Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17/10/14

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES DE HOJE

• Coluna Evidência – Médicos homenageados
• Projeto obriga médicos a bater ponto em unidades de saúde de Goiânia
• Saúde capacita profissionais e entrega kits de prevenção ao ebola
• Entidades médicas são condenadas por tabelamento de preços
• Unidades de transição desafogam hospitais e recuperam pacientes
• Modelo de Remuneração – Rumo ao DRG?
• Saúde – Registrada epidemia de febre chikungunya
• Ebola – OMS descarta surto no Ocidente

DIÁRIO DA MANHÃ

Coluna Evidência – Médicos homenageados

Em comemoração ao Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) homenageia oito médicos hoje, em solenidade às 20h na sede da entidade. A comenda Honra ao Mérito Médico será entregue para  Antônio José de Araújo, Delfino da Costa Machado, Dezir Vencio, Hugo Hélio de Azevêdo, Isnard Borges Machado, Paulo César Brandão Veiga Jardim, Pedro Ernesto de Jesus e Sebastião Fernandes Moreira. A comenda, criada em 2005, segundo o Cremego, homenageia médicos com mais de 35 anos de profissão, “que contribuem para o desenvolvimento, a organização e a representatividade da classe médica e são considerados exemplos de ética, inovação, respeito, pioneirismo e dedicação à profissão”.
……………………………………………

Projeto obriga médicos a bater ponto em unidades de saúde de Goiânia
CARLOS FREITAS

Na manhã da última quarta-feira, 16, foi aprovado na Câmara Municipal de Goiânia projeto de autoria do vereador Zander Fábio (PSL), que obriga médicos de cais e unidades de saúde a registrar ponto biométrico nas unidades regidas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Eles também serão obrigados a permanecer no trabalho durante sua jornada de sua jornada de trabalho, inclusive durante os plantões.

O objetivo do projeto, segundo Zander, é verificar a assiduidade e pontualidade dos médicos no trabalho. "Não queremos penalizar o médico, mas sim criar uma doutrina para um bom atendimento. Muitos profissionais reclamam do salário, mas quando se dispuseram a trabalhar na rede pública de saúde já tinham ciência do valor que é pago pelo município."

O vereador diz ainda que quando propôs o projeto, em setembro de 2013, estava recebendo diversas reclamações de pacientes contra médicos que não cumpriam os horários estabelecidos ou não iam trabalhar.

"Fico muito feliz que esse projeto foi aprovado. Os pacientes do serviço público merecem um atendimento de qualidade, e só com todos os médicos trabalhando será possível. É importante também, pois poderemos fiscalizar quem está trabalhando em conformidade com a lei", afirmou.
……………………….

PORTAL APARECIDA AGORA

Saúde capacita profissionais e entrega kits de prevenção ao ebola
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez, no dia 11 de agosto, o alerta mundial para epidemia do vírus ebola, originário de países africanos. Até o momento foram confirmados 8.011 casos em Guiné, Serra Leoa e Libéria, com um total de 3.857 mortes, além da confirmação de um caso nos Estados Unidos e outro na Espanha, a partir do contato das pessoas infectadas com doentes na África. “No caso de um indivíduo suspeito vir para Goiânia, ele fica no máximo três horas no HDT, e depois é encaminhado para o Instituto Evandro Chagas no Rio de Janeiro, onde é feito o diagnóstico. Nossos profissionais do HDT encontram-se preparados. Nós faremos capacitação em todos os municípios goianos”, explica o secretário de Saúde, Halim Antônio Girade. A Secretaria da Saúde (SES), desde o dia 8 de agosto, vem se preparando para enfrentar a doença.
A Secretaria da Saúde deu início ao envio dos kits de combate ao ebola para profissionais da Saúde do interior do Estado (máscara cirúrgica, proteção facial, jalecos de manga comprida, luvas e aventais resistentes a fluídos ou impermeáveis nos atendimentos). “Os municípios do interior começam a receber hoje 700 kits necessários para o atendimento às vítimas do vírus ebola, fora os kits que já temos no Hospital de Doenças Tropicais”, afirma Halim Girade.
Plano de contingência
O secretário da Saúde, Halim Antônio Girade, representantes da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Corpo de Bombeiros e Infraero estiveram reunidos na tarde desta quinta-feira, dia 16, em Goiânia, para definirem detalhes do Plano de Contingência Ebola. “Nossa principal preocupação agora é com o pânico e com a possibilidade de alguma vítima do vírus vir para algum de nossos hospitais. Esse pânico nós combatemos com treinamento e esclarecimento. Por meio da parceria com a Secretaria da Saúde, vamos receber o treinamento que acontecerá nos próximos dias”, salienta o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou.
A SES instituiu um Comitê Técnico Permanente de Discussão de Casos Suspeitos de Doença pelo Vírus Ebola e criou um Plano de Contingência. O plano é dinâmico e será sempre atualizado. O plano prevê todas as ações necessárias para conter o vírus, caso chegue ao território goiano. “Nosso papel está voltado para a remoção desse paciente. Nós temos unidades especializadas em Goiânia, no Setor Aeroporto, para o atendimento.”, lembra o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Jonas Henrique. A capacitação dos profissionais de Saúde de Goiás foi a primeira medida adotada.
Treinamento
Através da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa/SES), 377 profissionais de Saúde, indicados por 56 municípios goianos, já foram capacitados para conhecer dados sobre os sintomas, formas de contágio e ainda sobre as medidas a serem adotadas diante de um caso suspeito. “O que mais preocupa a sociedade é a letalidade do vírus. Ele não é um vírus que se pega com facilidade. As pessoas devem entender que se elas não tiverem contato com secreções, suor, sangue, saliva de uma pessoa contaminada, não precisam ter medo”, pondera Haikal Helou. Até a segunda quinzena de outubro, todos os municípios serão abrangidos com os treinamentos já programados.
Além disso, técnicos da Suvisa estão sendo atualizados de modo permanente em videoconferências com o Ministério da Saúde. Um Grupo Técnico foi instituído para envolver componentes como o Samu, a Infraero, a Anvisa, o Corpo de Bombeiros e as Secretarias Municipais. “A participação da Infraero é bem simples. A responsabilidade é com a chegada e a saída do paciente. Nós já temos uma sala específica no Aeroporto Santa Genoveva para atender os casos de suspeita de contaminação pelo vírus ebola. A princípio, o transporte desse paciente é feito pela Força Aérea Brasileira (FAB)”, salienta o coordenador de Operações da Infraero, Nelson Peixoto Júnior.
Unidade de referência
O Hospital de Doenças Tropicais Anuar Auad (HDT) é a unidade de referência no Estado para o encaminhamento de pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus ebola. O HDT conta com um quarto de isolamento especialmente preparado para receber pacientes com suspeita de ebola, até que o transporte para o Rio de Janeiro se efetue. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os profissionais de Saúde já foram adquiridos pelo HDT e, agora, estão sendo adquiridos para todo o Estado. Setecentos EPI estão sendo comprados pela SES para distribuição nas Regionais de Saúde e para reforçar os já existentes no HDT. As normas de biossegurança tanto no HDT como fora já foram prescritas no Plano de Contingência.
……………………………………………

SAÚDE WEB 365

Entidades médicas são condenadas por tabelamento de preços
Órgão aplica R$ 2,7 milhões em multas no mercado de saúde suplementar. CFM, AMB, Fenam e Unidas estão entre os condenados

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) condenou, na sessão de julgamento desta quarta-feira (15/10), sete casos de fixação de preços de serviços médico-hospitalares no mercado de saúde suplementar. De acordo com comunicado do Cade, as condutas anticompetitivas foram praticadas por entidades representativas da classe médica nos estados da Paraíba, Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Rondônia. Também foram condenados o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas). Ao todo, foram aplicados cerca de R$ 2,7 milhões em multas.

Durante o julgamento, a conselheira Ana Frazão destacou que as entidades médicas buscavam fixar unilateralmente o valor mínimo de consultas e honorários médicos pagos pelas operadoras de planos de saúde. Em seis dos casos, essa fixação se dava por meio da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que foi considerada uma tabela de preços mínimos tanto para honorários médicos quanto para procedimentos hospitalares e exames. No outro caso não houve imposição da tabela, mas as entidades buscaram negociar preços mínimos com a justificativa de promover a recomposição da perda inflacionária dos valores dos serviços.

Além disso, algumas dessas entidades promoviam movimentos de paralisação e boicote aos atendimentos das operadoras que não aceitassem os valores estipulados. Na maioria dos casos, a não adesão a esses movimentos sujeitava os médicos a sanções ético-disciplinares.

“Busquei considerar a licitude de parte das condutas com base no exercício regular do poder compensatório, pois entendi que os médicos poderiam fixar unilateralmente valores mínimos de seus honorários, desde que razoáveis e com o objetivo de proteger exclusivamente os médicos (pessoas físicas) em razão da patente assimetria nas negociações entre estes e os operadores de saúde", afirmou a conselheira.

Entretanto, o entendimento da conselheira não foi seguido pelos demais membros do Tribunal do Cade, que afastaram a tese do poder compensatório. A única exceção, contudo, diz respeito ao processo do Rio Grande Norte, no qual o Conselho Regional de Medicina do Estado foi absolvido diante da existência de lei estadual que expressamente lhe atribuía competência para fixar valores de honorários médicos e procedimentos hospitalares.

Por outro lado, o entendimento do Tribunal foi unânime no que diz respeito à impossibilidade de fixação unilateral de valores relacionados a exames e procedimentos hospitalares em favor de clínicas, hospitais e laboratórios. Os membros do Conselho também concordaram que as entidades representativas não podem coagir médicos, inclusive com ameaças de sanções ético-disciplinares, a aderirem aos termos da tabela ou negociação coletiva.

Além do pagamento de multas, o Tribunal do Cade determinou que as entidades abstenham-se de promover, apoiar ou fomentar movimentos de boicote, paralisação coletiva de atendimentos aos beneficiários de planos de saúde, bem como descredenciamentos em massa. As entidades também não poderão impedir a negociação direta e individual de honorários entre médicos e operadoras de planos de saúde ou hospitais.

Paraíba (PA 08012.005374/2002) – Foram condenados ao pagamento de multas no valor total de R$ 617.178,00 o Sindicato dos Médicos da Paraíba, a Associação Médica da Paraíba, a Academia Paraibana de Medicina, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba e a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde – Unidas.

Santa Catarina (PA 08012.005374/2002-64) – O Sindicato dos Médicos de Santa Catarina, a Associação Médica Catarinense e o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina terão que pagar multas que somam R$ 367.114,50.

Bahia (PA 08012.004020/2004-64) – O Conselho Regional de Medicina da Bahia foi condenado ao pagamento de multa no valor de R$ 212.820,00.

Rio Grande do Norte (PA 08012.005135/2005-57) – Foram condenados ao pagamento de multas no valor total de R$ 292.627,50 o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte, a Associação Médica do Rio Grande do Norte e a Unidas.

Mato Grosso (PA 08012.006552/2005-17) – O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, a Associação Médica de Mato Grosso e o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso deverão pagar multas que somam R$ 340.512,00.

Rondônia (PA 08012.007833/2006-78) – Foram condenados ao pagamento de multas no valor total de R$ 250.063,50 a Associação Médica de Rondônia e o Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia.

CFM, AMB e Fenam (PA 08012.002866/2011-99) – O Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica Brasileira e a Federação Nacional dos Médicos deverão pagar multas que somam R$ 638.460,00.
……………………………………………………….

Unidades de transição desafogam hospitais e recuperam pacientes

Grupos como Placi e Geriatrics apostam em unidades especializadas para a recuperação de pacientes que já não precisam ficar internados e nem em home care

O ano de 2014 se insere em um período de grandes discussões sobre o sistema de saúde não só no Brasil, mas no mundo. A insustentabilidade do setor fica evidente, assim como os aspectos organizacionais geradores deste cenário. Entre eles, a cultura hospitalocêntrica, em que o paciente recorre ao hospital ao sentir qualquer desconforto.

Enquanto o sistema ainda centraliza a assistência no hospital, preserva o foco na doença, carece de consciência da população sobre como preservar sua saúde e presencia interesses particulares sobrepondo-se ao coletivo, despontam iniciativas alternativas, que nascem sob um novo conceito. É o caso das unidades de cuidado intermediário, que oferecem assistência quando o paciente já não precisa ficar internado em um hospital e nem é caso de home care.

Em geral, esses pacientes apresentam um quadro estável, necessitando apenas de um cuidado extensivo para sua recuperação ou adaptação a sequelas decorrentes de processos clínico, cirúrgico ou traumatológico. Estima-se que até 25% dos leitos hospitalares privados no Brasil estão ocupados por internações de longa permanência – alvo desses serviços intermediários.

De acordo com Luiz Fernando Froimtchuk, CEO da rede de hospitais Placi, idealizada sob essa perspectiva, o modelo é adequando ao novo perfil epidemiológico em que predominam as doenças crônico-degenerativas, em uma população mais fragilizada pela idade avançada. “O modelo hospitalocêntrico tradicional não está preparado para recuperar o paciente, o que prevalece é a alta complexidade. Os profissionais de saúde dos hospitais foram treinados para tratar doenças e os idosos necessitam de um prazo maior para se recuperar, com técnicas de cuidados especializados”, explicou Froimtchuk, que tem planos de expansão ambiciosos no mercado brasileiro.

“Os pacientes costumam chegar para nós muito maltratados, cheio de escaras. Alguns sem falar, sem andar. Queremos recuperá-los para que eles voltem para casa”, contou ele.

Com um aporte estimado em R$ 150 milhões do BBI Financial, gestora de recursos em Saúde, a Placi pretende inaugurar, ainda este ano, duas novas unidades em São Paulo, e outras duas no Rio de Janeiro, chegando ao total de 100 novos leitos. Em três anos, os planos são de chegar a 600 leitos, com unidades também em Brasília. Atualmente estão em operação uma em Niterói (RJ) e outra na capital fluminense.

Sem equipamentos complexos e altamente tecnológicos, sem laboratórios e salas cirúrgicas, e com no máximo 60 leitos, o valor desse tipo de “hospital” está na equipe interdisciplinar e na proximidade com o paciente. Para Gabriel Palne Rodrigues, CEO do Grupo Geriatrics, que possui uma Clinic Care também com este perfil, localizada em Niterói, a humanização e a simplicidade devem fazer parte dos detalhes arquitetônicos para que os pacientes desfrutem de uma atmosfera quase domiciliar.

“Faz-se necessário o acesso dos pacientes ao jardim, já que nele são realizados processos de cuidado, e o bem estar que ele proporciona faz parte da assistência prevista. Nenhum leito ou quarto, por exemplo, possui numeração, já que a humanização transparece no acolhimento pessoal que é dado a cada paciente. A história de cada um deles é colhida e afixada próximo ao leito, permitindo que cada um seja reconhecido por quem realmente é, não pela sua condição de saúde momentânea”, ponderou Rodrigues.

Atualmente a unidade da Geriatrics representa aproximadamente 20% do faturamento bruto do Grupo, e os planos de expansão estão em execução com a expectativa da abertura de uma nova unidade no Rio de Janeiro.

Economia
Ambos os executivos ressaltaram a economia financeira como uma decorrência para o hospital e operadora que estabelecerem parceria com esse tipo de serviço. “A alta complexidade é cara e, em geral, o hospital mantém esse paciente no CTI. Isso fica caro pro plano e ruim pro hospital, que precisa de rotatividade. Além do cuidado inadequado ao paciente”, criticou Froimtchuk.

Apesar dos benefícios esperados, Froimtchuk ainda enxerga receio por parte dos planos de saúde em relação ao serviço, mas afirma ser "uma questão de tempo, pois para eles está difícil e nós apenas cuidamos”, ressaltou.

A opção de transferir o paciente para o home care, segundo Rodrigues, também não seria o melhor custo-efetivo, já que o processo de reabilitação é muito mais lento. “Para se ter uma ideia, o paciente com potencial de reabilitação custará durante todo o processo de cuidado aproximadamente 40% do que custaria em home care em um ano, que é a segunda alternativa mais barata para ele”, explicou o CEO da Geriatrics.

O Hospital Albert Einstein também investiu recentemente em um centro de reabilitação desse tipo, entretanto, para Rodrigues, não são os hospitais que consolidarão essa tendência, uma vez a demanda por unidades hospitalares de alta complexidade ainda é grande e está alinhada ao escopo já existente.

Apesar do conceito ainda não estar sendo largamente considerado entre os agentes do setor de saúde, vem aparecendo como mais um serviço complementar à necessária desospitalização, integrando um trajeto assistencial mais completo.
……………………………………………………


Modelo de Remuneração – Rumo ao DRG?

Atual modelo de remuneração não é sustentável e coloca o sistema em xeque; setor quer mudanças e debate deve envolver também o padrão assistencial

A discussão não é recente: o atual modelo de remuneração baseado no “fee for service” ou conta aberta coloca a sustentabilidade do setor em xeque. A principal vítima é o paciente, que não é beneficiado por um sistema no qual se privilegia a quantidade de exames, procedimentos, medicamentos nem sempre utilizados com o objeto de promover à saúde e, sim, manter o foco na doença.

Para os prestadores e fonte pagadora, o modelo tem impulsionado desentendimentos na hora de autorizar as requisições para o pagamento do serviço prestado, o que torna o relacionamento um verdadeiro cabo de guerra, no qual só há perdedores. Mas como, afinal, desenvolver uma nova alternativa de pagamento, mais sustentável para os agentes envolvidos e com mais valor ao paciente?

“O modelo de remuneração é o fim ou instrumento? Estamos propondo o modelo de remuneração, entretanto, não discutimos previamente o modelo de assistência que queremos. É mais integral? Mais ‘hospitalocêntrico’?, questionou o diretor de Provimento da Unimed BH, José Augusto Ferreira, durante o Saúde Business Forum 2014. “Queremos foco no interesse e equipamentos ou no efetivo ganho de saúde para os pacientes?”, completou.

Rever os padrões da assistência também é considerado fundamental pelo Diretor de Recursos Próprios da Unimed Vitória, Mário Tironi Junior. Segundo ele, o modelo hoje onera o sistema e, muitas vezes, trata pontualmente o paciente, sem contribuir para o cuidado integral e a promoção da saúde. “Hoje o sistema de remuneração é baseado no ‘que eu fiz no cliente’, precisamos mudar para ‘o que que eu faço pelo cliente’, sugeriu.

Iniciativas
Atualmente cerca de 47% das receitas hospitalares no segmento privado é proveniente de materiais e medicamentos. Esses itens são responsáveis por cerca de 15% dos custos hospitalares, os 85% veem das diárias, ou seja, hoje as operadoras pagam muito por aquilo que custa pouco – materiais e medicamentos- e pagam pouco por aquilo que custa muito, as diárias.
“O objetivo do modelo atual não é entregar valor [para o paciente], pois para o profissional ser bem remunerado, precisa usar mais medicamentos, equipamentos, materiais e que o paciente fique mais tempo internado. Ou seja, o modelo vigente premia a ineficiência”, afirma Ferreira.

Verticalizadas e com grande número de beneficiários em suas praças de atuação, Unimed BH e Unimed Vitória trabalham alternativas para que esses impactos não sejam tão nocivos. A cooperativa capixaba, que possui uma rede com centros de diagnóstico, centros de atenção primária, homecare e hospitais, implantou processos de regulação no backoffice envolvendo procedimentos cirúrgicos e de alto custo, incluindo OPME. A iniciativa gera uma economia média de R$ 400 mil por mês, e quando é somada ao trabalho realizado por auditorias hospitalares, o valor economizado alcança R$ 28 milhões por ano.


A Unimed Vitória também investiu em seus centros de atenção primária com um modelo baseado em captação. “Temos uma demanda de profissionais que querem sair dos consultórios para entrar no sistema”, comemora Tironi referente ao projeto que começou no ano passado. Nele, equipes formadas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde acompanham grupos de paciente e se tornam referência para a população atendida. “Essa captação leva a indicadores de performance da saúde do cliente como: manutenção do peso, medição da glicose etc.”, contou. Assim, é possível abrir mão do fee for service rumo ao modelo que reconheça a qualidade do serviço.
 
Outra forma é a remuneração semi-global, que envolve materiais e medicamentos, taxas e diárias hospitalares. A cooperativa reuniu quatro grandes hospitais da região e passou a discutir o tipo de remuneração, uma vez que as entidades já tinham assistido a quebra de duas operadoras locais. “Conseguimos implementar em todos os hospitais”, disse, explicando que foram necessárias algumas negociações para o êxito do projeto iniciado em maio deste ano. “Foi o parto da montanha. Mas no fim todos entenderam que há o ganha-ganha”.
 
A Unimed BH pratica há cinco anos o modelo de diária global, na qual estão contemplados todos os procedimentos cirúrgicos – incluindo diárias, taxas e insumos básicos – apenas materiais, medicamentos especiais e honorários médicos não entram. De acordo com Ferreira, o resultado é que esses hospitais atingiram a eficiência dos hospitais americanos, quando se compara índices como alta precoce, tempo de permanência e outros.

“Com a diária global, o ganho do hospital é em relação ao que ele faz melhor e mais rápido e assim se torna mais eficiente. Diagnósticos que ficavam três dias internados, hoje ficam dois, pois se melhorou os processos, melhorou o pós operatório, a recuperação anestésica e etc.”, explicou Ferreira.

O modelo evita a sobreprestação de serviços, pois ela só é interessante em conta aberta. Na Unimed Bh, o modelo é visto como transição: não é conta aberta, mas também não é desempenho, mas como disse Ferreira, já é um início.


DRG
O que a Unimed Vitória pretende amadurecer com as diárias semi-globais e o que a Unimed BH já faz com o modelo de diárias globais pode ser considerado a primeira etapa para a mudança do modelo de remuneração rumo ao chamado Diagnostic Related Groups (DRG).

De acordo com Renato Couto, diretor do IAG, ela é construída pela migração das margens de materiais e medicamentos para a diária, o que evita desperdícios. “Com isto corrigimos uma grande distorção no sistema de compras de serviços hospitalares pela saúde suplementar, no qual as operadoras pagam muito por aquilo cujo custo é baixo como materiais e medicamentos, e paga quase nada por aquilo que custa muito, a diária”, explica. 

A segunda etapa é aumentar o valor pago pela diária, além daqueles oriundos da migração de margens, pois mesmo com o repasse, o que se paga pela diária será inadequado em grande parte do Brasil. “A questão central é de onde virá o dinheiro para este aumento das diárias globais? Como operadoras, em grave dificuldade financeira, poderão dar aumento? Como garantir a sustentabilidade destas operadoras? O dinheiro existe e se encontra desperdiçado pela baixa produtividade do leito no Brasil", questiona.

No Brasil, segundo Couto,  o número de dias necessários para se tratar um paciente de um determinado DRG é cerca 86% maior que o percentual americano. "Ora é possível entregar a assistência consumindo 86% menos diárias”, compara.

Couto aconselha que para o hospital conseguir isso, ele deve ter governança clínica e alta qualidade assistencial. Já as operadoras devem ter sistemas de saúde que entreguem continuidade de cuidado permitindo uma alta precoce. “O dinheiro oriundo deste programa de aumento de produtividade hospitalar poderá ser compartilhado pela operadora, hospitais e médicos. Felizmente temos uma enorme oportunidade de sanear o sistema”.

Durante o debate, Ari Ribeiro, superintendente de serviços ambulatoriais do Hcor e membro da Anahp, adiantou que a entidade de hospitais privados já estuda o modelo internamente para uma possível adoção nos hospitais integrantes. Mas há dificuldades para implantá-lo. Neste momento dada a precariedade da maioria dos serviços de codificação diagnostica no Brasil, o DRG significaria uma drástica redução de receita para os hospitais, visto que o banco de dados que possibilita a implantação do modelo depende da codificação secundária e a maioria das entidades brasileiras mal codificam o diagnóstico principal, avalia.

Outro obstáculo colocado por ele é a questão das patentes. Para utilizar o DRG é preciso usar um sistema que pertenceria ao patrimônio da 3M. Mas Couto esclarece que a multinacional americana é apenas uma das empresas que patentearam alterações na metodologia, que originalmente foi desenvolvida nos Estados Unidos (veja mais detalhes no quadro abaixo) e pode ser utilizada por qualquer cidadão. “A maior parte dos países do mundo usam DRG e não pagam patente a 3M”, afirma.

Saiba mais sobre o DRG:

– DRG nasceu nos Estados Unidos em 1969 e, desde o início dos anos 80, é usado e atualizado pelo governo americano.

-A versão MS-DRG usada pelo governo americano é livre e acessível a qualquer cidadão ou empresa.

-Há empresas que fizeram modificações na metodologia original e a patentearam. A 3M é uma delas. Porém, a maior parte dos países que usam o DRG não pagam patente à 3M.

– O DRG só se aplica a pacientes internados em hospitais. O desempenho da produção assistencial deve ser mensurado em duas dimensões: custos e resultados.

-Dois indicadores permitem avaliar a qualidade: complicações assistenciais e mortalidade.

– Para usar o DRG é necessário um software que realize as milhares de combinações entre idade, CID da doença principal, CID de comorbidades, procedimentos realizados para gerar os 786 produtos da versão atual (MS-DRG).

Os principais desafios para implantar o DRG no Brasil, segundo Couto, são:

-Desconfiança entre as partes: por isso ela precisa ocorrer de forma voluntária, transparente e com decisões sustentadas em preceitos técnicos.

– Diferenças do sistema de codificação EUA vs Brasil: São 72 mil códigos cirúrgicos americanos e 5100 códigos TUSS brasileiros. A solução é construir equivalências de códigos.

– Os processos gerenciais do sistema de saúde suplementar brasileiro devem ser inclusos: Categorizador de DRG deve integrar a assistência a ser realizada pela operadora e hospital.
…………………………………….

O POPULAR

Saúde
Registrada epidemia de febre chikungunya
Feira de Santana, na Bahia, já tem 274 casos confirmados da doença. Evolução rápida dos números já preocupa Ministério da Saúde

Brasília – A febre chikungunya já provoca epidemia no Brasil. Menos de um mês depois da confirmação do primeiro caso de transmissão em território nacional, a doença alcança níveis altos na cidade baiana de Feira de Santana, onde 274 casos foram confirmados. “Podemos afirmar que a cidade enfrenta epidemia”, disse o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. “Estamos bastante preocupados. A evolução dos surtos é bastante rápida, por causa das características da doença”, completou.
O diretor atribuiu a velocidade da expansão da febre chikungunya a dois fatores: ao período de incubação, que vai de 2 a 12 dias, e ao fato de que, por ser uma doença nova no território brasileiro, toda população é suscetível.
Até o dia 14 deste mês, foram registrados no País 337 casos da infecção, dos quais 299 foram diagnosticados em pessoas que não fizeram viagem internacional para locais onde há registro de transmissão – chamados de casos autóctones. A grande maioria está localizada na Bahia: além de Feira de Santana, 7 foram identificados em Riachão do Jacuípe. Outros 17 foram identificados no Oiapopque (AP) e 1 na cidade mineira de Matozinhos. A diferença para o boletim anterior, do dia 4, é de 88 casos. “Não há dúvida de que foi um aumento expressivo.”
Desde a semana passada, foi recomendada a adoção do critério clínico para a confirmação de chikungunya em cidades onde já é constatada a transmissão autóctone da doença. “Isso traz mais agilidade”, afirmou Maierovitch. A preocupação, disse, é evitar uma confusão no diagnóstico entre chikungunya e dengue. “É um risco. As duas têm muitas semelhanças, mas a dengue exige cuidados específicos que, se não adotados, podem levar à morte”, lembrou o diretor.
O Ministério da Saúde está preparando cartilhas para orientar médicos a fazer a diferenciação por meio das manifestações clínicas. “Pacientes com febre chikungunya queixam-se sobretudo de problemas nas articulações. Em alguns casos, a dor é tamanha que pessoas têm dificuldade para ficar em pé ou desempenhar as tarefas diárias”, disse o diretor. No caso da dengue, os sintomas mais comuns são dores no corpo e dores de cabeça.

Mesmo mosquito transmissor
Dengue e febre chikungunya são transmitidas pelos mesmos mosquitos: Aedes aegypti e Aedes albopictus. Embora tenham semelhanças, a chikungunya não apresenta a forma hemorrágica. Por isso, a letalidade é baixa. Uma das maiores preocupações das autoridades sanitárias é o tratamento das complicações da doença. Em alguns casos, pacientes têm problemas crônicos nas articulações, que somente são superados com tratamento de fisioterapia. O vírus que causa a febre chikungunya já foi identificado em países da África, Ásia e no Caribe.
………………………………………………
Ebola
OMS descarta surto no Ocidente
Diretor de estratégia da organização diz que os sistemas de saúde da Europa e dos EUA são fortes

São Paulo – Um grande surto de ebola nos EUA ou em outros países do Ocidente é improvável, disse ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS). O diretor de estratégia da entidade internacional, Christopher Dye, afirmou à BBC que os sistemas de saúde da Europa e dos EUA são fortes, o que torna o surto improvável.
Mas Dye ressaltou que a introdução do vírus nos EUA e na Europa traria “séria preocupação”. Duas enfermeiras foram infectadas nos EUA e uma na Espanha ao tratar de pacientes vindos da África contaminados.
O surto de ebola na África Ocidental, o pior já registrado, matou 4,5 mil pessoas. Os países mais atingidos são Libéria, Serra Leoa e Guiné.
EUA, Canadá e Reino Unido começaram a vistoriar nos aeroportos os passageiros vindos dos países afetados pela epidemia na África.
A França vai começar o mesmo procedimento a partir de sábado no aeroporto Charles de Gaulle para os passageiros vindos da Guiné. Ministros da Saúde da União Europeia estão reunidos em Bruxelas para discutir medidas contra o ebola.
COOPERAÇÃO
O presidente dos EUA, Barack Obama, se comprometeu ontem a agir de modo mais “agressivo” contra a doença. Os EUA pediram ao governo espanhol permissão para usar bases aéreas americanas no país em sua operação para combater o ebola na África, segundo um funcionário do Ministério da Defesa disse nesta quinta.
O país está enviando cerca de 4 mil soldados para a África Ocidental para ajudar a conter a epidemia. A ideia é usar as bases como um ponto de trânsito no deslocamento de materiais para construção de hospitais na Libéria e em Serra Leoa.
A decisão deverá ser anunciada na sexta-feira, quando o ministro da Defesa espanhol, Pedro Morenes, se encontrar com o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, em Washington. Os EUA têm quatro bases na Espanha: em Morón de la Frontera, perto de Sevilha, e Rota, perto de Cádiz, ambas no sul da Espanha, Torrejón de Ardoz, perto de Madri, e Zaragoza, no norte.
Alemanha e Japão também estão tomando medidas para intensificar o combate ao ebola na África. Os chefes de Estado dos dois governos participaram de uma videoconferência sobre a epidemia com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes mundiais ontem. Cientistas afirmaram ser improvável a mudança na forma de transmissão do ebola.

Serra Leoa tem caso em último distrito livre
Freetown – O governo de Serra Leoa declarou ontem que a epidemia de ebola chegou ao último distrito do país que estava livre do vírus. Duas pessoas foram diagnosticadas com a doença na região, representando um retrocesso nos esforços para conter a contaminação em um dos países mais atingidos pela crise.
O Centro de Operações de Emergência, em um relatório referente à quarta-feira, informou que foram registrados dois casos de ebola no distrito de Koinadugu, no norte de Serra Leoa. Os casos surgiram apesar dos habitantes da área terem mantido precauções de segurança restritivas e limitarem o contato com o restante do país.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram identificados 425 novos casos da doença no país somente na semana passada. Em relatório, a OMS afirma que 2.458 pessoas já morreram em Serra Leoa, e outras 4.249 foram infectadas pelo vírus.
O diretor da agência americana para o desenvolvimento internacional, Rajiv Shah, visitou ontem o país.

Monitoramento
Apesar de aval de autoridades, suspeitos fora da África preocupam
■ 153 passageiros e sete tripulantes foram mantidos dentro de um avião da Air France no aeroporto de Madri, na manhã de ontem, depois foram liberados

■ Autoridades espanholas relataram quatro novos pacientes com possíveis sintomas de ebola ontem, inclusive um passageiro febril do voo da Air France para Madri e um padre espanhol

■ Uma das 68 pessoas monitoradas por terem estado em contato com a auxiliar de enfermagem infectada com ebola em Madri teve febre ontem e foi hospitalizada para realizar exames

■ 13 enfermeiras que estavam no mesmo voo da segunda paciente com ebola nos EUA estão em licença médica e foram colocadas em observação em hospital de Cleveland, Ohio.
…………………………………….

Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação