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DESTAQUES
Criação de grupo falso no HDT vai parar na policia
Moradores de Anápolis que viajaram para a Europa e EUA têm suspeita de coronavírus, diz secretaria de Saúde
Goiás tem 14 casos suspeitos de coronavírus, informa Secretaria de Saúde
Goianésia registra primeiro caso de suspeita de coronavírus
ANS anuncia suspensão da comercialização de 14 planos de saúde
Itália é o 1º país a adotar quarentena em todo o território por coronavírus
Artigo – O vício circular dos planos de saúde –
Artigo – 'Paciente que questiona e participa não pode ser considerado chato', diz especialista
O POPULAR
Criação de grupo falso no HDT vai parar na policia
CASO HDT Médicos denunciam à PF grupo falso de WhatsApp
Assunto veio à tona no último dia 27 durante visita do governador Ronaldo Caiado (DEM) à unidade de saúde. Médicos devem depor sobre denúncia de irregularidade em ponto
A criação de um grupo falso num aplicativo de mensagens envolvendo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego-GO), Leonardo Mariano Reis; o deputado federal Zacharias Calil (DEM); o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino Júnior e diversos médicos do Hospital de Doenças Tropicas Dr. Anuar Auad (HDT) gerou denúncias por crime de falsidade ideológica junto à Polícia Civil e à Polícia Federal. O alerta sobre o grupo falso foi dado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) que recebeu prints de mensagens trocadas entre os "participantes".
A história veio à tona no último dia 27, logo após o período de carnaval, quando o governador Ronaldo Caiado fez uma visita ao HDT com o objetivo de tranquilizar os goianos sobre o novo coronavírus. Neste evento ele comentou com o deputado federal Zacharias Calil sobre as mensagens que havia recebido. O parlamentar sempre apoiou o movimento dos médicos da unidade de saúde que desde meados do ano passado vinha denunciando a direção por atos considerados equivocados.
Batizado de "Venceremos", o grupo falso aponta como "administrador" o presidente do Cremego, Leonardo Reis. Nas conversas, os perfis enganosos de médicos vinculados ao HDT dizem que após a "saída" do Instituto Sócrates Guanaes (ISG), a organização social que administra o hospital, vão começar um movimento para articular "a saída do playboy de Brasília", que seria o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino Júnior. "Sempre apoiei os médicos do HDT e meu nome foi citado como se eu quisesse tumultuar o processo. O governador me pediu explicações sobre isso", disse ao POPULAR o deputado federal Zacharias Calil.
O presidente do Cremego preferiu não se manifestar a respeito do assunto. Ele assina a denúncia protocolada junto à Superintendência Regional da Polícia Federal em Goiás no dia 3 deste mês pedindo providências para investigar os responsáveis pela criação do grupo falso. No documento, Leonardo Reis enfatiza que o grupo foi criado sem a autorização e sem o conhecimento dos envolvidos, "com diálogos/conversas que jamais foram produzidas por eles, tratando-se de inegável falsidade". Na sexta-feira, 28 de fevereiro, médicos do HDT registraram boletim de ocorrência sobre o mesmo assunto no 4º Distrito Policial de Goiânia.
Na denúncia à PF, o presidente do Cremego afirma que "é de conhecimento notório a existência de graves divergências entre os médicos do HDT e a Organização Social que administra referido nosocómio, sendo que esta crise está causando inúmeros transtornos aos usuários do serviço de saúde e aos médicos residentes de tal hospital". Pelo menos quatro médicos vinculados ao HDT tiveram os números de celulares incluídos no grupo falso do aplicativo de mensagens.
"A quem interessaria nos difamar dessa forma?", questiona o médico infectologista Boaventura Braz Queiroz, presidente da Comissão de Ética Médica do HDT, onde trabalha há mais de 30 anos. Ele é também o coordenador da residência médica na unidade de saúde. O nome dele aparece no grupo falso como se estivesse articulando a saída do ISG e a queda do titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
À PF, Leonardo Reis manifestou preocupação com "a disseminação de notícias falsas envolvendo o HDT, com o claro intuito de aprofundar e agravar os problemas existentes em tal unidade de saúde". O presidente do Cremego lembra que trata-se de um hospital de referência para tratamento de doenças infecciosas, como o coronavírus (Covid-19), o qual há um "iminente perigo de pandemia da doença".
Em nota, a SES diz que repudia "conduta que não se alinha com a verdade ou que tenta prejudicar qualquer pessoa no âmbito pessoal ou profissional".
Crise tem denúncias de ambos os lados
A crise entre médicos e direção do HDT teve início em agosto do ano passado quando assumiu a gestão pelo ISG o médico Roger Moreira. Em outubro ele anunciou o que chamou de "redimensionamento médico", reduzindo a quantidade de profissionais do corpo clínico na Emergência, na Reanimação e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob alegação de baixa demanda. O HDT, gerido pelo ISG desde 2012, é o hospital referência em Goiás para doenças infectocontagiosas e dermatológicas como Aids, tuberculose e meningite.
A medida levou os profissionais médicos que atendem na unidade a enviar uma carta ao governador Ronaldo Caiado (DEM), ao Cremego, ao Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) e a políticos ligados à área de saúde pedindo a manutenção do antigo modelo de atendimento. O Cremego passou a fiscalizar o HDT para que os requisitos mínimos previstos pelo Conselho Federal de Medicina fossem cumpridos.
Em julho, funcionários do HDT já tinham protestado por melhores condições de trabalho e contra atrasos no pagamento de salários. Em dezembro, pacientes soropositivos para HIV que fazem tratamento no hospital aproveitaram o Dia Mundial de Combate à Aids para denunciar vários problemas na unidade como o desmonte de serviços e a contratação de médicos não especialistas. Na época, o HDT informou em nota que os desligamentos e/ou substituições de colaboradores seguiam "critérios técnicos após rigorosa análise dos gestores imediatos".
No primeiro dia de janeiro deste ano o POPULAR mostrou que num período de 7 meses o HDT não recebeu 464 pacientes encaminhados à unidade pela Central de Regulação Municipal. Dias antes, o Ministério Público Estadual (MP-GO) por meio da promotora de Justiça, Villis Marra, fez uma série de recomendações ao HDT para melhorar as condições de atendimento, entre elas a recontratação de médicos demitidos. A lista do MP-GO, que também foi encaminhada ao secretário Ismael Alexandrino, teve como base denúncias de servidores e de alguns integrantes do corpo clínico do HDT.
No dia 18 de fevereiro último reportagem da TV Anhanguera mostrou que sete médicos preceptores de residência não estariam vinham cumprindo a carga horária no HDT para a qual foram contratados. Denúncia nesse sentido foi feita por Roger Moreira ao MP-GO que abriu inquérito civil público para investigar o fato. Em nota, os médicos denunciados disseram que o ato do diretor do HDT foi uma retaliação pelas denúncias anteriores de desmonte da unidade. Entidades médicas manifestaram apoio aos profissionais envolvidos na denúncia, entre elas o Cremego, que afirmou serem diferenciadas as cargas horárias de preceptores.
Logo após a reportagem da emissora do Grupo Jaime Câmara, 14 médicos que atuavam como preceptores de residência médica no HDT, entre eles os sete denunciados, pediram demissão. No dia seguinte, médicos, internos e residentes deram um abraço simbólico no hospital. Logo em seguida, o titular da SES, Ismael Alexandrino, se reuniu com os profissionais de saúde que concordaram em voltar ao trabalho sob condições, uma delas a instalação de um gabinete de crise e foram atendidos. Foi neste período que apareceu o grupo falso no aplicativo de mensagens.
À frente do gabinete de crise está o titular da SES. Os diretores geral e técnico foram afastados da gestão, embora a OS permaneça no HDT até o próximo chamamento público.
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PORTAL G1
Moradores de Anápolis que viajaram para a Europa e EUA têm suspeita de coronavírus, diz secretaria de Saúde
Após laboratório coletar amostras para exames, pacientes foram encaminhados para isolamento domiciliar. Ao todo, Ministério da Saúde investiga 14 casos em Goiás.
Por Marina Demori e Rafael Oliveira, G1 GO
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A gerente de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis, Milene Garcia, confirmou dois casos suspeitos de coronavírus no município estão em investigação. Os pacientes são um homem de 32 anos, vindo dos Estados Unidos, e uma mulher de 37, recém-chegada da Europa.
Os dois pacientes de Anápolis ficaram hospitalizados entre sexta-feira (6) e esta segunda (9) na rede pública de saúde e foram encaminhados para isolamento domiciliar, com febre e algum sintoma respiratório, sendo tosse, coriza ou espirro. Técnicos do Laboratório de Saúde de Goiás (Lacen) coletaram amostras e a secretaria municipal aguarda o resultado.
De acordo com o Ministério da Saúde, 14 casos estão em investigação, em Goiás, e outros 14 foram descartados. A Secretaria Estadual de Saúde diz em nota que os casos são dos municípios de Anápolis, Goiânia, Goianésia, Silvânia e Vianópolis (veja a nota na íntegra ao final).
Os números divulgados pelas secretarias estaduais e o Ministério da Saúde não são necessariamente iguais, já que os órgãos têm horários e procedimentos distintos para apresentação de seus boletins diários.
Casos só são considerados oficialmente suspeitos depois de o Ministério da Saúde, cumprindo o protocolo, incluir os referidos casos na lista de suspeitos divulgada pelo órgão. No Brasil, houve a confirmação de um paciente com a doença em São Paulo.
Nota da SES-GO
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que não há nenhum caso confirmado de doença pelo novo coronavírus (Covid-19) em Goiás. Há 14 casos suspeitos em investigação no Estado e todos já tiveram material coletado para a realização de exames. Os casos são dos municípios de Anápolis, Goiânia, Goianésia, Silvânia e Vianópolis. Outros 14 casos já foram descartados em Goiás, com resultados de exames negativos para o vírus.
Ressalta-se que os números são dinâmicos e, na medida em que as investigações clínicas e epidemiológicas avançam, os casos são reavaliados, sendo passíveis de reenquadramento na sua classificação.
O Governo de Goiás, por meio da SES-GO, monitora sistematicamente suspeitas de novos casos, seguindo rigorosamente as orientações do Ministério da Saúde (MS) para a identificação de novos registros.
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A REDAÇÃO
Goiás tem 14 casos suspeitos de coronavírus, informa Secretaria de Saúde
Pacientes são de cinco municípios;
Adriana Marinelli
Goiânia – Goiás conta com 14 casos suspeitos de coronavírus e nenhum caso confirmado. A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) no início da noite desta segunda-feira (9/3). Conforme foi informado, todos os pacientes que estão sendo monitorados já tiveram material coletado para a realização de exames.
"Os casos são dos municípios de Anápolis, Goiânia, Goianésia, Silvânia e Vianópolis. Outros 14 casos já foram descartados em Goiás, com resultados de exames negativos para o vírus", informou a pasta.
No Brasil, o número de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) ficou estável em 25, sem novos pacientes infectados em relação a domingo (8). O boletim foi divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (9) em Brasília.
Além dos pacientes confirmados, foram registrados 930 casos suspeitos, um aumento em relação ao total de ontem, quando o Ministério da Saúde contabilizou 663 pessoas nessa situação. Já os pacientes com infecção descartada pelas autoridades de saúde ficaram em 685.
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Goianésia registra primeiro caso de suspeita de coronavírus
Criança está em quarentena domiciliar
Yuri Lopes
Goiânia – O prefeito de Goianésia, Renato de Castro, confirmou nesta segunda-feira (9/3) a existência do primeiro caso de suspeita de coronavírus no município.
Segundo o prefeito, a criança esteve nos Estados Unidos no fim de fevereiro, onde viajou para Orlando e fez escala em Miami e está em quarentena domiciliar.
O coordenador do departamento de vigilância epidemiológica da prefeitura de Goianésia, José Teles, explicou que a criança apresentou sintomas gripais no último domingo (8), com febre, tosse, coriza, irritação na garganta e espirros. Segundo Teles, o Ministério da Saúde já foi comunicado da suspeita de coronavírus em Goianésia.
A criança e os familiares já realizaram os exames e aguardam 72 horas para o resultado. Se der positivo para o coronavírus, a família deverá ficar em quarentena por mais 15 dias.
José Teles disse que já notificou a diretora da escola Luiz César de Siqueira Melo, onde a criança estuda no período vespertino, para que ela comunique os alunos da sala.
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A CRÍTICA
ANS anuncia suspensão da comercialização de 14 planos de saúde
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu temporariamente a venda de 14 planos de saúde de cinco operadoras, em todo o país, devido a reclamações feitas pelos usuários no quarto trimestre de 2019. Esses planos atendem a 62.704 beneficiários que não serão afetados.
A proibição da venda começa a valer no próximo dia 13. Esses planos só poderão voltar a ser comercializados para novos clientes se as operadoras apresentarem melhora durante o período de monitoramento realizado pela ANS.
A medida, divulgada hoje (9), faz parte do Monitoramento da Garantia de Atendimento da agência, que acompanha o desempenho do setor.
Além das suspensões, a ANS também divulgou hoje a lista de planos que poderão voltar a ser comercializados. Nesse ciclo, 28 planos de 11 operadoras tiveram a venda liberada por meio do monitoramento.
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O ESTADO DE S.PAULO
Itália é o 1º país a adotar quarentena em todo o território por coronavírus
Saúde. 'A Itália estará protegida em todo o seu conjunto', disse o premiê, Giuseppe Conte, ao estender a medida que valeria inicialmente só para a região norte; eventos públicos também ficam suspensos até o dia 3. Para secretário brasileiro, decisão foi 'extremamente radical'
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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou ontem a ampliação da quarentena para todo o país, por causa do surto do novo coronavírus (a covid-19). Trata-se do primeiro país a adotar restrições de movimentação em todo o seu território – na China, medida semelhante só foi adotada na província de Wuhan, epicentro do surto.
Um novo decreto do governo italiano exigirá que todas as pessoas que quiserem deixar suas casas demonstrem a necessidade de trabalho, condições de saúde ou outros motivos urgentes. "Não haverá uma 'zona vermelha'. A Itália estará protegida em todo o seu conjunto", disse Conte. Desde o primeiro caso, em Milão, em 21 de fevereiro, o número de infectados não para de crescer. Até ontem, houve 9.172 casos confirmados e 463 mortes, colocando o sistema de saúde sob forte pressão.
No domingo, o premiê anunciou a quarentena obrigatória na Lombardia e 14 províncias. O bloqueio atingia cidades como Milão e Veneza â e tinha previsão de prosseguir até 3 de abril.
Ontem, Conte afirmou que essas medidas já não eram mais suficientes e teriam de ser estendidas a todo o país. "Fiquem em casa. Nosso futuro e o futuro da Itália estão em nossas mãos. E precisamos ser mais responsáveis hoje do que nunca", resumiu, ao se dirigir aos cerca de 60 milhões de italianos que devem ter as atividades limitadas neste mês.
Todas as escolas e universidades, já fechadas em todo o país, permanecerão assim até o dia 3 de abril. Conte disse que quaisquer reuniões públicas, inclusive ao ar livre, serão proibidas e anunciou que todos os eventos esportivos, incluindo partidas de futebol da Série A, se encontram suspensos. A proibição de visitas a presos e de saídas da cadeia provocou motins em pelo menos dez penitenciárias do país no domingo â seis detentos morreram durante as rebeliões.
Apenas no norte, onde valia a restrição anterior, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a permanência de 70 mil a 90 mil brasileiros. Ao Estado, eles relataram ruas vazias e incertezas. "Em Turim, casos se multiplicam rapidamente e hospitais estão superlotados", disse a tradutora Gabriela Mileip, de 30 anos. "Infelizmente, a parcela da população que mais resiste (à quarentena) muitas vezes é justamente a mais frágil, os idosos. Ainda os vemos frequentemente reunidos em lugares fechados como cafés." Especialistas. O isolamento de um país inteiro, porém, é visto com cautela por especialistas. No Brasil, João Gabbardo, secretário executivo do Ministério da Saúde, considerou a medida italiana "extremamente radical". E adiantou que no Brasil não há expectativa de medida semelhante. Ele lembrou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem se colocado "completamente contrário" a uma medida como essa. "Poderia não impedir a transmissão e os efeitos (da quarentena ampliada) poderiam ser tão ou mais maléficos para a população do que a transmissão do vírus." Em entrevista ao Estado, na semana passada, o infectologista David Uip, um dos principais especialistas do País, também se mostrou cético. "Quarentena é uma coisa muito complicada. Na minha opinião, muito discutível. Se você analisar as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) de quarentena, elas são pouco factíveis para países em desenvolvimento. Como você pensa que pode isolar as pessoas em um quarto? Não conhece como funciona uma favela." Os demais países europeus também devem observar com atenção o que vier a ocorrer.
"Estamos vendo na Itália que as autoridades reconheceram o fracasso do isolamento decretado (por áreas) e o vírus vem se propagando", disse Devi Sridhar, diretor do programa de governança de saúde global na Universidade de Edimburgo.
"Você vai observar esta resposta em qualquer país europeu onde as autoridades poderão programar esses bloqueios", disse, antes da ampliação de ontem.
Na Alemanha, onde o governo adotava uma estratégia diferenciada para conter o coronavírus, o ministro da Saúde mudou de tática, insistindo para que grandes eventos sejam anulados ou adiados, mas não estabeleceu uma proibição formal como a imposta no mês passado pela Suíça. Também a Espanha se mostra cética a restrições maiores. Na França, o governo proibiu reuniões com mais de mil pessoas. Escolas foram fechadas em Oise e Haut-Rhin.
1.
Tenho uma viagem marcada para a Itália. O que fazer? Será necessário acompanhar a publicação das novas regras do governo italiano.
Mas, se a viagem não for por trabalho ou saúde, o melhor é adiar.
2.
E o valor da passagem? Segundo os órgãos de defesa do consumidor, deve-se entrar em contato com a companhia aérea. E a empresa deve fazer o ressarcimento em até 30 dias.
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FOLHA DE S.PAULO
Artigo – O vício circular dos planos de saúde
Inibidores, como as coparticipações, os tornam menos atrativos aos saudáveis
No seu modelo de negócio, que produz restrições crescentes para os beneficiários mais vulneráveis, os planos de saúde, segundo reportagem publicada nesta Folha em 29 de novembro último, propõem: a) planos segmentados “só com consultas e exames, por exemplo; b) franquia anual; c) liberdade de reajuste de preços; d) aumentos maiores para idosos; e) retirada rápida de procedimentos obrigatórios; e f) pagamento aos profissionais por resultados.
A lógica dos planos tem sido mais assegurar seus ganhos do que atender bem à clientela, o que os lança numa rota perversa para si e para o público necessitado. Essa questão se deve a dois processos conjugados, conhecidos como “seleção adversa” e “risco moral”.
Os convênios praticam preços altos para bloquear pessoas carentes “que seriam propensas, segundo os gestores, a usar mais o serviço. Calcule o preço médio per capita: arrecadam R$ 210 bilhões por ano, para atender a 45 milhões de beneficiários. ?Mas a média engana!” Então faça um orçamento.
Assim, jovens e saudáveis tendem a não entrar, e idosos e adoentados, que não dispõem da “soberania do consumidor” para negociar valores e até para optar por não entrar, ficam cativos. Daí que a sinistralidade seja maior e os procedimentos, mais caros. Os planos respondem elevando preços, o que aumenta a proporção dos ?dispendiosos? ?e, de novo, os planos majoram preços.
Talvez os planos sonhem em ter apenas clientes jovens e saudáveis. (Seguros de vida também preferem que todos paguem a vida inteira e não morram ?ou que, logo antes de morrer, abandonem o seguro.) Mas produzem o inverso: pessoas com mais de 29 anos são 60% dos beneficiários, contra 50% da população em geral. É este contingente que os planos de saúde prefeririam expulsar, mas que acabam retendo, com mais custos.
Os planos adotam inibidores (similares às franquias dos carros), como as coparticipações, para evitar ?segundo seus gestores? que, à falta de penalidade, os beneficiários venham a ?abusar? do serviço. Mas isso os torna ainda menos atrativos para os saudáveis.
Na outra ponta, os planos pagam pouco para os conveniados ?que, em reação, demandam mais procedimentos para melhorar sua receita, com mais despesas para os planos. E, por fim, os convênios não reembolsam o SUS pelo atendimento a seus clientes (dívida de R$ 1,7 bilhão em janeiro, segundo o próprio SUS).
O contra-argumento de que esses processos “não são bem assim” porque hoje os clientes são majoritariamente empresariais (81%) na verdade explicita a lógica acima, pelo seguinte: a) são os próprios planos que rejeitam e prejudicam clientes não vinculados a pessoas jurídicas; b) expressivos 9 milhões de clientes são individuais; c) os clientes de planos corporativos passam por análise etária e de saúde e sujeitam-se a preços, reajustes e contrapartidas análogos aos individuais; e d) não fosse assim, por que os planos apresentariam, para todos os tipos de clientes, as propostas que abrem este artigo?
Supondo que se adotem suas propostas, os convênios poderão certamente ampliar seus ganhos. Mas à custa de piorar o acesso à saúde dos beneficiários mais idosos e necessitados e tornar sua vida muito mais cara ?a ponto de eles talvez terem que cortar outras despesas para bancar seus tratamentos.
O seguro de vida, por exemplo.
Luiz Guilherme Piva – Economista, mestre (UFMG) e doutor (USP) em ciência política e autor de Ladrilhadores e Semeadores (Editora 34) e A Miséria da Economia e da Política (Manole)
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Artigo – 'Paciente que questiona e participa não pode ser considerado chato', diz especialista
Humanização do atendimento de saúde é tema de Diálogos Transformadores que aborda a expectativa e a experiência de quem tem câncer e outras doenças graves São Paulo
?O que importa para você??. Essa é a pergunta-chave da campanha global ?What Matters to you??, que desloca o foco do atendimento à saúde da doença para o paciente.
Criada pelos médicos norte-americanos Michael Barry e Susan Edgman-Levitan, professores da Harvard Medical School, a campanha faz um jogo de palavras em inglês, ao deixar de perguntar ?What is the Matter?? (Qual é o problema?) para saber o que de fato é importante para quem vai se tratar ou recebe um diagnóstico.
Lançada em 2012, a campanha espalhou-se pelo mundo e também aporta no Brasil. ?É preciso dar voz ao paciente, e não ter a resposta pronta para as escolhas sobre o seu tratamento?, defende Ana Malik, médica coordenadora do FGV Saúde, Centro de Estudos em Planejamento e Gestão da Saúde da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
Buscar entender o que importa para os usuários do sistema, seja público ou privado, pressupõe aumentar a conscientização dos profissionais de saúde sobre questões essenciais nessa relação delicada entre médico e paciente.
?Há uma mudança cultural, em que o que se quer é um paciente ativo, participativo, o que inclui sua família e os acompanhantes?, afirma Ana Merzel Kernkraut, psicóloga, coordenadora do programa de experiência do paciente do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. ?Aquele que questiona não pode ser considerado chato.?
Melhorar a experiência do paciente, em uma nova proposta de atendimento, envolve decisões compartilhadas por parte dos diversos atores: médicos, hospitais, gestores e até fazedores de políticas públicas.
?O atributo mais importante desse atendimento é o engajamento do paciente nas decisões que trazem diferentes consequências. Mas isso não significa fazer tudo o que ele quer?, afirma Malik.
O temor é de que se o médico atender a todos os desejos do paciente, pode piorar sua condição. ?É preciso ter coragem para ouvi-lo e saber o que importa ao longo do tratamento. A questão é: até onde podemos chegar nesse tema??, desafia a especialista.
Ana Malik e Ana Merzel Kernkraut vão debater a questão na 11a edição do "Diálogos Transformadores", que terá como tema "Como melhor atender o paciente: a expectativa e a experiência de quem tem câncer e outras doenças graves?.
O evento multimídia, conduzido pela jornalista Cláudia Colucci, vai acontecer na quarta-feira (11), às 15h, no Teatro Folha, reunindo especialistas, representantes de diversas esferas da saúde e casos inspiradores sobre o tema.
Essa edição é uma correalização da Folha e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), com apoio da Novartis.
?Esse debate é importante para que as pessoas saibam que precisam se fazer ouvir quando estão na cadeira do paciente, participando das escolhas no seu tratamento e da melhoria do sistema de saúde, da mesma forma que participam de decisões em outras áreas de sua vida?, diz Merula Steagall, presidente da Abrale, associação que trabalha para democratizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida de pessoas com doenças hematológicas.
A plateia do evento vai conhecer também o caso de Fernanda Foz, paciente de mielofibrose (câncer no sangue) prestes a receber um transplante de medula óssea pelo SUS. Desde 2010, a funcionária pública aposentada lida com a doença, que demanda exames complexos e transfusões de sangue.
"Certa vez, eu estava com anemia, fraca, precisando de uma transfusão urgente. A enfermeira, que me, conhece disse: ?Venha, vamos dar um jeito?. Se esperasse na fila da transfusão, levaria dias. O lado humano no atendimento faz toda a diferença?, diz Fernanda, sobre a experiência no Hospital Mirante, da Beneficência Portuguesa, onde é atendida pelo plano de saúde.
No Einstein, Ana Kernkraut conta que a experiência do paciente é considerada uma ?jornada?, que vai do telefonema para o call center à pós-alta. ?Envolve o desde o trato com o manobrista, as informações sobre mobilidade dentro do hospital e os tempos de espera. Afinal, não adianta oferecer um atendimento lindo se o paciente passar horas aguardando um leito. Para isso, todo o staff precisa estar engajado?, diz ela.
?O que importa para você?", na visão a psicóloga, é um conceito que vêm facilitando o compromisso com os pacientes. "Podem ser coisas simples: às vezes ele quer caminhar um pouco, tomar um banho de chuveiro, ou não ser incomodado pela manhã?, diz ela.
A ideia é ?customizar? ao máximo o tratamento. Como quando o hospital permitiu que um paciente trouxesse sua cacatua de estimação para o quarto do hospital. ?Entendemos que o benefício para ele seria maior do que o malefício do pássaro para o hospital?, diz ela.
Ana Malik chama atenção para não se confundir experiência do paciente com marketing, diante do risco de utilização do conceito sem que de fato ele seja aplicado em hospitais ou serviços de saúde.
"Não é só vender a ideia de uma experiência 'bonitinha'. Se o paciente fala, ouça. Não cabe mais ao profissional de saúde dizer ?aqui eu é que mando??, diz a professora.
No caso do paciente com câncer, ela cita como exemplo limite dessa nova postura: "Se ele tem seis meses de vida e rejeita a quimioterapia, não há como obrigá-lo?.
Kernkraut, por sua vez, reforça que o paciente é a "barreira de segurança" no tratamento. "Hospitais não são ambientes seguros."
Por isso, prevenir erros de medicação é um dos tópicos do programa Paciente Seguro, dentro do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que trabalha com temas como identificação correta do usuário, comunicação efetiva, cirurgia segura, higiene das mãos e prevenção de quedas e ou lesões. ?É um programa que coloca o paciente como parte do time do cuidado?, resume Malik.
Nem todos os serviços de saúde, contudo, conseguem concretizar esse tipo de estratégia na gestão. Os motivos são conhecidos: condições de trabalho inadequadas, cansaço físico e mental por parte da equipe, falta de preparo dos profissionais da linha de frente, entre outros. Quando se trata de SUS, Malik diz que o problema crítico continua sendo a dificuldade de acesso.
Esse será um dos assuntos também abordados no evento, com a participação do administrador Thomaz Srougi, criador da Startup dr.consulta, que tem como público-alvo os 100 milhões de ?sem-teto? da saúde.
Com 60 clínicas particulares, 97% dos atendimentos do dr.consulta são de casos primários e secundários. ?Tiramos as pessoas das filas do SUS, evitando que evoluam para casos mais graves", diz.
Para Srougi, a boa experiência do paciente começa na rapidez do diagnóstico. "Na saúde, tudo tem de ser rápido. Quando o paciente sabe o que tem e o que vai ter de fazer, isso reduz a angústia?, diz ele.
Os convidados vão debater ainda com o médico oncologista Luiz Henrique Gebrim, diretor do Hospital Pérola Byington, representante da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que vai abordar as iniciativas a favor do paciente na saúde pública.
Diálogos Transformadores: como melhor atender o paciente – Teatro Folha – avenida Higienópolis, 618, Higienópolis, São Paulo, SP. Qua (11): 15h às 18h.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação