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DESTAQUES
Robson Azevedo: "CFM tem que ser modernizado e dialogar com os médicos"
Artigo – Carta/Crítica aberta ao Ministério da Saúde, que vem arrebentando a medicina brasileira para "arrumar médicos para o Sus"
'Cuidar dos mais vulneráveis é prioridade', diz diretor do Sírio
Um em cada três pacientes em Cais de Aparecida é de Goiânia
40 anos de evolução em transplante
Reforma tributária: Imposto de Renda muda e um tipo de CPMF pode voltar
Custos de planos de saúde disparam nas empresas e pesam no bolso dos funcionários
GOIÁS 24 HORAS
Robson Azevedo: "CFM tem que ser modernizado e dialogar com os médicos"
Candidato de Goiás a uma vaga no Conselho Federal de Medicina, pela "Chapa 3 – Renovação + Transparência", o médico Robson Azevedo defende uma modernização geral do CFM. A eleição acontece durante este mês de agosto e Robson tem como conselheiro suplente o cirurgião plástico Marcelo Prado. "Precisamos trazer o CFM para o século XXI, com a flexibilização das regras para publicidade médica, tanto no mundo digital como em outras mídias", diz.
Robson Azevedo afirma que o CFM se distanciou das demandas da classe nos últimos anos. O objetivo da Chapa 3 é trabalhar por por um choque de gestão no Conselho Federal Medicina e fazer com que o CFM seja um verdadeiro parceiro do médico. "Estamos olhando com muita atenção a abertura de novas faculdades de medicina. É preciso botar um freio nessa abertura indiscriminada e fiscalizar as atuais escolas. Vamos também dar mais apoio ao médico residente".
Outra proposta da chapa de Robson e Marcelo é a isenção da primeira anuidade e 50% de desconto na segunda. Os candidatos também criticam o valor da bolsa para os residentes. "O valor hoje é ridículo e tem que ser alterado, valorizando quem está no começo da profissão", afirma Robson.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Artigo – Carta/Crítica aberta ao Ministério da Saúde, que vem arrebentando a medicina brasileira para "arrumar médicos para o Sus"
Esta é uma Carta Aberta ao amigo e colega Allan Garcês (Sec.ExecMin.Saúde-MS) sobre o "problema da falta de médicos no SUS".'
1. Conheci pessoalmente o colega Garcês durante encontro dos médicos com Bolsonaro, antes das eleições. Amigo muito bom, pessoa ótima, me deu muita atenção e prestígio. Tudo de bom. Acredito em suas sinceras intenções. Tenho muito respeito, sobretudo porque é o primeiro Governante que vem a público, "dar a cara a tapa" para discutir com os médicos brasileiros nas redes sociais. Nunca aconteceu isso antes.
Só isso já é um grande mérito. Porém, esse mérito não pode nos impedir de sermos críticos em vários pontos abaixo.
2. O Governo evidentemente, está com o problema de sempre nas mãos: dar médico barato para o povo pobre (SUS) no Brasil(-quem tem um pouco de dinheiro no Brasil já tenta sair do SUS). Daí o MS estar o tempo todo tentando permitir que cubanos, formados em "técnicos de Medicina" (não conseguem passar em exames de revalidação de diploma) exerçam a Medicina no Brasil ("só para o SUS, só para os pobres, só
para os lugares distantes, só para lugares que brasileiros não querem ir").
3.0 Governo Bolsonaro diz ser de direita e contra o comunismo, mas aproveita-se de uma polítüca de esquerda: Cuba fonna técnicos em médicina a rodo, justamente para que eles trabalhem em regime escravo, gerem dinheiro para a ditadura. Esses técnicos em medicina atuam justamente em países que tentam comunistizar (socializar) a medicina, como o Brasil vem fazendo há décadas. Táis países comunistóides, como o Brasil, geram distorções no sistema de saúde, eostécnicoscomunistasde medicina servem como uma luva para resolver isso. Por isso, mesmo governos de direita no Brasil não conseguem se livrar disso. É algo imoral: um governo de direita aproveitando-sede um regime que ele diz detestar É algo anti-ético.
4.0 governo, o amigo Allan, não podem dizer que o SUS é inviável, eles são políticos e seriam trucidados. Então ficam tentando remendar algo que não tem concerto, botar sal em carne podre. Não podem falar a verdade para o povo: "estamos colocando profissionais de segunda
linha para cidadãos de segunda linha'." O problema é que, sendo o
Brasil como é, logo logo estes "técnicos em medicina" (sem exame de Revalida) já estarão atuando na medicinabrasileira, fora do SUS, criando-se assim a categoria governamental daqueles "protegidos pelo Governo para exercerem a profissão sem diploma'.' Isso afronta todos aqueles que lutaram e pagaram a duríssimas penas para exercer a Medicina no Brasil. É a destruição de todo um tecido social, além de estarem colocando no mercado profissionais de competência técnica duvidosa, com riscos para a população.
5.0 SUS não consegue ser resolutivo em lugar nenhum, não é só no interior Os custos são enormes, dariam para dar uma ótima assistência médica, se o dinheiro estivesse na livre-iniciativa da sociedade, e não nas mãos do Governa Mas isso também eles não podem dizer.. Se um médico, hospital, laboratório, clínica, tivessem como se estabelecer no interior eles se estabeleceriam. Mas no grande interior o povo não tem dinheiro para pagar médico-hospital, pois o dinheiro é sugado pelo Governo (justamente para pagar o ralo sem
fundo do SUS). Se o governo não extorquisse os impostos do povo, sobraria dinheiro para cada um pagar o médico e o hospital de sua preferencia. Haveria concorrência, pipocaria médico e hospital em tudo quanto é lugar, pois onde tem dinheiro tem gente Até na Lua tem gente, o homem segue o dinheiro.
6. Mas essa distorção este Governo Bolsonaro não ataca, não fala em atacar Não fala em uma "nova proposta para a saúde brasileira" Ficam, como todos os governos comunistas anteriores, batendo na mesma tecla furada do SUS Uma tecla que não vai ter solução, nem com a tal"carreira de Estado",' que jamais virá. É uma ilusão que hipnotiza os médicos há décadas, e enquanto isso eles não propõem novas soluções, não arregaçam as mangas para construir um novo modelo médico-hospitalar O maior problema deste Governo, então, como o dos anteriores, é investir numa estratégia furada. Se as premissas são falsas, a conclusão nunca será verdadeira, por isso NINGUÉM deu ou dará conta de "consertar o SUS"."A premissa é falsa. O Governo não reconhece isso por motivos puramente politiqueiros, mas o Governo
Bolsonaro, dizendo-se sincero (como eu acho que ele é) deveria mudar de paradigma, enfrentar o problema no cerne, não ficar aí tentando comer pelas beiradas.
7. Quer um jeito muito simples, fácil, de resolver o problema da falta de médico no interior ? É só o Governo zerar os impostos e as exigências para médicos e hospitais se instalarem no interior, diminuindo o enorme Custo-Saúde-Brasil para todos que querem atuar na área. É só o Governo parar de pegar impostos para o SUS e devolver esse dinheiro para que o próprio cidadão gaste como queira com seu médico e seu hospital, escolhido por ele a dedo. Simples assim. Mas aí vem um grande problema: nenhum Governo quer deixar de ser Governo, nenhum quer deixar de ter "o controle nas mãos" nenhum quero diminuir-se para que o povo e a sociedade civil cresça. Aí está o cerne do problema: tentam resolver o problema de dentro (Governo), quando o problema tem de ser resolvido de fora (sociedade civil).
Enquanto isso não for dito com todas as letras, essa luta sem-fim
entre médicos e Governos irá continuar Grande parte dos médicos na sedá conta disso e não aprova isso, pois querem continuar dependendo do Estado (80% de nós depende do Estado ou quer depender do Estado, pois é assim que "fomos criados"). Fora do Estado tudo fica mais difícil para o médico, inclusive a sua responsabilização profissional, pois no Estado ele se protege atrás da ineficiência e da força do Estado (ninguém processa o Estado, e se processa não ganha, etc).
Como médicos aprendemos e nos acostumamos com essa zona de conforto, por isso poucos médicos propõem alguma saída "fora do SUS" E no SUS não há saída.
[Marcelo Caixeta, médico]
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O ESTADO DE S.PAULO
'Cuidar dos mais vulneráveis é prioridade', diz diretor do Sírio
Médico e superintendente Paulo Chap Chap conta como o hospital atua para o SUS e defende modelo em que setor privado pode atuar em hospitais públicos para 'livrá-lo das amarras' e melhorar gestão
Os pais e tios eram uma família de engenheiros, mas Paulo Chap Chap decidiu romper a tradição: ele queria mesmo é fazer medicina. Hoje, comanda um complexo hospitalar movimentadíssimo como CEO do Hospital Sírio-Libanês, mas sem abandonar os transplantes de fígado, praticamente semanais, área em que se tornou uma referência mundial. Entre uma coisa e outra, seu olhar se volta a toda hora para os desafios da saúde no Brasil – onde a gestão pública, segundo ele, não consegue os mesmos resultados da iniciativa privada e "precisa livrar-se das amarras e melhorar muito" para "poder cuidar da saúde dos vulneráveis".
Nesse quadro, o médico-executivo dá uma informação de peso: o Sírio hoje faz mais gestão de leitos do SUS do que da saúde complementar. A mantenedora criou um Instituto de Responsabilidade Social, uma OS inteiramente dedicada ao atendimento do SUS.
Essa atividade e os mais de 15 anos de estrada, entre a sala de executivo e a de cirurgia, convenceram Chap Chap de que o modelo adequado para melhorar a saúde dos brasileiros "é a concessão de aparelhos públicos para a iniciativa privada". Saúde é um setor dinâmico, o paciente precisa de atendimento rápido, e nada disso, avisa ele, combina com regras e garantias do funcionalismo público, onde tanto contratar como demitir são problemas quase sempre insuperáveis.
Acrescentem-se a isso, adverte Chap Chap, os desafios de um novo tempo no setor de saúde: "Vivemos uma época marcada por uma epidemia de doenças mentais, distúrbios de ansiedade e depressão, que atingem particularmente os jovens. É preciso lidar com isso de uma forma preventiva". A seguir, os principais trechos da conversa.
Como consegue conciliar a agenda de médico, fazer transplantes, com a de administrar um hospital do tamanho do Sírio-Libanês?
Isso é um projeto que vem crescendo, já tem mais de 15 anos. Os transplantes de fígado que eu faço podem ser programados, ao menos um por semana, e tenho uma excelente equipe de preparação. O resto do tempo eu dedico à gestão do hospital.
O setor de compras, por exemplo, deve ser uma loucura, não? Você compra um estoque de remédios, ele não é consumido durante seis meses, tem de ser uma coisa afinada. Você contratou alguma pessoa para isso?
Não sou um especialista em cadeia de suprimentos mas hoje você pode providenciar entregas de acordo com a necessidade. O tempo médio de estoque no Sírio é menor que 30 dias. Dá pra diminuir mais ainda. Há sistemas de informação que alertam, ajustam a escala de compras. Quando tem, por exemplo, uma greve de caminhoneiros, você monta um gabinete de crise
Como vocês fizeram na greve dos caminhoneiros?
Foi em junho do ano passado, né? Montamos o gabinete de crise e, como já construímos matrizes, sabíamos o que era preciso fazer. Tem suprimentos críticos, como oxigênio, se você não tiver armazenagem suficiente dele pode comprometer a vida de um paciente num respirador artificial. Fizemos vários planos de contingência, não precisamos interromper nenhum serviço. Nem precisamos falar com os caminhoneiros grevistas.
De que tamanho é o conglomerado do Sírio Libanês?
Olha, pouca gente sabe, mas o Sírio hoje faz mais gestão de leitos do SUS do que da saúde complementar. A mantenedora criou um Instituto de Responsabilidade Social, uma OS inteiramente dedicada ao atendimento do SUS. E fizemos um contrato com o governo paulista.
E o que esse instituto faz?
Administramos um hospital estadual na zona Sul de São Paulo, o Hospital Geral Grajaú, outro em Jundiaí, de alta complexidade, 100% SUS. E temos ainda o Hospital Infantil Municipal Menino Jesus, aqui na Bela Vista, e o centro de reabilitação da Rede Lucy Montoro.
O hospital é remunerado por isso?
É remunerado para atender ao contrato de gestão. Mas não tem resultado para ele, nisso. Inclusive o Sírio faz uma cotação orçamentária para complementar esses contratos. Já houve ano em que pusemos algo como R$ 21 milhões gerados na saúde privada para sustentar contratos na saúde pública.
O Sírio é uma ONG, e assim não visa lucros, é isso?
É uma instituição beneficente sem fins lucrativos, tem imunidades fiscais por isso, mas também tem o certificado de benemerência, e aí tem algumas isenções fiscais. Essas isenções a gente devolve integralmente ao poder público, em projetos com o Ministério da Saúde.
E na área estadual?
Nas secretarias estadual e municipal a gestão dos hospitais públicos a gente faz por opção, não por obrigação legal. E já fazemos isso há 12 anos no Programa de Apoio ao Desenvolvimento do SUS, o Proad. A gestão estadual é mais recente, no Menino Jesus estamos completando dez anos agora.
Como tomaram a decisão de ajudar nessa área?
Porque acreditamos que esse é o melhor modelo que existe, a concessão de alguns aparelhos públicos para gestão da iniciativa privada. Esses contratos têm indicadores de produção e de qualidade muito restritos. Quer dizer: o governo contrata, fiscaliza, regula, e se não formos bem tem punição. O que não é fácil de fazer na administração direta. Nesta, o controle do governo não se consegue na mesma intensidade.
Por que essa diferença?
Como você sabe, o Regime Jurídico Único tem uma série de condições que impedem uma gestão mais ágil dos hospitais públicos. A iniciativa privada não tem as mesmas amarras. Decidimos fazer porque é um modelo que a gente propõe para o País. Começou com o (governador) Mário Covas, quando percebeu que a Lei de Responsabilidade Fiscal restringia a contratação de funcionários públicos para os hospitais. E ele teria de contratar milhares. Então criou essa lei para fazer a concessão à gestão privada.
Por que, a seu ver, o Estado não consegue ter a agilidade da iniciativa privada na saúde?
Veja, pra contratar no setor público você tem de abrir um concurso. Então contrata, digamos, uma equipe pra um pronto-socorro, e lá tem o pediatra, o clínico, o ortopedista, o cirurgião. Em certo momento, um dos médicos resolve não mais trabalhar no hospital. Pede demissão. Você precisa abrir outro concurso público. E às vezes acontece, também, que não se pode demitir. O que é que o gestor faz? Contrata mais, pra suprir o que falta.
Nesses hospitais onde vocês entraram, qual foi a melhora?
Há um trabalho importante da FGV, aqui em São Paulo, mostrando os indicadores de produção dos hospitais com administração direta do governo, comparando com hospitais que têm contrato de gestão. Ele mostra uma capacidade de produção em hospitais de atendimento muito maior que a dos hospitais sob organizações sociais. Por que isso acontece? Não é que o gestor público seja pior que o da iniciativa privada, é que ele está limitado em sua capacidade de gestão. Precisa é tirar as amarras do setor público pra ele poder atuar.
O que se fala no setor é que a saúde pública no Brasil é muito cara. É verdade?
Não, não é. Quando a gente olha o financiamento público para a saúde no Brasil, ele é de 4,5% do PIB. É menor comparado a outros países. Mas o total do financiamento da saúde chega a algo como 9,5% do PIB. O problema é que metade disso é liberado por meio de operadoras de saúde, de saúde suplementar, franqueada pra 47 milhões de brasileiros. Ou então é aquele gasto que você faz diretamente na farmácia, pagando algum procedimento ou exame. Aí você vai me perguntar: qual é o problema? O problema é que como o governo não assume a maior parte dos tais 9,5 %, ele acaba criando iniquidades, desigualdades.
Explica melhor.
Vou explicar. Metade desse dinheiro é da saúde suplementar, que atende 47 milhões de brasileiros. A outra metade é da saúde pública, que tem de atender a 210 milhões de brasileiros em muita coisa ou ainda 150 milhões naquilo que a saúde suplementar já atende. O governo comparece com 4,5% do PIB. Nos países mais desenvolvidos, comparece com 8% a 9% do PIB. E a iniciativa privada com algo perto de 1% a 2% do PIB. O fato é que o cidadão que depende totalmente do SUS só recebe 4,5% do PIB.
De que maneira isso pode ser melhorado?
Acho que o governo tem de ter consciência de que precisa repassar mais recursos para a população mais vulnerável, Além disso, precisamos melhorar muito a gestão. É a dicotomia que enfrentamos: falta dinheiro ou falta gestão? Acho que, no final, faltam os dois.
Diria também que falta vontade política para corrigir isso?
Não, acho que estamos nos movimentando. Mas isso precisa acontecer de forma mais rápida, a saúde dos cidadãos está exigindo. Quem tem um câncer e está na fila da radioterapia precisa de soluções imediatas. Queria lembrar que a concepção do SUS, no papel, está bem estruturada. E só agora a iniciativa privada se dá conta de que a porta de entrada é através de atenção primária. O SUS já fez isso, precisa intensificar mas já fez.
De que modo isso foi feito?
O programa chamado Estratégia de Saúde da Família cria nas unidades básicas de saúde uma entrada através de equipes de saúde onde tem médico, enfermeira, assistente social. A equipe conhece o conjunto de pacientes que tem e vai cuidando antes, para que não apareçam complicações. Nós da saúde privada precisamos fazer um movimento também. O Sírio-Libanês está fazendo, num projeto chamado Saúde Corporativa.
É como um plano de saúde?
Vou lhe explicar. Num certo momento o hospital percebeu que os próprios funcionários não tinham atendimento, prevenção de doenças – e a gente se deu conta de que poderia trabalhar isso. Veio o programa Cuidando de Quem Cuida. Teve um enorme sucesso, grande engajamento, redução de custos. Com isso, várias empresas nos procuraram pedindo para implantar o mesmo sistema.
Que tipo de empresas?
Por exemplo, dentro do Banco Votorantim temos uma unidade de saúde com médico, enfermeira e providências para casos agudos. Esse médico tem uma especialidade, chama-se médico de saúde da família e da comunidade. É uma especialidade da qual temos poucos no Brasil. E temos também várias unidades no Itaú, outras no Santander.
Debate-se a saúde preventiva há muito tempo no Brasil, e o que se diz é que são pedidos muitos exames, a maior parte deles desnecessária. Essa crítica é procedente?
Muitos clientes dizem ao médico: pode pedir tudo, doutor, eu tenho plano. Há uma falsa sensação de segurança. Fazer exames demais pode acabar prejudicando, eles não são isentos de uma certa toxicidade.
Como é isso exatamente?
Fazendo radiografias com frequência você fica exposto à radioatividade. Em tomografia a radiação é maior.
E como o médico controla um paciente nervoso, que insiste em mais um exame?
Conversando, ensinando aos pacientes, mostrando como é negativo fazer aquilo com grande frequência. Mas muitas vezes pra encurtar a conversa o médico acaba pedindo o exame.
É o fator emocional contribuindo para a doença, não?
Sem dúvida. Estamos em uma época em que poderíamos falar em epidemia de doençasmentais, distúrbios de ansiedade e de depressão. O uso de remédios para isso é cada vez maior. Sabe-se que o índice de suicídios vem aumentando em algumas sociedades, em especial entre jovens. É preciso lidar com isso de forma mais preventiva, quanto ao distúrbio e também à consequência do distúrbio. Às vezes isso leva à perda de vidas por falta de tratamento adequado.
Como tratar essa sociedade doente em que tantos vivem uma vida frenética? Nem sabemos bem qual será a consequência de se ficar o dia inteiro no celular, no meio desse mar de informação. O que pode ser feito?
O ritmo de vida mudou, o da informação também. Antigamente a população não estava tão urbanizada, havia momentos de grande descompressão. Hoje somos bombardeados por necessidades, consumismo, expectativas altíssimas em relação ao jovem. Ele se compara com outros, se expõe a frustrações muito precocemente. Por outro lado, estamos perdendo os modelos de referência. Esses rituais, no final das contas, davam um caminho de engajamento. Hoje perde-se o sentido de pertencimento ao grupo. A gente precisa voltar a conversar a sério sobre isso, criar momentos. Aí vêm soluções como a meditação, a ioga, a mindfulness.
Trata-se de união de mente e corpo, não é isso?
Exato. Isso está faltando.
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JORNAL OPÇÃO
Um em cada três pacientes em Cais de Aparecida é de Goiânia
Por Marcos Araken
Pacientes da capital representam 32% dos atendimentos unidade de saúde do município vizinho, segundo levantamento obtido pelo Jornal Opção
Já passava das 16 horas da quinta-feira, 8, quando o cozinheiro Júlio Francisco chegou ao Cais Nova Era, em Aparecida de Goiânia. Foi buscar ajuda para cura de uma gripe. “Estou com dor de garganta e tosse”, contou. O cozinheiro gastou R$ 8 com Uber para se deslocar quase 6 quilômetros do Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, até a unidade de saúde de Aparecida.
Próximo à casa dele, no Setor Pedro Ludovico, existe um Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) da prefeitura de Goiânia. Mesmo assim, entendeu ser melhor procurar atendimento em outro posto de saúde. “É complicado demais aquele Cais [do Setor Pedro Ludovico]”, justifica, ao explicar a dificuldade em ser atendido no local.
O cozinheiro conta que em março último tomou a mesma decisão. Preferiu se deslocar com a família até o Cais Nova Era para levar o filho de três anos, que estava com diarreia. Mesmo tendo que ir e voltar duas vezes no mesmo dia à unidade de saúde de Aparecida – “Precisamos trocar o medicamento, que não estava funcionando” -, afirmou ter aprovado o atendimento, por ter conseguido resolver o problema do filho. “O atendimento não é muito bom, mas resolve”, frisa.
Júlio Francisco integra uma estatística curiosa: a dos pacientes que têm deixado a capital e buscado atendimento em outros municípios da região Metropolitana. Em uma medição realizada em março pela Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida, 32% dos atendimentos realizados pelo Cais Nova Era eram de pacientes oriundos de Goiânia. Na UPA Flamboyant (Parque Flamboyant, em Aparecida de Goiânia), são 28% de atendimentos para moradores de Goiânia, considerando também o mês de março como referência.
Importante frisar que, tanto o Jardim Nova Era, quanto o Parque Flamboyant estão localizados próximos da divisa com a capital. Todavia, a UPA Buriti Sereno, localizada no setor do mesmo nome, em Aparecida, registrou também, em março, 19% de atendimentos oriundos de Goiânia.
Pactuação insuficiente
Lugar comum nas reclamações dos secretários de Saúde é o incremento de atendimentos realizados pelas unidades de saúde jurisdicionadas às suas pastas a pacientes de outros municípios. Apesar de as prefeituras receberem por todos os atendimentos realizados por meio da pactuação entre as três esferas de governo (federal, estadual e municipal), não é suficiente para planejar um atendimento adequado a curto e médio prazos, baseado nas demandas – muitas vezes estáveis – de cada município. Isso porque não é possível prever nuances decorrentes de problemas na saúde de cidades vizinhas.
A assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida explica que uma UPA, por exemplo, deveria funcionar com cinco médicos no período diurno e quatro durante a noite. Como a demanda de municípios vizinhos aumentou, Aparecida teve de aumentar o número de médicos para oito em cada um dos períodos.
Ou seja, a UPA, que atendia com nove médicos, passou a atender com 16 profissionais. O custo das novas contratações, explica, não é dividido pelos municípios que enviam pacientes. De acordo com a assessoria, os exames médicos realizados pelas consultas também são custeados exclusivamente pelo município.
Do Novo Mundo ao Nova Era
Uma atendente do Cais Nova Era falou à reportagem que parte dos pacientes que chega à unidade vem de bairros goianienses como Novo Horizonte, Parque Anhanguera, Parque Amazônia, Jardim América e até do Finsocial, na região Noroeste da capital.
Fábio Soares é pintor predial e mora no Jardim Novo Mundo. Caminha com dificuldade por conta de um problema muscular em uma das pernas. Com dificuldade para subir em andaimes e ficar em pé durante muito tempo, procurou o CAIS Nova Era nesta quinta-feira, 8. É a terceira vez que é atendido na unidade de saúde de Aparecida de Goiânia.
O problema é que Fábio tem de se deslocar mais de 14 quilômetros do Jardim Novo Mundo, em Goiânia, até o posto de saúde para ter acesso ao atendimento. Ele conta que a irmã dele mora no Bairro Ilda, em Aparecida. E, sempre que precisa de atendimento médico, dorme na noite anterior na residência dela para facilitar a chegada ao Cais Nova Era.
O pintor explica que prefere utilizar a unidade de Aparecida, em detrimento do Cais Novo Mundo. “Já vim aqui outras vezes. Há dois anos, vim porque estava com dengue”, conta. De acordo com paciente, apesar de ter de esperar um tempo razoável pelo atendimento – na última oportunidade, foram três horas até ser recebido pelo médico – considerou satisfatório o atendimento. “Foi bom”, avaliou.
Outra cidadã da capital que buscou atendimento em Aparecida é a diarista Maria da Cruz. Moradora do Jardim América, busca com frequência atendimento no Cais Nova Era. Nesta quinta-feira, 8, foi levar o filho para investigar a origem de uma tosse, febre e vômito que acometem o garoto, que tem cinco anos. “Sempre venho aqui. É o [Cais] mais perto”, explica.
O trajeto que separa os bairros é de aproximadamente seis quilômetros, percorridos de ônibus. Apesar da espera que, segundo Maria da Cruz chegou a três horas em uma oportunidade, ela aprova o atendimento na unidade. “Atendem bem”, elogiou ao relatar a última vez em precisou levar o filho na unidade de Aparecida.
Trindade e Senador Canedo também recebem
A problemática dos pacientes de Goiânia também atinge as vizinhas Trindade e Senador Canedo. De acordo com a assessoria de Comunicação de Trindade, as unidades de saúde do município realizaram 62.052 atendimentos de janeiro a julho deste ano. Destes, aponta, 16.900 foram de Goiânia, o equivalente a 27,23%
Já Senador Canedo, que já foi considerado “fornecedor” de Goiânia, começa a realizar atendimentos de cidadãos da capital. De acordo com a assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde do município, as unidades canedenses contabilizaram em julho 48.149 procedimentos, dos quais 2.579 são de Goiânia, ou seja 5,35%.
Resposta da Prefeitura de Goiânia
A reportagem entrou em contato na quinta-feira, 8, com a Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia para comentar o assunto. Por telefone, informaram que Goiânia também recebe uma quantidade considerável de pacientes de outros municípios. A reportagem solicitou relatório dos atendimentos para fazer o contraponto, mas até a conclusão desta reportagem, não havia obtido resposta.
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CORREIO BRAZILIENSE
40 anos de evolução em transplante
Brasil comemora quatro décadas de avanços desde o primeiro procedimento relacionado à medula óssea, feito em Curitiba. Atualmente, o país tem o terceiro maior banco de voluntários para doação no mundo, com quatro milhões de cadastros
BEATRIZ ROSCOE*
Há 40 anos era realizado no Brasil o primeiro transplante de medula óssea, ou de células-tronco, utilizado para tratar doenças oncohematológicas, hematológicas, imunológicas e hereditárias. Desde a primeira vez em que o procedimento foi feito, em Curitiba, pelos hematologistas Ricardo Pasquini e Eurípedes Ferreira, houve um aumento exponencial do número de transplantes realizados e hoje o Brasil tem o terceiro maior banco de voluntários para doação no mundo.
Há, atualmente, quatro milhões de pessoas cadastradas para doar medula óssea. O Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) foi criado em 1993, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante.
Nos últimos anos, também houve a chegada de novos medicamentos e modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento de doenças que afetam as células do sangue, anteriormente consideradas incuráveis, como leucemia e linfoma. Brasília sediou, na última semana, o XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, com autoridades nacionais e internacionais debatendo a modernização das técnicas para tornar o procedimento cada vez mais seguro e como melhor tratar os pacientes.
O transplante haploidêntico é outra modalidade inovadora que se tornou uma alternativa para pacientes que não encontram doador compatível. Neste caso, o doador deve ser alguém da família, de preferência pai, mãe ou irmãos, que tenha pelo menos 50% de compatibilidade com o receptor. Nos primeiros transplantes haploidênticos, a medula era colhida do doador e levada para o laboratório onde se retirava um tipo de célula chamada linfócito, que poderia atacar o corpo do paciente, reconhecendo-o como estranho.
Além de caro e demorado, a técnica levava a outro problema. O paciente ficava sem essas células, que servem para defendê-lo contra infecções, até mesmo as mais simples, como gripe. A novidade, que barateou e melhorou os resultados desse tipo de transplante, é dar para o paciente a medula do jeito que ela é colhida e deixar que ela reconheça o paciente como estranho. Três dias depois, é injetado um medicamento quimioterápico que age, principalmente, sobre as células que estão se multiplicando.
Compatibilidade
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea e coordenador de Hematologia e Transplante de Medula do Hospital Israelita Albert Einstein, Nelson Hamerschlak, a evolução do procedimento é revolucionária. "A chance de encontrar alguém 100% compatível fora da família é de 1 em 20 mil. Dentro da família, tem 25% de chance. Se no passado era muito difícil encontrar um doador pela dificuldade de compatibilidade, hoje é praticamente impossível você deixar de fazer um transplante por falta de doador", diz.
A paciente Luciene Ferreira, de 46 anos, foi a primeira a realizar o procedimento na rede particular em Brasília. Com um quadro de anemia aplástica grave, ela teve o suporte e a mobilização de uma grande equipe no Hospital Brasília para realizar o procedimento. A doadora foi a irmã mais nova de Luciene, de 43 anos.
"Foi um sucesso. Eu fiquei até surpresa, poderia ter inúmeras reações e tive muito poucas. Eu me senti muito segura, a minha irmã estava mais tensa do que eu, com medo de ter algum problema nos exames e ela não poder ser a minha doadora. Mas, graças a Deus, deu tudo certo", afirma. "Passamos por um processo de quase três meses de exames e, quando soubemos que estava tudo bem, realizamos o transplante. Também fui bastante preparada e estava ciente das chances, mas venho me recuperando muito bem", acrescenta a paciente, que voltou para casa há dois meses.
Legislação
A terapia celular é o que há de mais novo no tratamento de doenças hematológicas. O novo tipo de abordagem não é um produto que está na prateleira, consiste na coleta das células que são mandadas para a indústria farmacêutica, modificadas geneticamente e devolvidas para a reinjeção no paciente. Além de um tratamento caro, o Brasil ainda esbarra com problemas da infraestrutura e legislação para a sua implantação.
"O grande empecilho que não deixa essas tecnologias entrarem no país são as adaptações que precisam ser feitas nas leis. Além de serem caríssimas, mesmo em países desenvolvidos, o acesso é difícil de ser abordado, fora os ajustes regulatórios. Como é muito novo, a legislação não prevê, mas vem sendo discutida no Ministério da Saúde a viabilização de entrada de tratamento dessa estratégia no Brasil", explica a coordenadora da unidade de transplante de medula óssea do Hospital Brasília, Andressa Melo.
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UOL
Reforma tributária: Imposto de Renda muda e um tipo de CPMF pode voltar
Com o avanço da reforma da Previdência, que passou na Câmara e está agora com o Senado, o governo Jair Bolsonaro (PSL) prepara uma proposta de reforma tributária própria que deve ser apresentada nesta semana.
O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, adiantou alguns pontos da proposta. O Imposto de Renda deve mudar e se estuda se uma espécie de CPMF pode voltar.
Como grande parte do sistema tributário está descrito na Constituição, mudanças precisam ser feitas por uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Vejas as principais ideias do governo para a reforma:
Mudanças no Imposto de Renda
O governo pretende diminuir a alíquota máxima do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), que atualmente é de 27,5%. Para equilibrar a arrecadação, pretende acabar com as deduções com gastos em saúde e educação.
Hoje, o contribuinte pode descontar do IRPF custos que acumulou durante o ano com escola particular, plano de saúde e consultas particulares, por exemplo. Mas, para o ministro Paulo Guedes (economia), isso não beneficia as pessoas que mais precisam, pois elas recorrem aos sistemas públicos e não conseguem abater o imposto.
O governo também deve propor o ajuste da faixa de isenção pela inflação. Atualmente, quem ganha até R$ 1.903,98 por mês não precisa pagar Imposto de Renda. Uma das promessas de campanha de Jair Bolsonaro era isentar quem ganha até cinco salários mínimos, e o presidente afirmou que vai insistir para garantir esse benefício.
O secretário da Receita Federal também falou em simplificar a declaração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), aplicando um sistema semelhante ao das pessoas físicas.
Volta da CPMF para compensar desoneração da folha
A proposta mais controversa é criar uma contribuição previdenciária sobre movimentações financeiras (CPMF). No "mecanismo de gangorra" explicado por Cintra, essa tributação compensaria desonerações sobre a folha de pagamento que bancam a Previdência.
Extinta em 2007, a CPMF era cobrada sobre todas as transações bancárias e tinha o apelido de "imposto do cheque". Apesar da fala do secretário, o presidente Jair Bolsonaro declarou na sexta-feira (9) que não haverá volta da CPMF.
"Já falei que não existe CPMF, é decisivo. O que Marcos Cintra, secretário da Receita Federal, quer mexer, tudo é proposta", disse Bolsonaro.
Unificação de impostos federais
Marcos Cintra afirmou que o governo vai propor uma unificação de impostos federais sobre o consumo. O IVA (Imposto sobre Valor Agregado) substituiria PIS, Cofins, IPI, uma parte do IOF e possivelmente o CSLL.
Esse projeto é mais tímido do que a PEC 45/19, aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara em 22 de maio, que inclui no imposto unificado o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).
O próprio secretário reconheceu que deixar os impostos estaduais e municipais de fora não é o ideal, mas que essa opção trará menos resistência de deputados e senadores. Cintra declarou que os estados poderão aderir ao modelo unificado se quiserem, quando acharem adequado.
Manter a arrecadação
Em meio a uma crise de recursos, o Estado não pretende abrir mão da quantia que arrecada. "Qualquer reforma que implique queda de carga tributária pode gerar problemas", afirmou Cintra.
Para balancear as contas, o secretário falou em um "mecanismo de gangorra". A ideia é que o aumento de uma tributação compense a queda de outra.
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EXTRA ONLINE
Custos de planos de saúde disparam nas empresas e pesam no bolso dos funcionários
A coparticipação nos planos de saúde – pagamento de um percentual por utilização dos serviços pelos usuários – tem sido uma prática cada vez mais comum e adotada como uma das estratégias para tentar reduzir os custos com saúde nas empresas. A aplicação de medidas de contenção de gastos das companhias tem elevado a contribuição dos trabalhadores. Esse custo chega a representar 35% da remuneração do indivíduo, dependendo da empresa e do plano de saúde. Levantamento da consultoria Mercer Marsh Benefícios mostra que, em 2015, 51% das companhias adotavam esse modelo. Hoje, o percentual subiu para 74%.
Segundo a pesquisa, o plano de saúde do funcionário já responde pelo segundo maior custo da empresa, só perde para a folha de pagamento. As medidas que mais pesam no bolso dos empregados além da coparticipação, são pagamento de parte da mensalidade e aumento dos gastos com dependentes. Para as empresas, o gasto com planos para funcionários sobe ano a ano e cresceu 10%, saindo de R$ 358,87, em 2018, para R$ 395,18. Em 2012, o custo per capita era de R$ 158,42, uma alta acumulada de 149% nos últimos sete anos.
– Quase 100% das empresas fizeram algum tipo de mudança nos planos de saúde com vistas para redução de custos. Metade redesenhou os programas de benefícios, incluindo coparticipação e franquia, considerados fatores moderadores de uso. Além disso, houve crescimento da parcela que oferece planos básicos, alta na migração de operadoras, mudança de programas de benefícios e aquelas que passaram a cobrar mais dos funcionários. Outras que não cobravam coparticipação em procedimentos passaram a fazê-lo, por exemplo- explica Mariana Dias Lucon, diretora de produtos da Consultoria Mercer Marsh Benefícios.
Para especialistas,é preciso regulamentar os planos coletivos, especialmente do reajuste:
– Os contratos empresariais são um tipo de contrato que não tem reajustes regulamentado pela ANS. Eles dominam o mercado e carecem de regulação. Algumas empresas até podem conseguir negociar mas no fim das contas sobrecarrega o consumidor final, seja com coparticipação, aumentos que vão afetar a política de custeio dos dependentes entre outros – ressalta o advogado Rafael Robba, especialista em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados.
A ANS informou que está atenta ao tema e que incluiu a discussão na agenda regulatória 2019-2021. A agência diz ainda que aumentou a transparência dos cálculos dos reajustes com uma regra de transparência que obriga as operadoras a disponibilizarem os critérios técnicos adotados para o reajuste.
Ações complementares
Além de redesenhar o plano de saúde, as empresas também têm buscado implementar programas de promoção em saúde. A companhia Fresenius Medical Care, fornecedora de produtos e serviços para pessoas com doenças renais, implantou uma série de atividades de acompanhamento da saúde dos funcionários. Cinco anos depois das primeiras atividades, a empresa vem reduzindo a chamada sinistralidade, ou seja, o índice de utilização do plano.
– São diversas ações com mais de 250 funcionários beneficiados. Cerca de 300 quilos perdidos pelos empregados, mais de 70 pessoas saíram da área de risco cardiovascular. Na mesa de negociação do reajuste com a operadora, a promoção em saúde pesa positivamente – explica a gerente de desenvolvimento, Daniela Dantas.
'Médico não pode ser carimbador de exame', afirma Ricardo Ramos, Conselheiro da Asap (Aliança para Saúde Populacional)
O plano de saúde precifica o custo do benefício de acordo com o risco instalado na empresa e calcula o reajuste com base também na sinistralidade, ou seja, utilização do plano pelos funcionários. É preciso entender a gestão do risco da minha população e implementar ações preventivas. Se tem uma bala de prata é a união entre a medicina ocupacional e a assistencial. O médico da empresa não pode ser mais um carimbador de exame anual.
Entrevista: Carlos Ocké, pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea)
Qual é a saída para a redução dos custos?
É preciso regular os planos coletivos, inclusive os reajuste, e fazer com que empregadores e empregados tenham capacidade de discutir o preço, a capacidade e cobertura do plano, além da rede credenciada. Você tem um mercado com uma crescente evolução dos preços, muito acima da inflação.
Qual é o cenário que as empresas e os funcionários enfrentam hoje para renovação dos contratos de planos de saúde?
Havia a tese de que os planos individuais tinham que ter seu reajuste regulamentado pela ANS e que as empresas não porque teriam poder de barganha contra os planos de saúde, mas o que observamos não é isso. Em um mercado extremamente concentrado, pouquíssimas são as empresas que conseguem negociar os reajustes e as condições dos planos. nem empregador, nem empregado tem condição efetiva de barganha. os planos perderam clientes, quase quatro milhões nos últimos anos, mas conseguiram reduzir a sinistralidade e aumentar o lucro líquido. É uma situação preocupante porque as pessoas estão perdendo o acesso aos planos.
Como o cenário de benefícios deve ficar a partir de agora com aumento dos custos?
A tendência é expulsar a clientela que não pode pagar, incluindo as pessoas que mais precisam, independente de estarem desempregadas. Nos contratos coletivos, as operadoras podem rescindir os contratos unilateralmente quando aumenta a sinistralidade.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação