Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 12 A 14/05/18

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES
Parentes de pacientes internados no Hugo denunciam falta de roupas e cama e toalhas
Famílias pedem ajuda para transferir idosos de Cais para hospitais de Goiânia
Morador de São Luís de Montes Belos é o primeiro a passar por cirurgia metabólica pelo SUS em Goiás
Relatório final da CEI da Saúde pede indiciamento de Iris por quatro irregularidades
“Afastamento de Fátima Mrué é necessário e urgente”, diz Elias Vaz ao apresentar relatório
"Dois pesos e duas medidas"
Mão amiga
Menos leitos do que o contratado
É preciso falar sobre o suicídio nas escolas
Unimed Goiânia traz conceito de design thinking para o UniDomiciliar

TV ANHANGUERA/GOIÁS
Parentes de pacientes internados no Hugo denunciam falta de roupas e cama e toalhas
http://g1.globo.com/goias/videos/t/bom-dia-go/v/parentes-de-pacientes-internados-no-hugo-denunciam-falta-de-roupas-e-cama-e-toalhas/6733450/
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Famílias pedem ajuda para transferir idosos de Cais para hospitais de Goiânia
http://g1.globo.com/goias/videos/t/ja-2-edicao/v/familias-pedem-ajuda-para-transferir-idosos-de-cais-para-hospitais-de-goiania/6732307/
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PORTAL G1/GOIÁS
Morador de São Luís de Montes Belos é o primeiro a passar por cirurgia metabólica pelo SUS em Goiás
Procedimento é usado no tratamento de diabetes tipo 2 e foi feito em hospital de Goiânia. Paciente passou pela operação e foi levado para UTI.
Por Vanessa Martins, G1 GO
O primeiro paciente a passar por cirurgia metabólica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás foi o representante comercial Wisley Marcelo de Araújo, de 45 anos, morador de São Luís de Montes Belos, no centro de Goiás. Ele passou pela operação no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), está se recuperando bem, já está no quarto, e se alimentando por via oral.
Segundo a unidade de saúde, o procedimento tem como objetivo evitar que o paciente precise continuar aplicações regulares de insulina. O HGG informou que a operação se assemelha a uma cirurgia bariátrica e deixa a doença em remissão, como explicou o cirurgião geral Paulo Reis.
“Mudar a arquitetura do aparelho digestivo, propiciando outro trajeto para o alimento. Geralmente, jogando esse alimento mais no final do intestino promovendo a liberação de alguns hormônios. A tendência é ficar realmente com remissão da doença, totalmente controlado”, disse em entrevista à TV Anhanguera.
O HGG informou ainda que o procedimento só é liberado para os pacientes que estão em acompanhamento pelo sistema básico de saúde e são encaminhados para a cirurgia pela regulação. Wisley relatou que a operação é uma solução que ele aguardou por cerca de cinco anos e está feliz por ter sido indicado para passar pelo procedimento.
“É um dia muito especial. Tem muito tempo que estou esperando para fazer essa cirurgia. Tem gente que tem expectativa de emagrecer, ficar bonito. Eu não, tenho a expectativa de sarar para ter uma qualidade de vida melhor”, afirmou à TV Anhanguera.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse reconhecer a cirurgia metabólica para o tratamento de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 sem resposta ao tratamento clínico convencional, como técnica não experimental de alto risco e complexidade.
Para isso, informou o órgão, o paciente precisa ainda ter Índice de Massa Corporal – que corresponde ao peso em kg dividido pelo quadrado da altura em metro – entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2. "O Cremego segue o posicionamento do CFM [Conselho Federal de Medicina] em relação ao assunto."
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JORNAL OPÇÃO
Relatório final da CEI da Saúde pede indiciamento de Iris por quatro irregularidades
Por Matheus Monteiro
Secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, também foi citada por improbidade administrativa e lesão corporal
O relatório final da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde, com parecer do relator Elias Vaz (PSB), apresentado nesta segunda-feira (14/5), pede indiciamento de mais de 30 pessoas, entre elas o prefeito Iris Rezende (MDB) e a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué. Os dois são citados em diversas irregularidades.
Iris é apontado por improbidade administrativa no caso da contratação da empresa Neo para gestão de frota (por ter assumido, em depoimento, que foi consultado e autorizou todas as decisão da secretária; e na terceirização do serviço de raio-X e favorecimento da Tech Capital (por ter conhecimento dos fatos, conforme depoimento, e ter deixado claro que a decisão contou com a sua anuência).
Além disso, o prefeito é culpabilizado pelo pagamento irregular de mestrado a servidores (por ter conhecimento do pagamento irregular e não adotar medidas para impedir o gasto) e na contratação de software da Vivver Sistemas (por ter admitido que a decisão de contratar o software foi autorizado por ele e por ter permitido que tudo isso acontecesse sem consultar o órgão técnico da prefeitura).
A secretária de Saúde é citada pelos mesmos casos, além de um pedido de indiciamento por lesão corporal após suspensão de atendimento odontológico na capital.
Quanto ao teor do parecer, Elias Vaz também pede o afastamento imediato da secretária, dizendo ser “necessário e urgente”. Procuradas pelo Jornal Opção, nem a prefeitura de Goiânia nem a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) se manifestaram.
O ex-secretário municipal de Saúde Fernando Machado também está na lista dos pedidos de indiciamento, além do secretário estadual, Leonardo Vilela. Entre os citados estão ainda 11 hospitais, 2 organizações sociais e atuais funcionários.
A expectativa é o que o relatório seja votado pelo integrantes pela comissão na próxima sexta-feira (18). Após a votação, onde há possibilidade de emendas, o texto aprovado será encaminhado ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para que sejam avaliadas providências.
Comissão
Em funcionamento desde de outubro do ano passado, a comissão apurou diversas denúncias de irregularidades na saúde municipal, como a situação dos leitos de UTI, a falta de atendimento odontológico, o pagamento de mestrado a duas servidoras da  secretaria de Saúde e os contratos para exames de raio-x e manutenção de ambulâncias.
A secretária Fátima Mrué foi convocada a prestar depoimento sete vezes e compareceu em todas. Alguns fatos apurados pela CEI já foram repassados para o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), que já entrou com dois pedidos para afastar a secretária do cargo, mas ambos foram negados pela Justiça.
Além disso, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), apura casos de pessoas que morreram por falta de encaminhamento para  UTI, quando existem indícios de que existiam leitos ociosos em Goiânia.
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“Afastamento de Fátima Mrué é necessário e urgente”, diz Elias Vaz ao apresentar relatório
Por Matheus Monteiro
Texto final da Comissão Especial de Inquérito da Saúde pede indiciamento e afastamento da secretária municipal de Saúde
O relatório final da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde, com parecer do relator Elias Vaz (PSB), apresentado nesta segunda-feira (14/5), pede indiciamento do prefeito Iris Rezende (MDB) e da secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué. Os dois são citados em diversas irregularidades.
Além de casos de improbidade administrativa, Fátima é apontada por lesão corporal após suspensão de atendimento odontológico na capital. “O afastamento de Fátima Mrué é necessário e urgente”, disse Elias Vaz durante a reunião.
A expectativa é o que o relatório seja votado pelos integrantes na Comissão na próxima sexta-feira (18).
Procurada pelo Jornal Opção, a Secretaria Municipal de Saúde (SM) ainda não se posicionou sobre o relatório.
Comissão
Em funcionamento desde de outubro do ano passado, a comissão apurou diversas denúncias de irregularidades na saúde municipal, como a situação dos leitos de UTI, a falta de atendimento odontológico, o pagamento de mestrado a duas servidoras da  secretaria de Saúde e os contratos para exames de raio-x e manutenção de ambulâncias.
A secretária Fátima Mrué foi convocada a prestar depoimento sete vezes e compareceu em todas. Alguns fatos apurados pela CEI já foram repassados para o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), que já entrou com dois pedidos para afastar a secretária do cargo, mas ambos foram negados pela Justiça.
Além disso, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), apura casos de pessoas que morreram por falta de encaminhamento para  UTI, quando existem indícios de que existiam leitos ociosos em Goiânia.
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O POPULAR
"Dois pesos e duas medidas"
ENTREVISTA Secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrue lamenta corte de verbas do Ministério da Saúde para Samu e Vigilância e fala sobre renovação de contrato para serviços na área de raios X
À frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, a médica cirurgia Fátima Mrue enfrenta uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara de Vereadores e a decisão do governador José Eliton (PSDB) de transferir para a Secretaria Estadual de Saúde (SES) a regulação das unidades estaduais. A titular da SMS foi surpreendida esta semana pela suspensão de recursos do Ministério da Saúde (MS) para a pasta, como o corte de R$ 258,1 mil mensais referentes à qualificação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), motolâncias e Central de Regulação de Urgências (CRU), e de cerca de R$ 365 mil anuais do Piso Fixo de Vigilância em Saúde. Na quinta-feira (10), a CEI denunciou que a SMS renovou contrato de prestação de serviços na área de raios X com uma empresa privada, apesar de manter estocados equipamentos próprios. Fátima Mrue recebeu O POPULAR para falar sobre as questões. Confira os principais pontos da entrevista.
Esse contrato foi assinado na gestão anterior e seu objeto não permite o uso dos sete aparelhos de raio X que foram adquiridos pela SMS também na administração passada. Ela coloca o aparelho, administra o funcionamento, faz a manutenção e dá os laudos. Quando cheguei e vi que tínhamos aparelhos no almoxarifado, meu primeiro movimento foi tirar os deles, já obsoletos, e colocar os nossos, mas não é permitido juridicamente. O contrato também não permite que a empresa faça a manutenção dos outros que não estavam sob sua gestão. Se o contrato fosse interrompido agora, ficaríamos sem assistência nenhuma. Para instalar os nossos, preciso comprar um serviço técnico. Abrimos um processo público para assistência de raio X em todas as nossas unidades.
Um deles (que a secretaria já possui) vai para o Ciams do Urias Magalhães que não tem. Esse processo público abarca todas as unidades para receber manutenção, laudos e modernização. O raio X será digital.
Pagamento de R.$ 11,2 milhões para a Techcapital
Foi o que ficou acordado quando o contrato foi assinado. Somando o valor mensal dá isso. O que posso fazer com qualquer contrato vigente é acrescer 25% caso precise ou decrescer 50%. Foi isso que tentamos fazer, mas o objeto do contrato juridicamente não permitiu. Se fosse rompido, ficaríamos totalmente desassistidos. Vamos abrir um edital para todos concorrerem e será escolhido aquele que melhor se adequar. Não será direcionado a ninguém. O contrato com a atual empresa pode ser interrompido e isso vai ocorrer assim que o processo estiver finalizado.
Suspensão de verbas do Ministério da Saúde
As duas nos pegaram de surpresa. A do Samu já existia no final da gestão passada uma avaliação do MS de que a pasta não tinha cumprido os requisitos de qualificação. Quando houve essa desqualificação a verba poderia ter sido cortada, mas o MS foi mantendo a transferência. Quando entramos, identificamos muitos problemas no Samu. Não tinha o Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP), exigência da qualificação; o local onde está instalado no Jardim Goiás é inadequado. Ambulâncias na rua ou embaixo de árvores não são permitidas pelas normativas do MS. Decidimos buscar um local próprio. Como a Prefeitura tem um imóvel próximo à Avenida Independência no qual funcionava parte da Secretaria de Finanças, fizemos uma permuta com a pasta. Eles já mudaram para o Paço e estamos adequando o imóvel para receber o Samu. Comunicamos ao MS o que estamos fazendo para nos adequarmos às normas. Isso vai permitir a renovação completa da frota, que nunca foi renovada por este motivo. As motolâncias, por exemplo, que são de 2008 e nunca tiveram manutenção, estão paradas. E nós pedimos ao MS para suspender a verba.
Aplicação dos recursos suspensos do Samu
Os recursos são aplicados dentro do bloco adequado que é o de média e de alta complexidade. Instalamos o NEP, fizemos manutenção de ambulâncias, compramos equipamentos que não existiam, renovamos equipamentos, adquirimos uniformes, pagamos combustível, compramos insumos, pagamos a equipe de radioperação, telefonistas. Nenhuma verba deixou de ser utilizada na Saúde.
Recursos da Vigilância Sanitária
Historicamente a Vigilância da SMS de Goiânia é elogiada pelo MS. Recentemente a equipe de lá comentou que a Vigilância daqui é atualizada, com notificação em dia e com dados completos. Pela primeira vez na história da SMS houve um atraso na notificação de alguns indicadores porque tentamos corrigir alguns dados da atenção básica de 2017 e houve um atraso na digitação. Ao contrário do Samu, a verba foi cortada. Ou seja, dois pesos, duas medidas. Por isso, a surpresa. Já entramos em contato com o MS e conversamos com as duas áreas. Tão logo a gente faça adequação da área do Samu, voltamos a receber o recurso e vamos renovar toda a frota. Em relação à Vigilância, a regularização já está sendo feita e será encaminhada na próxima semana. O recurso virá de forma retroativa.
Viés politico da CEI e do corte de verbas
Eu acho que é possível essas influências, mas me recuso a acreditar nisso porque a Saúde tem que estar acima de partidos. Me surpreende muito que nesse caso de corte de verbas tenha tido dois pesos e duas medidas: um não preenche os requisitos desde a gestão passada e a verba continua vindo; o outro, pela primeira vez, e imediatamente o recurso foi cortado.
Adequações
Eu não tenho dúvida de que é possível corrigir, adequar e entregar uma assistência à saúde muito melhor para a população. Mas e claro que isso não é feito somente pela SMS. Precisamos que todos os entes – federal, regionais, estadual e municipal -tenham o mesmo objetivo. Todos têm de trabalhar atender as normativas do SUS.
Ataques
Eu acho que incomodei muita gente com minhas atitudes aqui. Os motivos pelos quais eles se sentem incomodados não ficam explícitos. Mas sinto que as medidas administrativas na SMS desde que entrei causaram um desconforto em vários segmentos. Depois da última pesquisa Serpes, que avaliou o governo estadual, vieram muitas ações inesperadas contra minha pessoa. Aquela pesquisa mostrou que a população está descontente com os serviços de Saúde prestado pelo Estado. Na CEI, a gente tem mostrado tudo o que os vereadores perguntam.
Mudança da regulação das unidades de Saúde estaduais
Não é por decreto que se consegue isso, mas avaliando de forma holística o que é melhor. O foco tem que ser o paciente e a assistência, não o gestor. Em 2008 foi prevista a instalação de complexos reguladores em todas as regiões. Regulação não é só o Samu, mas um complexo que regula cirurgias eletivas, consultas especializadas, exames de média e alta complexidade, atendimento de urgência e internação em UTI. O Samu regula o atendimento móvel hospitalar. Um médico do Samu não tem condição de fazer a regulação de todos os serviços mencionados. Os complexos reguladores nas regiões definidas pelo próprio Estado precisam ser feitos. Ter interesse em fazer a regulação no município não tem o menor sentido.
Vamos tomar as medidas jurídicas cabíveis perante os atos que forem concretos. Já nos reunimos com a Procuradoria Geral do Município, entregamos toda a documentação, portarias e normativas do SUS. A política nacional do SUS diz que temos de regular e vamos continuar fazendo isso e, se identificarmos possíveis irregularidades, elas serão comunicadas ao MS. O controle e avaliação do que está sendo feito é atribuição do município nas unidades dentro de Goiânia. Vamos entregar toda a documentação também ao Ministério Público.
A Resolução 37 não dá essa permissão (de mudança na regulação). A gente define quem regula por consenso, não é por maioria. Há um equívoco na interpretação. Essa resolução reafirma que tem que ser feita a regionalização. Mudanças de regulação têm de ser por consenso e neste momento a SMS não concorda com a ideia de, parte da regulação, estar no Estado. Ele tem que regular o que é de sua atribuição. Existe uma normativa do SUS que é um tipo de contrato entre os entes. Quando existem unidades de uma esfera e a gestão de regulação é de outra esfera, tem de fazer o Protocolo de Cooperação entre Entes Públicos (PCEP). Há unidades que o Estado construiu dentro de Goiânia onde regulação é do Município. Com o PCEP, o Estado presta a assistência e nós pagamos mensalmente por ela. Todos os leitos dessas unidades têm que ser ofertados para nós. Esse contrato foi renovado e vai de fevereiro deste ano até fevereiro do ano que vem. Foi assinado por mim e pelo secretário estadual Leonardo Vilela. Isso vai contra a proposta de regulação
UTIs
Avançamos muito. Internamos muito mais em 2017, do que nos três anos anteriores. A planilha do primeiro quadrimestre de 2018 ainda não saiu, mas acredito que esteja melhor do que no ano passado. Estamos conseguindo internar mais por causa das auditorias nos hospitais. Sanamos as dívidas da nossa gestão com os prestadores de serviço e parte da gestão passada. Muitas coisas de 2014 ainda não foram auditadas, por isso ainda não quitamos os atrasos da parte do incentivo da SMS. Estamos caminhando.
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Mão amiga
BEM-ESTAR No Dia das Mães, O POPULAR mostra o trabalho das doulas, mulheres que se uniram para apoiar outras na busca da humanização dos partos
A gravidez, em geral, e o momento do parto, em particular, são situações que deixam qualquer mulher vulnerável. Nessa hora, a futura mamãe busca apoio, afeto e cumplicidade. Muitas delas têm encontrado tudo isso em doulas, mulheres que oferecem suporte emocional, tiram dúvidas e orientam as gestantes, antes, durante e depois do nascimento do bebê. Frutos do crescente movimento de humanização dos partos no Brasil, as doulas viraram a mão amiga nos primeiros instantes da maternidade.
Para muitos, o movimento é de resgate. Não faz muito tempo era comum mulheres ajudarem outras na hora do parto. Familiares, comadres c amigas que já haviam passado pela maternidade conseguiam oferecer a própria experiência como prova de que, no final, tudo daria certo. As mudanças na sociedade e a realização dos partos em hospitais com o uso de medicamentos c intervenções cirúrgicas o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em porcentual de cesarianas – fez com que a tradição fosse aos poucos esquecida.
"As doulas são uma espécie de resgate de um modo de viver a maternidade", explica a doula Kelly Santos, de 35 anos, mãe de dois filhos. Ã palavra doula vem do grego e significa "mulher que serve". Kelly descobriu o ofício durante a primeira gravidez. Ela precisou trocar de obstetra três vezes até encontrar um que respeitasse a opção pelo parto natural. "Junto com o médico veio a doula. Ela me acolheu, me ouviu bastante e foi o suporte que eu precisava", conta.
Sugerir posições mais confortáveis para o trabalho de parto, ensinar técnicas de respiração e propor medidas na tu rais, como banhos e massagens para aliviaras dores, são algumas das Funções de uma doula. A experiência de Kelly Foi tão positiva que ela decidiu Frequentar um curso na área e começou um trabalho voluntário em maternidades públicas de Goiânia. Hoje ela vive exclusiva mente dadoulagem.
O preço do serviço de acompanhamento varia muito. Existem desde doulas voluntárias, que estão começando a carreira e precisam de alguma prática, até outras com especializações em áreas como acupuntura e ayurvédica. O valor da assessoria fica, em média, entre R$ 700 e R$ 2 mil. Para Kelly, uma das funções primordiais de uma doula é quebrar os mitos em torno da gravidez, do parto e da maternidade.
"Acredito que seja necessário dissociar a dor do parto do sofrimento.
As mulheres precisam sentir que são protagonistas e serem respeitadas em suas escolhas", observa. Para a doula e fotógrafa de parto Michelle Oliveira, 39 anos e mãe de dois meninos, o parto respeitoso é aquele no qual a mulher pode lazer escolhas dentro de um limite de segurança. "Ela pode escolher a posição, o lo cal e recusar procedimentos como o uso da ocitocina", exemplifica. A substância estimula as contrações do colo do útero, mas pode provocar sofrimento fetal e aumentar a dor na gestante.
Michelle descobriu o dom para a doulagem ao estudar sobre parto humanizado. Nesse tipo, as decisões da mulher são levadas muito mais em conta do que em um parto convencional, que muitas vezes é mais difícil, doloroso c longo. "Uma das primeiras coisas que me veio à cabeça é que todas as mulheres tinham o direito de ter um parto feliz como foi o meu", conta. Após fazer curso com uma equipe de Brasília, Michelle decidiu se especializar na área. Para ela, a maternidade é uma oportunidade que as mulheres – mesmo as que não passam por um trabalho de parto – têm de descobrir a força que nem elas mesmo sabem que possuem.
Lei garante presença de doulas nos hospitais
No mês passado, a Assembleia Legislativa de Goiás derrubou, por 24 a 3, o veto do governo do Estado ao projeto de Lei n2 1.404/16, da deputada Isaura Lemos (PCdoB), que obriga hospitais, maternidades e clínicas da rede pública e privada de Goiás a permitir a presença de uma doula sempre que solicitado. Com a nova lei, que ainda não entrou em vigor, a gestante ganhará o direito a entrar na sala de parto com a sua doula e também um acompanhante. A doula, no entanto, não pode fazer procedimentos e dar diagnósticos, restritos aos profissionais de saúde, mesmo se ela tiver formação na área.
A atuação da doula durante o parto é reconhecida e estimulada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "A função da doula é prestar apoio emocional, físico e informacional durante gestação, parto e pós-parto. Não há nenhuma função ou cuidado clínico que fica restrito ao obstetra ou enfermeira. E importante fazer essa diferenciação", explica a doula Livia Sebba, de 29 anos. Psicóloga e acupunturista, ela conta que sempre se interessou pelos assuntos relacionados à gestação e ao parto. O curso de Psicologia, por exemplo, foi voltado para a área de desenvolvimento perinatal, gestação, parto e pós-parto.
Em São Paulo, ela descobriu a importância do trabalho das doulas. Fez o curso e há seis anos atende mamães e futuras mamães em seu consultório em Goiânia. Nas consultas, não mede a pressão, nem escuta o batimento cardíaco do bebê. Os encontros são para dar apoio emocional, conforto físico, além de ser uma ponte entre os médicos e a cliente, traduzindo termos e desmistificando crenças sobre a maternidade. "Acompanho todos os partos das minhas pacientes, inclusive os que precisam ser cesarianos. O objetivo é ser o apoio daquela mulher", explica. Além de exercer a atividade, Livia dá cursos de doulas e já formou quatro turmas. Qualquer mulher com mais de 18 anos pode ser doula, inclusive quem não é profissional da saúde. Não é fundamental que seja mãe, mas a experiência da maternidade traz um componente especial à relação doula-gestante e conhecimentos para impedir que mulheres sofram violência obstétrica.
O primeiro contato que a doula Tatiana Cruvinel, de 41 anos, teve com a doulagem foi como jornalista. Pautada para escrever sobre parto humanizado, ela mergulhou fundo no universo que prega realizar o mínimo de intervenções médicas no parto e apenas as autorizadas pela gestante – sempre levando em consideração a segurança e saúde dela e do bebê. "Na época, nem pensava em ter filhos. Mas todo aquele universo me chamou atenção. Visitei algumas casas de partos mantidas pelo SUS, que foram criadas como estratégia governamental de humanizar a assistência ao parto no País." Ao ficar grávida do primeiro filho, Tatiana procurou um obstetra humanizado. Foi quando conheceu e contratou uma doula. Nasceu ali a vontade de trabalhar na área, que cresceu após a segunda gestação. "A maternidade muda muito a gente. Já estava buscando algo com mais flexibilidade de horários e que me desse a oportunidade de estar mais tempo ao lados dos meus filhos", conta Tatiana, que fez diversos cursos na área. Para ela, apesar da cultura cesarista que rege o Brasil, cada vez mais mulheres têm procurado informações sobre partos humanizados e afigura da doula tem sido fundamental nesse processo. Atualmente, a Associação de Doulas de Goiás . i conta com cerca de 70 profissionais.
Para compartilhar experiências
"As mulheres querem parir, sabe? E acaba que cada parto respeitoso que acontece mostra para mais e mais mulheres que é possível. Nos últimos anos, a procura por doulas tem aumentado bastante, mesmo nas cidades menores, por um único motivo: as mulheres querem parir e estão encarando seus próprios medos", explica a doula Samara Barth, uma das fundadoras da Casa da Doula (casadadoula.com.br), site que compartilha informações na área.
O projeto virou uma espécie de ponto de encontro virtual de profissionais da humanização de todo o País. Para Samara, apenas os mitos são capazes de explicar o índice de 85% de partos cesáreos no Brasil. "E de se esperar que existam mitos, afinal como convenceriam tantas mulheres a realizar uma cirurgia desnecessária que coloca a vida delas e dos bebês em risco?", questiona. A doula confessa que a relação com a equipe de médicos nem sempre é harmoniosa
"Não vou negar que alguns profissionais desatualizados ainda encaram as doulas como um "bicho-papão" e acabam agindo de forma pouco cordial e respeitosa Mas o foco do nosso trabalho é a parturiente e a satisfação dela com a experiência do parto, ou seja, não trabalhamos para equipe clínica", observa. No trabalho de parto, a doula ajuda a mulher a encontrar as posições mais favoráveis durante as contrações, faz massagens e compressas para aliviar a dor, ajuda o parceiro ou parceira a se envolver e participar ativamente do parto e informa o casal sobre todos os procedimentos que estão sendo realizados.
Ocupação não é regulamentada
Presidente da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, o médico Maurício Machado da Silveira explica que, segundo o Ministério do Trabalho, doula é considerada uma ocupação, não uma profissão. "Elas são bem-vindas, pois dão apoio físico e emocional à gestante, desde que não interfiram nos aspectos técnicos da assistência ao parto", explica.
Para o presidente, é importante a gestante procurar o obstetra para discutir se há necessidade da colaboração da doula. "Entendo que, se for oferecido pré-natal de boa qualidade, com ações educativas e participação efetiva do parceiro ou do pai para o apoio físico e emocional da gestante, não seria necessário a participação da doula, pessoa que veio ocupar essa lacuna provocada, principalmente, pela correria da vida moderna", avalia. Algumas pesquisas, porém, mostram que a atuação das doulas reduz a taxa de cesariana, o uso de anestesia e a duração dos partos. Mesmo assim, não é toda maternidade que permite a presença delas. Para as doulas, esse tipo de proibição é devido à falta de conhecimento sobre o trabalho. "Quando me vi grávida, a única coisa que tinha certeza era que queria ter um parto humanizado e viver aquele momento", conta a doula Maria Clara de Oliveira Aquino, de 27 anos. "Conheci minha doula no dia do parto, que foi longo e difícil, e foi muito importante para me sentir segura. Foi um momento de muita vulnerabilidade. Ela representou uma ponte de confiança", conta. Foi  após essa experiência que Maria Clara, que é
veterinária, decidiu exercer a função de apoiar outras mulheres. "A recompensa moral como doula é bem maior do que a financeira, mas avida ganha outro significado ao testemunhar a maternidade."
Fazer com que a mulher se sinta segura para a chegada do bebê, confortá-la durante o parto, mesmo que cesariano, e dar o apoio para a amamentação no pós-parto são algumas das funções que Maria Clara exerce como doula. "O papel da doula tem uma importância muito grande de resgate do poder da mulher no parto, no ser mãe como um todo. Além do apoio emocional, tem essa função de resgate do maternar em si", define.
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Menos leitos do que o contratado
HMI Aditivos em contrato aumentaram número de vagas de UTIs, que não foram oferecidas
O contrato entre a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) e o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) para a gestão terceirizada do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, contou com o aumento do número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ao longo de seis termos aditivos com os respectivos reajustes proporcionais nos valores repassados à organização social (OS) sem que o hospital oferecesse o número pactuado.
Assinado em junho de 2012, o contrato começou repassando para a OS a gestão de 28 leitos de UTI, entre neonatal, pediátrica e adulta. Em 2014, passou para 40, e no ano seguinte para 53. No último termo aditivo, consta a existência de 43 leitos, mas a SES afirma que foi um erro de digitação e o que o número certo é 23. Entretanto, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o número de leitos de UTI no HMI sempre foi de 31 desde 2012. E oficialmente a secretaria estadual afirma que existem apenas 25 leitos.
Na segunda-feira, dia 7, os vereadores Elias Vaz (PSB) e Jorge Kajuru (PRP) denunciaram durante reunião da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde o pagamento de mais de R$ 52 milhões por leitos fantasmas no HMI. Eles afirmam que a SES repassa verbas para 28 leitos de UTI que não existem no hospital. A secretaria nega a acusação e diz que o pagamento é feito com base no volume de atendimentos e cumprimento de metas e não pelo número de leitos.
O primeiro acréscimo de leitos de UTI contratualizados ocorreu na assinatura do terceiro termo aditivo, em junho de 2014. Consta no documento o aumento de mais 12 leitos de UTI neonatal no próprio ITMI e mais 10 por meio de "contratação e operacionalização em unidade externa" do hospital (veja quadro). Na época, foi assinado um contrato com o Hospital e Maternidade Vila Nova para locação de um espaço nas instalações da unidade localizada no Setor Vila Nova para a instalação de 10 leitos de UTI e 20 de Ucin (Unidade de Cuidados Intermediários). Na época, o número total de leitos de UTI sob responsabilidade do HMI chegou então a 50.
Um ano depois, na assinatura do quarto termo aditivo, a SES revogou o trecho do aditivo anterior que acrescentava mais 12 leitos de UTI Neonatal dentro do HMI, retirando também o respectivo repasse de verbas para estes leitos. No mesmo documento há outras mudanças, como a duplicação do número de leitos de UTI pediátricas e a redução pela metade do número de lei tos de UTI adul tas.
No mesmo aditivo, está previsto um remanejamento no Hospital e Maternidade Vila Nova para que se atingisse o número de 20 leitos de UTI neonatal. Entretanto, de acordo com o hospital particular, o número de leitos usados pelo HMI sempre ficou em 10. Também não consta no site da SES nenhum aditivo assinado pelo IGH com o Hospital Vila Nova prevendo a mudança no número de leitos, apesar de estar disponibilizado o contrato para a locação de espaço. Assim, por contrato, o HMI deveria estar oferecendo 53 leitos de UTI.
Os leitos usados pelo ITMI na área externa, chamados de leitos de retaguarda, Lambem não constam no CNES nem na relação dos leitos da maternidade nem do hospital particular. Este último informa que são de responsabilidade da unidade estadual. Já a SES informa oficialmente como do ITMI apenas os leitos que estão na unidade localizada no Setor Coimbra. De qualquer forma, conforme os aditivos no contrato da SES com o IGH, existe o repasse de recursos para os leitos localizados no Setor Vila Nova.
Por fim, no sexto aditivo, assinado em junho de 2017, há uma redução no número de leitos de UTI para apenas 23, número até menor que o oficial citado pela
SES e não são citados os leitos disponibilizados na Maternidade Vila Nova. Na verdade, o aditivo mostra a existência de 43 leitos, mas a SES informou na semana passada que houve um erro de digitação já comunicado ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) em dezembro passando de 8 para 28 leitos de UTI neonatal. No documento não consta nenhuma justificativa para a redução de leitos nem a informação de redução de recursos por causa do número menor de leitos.
Estado nega que tenha repassado recursos a mais
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) afirma que não remunera o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) pelo número de leitos, mas sim pela produção apurada, de acordo com metas estabelecidas nos contratos de gestão. O órgão diz que houve uma revisão na forma como o repasse é calculado no 52 termo aditivo, assinado em junho de 2016, visando uma maior visibilidade na forma de monitoramento.
"Considerando que no novo modelo de contrato de gestão, a SES/GO efetua os repasses financeiros através das atividades rotineiras da unidade, sendo que o orçamento do custeio está dividido em 90% (parte fixa), referente à produção e 10% (parte variável), à qualidade e eficiência da prestação dos serviços", afirmou a secretaria, por meio de nota.
A SES não se manifestou sobre os números de leitos e alterações que constam nos aditivos assinados em 2014 e 2015, se restringindo a falar do erro de digitação ocorrido no sexto aditivo, assinado em 2017 (veja reportagem na página 12).
Em relação ao número de leitos que consta no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a SES informa que já foi solicitado "por diversas vezes" que "seja atualizado pelo gestor pleno do SUS", no caso a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), o que – segundo a pasta municipal – estaria previsto para acontecer até junho.
Em nota enviada ao POPULAR, a SES afirma que a defasagem entre os números do CNES e o real "prejudica o recebimento da produção que é apresentada para remuneração do SUS, que leva em conta leitos que estejam efetivamente habilitados". Entretanto, o número de leitos que consta no CNES é maior do que o que a SES informa realmente existir no HMI.
Em relação à denúncia feita pela Comissão Especial de Investigação (CEI) da Saúde, da Câmara de Goiânia, a secretaria afirma que sempre atendeu aos vereadores e que sempre foi transparente com relação aos dados do contrato e dos repasses feitos.
"A SES/GO efetua os repasses financeiros através das atividades rotineiras da unidade, sendo que o orçamento do custeio está dividido em 90% (parte fixa), referente à produção e 10% (parte variável), à qualidade e eficiência da prestação dos serviços"
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DIÁRIO DA MANHÃ
É preciso falar sobre o suicídio nas escolas
São quase duas da manhã, madrugada de domingo paia segunda–feira, começo do mês de abril. Sem sono, eu penso em inúmeras coisas enquanto rolo de um lado paia outro na cama Vencida pela insônia, eu pego o celular para me distrair. Menos de um minuto depois, um número não registrada que com certeza vira que eu estava online, me chama:
– Professora, eu não sei por onde começar.
Num lapso, eu rapidamente penso: "Não acredito que um aluno vem falar de trabalho a essa hora. Maldita hora em que eu fui compartilhar meu WhatsApp nas salas de aula"
Decido não responder a mensagem e me desconectar, mas meu interlocutor é mais ágil. No mesmo instante em que eu tomara a decisão de desligai-o celular,  outra mensagem chega
– Eu sei que não é hora, mas eu não tenho ninguém para falai-. Me desculpe incomodá-la.
– Seu trabalho é para amanhã? – eu pergunto secamente, na tentativa de encerrar o mais breve a conversa
A essa altura do diálogo, eu já havia reconhecido pela foto do perfil que quem me procurava àquela hora era uma aluna do ensino média Para preservar sua identidade, vamos chamá-la de Mel.
Mel respondeu:
– Essa noite é a segunda vez que eu tento suicídio.
Penso no peso e na responsabilidade que a conversa adquire e confesso que por alguns segundos não sei o que responder, nem como agir. Apenas consigo pensar que naquele momento dizer "não faça isso!" não ressoaria em lugar algum.
Começo a digitar alguma coisa, alguma frase de efeito, não me lembro, quando chega outra mensagem da Mel:
-Tento lutar, mas parece impossível. É horrível. Não aguento mais!
Ela então desabafa comigo e imediatamente eu percebo a gravidade da situação.
Passei a madrugada conversando com a Mel, ouvindo-a e fazendo com que me ouvisse. No dia seguinte, ela procurou ajuda psicológica e psiquiátrica na rede pública e até onde pude acompanhar sua depressão é crônica e os remédios demoram a fazer efeito, o que, segundo ela mesma, causa "altos e baixos"," ou seja momentos de euforia e tristeza profunda. A família diz que ela está sendo tratada e acompanhada.
Dia 24 de abril. Os principais jornais do País, como O Globo e O Estado de S. Paulo, noticiam que dois alunos do ensino médio do Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais e conceituados de São Paulo – como fazem questão de frisar nas chamadas das matérias – suicidaram-se em casa em um intervalo de pouco mais de dez dias A mesma matéria no jornal O Estado afirma que houve um caso no mesmo mês no Colégio Agostiniano e, no ano passado, um caso no Colégio Vértice Os pais preocupadíssimos, insistem que as escolas particulares debatam o assunto entre os alunos.
Leio a matéria e penso na Mel e em todos os meus alunos (todos eles de escolas públicas) que já se automutilaram, que tentaram suicídio e/ ou têm depressão. Penso também nas estatísticas expostas na matéria, que afirmam que suicídio é a segunda causa de morte de jovens e adolescentes no mundo. Segundo a notícia fornecida pelo jornal, que se baseia nos dados mais recentes fornecidos pelo Ministério da Saúde, os casos de suicídios no Brasil têm crescido nos últimos anos: foram 722 mortes em 2015, na faixa etária de 15 a 19 anos. A segunda causa de morte de jovens e adolescentes é o maior tabu das escolas, que evitam falar sobre o tema com receio, inclusive, de incentivá-la
Segundo as reportagens, por pressão dos pais, as escolas particulares decidiram refletir sobre o assunto, colocando-o em pauta e ouvindo os alunos. Mas, e nas escolas públicas, como debater esse assunto?
No ano passado, pela primeira vez, depois de quase uma década de pratica docente, eu decidi ceder um tempo (de cinco a dez minutos) durante os últimos minutos da minha aula, para que algum aluno (por livre e espontânea vontade) fosse até a frente da sala (num cantinho que juntos intitulamos de cantinho do desabafo) e compartilhasse com os demais colegas algum problema ou algo bom que estivesse acontecendo naquele momento na vida dele.
De início, pensei que eles hesitariam em falar. Então coloquei em pauta: Porque os jovens relutam em falar sobre os próprios problemas? A escola deveria ser o lugar mais democrático do mundo, mas infelizmente, é o local onde nos deparamos pela primeira vez com as diferenças de maneira hostil e excludente. Diz ser inclusiva, mas pratica uma inclusão seletiva – na maioria das vezes prolifera a exclusão que há na sociedade.
Diante da resistência, eu mesma então decidi estrear o espaço, contando um pouco da minha vida, dos meus problemas pessoais e, mais especificamente, como foi a minha adolescência como uma garota negra, pobre e estudante de escola pública. Na época, eu havia acabado de me separar, passava por problemas financeiros e sofria com a ausência do meu pai. Mostrei a eles que eu tinha tantos problemas quanto eles.
O fato é que o "cantinho do desabafo"," que a princípio começou como uma maneira dinâmica de terminar as aulas de filosofia, tomou-se algo sério, parte da aula, de modo que os próprios alunos me cobravam a dinâmica já no começo da aula Esses términos de aula fizeram com que eu percebesse que a maioria dos meus alunos sofrem de depressão e ansiedade. Compartilhando sentimentos não nos sentimos sozinhos* pois constatamos que todos nós somos frágeis, todos nós temos problemas, todos nós nos sentimos sozinhos diante das adversidades da vida.
Albert Camus (1913-1960), conhecido como o filósofo do absurdo, em seu ensaio O Mito de Sísifo, afirmava que "existe apenas um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois"."
Na mitologia, Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar repetidamente uma rocha até o topo de uma montanha para vê-la novamente. Para os deuses, não havia castigo pior do que a ação monótona, repetitiva, ilógica, sofrida, absurda. Ao chegar no topo da montanha a rocha despencaria e não haveria nada a fazer. Assim como Sísífo, fazemos as coisas de forma rotineira e chata, muitas vezes sem entender o porquê das ações e os seus resultados. Assim, para Camus, é preciso aceitai- o absurdo, a falta de razão e lógica da vida para assim vivermos bem, para assim aceitarmos o fato de que podemos viver a vida sem um sentida Entrementes, a vida ser absurda não significa que as pessoas tenham que sofrer, pois mesmo vivendo num oceano de perguntassem respostas, não há o porquê de se desistir da vida. Pelo contrário, temos que enfrentá-la com toda a sua incoerência e absuididade, sem trapaceá-la. Para Camus, aprender essa verdade (o absurdo, a falta de lógica da vida) é aprender a viver. Como ele afirma quase nas páginas finais do seu ensaio: "É preciso imaginar Sísifo feliz"." Apesar de ser um assunto delicado, o melhor que temos a fazer é falar claramente sobre o suicídio com os nossos jovens e adolescentes. O Japão é um exemplo que demonstra ser o diálogo o melhor caminha Até 1998, o suicídio era considerado tabu no Japão, de modo que era proibido discuti-lo publicamente Os japoneses perceberam que não falar sobre o assunto aumentava o número da incidência de casos e mortes. Até que, a partir de 1998, o governo decidiu desenvolver medidas de saúde públicas no País para diminuir o número de suicídios, o que deu certo, pois fez os índices de suicídio diminuírem a cada ano. No Brasil, devemos seguir o mesmo exemplo dos japoneses e debater sobre o assunto em casa, na comunidade, nas escolas. Se a escola é o espaço onde, pela primeira vez na vida, nossos jovens e crianças se deparam com as contradições e frustrações intrínsecas a nossa própria existência, ela é, portanto, recinto em que o diálogo sobre a maneira de lidar com as contradições e frustrações da vida deve ser inserido.
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Desequilíbrio no cérebro ajuda a explicar suicídio entre jovens
Cientistas descobriram que cérebro infanto juvenil ainda não está preparado para lidar com a complexidade das emoções
Quando o mês de setembro se aproxima, as autoridades japonesas começam a redobrar a atenção.
O início do ano escolar costuma ser um período de grande ansiedade no país, dono de um dos mais competitivos e rigorosos sistemas educacionais do mundo.
E 1º de setembro é conhecido como o "dia mais mortífero para um adolescente no Japão" – é historicamente a data em que o maior número de jovens de até 18 anos tiram suas próprias vidas.
Entre 1972 e 2013, mais de 18 mil jovens nessa faixa etária se mataram no Japão – por ano, em média 131 escolheram a data do reinício das aulas.
Apesar da redução observada nas taxas globais nos últimos anos, o suicídio é a segunda principal causa de mortes entre pessoas de 15 a 29 anos em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em alguns países, como o Japão, trata-se da principal causa de mortes nessa faixa etária.
No Brasil, o suicídio entre crianças de 10 a 14 anos cresceu mais de 65% entre 2000 e 2015, e o assunto voltou a causar extrema preocupação com casos de jovens de escolas paulistanas que tiraram as próprias vidas nos últimos meses.
Segundo especialistas, existe uma questão biológica importante a ser considerada nessa faixa etária: o desenvolvimento do cérebro adolescente.
Desequilíbrio
Neurologistas já observaram que o cérebro cresce de um modo desbalanceado. O hipocampo e a amígdala – as duas regiões cerebrais responsáveis pelos sentimentos e pelo armazenamento de emoções – amadurecem mais rapidamente que o córtex pré-frontal, responsável pela regulação emocional e de impulsos.
Cientistas dizem que essa disparidade perdura até os 25 anos de idade.
"Isso significa que (nesse período) há um risco aumentado para excessos emocionais acompanhado de pouco poder de discernimento", explica Timothy Wilens, psiquiatra infantil no Massachusetts General Hospital (EUA) em artigo publicado no periódico Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry.
O desenvolvimento assimétrico do cérebro também faz com que adolescentes fiquem mais vulneráveis ao uso de drogas e mais suscetíveis a problemas de saúde mental, como depressão – e todos esses fatores se relacionam ao suicídio.
Para agravar o quadro, há pesquisas mostrando que a maioria das crianças consegue, a partir dos 8 anos, entender o que a morte autoinfligida significa.
Estudo da psicóloga americana Jean Twenge publicado no periódico Clinical Psychological Science explica que tem havido nos EUA um aumento nos casos de depressão, suicídio ou tentativas entre jovens de todas as classes sociais, raças e etnias, e em todas as regiões do país.
Uma das conclusões do estudo, publicado em novembro de 2017, é de que o excesso de tempo passado pelos jovens utilizando aparelhos eletrônicos acaba exacerbando o problema.
"Adolescentes que passam mais tempo em novas mídias (incluindo redes sociais e outras acessíveis por aparelhos eletrônicos, como smartphones) tinham mais propensão a relatar problemas de saúde mental, e adolescentes que passavam mais tempo em atividades distantes das telas (interação interpessoal, esportes, lição de casa, leitura ou atividades religiosas) tinham propensão menor", diz Twenge no texto.
"(Mas) desde 2010, adolescentes têm passado mais tempo em atividades eletrônicas e menos tempo distante das telas, o que pode levar ao aumento da depressão e do suicídio."
Para o brasileiro Neury Botega, especialista em saúde mental pela Unicamp, é importante lembrar que "a adolescência já é um período turbulento, mas atualmente os jovens sofrem grande pressão da família e da sociedade".
"O cérebro adolescente não está preparado. Eles têm mais imediatismo e impulsos. O sistema de checagem e equilíbrio (das emoções) precisa ser construído como parte de um projeto cultural e social", prossegue Botega.
Problema de grande alcance
A saúde mental juvenil é uma questão global.
Na Índia, estatísticas do governo apontam que houve 133 mil suicídios no país em 2015, sendo ao menos 40% deles de pessoas entre 10 e 30 anos. Segundo a OMS, mais de 800 mil pessoas tiram as próprias vidas anualmente, sendo 78% delas em países de renda média e baixa.
Alguns países de renda elevada também vivenciam uma alta no número de casos, particularmente entre jovens.
Nos EUA, os suicídios de meninos e meninas de 15 a 19 anos cresceram continuamente entre 2007 e 2015 – no caso específico de meninas, ele dobrou.
No Reino Unido, uma média de quatro pessoas menores de 35 anos tiram a própria vida diariamente.
Pesquisas sobre o suicídio revelam diferentes causas por trás de números tão preocupantes.
Em países de alta renda, o elo entre suicídio e problemas de saúde mental é bastante documentado. Mas estresses como problemas financeiros, de relacionamento ou físicos, bem como experiências de preconceito e questões culturais podem desempenhar um papel importante nessa questão.
Na Coreia do Sul, por exemplo, o modelo educacional extremamente competitivo é apontado como uma das causas por trás do índice de suicídio – o mais alto entre os países desenvolvidos (32 a cada 100 mil habitantes) e três vezes maior do que a média global.
O suicídio é a maior causa de mortes entre sul-coreanos de 10 a 30 anos. Especificamente entre adolescentes de 15 a 19 anos, a maior taxa é registrada na Nova Zelândia: 15,6 casos a cada 100 mil habitantes.
Complexidade
Enfrentar o problema é uma missão complexa.
A Organização Mundial da Saúde orienta que a prevenção ao suicídio de jovens requer coordenação e colaboração entre múltiplos setores da sociedade, "já que não há uma abordagem única que possa impactar por si só a questão".
Entre as medidas recomendadas há esforços indiretos, como políticas para reduzir o uso de álcool nessa faixa etária e intervenções estruturais em locais como pontes ou estações que possam virar locais de suicídio.
Ao mesmo tempo, o artigo de Twenge diz que é importante observar "o modo como adolescentes passam seu tempo" e estimular mais interações interpessoais do que virtuais nessa fase.
"É importante lembrar que a arquitetura neural humana evoluiu sob condições de contato cara a cara, próximas, em geral contínuas (incluindo contato não visual, como toque e olfato)", diz a especialista.
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A REDAÇÃO
Unimed Goiânia traz conceito de design thinking para o UniDomiciliar
Goiânia – A professora de saúde pública da Universidade de Nova Jersey (EUA), Marina Celly de Souza, fez um treinamento com a equipe da Unimed Goiânia sobre a metodologia de design thinking, que será implantada no Serviço de desospitalização da cooperativa. Participaram da capacitação, no dia 2 de maio, integrantes do UniDomiciliar. O projeto tem como base o desenvolvimento de materiais únicos para cada paciente de acordo com sua particularidade.
A abordagem consiste na busca de solução de problemas de forma coletiva e colaborativa, em uma perspectiva de empatia máxima com todos os envolvidos, desde o cuidador ou enfermeiro, até os familiares próximos ao paciente.

O processo é dividido em quatro etapas: tempestade de ideias, em que é possível analisar várias opções de protótipos; ideação, fase em que os enfermeiros irão desenvolver e analisar o perfil de quem receberá o produto final; prototipagem, momento de elaboração do esqueleto da cartilha ou manual a ser entregue ao paciente; processo de testagem, quando os modelos serão levados a seus pacientes para análise e adaptação.
A metodologia de design thinking ficou conhecida no país em 2017, e desde então são elaborados estudos e cursos relacionados. A Unimed Goiânia é pioneira, tanto no estado como no Sistema Nacional Unimed, em trazer para seus colaboradores e beneficiários o desenvolvimento da técnica de forma prática e presencial.
“O Serviço UniDomiciliar já busca o exercício da empatia, da aproximação do enfermeiro com o paciente, o que pretendemos é desenvolver melhor essa atitude de forma didática, prática e eficaz. Cada enfermeiro do serviço irá desenvolver cartilhas e manuais únicos para seus pacientes, com conteúdo próprio e exclusivo. Quem melhor que o seu enfermeiro para entender do que você mais precisa?”, indaga a professora.
O projeto será desenvolvido com a equipe do UniDomiciliar até o fim de 2018.