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DESTAQUES
Plano de saúde empresarial com coparticipação cresce na pandemia
Anvisa aprova retomada do estudo da vacina contra Covid-19 da Universidade de Oxford
Mortes por covid-19 passam de 131,6 mil
Médico estrangeiro é dispensado de proficiência no idioma
Entidades médicas chamam atenção para prevenção da sepse
Pandemia amplia drama de quem aguarda transplante
Covid-19: Goiás registra 76 mortes e 1,7 mil casos nas últimas 24 horas
Reunião com mais de 10 pessoas configura aglomeração, diz decreto em Goiânia
Breno Leite é personalidade ímpar que foi de tratador a paciente da Covid-19
O GLOBO
Plano de saúde empresarial com coparticipação cresce na pandemia
De janeiro a julho, só 13% das companhias mudaram a assistência médica dos empregados, mas 44% das que alteraram passaram a cobrar parte dos atendimentos
Luciana Casemiro
RIO – A maioria dos usuários de planos de saúde no Brasil, 67%, está em contratos empresariais. Como maiores financiadores do setor, as companhias empregadoras acabam ditando os rumos da saúde suplementar.
Este ano, a pandemia freou as mudanças nos contratos de assistência médica das empresas. Apenas 13% implementaram alterações, de janeiro a julho. Outros 8% pretendem fazer mudanças nos próximos seis ou 12 meses.
Cenário bem diferente do registrado de janeiro a junho de 2019, quando 94% das companhias fizeram modificações na assistência médica de seus empregados.
Nesse período de pandemia, no entanto, foi reforçada a tendência de cobrança de coparticipação dos empregados – isto é, o pagamento de um percentual do valor do procedimento pelo usuário.
A medida passou a ser adotada por 44% das empresas que alteraram seus contratos nesse período, de olho na redução de custos.
Revolução sem volta
Os dados são de uma pesquisa da Mercer Marsh Benefícios, com 324 empresas, sendo 78% com mais de três mil funcionários. O levantamento também mostra que o distanciamento exigido pelo coronavírus acelerou a adoção de serviços ligados à tecnologia.
De janeiro a julho, 54% das empresas adotaram a telemedicina, 40% passaram a oferecer terapia on-line e 61% disponibilizaram atividades físicas a distância.
– Esses novos benefícios devem se manter após a pandemia, pois ampliam o acesso do empregado ao serviço, reduzem custo e facilitam a gestão de saúde – explica Mariana Dias Lucon, diretora de Produtos e Consultoria da Mercer Marsh Benefícios.
Segundo Jean Schulz, sócio-fundador da Mobile Saúde, que desenvolve tecnologias para telemedicina e autoatendimento para cem planos de saúde, com 7,5 milhões de usuários, houve um aumento de 150% na demanda das empresas por sistemas on-line e de teleconsulta no primeiro semestre:
– No primeiro mês da pandemia, foram feitos 600 atendimentos via telemedicina. Em agosto, foram 20 mil. A pandemia deu o empurrão que faltava para a adoção dessa tecnologia.
Clareza na coparticipação
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os números de atendimentos por telemedicina ainda não são significativos: de abril a junho, foram feitas 16 milhões de consultas médicas. Deste total, 59 mil a distância.
– A telemedicina ainda está engatinhando, mas é muito difícil quando damos um passo à frente em direção à tecnologia voltar para trás. Mas esse serviço tem que ser visto como mais uma opção, não uma substituição – diz César Serra, diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, que acrescenta: – As inovações sempre começam pelos planos empresariais e acabam se disseminando por outros tipos de contrato.
Na avaliação da advogada Ana Carolina Navarrete, coordenadora do setor de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o benefício da telemedicina para o usuário do plano de saúde depende do modelo adotado:
– Pode ser interessante para gestão e orientação do usuário. A incerteza é quanto à qualidade do atendimento a distância, e a preocupação de que a telemedicina seja usada como entrave ao acesso à consulta presencial ou à rede credenciada do plano.
Se a telemedicina pode ter efeito positivo, Ana Carolina considera que a coparticipação é sempre prejudicial aos beneficiários:
– Estudos apontam que coparticipação e franquia são um entrave ao atendimento. Além disso, o barateamento obtido com esses mecanismos normalmente não são repassados ao trabalhador, ficam com o empregador, que é o contratante do plano.
Mais poder ao empregado
Serra discorda da advogada. Segundo ele, no mundo inteiro a coparticipação é usada para evitar desperdícios e reduzir o custo do plano de saúde. No Brasil, 54,8% de todos os usuários de planos de saúde, entre individuais, coletivos por adesão e empresariais, já pagam coparticipação ou franquia. Há dez anos, eram 31% do total.
– Diante da pressão da inflação médica sobre as empresas, a adoção da coparticipação é uma forma de redução imediata do custo. Como o custeio do plano é rateado por todos, essa redução também chega ao empregado.
Plano de saúde:STJ nega rescisão automática de contrato por inadimplência e determina pagamento de parcelas atrasadas
O ponto-chave é que o beneficiário não pode ser surpreendido, ele tem que saber como funciona, quanto pagará. Cobranças desproporcionais devem ser denunciadas à ANS – explica o diretor da agência.
Um terço das empresas ouvidas pela Mercer Marsh Benefício disseram ainda que pretendem adotar benefícios flexíveis. Isto é, será apresentado ao empregado uma cesta de produtos, entre plano de saúde, seguro de vida, academia e cursos, e ele escolherá os benefícios que deseja.
Na avaliação de Martha Oliveira, diretora executiva da consultoria Designing Saúde, esse movimento dará mais poder ao empregado:
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REUTERS
Anvisa aprova retomada do estudo da vacina contra Covid-19 da Universidade de Oxford
(Reuters) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no sábado a retomada dos estudos no Brasil da candidata a vacina contra o coronavírus que está sendo desenvolvida em conjunto pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford.
Na véspera, AstraZeneca divulgou que retomou os testes clínicos no Reino Unido para a sua candidata a vacina contra o coronavírus, após receber autorização da autoridade sanitária britânica.
No dia 6 de setembro, segundo a empresa, o processo de revisão padrão desencadeou uma pausa voluntária na vacinação em todos os testes globais para permitir a revisão dos dados de segurança por comitês independentes e reguladores internacionais.
A Anvisa afirmou que especialistas da agência se reuniram na tarde de sábado para avaliar a retomada do estudo após informações recebidas da agência reguladora britânica (Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency – MHRA), do Comitê Independente de Segurança do estudo clínico e da AstraZeneca.
'Após avaliar os dados do evento adverso, sua causalidade e o conjunto de dados de segurança gerados no estudo, a Agência concluiu que a relação benefício/risco se mantém favorável e, por isso, o estudo poderá ser retomado', afirmou a Anvisa.
A agência ressaltou que continuará acompanhando todos os eventos adversos observados durante o estudo e, caso seja identificada qualquer situação grave com voluntários brasileiros, irá tomar as medidas cabíveis para garantir a segurança dos participantes.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que está coordenado a pesquisa no Brasil, disse que o estudo no país, que envolve 5 mil participantes, também deve ser retomado, logo após liberação da Anvisa e do Comitê Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). Até o momento, 4.600 voluntários já foram recrutados e vacinados, sem registro de intercorrências graves de saúde.
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford é tida pelo governo brasileiro como uma das principais apostas para a imunização contra o Covid-19 no país.
Por meio do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o governo assinou um memorando de entendimento com a AstraZeneca que prevê a compra de 30 milhões de doses da vacina, com entrega em dezembro deste ano e janeiro do ano que vem, e a possibilidade de aquisição de mais 70 milhões se a vacina tiver eficácia e segurança comprovadas.
Além disso, o acordo inicial prevê a transferência da tecnologia desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca para produção na Fiocruz, com previsão do ministério de início ainda no primeiro semestre de 2021 –que foi colocada em dúvida por especialistas ouvidos pelas Reuters em razão da complexidade do processo de transferência de tecnologia.
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CORREIO BRAZILIENSE
Mortes por covid-19 passam de 131,6 mil
O Brasil registrou, ontem, mais 14.768 casos do novo coronavírus e mais 415 mortes pela covid-19. Os dados são do Ministério da Saúde, que já contabiliza, desde o início da pandemia, 4.330.455 pessoas infectadas e 131.625 vidas interrompidas na luta contra a doença. Por outro lado, o país já tem ao menos 3.573.958 recuperados da enfermidade.
Com os números, a média móvel de mortes pela covid-19 dos últimos sete dias apresenta uma tendência de queda. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com os indicadores atuais, o cálculo está em 711 fatalidades por dia (diminuição de 14% em relação à média dos sete dias anteriores). A média móvel de casos também está caindo, com 27.562 registros diários, uma baixa de quase 30% em comparação com o índice observado há uma semana.
São Paulo continua como a unidade da Federação com as estatísticas mais altas da pandemia, responsável por quase 21% dos casos confirmados e aproximadamente 25% dos óbitos pela enfermidade em todo o Brasil. Pelo balanço mais recente do Ministério da Saúde, 892.257 pessoas no estado já foram infectadas pelo novo coronavírus, enquanto 32.606 morreram por covid-19.
Na região Sudeste, o Ministério da Saúde já confirmou 1.506.559 casos de infecção pelo novo coronavírus, além de 59.218 mortes. O Rio de Janeiro conta com 242.491 pessoas infectadas e 16.990 óbitos. Em Minas Gerais são 252.263 infectados e 6.276 mortos. Já o Espírito Santo tem 119.548 ocorrências de covid-19 e 3.346 mortes.
A segunda região com a maior quantidade de casos confirmados e de casos fatais é o Nordeste, que registra ao menos 1.230.941 ocorrências da doença e 36.938 mortos pelo novo coronavírus. Na sequência, aparece a região Norte, com 580.211 pessoas infectadas e 14.216 óbitos.
A região Sul, de acordo com os números do Ministério da Saúde, chegou às marcas de 508.819 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e de 10.407 óbitos. Por fim, no Centro-Oeste são pelo menos 503.925 casos confirmados e 10.846 mortes. Pelo levantamento da pasta, o Distrito Federal tem, no mínimo, 176.837 pessoas diagnosticadas com covid-19 e 2.899 mortos pela doença.
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O HOJE
Médico estrangeiro é dispensado de proficiência no idioma
A 8ª Turma do TRF1 reconheceu o direito de um médico estrangeiro se inscrever no Conselho Federal de Medicina (CFM). O órgão de classe da categoria havia negado o registro ao profissional por este não ter apresentado o Certificado de Proficiência em língua portuguesa. Em seu recurso contra a sentença, do Juízo Federal da 1ª Vara Federal do Tocantins, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Tocantins sustentou que, conforme a Resolução nº 1.831/2008 do CFM, o médico estrangeiro necessita apresentar o referido certificado para a concessão do registro.
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AGÊNCIA BRASIL
Entidades médicas chamam atenção para prevenção da sepse
Entidades médicas chamam atenção para prevenção da sepse Este domingo é o dia mundial da doença
Hoje (13) é comemorado o Dia Mundial da Sepse. Neste ano, mais uma vez a data é objeto de ações de entidades da área de saúde para chamar a atenção da população para a doença e divulgar informações visando conscientizar os cidadãos sobre as medidas necessárias para garantir a prevenção.
A iniciativa é promovida por diversas entidades envolvidas na pesquisa e discussão sobre o tema, como o Instituto Latino-americano de Sepse, o Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Infectologia.
Sepse é o nome técnico para infecção generalizada. Isso ocorre quando o corpo não responde a uma infecção em um órgão e ela se espalha, podendo levar à morte. Ela pode ser causada por diversos agentes, como parasitas, fungos, bactérias, vírus ou protozoários.
A sepse mata por ano 240 mil pessoas no Brasil. Qualquer pessoa pode contrair, mas o risco é maior em bebês prematuros, idosos acima de 65 anos, com doenças como câncer, insuficiência cardíaca e diabetes.
Essa complicação também ocorre em pacientes em hospitais sendo medicados com antibióticos ou com cateteres ou sondas. O diagnóstico da doença consiste no mapeamento de eventuais infecções no corpo do paciente.
O tratamento é feito mediante aplicação de antibióticos. Caso haja complicação outros métodos podem ser empregados, como aparelho de respiração se a infecção gerar dificuldade respiratória.
A prevenção envolve a manutenção da vacinação de crianças, higienização das mãos e protocolos de cuidados nos hospitais para evitar a contaminação de equipamentos e insumos que possam levar à infecção.
Mais informações sobre a doença e as ações de prevenção e combate a ela podem ser obtidas no site criado pelo Instituto Latino-americano de Sepse com números, documentos e depoimentos de pessoas.
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FOLHA DE S.PAULO
Pandemia amplia drama de quem aguarda transplante
Procedimentos no país caíram 61% e mortes de pacientes na fila de espera cresceram 44,5% entre abril e junho
Mariana Freire
O Brasil realizou, entre abril e junho deste ano, menos da metade dos transplantes de órgãos e tecidos do início do ano. Com a diminuição de 61% dos procedimentos, cresceram 44,5% as mortes de pacientes cadastrados na fila de espera entre os dois períodos em todo o país.
Os números levaram a Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) a projetar no ano uma queda de doações e transplantes nunca vista – em contraste ao cenário promissor que se apresentava até então. Na conta, estão os procedimentos de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim, córnea e medula.
Quando comparados o primeiro semestre de 2020 e o de 2019, a diminuição no total de transplantes foi de 32%, e o aumento de mortes foi de 34%. Se o país seguir nesse ritmo, o ano pode trazer queda de 20,5% nos procedimentos, o que faria o país regredir à marca de nove anos atrás.
O número de doadores efetivos – que exames detectaram morte encefálica, a família autorizou a doação e os órgãos são viáveis – também teve baixa relevante. Atualmente, o indicador é de 15,8 doadores por milhão de população (PMP). O número é 6,5% menor que a marca de junho de 2019 (16,9 doações PMP).
A taxa idealizada pela ABTO para o ano é de 20 doadores PMP e esteve perto de ser alcançada no primeiro trimestre, quando o país teve 18,4 doadores PMP A Covid-19, que ganhou força no país no segundo trimestre do ano, é o motivo das quedas abruptas.
A pandemia causou descarte de órgãos infectados, aumento da negação familiar para que os entes fossem sepultados rapidamente, contraindicação para a realização do procedimento nos casos em que o receptor pudesse esperar com tratamentos paliativos e até falta de logística aérea para que órgãos viajassem para outras cidades.
Na tentativa de minimizar os riscos para os profissionais, também caiu a busca ativa de doadores. O trabalho é feito por comissões intra-hospitalares (Cihdott) presentes em unidades com mais de 80 leitos e responsáveis por viabilizar o diagnóstico de morte encefálica e oferecer às famílias a possibilidade de doação.
E com a dedicação massiva dos leitos de UTI para os doentes graves de Covid-19, vítimas de trauma não tiveram chance de evoluir para morte cerebral, tornando-se doadores potenciais, e diminuíram também as vagas para acolher os recém-transplantados.
"Isso aconteceu de forma heterogênea, mas foi no Brasil inteiro. Foi uma queda inédita. Mesmo que agente considere o que foi feito no primeiro trimestre, é uma perda grande", diz José Huygens Garcia, presidente da ABTO.
Outro efeito da pandemia foi a diminuição do ritmo de ingresso de pacientes em fila de espera. No primeiro semestre, o número de novos cadastros foi 28,4% menor que o do mesmo período de 2019.
Segundo Huygens, houve menor procura dos serviços de saúde eletivos. Assim, menos indicações de transplantes. Mesmo comisso, a lista de espera não deixou de crescer. Ao final de junho, mais de 40 mil pessoas aguardavam um órgão ou tecido, 3.000 amais que no fim de 2019.
N a tentativa de manter a realização dos transplantes com a maior segurança possível, o Ministério da Saúde emitiu em março uma nota técnica indicando os critérios para a triagem clínica de coronavírus nos candidatos à doação. A realização do exame RT-PCR passou a ser obrigatória, junto a outras testagens.
Em São Paulo, segundo Francisco Monteiro, coordenador da central de transplantes estadual, cerca de 8% dos doadores potenciais foram descartados porque estavam infectados com o vírus, apesar de a Covid-19 não ter sido a causa da morte.
A retirada dos órgãos só acontece com o diagnóstico negativo. "Essa foi a primeira medida que fez com que a gente tivesse um doador que incorresse em risco mínimo para o receptor e para a equipe transplantadora", afirma.
Como o protocolo de morte cerebral demanda algumas horas, diz o coordenador, o tempo para o exame não causou perda de órgãos.
"O órgão que é viabilizado é efetivamente transplantado" Pacientes receptores também realizam testagem da doença para minimizar os riscos.
Há especificidades relativas à diminuição de cada órgão. Para pacientes renais, como há uma metodologia alternativa – a hemodiálise – só foram realizados transplantes em caso de emergência.
E esses procedimentos ficaram praticamente restritos aos doadores mortos: enquanto no primeiro trimestre os doadores vivos foram 193 (12,5% do total), no segundo foram apenas 25 (3%) em todo o Brasil. Essa também foi uma medida para preservar a saúde dos doadores.
No Hospital do Rim, referência no país, os transplantes de doadores vivos passaram de um por dia para um por semana, segundo José Medina Pestana, superintendente da unidade. Ainda assim, o local teve apenas cinco procedimentos a menos que no ano passado por não receber pacientes de Covid-19.
A mortalidade de pacientes que aguardam um novo rim aumentou 44% em um ano, o maior crescimento entre os que estão em fila de espera.
De acordo com Medina, a presença de diabetes e obesidade, comorbidades comuns a pacientes que precisam do transplante e complicadoras para a Covid-19, além de uma eventual diminuição das sessões de diálise por medo de se expor, podem ter contribuído para isso.
Córnea seguiu o mesmo preceito, e somente os pacientes com risco de perda do olho receberam um novo tecido. Os procedimentos despencaram de 3.409 entre janeiro e março para 554 entre abril e junho. A queda, de 83,7%, foi a maior entre os transplantes.
Na contramão do país está a realização de transplantes de fígado em São Paulo, que aumentou 5%. Para os que precisam do procedimento, não há tratamento alternativo. No Hospital das Clínicas da USP a projeção é de que 2020 termine com 130 transplantes de fígado realizados, quando a média anual é de 114, afirma Luiz D'Albuquerque, professor da Divisão de Transplantes da faculdade.
D'Albuquerque diz que a transferência dos transplantes para o prédio do Instituto do Coração, longe de pacientes com coronavírus, que ficaram no Instituto Central do HC, ajudou no aumento.
"Estávamos num hospital livre de Covid-19, enquanto os outros tiveram uma diminuição porque não podiam dividir UTI" De acordo com ele, ainda assim, dez pessoas contraíram a doença após o transplante. Duas morreram.
Em abril, o chefe de Transplante Renal do HC, Elias David Neto, afirmou que o setor, também transferido para o Incor, teve que suspender as atividades porque "quase 100%" dos pacientes internados contraíram coronavírus. A Folha questionou o HC sobre a paralisação e seu impacto, mas não teve resposta.
Para o restante do ano, os especialistas afirmam que há poucas chances de alcançar o ritmo de anos anteriores. Um ponto que pode ajudar na retomada, segundo o presidente da ABTO, é o aumento dos leitos de UTI pelo país.
"Teremos mais UTI, mais respiradores, e eles podem atender a demanda que já existia antes da pandemia. Estamos apostando muito que, a partir de setembro, com a retomada das atividades, vamos melhorar, mas não sei se vamos conseguir chegar ao nível do ano passado"
Monteiro, coordenador dos transplantes de SP concorda: "Agora, com a flexibilização das restrições, conseguimos respirar um pouco mais, mas já passamos por maus lençóis. Estamos relaxados, mas não dá para baixar a guarda"
A retomada das equipes, especialmente das Cihdott, pode ajudar nesta questão. Há também a campanha Setembro Verde, que incentiva a ampliar a conscientização da população sobre o tema.
O Ministério da Saúde afirmou, por nota, que os transplantes estão sendo retomados "gradativamente", mas não especificou quais medidas serão tomadas para mitigar o impacto da pandemia nos procedimentos.
'Meu medo era me contaminar e perder o que tanto sonhei, conta transplantada são paulo Quando Ariadne Meneguzzo, 37, saiu do hospital, após receber um transplante de rim, precisou se isolar para fugir do coronavírus. Os cuidados precisaram ser redobrados devido aos remédios que toma para não rejeitar o órgão e deprimem seu sistema imunológico.
"Fiquei com muito medo porque o meu primeiro pensamento foi que eu esperei tanto pelo rim e ele chega no meio da pandemia. O que será que vai acontecer?" Até o transplante, foram três anos de hemodiálise em razão de uma insuficiência renal crônica. "A sensação era de que eu recebi a vida, mas ainda estava ameaçada de alguém me tirar"
Seis meses depois, a rotina de Ariadne segue restrita, mas começa a dar sinais de alguma liberdade: já pode ir a consultas presenciais e ao laboratório fazer exames. Mas sempre de máscara, álcool em gel e todos os protocolos.
Do outro lado está Rochelle Benites, 43. Há três anos, ela depende de suplementação de oxigênio 24 horas por dia para conseguir respirar e sobreviver. Para se curar de uma doença autoimune que lhe causou fibrose pulmonar, precisa de um par de novos pulmões.
Convivendo com o cansaço, as limitações e a falta de ar decorrente de mínimos esforços, ela agora passou a se preocupar também com a Covid-19. "É uma situação muito complicada, porque o número de doações diminuiu muito"
Enquanto aguarda o transplante, ela espera que aumente a conscientização sobre a importância de ser doador: "Um 'sim' salva a vida de muitas pessoas"
Para ser um doador, basta conversar com a família sobre o desejo e deixar claro que devem autorizar a doação de órgãos, conforme a legislação brasileira. Os órgãos vão para pacientes que estão aguardando em lista única.
Teremos mais UTI, mais respiradores, e eles podem atender a demanda que já existia antes da pandemia. Estamos apostando muito que, a partir de setembro, com a retomada das atividades, vamos melhorar, mas não sei se vamos conseguir chegar ao nível do ano passado José Huygens Garcia Presidente da ABTO
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A REDAÇÃO
Covid-19: Goiás registra 76 mortes e 1,7 mil casos nas últimas 24 horas
Goiânia – Goiás registrou, nas últimas 24 horas, 76 novas mortes por covid-19 e 1.728 casos. Com os totais, divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) neste sábado (12/8), o Estado agora atinge a marca de 162.746 infectados e 3.793 óbitos pelo vírus. Segundo a pasta, 152 mil pessoas se recuperaram do novo coronavírus em municípios goianos.
De acordo com os números, 226 mortes são investigadas para saber se a causa foi covid-19, e 217 mil casos são considerados suspeitos em Goiás. A taxa de letalidade do vírus no Estado é de 2,33%.
O Governo de Goiás disponibiliza plataforma, atualizada a cada 30 minutos, com os principais dados sobre o avanço da covid-19 no Estado.
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Reunião com mais de 10 pessoas configura aglomeração, diz decreto em Goiânia
Goiânia – A Prefeitura de Goiânia publicou, na última sexta-feira (11/9), um decreto que configura como aglomeração de pessoas aqueles eventos ou reuniões com mais de 10 pessoas, desde que não apresentada nenhuma justificativa legalmente prevista. O texto destaca que o distanciamento seguro de uma pessoa para outra é de no mínimo 1,5 metro.
Segundo a Central de Fiscalização Covid-19, o decreto tem o objetivo de deixar mais transparente o que é uma aglomeração e, assim, determinar ações que possam gerar mais segurança aos goianienses durante a pandemia.
Outro ponto em destaque no documento é o apoio de forças policiais, quando necessário, para o cumprimento das regras.
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JORNAL OPÇÃO
Breno Leite é personalidade ímpar que foi de tratador a paciente da Covid-19
Por Italo Wolff
O médico, vereador e escritor Breno Leite atuou na linha de frente contra a Covid-19 desde o início da pandemia em Goiás, atendendo doentes pela doença em Jaraguá, Itaberaí e Barro Alto
O vereador e escritor Breno Leite, pediu licença não remunerada na Câmara Municipal de Jaraguá para poder trabalhar no enfrentamento da doença porque dos dez colegas médicos que atuavam em Itaberaí, oito foram contaminados pela doença. “Cheguei a fazer o diagnóstico em 28 pacientes por dia”, conta Breno Leite.
Segundo o médico, o boom da doença na cidade ocorreu porque frigoríficos e indústrias de processamento de alimento não pararam. “Onde tem frigorífico no estado, você percebe uma explosão no número de casos, mesmo que os frigoríficos adotem um protocolo de segurança rígido. Isso ocorre porque o ambiente gelado da câmara fria ajuda a propagação do vírus”, explica.
Os decretos iniciais pelo isolamento datam do dia 19 de março. Segundo Breno Leite, eles retardaram a chegada da pandemia em Goiás, mas não puderam contê-la definitivamente. “Itaberaí teve um boom de infectados, mesmo com rigor dos protocolos. Nestes frigoríficos, nem se chegava a confirmar o vírus e o funcionário já era afastado por qualquer sintoma. Mesmo assim, acabou acontecendo um aumento súbito no número de casos.”
Após quatro meses de atendimentos, Breno Leite atendeu mais de 100 pacientes nos três municípios. Sua rotina era a de realizar periodicamente exames – mesmo sem sintomas – de PCR-RT por swab nasal e testes rápidos de 15 em 15 dias. Todos os resultados sempre foram negativos.
“Até o plantão de uma quinta-feira à noite, quando senti febre, dor de cabeça, dor no corpo terrível. Foi uma experiência que doeu uma dor diferente. Na hora eu soube. Vim pra casa, fiz exame; resultado negativo. Atendi no sábado e domingo. Fiz raio-x do tórax, mais testes rápidos; tudo normal. Pulmão limpinho. Mas não consegui atender na segunda e terça-feiras porque começou a me faltar ar”, conta Breno Leite.
A tomografia revelou que 21% de seu pulmão estava comprometido. Ele foi ser atendido no Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Por ter 49 anos e ser hipertenso, Breno Leite foi internado na unidade de tratamento intensivo (UTI). Os exames, que até então haviam resultado negativos, passaram a apontar a presença do vírus no corpo. Breno Leite recebeu o tratamento com plasma convalescente, que encerrou os sintomas – principalmente a terrível falta de ar.
Entretanto, após o término dos sintomas, começou a fase inflamatória da doença. Na quinta-feira seguinte, Breno Leite tinha 50% dos pulmões comprometidos. “Essa doença é arrasadora. Em apenas quatro dias minha saturação de oxigênio no sangue caiu para 83% e eu só sobrevivi graças à ventilação mecânica”, conta Breno Leite.
Na UTI em que Breno Leite ficou internado, havia dois outros médicos em condições semelhantes às dele. A própria equipe do hospital Anis Rassi já fora quase completamente infectada e recuperada, devido à natureza arriscada da profissão. Na internação, Breno Leite considera que foi salvo pela da ventilação não-invasiva e cânula nasal de alto fluxo no tratamento da insuficiência respiratória aguda.
A outra alternativa, conta o médico, era a ventilação invasiva, em que uma cânula orotraqueal é utilizada. “Muitos dos óbitos decorrem não da Covid-19, mas a infecções secundárias devidas ao acúmulo de pus e bactéria da cânula invasiva. A ventilação não-invasiva requer um fisioterapeuta o tempo todo ao lado, é mais cara e salva muitas vidas. Não é mais utilizada porque lança vírus no ambiente; só pode ser utilizada porque grande parte da equipe já se contaminou e está imunizada”, explica Breno Leite.
Com três dias de internação, Breno Leite teve boa recuperação e deixou a UTI, retornando à enfermaria. Ele atribui sua cura ao bom protocolo aplicado pelo hospital Anis Rassi e aos profissionais de saúde, que aprenderam a lidar com a doença nos últimos meses. “As equipes têm um índice de salvamento muito maior agora do que no começo da pandemia”.
Além da ventilação mecânica não-invasiva e do tratamento com plasma convalescente, a equipe de saúde utilizou anticoagulantes, dexametasona, colchicina – todos remédios testados e aprovados para outras doenças, mas que, empiricamente, mostraram bons resultados no tratamento da Covid-19.
“Voltei curado para Jaraguá. Já retornei à minha atividade parlamentar, como presidente da comissão de saúde na Câmara de Jaraguá e debatendo a doença no comitê de controle de crise. Além disso, tornei a atender nos hospitais de Itaberaí, Montes Belos e Jaraguá, onde fui recebido com uma festa de recepção que muito me emocionou.”
Escritor
Além de médico e vereador, Breno Leite é também o autor do livro “A Última Página de um Sonho”, vencedor do prêmio Joaquim Câmara Filho da Fundação Jaime Câmara. Breno Leite utilizou seu talento na prosa para compor a seguinte homenagem aos colegas médicos mortos pela Covid-19.
Hoje estou fazendo o plantão Noturno em substituição a um colega que faleceu por Coronavírus. Já triste por ter que assinar o livro de presença como substituo do Dr. Flavio Fialho, recebo o plantão com uma senhora de 69 anos que veio de uma cidade vizinha com diagnóstico de Covid19 em estado gravíssimo, entubada no isolamento respiratorio com mais de 75% de comprometimento do pulmão, e saturação de oxigênio, mesmo com ventilador mecânico, mesmo com noradrenalina correndo nas veias, não mais que 70%. Não demorou e ela , depois de 2 paradas reanimadas, faleceu por complicações desta doença.Triste ter que dar a notícia do óbito à familia. Ficaram chocados! Não sei como foi a forma de contaminação dela e não discuto isto aqui para que possiveis familiares venham ter sentimentos de culpa. Mas não posso me calar perante o que me assusta.. como meu colega médico Heitor Godinho, constato com grave perplexidade que surge um grupo novo na Covid19: “MORTE EM FAMÍLIA”. A abertura de tudo e a vida livre dos mais jovens vem trazendo destruição familiar. Aquele almoço de domingo ou o aniversário de um familiar onde só vai ter gente da família traz uma grave falsa segurança.. e são estas pequenas aglomerações familiares que podem estar matando avós, pais e filhos. TODOS os dias estou atendendo ou assistindo famílias sendo dizimadas pela Covid. Houve casos de morrerem o pai, a mãe e o avô em 7 dias devido uma “peixada inocente” onde “só tinha parente”. Aí vão os netos, primos e jovens que estão nos bares, academias, resenhas de amigos… que acabam por apresentar o vírus aos grupos de risco que estão sucumbindo à morte. Precisamos ter consciência social e empatia. Que Deus nos proteja.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação