.
A nota informa ainda que, das pessoas que procuram os postos de saúde, 91,3% conseguiram atendimento, o que demonstra os bons resultados de estratégias como o Mais Médicos. Dos que utilizaram o SUS, 74% avaliam a qualidade do atendimento com notas superior a 5, sendo que um terço dos entrevistados deram notas entre 8 e 10. Lamentamos a interpretação tendenciosa e parcial dos dados e o esforço do CFM na tentativa de desconstrução do SUS.
……………………………………………
AGÊNCIA BRASIL
93% dos brasileiros estão insatisfeitos com saúde pública e privada
Filas de espera são o principal problema
São Paulo – Os serviços públicos e privados de saúde no Brasil são considerados regulares, ruins ou péssimos por 93% da população. É o que indica pesquisa do Instituto Datafolha feita a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Paulista de Medicina (APM).
Para o CFM, os dados apontam insatisfação dos brasileiros com os serviços. O levantamento mostra que os principais problemas enfrentados pelo setor incluem filas de espera, falta de acesso aos serviços públicos e má gestão de recursos. De acordo com o estudo, a saúde é apontada como a área de maior importância para 87% dos brasileiros. Para 57%, o tema deve ser tratado como prioridade pelo governo federal.
A pesquisa foi feita entre os dias 3 e 10 de junho de 2014 e ouviu 2.418 homens e mulheres com idade mínima de 16 anos em todos os estados brasileiros. A margem de erro é 2 pontos percentuais.
Os dados revelam que, em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), os pontos mais críticos são os relacionados ao acesso e ao tempo de espera. Mais da metade dos entrevistados que buscaram atendimento na rede pública relataram ser difícil ou muito difícil conseguir o serviço pretendido – sobretudo cirurgias, atendimento domiciliar e procedimentos específicos como hemodiálise e quimioterapia.
Em relação à qualidade dos serviços, 70% dos que buscaram o SUS disseram estar insatisfeitos e atribuíram avaliações que variam de regular a péssimo. A percepção mais negativa está relacionada ao atendimento nas urgências, emergências e em pronto-socorros.
Entre os entrevistados, pelo menos 30% declararam estar aguardando ou ter alguém na família aguardando a marcação ou a realização de algum procedimento na rede pública. Mesmo entre os que têm plano de saúde, 22% aguardam algum tipo de atendimento no SUS.
Os dados mostram que duas em cada dez pessoas ouvidas conseguiram ser atendidas no prazo de um mês, enquanto 29% aguarda há mais de seis meses para ter a demanda atendida. O grupo que passa mais tempo aguardando atendimento do SUS são as mulheres com idade entre 25 e 55 anos, que concluíram o ensino fundamental e residem na Região Sudeste.
O presidente do CFM, Roberto Luiz d'Avila, avaliou que o resultado apontado pela pesquisa é de insatisfação com a saúde como um todo. "As respostas estão aí para serem analisadas", disse. "Não somos nós, médicos, que continuamos a dizer que a insatisfação é muito grande. No nosso meio, temos certeza absoluta de que esse atendimento é insatisfatório. E eu diria mais: é prejudicial", completou.
Já o vice-presidente do conselho, Carlos Vital, classificou as dificuldades enfrentadas pelo setor como crônicas. "Vivemos uma fase de agonização desse problema nos últimos 12 anos", disse. "Orçamento e administração são os principais problemas. Não podemos continuar nessa espera. Vidas humanas se perdem nesse processo", concluiu.
Na pesquisa, os entrevistados avaliaram os serviços da saúde como um todo no país (público e privado) e do SUS.
O Ministério da Saúde informou que os recursos destinados à rede pública mais que triplicaram nos últimos 11 anos, passando de R$ 27,2 bilhões em 2003 para R$ 91,6 bilhões em 2014. Esses recursos, segundo a pasta, garantiram resultados como a cobertura de cerca de 60% da população pelas equipes de Saúde da Família, com ampliação do acesso a 50 milhões de brasileiros, atendidos pelos 14,4 mil médicos do Programa Mais Médicos; 75% da população com acesso ao Samu; mais de 90% da cobertura vacinal, incorporando todas as vacinas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde; manutenção do maior sistema de transplante público do mundo, com 95% do total de transplantes realizados no SUS; e ampliação, desde 2011, de mais de 16 mil leitos do SUS em unidades mais próximas da casa do cidadão.
“Importante esclarecer que a gestão e o financiamento do SUS são compartilhados entre União, estados e municípios”, finalizou o ministério. (Agência Brasil)
……………………………………………………………………………
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Esclarecimentos do Ministério da Saúde sobre pesquisa Datafolha
A pesquisa Datafolha, divulgada nesta terça-feira (19/8) pelo Conselho Federal de Medicina, reitera desafios importantes para o sistema de saúde e aponta avanços como acesso superior a 84% na maioria dos tipos de serviços avaliados. Das pessoas que procuram os postos de saúde, 91,3% conseguiram atendimento, o que demonstra os bons resultados de estratégias como o Mais Médicos. Dos que utilizaram o SUS, 74% avaliam a qualidade do atendimento com notas superior a 5, sendo que um terço dos entrevistados deram notas entre 8 e 10. Lamentamos a interpretação tendenciosa e parcial dos dados e o esforço do CFM na tentativa de desconstrução do SUS.
Ministério da Saúde, Conselho Nacional dos Secretários de Saúde e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
………………………………………..
SAÚDE WEB 365
Estudo auxilia análise de dados em medicina
Funções são úteis na análise de ocorrência e desenvolvimento de doenças, além de descobrir uma proporção das pessoas imune a eventos de interesse
Uma tese de doutorado desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), pelo pesquisador Emílio Augusto Coelho Barros, desenvolveu um conjunto de técnicas estatísticas voltadas para o tratamento de dados médicos, considerando interpretação e tempo de ocorrência de eventos.
“Um tipo de informação bastante frequente em estudos médicos, em que este evento pode ser o óbito dos portadores de uma condição ou a recorrência de uma doença”, afirma o pesquisador. Barros é o autor da tese Modelagem em análise de sobrevivência para dados médicos bivariados utilizando funções cópulas e fração de cura, defendida no dia 30 de julho sob a orientação do docente do Departamento de Medicina Social da FMRP, Jorge Alberto Achcar, professor colaborador junto ao departamento de Medicina Social da Faculdade. A tese é o primeiro doutorado concluído no programa de Pós-Graduação em Saúde na Comunidade da FMRP.
Barros explica que as funções cópula são úteis na análise estatística de dados multivariados. “Podemos, por exemplo, modelar os tempos até da recorrência de uma infecção nos rins esquerdo e direito de um mesmo paciente”. Os estudos de Barros testou ainda a chamada “fração de cura”. Nesse modelo estatístico, é levada em consideração a proporção das pessoas que, em algum senso, é imune ao evento de interesse. “Em um estudo do tempo de sobrevida de pacientes com câncer, podemos ter uma fração de pessoas que foi curada da doença. Portanto, estas pessoas não morrerão devido ao câncer”, complementa.
Comunidade
O professor Edson Zangiacomi Martinez, coordenador do Programa de PG em Saúde na Comunidade da FMRP, conta que esse é continuidade do Programa de Pós-Graduação em Medicina Preventiva, que esteve em atividade de 1971 a 1999. Segundo a coordenação, o objetivo do antigo programa era incrementar a formação de médicos nesta área.
No ano 2000, o programa passou por ampla reformulação, com o intuito de oferecer uma formação multiprofissional a estudantes egressos de diferentes carreiras, envolvidos nas temáticas do processo saúde-doença. O novo Programa passou então a denominar-se “Pós-Graduação em Saúde na Comunidade” e, no seu início, foi oferecido apenas o curso de mestrado. Em 2011, esse novo curso passou a oferecer também o curso de doutorado.
Desde o ano 2000, 235 alunos defenderam o mestrado no Programa, que conta com 23 orientadores com formação em diversas áreas. Estão matriculados, atualmente, 35 alunos de doutorado e 53 alunos de mestrado.
O Programa possui cinco linhas de pesquisa: Estudos em Atenção Primária e Saúde da Família, Ciclo de Vida e Saúde, Epidemiologia e o Processo Saúde-Doença, Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde e Métodos Quantitativos em Saúde.
…………………………………………………..
DIÁRIO DA MANHÃ
Três meses sem médico
Essa é a situação do Posto de Saúde da Família, localizado no Residencial Jardins do Cerrado 2 e 3 e Mundo Novo
ELPIDES CARVALHO
Moradores do Residencial Jardins do Cerrado 2 e 3 e Mundo Novo, na região oeste de Goiânia, saída para Trindade, reclamam que há cerca de três meses estão sem atendimento médico no Posto de Saúde da Família (PSF) que atende a localidade. O publicitário e líder comunitário do bairro, Lee Anderson Dornela, afirma que são cerca de mil contribuintes sem assistência de saúde. A população ainda enfrenta dificuldades da falta de planejamento estrutural como: asfalto e linha de transporte público.
O problema da saúde enfrentado pelos cidadãos, conforme Dornela, teve início quando a médica clínica geral que atendida no posto de saúde se afastou da unidade para fazer um curso de especialização. Desde então, apenas dois médicos que prestam serviços no PSF do Jardins do Cerrado 1 e 4, se revezam para atender as cinco comunidades.
“A demanda para os dois profissionais de saúde é de aproximadamente 30 mil moradores. Há uma sobrecara excessiva sobre os médicos, que, por sua vez, não realizam atendimentos adequados à população do Jardins do Cerrado 2 e 3, já que eles apenas revalidam receitas médicas para diabéticos e hipertensos, por exemplo, beneficiados com remédios gratuitos da Farmácia Popular. O problema é que as receitas só têm validade de três meses. Depois, só revalidam mediante consulta prévia”, explica o líder comunitário.
A moradora do Cerrado 3, Marta de Assis, 34, que estava com a filha de 7 anos, informou que no PSF a situação é ainda pior, quando são orientados a procurarem o serviço médico pelo número de telefone 0800, do Sistema de Saúde da Prefeitura de Goiânia, para agendar consultas. “A gente já tinha dificuldade para marcar consulta no PSF quando tinha médico, porque o agendamento era apenas às segundas-feiras, agora, sem médico, a situação piorou, já que temos que ligar no 0800. A gente nunca consegue agendar atendimento, porque dizem que a região tem Posto de Saúde da Família”, afirmou Marta, sobre sua insatisfação.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que, na região Jardins do Cerrado, há dois médicos atendendo o Jd. Cerrado 1, Mundo Novo, Jd. Cerrado 4 e parte do Jd. Cerrado 3. De acordo com o o órgão, a médica que atendia o Jd. Cerrado 2 e algumas quadras do Jd. Cerrado 3 pediu demissão há um mês e a secretaria organiza a substituição da profissional. Enquanto isso, a população dessa região será atendida nos Cais e Centros de Saúde, por meio de consultas agendadas no Teleconsulta, conclui a nota.
Mais carências
Uma outra moradora da região, a diarista Márcia Suzanita de Moraes, 37, reclama que há tempos o bairro também não recebe visita dos agentes de saúde em suas casas. “Eles não têm passado por aqui (Jardins do Cerrado 3) como de costume. Há meses que não aparecem para perguntar como estamos de saúde. É estranho, porque sempre tinha alguém visitando e entrevistando a gente”, reclamou Márcia.
Um funcionário do PSF, que pediu para não ser identificado, disse enfrentar outro problema no local: a falta de apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), durante o dia de trabalho. “Os pacientes, ao adentrarem a unidade, não querem saber se têm médicos ou não, querem é atendimento, solução para sua dor. Tememos a revolta de pacientes que acabam agindo agressivamente. Só temos atenção dos guardas no período noturno, quando não há expediente. A exemplo de outras unidades, que contam com guardas, precisamos de segurança aqui também”, clama o servidor. Ainda conforme ele, há duas semanas, o PSF foi arrombado “em plena luz do dia de um sábado”.
Guarda municipal
O assessor de comunicação da GCM, Luiz Galvão, informou que a corporação, atualmente, enfrenta um déficit em seu efetivo. Por isso, a instituição prioriza atendimentos com guardas fixos em locais considerados de risco eminente ou com funcionamento de 24h. No entanto, a guarda se compromete a realizar visita de monitoramento no PSF do Jardim do Cerrado. Mas não garante segurança fixa, como pede o servidor.
Asfalto
Sobre a pavimentação do Residencial Jardins do Cerrado 3, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semob) informa que o loteamento, do qual o residencial faz parte, foi licitado, mas não há previsão de início da obra, já que a secretaria aguarda liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Em relação à ineficiência do transporte coletivo, na região, a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) se comprometeu a avaliar o caso dos moradores do Jardins do Cerrado e garantiu enviar técnicos para solucionar o problema. O órgão ainda disponibilizou dois contatos telefônicos para ouvir a população (0800-6446-1851 / 3524-1851).
…………………………….
Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação