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DESTAQUES
Bolsonaro pede que entrem e filmem hospitais para conferir leitos vazios
Demanda por testes de Covid-19 aumenta 5 vezes
Faltam testes de COVID-19 em Goiânia
UFG realiza tests para COVID-19
Casos de coronavírus em Goiás
Mortes superam 40 mil; Bolsonaro contesta números
Prefeitura de Rio Verde (GO) interdita complexo da BRF
Nova regra afeta 7% dos enterros
Medicamentos para entubação estão em falta no mercado
Mulher com coronavírus dá à luz a prematuro
"Velho durão" vence a Covid-19
Cirurgias pediátricas de cardiopatia têm déficit de 50%
A REDAÇÃO
Bolsonaro pede que entrem e filmem hospitais para conferir leitos vazios
Yuri Lopes
Goiânia – Durante a tradicional live transmitida pelo Facebook, o presidente Jair Bolsonaro pediu, nesta quinta-feira (11/6), que seus apoiadores visitem e filmem hospitais de campanha para fiscalizar como estão a oferta de leitos, uma versão atual dos "fiscais do Sarney", como ficaram conhecidos os apoiadores do presidente que checavam o controle dos preços nos supermercados, em 1986.
Presidente Jair Bolsonaro incentiva as pessoas a entrarem em hospitais de campanha e hospitais públicos para filmar e ver “se os leitos tão ocupados ou não”. “Mais gente tem que fazer isso”, disse.
Nosso chefe de Estado pedindo que as pessoas arrisquem a vida.
A justificativa do presidente é a de que é preciso saber se há desperdício de dinheiro público nas unidades. Ele também pediu para que os vídeos sejam enviados para suas redes sociais e disse que o material será selecionado e enviado à Polícia Federal e à Abin.
“Se tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não”, disse.
No dia 5 de maio, deputados estaduais fizeram uma visita surpresa ao Hospital de Campanha do Anhembi, onde filmaram a situação da unidade temporária. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou que vai registrar uma queixa-crime contra os parlamentares.
Mandetta “global”
Na mesma live, Bolsonaro criticou o desempenho do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta e o acusou de inflar dados sobre a covid-19. “Esses números eram fictícios. Ele todo dia estava vendendo o peixe de ‘fique em casa’, ‘não saia’, ‘a curva tem que amansar’, ‘ciência, foco, foco na OMS’. Olha o vexame da OMS aí. Gosto do Mandetta como pessoa, mas ali ele deu uma escorregadinha na questão da pandemia. Deu uma inflada. Ele ficou empolgado pela Globo. Objetivo era vender o pavor”, falou.
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TV ANHANGUERA
Demanda por testes de Covid-19 aumenta 5 vezes
https://globoplay.globo.com/v/8620379/
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Faltam testes de COVID-19 em Goiânia
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=76430800
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UFG realiza tests para COVID-19
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=76430885
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Casos de coronavírus em Goiás
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=76440072
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VALOR ECONÔMICO
Mortes superam 40 mil; Bolsonaro contesta números
Presidente diz que pode ter sido infectado em viagem aos Estados Unidos
O Brasil chegou à marca oficial de 40.919 mortes por covid-19 ontem, de acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde. Em 24 horas foram registrados 1.239 novos óbitos. Os casos confirmados da doença chegaram a 802.828 – mais de 30,4 mil pacientes diagnosticados.
O total de pessoas recuperadas da covid-19 é de 345.595. Outros 416.314 casos estão sob análise.
São Paulo já tem 10.145 mortes pela doença, 283 em 24 horas. O número de casos confirmados no Estado ultrapassam 162,5 mil. Rio de Janeiro teve 225 mortes entre quarta e quinta, chegando a 7.363), com 75,7 mil casos.
Pelos dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa formado por "O Globo", "Extra", G1, "Folha de S.Paulo", UOL e "O Estado de S. Paulo", a partir das atualizações das secretarias estaduais de Saúde, o país chegou a 805.649 contágios confirmados ontem, com 41.058 mortes. Os números são do boletim de 20h. Em 24 horas até aquele horário houve registro de 30.465 novos casos e 1.261 óbitos confirmados pelas secretarias.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em live transmitida pelo Facebook, que pode ter sido infectado pelo novo coronavírus depois de viajar aos EUA com uma comitiva em que mais de 20 pessoas testaram positivo para a covid-19. "Eu acho que eu já fui contaminado, dada a maneira que vim de um avião, dos Estados Unidos. Acho que 23 [pessoas] do avião pegaram [a doença]", disse.
No mês passado, Bolsonaro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os resultados negativos de exames para a detecção da covid-19. Na live ele não mencionou se foi submetido a outros testes ou se teve sintomas da doença. Falou sobre o fato de não ter tomado cloroquina de modo preventivo, a exemplo do que havia feito o presidente americano Donald Trump. Mas voltou a defender o medicamento, que não tem eficácia comprovada.
Apesar de pesquisas científicas mostrarem que o número de casos da covid-19 pode ser até sete vezes maior do que os efetivamente registrados, Bolsonaro voltou a sugerir que há supernotificação do número de mortes. Disse recebido "dezenas de denúncias" de mortes por outras causas atestadas como covid-19.
"Não entendo o que querem ganhar com isso. Talvez os caras estejam aproveitando as pessoas que falecem para ter algum ganho político e colocar a culpa no governo federal", afirmou. Bolsonaro ainda disse que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta apresentava "números fictícios", "vendia o peixe" da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o isolamento social e "exagerava com o objetivo de vender o pavor".
Ele voltou a criticar os governadores que têm optado por não flexibilizar as medidas de isolamento social, já que e os hospitais estariam conseguindo atender à demanda dos pacientes infectados. "Posso estar equivocado, mas ninguém perdeu a vida por falta de respirador ou leito de UTI", declarou.
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Prefeitura de Rio Verde (GO) interdita complexo da BRF
Por decisão da empresa, unidade, que tem vários funcionários contaminados pela covid-19, já estava paralisada
A Prefeitura de Rio Verde (GO) determinou nesta semana a interdição do complexo industrial da BRF localizado no município até 21 de junho. A decisão, publicada em decreto, ocorre em meio ao espalhamento da covid-19 na cidade. A unidade da BRF apresenta diversos casos da doença.
Por decisão da própria empresa, a fábrica já estava com as operações paralisadas desde sexta-feira. Atendendo à orientação da Vigilância Sanitária local, a BRF realizou testes nos mais de 8,5 mil funcionários e terceirizados entre os dias 5 e 7 de junho. Os resultados indicam alta incidência do novo coronavírus.
Entre as justificativas para a suspensão do complexo, a prefeitura cita que, dos testes que já tiveram resultado, 58,6% apresentaram diagnóstico positivo para a covid-19. Quando Rio Verde determinou a suspensão, o resultado de 29% das amostras era conhecido. Portanto, de 8,6 mil funcionários, ao menos 1,4 mil teriam testado positivo.
Em comunicado, a BRF informou que, até o momento, 32% das análises já foram concluídas. De acordo com a companhia, restante será encaminhado a "para outros laboratórios de maior capacidade de processamento, ampliando a quantidade de parceiros nesta frente, a fim de receber de forma conclusiva e completa todos os resultados".
A empresa fará, ainda, testes para a contraprova dos resultados por amostragem. O intuito é aumentar a confiabilidade ao processo. O protocolo de testagem da BRF foi desenvolvido pelo infectologista Esper Kallas, professor da Universidade de São Paulo, pelo Hospital Albert Einstein e pela consultoria McKinsey. No país, a empresa fez testes em cerca de 20 mil funcionários.
O complexo industrial de Rio Verde é um dos mais importantes para a BRF. Lá, a empresa abate frangos, suínos e produz alimentos processados. A unidade é habilitada para exportar para mercados como a China.
Segundo a empresa, todos os funcionários do complexo de Rio Verde se encontram afastados e sem qualquer prejuízo salarial.
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O POPULAR
Nova regra afeta 7% dos enterros
Até o dia 8 de junho, 261 pessoas já haviam sido sepultadas na capital com suspeita ou confirmação do novo coronavírus. Casos obedecem a conjunto de regras para despedida que incluem a vedação de caixões, entre outras normas
O número de sepultamentos feitos em Goiânia nos meses de abril e maio deste ano que seguiram o protocolo do novo coronavírus (Sars-CoV-2) representa 7,38% do total realizado nos cemitérios da capital nesses dois meses. Em abril, foram registrados 1.279 funerais, sendo que 73 eram suspeitos ou confirmados de Covid-19. Em maio, esse registro foi de 1.444, sendo que 128 eram confirmados ou suspeitos para a doença, número 64% maior do que o registrado no mês anterior. Os dados são da Central de Óbitos da capital. Desde o início da pandemia até a última segunda-feira (8), 261 pessoas já haviam sido enterradas nessas condições. No boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) neste mesmo dia, Goiânia contava com 79 mortes confirmadas pela Covid-19.
O administrador do Cemitério Parque, no Setor Gentil Meireles, José de Souza, explica como são os sepultamentos feitos pelo protocolo para mortes, confirmada ou suspeitas, por coronavírus. "Não tem velório. O corpo vem direto do hospital e o caixão é fechado o tempo todo. Além disso, apenas dois membros da família podem participar do momento do sepultamento mantendo a distância apropriada."
Para fazer os enterros dos casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus, os coveiros também precisam tomar cuidados especiais. "Eles vestem macacões apropriados e têm de usar máscaras e luvas de proteção. Nós também delimitamos uma área em volta do jazigo para evitar a circulação de pessoas", diz Souza.
Os velórios e sepultamentos de pessoas que não morreram por conta do novo coronavírus também sofreram restrições. "Só podem participar dez pessoas e elas não podem ficar todas aglomeradas. O caixão pode ficar aberto, mas o velório só pode durar quatro horas", explica.
Dobro do tempo
A longo prazo, se aumentar a demanda, os enterros feitos pelo protocolo poderão gerar uma crise adicional. Os corpos das pessoas enterradas com a suspeita ou confirmação do novo coronavírus nos cemitérios públicos irão demorar dez anos para terem permissão para a retirada. Normalmente, a espera para o procedimento e enterrar outro corpo é de cinco anos. As gavetas ficarão ocupadas o dobro do tempo.
O motivo para a espera prolongada são os invólucros cadavéricos, espécies de sacos onde os corpos das pessoas com suspeita ou confirmação da Covid são colocados. "Quando as pessoas morrem são colocados dentro desses invólucros e depois dentro dos caixões. Eles são feitos de plástico, o que acaba atrasando a decomposição do corpo", explica o gerente da Central de Óbitos e Administração de Cemitérios da Secretaria Municipal de Assistência Social, Divino Evangelista.
Por conta do atraso na decomposição e informações das propriedades do plástico, foi tomada a decisão de aumentar o tempo mínimo para exumação. "Os técnicos fizeram uma avaliação da situação e chegaram à conclusão de que pode ter risco de contaminação", diz o gerente.
Evangelista explica que, caso haja outras gavetas no mesmo jazigo onde a pessoa com Covid-19 foi enterrada, elas terão uso normal. "A maioria dos jazigos tem mais que uma gaveta. Porém, se for o caso de ter só uma e ocorrer uma nova morte em um período inferior a 10 anos, será construída uma gaveta emergencial", finaliza o gerente.
Rio Verde
Quando uma pessoa da mesma família morre na cidade, o normal é que a mesma cova seja reaberta para novo sepultamento. Mesmo que não seja por consequência da infecção do novo coronavírus, quando uma pessoa morre em Rio Verde uma nova cova é aberta para evitar que principalmente os trabalhadores dos cemitérios tenham contato com os gases emitidos pelo corpo humano. "Ainda não se sabe sobre o comportamento do vírus depois que a pessoa morre. Não podemos colocar mais vidas em risco", afirma o diretor geral de cemitérios da cidade, Wendel Carlos Moraes e Silva.
Coveiros passam por treinamento para terem mais segurança
Os coveiros que trabalham nos quatro cemitérios públicos de Goiânia (Santana, Parque, Vale da Paz e Jardim Saudade) estão recebendo desde maio deste ano um treinamento para fazerem o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que estão sendo fornecidos pela Prefeitura.
A necessidade de um treinamento surgiu da observação do gerente da Central de Óbitos e Administração de Cemitérios, Divino Evangelista. "Vimos que apesar de eles terem os equipamentos, eles precisavam saber usá-los corretamente. Por isso, pedi para uma técnica em segurança do trabalho e dois engenheiros de segurança do trabalho da Secretaria Municipal de Administração (Semad) passarem um treinamento para eles", esclarece o gerente.
O treinamento, que é realizado durante o horário de trabalho das três diferentes equipes de plantão nos quatro cemitérios municipais, ainda não tem data para ser finalizado.
"Estamos nos esforçando para sermos rápidos. Nós vamos até o local e explicamos, por exemplo, como devem se vestir e se despir do macacão que usam para fazer os sepultamentos sem se contaminarem", explica Evangelista.
A recepção dos coveiros com a novidade implementada foi boa. "Eles gostaram de receber as orientações e tiraram muitas dúvidas durante o processo. Esse treinamento acaba os ajudando a ter mais segurança na hora de executar o trabalho. Além disso, com o treinamento temos mais tranquilidade para afirmar que a saúde deles está sendo bem cuidada", finaliza o gerente.
Famílias resistem a protocolos
Os protocolos adotados na hora do sepultamento de pessoas com suspeita ou confirmação de infecção por Covid-19 têm sido encarados com resistência por algumas famílias. "Temos alguns casos de família que são resistentes e querem, por exemplo, abrir o caixão", aponta o gerente municipal de Administração de Cemitérios, Divino Evangelista.
O gerente ressalta que os procedimentos são padrões e necessários para a proteção da família da pessoa que morreu. "Entendemos que é dolorido, mas é uma questão de segurança dos familiares e também dos nossos profissionais. Por isso, pedimos que as famílias entendam a necessidade e colaborem para que tudo ocorra da maneira mais correta possível", esclarece Evangelista.
O coveiro Edmar Macêdo de Jesus, que trabalha no Cemitério Santana, no Setor dos Funcionários, há 12 anos, relata que em alguns sepultamentos é necessário até pedir o apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM). "Sabemos que é um momento delicado e evitamos ao máximo, mas têm famílias que não entendem e não respeitam. Aí temos que pedir a presença da GCM", conta.
A dificuldade de seguir o protocolo nos enterros de casos suspeitos e confirmados da Covid-19 acontece desde o início da pandemia. "Eu e o meu parceiro que trabalha comigo temos um combinado de não abrir de jeito nenhum. Por mais que seja difícil e um momento muito delicado, se trata da segurança e saúde de todos nós", enfatiza Jesus.
No momento, cemitérios não estão sobrecarregados
Apesar do acumulado de mortes pela doença e do total de sepultamentos nos cinco primeiros meses de 2020 (6.739) ter sido maior do que no mesmo período de 2019 (5.524), a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e o Sindicato das Empresas Funerárias, Cemitérios e Crematórios de Goiânia e Região Metropolitana (SEFECC-GO) afirmam que o número total de sepultamentos na capital desde o início da pandemia da Covid-19 diminuíram. De acordo com os dados da Central de Óbitos, em março deste ano ocorreram 1.372 sepultamentos em Goiânia. Em 2019, foram 1.433. No mês seguinte, em abril de 2020, foram registrados 1.279. No mesmo mês do ano passado foram 1.373. A tendência só mudou no mês de maio: em 2020 foram registrados 1.444 sepultamentos, enquanto em 2019 foram 1.394.
O gerente da Central de Óbitos e Administração de Cemitérios, Divino Evangelista, explica que no início da pandemia houve uma preocupação com o número de covas, insumos e mão de obra disponível. "Frente a tudo que o País está vivendo, ficamos com medo de ter uma sobrecarga no nosso sistema. Porém, até o momento não foi preciso fazer nenhuma alteração, nem preparar novas covas. Estamos conseguindo lidar com tranquilidade com o número de mortos tanto nos cemitérios públicos, quanto nos privados", esclarece.
O diretor executivo da funerária Paz Universal e vice-presidente do SEFECC-GO, Wanderley Rodrigues, afirma que o setor funerário também esperou um aumento da demanda. "Na verdade tivemos uma redução de mortes nos primeiros meses do ano. Porém, temos uma rede funerária muito bem estrutura. Se repentinamente houver um aumento de 50% na demanda dos serviços, conseguimos absorver tranquilamente", aponta. O vice-presidente do SEFECC-GO acredita que esta queda nas mortes em março e abril se deu por conta do isolamento social. "Acreditamos que o número de mortes violentas e por acidentes diminuiu e mesmo com os registros da Covid-19, isso refletiu na baixa no número de óbitos."
No Complexo Vale do Cerrado, na GO-060, na saída para Trindade, onde fica o único crematório do Estado, também não houve aumento de cremações. "Ano passado estávamos fazendo em torno de 16 cremações por mês e sigo com o mesmo número. Até o momento, apenas cinco pessoas com a Covid-19 foram cremadas aqui", aponta o diretor do local, Guilherme Santana. Porém, de acordo com ele, os sepultamentos de pessoas com a Covid-19 no Cemitério Vale do Cerrado, têm crescido nas últimas semanas. "Já foram enterradas 20 pessoas aqui. Grande parte desses óbitos ocorreu nas duas últimas semanas, depois das flexibilizações. Por isso, estamos nos preparando para que o número de enterros possa começar a crescer", esclarece.
Com avanço de casos, Rio Verde abre novas covas em cemitério
Diante do aumento exponencial do número de pessoas que testaram positivo para a Covid-19 em Rio Verde, no Sudoeste do Estado, dezenas de covas estão sendo abertas no Cemitério São Sebastião. A medida, de acordo com o diretor geral de cemitérios da cidade, Wendel Carlos Moraes e Silva, é tomada porque não existe norma técnica recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ou pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o que deve ser feito nos casos de reabertura de covas para novos sepultamentos. Por isso, o município criou seu próprio protocolo. A prioridade é não reabrir túmulos de quem teve a doença.
Quando uma pessoa da mesma família morre na cidade, o normal é que a mesma cova seja reaberta para novo sepultamento. Mesmo que não seja por consequência da infecção do novo coronavírus, quando uma pessoa morre em Rio Verde uma nova cova é aberta para evitar que principalmente os trabalhadores dos cemitérios tenham contato com os gases emitidos pelo corpo humano. "Ainda não se sabe sobre o comportamento do vírus depois que a pessoa morre. Não podemos colocar mais vidas em risco. Em casos de meningite, por exemplo, os túmulos só podem ser reabertos depois de oito anos. Para evitar uma possível crise, escolhemos deixar o local preparado para o que for necessário."
O diretor explica que a abertura de novas covas é uma precaução que tem sido tomada, especialmente a parir deste mês. Outra medida adotada foi a escolha de quatro profissionais para atuarem especificamente nestes casos. Eles receberam equipamentos de proteção individual da prefeitura e trabalham paramentados para evitar qualquer risco de contágio.
Na cidade, os sepultamentos de pessoas que tiveram a infecção ocorrem apenas no Cemitério São Sebastião. A cidade possui outro cemitério, além de outros três distribuídos nos distritos de Rio Verde. A decisão por sepultar em apenas um deles foi para restringir o contato das equipes com este tipo de cadáver. O diretor ainda acrescenta que, com isso, quer evitar o contágio dos trabalhadores e de suas famílias. Entendemos que manter uma equipe treinada especificamente para esse fim é um dos meios de evitar possíveis novos contágios.
Além disso, ele diz que a cidade mantém os protocolos de não abrir os caixões durante os velórios e limitar o acesso de pessoas às salas de velório a fim de evitar aglomerações.
O POPULAR esteve no cemitério na última quarta-feira (10), dia em que dois idosos foram sepultados. As duas vítimas, com diagnóstico confirmado para Covid-19, eram um homem de 78 anos e uma mulher de 85. Um deles residia em um lar de idosos da cidade onde há outros internos com suspeita de infecção por coronavírus.
Casos
Na atualização dos casos de coronavírus em Rio Verde, divulgada na noite desta quinta-feira (11), o prefeito Paulo do Vale (DEM) informou que 2.229 pessoas testaram positivo para a infecção até agora. Sete pessoas morreram pela doença e 2.138 estão em isolamento. Outras 28 ainda estão internadas e 56 já são consideradas curadas.
O elevado número de positivos está relacionado a uma testagem em massa em indústrias do município nos últimos dias. A cidade tem 7.573 suspeitos que aguardam resultado dos exames, com 38 pessoas internadas em enfermarias públicas e 5 em UTIs do SUS. Outros 11 pacientes estão em enfermarias da rede privada e 10 em UTIs particulares.
Goiás tem mais 475 registros de coronavírus e totaliza 7.696 casos
Com 475 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24 horas, Goiás chegou a 7.696 ontem a (11). Os dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) apontam ainda 32.715 suspeitas em investigação. Outros 16.694 já foram descartados. No total, são 189 óbitos, 1 a mais do que os divulgados na última quarta-feira (10). Apesar disso, O POPULAR já havia revelado que já são pelo menos 204 mortes confirmadas de pacientes contaminados pelo novo coronavírus, de acordo com dados de secretarias municipais. O número de casos deve subir de forma significativa nos próximos dias, pois as confirmações da testagem em massa nas indústrias de Rio Verde ainda não foram incluídas nos dados oficiais SES, que prepara uma força-tarefa para a atualização dos dados.
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Medicamentos para entubação estão em falta no mercado
Hospitais não estão conseguindo adquirir relaxantes musculares usados em leitos de UTI, mas afirmam que ainda há estoque para demanda atual
Médicos e gestores da área da Saúde em Goiás estão em alerta por conta da dificuldade de aquisição de medicamentos sedativos e relaxantes musculares utilizados para a entubação de pacientes com Covid-19. Após enfrentar um aumento significativo nos preços, em comparação ao início da pandemia, as unidades hospitalares simplesmente não encontram mais a medicação no mercado. O problema é nacional e, de acordo com a indústria farmacêutica, se dá pela falta de insumos para a produção.
Goiás ainda não registra falta de sedativos nas unidades hospitalares, mas os estoques estão baixos. Para o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, atualmente, o risco de desabastecimento dos medicamentos essenciais às unidades de terapia intensiva preocupa mais que o quantitativo de leitos de UTI. Mas para ele, apesar de crítica, a situação em Goiás ainda está melhor que em outros Estados onde já há a falta desses produtos.
"O que mais tem preocupado, neste momento, é a falta no Brasil de sedativos e de relaxantes neuromusculares. Isso aí tem sido absolutamente crítico. Além de estar raro, está absurdamente caro. Não que o quantitativo de leitos não nos preocupe, mas esses nós ainda temos uma reserva", afirmou.
Alexandrino explica que gestores estaduais se uniram, por meio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) para comprar as medicações fora do País. "Nós estamos fazendo uma gestão junto a Organização Panamericana da Saúde (Opas) para uma aquisição no exterior, provavelmente no México, Estados Unidos, Canadá e Argentina."
Nos bastidores, a falta de insumos para a fabricação dos medicamentos por parte de indústria é questionada. Havia uma promessa de reajuste para esse tipo de medicação no Congresso Nacional em março desde ano, após anos sem nenhum tipo de aumento, e isso não ocorreu, o que levantou a hipótese de uma pressão política.
Goiânia
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia diz que ainda não há comprometimento do atendimento nas UTIs sob a gestão do município. No entanto, A SMS não consegue efetuar compra há dois meses.
"Temos um estoque, mas em uma quantidade que preocupa, porque o número de casos está subindo e a gente não sabe como as pessoas vão se comportar. Se tivermos nas unidades uma procura maior de pacientes com dificuldade de respirar, que precisarão de um processo de entubação, (a medicação) vai faltar", diz o superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da SMS, Silvio José de Queiroz.
"A gente sempre fez essas compras com uma margem de segurança, que é o que está garantindo o estoque neste momento. Nós vamos pedir emprestado a outras prefeituras e hospitais e tentar minimizar ao máximo essa situação", adianta.
O superintendente explica que o relaxante muscular é fundamental para entubar um paciente com segurança. "O profissional aplica a medicação na veia, relaxa a musculatura e nesse momento introduz o tubo na traqueia do paciente", detalha. O sedativo, por sua vez, é utilizado para manter o corpo sob ventilação mecânica, onde o aparelho faz todo o processo de respiração.
A entubação é o principal recurso para os pacientes graves de Covid. Doentes em situação crítica, com o pulmão bastante afetado pela infecção, chegam a ficar de 10 a 15 dias em utilizando um ventilador mecânico.
Um profissional de saúde do Hospital das Clínica da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), que atua diretamente com pacientes graves com Covid-19 e prefere não ser identificado, diz que vários hospitais da cidade não encontram sedativos, analgésicos e relaxantes musculares para comprar. "Aquele problema que tinha lá atrás, de falta de EPI, não era tão grave como esse agora", alerta.
No caso do HC, ele relata que, com a volta das cirurgias eletivas, o problema vai aumentar. "Mas precisa voltar, muita gente precisa (de cirurgia)."
Assim como os gestores do Estado e do município, o médico diz que o HC não chegou ao ponto de não ter a medicação. No entanto, já teve que "escolher outros medicamentos que talvez não fossem o melhor para aquele momento". "Precisa de um tipo, não encontra e usa outro. Não é que seja prejudicial ao paciente (substituir), mas as vezes não é o ideal", diz.
O profissional destaca ainda o problema do custo quando encontra o produto no mercado." Tem drogas que (o hospital) comprava por R$ 1 a ampola e hoje está R$ 30".
Responsável pela gestão do Hospital de Campanha de Goiânia, o maior dedicado ao enfrentamento da Covid-19 no Estado, a Associação de Gestão Inovação e Resultados em Saúde (Agir) informa que, apesar do problema nacional, não existe desabastecimento em suas unidades. A OS também administra o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol).
"Nos antecipamos ao elaborar planos de contingência para minimizar problemas futuros, como criar fluxos e protocolos específicos entre as equipes técnicas e os almoxarifados de farmácia das unidades, até o estudo de princípios ativos dos medicamentos de maior relevância para a assistência que podem ser substituídos, eventualmente, por outros disponíveis no mercado."
O Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), que também é referência para tratamento da Covid-19 em Goiânia, informou que, diante da falta de medicamentos para anestesia no mercado, "foram definidas condutas específicas no caso de faltarem esses itens, sempre garantindo o bom atendimento e a eficácia no tratamento dos pacientes internados no HMMCC". No entanto, assessoria de imprensa não detalhou quais seriam essas "condutas específicas".
Apesar de não atender casos confirmados ou suspeitos de coronavírus, o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), pelo perfil da unidade, é um dos que mais utiliza sedativos e anestésicos no Estado. Segundo a assessoria, qualquer falta de medicamento, insumos ou outro recurso que possa impactar na assistência ao paciente preocupa. "Alguns medicamentos se encontram em falta no mercado e estamos trabalhando já faz algum tempo em aumento de estoque e com a área clínica, para padronização de substitutivos."
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Mulher com coronavírus dá à luz a prematuro
Em Catalão, no Sul do Estado, uma mulher de 34 anos que precisou fazer uma cesariana às pressas por causa de insuficiência respiratória, um dos sintomas da Covid-19, teve alta do Hospital São Nicolau na última segunda-feira (8). A então gestante, que prefere se manter no anonimato, deu entrada no hospital no dia 15 de maio e seu estado ficou muito grave, o que levou o corpo clínico a optar pela interrupção da gestação. O bebê, que nasceu com 1,4 kg, permanece na UTI Neonatal e não tem a doença.
Giselda Vasconcelos Vieira de Alcântara, obstetra que recebeu a gestante de pouco mais de sete meses, uma auxiliar de serviços gerais, contou que a mulher apresentava tosse, falta de ar e febre. "Quando foi feita a tomografia, vimos que o pulmão já estava muito comprometido." No dia 18 de maio, diante da piora do quadro, foi decidida a cesariana de emergência. "Ela já deixou o centro cirúrgico entubada e foi direto para a UTI."
Ao deixar o hospital, que montou uma UTI específica para pacientes de Covid-19, a mulher estava totalmente curada. No hospital há ainda outros três pacientes internados, entre eles um senhor de 84 anos que vem apresentando excelente evolução em seu quadro de saúde após um mês de internação. A expectativa é que ele deixe a unidade na próxima segunda-feira.
Os médicos do Hospital São Nicolau, que é um estabelecimento privado e mantém convênio com a prefeitura local para atender parturientes, aguardam o bebê, que é do sexo masculino, ganhar mais peso para liberá-lo do hospital. Assim que nasceu, a criança precisou de respirador por 48 horas, mas seu estado de saúde é considerado satisfatório.
A auxiliar de serviços gerais deixou o hospital aplaudida pela equipe técnica, mas pediu para não ser identificada depois de sofrer muito com comentários na cidade sobre seu estado de saúde. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Catalão tinha nesta quarta-feira (10), 81 casos confirmados de Covid-19 e outros 162 suspeitos.
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"Velho durão" vence a Covid-19
Homem passou por dez dias de internação. Belarmino Lemes de Siqueira teve alta do Hospital Municipal (HMAP) livre do novo coronavírus. Família acredita em milagre
Belarmino Lemes de Siqueira nunca gostou de ficar parado, nem mesmo quando deixou de lado a lida na zona rural em Paraúna, município goiano onde viveu, e mais tarde a função de servente de pedreiro na região metropolitana de Goiânia. Teve, sim, alguns apertos relacionados à sua saúde, mas saiu deles ainda com mais coragem para enfrentar a vida. Foi o que aconteceu na última terça-feira (9) quando, aos 94 anos de idade, deixou, sob aplausos da equipe técnica, o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), depois de driblar a Covid-19, doença provocada pelo coronavírus que tende a agravar o estado de saúde de pessoas com mais idade.
Rodeado pela família, na casa onde vive no Parque Ibirapuera, em Aparecida de Goiânia, ele ergue as mãos para os altos, num agradecimento a Deus, quando a nora Lia diz que "ele é um exemplo de superação, um herói para toda a família" por ter sobrevivido à Covid-19, uma doença difícil e ainda tão desconhecida. Um dos filhos, o militar da reserva Agnaldo, conta que o pai colocou marcapasso há cinco anos, mas que sempre foi uma pessoa inquieta de nunca se acomodar num mesmo lugar ou numa mesma situação. "Ele é um velho durão. Venceu a Covid depois de cinco dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e outros cinco na enfermaria".
O ex-agricultor foi internado no dia 31 de maio com sintomas de confusão mental, falta de ar e tosse e com diagnóstico positivo para Covid-19. Durante o tempo em que permaneceu na UTI não precisou de respiração mecânica, apenas o auxílio de oxigênio. Voltou para casa ainda com pneumonia, mas já livre do coronavírus. Viúvo e sob os cuidados dos filhos, das noras, dos genros e dos netos, ele ainda está debilitado e com a voz enfraquecida, mas atento a todos os acontecimentos ao seu redor.
"Esse episódio foi uma lição de vida para todos nós. Já somos uma família muito unida, mas agora ficamos mais. A gente considera que ele sair bem da Covid, aos 94 anos, foi um milagre de Deus. Nunca perdemos a fé. Tínhamos uma crença muito grande de que ele sairia dessa", afirma Agnaldo. "Ele é guerreiro, lutou e venceu a doença", concorda Lia, a nora. Segundo ela, o empenho e o carinho dos profissionais do HMAP fizeram toda a diferença para a recuperação do sogro que ficou emocionado diante da homenagem da equipe no momento da alta hospitalar.
Os colaboradores da unidade, de acordo com o diretor técnico do HMAP, Sérgio Vêncio, ficaram sensibilizados com a cura do idoso, o que se tornou mais um caso emblemático para a história da unidade, inaugurada em dezembro de 2018. No dia 2 deste mês, o casal Alice Santana de Jesus Costa, de 63 anos, e Evilásio Francisco Costa, de 67, deixou junto o hospital, também sob aplausos da equipe, segurando o cartaz com a inscrição "Eu venci a Covid-19".
"A dedicação de todo o grupo tem sido fundamental para a gente conseguir cumprir nosso compromisso com a saúde. Ver o paciente sair daqui sob aplausos nos encoraja a enfrentar todas as dificuldades", enfatiza Sérgio Vêncio. Para os familiares, a recuperação do patriarca, além de uma vitória para quem cuidou dele é, essencialmente, um estímulo para pessoas mais velhas que estão ou que forem acometidas com a doença. "Meu pai ficou todos esses dias no hospital, passou por dificuldades e venceu. Cremos em algo sobrenatural. Isso é mesmo coisa de Deus", comentou o militar da reserva.
Familiares são infectados
O aposentado Belarmino Lemes de Siqueira não foi o único da família a contrair a doença provocada pela última versão do coronavírus. O filho Agnaldo conta que todos estavam cumprindo a quarentena e tomando os cuidados conforme o que foi preconizado pelas autoridades de saúde.
"Estávamos separados, cada família em sua casa", detalha. Há cerca de 20 dias começaram a surgir sintomas em alguns dos parentes. "Fizemos dois encontros em chácaras, todos foram, até meu pai, pode ser que tenha sido isso, não sabemos". O militar da reserva, a mulher Lia, um irmão dele e uma cunhada estão entre os infectados.
Para Agnaldo, o que aconteceu "foi um azar muito grande". Como os irmãos e suas famílias estavam fechados em casa, eles acreditaram que os "encontros nas chácaras não dariam em nada". Fora o pai Belarmino, os quatro mais velhos da família foram os que apresentaram mais sintomas, como calafrio, tosse, febre e dores nas articulações. "Nós não precisamos ficar no hospital. Nos cuidamos em casa mesmo, mas consideramos que houve um grande milagre na família." Entre os que positivaram estão crianças e adolescentes que, conforme o militar da reserva nem pareciam que estavam doentes. "Ficaram totalmente assintomáticas".
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JORNAL OPÇÃO
Cirurgias pediátricas de cardiopatia têm déficit de 50%
Por Marcos Aurélio
Pandemia fez com que reduzisse ainda mais o número de cirurgias cardíacas no País
Esta sexta-feira, 12, também é lembrada por ser o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita. No entanto, neste ano não há muito o que se comemorar, já que, segundo o presidente do Departamento de Cirurgia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), Andrey Monteiro, a situação é de preocupação em função da pandemia do novo coronavirus.
Segundo Monteiro existe um déficit acumulado de cirurgias cardíacas pediátricas não realizadas no país, que já era de 50% antes da pandemia. “Existe um número de cirurgias que é realizado mensalmente e só contempla 50% dos casos. Esse número foi reduzido entre 70% e 80%, em todo o país [com a crise da covid-19]”. A queda ocorreu tanto no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), como na rede privada. O cardiologista imagina que, a curto prazo, o déficit acumulado poderá aumentar ainda mais. “Quanto mais tempo isso [pandemia] durar, maior será o déficit”, conclui.
Protocolos de segurança
De maneira geral, no Brasil, só têm sido feitos casos de urgência, quando há risco iminente. A situação varia de acordo com o porte do hospital, observou Monteiro. No Hospital Pro Criança Cardíaca, instituição médico-social fundada há 23 anos para cuidar da criança cardíaca carente, o atendimento dos pacientes vem sendo mantido, operando-se casos com maior risco de morte e com cuidados redobrados, seguindo todos os protocolos clínicos de segurança, como a testagem do paciente, familiares e equipe médica, destacou Andrey Monteiro. Por ser um hospital pediátrico, não há tanta pressão de adultos internando no local, como ocorre em um hospital geral, por exemplo, que teve de ceder leitos pediátricos para internar adultos, explicou.
O cardiologista admitiu, entretanto, que houve uma redução no movimento de cirurgias cardíacas pediátricas para todos os hospitais, em média entre 70% e 80%. “Uns reduziram menos, outros mais, outros até pararam o movimento cirúrgico. Cada centro tem um cenário”. Segundo o especialista, o déficit é maior nas regiões Norte e Nordeste e menor no Sul e Sudeste brasileiro. Deixou claro, porém, que em relação à queda do movimento de cirurgias pediátricas, a perda ocorreu em todo o país.
Gravidade da situação
Andrey Monteiro afirmou que o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita é um motivo a mais para que a população e os profissionais de saúde compreendam a gravidade da situação para a população infantil. “O problema não é só da rede assistencial. Neste momento, por conta da preocupação em não se contaminar, a verdade é que as pessoas sequer estão buscando tratamento para outros problemas de saúde. As famílias, muitas vezes, não querem levar o paciente para tratamento porque acham que vão se expor”.
Monteiro destacou o número crescente de enfartes registrado dentro das casas, desde o início da pandemia, porque as pessoas sequer procuram o hospital. “Passa a haver uma série de problemas e não só por causa da rede assistencial. Isso também passa pela preocupação das pessoas e, de certa forma, pela desinformação”. É preciso, disse Monteiro, que outros centros pediátricos voltem a operar, priorizando os pacientes mais graves.
A data nacional de conscientização é oportuna para divulgar o número que já era deficitário antes da pandemia, mas também para incentivar os profissionais e os familiares que a assistência tem que continuar e que se deve ir retomando a vida normal com os protocolos clínicos e as cidades mantendo as orientações de segurança, recomendou.
Sequelas
A cardiopatia congênita envolve desde uma apresentação simples, que pode ser notada como um sopro cardíaco, até alterações externas, como a criança ficar arroxeada, com baixa oxigenação no sangue. Essas cardiopatias podem provocar sequelas nas crianças, dependendo do nível de gravidade do caso. Andrey Monteiro esclareceu que o não tratamento no momento adequado aumenta a chance de deixar sequelas mesmo nos pacientes tratados. “Isso vai variar de acordo com o nível da cardiopatia, com o nível de comprometimento do coração, até se o momento em que houve o tratamento foi adequado ou não”. As cardiopatias mais complexas, em casos extremos, têm chance de gerar problemas em outros órgãos além do coração, como pulmão, fígado e rins.
Andrey Monteiro informou que os procedimentos eletivos de baixo risco não têm sido realizados no Hospital Pro Criança Cardíaca. O volume global de cirurgias para pacientes de convênios de planos de saúde foi bastante reduzido desde março, quando teve início o isolamento social decretado para evitar a disseminação da covid-19. Por outro lado, não houve interrupção nas cirurgias efetuadas nas crianças com cardiopatia congênita atendidas pela instituição tradicionalmente, que se mantiveram no volume histórico de quatro procedimentos mensais.
Subnotificação
Apesar de estudos iniciais demonstrarem que as crianças são menos suscetíveis à covid-19, com uma incidência em torno de 4%, acredita-se que há uma subnotificação da doença na população pediátrica, já que a maioria é assintomática ou pouco sintomática.
A diretora médica do Hospital Pro Criança Cardíaca, Isabela Rangel, ressaltou que, recentemente, foi evidenciada uma nova apresentação clínica em crianças e adolescentes associada à covid-19, denominada Síndrome Inflamatória Multissistêmica, com manifestação clínica e alterações laboratoriais similares às observadas na Síndrome de Kawasaki (doença infantil rara que causa inflamação nas paredes de alguns vasos sanguíneos do corpo) ou na Síndrome de Choque Tóxico (complicação rara e potencialmente fatal de certas infecções bacterianas).
O Hospital Pro Criança Cardíaca foi fundado pela cardiologista pediátrica Rosa Célia. No ano passado, a médica recebeu o Prêmio de Personalidade do Ano na Área da Saúde, concedido pela Hospitalar, plataforma que gera negócios e promove o desenvolvimento do setor.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação