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DESTAQUES
"Ele me perguntou em qual hospital queria operar"
Volta às origens para reduzir custos
Nelsinho Trad propõe debate sobre telemedicina
O POPULAR
"Ele me perguntou em qual hospital queria operar"
Há mais de 10 anos em busca de uma cirurgia de abdominoplastia e um implante de silicone pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Maria (nome fictício) foi responsável por denunciar Eder Alves da Rocha, de 51 anos, preso na última terça-feira (12) suspeito de "vender" vagas para cirurgias eletivas em hospitais públicos de Goiânia. O esquema, segundo a Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Dercap) ocorria há pelo menos 15 anos e contava com apoio de pelo menos quatro funcionários de Centros de Atendimento Integral à Saúde (Cais), além de um servidor que transferia cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) do interior para a capital.
Em entrevista exclusiva ao POPULAR, Maria contou como foi abordada, os valores cobrados por Eder e os motivos de ter denunciado a ação. Ela afirmou ainda que conheceu outras mulheres que foram lesadas e também que conseguiram fazer os procedimentos. Confira abaixo os principais trechos da conversa.
Há quanto tempo você estava na lista e quais procedimentos buscava?
Eu entrei pela primeira vez no sistema há quase 10 anos. Cheguei a passar por uma consulta em um Cais com clínico geral e fui encaminhada, mas não fui chamada novamente. Depois de três anos, tentei novamente pelo SUS. Meu desejo era fazer uma abdominoplastia e o implante de silicone e apesar do encaminhamento, a cirurgia ainda não aconteceu.
Em qual momento o Eder entrou nessa história? Como se conheceram?
Eu sempre tive vontade de fazer a cirurgia, mas nunca deu certo. Não tinha dinheiro para fazer particular e sempre tentei pelo SUS. Participo de um grupo no Facebook e um dia resolvi perguntar se havia alguém que pudesse facilitar esse processo. Uma menina me chamou inbox, me explicou que conhecia o Eder e me falou que ele cobrava de R$ 1 mil a R$ 2 mil para agendar consulta e cirurgia no HGG. Eu fiquei com medo, disse que não tinha dinheiro e decidi não ir atrás. Ela chegou a falar que ele dividia o valor, passou o meu contato para ele e ele me chamou.
Quando ele te abordou, o que disse? Explicou como funcionava seu esquema?
Ele me disse que muitas pessoas tinham conseguido operar com essa "ajuda" dele. Perguntou onde eu queria operar e disse que a menina que passou meu contato já tinha conseguido, inclusive a primeira consulta já no HGG. Eu falei que não tinha condições de pagar e que também não teria coragem de dar R$ 1 mil de uma vez. Aí o Eder me falou que eu poderia dar R$ 500 após a primeira consulta e R$ 500 quando a cirurgia fosse agendada. Ele ficou me ligando, me chamando e eu já não sabia o que fazer.
Foi aí que formalizou a denúncia?
Exatamente. Liguei no HGG e falei o que tinha acontecido. Fui orientada a registrar tudo. Me disseram que era ilegal e me pediram para continuar a conversa registrando tudo para ver se seria possível descobrir quem faria esse agendamento fraudulento para ele. Eu tirava prints de todas as conversas e mandava para a equipe do hospital. O HGG formalizou a denúncia e eu cheguei a prestar depoimento na Dercap.
Você chegou a pagar ou pediu que ele agendasse o atendimento?
A menina que tinha conversado comigo pelo Facebook me mandou mensagem. Era uma foto e ela disse que tinha passado pela cirurgia. Eu o questionei e ele disse que tinha agendado minha consulta direto no hospital para o dia x. Combinamos que eu pagaria R$ 500 neste dia e quando cheguei ele já estava lá, me esperando embaixo de uma escada. Eu tinha avisado ao hospital e a polícia também estava sabendo. Tinha dois policiais à paisana e minha conversa com ele foi filmada e fotografada. Ele queria receber antes, mas eu disse que só pagaria depois da consulta e aí afirmou que iria me esperar.
O atendimento de fato aconteceu?
Não. Eu subi, peguei a senha e aí descobri que não tinha consulta marcada. Quando saí para ligar para ele, vi outra moça na mesma situação. Conversamos, ela me deu o mesmo nome e me disse, entretanto, que já tinha pago R$ 1.500 para o Eder. Quando liguei ele já não estava mais lá fora. Ontem (quarta-feira, 13) é que vi nos jornais que ele havia sido preso.
Porque você acredita que tantas mulheres o procuram?
Acho que muitas são pelo desespero. As filas demoram demais e muitas pessoas não têm condições de pagar particular. É uma situação muito complicada.
Polícia colhe depoimentos
Responsável pela Operação Otium, que investiga a comercialização de vagas para cirurgias em hospitais públicos de Goiânia, a Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Dercap) já ouviu o suspeito, Eder Alves, duas vítimas e um servidor de um Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais). Outros depoimentos serão agendados para os próximos dias.
De acordo com o delegado adjunto da Dercap, Rhaniel Almeida, duas mulheres vítimas da fraude já foram ouvidas. "A primeira delas tentava colocar uma prótese de silicone, mas não conseguiu ir à consulta na data agendada. A outra era uma dermolipectomia (abdominoplastia) e ainda está na fila aguardando a cirurgia. Ambas fariam os procedimentos no Hospital Geral de Goiânia (HGG)", explica. O delegado afirmou ainda que o objetivo agora é entender como funciona cada contato estabelecido.
Na casa de Eder foi encontrado um carimbo com o nome de um médico ortopedista. No entanto, a polícia ainda não sabe se o profissional de saúde tinha conhecimento do esquema.
SMS não tem nome de servidores
Procurada novamente para prestar esclarecimentos sobre a forma como é realizada a regulação dos pacientes e a possibilidade de envolvidos no esquema, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que gerencia o sistema de regulação, informou em nota que ainda não teve acesso ao caso e que os nomes dos possíveis servidores envolvidos não foram divulgados pela Polícia Civil. A secretaria acrescentou que, desde o início da atual gestão, "vem tomando providências no sentido de coibir práticas fraudulentas no Sistema Único de Saúde (SUS) e que todos os casos suspeitos encontrados são imediatamente denunciados junto aos Ministérios Públicos Estadual e Federal".
A prefeitura de Minaçu, onde Eder Alves da Rocha trabalhava como assessor para funções especiais, encaminhou nesta quinta-feira (14) a cópia de um decreto que exonerou o servidor após a prisão dele por suspeita de venda de vagas para cirurgias eletivas em Goiânia. De acordo com o secretário de Turismo e Esporte, Wedney Divino de Miranda, ele dava suporte às pessoas doentes que eram encaminhadas à casa de apoio que o município mantém na capital.
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), que também é citado pela Polícia Civil, afirmou por meio de nota que Eder não possui nenhum vínculo empregatício com o hospital. "A superintendência do hospital ressalta ainda que 100% dos seus atendimentos são públicos, sem nenhuma cobrança, e todas as vagas do HC-UFG são reguladas pela Secretaria Municipal de Saúde."
O HGG já havia afirmado, na quarta-feira (13) que o hospital não consegue acrescentar nenhum nome na lista da regulação e que todo paciente atendido passa pelo aval da SMS.
Vítimas relatam golpe de suposto médico
Um caso semelhante é relatado pela atendente Meirasilva Clara Leite, de 42 anos, e sua amiga, uma manicure de 29 anos que preferiu não ter o nome citado. Ambas foram abordadas por um homem que se dizia médico e garantiu ser capaz de agendar uma cirurgia de redução de mama para Meirasilva e uma de próteses mamárias para a amiga. O suposto médico alegou ter acesso a unidades hospitalares.
Uma delas chegou a pagar um valor de R$ 700 ao homem, que afirmou se tratar do custo das próteses mamárias. "Ele disse que a cirurgia custaria mais de R$ 2 mil, mas ele tinha conseguido uma vaga pra mim que eu ia precisar pagar só o silicone", explica a vítima.
Segundo elas, depois dos depósitos realizados, o homem teria desaparecido. "Ele dizia que tinha marcado a consulta em um hospital, aí um dia antes ligava falando que não tinha dado certo, e foi adiando, adiando, até sumir", conta Meirasilva. As duas ainda não registraram queixa na polícia.
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CORREIO BRAZILIENSE
Volta às origens para reduzir custos
Com objetivo de reconquistar usuários, empresas do setor buscam modelos alternativos de assistência, com foco em médicos da família e iniciativas de prevenção na casa dos clientes
São Paulo – Muito popular em vários países europeus, mas em desuso no Brasil, a assistência de saúde primária e com médico da família começa a reconquistar seu espaço no mercado brasileiro.
Diante da necessidade em atrair pessoas que tiveram que abandonar os planos de saúde, seja por questões financeiras, seja por desemprego, operadoras de convênios médicos e de seguro-saúde, como SulAmérica, Bradesco e Central Nacional Unimed (CNU), além de empresas hospitalares, como o Grupo Leforte, estão investindo em modelos alternativos de assistência, que reduzem em mais de 20% os custos operacionais.
"Vivemos uma época de necessidade de diminuição de gastos", afirmou Ian Bonde, diretor do Grupo Leforte. "Para as empresas, com redução de aproximadamente 20% em custos, esse novo modelo ainda representa queda no absenteísmo e presenteísmo, já comprovada quando temos um serviço de atendimento em saúde eficiente na linha de frente."
O movimento tem feito surgir novas frentes de negócios. É o caso da Amparo Saúde, empresa que nasceu por iniciativa do alemão naturalizado brasileiro Emilio Puschmann. A Amparo oferece ao usuário a possibilidade de usufruir de assistência preventiva em sua própria casa, evitando assim a necessidade de procura por prontos-socorros, internações e exames desnecessários.
A companhia nasceu em São Paulo em 2017 e oferece planos a partir de R$ 99 por mês. Na assinatura Prime, as consultas presenciais custam R$ 10 e são realizadas em até 24 horas, além de exames, vacinas e pequenos procedimentos.
Segundo Puschmann, o espaço para crescimento é imenso, porque esse modelo de negócio não é muito utilizado no mercado brasileiro. "Na Alemanha, existe um modelo de assistência médica em que cada cidadão tem um vínculo com o médico de família. O doutor faz a coordenação, analisa se o paciente precisa de um especialista, de internação ou de algum exame específico", diz.
De acordo com o empresário, o médico de família atua entre assistência primária, que consiste em cuidar diretamente do paciente, e a assistência secundária, quando encaminha a pessoa para um especialista, para um hospital e para a realização de exames complementares
A cultura da internação, segundo Puschmann, gera uma tendência de usar o pronto-socorro de forma inadequada e ineficiente. Em vez de o paciente se comunicar com o seu médico, ele vai ao pronto-socorro, porque é mais fácil de ser atendido diretamente.
A Amparo possui consultórios clínicos multifuncionais, equipados para atendimentos de todas as faixas etárias e gêneros, posto de coleta de exames laboratoriais, sala de medicação e sala de procedimentos. Os agendamentos de consulta são baseados no fácil acesso e podem ser feitos via telefone, WhatsApp, e-mail ou presencialmente.
Grandes seguradoras de saúde, como Bradesco, Amil, Unimed, Omint e SulAmérica, também estão de olho nesse nicho do mercado. A SulAmérica, a maior seguradora independente do país, aposta na popularização do setor. Segundo Ricardo Soares, diretor da empresa, trata-se de um resgate de antigas práticas de prevenção de doenças no Brasil. "É uma volta às origens de um sistema que faz sentido. Com investimento em saúde primária, há uma redução, de acordo com a ANS, de 70% a 80% nas ocorrências de internação", afirmou o executivo.
Regulamentação
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou nesta semana uma nova regulamentação para a prática de telemedicina no Brasil. A Resolução nº 2.227/18, que entrará em vigor três meses após a publicação, permitirá a realização de consultas médicas on-line, assim como telecirurgias e telediagnóstico, entre outras formas de atendimento médico a distância, desde que respeitados os critérios técnicos e éticos previstos na resolução.
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AGÊNCIA SENADO
Nelsinho Trad propõe debate sobre telemedicina
A telemedicina deve ser debatida no Senado. Foi o que defendeu ontem Nelsinho Trad (PSD-MS).
O senador, que também é médico, disse que o Conselho Federal de Medicina publicou resolução com requisitos de segurança para a prática da telemedicina no Brasil. Médicos poderão realizar consultas on-line, telecirurgias, telediagnóstico e outras formas de atendimento a distância.
– Esse é um assunto polêmico.
A clínica médica está acima de qualquer exame tecnológico, mas não podemos fechar os olhos para a evolução da tecnologia.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação