Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 26 A 28/10/19 PARTE 1

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

 

DESTAQUES

Corpo de bebê que sumiu em maternidade foi incinerado por engano, diz Secretaria de Saúde
Após falecimento, corpo de bebê foi confundido com resíduos biológicos e incinerado
O médico via internet
'Ideia cruel e absurda', diz especialista sobre sugestão de Crivella de criar saúde à distância no Rio
Aos cem, maior hospital pediátrico do país une paciente do SUS ao de plano
Maternidade de Palmas pode passar a controlar visitas após bebês prematuros serem infectados por bactérias
Plano Santa Casa Saúde investe em clínica própria e medicina preventivas
Nem velho, nem idoso. chame oportunidade
Está criada a Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia, ABMMD
Planos de saúde na UTI

TV ANHANGUERA

Corpo de bebê que sumiu em maternidade foi incinerado por engano, diz Secretaria de Saúde
http://g1.globo.com/goias/videos/t/todos-os-videos/v/corpo-de-bebe-que-sumiu-em-maternidade-foi-incinerado-por-engano-diz-secretaria-de-saude/8037992/
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JORNAL OPÇÃO

Após falecimento, corpo de bebê foi confundido com resíduos biológicos e incinerado

Por Felipe Cardoso

Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia destaca que irá aplicar junto aos responsáveis pelo erro todas as sanções cabíveis

A Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia informou, na tarde deste sábado, 26, detalhes do caso do desaparecimento de um recém-nascido na Maternidade Marlene Teixeira, em Aparecida.
De acordo com a Secretaria, um recém-nascido, em estado de prematuridade extrema, veio à óbito na última sexta-feira, 25. Como a causa da morte já havia sido verificada, a equipe da Maternidade procedeu conforme protocolo e “acondicionou o corpo, devidamente identificado, em local adequado até a vinda da empresa funerária”.
Porém, segundo a secretaria, quando a empresa chegou ao local para recolher o corpo, ele não foi localizado. “A SMS informa que imediatamente acionou as autoridades policiais e que contribuiu com as investigações”.
“Por meio do que foi apurado, administrativamente e também pelas autoridades policiais, chegou-se ao indicativo de que a empresa responsável pelo recolhimento dos resíduos biológicos cometeu um equívoco e levou o corpo do recem-nascido para incineração, o que é procedimento de praxe no caso dos resíduos biológicos”, explica.
Em outro trecho da nota, a SMS destaca que irá “aplicar junto aos responsáveis pelo erro todas as sanções cabíveis”. Por fim, lamentou o ocorrido e se solidarizou com os familiares da criança. “Prestaremos toda assistência e reparos que estiverem ao alcance da gestão municipal”, pontuou.
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EXAME

O médico via internet

A telemedicina avança no mundo para atender pacientes a distância e a qualquer momento do dia, mas o Brasil segue à margem dessa tendência global
Ver , sentir e escutar. Esses três verbos sempre estiveram muito ligados ao atendimento médico. Mas nem sempre o médico precisa estar na frente do paciente para atendê-lo. Com o avanço da tecnologia, o acesso à saúde também vem se tornando digital. A internet, como fez com muitos setores, agora pode conectar médicos a pacientes a distância. Os Estados Unidos são o país mais avançado nesse campo. Segundo a previsão da consultoria Forrester Research, o número de consultas médicas realizadas a distância deverá superar o de atendimentos presenciais em 2020.
No Brasil, o tema ainda está em discussão. Em fevereiro, o Conselho Federal de Medicina chegou a aprovar uma resolução que permitia telemedicina e atualizava as regras anteriores, de 2002 – vistas como obsoletas para um mundo em que o smartphone é onipresente. Em menos de 20 dias, a medida foi revogada por causa das críticas da comunidade médica. O tema da telemedicina, porém, é urgente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma das dez principais ameaças à saúde em 2019 é a falta de acesso à atenção primária, algo que poderia ser resolvido com a tecnologia.
Uma das maiores empresas de telemedicina é a americana Teladoc. Ela oferece atendimento a pacientes por meio de videoconferências com um médico da família. Nas teleconsultas, os pacientes podem receber assistência para problemas de saúde comuns, como enxaqueca, hipertensão e diabetes. No ano passado, 2,6 milhões de atendimentos a distância foram realizados, 80% mais do que no ano anterior. Segundo uma pesquisa com clientes do serviço, o índice de resolução de problemas é de 92%.
A Teladoc diz estar pronta para atuar no Brasil como faz nos Estados Unidos, mas espera uma regulação clara da telemedicina. Por enquanto, a empresa trabalha aqui apenas com orientação médica, sem prescrição de medicamentos por telefone. No futuro, com uma nova regulamentação esperada para 2020, a teleconsulta será usada tanto para fazer a triagem de pacientes para encaminhamento a especialistas quanto para prescrever remédios.
Nos Estados Unidos isso já ocorre. Se o paciente precisa de um remédio que requer receita, o médico pode prescrevê-lo em uma teleconsulta e o paciente pode retirar o medicamento em uma farmácia cadastrada. De acordo com Jean Marc Nieto, diretor executivo da Teladoc no Brasil, apesar de a regulação ainda não estar avançada, a ambição da companhia é tornar-se global. "Um estrangeiro que estiver nos Estados Unidos poderá ser atendido por um médico em sua língua e conseguirá uma prescrição", diz Nieto. Lá, 76% dos hospitais já usam a telemedicina, que é regulamentada em mais de 30 estados americanos.
Não é apenas nos Estados Unidos que a prática vem crescendo. De acordo com a consultoria americana Tractica, o número de consultas remotas, que era de 20 milhões em 2014, chegará a 158 milhões em 2020, um aumento de quase oito vezes. Com mais consultas, cresce também o faturamento das empresas que atuam na área. No ano passado, as receitas no setor de telemedicina no mundo foram de 38 bilhões de dólares e a estimativa é que cheguem a 45 bilhões neste ano – um crescimento de 18% -, segundo a consultoria americana Business Research Company.
Um aumento considerável nas consultas a distância também ocorre no Brasil. Desde 2012, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, atua de forma experimental com telemedicina. A instituição conecta o médico e o paciente por vídeo. Mas, como a regulação não permite uma consulta remota, há médicos dos dois lados da videochamada. A ideia é oferecer atendimento com médicos especializados para determinados pacientes, que são recebidos no hospital por um clínico-geral. Em 2018, foram realizadas 80.000 consultas pelo Albert Einstein, duas vezes mais do que no ano anterior. O serviço também é oferecido a empresas e, nesse caso, o paciente não precisa se deslocar até o hospital em quase nenhuma situação. A consulta é intermediada por um médico no próprio local de trabalho.
Outras companhias do ramo da saúde estão de olho na telemedicina. É o caso da Philips, fabricante de equipamentos médicos. A empresa conta com tecnologias para digitalizar o atendimento, como prontuário eletrônico e armazenamento de informações em nuvem. Para César Giannotti, diretor de soluções corporativas da Philips na América Latina, a telemedicina permite fazer um atendimento contínuo da população. "As plataformas de saúde avançaram e a tecnologia de dados foi para a nuvem. Tudo está preparado para atender pacientes, falta apenas a regulação", diz Giannotti.
Enquanto a prática continua limitada, empresas como a Brasil Telemedicina, baseada em Campinas, no interior de São Paulo, dão um jeito de atender pacientes a distância como podem – apenas por telefone e sem prescrever remédios controlados. Outra empresa é a startup FalaFreud, conhecida por seu aplicativo para conectar psicólogos e pacientes. Fundada pelos brasileiros Renan Pupin e Yonathan Faber, a startup lançou em outubro um aplicativo chamado FalaDoc. Voltado para empresas, a startup espera com o app reduzir o número de idas de funcionários a consultórios ao conectá-los com médicos da família, terapeutas, nutricionistas e até personal trainers. O custo mensal por funcionário será de 90 reais.
GANHO DE EFICIÊNCIA
O Reino Unido é um dos países que apostam na telemedicina para melhorar a eficiência do serviço público. No plano de longo prazo para a saúde pública, anunciado em 2018, o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) prevê que os atendimentos digitais com clínicos-gerais poderão reduzir até um terço do número de visitas aos hospitais nos próximos cinco anos. No país, são feitos 400 milhões de consultas presenciais por ano. A medida ajudaria o serviço de saúde a economizar 1 bilhão de libras no período. Por meio de um site ou de um atendimento telefônico no serviço NHS 111, quem estiver passando mal e não souber o que fazer poderá obter aconselhamento a distância a qualquer dia ou hora. Se necessário, poderá marcar uma consulta.
Além de ampliar o acesso à saúde, a telemedicina traz oportunidades. Para o consultor na área de saúde Guilherme Hummel, coordenador científico da organização sem fins lucrativos Healthcare Information and Management Systems Society, a regulamentação da telemedicina pode movimentar 8 bilhões de dólares no Brasil com o investimento de grandes empresas e startups no ramo. "A telemedicina é importante porque a oferta de médicos longe de grandes centros urbanos é menor do que a demanda", afirma Hummel. Para Leonardo Giusti, sócio da consultoria KPMG, com a aprovação da regulamentação da telemedicina no Brasil, as entidades médicas públicas e privadas poderão melhorar o acesso e os custos do serviço de saúde. Mas, antes, elas precisarão vencer alguns desafios. "As grandes empresas terão de se reorganizar para mudar a cultura interna e a forma de trabalhar. O maior desafio é convencer o corpo clínico", diz Giusti.
Em julho, o plano de saúde Amil lançou um serviço de atendimento por teleconferência em vídeo para os 180.000 clientes do plano Amil One. Após o anúncio, no entanto, a Associação Médica Brasileira fez uma denúncia para a Agência Nacional de Saúde Suplementar por causa da ausência de amparo legal para a prática da telemedicina. "A AMB combate o atendimento a distância devido às suas limitações. Há casos em que nada substitui a consulta presencial. Porém, uma vez estabelecidos os parâmetros legais, sem oferecer risco à saúde do paciente, não resta dúvida de que a telemedicina pode ser aplicada", diz Lincoln Ferreira, presidente da associação. A tecnologia, como se vê, está pronta. O desafio para levar o atendimento a distância aos brasileiros é puramente regulatório.
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O GLOBO

'Ideia cruel e absurda', diz especialista sobre sugestão de Crivella de criar saúde à distância no Rio

RIO Em meio à falta de profissionais de saúde na rede de atenção básica, o prefeito Marcelo Crivella apresentou nesta sexta-feira uma ideia inusitada. Depois de atribuir à violência a dificuldade de lotar médicos nas Clínicas da Família, ele disse que planeja implantar um sistema de atendimento a distância . Ou seja, pacientes teriam consultas sem estar frente a frente com um especialista. O problema é que esse tipo de serviço, também defendido pela secretária municipal de Saúde, Beatriz Busch, não foi regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Nesses locais ( áreas de risco), temos dificuldades para colocar médicos. Assim, determinei que se faça o atendimento remoto. Vão estar um técnico, um enfermeiro e o paciente diante de uma tela. Do outro lado, aquele médico que não pôde ir ( à clínica ) em razão da violência, mas que ajudará de alguma forma no momento de angústia disse Crivella.
Ao tomar conhecimento do plano de Crivella, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) o criticou.
Médico fazer diagnósticos por tela de computador é inimaginável. Pode ser um tiro pela culatra. Somos totalmente contrários ao atendimento a distância, que pode piorar ainda mais a saúde pública do Rio disse o presidente do Cremerj, Sylvio Provenzano.
Vão estar um técnico, um enfermeiro e o paciente diante de uma tela. Do outro lado, aquele médico que não pôde ir (à Clínica da Família) em razão da violência, mas que ajudará de alguma forma no momento de angústia
Marcelo Crivella Prefeito
Lígia Bahia, médica sanitarista e professora da UFRJ, fez coro, por temer o enfraquecimento da rede de atenção básica:
A ideia é cruel e absurda. É algo que não existe em outros lugares do Brasil nem no restante do planeta. O conceito do programa Saúde da Família é exatamente aproximar médicos e pacientes. O que se propõe agora é simplesmente o oposto.
Apesar de afirmar que tem dificuldades para preencher vagas nas Clínicas da Família, Crivella anunciou nesta sexta-feira a convocação de 301 médicos e de 81 profissionais de apoio aprovados em concurso público. Além disso, prometeu abrir uma outra seleção para contratar 53 especialistas.
Segundo a prefeitura, nos últimos 40 dias, Clínicas da Família tiveram que fechar (totalmente ou parcialmente) 209 vezes, por conta da violência. Porém, especialistas avaliam que não são apenas tiroteios e roubos que prejudicam o programa: a escassez de profissionais também seria um reflexo de cortes de investimentos.
Ex-secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz disse que, há quatro meses, médicos que trabalham em parte da Zona Oeste deixaram de receber uma gratificação (que variava entre R$ 3.100 e R$ 3.500) para dar atendimento em unidades que ficam em áreas consideradas de risco ou de difícil acesso.
Ainda de acordo com Soranz, profissionais que têm mestrado ou doutorado perderam gratificações por qualificação. Além disso, ele lembrou que muitos médicos vinculados às organizações sociais (OSs) que administram Clínicas da Família estão com salários atrasados um problema reconhecido pelo município.
A prefeitura tem 127 das 1.106 equipes de Saúde da Família (11,48%) incompletas há pelo menos três meses. A população fica sem atendimento e o município perde recursos. O Sistema Único de Saúde (SUS) só repassa verbas para ajudar nas despesas das equipes que estão completas destacou o ex-secretário.
Em uma audiência pública realizada esta semana na Câmara Municipal para debate do orçamento de 2020, técnicos da Secretaria de Saúde disseram que pelo menos 216 equipes estão desfalcadas de médicos.
Sem atendimento, a população vem manifestando indignação. Nesta sexta-feira pela manhã, um protesto de moradores do Caju e de funcionários da Clínica da Família Fernando Antônio Braga Lopes fechou a Avenida Brasil. A manifestação teve como objetivo chamar a atenção para o fim do contrato da prefeitura com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), responsável pelos atendimentos na unidade. Sem receber salários integralmente, médicos, enfermeiros, farmacêuticos e agentes de saúde entraram em greve o expediente é cumprido por 30% do efetivo, o mínimo previsto em lei.
A prefeitura atrasa repasses para as OSs e as equipes ficam sem receber. Esse problema não se limita às Clínicas da Família. Boa parte dos profissionais do programa de saúde mental (psicólogos e cuidadores, entre outros) está sem pagamento há 90 dias. Se não há recursos para honrar os contratos atuais, de onde viria o dinheiro para o projeto de atendimento virtual? questionou o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.
A ideia é cruel e absurda. O conceito do programa Saúde da Família é exatamente aproximar médicos e pacientes. O que se propõe agora é simplesmente o oposto
Lígia Bahia médica sanitarista e professora da UFRJ
Citando dados do Fincon (sistema de acompanhamento financeiro da prefeitura), Pinheiro disse que a Secretaria de Saúde empenhou R$ 4,5 bilhões este ano. No entanto, acumula uma dívida de cerca de R$ 400 milhões com fornecedores e OSs. A conta não inclui despesas de anos anteriores que ainda não foram pagas.
Crivella e a Secretaria de Saúde foram procurados para comentar as críticas, mas não se manifestaram. Também não falaram sobre a manifestação que fechou a Avenida Brasil, na altura do Caju.
Desde janeiro de 2017, quando Crivella assumiu, foram extintas 184 equipes do Saúde da Família e 55 do Saúde Bucal. Com isso, de acordo com o Datasus, pouco mais de metade da população é atendida pelos programas. Há três anos, o percentual chegava a quase 70%.
A Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (Subpav) enviou uma nota, onde afirma que:
– o número de equipes da Estratégia Saúde da Família hoje na cidade é 1.081;
– a vacância de algumas vagas é temporária e as organizações sociais gestoras, junto com a Subpav, trabalham para a contratação dos profissionais para completar as equipes;
– como foi amplamente divulgado na ocasião, a Atenção Primária no Rio passou por uma reorganização, em que equipes voltadas a áreas com pouca demanda, e que por isso tinham baixa produção, foram desabilitadas para que os trabalhos e recursos pudessem ser concentrados em regiões mais carentes e cujas populações dependem mais do serviço público de saúde;
– antes da reorganização, o número de equipes era 1.264;
– a redução do índice de cobertura deve-se a diferentes fatores, entre eles, a mudança da forma de cálculo a partir de uma nova padronização feita pelo Ministério da Saúde no site e-Gestor;
– anteriormente, o cálculo da cobertura considerava o total das equipes da ESF, independentemente de estarem completas ou incompletas. Hoje, entre outras mudanças, o cálculo é feito somente em cima das equipes completas, ou seja, não considera aquelas que estejam momentaneamente com vacância do profissional médico;
– o não pagamento de gratificações, como era feito anteriormente, se deve à necessidade de adequação dos contratos à realidade financeira e orçamentária da cidade.
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FOLHA DE S.PAULO

Aos cem, maior hospital pediátrico do país une paciente do SUS ao de plano

Com queda de verba pública, instituição do Paraná recebe doações por meio de renúncia fiscal
DIAS MELHORES
Cláudia Collucci
são paulo e curitiba
Na brinquedoteca, Lucas, 2, fisga peixinhos coloridos com Pedro, 1. Com pneumonia, ambos estão internados no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Lucas tem plano de saúde; Pedro é paciente do SUS.
Ao completar cem anos neste sábado (26), a maior instituição pediátrica do país se orgulha de manter um dos princípios que a norteiam desde a fundação por um grupo de mulheres em 1919: a equidade.
Filantrópico, atende hoje 61,2% dos pacientes pelo SUS, apesar de os recursos públicos terem representado apenas 24,4% da receita em 2018 (pouco mais de R$ 65 milhões do total de R$ 268,6 milhões). Os planos de saúde respondem por 42% da receita e por 38% dos atendimentos.
Isso não impede que o paciente do SUS receba a mesma comida e os mesmos tratamentos, cuidados médicos e leitos de UTI oferecidos ao paciente com plano de saúde ou particular. A diferença entre um e o outro é basicamente a hotelaria dos quartos.
Essa igualdade no tratamento já trouxe reclamações de famílias com planos de saúde, incomodadas em dividir espaços, como a UTI, com pacientes do sistema público.
'A caneta do médico aqui é igual para qualquer criança. Trabalhamos muito para garantir os direitos de crianças e adolescentes e, às vezes, precisamos lembrar as pessoas de que direitos não são privilégios", diz a diretora executiva, Ety Cristina Forte Carneiro.
Com 378 leitos (68 de UTI) e 32 especialidades médicas, o hospital é referência em média e alta complexidade para crianças do SUS no país, sobretudo em cirurgias cardíacas, de reabilitação intestinal e transplantes de medula óssea, de rim e de tecido ósseo.
Paradoxalmente, na última década, a participação do SUS na receita do hospital caiu 40,9%. Ano passado, o déficit, causado sobretudo pela defasagem da tabela SUS foi de cerca de R$ 25 milhões.
"Performance é algo terrível para o SUS. Quanto melhor a gente vai, pior fica porque é mais demanda, e maior fica o gap [descompasso] entre o custo e o que a gente recebe", diz José Álvaro da Silva Carneiro, diretor corporativo.
Na área de cirurgia cardiológica, por exemplo, há uma fila de mais de 200 crianças à espera de vaga. "Temos as urgências, os pacientes que descompensam ou os que já nascem com algum problema", diz o médico Leonardo Cavadas Soares, gerente de práticas assistenciais do hospital.
A expertise da instituição também tem feito com que gestantes de outras regiões do país, que sabem que o bebê nascerá com problema cardíaco, se mudem para Curitiba em busca de tratamento.
Hoje, 40% dos leitos da UTI cardiológica recebem recém-nascidos, que ali permanecem por 21 dias, em média – o triplo de uma criança maior.
"O diagnóstico precoce, no útero, e as maternidades com UTI neonatal mudaram a vida dessas crianças, mas as vagas para cirurgia ainda são limitadas", diz Àndréa Lenzi, coordenadora da UTI cardiológica.
Na última década, a saída encontrada pelo hospital para conciliar a alta demanda por atendimentos do SUS e a defasagem das verbas públicas foi uma mudança de gestão.
A isso se somou a diversificação das fontes de renda, como cursos pagos de graduação e especialização na área da saúde oferecidos pela faculdade que pertence à instituição, além da captação de recursos na comunidade.
Hoje, mais de 2.200 empresas e 15,5 mil pessoas doam ao Pequeno Príncipe, a maioria por meio da renúncia fiscal. Em 2018, esses recursos perfizeram 16% da receita.
Assim, o hospital construiu quatro andares, reformou setores como a infectologia, a UTI cardiológica e o lactário, e comprou equipamentos de ressonância magnética, tomógrafos e ventiladores pulmonares. A tecnologia, aliada à revisão de processos e ao treinamento de pessoal, melhorou os indicadores de qualidade.
Em dez anos, a taxa de mortalidade hospitalar caiu de 2,5% para 0,59%, o menor índice da história da instituição.
As doações também possibilitaram que o hospital inaugurasse em 2011 a unidade de transplante de medula óssea.
Nos últimos oito anos, crianças de 21 estados passaram por transplantes na unidade. Das 202 cirurgias, 130 foram casos de câncer, e o restante, erros inatos do metabolismo e imunodeficiências graves.
O menino Enzo, 4, de Belém, foi transplantado aos cinco meses, pesando 2,9 kg. "Ele chegou aqui em um estado crítico, menor do que quando nasceu. Deu um trabalhinho, mas hoje é uma glória vê-lo brincando, correndo. É uma criança que, se fosse até poucos anos atrás, não teria sobrevivido", diz Cilmara Kuwahara, da oncologia pediátrica.
A experiência levou a família a se mudar da capital paraense para Curitiba definitivamente. "A gente estranha o frio, sente saudade do açaí, do tacacá, mas o que importa é que o Enzo continue sendo atendido no hospital", diz a mãe Marcelene Silva, 35.
As doações permitiram ainda a criação de um laboratório genômico que, além de pesquisa, auxilia na assistência. Crianças atendidas na oncopediatria passam por exames moleculares que ajudam os médicos no diagnóstico e na decisão sobre o tratamento.
A oncologista Flora Watanabe, coordenadora de hematologia e há mais de 40 anos na instituição, diz que nos anos 70 os médicos não encaminhavam crianças com câncer ao tratamento. "Quando se falava em tratar, os pais não acreditavam. Diziam: 'Vai morrer mesmo, melhor ser em casa"'
Algumas crianças curadas ali viraram funcionários do hospital, como Mayara Majevski, tratada por dois anos de leucemia após receber o diagnóstico aos 12. Aos 17, quis fazer enfermagem na Faculdade Pequeno Príncipe. "Tive vontade de fazer pelos outros o que fizeram por mim."
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G1

Maternidade de Palmas pode passar a controlar visitas após bebês prematuros serem infectados por bactérias

Resolução aprovada pelo CRM informa que o contato com os pacientes deve ser limitado. Secretaria da Saúde confirmou os casos, mas disse que a situação na unidade está controlada.
O Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, pode passar a controlar e restringir as visitas na unidade. O pedido foi feita pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) após bebês prematuros serem infectados por bactérias em agosto deste ano. A mudança é necessária para prevenir infecções em crianças, recém nascidos e funcionários.
A Secretaria de Saúde do Tocantins confirmou a presença de um microorganismo multirresistente, há dois meses, mas disse que a situação já foi controlada. Veja abaixo a nota na íntegra.
Por causa do problema, o CRM aprovou uma resolução direcionada ao diretor técnico da maternidade e à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. A resolução foi solicitada pela empresa que administra a UTI da unidade e feita baseada em um relatório de fiscalização e notificação de um surto de bactérias.
Para o Conselho, as visitas devem ser limitadas aos pais dos pacientes.
O outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que maternidade teve a confirmação do diagnóstico de três casos de pacientes recém-nascidos (RN) prematuros internados na UTI Neo por um microorganismo multirresistente, há dois meses, e diante da confirmação a unidade seguiu todos os protocolos de controle e desinfecção previstos pelo Ministério da Saúde.
A situação hoje na unidade é de total controle. A prevenção para o surgimento de novos casos é o principal objetivo das ações que estão sendo feitas, permanecendo diariamente as medidas de vigilância e controle na rotina da unidade.
O surgimento de microorganismo em unidades hospitalares principalmente na UTI não é atípico. Sendo que nesse caso específico o hospital segue garantindo o cumprimento dos protocolos nacionais estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e os protocolos internacionais.
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Plano Santa Casa Saúde investe em clínica própria e medicina preventivas

Mudanças na gestão do plano trazem agilidade e qualidade nos atendimentos aos pacientes

Cada vez mais as operadoras de planos de saúde investem no modelo de gestão verticalizada, passando a apostar em redes próprias de atendimento. As mudanças trazem, principalmente, qualidade e agilidade no atendimento ao paciente.
Um exemplo regional desta tendência no segmento de saúde suplementar que vem trazendo resultados positivos é o Plano Santa Casa Saúde. Presidente do Plano Santa Casa Saúde há quatro anos, Paulo Wiazowski implantou a reestruturação física da empresa e explica os benefícios deste modelo. "A verticalização traz aproximação com o paciente. Com ela podemos conhecer o histórico e o cotidiano das pessoas".
Clínica de especialidades
O Plano Santa Casa Saúde atende em uma ampla unidade própria. O edifício, localizado na Rua Antônio Bento, 162 – Vila Mathias, tem mais de 5 mil m2 voltados ao atendimento dos beneficiários do plano e conta com uma clínica de especialidades: o Santa Saúde Consultas, que ocupa seis dos 11 andares do plano, reunindo quase 250 profissionais de saúde, dentre eles 200 médicos, em um único espaço.
"Os médicos da Santa Saúde Consultas são experientes e renomados na cidade, e boa parte deles atende também dentro da Santa Casa. Eles têm a possibilidade de acompanhar os pacientes como um médico da família, o que é muito importante para fazer uma medicina de qualidade".
Na clínica, que realiza 25 mil atendimentos mensais, estão à disposição do paciente 44 especialidades, atendendo em 36 consultórios, seis dias por semana. Além disso, as quase 85 mil vidas que utilizam os serviços do plano contam com atendimento multidisciplinar, com consultas, autorização de guias médicas, agendamentos, marcação e realização de diversos exames e de pequenos procedimentos, amplo serviço de fisioterapia, tudo em um único local.
O objetivo do Santa Saúde Consultas é tirar o paciente do ambiente hospitalar. "Com infraestrutura e hotelaria adequada, atendemos o paciente fora do hospital, evitando exposição desnecessária e trazendo, inclusive, benefícios psicológicos", ressalta Wiazowski.
Atendimento integrado
Outro grande diferencial do Santa Saúde Consultas são os prontuários eletrônicos integrados, onde todos os profissionais de saúde conseguem acessar o histórico do paciente. "Damos ao usuário um atendimento integrado, onde todas as especialidades conseguem ter acesso às informações, trazendo rapidez no diagnóstico e agilidade no tratamento", ressalta a coordenadora de atendimento ao cliente, Rita Simão Rocha.
"Trabalhamos alinhados. Na fisioterapia, por exemplo, temos acesso ao prontuário médico, pois nosso sistema é unificado. Assim, podemos discutir os casos, integrar os tratamentos e traçar, inclusive, estratégias preventivas", acrescenta a coordenadora do Serviço de Fisioterapia, Juliana Cubo.
Medicina preventiva
Investir em medicina preventiva é um dos grandes objetivos da gestão do Plano Santa Casa Saúde. Para isso, a instituição conta com o Departamento de Prevenção à Saúde, que desenvolve os Programas de Saúde Continuada Santa Saúde.
Com acompanhamento multidisciplinar, agenda de palestras e atividades mensais realizadas em grupo e voltadas à qualidade de vida e bem-estar, os programas de acompanhamento são direcionados a: terceira idade, obesidade, doenças crônicas, planejamento familiar, saúde ocupacional, doenças respiratórias, tabagismo e artrose.
"São quase mil vidas sendo tratadas de forma preventiva nos programas de saúde continuada, no último semestre", explica a coordenadora Rita. Entre as atividades disponíveis aos beneficiários estão dança de salão, tai chi chuan, alongamento, culinária, yoga, auriculoterapia, reflexologia e automassagem.
O presidente do plano enfatiza a importância da prevenção. "Queremos propagar não um plano de doença, mas um plano que enalteça a saúde. Nosso desejo é que as pessoas se sintam felizes e acolhidas pelo Santa Saúde Consultas".
Bem-Estar
A dona de casa Helaine Ramos Ruiz, de 51 anos, é uma das pacientes que participam do programa. Após realizar cirurgia no joelho, ela foi encaminhada pelo médico para a fisioterapia e conheceu o projeto do plano. "Estou frequentando desde março a fisioterapia e há um mês as aulas de condicionamento físico e fortalecimento muscular. Eu não fazia atividade física antes, era sedentária", conta a paciente.
"Estou frequentando a fisioterapia desde março e há um mês as aulas de condicionamento físico e fortalecimento muscular. Eu era sedentária. Esse projeto mudou a minha vida. É muito bom ter este benefício pelo plano. Eles estão dando qualidade de vida para os pacientes. A gente tem mais é que aproveitar mesmo".
Clube da Melhor Idade
Das quase 85 mil vidas associadas ao Plano Santa Casa Saúde, mais de 30% tem mais 60 anos. Por isso, buscando ampliar as ações de medicina primária com foco na terceira idade, o Plano Santa Casa Saúde está lançando o Clube Santa Saúde da Melhor Idade. Em processo de implantação, o projeto tem a proposta de levar qualidade de vida aos idosos ativos, por meio da atividade física e da sociabilização.
"O idoso precisa ser cuidado e acolhido. Mais que um projeto de saúde, queremos fazer deste um clube de convivência, proporcionando qualidade de vida", explica a fisioterapeuta Juliana.
As aulas de fortalecimento muscular são realizadas por preparadores físicos com acompanhamento de fisioterapeutas. Serão promovidas, além de aulas de condicionamento físico, atividades de promoção à saúde como caminhadas, vôlei adaptado, beach tennis, atividades culturais, dança circular, aula de artesanato, culinária e street dance.
Nova Unidade
O Plano Santa Casa Saúde está ampliando seus serviços, com a abertura da segunda unidade da clínica Santa Saúde Consultas, que deve acontecer até o final de 2019. A nova unidade funcionará em edifício histórico, na Avenida Ana Costa, 290 – no antigo Centro Cultural Português.
Serão 1,5 mil m2, onde o plano reunirá clínicas de especialidades e diagnóstico, concentrando os atendimentos de consultas e exames de cardiologia, ortopedia, otorrinolaringologia, liberação de exames e atendimento em horário estendido, das 6 às 22 horas. O Serviço de Fisioterapia passará a funcionar na nova unidade, com ampliação dos serviços e academia disponível aos pacientes.
Além disso, no local funcionará um laboratório de análises clínicas, com serviços modernos e humanizados, fora do ambiente hospitalar, levando conforto e comodidade aos pacientes. O espaço conta com mais de cem vagas de estacionamento, outro importante diferencial aos usuários.
Com a abertura da nova unidade, diversos serviços e programas serão ampliados na unidade principal, entre eles o Projeto Multi TEA, que engloba atendimento multidisciplinar de pacientes com transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtorno opositor desafiador (TOD).
Materia 2 – Foto 5 – SANTA CASA – Foto: Divulgação Santa Casa de Santos
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ISTOÉ

Nem velho, nem idoso. chame oportunidade

EMPRESAS COMEÇAM A DESPERTAR PARA O POTENCIAL DE NEGÓCIOS POR TRÁS DA GERAÇÃO ACIMA DE 50 ANOS, QUE JÁ RESPONDE POR QUASE METADE DO CONSUMO DO PAÍS, CONCENTRA 54 MILHÕES DE PESSOAS E MOVIMENTA R$ 1,8 TRILHÃO POR ANO
Todo fim de mês, o empresário e executivo Fernando Parrillo, sócio e CEO da Prevent Senior, maior operadora de saúde especializada em clientes da terceira idade no País, se impressiona com os números da companhia. Não apenas com as cifras de faturamento e lucro, mas com a planilha que mostra o perfil dos 451 mil clientes. Em setembro, a empresa superou a marca de 250 pessoas com mais de um século de vida, além de 12 mil beneficiários na faixa etária entre 90 e 100 anos – grupo que, historicamente, é motivo de dor de cabeça para os planos de saúde e que gera os custos mais altos em procedimentos. "Temos uma visão distinta sobre o público de mais idade. Uma pessoa que chega aos 80 anos é saudável, e se busca um plano de saúde é porque quer viver mais e melhor. Queremos tê-la como cliente", afirma Parrillo. "Temos de inverter o conceito. A medicina não deve ser uma ciência voltada só para a cura, mas de prevenção ao surgimento de enfermidades."
Sob a ótica dos negócios, a equação de Parrillo também parece fazer sentido. A Prevent Senior mantém programas de incentivo para aumentar a frequência de consultas e exames, buscando diagnosticar problemas em seus estágios iniciais. Com isso, segundo ele, a companhia tem conseguido reduzir de 30% a 40% as despesas com a cobertura de procedimentos de alta complexidade – e, evidentemente, mais custosos. "Controlar o colesterol é barato. Colocar um stent ( prótese para evitar a obstrução dos vasos sanguíneos) é caro. Por isso, aumentar a atenção à prevenção é o melhor a se fazer."
A estratégia da Prevent Senior, a julgar pelos números, tem garantido a saúde financeira e a sustentabilidade dos negócios. Neste ano, a companhia vai faturar R$ 3,5 bilhões, alta de 17% na comparação com 2018. Mais: um plano de investimento de R$ 500 milhões em dois anos – 80% com recursos próprios e 20% com bancos e investidores – vai aumentar a capacidade de atendimento para 750 mil pes
soas, alta de 66% em relação ao número atual, com a abertura de novas unidades em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santos e São Paulo, além do lançamento de uma operação nos Estados Unidos no ano que vem. "Se estamos conseguindo crescer e rentabilizar, oferecendo planos de saúde pela metade do preço da média da concorrência, é porque existem alternativas de modelos de operação para as empresas do setor", afirma Parrillo. "A ideia é reduzir ainda mais os custos."
Os estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que a população com mais de 50 anos no Brasil crescerá a um ritmo chinês nas próximas décadas, criando um imenso mercado consumidor, que já movimenta R$ 1,8 trilhão por ano e responde por 42% do consumo nacional. A participação de pessoas com mais de 50 anos na sociedade passará dos atuais 25% – com 54 milhões de cidadãos – para 31,1% daqui a dez anos, e 37,4% em 2040. Se hoje o contingente que compõe o chamado "silver economy" ou "grey power" (a força dos grisalhos) já é, comparativamente, maior do que a população da Espanha, o aumento criará novas oportunidades de negócios para as empresas. O economista Marcos Cavalcanti, da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que o fim do bônus demográfico (quando há mais pessoas na ativa do que aposentadas) não representa um ônus demográfico. "Significa que pessoas com mais experiência, patrimônio e capacidade de investimento serão mais representativos dentro da sociedade", afirma.
Neste contexto de maior preocupação com a qualidade de vida da população na maturidade é que têm surgido empresas como o Residencial Santa Cruz, na zona Sul de São Paulo, um abrigo para pessoas idosas, com mensalidades de R$ 9,6 mil, para hospedagem individual, a R$ 18 mil, para suítes para casais. Segundo Priscila Kim, administradora do empreendimento, a demanda está crescendo mês a mês. Atualmente, com 75% dos 72 leitos ocupados, ela projeta alcançar 100% já em 2020. "Temos clientes de 70 a 101 anos, com as mais diversas necessidades. Um dos casais que vivem aqui, o marido sai para trabalhar todos os dias, enquanto a esposa, com Alzheimer, recebe todo o suporte necessário
por nossa equipe com mais de 90 funcionários", diz Priscila. O residencial recebeu investimento de R$ 32 milhões e, neste ano, vai contabilizar receita de R$ 5 milhões.
As oportunidades de negócios surgem também para quem não quer sair de casa – ou não pode pagar por serviços como o do Residencial Santa Cruz. A rede de franquias Home Angels nasceu com a proposta de oferecer serviço de cuidadores com foco em idosos. O sócio-fundador, Artur Hipólito, avalia que o mercado voltado ao público mais maduro tende a se diversificar. "As empresas das áreas de turismo, de saúde, de vestuário e de automóveis, entre muitos outros, estão começando a se atentar para esse grupo", diz. "Grande parte do PIB per capita está nas mãos dos idosos. Meu pai tem 88 anos, é um consumidor ativo e até dirige." Fundada em 2009, em Campinas, no interior paulista, a Home Angels mantém 105 unidades em todo o País, 15 mil clientes e faturamento de R$ 85 milhões neste ano. Cada unidade franqueada, segundo Hipólito, gera receita de R$ 90 mil por mês, oferecendo profissionais qualificados para cuidar de idosos, a um preço médio de R$ 15 por hora. "O tempo de permanência varia. Pode ser de 6 horas, 12 horas, 24 horas, esporadicamente ou diariamente. Tudo depende da necessidade."
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, empresa que tem realizado pesquisas específicas para esse segmento (veja os gráficos), ressalta que o grupo dos 50+ já é o maior mercado consumidor do Brasil e não vai parar de crescer. Se fosse um país, esses consumidores seriam a terceira maior economia da América Latina, atrás apenas do próprio Brasil e do México. "É natural que as empresas do ramo da saúde enxerguem primeiramente as oportunidades porque se trata de demanda até então não atendida. Mas a tendência é de que o rol de empresas e segmentos se diversifique para atender a terceira idade", afirma Meirelles.
Para as empresas explorarem esse nicho será necessária, segundo ele, uma mudança drástica na cultura corporativa. "Nos últimos 20 anos sofremos com a ditadura dos millenials. Todas as empresas queriam desenvolver coisas para jovens. As expressões "velho" e "idoso" ficaram associadas a coisas antigas e defasadas. Isso terá de ser revisto", diz Meirelles. Essa mudança de cultura deve ocorrer logo por razões que o próprio mercado explica. Ele compara a situação atual com a época em que a Classe C emergiu. Não havia nas companhias
departamentos de marketing oriundos dessa classe emergente o que dificultava a criação de estratégias. "Tão logo aquele mercado foi compreendido, passou a ser explorado adequadamente. Se o mercado conseguiu se adequar à Classe C, também o fará com o público 50+. Ninguém rasga dinheiro. Haverá pressão por metas, vendas e resultados. Com isso, as mudanças virão."
Essa mudança já é uma realidade em empresas como a NotreDame Intermédica. De olho no mercado formado por pessoas com 50 anos ou mais, a companhia acaba de lançar um plano de saúde específico para essa faixa etária: o NotreLife 50+. Por enquanto, o produto está disponível apenas em Jundiaí e Sorocaba, no interior de São Paulo, onde a empresa já estruturou unidades de atendimento novas e exclusivas para os beneficiários. O plano marca uma guinada na estratégia de vendas da empresa, antes focada em produtos corporativos. A meta, agora, é seduzir idosos para os planos individuais, com mensalidades a partir de R$ 500. "A inversão da pirâmide etária abre um potencial enorme para se trabalhar com esse público, principalmente porque, quanto mais a idade avança, menor a possibilidade de ter um vínculo empregatício, o que inviabiliza obter um plano corporativo", diz Irlau Machado Filho, presidente do grupo NotreDame Intermédica. "O público mais maduro irá dar sustentabilidade ao produto. Inclusive, vemos oportunidade também de ofertá-lo para os atuais beneficiários que vierem a se aposentar e não tenham mais o vínculo com as empresas."
Na área da saúde e bem-estar, as academias também estão surfando com o envelhecimento da população. Algumas delas, como a Ecofit, já surgiram com foco nesse público. Outras, como Runner e Bio Ritmo, criaram programas específicos para o novo público. A vantagem em relação a empresas de outros segmentos é que as academias não precisam fazer investimentos extras, pois usam os mesmos equipamentos. De acordo com o fundador e diretor da Ecofit, Toni Gandra, a ideia era que o empreendimento pudesse atender todos os membros da família, do neto ao vovô. "Já inauguramos dentro desse conceito de aulas especiais para alunos de até 90 anos", afirma Gandra. Atualmente, a Ecofit tem 4,5 mil alunos, sendo que 12% têm mais de 65 anos. "O objetivo é dobrar esse percentual em quatro anos." Em 2021 e 2022, a empresa vai investir R$ 10 milhões para abrir duas unidades no mesmo conceito.
Da mesma forma que muitos buscam exercitar o corpo, existe quem busca exercitar o cérebro. É o que fazem os alunos com mais de 50 anos que se matricularam no Instituto Supera, escola especializada em estimular a criatividade, a concentração e o raciocínio lógico – ou seja, fazer uma verdadeira ginástica cerebral. Hoje, alunos com mais de 60 anos representam 48% dos matriculados na instituição, segundo o fundador e CEO, Antonio Carlos Guarini Perpétuo, dono da empresa. "O foco inicial eram os jovens, mas o plano de negócios previa a entrada de alunos de todas as faixas etárias, principalmente os mais maduros. O que eu não pude prever era o quão rápido isso iria acontecer. Então, desenvolvemos material específico para eles."
Segundo Perpétuo, desde a fundação, a escola já formou mais de 150 mil alunos. Atualmente tem 35 mil estudantes matriculados em 400 unidades localizadas em todos os estados do País. Pessoas acima dos 40 anos representam 62% do total e a faixa etária acima dos 60 tem crescido, em média, 5% ao ano. O executivo não revela cifras, mas garante
que a empresa está crescendo a um ritmo de 30% ao ano. "No caso dos idosos, não se trata apenas de prevenir doenças que atingem o cérebro, mas também manter a memória ativa, resgatar o convívio social e a autoestima, o que muda a vida em família."
EMPREGO No campo do mercado de trabalho, um dos temas mais sensíveis e desafiadores para a terceira idade, também há investimentos. O trio formado por Ismael Rocha, Mauricio Turra Ponte e Luiz Fernando Garcia criou o hub de empreendedorismo Nextt 49+, especializado em pessoas com mais de 49 anos. "A gente ensina a montar um plano de negócios, a investir e a desenvolver conceitos de produtividade", diz o sócio-fundador Ismael Rocha. "O hub é voltado para auxiliar profissionais em transição de carreira, além de aposentados que desejam empreender."
O segmento é um campo fértil a ser explorado. Das 2,6 milhões de empresas criadas no País no ano de 2018, 34,2% tiveram por trás pessoas acima dos 50 anos, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Mais do que isso, esse grupo representa cerca de 50% da renda bruta familiar e encontra poucos produtos e serviços desenvolvidos para seu perfil.
Para aqueles que preferem o modelo tradicional de emprego foi criada também a Maturi Jobs, agência de empregos digital especializada em profissionais com mais de 50 anos. Os interessados em vagas de emprego se cadastram gratuitamente e as empresas pagam de R$ 129 a R$ 899 por mês, conforme o plano, para ofertarem suas vagas. Segundo o CEO Mórris Litvak, a plataforma tem 100 mil pessoas e 900 empresas cadastradas de todas as partes do Brasil. Desde que o site começou a operar, há quatro anos, foram ofertadas 1,5 mil vagas de emprego e preenchidas 1,2 mil, segundo ele. "A taxa de contratação é muito boa. Só que isso representa apenas 1% da nossa base. Dá para progredir muito ainda."
A maior parte dos cadastrados na Maturi Jobs tem entre 50 e 60 anos. A média é de 58 anos, e apenas 30% estão aposentados. A base, segundo o executivo, é bem qualificada. Cerca de 70% têm curso superior. Além de fazer capacitação e ponte para recolocação de profissionais no mercado, a agência também prepara empresas para receber essas pessoas por meio de um trabalho de integração intergeracional e sensibilização de RH, líderes e gestores. Isso, por conta do preconceito etário que ainda prevalece dentro das corporações. "É perceptível o aumento do interesse. Empresas de todos os portes nos procuram, inclusive multinacionais de diversos segmentos. Eles entenderam o valor da experiência."
SANTA CRUZ
O residencial criado na capital paulista oferece opções de mensalidade entre R$ 9,6 mil e R$ 18 mil. Segundo Priscila Kim, gestora do empreendimento, a ocupação máxima será atingida no ano que vem
NOTRE DAME
A empresa do setor de planos de saúde criou serviço específico para o público mais velho. Para o presidente, Irlau Machado, é hora de atrair o cliente individual
MATURI JOBS
Em quatro anos, a agência de emprego comandada por Mórris Litvak ofereceu 1,5 mil vagas e recolocou 1,2 mil profissionais seniores no mercado de trabalho
HOME ANGELS
O presidente da rede de franquias de cuidadores, Artur Hipólipo, criou um serviço de atendimento por hora. Ele mantém 105 unidades, 15 mil clientes e faturamento de R$ 85 milhões neste ano
ACADEMIA ECOFIT
Idealizada pelo empresário Toni Gandra, a rede elaborou modelo de negócio que atende pessoas de até 90 anos de idade
INSTITUTO SUPERA
Voltado à ginástica cerebral, a escola mantém mais de 35 mil alunos, 48% deles com mais de 60 anos. Segundo o CEO Antonio Carlos Perpétuo, o foco é manter a memória ativa e resgatar o convívio
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