ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
• Sobe para nove número de casos confirmados de H1N1, em Goiás
• Governo paga parte de dívida, mas hospital não libera UTIs, em Itumbiara
• 'Moto Consulta' cobra R$ 50 para marcar exames pelo SUS em Goiânia
• Morre o sexto paciente que estava na fila por vaga de UTI em Itumbiara, GO
• População lota clínicas em busca de vacinas contra o vírus H1N1, em Goiânia
• Autismo: aprendizado duplo todo dia
• Aluno de Medicina só terá diploma após prova do MEC
• Médicos têm “pé atrás” com a pílula do câncer
• Deputado tucano sai em defesa de petista que teve atendimento médico ao filho negado
TV ANHANGUERA/GOIÁS
Sobe para nove número de casos confirmados de H1N1, em Goiás
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/sobe-para-nove-numero-de-casos-confirmados-de-h1n1-em-goias/4928271/ (02/04/16)
………………………………
'Moto Consulta' cobra R$ 50 para marcar exames pelo SUS em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/jatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/moto-consulta-cobra-r-50-para-marcar-exames-pelo-sus-em-goiania/4927232/ (02/04/16)
………………………………..
Morre o sexto paciente que estava na fila por vaga de UTI em Itumbiara, GO
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/morre-o-sexto-paciente-que-estava-na-fila-por-vaga-de-uti-em-itumbiara-go/4930317/ (02/04/16)
……………………………………
População lota clínicas em busca de vacinas contra o vírus H1N1, em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/populacao-lota-clinicas-em-busca-de-vacinas-contra-o-virus-h1n1-em-goiania/4930008/
………………………………
O HOJE
Autismo: aprendizado duplo todo dia
Mães com filhos autistas contam o que aprendem enquanto eles desenvolvem habilidades
Deivid Souza
“Ele gosta muito de sentir o vento, então ele observa as folhas balançarem, e eu aprendi com ele a dar valor a essas pequenas coisas”. Esse é um dos aprendizados que a jornalista, Carla Lacerda do Nascimento Marques, 35, relata ter tido com o filho, João Lucas, 3. O garoto tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, e desde que isso foi descoberto a vida de Carla e do esposo passou por muitas transformações, mas ela diz que o menino a ensina muito “do jeito dele”.
O autismo é um transtorno que interfere no desenvolvimento de várias habilidades como interação social, linguagem e comportamento. Carla descreve com detalhes o susto que teve ao receber o diagnóstico do filho há aproximadamente um ano, depois de suspeitas da pediatra e da professora dele. “Eu e meu esposo saímos da clínica e sentamos em um banco na Alameda Ricardo Paranhos (no Setor Marista) e ficamos ali olhando um para o outro querendo dizer ‘e agora?’ ”, relata.
A jornalista conta que a notícia significou a “morte do sonho do filho idealizado”, mas que, apesar dos desafios que vive para proporcionar mais de dez horas semanais de diferentes terapias a João Lucas, sente-se ainda mais próxima do garoto. “Amor de mãe é incondicional, mas o amor a ele é mais que isso, é amar sem receber nada em troca”, diz referindo-se ao fato de as manifestações afetivas de João Lucas serem diferentes da maioria das crianças. “Quando ele abraça, quando ele beija é um beijo do jeitinho dele”, completa.
Benefício
A fisioterapeuta, Milena Borges, convive há seis anos com situações semelhantes à de Carla. Para ela, o filho Samuel, 8, a ajudou a amadurecer. “Na verdade não foi ele que mudou, quem mudou fui eu mesma”. A profissional trabalha no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e explica que, além do desenvolvimento de habilidades motoras, a fisioterapia contribui para vários outros aspectos importantes. “A gente consegue organizar a criança, consegue fazer com que ela tenha uma concentração maior, que ela tenha um tempo de atenção maior, e de espera também”, avalia.
Terapias proporcionam qualidade de vida
O médico neuropediatra, Hélio Van Der Linden, explica que várias ciências do conhecimento são aplicadas para melhorar a qualidade de vida do autista. “O tratamento é voltado para que a criança possa sair do isolamento. Com profissionais da psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, educadores físicos, musicoterapeutas”, ressalta.
Geralmente, os sinais de autismo aparecem quando começam a falar e a andar. Eles podem ficar mais evidentes quando vão para a escola. O acompanhamento terapêutico que ajuda a desenvolver as habilidades é necessário por toda vida do autista. “São situações novas, a cada fase a pessoa apresenta dificuldades e limitações sem ter nenhum tipo de patologia”, explica a psicóloga do Crer, Fernanda Barros.
Informação
Um dos grandes problemas de quem convive com o autismo é o preconceito. A falta de informação prejudica a inserção social dos autistas. Entre os profissionais da educação e da saúde também falta esclarecimento. Por este motivo, a ONU criou, em 2008, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado todo dia 2 de abril. Para lembrar a data, o Crer promoveu ontem uma mesa redonda para troca de experiências. O público formado por médicos, profissionais da área de reabilitação, pais, e sociedade em geral assistiu às discussões no auditório da instituição que atende 180 pessoas com autismo. No Brasil, de acordo com estimativa da pesquisa Retratos do Autismo no Brasil, de 2013, existem 1.182.543 de pessoas com o transtorno. (02/04/16)
…………………………………………..
AGÊNCIA ESTADO
Aluno de Medicina só terá diploma após prova do MEC
Governo federal vai implementar em agosto avaliação nacional para a área; formandos a partir de 2020 terão de atingir nota mínima
A obtenção do diploma de Medicina estará condicionada, a partir de 2020, à aprovação cm uma avaliação dos estudantes, informou ontem o Ministério da Educação (MEC). As provas serão aplicadas cm caráter pedagógico a alunos dos 2.0 e 4.0 anos de faculdade; no 6.° ano, porém, quem não atingir a nota de corte não poderá se formar.
Cerca de 20 mil estudantes que ingressaram nos cursos de Medicina em 2015 já devem ser submetidos em agosto ao exame do 2.0 ano, aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A medida responde a uma resolução do Conselho Nacional de Educação (C-NE) publicada cm 2014 e estimava um prazo de dois anos para sua implementação.
A norma do CNE foi aprovada após discussões envolvendo a Lei 12.871/2013, que instituiu o Programa Mais Médicos, c previa aumento no número de vagas de residência – para tanto também se propôs a obrigatoriedade de uma parte do estágio ser cumprido no Sistema Único de Saúde (SUS).
A Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem) será um componente curricular obrigatório c os alunos e as instituições que não se inscreverem ou não participarem estarão sujeitos a "penalidades" que ainda não foram definidas. O conteúdo da prova será nos moldes do Revalida – exame que certifica diplomas médicos expedidos por instituições estrangeiras para que passem a valer também no Brasil. "Isso vai permitir que as escolas de Medicina acompanhem a evolução de seus alunos c trabalhem para melhorar seu processo de formação", disse o reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Hcnry Campos, da subcomissão do Revalida.
No ano final,além de uma prova de conhecimentos médicos, haverá uma segunda etapa que avaliará as habilidades clínicas do formando. O governo criou ainda uma Comissão Assessora da Avaliação, com participação do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina(CFM). A comissão poderá definir também se a avaliação aplicada aos estudantes contará para avaliar cursos de Medicina.
Procurado, o CFM informou que, apesar de desconhecer evidências científicas que comprovem a eficácia da aplicação de exames do gênero, apoia a análise. "Esta é a única opção que possibilita a correção de rumos no processo de formação." Avaliação. Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, "o exame possibilita que problemas sejam corrigidos ao longo da formação do aluno, que terá um parâmetro para saber como está se saindo". "Vamos ter um salto de qualidade." A nota de corte final vai variar de acordo com a prova. O escore é definido da seguinte maneira: um painel de educadores médicos, que não participaram da elaboração do exame, se debruça sobre as duas etapas do exame e, com base em seu conteúdo, estabelecem o porcentual de acertos esperados para um aluno considerado "médio". Além da residência médica, outros programas de pós-graduação podem optar por considerar a nota. A reprovação também impossibilitará a solicitação de registro profissional.
Revalida reprova 57% dos candidatos
• Apesar de o número de participantes e de aprovados serem crescentes nos últimos cinco anos. o Revalida – exame que certifica diplomas médicos expedidos no exterior – ainda reprova mais de 57% de seus candidatos, segundo dados do Ministério da Educação (MEC) divulgados na tarde de ontem.
Ainda assim, os índices são considerados satisfatórios pelo órgão, uma vez que. em 2013, a taxa de reprovação chegou a 93%. "É uma grande satisfação ver que temos aumentado a adesão à prova", disse o reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Henry Campos, representante da subcomissão do exame Revalida.
Os brasileiros graduados no exterior são os que mais participam e têm porcentual de aprovação de 41%. Bolivianos, colombianos e cubanos vêm em seguida na lista de nacionalidades mais frequentes. .
Nota mínima não é exigida na prova atual
l Enade Exame de desempenho é obrigatório também para alunos de Medicina, mas não ocorre anualmente para todos os cursos. A prova, porém, não exige nota mínima.
l Revalida Profissionais graduados no exterior precisam passar por provas para fazer a revalidação do diploma; com a aprovação, obtém permissão para atuar.
l Mais Médicos O programa criado em 2013 causou polêmica ao permitir a prática médica sem a revalidação do diploma, situação excepcional no País. (02/04/16)
………………………………
JORNAL OPÇÃO
Médicos têm “pé atrás” com a pílula do câncer
Medicamento tem causado polêmica e poderá ser liberado, mas antes precisa ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff
Yago Sales
E se você fosse diag¬¬nos¬ticado com câncer? Sim, uma da¬que¬las do¬enças que o torna uma pessoa emagrecida, debilitada, sensível ao ar-condicionado, ao sol, de¬pen¬dente de quimioterapia e radioterapia, cuja radiação faz o cabelo e os pelos do corpo caírem, o privando de tudo. Preso a uma cama ou a uma cadeira de rodas, rodeado de pessoas com pena de você.
Claro, nem todos os pacientes diagnosticados com câncer chegam ao estado descrito acima, mas a indagação faz sentido quando a discussão do câncer está tão em voga. Afinal, com a possibilidade de uma doença tão grave atingir grande parte de nós — algo que já acontece —, bate o desespero. Está aí um dos motivos de a temática ser debatida nesta reportagem, pois o desespero justifica a mobilização de pacientes em busca de outra alternativa para o tratamento do câncer, a fosfoetanolamina sintética.
Certos de que os remédios convencionais não estão funcionando, apenas privando-os de viver me¬lhor, são encorajados a buscar a pílula que tem a promessa de curar o câncer.
Alguns relatos revelam que a coragem de consumir uma substância desconhecida, sem a devida comprovação, veio depois de perceberem a proximidade da morte nos corredores de hospitais, sob a olhadela definitiva de oncologistas acostumados a perder pa¬cientes: “Não tem mais jeito. Só um milagre”. Para al¬guns, só a fosfoetanolamina sintética. Essa droga, mote para sucessivos debates, que até ano passado se limitavam aos bastidores da Uni¬ver¬¬sidade de São Paulo (USP), em São Carlos, acabou alcançando o Senado Federal e, na semana passada, a mesa da presidente Dilma Rousseff . Caberá a ela sancionar, ou vetar, a distribuição do medicamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a recomendar à presidente que vetasse a fabricação, distribuição e o uso da fosfoetanolamina.
De um lado, a ciência, com seu ceticismo e ética, baseada em protocolos; do outro lado, decisões politiqueiras, motivadas pela emoção delirante e oportunista; no meio, a esperança de quem vive sob a promessa de vida por meio da pílula. O que se sabe é que milhares de pacientes, diagnosticados com algum dos inúmeros tipos de câncer, testemunham a cura ou dizem que a droga reduziu dores antes controladas apenas com morfina.
A reportagem percorreu hospitais conhecidos pelo tratamento do câncer em Goiânia e entrevistou especialistas. Em conversas permeadas pelo tom cético, alguns médicos foram categóricos: “Essa droga não funciona”. Um deles: “Parece que funciona”. Outro: “A gente respeita”. Todos, no entanto, são unânimes: é preciso bom senso. A substância tem que ser submetida aos crivos de pesquisa para ser creditada tanto pela ciência quanto pela indústria farmacêutica.
“Parecer bom”, mas…
O diretor clínico e neuro-oncologista Sandoval Inacio Carneiro, do Instituto de Neurologia de Goiânia, conta que, depois de decisão judicial, teve de assinar receita com pedido da fosfoetanolamina para um paciente. A médica oncologista do paciente não quis arriscar. No código de ética dos médicos é vedado ao médico no artigo 124: “ Usar experimentalmente qualquer tipo de terapêutica, ainda não liberada para uso no País, sem a devida autorização dos órgãos competentes”. O médico lembrou-se disso quando uma liminar judicial o obrigou a assinar a receita. “Como diretor clínico, tive de receitar, mas no prontuário escrevi que prescrevia sob mandado de Justiça, senão ia preso ou pagaria uma multa de 20 mil ao dia”. Sobre o paciente, o médico lembra que a expectativa de vida era mínima, mas demorou a falecer. “Efeito oncológico não vi nenhum, mas parece que funciona”.
Ele observa que a fosfoetanolamina está pulverizada, sendo usada para câncer de mama, câncer de pele, câncer de próstata. “Existe outro remédio que trata todos? Não. Ela é específica para quê? É para câncer de fígado?”. Sandoval critica o fato de a droga nunca ter sido testada em humanos e emenda: “Por que os grandes pesquisadores foram embora do Brasil? Nossa legislação é muito rígida. Temos protocolos muito burocráticos. Mas por outro lado evita exageros”. O médico gostaria que duas perguntas fossem respondidas: qual será o órgão que essa droga trata? Tem um real teste de eficácia? “Ela é usada como droga de primeira linha? Ela é usada como droga de resgate, ou seja, uma nova tentativa? É para fígado, pulmão, mama, próstata, osso? Com metástase ou sem metástase? A pílula está pulverizando. Parece que é bom. Parece”.
Prescrição
Renato Sampaio Tavares, chefe do serviço de hematologia e oncologia do Hospital das Clínicas (HC) e professor de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) é categórico: “A liberação por parte da Justiça é um absurdo. Ela deu liminares favoráveis e ficamos sem entender como se chega à liberação de um medicamento assim”.
O oncologista conta que pacientes o procuram para entender como funciona e se a capsula é segura. Sem estudos, ele só sabe que não tem à disposição as pílulas. “Eu jamais vou prescrever este medicamento sem liberação, já que ele pode matar o paciente”. Ele ainda afirma que não existe uma droga para tratar o câncer, existem tratamentos para cânceres diferentes. O médico afirma que o remédio “pode ser o melhor medicamento do mundo, mas pode ser um veneno.” Para ele, a fosfoetanolamina é a mesma coisa de dizer ao paciente: “Você tem câncer em estado terminal, então comece a tomar água com açúcar três vezes ao dia”.
Oncologista do Hospital A¬raújo Jorge, Antônio Paulo Ma¬chado Gontijo não abre mão que a droga passe pelas fases de pesquisas para ter legitimidade. “A fosfo não tem nenhuma fase científica, como que se pode discutir isso? A gente respeita, como respeitamos o João de Deus e muitas coisas da natureza. Só podemos discutir sobre essa droga depois de pesquisas”, argumenta.
Será que Dilma se sensibiliza?
Na internet, em contraste com imagens de “Fora Dilma” e “Não vai ter golpe”, o pedido “Sanciona Dilma” se propaga, em páginas e perfis de pacientes com câncer e familiares, a favor da fosfoetanolamina.
Vídeos, como o de uma mulher com um lenço florido envolto na cabeça e olheiras ao redor de olhos amarelados, repercutem, com o intuito de sensibilizar a presidente, que também sofreu de câncer em 2009, quando era ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula. O câncer atacou o sistema linfático de Dilma, o que a levou a sessões de quimioterapia em abril daquele ano. Ela viveu na pele o tratamento rigoroso ao ser internada no Hospital Sírio-Líbanês e, à época, precisou raspar o cabelo e usar peruca (veja foto).
A mulher ajeita os ombros diante da câmera trêmula. Ao fundo, um retrato dela antes de ter sido acometida pela doença. O vídeo, acredita, é o canal que a leva até a presidente. Uma respiração de três segundos e, “Dilma”, silencia. O vocativo sai milagroso e é sucedido por um sorriso forçado. “Dilma, me ajuda a viver”.
Caso aprovada em caráter de excepcionalidade, a substância será produzida, importada, prescrita e consumida sem depender do registro da Anvisa. Isso, até que os estudos fiquem prontos. Porém, a agência é enfática em uma nota divulgada no site: “Os desenvolvedores dessa substância nunca procuraram estabelecer um processo produtivo em fábrica legalmente estabelecida e certificada para operar com qualidade”.
Por que não desistiu?
Se o repórter conseguisse falar com Gilberto Chierice, de 72 anos, por pelo menos um minuto, faria a pergunta acima. Por quê? Aquele que é o precursor da fosfoetanolamina no Brasil, o químico aposentado do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo (USP), talvez tivesse reavaliado o que disse à edição especial da Revista Superin-teressante número 100, há 20 anos: “É no Brasil que quero continuar a produzir. Gosto daqui e acho que não consigo trabalhar em outro país.”
A revista reuniu nomes que tinham sido responsáveis, até aquele ano, em 1996, por dar orgulho ao Brasil na ciência. Ele criou uma especie de plástico que revolucionou a fabricação de próteses, e até na recomposição de ossos.
O pesquisador, na semana passada, precisou comparecer à delegacia para prestar esclarecimentos, depois de uma representação criminal feita pela Procuradoria Geral da USP. O crime: charlatanismo.
O cientista, ao lado de curandeiros, é acusado de ser um impostor ao comercializar os medicamentos e enganar pessoas. “Como o médico indicava e o paciente estava melhorando, eu pensei: que mal haveria em dar”, disse ao jornal Folha de S. Paulo na edição do dia 3 de março deste ano.
Ele disse em entrevistas que o valor unitário da pílula não passa de 10 centavos. Pelo menos 16 mil pacientes tiveram contato com a fosfoetanolamina, de graça, durante duas décadas em um saquinho transparente, sem bula, data de validade, com 60 cápsulas nas cores azul e branca. A USP publicou, em 2014, uma portaria proibindo a distribuição das cápsulas que só podem ser entregues sob ordem judicial.
Pílula esbarra na ética e na moral
“É imoral privar do tratamento, mas é antiético usar medicamento que pode causar problemas”. A frase é do médico pesquisador do Instituto de Estudos e Ciências Farmacêuticas (ICF) e do Instituto de Neurologia de Goiânia (ING), Alessandro Stival, que estudou Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Alfenas e concluiu especialização em pesquisa pela Faculdade de Medicina de Emory University, nos Estados Unidos e tem se debruçado para pesquisar obesidade e diabetes.
Em dois encontros com a reportagem, ele explicou ao Jornal Opção o passo a passo que obedece aos crivos da Anvisa, órgão regulador responsável por liberar medicamentos no Brasil.
De cara, reconhece que “o detalhe é o problema gigantesco que é o câncer e, de repente, surge uma pílula com expectativa de cura”.
Para ele, o maior problema é que a pílula e o tratamento nem um pouco convencional fogem ao trâmite correto, científico. “Só depois de realizar estudos necessários, será possível entender a eficácia”, diz.
Para a análise de um remédio novo, é preciso um estudo clínico de efeitos. A primeira é a pré-clínica — onde são aplicados testes em animais, depois de identificados em experimentação in vitro (simulações) como tendo potencial terapêutico. Dependendo do resultado, a substância não é aplicada nem em animais.
Segundo o pesquisador, 90% das substâncias estudadas na fase pré-clínica são eliminadas antes mesmo de serem testadas em humanos: ou porque não demonstram suficiente atividade farmacológico-terapêutica ou porque são excessivamente tóxicas a humanos.
Segurança
Caso o estudo avance desta etapa, na fase I, será realizada uma avaliação inicial em humanos, de 20 a 100 voluntários. Pessoas saudáveis são usadas nos testes porque, por exemplo, o organismo do paciente de câncer já está debilitado. Nessa etapa se escolhe indivíduos saudáveis para ver quais efeitos o composto dará. “Não se busca na fase I a cura do câncer, por exemplo, mas resultados que comprovem que a substância não faz mal à saúde. Na fase I, verifica-se a segurança do remédio, a maior dose tolerável, a menor dose efetiva”, explica. Nessa fase, é com um pequeno número de pessoas voluntárias e sadias, que se detecta os efeitos colaterais e a duração do efeito do remédio.
Na fase II, denominada “Estudo Terapêutico Piloto”, os primeiros estudos controlados em pacientes, para demonstrar efetividade potencial da medicação, exige uma participação de pelo menos 100 voluntários potencialmente doentes. Nesta etapa é possível, depois de indicação de eficácia, confirmar a segurança do medicamento e, ainda, comprovar a disponibilidade da substância no organismo do paciente. “Aqui é feito a biodiversidade para ver quanto da substância fica no sangue. Muitas vezes é metabolizado tão rápido que não fica nada biodisponível. Não é só ver se fica disponível, mas por quanto tempo”. É nessa hora que o remédio deve ser estabelecido; se o medicamento deverá ser ingerido de oito em oito horas, doze em doze horas, para garantir a biodisponibilidade. Ainda é importante saber se há bioequivalência, isto é, se o medicamento é compatível com outros medicamentos.
Efeito placebo
Na fase III é necessário fazer testes em países diferentes para tentar atingir todo tipo de paciente, visto que cada país possui suas particularidades. “Esta é uma fase muito avançada, com volume de pacientes muito maior. Geralmente são estudos internacionais, em larga escala. Nessa etapa, chegam a ser experimentados 10 mil pacientes”. Isso, para evitar parcialidades no estudo que pode gerar efeito positivo em alguns tipos de pacientes e em outros, não. O estudioso alerta que alguns estudos podem surtir efeito em grupos menores, onde há pacientes predispostos, ou não, em determinadas doenças, enquanto que em outros grupos isso é nulo. Nessa fase é definido também se a medicação será oral, injetada ou inalatória. “Outro aspecto im¬portante são os resultados de ris¬co/benefício. Às vezes, é bom para uma coisa, mas para outras é maléfico. Os efeitos colaterais, as contraindicações… Por isso existem os órgãos reguladores”. É nesta etapa que se encontra informações para compor a bula. Aqui o medicamento testado é comparado com outro medicamento ou o placebo, uma pílula sem efeito, sem químicos.
A substância passa por um verdadeiro funil, mas o resultado se amplia, delimitando, por exemplo, qual a idade que o remédio pode ter melhor resultado. Ao término dessa etapa, o remédio pode ser aprovado; ou não. (03/04/16)
………………………………….
Deputado tucano sai em defesa de petista que teve atendimento médico ao filho negado
Por Larissa Quixabeira
“Sem dúvida há assuntos que deveriam ser tratados acima da ideologia”, disse Fabio Sousa no Twitter
O deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO) utilizou seu perfil oficial no Twitter, na manhã deste domingo (3/4) para opinar sobre o caso ocorrido em Porto Alegre (RS) da mãe que teve atendimento médico ao filho negado por ser filiada ao PT. O tucano saiu em defesa da suplente da Câmara de vereadores, Ariane Leitão depois que a pediatra do filho dela, de 1 ano, se recusou a continuar atendendo o bebê em razão da filiação partidária da mãe.
Em uma série de tweetes, o deputado “desabafou” sobre o caso: “Dentro de uma Repúblca Democrática todos tem direito de opinar e ser. Preocupa a “bestialização””, escreveu o deputado que colocou o tratamento médico como uma “obrigação humana”. “Sem dúvida há assuntos que deveriam ser tratados acima da ideologia. Quando se perde o mínimo de convergência, podemos perder nossa humanidade”.
O caso veio a público há pouco mais de duas semanas, depois que Ariane fez um post em seu Facebook descrevendo a atitude da pediatra e desde então tem gerado polêmica nas redes sociais, provocando debate sobre qual deveria ser a postura do profissional de saúde.
Segundo Ariane, seu filho, hoje com 1 ano de idade, consultava com a médica Maria Dolores Bressan desde o primeiro mês de vida, por meio do plano de saúde. No mesmo período em que a polêmica em torno da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como Ministro da Casa Civil tomava conta do país, Ariane recebeu uma mensagem da pediatra dizendo que “estava declinando de maneira irrevogável de atender o Francisco, por eu ser petista!”.
Ariane Leitão
há ± 2 semanas
Então gente levei uns dias para compartilhar com vcs o ocorrido, porque envolveu o meu filho, mas agora vamos lá: na semana passada no auge dos ataques contra o presidente Lula, fui surpreendida por uma mensagem da pediatra do meu filho que escreveu que "estava declinando de maneira irrevogável de atender o Francisco, por eu ser petista!" Justificando com ataques sua decisão! Pasmem!
Fiquei tão chocada que a sensação,na hora, era de que tinham me dado um soco no estômago! Nada pode ser pior que envolver teu filho nessa canalhice toda!
Compartilho com vcs para mostrar a que ponto de demência essa gente, que não aceita opinião diferente da sua, pode chegar em seus ataques!
Estamos eu e meu marido Gilvandro Antunes, encaminhando a responsabilização dessa senhora, mas ainda sob impacto de nosso filho ter sido negligenciado, sua vida e sua saúde, por uma pseudo profissional, que sequer honra seu juramento de profissão, né Tiago Silveira?
No mais, peço as amig@s, indicações de pediatras que atendam pelo IPE. O Francisco precisa ser acompanhado.
PS : não divulgarei o nome em virtude da denúncia que está sendo encaminhada. (03/04/16)
……………………………………
Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação