Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 11 A 13/02/17

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Após um ano de espera, idoso consegue fazer cirurgia de catarata em Goiânia
SUS oferece cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, em Goiás
Grávida não consegue atendimento médico em hospital de Goiânia
Regra mais frouxa para o SUS
Vazamento de diagnóstico de mulher do Lula leva entidades a buscarem regras mais rígidas
Após ameaça de paralisação, prefeitura de Goiânia renova contratos com médicos
Prefeitura segue sem fornecer insumos da bomba de insulina
"Sinto-me como Bruce Wayne"
Dinamarca se impressiona com o Conecta SUS
Artigo – Novo modelo para Saúde Suplementar


TV ANHANGUERA / GOIÁS
Após um ano de espera, idoso consegue fazer cirurgia de catarata em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/videos/t/todos-os-videos/v/apos-um-ano-de-espera-idoso-consegue-fazer-cirurgia-de-catarata-em-goiania/5645367/

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SUS oferece cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, em Goiás
http://g1.globo.com/goias/videos/t/todos-os-videos/v/sus-oferece-cirurgia-bariatrica-por-videolaparoscopia-em-goias/5648169/

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Grávida não consegue atendimento médico em hospital de Goiânia
http://g1.globo.com/goias/videos/t/ja-1-edicao/v/gravida-nao-consegue-atendimento-medico-em-hospital-de-goiania/5645364/

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O POPULAR
Regra mais frouxa para o SUS

Proposta defendida por ministro prevê fim de recurso "carimbado" e divide autoridades favoráveis à ideia e especialistas que temem falta de dinheiro em algumas áreas
Uma proposta defendida pelo ministro Ricardo Barros (Saúde) para alterar o modelo de repasse de verbas federais para o SUS tem ganhado apoio de Estados e municípios, ao mesmo tempo em que gera apreensão entre especialistas do setor.
A ideia é permitir que estes recursos, hoje carimbados para uso específico em determinadas atividades, possam ser usados em outras áreas da saúde, conforme decisão do gestor municipal ou estadual.
De um lado, representantes das três esferas de governo dizem que a mudança é necessária para "desburocratizar" o orçamento do SUS.
De outro, especialistas em saúde pública temem que a proposta tire recursos de áreas tidas como menos "visíveis", como a vigilância, área que prevê ações como o controle de vetores de doenças, para aplicação em outras mais "visíveis", como oferta de serviços hospitalares.
A discussão começa no formato hoje adotado para distribuição dos recursos federais que, somados aos valores empregados pelos Estados e municípios, respondem pelo financiamento do SUS em 2016, foram repassados RS 75 bilhões em verbas federais a Estados e municípios, segundo o ministério.
Hoje, essa transferência ocorre através de seis blocos de financiamento. São eles: 1) atenção básica, que envolve programas como o Saúde da Família; 2) assistência farmacêutica, para medicamentos; 3) assistência de média e alta complexidade, que abrange ações como exames, cirurgias e transplantes, por exemplo; 4) vigilância em saúde; 5) investimento, eixo que prevê novas obras e 6) gestão.
Dentro desses blocos, há outras divisões, espécie de caixinhas que separam recursos para programas ou ações específicas: um número, que, segundo o ministério, já chega a 882.
O novo modelo, no entanto, exclui essas caixinhas e cria apenas dois blocos: 1) investimento e 2) custeio, espécie de "caixa único" para financiar os serviços de saúde.
Gestores, assim, ganhariam liberdade para definir como aplicar os recursos que recebem do governo federal.
"O SUS tem hoje várias caixinhas de repasse. Imagina como fica o secretário de Saúde, que chega a ter até 250 contas abertas", afirma Mauro Junqueira, do Conasems (conselho de secretários municipais de saúde).
Para ele, o atual modelo é "engessado". "Temos verbas paradas e a saúde, ao mesmo tempo, sem dinheiro. O que fizemos foi tirar esse carimbo [que impede que a verba seja usada em outra área]", diz.
A reportagem obteve a minuta da portaria que prevê o novo modelo, aprovada na última semana em reunião entre o ministério e secretários estaduais e municipais de saúde.
A justificativa é que o formato de um "caixa único" já estava previsto em lei de 2012 sobre o financiamento das ações de saúde, mas nunca entrou em prática. Agora, será formado um grupo de trabalho que, em 60 dias, deve estabelecer regras para a transição.
Para o médico sanitarista Heider Pinto, que foi secretário do Ministério da Saúde na gestão Dilma.a proposta pode trazer riscos ao SUS se não houver critérios mínimos de investimento em áreas com histórico de menor volume de recursos, como vigilância.
"Foi do 3 para o 80: saiu de uma logica ruim e fragmentada para uma lógica de caixa único cujo efeito imediato será reduzir os recursos em duas áreas essenciais á saúde brasileira: atenção básica e vigilância em saúde", comentou.
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Vazamento de diagnóstico de mulher do Lula leva entidades a buscarem regras mais rígidas

O episódio resultou nas demissões de uma médica plantonista do Hospital Sírio-Libanês e de um neurologista da Unimed São Roque, além de duas sindicâncias no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp)
Hospitais e conselhos médicos estão apertando o cerco para evitar que profissionais compartilhem dados de pacientes, como ocorreu no caso da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, que teve a tomografia e informações do seu diagnóstico vazadas em grupos de WhatsApp.
O episódio resultou nas demissões de uma médica plantonista do Hospital Sírio-Libanês e de um neurologista da Unimed São Roque, além de duas sindicâncias no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) que investiga a quebra de sigilo médico e a afronta à dignidade da paciente.
No Sírio-Libanês, a diretoria reuniu na semana passada todos os médicos plantonistas para relembrar as regras de sigilo e privacidade do paciente previstas em seus contratos de trabalho. "Alguns acharam que foi uma medida muito dura [A DEMISSÃO], mas a gente mostrou o contrato. Existe um código de conduta a ser cumprido e consequências para quem descumprir", diz o superintendente Paulo Chap Chap.
Também foi emitido um comunicado ao corpo clínico lembrando que não é permitido o uso de celulares em áreas onde há pacientes. "O profissional tem o direito de receber mensagens, mas, para respondê-las, há áreas reservadas, como a copa e a área de descanso. Assim, você coíbe a produção de imagens", afirma Chap Chap.
O acesso ao prontuário eletrônico do paciente também tem sido dificultado. O Hospital Albert Einstein acaba de implantar um sistema no qual, para ver o prontuário, é necessário ter uma senha e dizer seu papel no cuidado do doente. Se não o fizer, o acesso é negado.
O sistema rastreia todos os profissionais que acessaram o prontuário. "Entre hackers, há informações médicas que têm mais valor do que as de cartões de crédito. A segurança de dados é fundamental", diz o cirurgião Sidney Klajner, presidente do Einstein. No Sírio-Libanês, há sistema que rastreia quem viu o prontuário do doente, mas o acesso é aberto ao corpo clínico.
O "episódio Marisa" também deve gerar mudanças no Código de Ética Médica, que passa por revisão. O Conselho Federal de Medicina recebe sugestões até 31 de março. Segundo Mauro Aranha, presidente do Cremesp, deve haver endurecimento nas regras sobre compartilhamento em redes sociais. Algumas ideias são polêmicas, como proibir médicos de opinar sobre saúde de pacientes.
Para o médico Gustavo Guzzo, professor de clínica médica da USP, o Brasil tem que avançar na segurança dos dados. Na Holanda, mesmo entre os médicos da equipe, essas informações só circulam com o aval do doente.
A punição pode ser rigorosa. Na Espanha, uma enfermeira foi condenada a dois anos de prisão por ter olhado o prontuário do pai de seus netos por achar que ele usuava drogas.
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O HOJE
Após ameaça de paralisação, prefeitura de Goiânia renova contratos com médicos

Segundo a Secretaria de Saúde, um remanejamento interno foi feito para suprir as necessidades das unidades de atendimento
Wilton Morais

Desde janeiro deste ano vários contratos com médicos que prestam serviços à saúde de Goiânia não foram renovados. Para os Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), o conselho da categoria é não trabalhar enquanto os profissionais não tiverem uma segurança jurídica. A orientação é baseada no fato de os médicos, quando os contratos forem renovados, não estarem prevendo o pagamento retroativo. Segundo o Sindicato, a Secretaria de Saúde informou que os contratos seriam renovados a partir dessa semana. O que ainda não aconteceu.
Para um dos médicos do Cais Bairro Goiá, que não quis se identificar, a situação ainda é tranquila. “Espero que eles renovem o meu contrato, antes de vencê-lo. Sou contratado, não vou parar de trabalhar e nem entrar de greve porque seria pior, e assim poderei nem ser contratado de novo”, disse o médico.
Conforme a Secretaria, um remanejamento interno foi executado pela pasta, na finalidade de suprir as necessidades das unidades de atendimento. A pasta ainda disse que os médicos não irão ficar sem receber os dias trabalhados sem o contrato. A forma de pagamento será por meio de indenização. Os novos contratos estão sendo gerados pelo sistema da SMS. A pasta também assegurou que as unidades de saúde não estão sem médicos por conta dos contratos. Na sexta-feira (10), a prefeitura convocou os médicos credenciados com contratos vencidos para assinar a renovação. Os profissionais devem procurar a gerência de Contratos e Convênios da Secretaria, entre 8h às 16 horas, de segunda à sexta-feira, da semana que vem.
Orientações
Para os médicos que optarem por trabalhar sem o contrato, o Simego divulgou em nota, na última segunda-feira (6), que os médicos devem guardar consigo comprovantes da efetiva prestação de serviços. São considerados os documentos como fotocópias de escalas de plantões, escalas de atendimentos ambulatoriais, planilhas de atendimentos, testemunhas e tudo mais que comprove a efetiva atuação no serviço. “Em caso de não recebimento do valor que lhe for devido, estas provas poderão ser utilizadas em eventual medida jurídica a ser intentada em Juízo com o propósito de recebimento destes créditos”, esclarece a nota.
Na finalidade de proteger o profissional, a nota de orientação também sugere que os médicos que optarem por não realizar os serviços sem o contrato, que exija a retirada de seus nomes da escala de atendimento em plantões e ambulatórios. “[A medida deve] evitar eventual alegação de abandono de plantão, ou ausência injustificada ao trabalho, bem como de omissão de socorro”, justifica a nota. 
Serviço:
Renovação de contratos com a prefeitura
Local: Gerência de Contratos e Convênios da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
Endereço: Av. do Cerrado, n° 999, Park Lozandes, Paço Municipal. Bloco D, 2º andar
Horário: das 8h às 16 horas, de segunda à sexta-feira, da próxima semana
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JORNAL OPÇÃO
Prefeitura segue sem fornecer insumos da bomba de insulina

Por Bruna Aidar

Segundo usuário do serviço, insulina já voltou a ser distribuída pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas ainda não há posicionamento sobre bomba
Um usuário do serviço de acompanhamento de diabéticos da Prefeitura de Goiânia, ouvido pelo Jornal Opção, afirmou que o Paço ainda não regularizou o fornecimento de insumos para a bomba de insulina.
Segundo ele, as insulinas Lantus e Apidra já voltaram a ser distribuídas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas não há posicionamento ou previsão oficial para quem usa a bomba. Inicialmente, a SMS havia afirmado que retomaria o fornecimento dos dois produtos na última quarta-feira (8/2), o que não foi feito.
Em nota, a assessoria da SMS explicou que o laboratório Roche atrasou o fornecimento para a Hospfar, que realiza a distribuição, impossibilitando a retomada naquele dia. Na quinta-feira (9), a empresa confirmou a demora na entrega, mas garantiu que a prefeitura receberia os insumos já na sexta-feira (10).
O fornecimento da insulina, fundamental para portadores de diabetes, está suspenso há pelo menos quatro meses, desde outubro de 2016. Na quarta-feira (8), um grupo de pessoas que precisa do medicamento chegou a ir à Câmara Municipal para exigir que a SMS cumprisse o prometido pela secretária, Fátima Mrue, de voltar a fazer a entrega.
Desde sexta-feira, o Jornal Opção tenta confirmar as afirmações com a assessoria da SMS, mas ainda não obteve um posicionamento oficial sobre a situação do serviço na capital.
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VEJA
"Sinto-me como Bruce Wayne"

O cardiologista do poder – ele trata de Lula, Dilma, Temer, Serra… – diz que se sente como a identidade secreta do Batman ao simular dureza no seu dia a dia no hospital
ADRIANA DIAS LOPES

AOS 57 ANOS, o médico Roberto Kalil Filho ocupa dois altos cargos na medicina brasileira – é diretor da divisão de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Coração, em São Paulo. É o cardiologista do poder, e entre seus pacientes estão os ex-presidentes Lula e Dilma, o atual presidente, Michel Temer, e o chanceler José Serra. E estava, também, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, cuja morte o levou a uma rara exposição pública: escreveu um artigo, publicado no jornal Folha de S.Paulo, denunciando a afronta à dignidade humana no vazamento do diagnóstico de Marisa, que teria sido divulgado por uma médica num grupo de WhatsApp. "O caso revela um dos lados perversos do comportamento humano, reprovável e absolutamente inadmissível para quem se apresenta como médico", escreveu. Casado, pai de Rafaella e Isabella, Kalil é um trabalhador compulsivo. Mantém uma jornada de trabalho de quinze horas, entre os hospitais e o consultório. Ele só para aos sábados, mas encontra tempo, como fez na semana passada, para submeter-se a uma sessão de energização com um guru espiritual. Nesta entrevista, falou de ética médica e do sofrimento pessoal diante da morte de um paciente. "Sabe o Bruce Wayne, a identidade secreta do Batman? Sinto-me como ele às vezes. Uso uma capa protetora para trabalhar. Uma capa de durão. Mas sofro em casa, no meu quarto." Sua entrevista:

O senhor se surpreendeu com a atitude da médica Gabriela Munhoz, do Hospital Sfrio-Libanês, que foi acusada de divulgar o diagnóstico de Marisa Letícia no WhatsApp?

Não sou juiz para julgar as pessoas. Existem órgãos, como o Conselho Regional de Medicina e o Conselho Federal de Medicina, que impõem regras claras para o comportamento profissional, assim como as próprias instituições de saúde. Tomei conhecimento por alto. Soube da demissão por terceiros. Mal a conhecia.

Então, por que o senhor escreveu um artigo sobre o caso?

É fundamental entender que a classe médica tem sido muito penalizada pela imprensa. Recebemos mais críticas do que elogios. Os médicos exercem um trabalho nobre. Lutam pela vida, não importa se o hospital é público ou privado. Não me refiro a quem está envolvido em propinas e máfias na compra e venda de produtos. Isso é caso de polícia, e ponto final. Refiro-me ao atendimento ao paciente. A imprensa está mais atenta à dona fulana que demorou  para ser atendida do que ao médico que a receberá. Um médico que muitas vezes não dispõe de remédios adequados nem de luvas e está há 24 horas sem dormir. Mesmo assim, atenderá a paciente. Com atraso, mas atenderá. A classe médica está machucada. A imprensa divulga mais nossos erros do que nossos acertos.

A atitude da médica demitida motivou a discussão nos hospitais sobre proibir celulares em áreas com pacientes. O senhor é a favor?

A questão é conflituosa. Ao mesmo tempo que um celular pode servir para divulgar indevidamente informações sigilosas, ele pode salvar vidas pela facilidade de comunicação. É preciso estabelecer programas de educação nas instituições. As escolas deveriam discutir esse assunto desde o 1- ano da faculdade de medicina, mas não o fazem.

A divulgação do estado de saúde de uma pessoa pública não é uma demanda da sociedade?

Sim, mas o máximo que o hospital pode fazer é perguntar ao paciente famoso se ele quer ou não que a instituição divulgue um boletim médico. A maioria pede que se divulgue e que eu responda a jornalistas até para evitar especulações da imprensa. Mas a decisão é do paciente, que, vale dizer, é apenas isto dentro de um hospital: o paciente. Um homem ou uma mulher é presidente da República lá fora. No hospital, é o paciente do quarto tal.

Não há nenhum esquema especial para os pacientes famosos?

Seria hipócrita se afirmasse que não remanejo a agenda algumas vezes no meu consultório para atender um presidente da República. Só isso. No hospital não há diferença.

O senhor é mais político do que médico?

Meu prazer está na medicina. Não bebo, não fumo, não gosto de passear. Gosto de paciente, de hospital. Além do mais, eu daria um péssimo político. Sei bem o meu lugar. Aprendi com meu tio, o Fúlvio (Fúlvio Pileggi, cardiologista e ex-diretor do Instituto do Coração, o InCor). Ele também foi médico de políticos influentes na década de 80 e cogitado para cargos públicos. Nunca aceitou. Mas pegava o telefone e conseguia o que queria com eles. Faço algo parecido. Uso meus contatos para ajudar a quem precisa. Desde que assumi a cátedra do Instituto do Coração, em 2011, batalho junto aos políticos pela instituição. Jamais pedi algo fora das regras. Cobro repasses que não são feitos, uma assinatura atrasada, uma promessa esquecida. Já consegui reformar o centro de transplantes e o pronto-socorro e criei novos blocos no InCor. Os governantes sabem que trabalho sério, e meus pedidos são igualmente sérios. Dizem que os políticos não fazem nada. Fazem, sim. Quando você senta com a pessoa, expõe os dados de forma correta, ela ajuda. Nunca recebi um não.

Uma incompatibilidade ideológica radical justifica a atitude de um médico de não atender um paciente, como ocorreu com uma pediatra gaúcha?

O médico é obrigado a atender o paciente em casos de emergência. Mas em uma situação de rotina, em que não existe risco de vida e há incompatibilidade entre o profissional e o doente, ele pode, sim, deixar de atender, desde que o encaminhe a um colega.

O senhor já passou por essa situação?

Nunca passei, graças a Deus. Sou médico do ex-presidente Lula há trinta anos. Ele sempre diz o seguinte: "O Kalil não evolui politicamente". Diz isso porque sou conservador. E serei sempre conservador. Assim como torço para o Santos. Sou fiel às minhas convicções e não as escondo. E isso não atrapalha em nada a minha relação médico-paciente com o ex-presidente, que é de esquerda e ainda por cima corintiano.

O senhor tem ambição de ser ministro da Saúde?

Já fui convidado em mais de um governo. Nunca vou aceitar. Meu ministério são meus pacientes. É disso que eu gosto.

O Sistema Único de Saúde é o caminho certo?

O princípio do SUS é intocável. Fantástico. Mas precisa ser atualizado. Quando começou, a sociedade era outra. Hoje, vive-se mais, os recursos da medicina se expandiram. É urgente injetar dinheiro no sistema e submetê-lo a gestões com metas estabelecidas. Meu sonho, quando assumi o InCor, era deixar o atendimento exclusivamente dedicado ao SUS. Mas, pelo menos por enquanto, isso é inviável financeiramente. O sistema do InCor, chamado de fundacional, opera da seguinte forma: 80% do atendimento é feito pelo sistema público e 20% pelo privado. Esses 20% são responsáveis por metade da receita da instituição.

Como um hospital privado pode contribuir para melhorar a saúde pública?

De diversas formas. E isso tem de ser cobrado. O Sírio-Libanês faz cirurgias de coração de alta complexidade que são pagas pela filantropia do hospital. Isso ocorre em parceria com o governo federal. O próprio Corujão (programa da prefeitura de São Paulo para atender pacientes do SUS em hospitais privados) tem tudo para ser um sucesso. Graças ao programa, o Sírio-Libanês começa a atender dezenas de pacientes da prefeitura das 5 horas da tarde até a madrugada. Quando o hospital particular é chamado, ele colabora, sim. Falta gente para pôr a mão na massa e exigir mais do sistema privado.

Há exagero no pedido de exames da parte dos médicos no sistema privado?

Isso não é inteiramente verdadeiro. Sou uma pessoa que utiliza, sim, tecnologia. A tecnologia está aí para isso. Ou você acha que se detecta câncer de pulmão auscultando o órgão? O diagnóstico de uma obstrução das coronárias é feito com estetoscópio? Não. É lógico que não se deve abusar. Mas a tecnologia nos permite fazer uma triagem, com segurança, de quem deve ser submetido ao exame correto.

Como é conviver com a morte de um paciente?

É muito sofrido. A morte de uma pessoa doente é um pedaço de mim que vai embora. Como trabalho com paciente de alto risco há trinta anos, estou quase me desintegrando. Sabe o Bruce Wayne, a identidade secreta do Batman? Sinto-me como ele às vezes. Uso uma capa protetora para trabalhar. Uma capa de durão. Mas sofro em casa, no meu quarto.

O senhor era próximo da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Como foi lidar com a morte dela?

Além de ter sido minha paciente por trinta anos, dona Marisa era minha madrinha, minha amiga. Nos dois últimos dias, quando vi que ela não iria se recuperar, desabei.
O senhor já precisou se medicar pela perda de pacientes, tomando antidepressivos, por exemplo? Sim, no passado. Hoje consigo lidar melhor com essa situação, na maioria das vezes. Depois de um óbito, reúno minha equipe e repasso ponto por ponto a nossa conduta. Erramos? Acertamos? E entrego a Deus.

O senhor acredita em Deus?

Sou de formação católica. Mas acredito em reencarnação. Tenho gurus e cartomantes. Sou um espiritualista, na verdade. Acredito em Deus e não dá para medir forças com ele. Certa vez, identifiquei uma obstrução no tronco da artéria coronária de um paciente durante um check-up. É um quadro gravíssimo. Esse tipo de oclusão é chamado de "fazedor de viúva". Causa morte súbita. Ele foi operado, deu tudo certo. Pois um mês depois ele morreu em um acidente de helicóptero. Qual a mensagem? Alguém lá em cima falou: "Filho, quem manda aqui sou eu".

Os médicos não costumam cuidar da própria saúde. Como o senhor lida com a sua?

Emagreci 5 quilos nos últimos meses reduzindo os carboidratos. Tento fazer exercícios umas três vezes por semana. Já fui diferente. Sou louco por cachorro-quente, Coca-Cola e Toddynho. Minha única atividade física era subir e descer as escadas do hospital, quando o elevador demorava. Há um ano, porém, levei um susto. Minha pressão chegou a 20 por 11. E meu colesterol ruim é alto, passa de 300. Tenho de me cuidar. Estou ficando velho.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Dinamarca se impressiona com o Conecta SUS

Representantes do Ministério da Saúde da Dinamarca se impressionaram com a logística de alimentação e monitoramento dos 213 indicadores de saúde pelo Centro de Informações e Decisões Estratégicas em Saúde – Conecta SUS Zilda Arns Neumann, em Goiânia. O projeto da Secretaria da Saúde de Goiás permite a concentração das informações estratégicas para a gestão do SUS por compilação, compartilhamento e análise dos indicadores de saúde, fomentando discussões internas e externas com os diversos parceiros e setores institucionais.
"Minha primeira impressão desse trabalho é muito positiva pela forma como as informações chegam até os gestores que ficam aptos para tomar decisões precisas. E vimos, também, a utilização na prática, dessa tecnologia para melhorar a saúde pública da população", disse a conselheira da Saúde da Embaixada da Dinamarca, Brit Borum Madsen.
O sistema de saúde dinamarquês é público e gratuito e todo cidadão residente no País, tem acesso a ele. A Dinamarca foi considerada em 2011, o País com menor índice de desigualdade social do mundo. O País nórdico, na Europa setentrional possui 43 mil quilômetros quadrados, com população estimada em mais de 5 milhões de habitantes.
Os técnicos dinamarqueses apresentaram grande interesse ao serem apresentados à força tarefa Goiás contra o Aedes, que só ano passado realizou mais de 15 milhões de visitas domiciliares, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar para eliminar focos do mosquito Aedes Aegypti. "Graças a esse trabalho conseguimos diminuir em 80% o número de casos de dengue, em comparação com janeiro de 2016 e 2017, e mais de 20% do índice de infestação do vetor no Estado", disse o secretário da Saúde Leonardo Vilela.
A comitiva dinamarquesa estava acompanhada por técnicos do Ministério da Saúde brasileiro. Thiago Berteli, do departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas (DRAC), da Coordenação-Geral dos Sistemas de Informação do Ministério da Saúde, avalia que as reuniões da comitiva dinamarquesa, que também foram realizadas nas cidades de Manaus, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Maceió e agora, em Goiânia, permitem a identificação de diagnósticos para a melhoria dos processos de gestão.
"É uma prioridade do Ministro da Saúde, Ricardo Barros, qualificar informação e melhorar a gestão de forma eficiente para todos. Assim, vimos aqui no Concecta SUS elementos que nos permitem uma boa visão de como fortalecer uma gestão eficiente, transparente, qualificada e detalhada.
Resultados práticos
Leonardo Vilela apresentou exemplos emblemáticos da importância do uso dos dados oferecidos pelo Conecta SUS. "Pelo sistema pudemos descobrir com antecedência a iminência de um agravamento dos casos de influenza em Goiás. Assim, agimos rápido e antecipamos a oferta de vacinas para nossa população", citou.
Outro exemplo é relativo a mortalidade infantil. "Por meio desse sistema, percebemos que 76% da mortalidade infantil, em Goiás, ocorrem em 30 municípios, especificamente. Essa avaliação permitiu que buscássemos a qualificação de profissionais de Saúde nessas localidades e a compra de equipamentos para salas de parto desses municípios, bem como a assistência e transporte do recém-nascido. Estamos investido nesses pontos", salientou.
A missão da Dinamarca faz parte de cooperação Setorial Estratégica Internacional, entre Brasil e Dinamarca, para apoiar a gestão eficiente da saúde no Brasil. Essa cooperação visa assegurar acesso rápido e universal a serviços e produtos de saúde de qualidade, por meio do apoio ao desenvolvimento de uma gestão da saúde mais eficiente no Brasil. O apoio nessas áreas ajudará o MS no atual processo de elaboração de uma estratégia de e-saúde e apoiará a implementação da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS).
Essa política define os princípios para promover a interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde e dados padronizados de modo a permitir a criação de um repositório comum de dados, proporcionando assim, a base para a gestão mais eficiente da atenção à saúde.
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JORNAL A TARDE

Artigo – Novo modelo para Saúde Suplementar
Marcelo Moncôrvo Britto
Mais de duas milhões de pessoas deixaram a Saúde Suplementar em menos de dois anos, segundo dados de dezembro de 2016 da Agência Nacional de Saúde. Empresas cancelaram seus planos de saúde ou os trocaram por planos mais restritivos e de eficácia duvidosa.
Colaboradores são desligados e, apesar do direito de permanecer com seu plano, não possuem recursos para pagá-lo. Resultado: consultórios vazios, leitos sobrando, recursos diagnósticos ociosos e maior sobrecarga do SUS.
Não é possível um plano de saúde custar tanto. Uma família sadia, constando marido e esposa com 49 e 48 anos e dois filhos com 24 e 22, portadores de um seguro individual, pagando mais de R$ 3 mil é inadmissível. As operadoras alegam estar com um custo na assistência muito alto. Os hospitais, clínicas, laboratórios, médicos e demais profissionais do setor alegam receber pouco, com muito atraso, glosa e excessiva burocracia.
O que está acontecendo com esse mercado, onde a maioria dos atores não se entende? Um mercado que responde por 9,6% do PIB nacional não pode ser relegado a segundo plano. Isso sem contar sua relevância na vida das pessoas. Respondemos tanto pela saúde como pela doença dos brasileiros. Permitir a míngua da Saúde Suplementar seria condenar os usuários do SUS. Os pacientes da rede privada têm acessos à classe política, autoridades governamentais, médicos e a outros profissionais da saúde. E, se tudo falhar, acesso à Justiça, obtendo, assim, uma porta diferenciada de acesso. Como a disponibilidade do SUS (ou a falta dela) é de conhecimento público, esta estaria ainda mais comprometida por aqueles que acessam de forma diferenciada os serviços e que hoje utilizam pouco o sistema público.
O modelo atual não alinha interesses entre usuários, operadoras e prestadores de serviços. Pelo contrário, gera uma disputa pelo recurso do usuário. Quanto maior a utilização, mais ganha o prestador e perde a operadora. Quanto menor a utilização, mais perde o prestador e ganha a operadora. Um paradoxo. Este modelo praticado no Brasil (e na maior parte do mundo) está quebrando o sistema.
O brasileiro médio está pagando esta conta (ou não está pagando mais!). Precisamos mudar o modelo e construir outro, permitindo que os interesses das partes sejam convergentes. Sem que para um ganhar, outro tenha que perder. Onde a saúde do usuário esteja do primeiro ao último lugar. Onde operadora e prestador percam juntos quando a saúde der lugar à doença; e ganhem também juntos quando a doença der lugar à saúde.
Utopia? Não. Vamos propor um modelo que permita este objetivo. Manter nossas mentes abertas é premissa. A novidade chegará e poderá ser a salvação da Saúde Suplementar. Não temos mais para onde ir.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação