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DESTAQUES
Familiares e amigos destacam generosidade de médico vítima da Covid-19
Médico Ciro Ricardo de Castro morre vítima de covid-19
Governo anuncia acordo para produção e acesso de vacina contra covid-19
Alexandrino: "Secretaria está garantindo direitos de profissionais da Saúde"
Ex-diretor do Hospital de Urgências de Goiânia morre de Covid-19
Secretaria Estadual de Saúde alerta para desabastecimento de remédios usados em pacientes graves de Covid-19
Covid: primeira morte no Brasil foi em 12 de março, confirma Ministério da Saúde
Por medo de contrair Covid-19, doentes crônicos têm sofrido em casa
Médico Ciro Ricardo morre devido a complicações da Covid-19
Número de mortes por coronavírus aumenta quase 40% em uma semana em Goiás e chega a 435
O POPULAR
Familiares e amigos destacam generosidade de médico vítima da Covid-19
Quando a noite de sábado (27) chegou a notícia se espalhou como um rastro de pólvora. Em minutos, a morte do médico Ciro Ricardo Pires de Castro, de 75 anos, que não resistiu às complicações da Covid-19, chocou não apenas seus familiares e colegas de profissão, mas pacientes e pessoas que trabalharam com ele. A generosidade e a dedicação, suas aliadas na prática médica, fez do profissional uma das pessoas mais importantes da medicina em Goiás nas últimas décadas.
Por onde passou ele transformou vidas, disse a filha Daniela Azevedo, de 45, ao POPULAR. A frase é referendada pelo bacharel em Direito e acadêmico de medicina Bruno Justiniano, de 32, que decidiu trilhar um novo caminho inspirado pela convivência com Ciro Ricardo. Sou servidor público concursado da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e trabalhei durante anos com ele na diretoria do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Foi olhando a maneira dele trabalhar, sua empatia com o próximo, com seus pacientes, que descobri que era assim que eu queria ser útil ao mundo.
Ao longo dos anos, Bruno se tornou muito próximo de Ciro Ricardo. Uma amizade linda, sincera e cativante. Com ele aprendi sobre cultura, música, arte e apreço pela simplicidade cotidiana. Aprendi também sobre respeito, carinho e afeto.
Este também é o olhar da jornalista Monique Arruda, que trabalhou com o médico no Hugo e não só aprendeu a admirá-lo, como tinha por ele um sentimento filial. Estamos todos de luto. Ele sempre dizia: o paciente é a nossa razão de existir.
Ciro Ricardo esteve dentro do Hugo desde o início da unidade de saúde, em 1991. Ali não só clinicou como também exerceu cargos diretivos em várias ocasiões, deixando o hospital em fevereiro deste ano. Foi a partir de 2012, então secretário de Saúde de Goiás, que o médico Antônio Faleiros passou a conhecer melhor o profissional alçado à condição de diretor geral do Hugo, cuja gestão tinha acabado de passar para uma organização social. Ele fez um trabalho profícuo. Deu credibilidade ao Hugo num momento em que os hospitais públicos estavam desacreditados. Era uma pessoa muito agradável. Uma perda lamentável.
O médico José Joaquim Gomide Neto esteve ao lado de Ciro Ricardo dentro do Hugo por sete anos, como coordenador da Ortopedia. Trabalho no Hugo há 28 anos e nunca tinha visto um diretor com tamanha humanidade. Como profissional, sempre foi uma pessoa firme e terna ao mesmo tempo. Não abria mão de valores muitas vezes esquecidos na classe médica: ética e humanização com os pacientes. Muitas vezes ele nem se identificava para não constranger as pessoas.
Redes sociais
Nas redes sociais a morte do médico repercutiu durante todo o fim de semana. Ciro Ricardo, segundo a filha Daniela, chegou a ficar em casa no início do isolamento social, mas optou por voltar à ativa usando todos os paramentos protocolares. Essa condição foi mostrada pelo filho Ciro Castro no dia 13 de maio numa rede social. Ele mostrou o pai de máscara e viseira e pediu à população que ficasse em casa porque como pai, com 50 anos dedicados à saúde pública, milhares de profissionais de saúde estão na linha de frente nesta batalha.
A filha Daniela contou que o pai sempre foi muito proativo. Em casa, no isolamento, aprendeu a fazer bolo, pão, e lavava roupas e cortinas. Como disse o jovem amigo Bruno Justiniano, Ciro gostava mesmo das coisas simples como ir à feira, dançar com a mulher, a enfermeira Núbia Marisa, de tocar piano, de música, de cultura. Ele lia muito, trocava livros com os amigos e amava antiguidades. A medicina e a família eram as razões da vida dele, disse Monique Arruda. O médico era pai de três filhos e avô de seis netos, os quais apoiava incondicionalmente.
Internação
Daniela disse que o pai ficou internado apenas por quatro dias. Ele estava se sentindo fraco, mas não queria parar de trabalhar. Dez dias antes fez uma radiografia do tórax e estava normal, depois foi piorando e o novo exame mostrou um comprometimento característico de Covid-19. Ele pediu para não fazer hemodiálise, nem ser entubado, porque não queria ser machucado. Meu pai sabia que estava indo embora. Despediu de mim e disse à minha mãe que ela tinha sido uma boa esposa. Trajetória de dedicação
Ciro Ricardo nasceu em Goiânia, filho de um pai militar nordestino e de uma mãe portuguesa. Estudou medicina na Universidade Federal do Paraná e muito jovem foi ser médico no Amazonas, durante a construção da rodovia Transamazônica. Depois, foi para São Miguel do Araguaia, no Norte de Goiás, onde construiu seu próprio hospital. Lá era um médico faz-tudo, de parto à cura de baleados.
A família morava numa casa construída no quintal do hospital, proximidade que garantia aos filhos um contato maior com o pai. Com minha boneca no colo eu ficava sentada esperando ele atender uma fila de gente. Depois ele me atendia e dava injeção na minha boneca, lembra Daniela.
O médico voltou a Goiânia no início dos anos de 1980 e foi trabalhar nos Cais dos Jardins Novo Mundo e Curitiba, unidades que deram visibilidade à prática humanitária, o que o levou ao Hugo. No ano passado, participou em Curitiba do encontro dos colegas de turma para a comemoração dos 50 anos de formatura. Sua grande preocupação era não estar presente nesta celebração. Ele passou um tempo internado depois de ter feito uma biópsia na próstata. O procedimento teve complicações que causaram uma septicemia. O episódio o levou a desacelerar. Nos últimos meses atendia no ambulatório da Unimed.
Homenagem dos Bombeiros
A vivência diária com politraumatizados no Hugo levou o médico a trabalhar juntamente com o Corpo de Bombeiros de Goiás na idealização e implantação do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). Durante 12 anos ele atuou para que o serviço fosse fortalecido e aperfeiçoado. Era um grande parceiro da instituição, reconheceu em nota a corporação.
Ciro Ricardo foi conselheiro e diretor do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) entre 1998 e 2012. No ano passado foi homenageado pela instituição com a comenda Honra ao Mérito Profissional Médico, um reconhecimento ao grande serviço prestado por ele à medicina goiana. O Cremego divulgou nota lamentando a morte do médico, assim como a direção do Hugo e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), por ser apoiador do programa voltado ao acompanhamento da saúde de caminhoneiros.
Neste domingo (28) à tarde, o corpo de Ciro Ricardo foi levado ao cemitério Vale do Cerrado em um carro do Corpo de Bombeiros acompanhado pela família e por vários veículos da corporação. A homenagem contou também com a vigilância da aeronave dos Bombeiros. Ali foi cremado, como era seu desejo. Eternizado em livro
Ao lado de outro goiano, Salomão Rodrigues Filho, Ciro Ricardo foi escolhido para ser um dos 51 profissionais biografados na obra Médicos do Brasil: Histórias de vidas extraordinárias dedicadas à saúde, da historiadora Sônia Maria de Freitas, publicada pelo Museu da Saúde, do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano, lançada em 2016. Ele ficou imensamente feliz com o reconhecimento, lembra Fabrícia Hamu, da Duo Comunicação, que geria a comunicação do Hugo na época.
A jornalista lembra que sempre chamou muito a atenção a dedicação do médico ao Sistema Único de Saúde (SUS). Era um profissional que acreditava numa assistência em saúde pública de qualidade e humanizada. E quando digo humanizada, me refiro ao olho no olho, na calma para ouvir, confortar e acolher cada paciente, na disposição incansável em não permitir que faltassem leitos, medicamentos, equipamentos e, principalmente, uma equipe qualificada e motivada.
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A REDAÇÃO
Médico Ciro Ricardo de Castro morre vítima de covid-19
Lucas Cássio
Goiânia – Ex-diretor do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), o médico Ciro Ricardo Pires de Castro morreu neste sábado (27/6). Ele estava internado no Instituto de Neurologia de Goiânia, no setor Bueno, para tratamento contra o coronavírus.
Ciro foi conselheiro e diretor do Cremego entre 1998 e 2012. Por meio de nota, o Conselho se solidarizou com a família do médico. “Em 2019, ele foi homenageado pelo Cremego com a comenda Honra ao Mérito Profissional Médico, um reconhecimento ao grande serviço prestado à medicina goiana”, relembrou na nota.
Ciro Ricardo Pires de Castro foi também diretor do Hugo por algumas gestões, participou da criação da residência médica da unidade, auxiliou na implantação e coordenou o Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (Siate).
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO) também emitiu nota de pesar pelo falecimento de Ciro. “Era um grande parceiro de nossa instituição. Lamentamos o ocorrido e oferecemos aos familiares nossas condolências, bem como nossos mais estimados préstimos’, diz a nota.
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Governo anuncia acordo para produção e acesso de vacina contra covid-19
O governo federal anunciou neste sábado, 27, acordo de cooperação para desenvolvimento e acesso do Brasil à vacina para covid-19. O acordo, fechado com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca, prevê a compra de lotes da vacina e da transferência de tecnologia. "Se demonstrada eficácia, serão 100 milhões de doses à disposição da população brasileira", afirma o Ministério da Saúde em comunicado sobre a parceria. A pasta está detalhando o acordo em entrevista coletiva à imprensa que ocorre neste sábado.
A vacina é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, sendo uma das mais promissoras no mundo. No Brasil, a tecnologia será desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A implementação do acordo ocorrerá em duas etapas. Na primeira, haverá uma encomenda em que o Brasil assume também os riscos da pesquisa. "Ou seja, será paga pela tecnologia mesmo não tendo os resultados dos ensaios clínicos finais".
E, em uma segunda fase, caso a vacina se mostre eficaz e segura, será ampliada a compra. O ministério explica que, na fase inicial, de risco assumido, serão 30,4 milhões de doses da vacina, no valor total de US$ 127 milhões, incluídos os custos de transferência da tecnologia e do processo produtivo da Fiocruz, estimados em U$ 30 milhões. Os dois lotes a serem disponibilizados à Fiocruz, de 15,2 milhões de doses cada, deverão ser entregues em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
"O governo federal considera que esse risco de pesquisa e produção é necessário devido a urgência pela busca de uma solução efetiva para manutenção da saúde pública e segurança para a retomada do crescimento brasileiro", diz a pasta. Se a vacina for segura e eficaz e tiver o registro no Brasil, serão mais 70 milhões de doses, no valor estimado em US$ 2,30 por dose. "Com o acordo que será firmado, o Brasil se coloca na liderança do desenvolvimento da vacina contra o coronavírus. A iniciativa, assim, não apenas garante que o produto esteja à disposição, mas dará autonomia brasileira na produção", destaca o ministério.
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Alexandrino: "Secretaria está garantindo direitos de profissionais da Saúde"
Goiânia – O secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, afirmou que tem antido diálogo com as Organização Social (OS) que administra o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer) e o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira(Hugol) para garantir o direito dos trabalhadores. O assunto entrou na pauta depois que começaram a circular nas redes sociais informações sobre possíveis demissões em massa dentro de 45 dias.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES), "após diálogo com a organização social que gerencia o Hugol e o Crer, optou-se em não dar continuidade nas modificações contratuais de trabalho que estavam programadas”. Ou seja, de acordo com as negociações, não haverá demissões, e os servidores que hoje prestam serviço serão mantidos.
A SES ainda aponta que em razão da turbulência causada pela pandemia no Estado, é importante haver sinergia na força de trabalho. “A Secretaria reitera que zela pela qualidade e segurança do serviço público prestado aos cidadãos e que acompanha sistematicamente o trabalho desempenhado nas unidades da rede estadual”, diz nota divulgada pela pasta.
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JORNAL OPÇÃO
Ex-diretor do Hospital de Urgências de Goiânia morre de Covid-19
Por Rodrigo Hirose
Ciro Ricardo Pires de Castro, que ingressou no Hugo no início dos anos 1990, faleceu neste sábado, segundo a Secretaria Estadual da Saúde
Faleceu neste sábado, 27, em Goiânia, o médico Ciro Ricardo Pires de Castro, aos 75 anos. Ex-diretor do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), ele foi vítima da Covid-19, conforme nota de pesar publicada pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Ciro Ricardo foi responsável pela implantação do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate), serviço do qual foi coordenador. O médico foi um dos responsáveis pela criação da residência médica no hospital, no qual ingressou em 1991. Também foi conselheiro e diretor do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
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Secretaria Estadual de Saúde alerta para desabastecimento de remédios usados em pacientes graves de Covid-19
Por Fernanda Santos
Nota da SES-GO sucede relatório do Conass que apontou falta de medicamentos do “kit internação” em diversos estados do país. Ibaneis Rocha, coordenador do Fórum de Governadores, solicitou socorro ao governo federal em nome de gestores nacionais
A Secretaria Estadual de Saúde do Estado (SES-GO) chamou atenção para o desabastecimento de medicamentos em unidades públicas, como anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares. A nota emitida pelo órgão estadual sucede publicação de relatório do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que apontou a falta de medicamentos em unidades de saúde de diversos estados no país, muitos utilizados em pacientes graves de Covid-19, internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Matéria publicada pelo Jornal Opção mostrou que, de acordo com o relatório, Alagoas, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Santa Catarina e Sergipe já estão completamente desabastecidos. Os estados com mais itens em falta são Mato Grosso, Ceará, Maranhão, Amapá, Tocantis, Rio Grande do Norte, Roraima, Amazonas, Bahia e Pernambuco. Com a nota divulgada pela SES-GO, Goiás também acende o alerta para a população e pede para que todos tomem os devidos cuidados para prevenção do novo coronavírus, já que o sistema está sobrecarregado.
Em ofício endereçado ao ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, o governador do Distrito Federal e coordenador do Fórum Nacional de Governadores, Ibaneis Rocha, pediu para que o governo federal garantisse o provimento do chamado “kit de intubação”, composto por medicamentos essenciais para pacientes em UTIs, infectados pela Covid-19. O pedido de socorro tem em vista a dificuldade enfrentada pelos estados para adquirir diretamente os fármacos.
Confira nota da SES-GO na íntegra:
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que o desabastecimento de anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares atinge todo o país. A pasta participa da articulação realizada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para aquisição de medicamentos no exterior.
A SES-GO destaca ainda que nenhum paciente atendido pelas unidades de saúde sob gestão da pasta, deixou de receber a assistência necessária e adequada. No entanto, alerta que o sistema de saúde está ficando sobrecarregado, e que toda a sociedade deve se comprometer em manter os cuidados de distanciamento, higiene e uso de máscara.
Segue, em anexo, documento assinado pelo Fórum Nacional de Governadores enviado ao Ministério da Saúde sobre o assunto. O governador Ronaldo Caiado assinou o documento e apoiou a ação.
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Covid: primeira morte no Brasil foi em 12 de março, confirma Ministério da Saúde
Por Fernanda Santos
Segunda vítima morreu no dia 15 seguinte. Antes da revisão do MS o primeiro registro de óbito era dia 16
De acordo com o Ministério da Saúde, a primeira morte causada pelo coronavírus no Brasil ocorreu no dia 12 de março, quatro dias antes da primeira morte registrada. A informação foi confirmada neste sábado, 27, após resultados de exames laboratoriais.
A primeira vítima da doença no país foi uma mulher de São Paulo, de 57 anos. Ela havia sido internada no Hospital Municipal Doutor Carmino Cariccio, na Zona Leste, um dia antes do óbito. Além desta morte, outra também foi incluída nos registros, datada antes do primeiro registro, no dia 15 de março. Ou seja, a doença havia feito duas vítimas antes do primeiro óbito notificado no Brasil.
Como leva tempo para se confirmar e registrar os casos e mortes no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), o Ministério informou que os dados podem ser revistos e corrigidos.
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Por medo de contrair Covid-19, doentes crônicos têm sofrido em casa
Profissionais da saúde alertam que negligência de condições crônicas pode ser mais perigosa do que a Covid-19 e que hospitais podem recebê-los em segurança
Hospital Anis Rassi destinou fluxo de atendimento isolado para pacientes com suspeita de Covid-19 | Foto: Reprodução
Desde o decreto de 17 de março, o enfrentamento do novo coronavírus (Sars-CoV-2) mudou o cotidiano em Goiás. Aglomerações estão proibidas, a higienização dos ambientes é compulsória, máscaras são obrigatórias. Os 100 dias de combate salvaram incontáveis vidas – apenas no domingo em que esta reportagem for publicada serão 1.137 mortes a menos em função do isolamento social, segundo estimativa de pesquisadores da Unicamp –, mas também transmitiram a mensagem de catástrofe iminente.
Não sem razão, afinal, são 1.233.147 casos e 55 mil mortos pela Covid-19 em todo país, segundo a contagem do Ministério da Saúde. Entretanto, quando o medo suplanta a razão, o número de vítimas pode ser ainda maior. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o receio de contrair o Sars-CoV-2 está causando o afastamento dos hospitais de pacientes que necessitam atendimento e acompanhamento rotineiro para o tratamento de doenças crônicas.
Luiz Francisco Teles de Almeida é hipertenso e portador de uma cardiopatia hipertensiva. Em função da pressão arterial alta, seu coração e vasos sanguíneos são sobrecarregados. Ele afirma que, pelo fato de a hipertensão ser um fator de risco para a Covid-19, ele resolveu cancelar suas consultas agendadas. “Eu tenho de ser acompanhado de tempos em tempos e tomar remédios para o coração. Mas, por conta dessa situação toda, fiquei isolado em casa. Achei melhor cancelar uma consulta e não marquei outra, porque o cardiologista atende em um hospital que interna pacientes com coronavírus”, conta Luiz de Almeida.
Entretanto, no final de maio, Luiz de Almeida foi forçado a procurar o cardiologista por sentir fadiga, tonturas e vertigens. “Foi um desmaio que me fez mudar de ideia e ir me consultar. Quando eu disse para o médico que tinha problema no coração, me examinaram e viram que estava completamente descompensado”, ele conta. “Me explicaram que o risco de eu morrer de infarto era muito maior do que de coronavírus se eu não fizesse o acompanhamento”.
Em tempos normais, pré-coronavírus, as doenças cardíacas são responsáveis por 30% dos óbitos registrados no Brasil. Somadas às neoplasias, a proporção chega a praticamente metade de todas as mortes no país. Apenas em 2020, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o número de mortes causadas por doenças cardiovasculares já ultrapassa 190 mil.
Por isso, profissionais da saúde temem o afastamento de pacientes crônicos dos consultórios médicos. Bárbara Teodoro, médica e diretora técnica do Hospital Santa Bárbara, afirma: “Muitos pacientes crônicos têm chegado agonizando. Apendicites, derrames, acidentes e infartos não deixaram de acontecer, eles só deixaram de vir ao hospital. As pessoas estão escolhendo ficar em casa passando mal e isso não é solução para a pandemia, apenas piora o quadro do próprio paciente”.
A negligência no acompanhamento de condições crônicas, como cardiopatias, faz com que o quadro clínico se agrave pela demora na assistência, segundo Humberto Graner Moreira, médico cardiologista, membro do corpo clínico e coordenador da UTI Cardiológica do Hospital Anis Rassi. Este agravamento do quadro clínico amplia o tempo de tratamento, onera seu custo e pode até inviabilizar a chance de cura.
Humberto Graner Moreira afirma que a observação do fenômeno da piora dos quadros crônicos começou em países como a Itália, Reino Unido, França e Espanha. “Em março e abril foram publicados os primeiros relatos de agravamento de condições crônicas na literatura nesses países europeus que atravessavam o lockdown. Agora, estamos vendo o mesmo acontecer no Brasil”, diz o cardiologista.
No Hospital Anis Rassi, onde Humberto Graner Moreira coordena a UTI Cardiológica, a equipe observou pacientes frequentes desaparecerem. “Quem deveria fazer suas consultas periodicamente tem ficado em casa por receio de se contaminar. Para estas pessoas, o risco que a descompensação de doenças cardiovasculares oferece é muito maior do que o risco da Covid-19”, diz o médico.
Ignorar sintomas, simplesmente esperando que eles desapareçam, pode ser uma atitude que causa danos a todo o corpo, segundo Humberto Graner Moreira. “As consequências são sistêmicas”, diz o cardiologista. “A demora no atendimento de uma condição cardíaca pode ocasionar problemas pulmonares, renais, pouca oxigenação cerebral”. O problema fica ainda mais complexo quando se trata de neoplasias, pois, segundo Humberto Graner Moreira, o diagnóstico precoce de câncer é o principal fator de sucesso no tratamento.
Além de a ameaça oferecida por condições crônicas não tratadas ser proporcionalmente maior do que a ameaça da Covid-19, profissionais da saúde se prepararam para atender pacientes com segurança. Bárbara Teodoro afirma que o hospital que dirige tem fluxos isolados para os pacientes de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e demais pacientes. “Fizemos duas recepções separadas para a entrada de quem tem suspeita de Covid-19 e quem não tem. Além disso, adotamos todos os equipamentos de proteção e protocolos de segurança. Os riscos de contágio no ambiente hospitalar são mínimos”, diz.
No Hospital Anis Rassi, o fluxo de atendimento foi organizado de forma que as pessoas com suspeita de Covid-19 não tenham contato com outros pacientes, desde a recepção até a alta. Humberto Graner Moreira afirma: “Os hospitais se prepararam desde o começo para enfrentar a Covid-19 sem negligenciar as outras doenças. O paciente pode se sentir seguro no hospital. Não ignore os sintomas, pois agir rápido pode fazer toda diferença.”
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) publicou no dia 20 de abril novas orientações para a realização de atendimentos eletivos (que não são urgentes) com segurança. Além do uso de Equipamentos de Proteção Individual pelos profissionais da saúde, o documento determina que consultórios e hospitais devem distribuir máscaras cirúrgicas a todos os pacientes e acompanhantes, independentemente de apresentarem sintomas respiratórios. Nas salas de espera, a distância mínima de dois metros deve ser mantida. Os atendimentos devem ser agendados com intervalos mínimos de 30 minutos para evitar o contato entre os pacientes e possibilitar a correta higienização e desinfecção do espaço.
Leonardo Mariano Reis, médico oftalmologista e presidente do Cremego, afirma que os médicos goianos têm relatado ao conselho a situação de medo dos pacientes e a queda no número de consultas para acompanhamento de condições crônicas. “Infelizmente, quem sai de casa hoje está sujeito à contaminação. Em Goiânia, o número de casos explodiu e tanto o sistema privado quanto o sistema público de saúde estão no limite de suas capacidades. Ir a um local onde se concentram infectados com coronavírus não agrada as pessoas. Com razão, elas devem evitar qualquer aglomeração. Mas atendimentos de saúde são essenciais e inevitáveis. Até por isso, é importante seguir as recomendações de segurança”, afirma Leonardo Mariano Reis.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Médico Ciro Ricardo morre devido a complicações da Covid-19
O ex-diretor geral do Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo), Dr. Ciro Ricardo, de 81 anos, morreu no último sábado (27/6) em decorrência da Covid-19. O médico estava internado há alguns dias para tratar a doença, infelizmente ele não resistiu e veio à óbito.
A morte do médico que era querido por todos que o conheceram, e pelo trabalho que desenvolveu como diretor do Hugo, gerou diversas manifestações por parte de amigos e conhecidos em suas redes sociais.
Ciro Ricardo também chegou a dirigir o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego). O conselho emitiu uma nota de pesar, na qual lamenta a morte do médico e ex-diretor da instituição.
Confira a nota publicada pelo Cremego em suas redes sociais lamentando a morte do médico Ciro Ricardo:
Com imenso pesar, o Cremego comunica o falecimento do médico Ciro Ricardo Pires de Castro (CRM/GO 1.114). Em 2019, ele foi homenageado pelo Cremego com a comenda Honra ao Mérito Profissional Médico, um reconhecimento ao grande serviço prestado à medicina goiana.
Conselheiro e diretor do Cremego entre 1998 e 2012, Ciro Ricardo Pires de Castro foi também diretor do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) por algumas gestões, participou da criação da residência médica da unidade, auxiliou na implantação e coordenou o Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (Siate).
O Cremego se solidariza com a família, os amigos e os médicos goianos neste momento de dor.
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PORTAL G1
Número de mortes por coronavírus aumenta quase 40% em uma semana em Goiás e chega a 435
Estado tem 22.012 casos confirmados e outros 56.158 suspeitos.
Por Vitor Santana, G1 GO
O número de mortes por coronavírus aumentou 39,8% em uma semana em Goiás. O estado tem, até este domingo (28), 22.012 casos confirmados e 435 mortes. Outros 56.158 registros são considerados suspeitos.
Na última segunda-feira (22), o estado tinha 311 mortes. Já o número de casos confirmados era de 16.712.
Das 145 UTIs adultas na rede estadual, 118 estão ocupadas. Já das 13 pediátricas, quatro estão com pacientes.
Dos 246 municípios goianos, 205 registram casos confirmados de coronavírus. Apenas cinco cidades não têm nenhum caso suspeito sequer, de acordo com os dados divulgados pelo painel da Covid-19.
Evolução dos casos
No dia 12 de março, o governo informou o registro dos três primeiros casos de Covid-19 em Goiás;
Um mês depois, no dia 11 de abril, já eram 209 casos e dez mortes;
Em menos de um mês, no dia 6 de maio, Goiás ultrapassou os 1 mil casos confirmados e atingiu 45 óbitos;
Em 1º de junho, o estado saltou para 3.874 confirmados e 127 mortes;
Goiás ultrapassou os 10 mil casos de Covid-19 no dia 15 de junho após aumento de 26% nos casos em 24 horas;
De 15 a 18 de junho, foram registrados, em média, 1 mil casos por dia;
Goiás ultrapassou 300 mortes pelo coronavírus em 21 de junho.
Três dias depois, em 24 de junho, o estado registrou o maior número de mortes no período de 24 horas, desde o início da pandemia, com 34 notificações.
Em 26 de junho, Goiás ultrapassou 400 mortos pelo coronavírus.
No dia 28 de junho, o total de casos confirmados ultrapassou os 22 mil.
Reabertura do comércio
No dia 20 de abril, o governo estadual publicou um decreto permitindo o retorno de atividades religiosas, salões de beleza e indústrias. Na mesma semana, várias cidades também autorizaram a reabertura de diversos setores do comércio.
No dia 9 de maio, Goiás chegou ao último lugar no ranking que mede o isolamento social. Diante disso, o governador Ronaldo Caiado chegou a cogitar um decreto que fechasse novamente o comércio em geral, mas desistiu diante da falta de apoio.
Em Goiânia, o comércio varejista e os shoppings reabriram no dia 26
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação