Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17/02/22

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Relatório aponta rombo de R$ 90 milhões no Imas

Maternidade Dona Iris deixa de receber pacientes por superlotação, em Goiânia

Brasil tem 1.085 mortes por covid-19 em 24h

Prioridade hoje é a dose de reforço, diz vice-diretor da Opas

Tema ‘cloroquina’ está encerrado, diz secretária da Saúde

Médico ironiza escravidão em vídeo gravado em Goiás

Médico que filmou homem negro preso com correntes e algema grava vídeo ao lado de funcionário: ‘Não tem nada de escravidão’

Pfizer pede autorização para uso emergencial de antiviral

HIV: o que se sabe sobre suposto caso de cura de mulher nos EUA

Município deve indenizar por morte de paciente atendida por falso médico

Pessoas não vacinadas são maioria nos casos de internação e óbito em Goiás

Especialistas alertam pais sobre vacinação de crianças contra covid-19

Secretário de Governo descarta privatização do Imas

Médico filma homem negro com correntes e algemas com referência a ‘senzala’; polícia investiga injúria racial

Defensoria Pública do Estado de Goiás solicita que MPT investigue caso de trabalhador acorrentado

TV ANHANGUERA

Relatório aponta rombo de R$ 90 milhões no Imas

https://globoplay.globo.com/v/10309613/

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Maternidade Dona Iris deixa de receber pacientes por superlotação, em Goiânia

https://globoplay.globo.com/v/10310939/

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PORTAL IG

Brasil tem 1.085 mortes por covid-19 em 24h

País teve 147.734 novos casos da doença no mesmo período

O Brasil voltou a registrar mais de mil mortes por covid-19 em apenas um dia. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nas últimas 24h, 1.085 pessoas morreram em decorrência da doença.

No mesmo período, 147.734 pessoas testes tiveram resultado positivo, elevando o total do país a 27.806.786 infecções. Desde o início da pandemia, são 640.774 vítimas.

A média móvel de casos ficou em 121.622, abaixo da registrada ontem (126.062). A de mortes foi de 814. Ontem, era 840.

Um levantamento feito pelo Instituto Todos Pela Saúde (ITpS) apontou que, embora o país esteja sofrendo com os reflexos da variante Ômicron, ainda não há sinais de que a subvariante BA.2, descoberta recentemente, esteja crescendo.

Em todo o mundo, já são 417.094.312 casos de covid-19, e 5.846.612 mortos. Segundo o Instituto Johns Hopkins, 10.527.109.696 doses da vacina já foram aplicadas.

O site “Our World in Data” aponta que cerca de 80% dos brasileiros já completaram sua imunização.

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PODER 360

Prioridade hoje é a dose de reforço, diz vice-diretor da Opas

Para Jarbas Barbosa, a análise das evidências científicas sobre a 4ª dose deve ser feita de maneira ‘tranquila’

O vice-presidente da Opas (Organização Pan-americana da Saúde), Jarbas Barbosa, disse nesta 4ª feira (15.fev.2022) que a prioridade hoje é ‘identificar’ as pessoas que não tomaram a dose de reforço. ‘Temos milhões de pessoas que já deveriam estar recebendo a 3ª dose’, afirmou em coletiva de imprensa.

Segundo Barbosa, enquanto essas pessoas são identificadas, a análise das evidências científicas sobre a 4ª dose são feitas de forma ‘tranquila’ para que uma recomendação possa ser feita no futuro.

Ele destacou ainda a importância da dose de reforço para a população, já que a proteção dada pela vacina começa a ‘diminuir com o tempo’.

No dia 9 de fevereiro, o governo publicou uma nota técnica recomendando a aplicação da 4ª dose contra a covid-19 em adolescentes imunocomprometidos.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que o Estado adotará a 4ª dose da vacina contra a covid, independentemente de recomendação do Ministério da Saúde.

A decisão de Doria foi criticada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. ‘É fundamental avançar na dose de reforço. A gente ouve ‘ah, tem que aplicar uma 4ª dose’. Tem que avançar na dose de reforço, isso sim, é o que devemos fazer: nos unir para aplicar a dose de reforço na população’, disse.

Outros países, como Chile e Israel, também já anunciaram a aplicação da dose extra.

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Tema ‘cloroquina’ está encerrado, diz secretária da Saúde

Declaração foi dada durante o anúncio da troca de nomes no Ministério da Saúde nesta 4ª feira (16.fev.2022)

A nova secretária do Ministério da Saúde, Sandra Barros, disse durante coletiva de imprensa nesta 4ª feira (16.fev.2022) que a discussão sobre a hidroxicloroquina está ‘encerrada’. Barros assumiu na pasta o lugar do ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto.

O ministro Marcelo Queiroga destacou ainda que o recurso será julgado por ele. ‘Isso não vai mudar a história da pandemia da covid-19, mas nós vamos julgar’, disse.

Queiroga ainda ressaltou que a ‘a medicina não é uma ciência exata’.

As declarações foram dadas durante o anúncio do ministério sobre a troca de nomes da pasta. A ex-secretária Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Mayra Pinheiro foi substituída por Hélio Angotti Neto, até então secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Pinheiro, conhecida como ‘Capitã Cloroquina’, foi nomeada Subsecretária de Perícia Médica Federal da Secretaria da Previdência do Ministério do Trabalho na última 2ª feira (14.fev.2022).

Também foi anunciada a nova responsável pela Secretaria de Atenção Especializada à Saúde: a funcionária pública Maíra Botelho.

Apesar das trocas, Queiroga manteve na equipe o secretário executivo, Rodrigo Cruz; e os responsáveis pela atenção básica, Raphael Parente, e pelo enfrentamento à covid-19, Rosana Melo.

Segundo o ministro, ainda há ‘muito trabalho pela frente’ no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia.

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O POPULAR

Médico ironiza escravidão em vídeo gravado em Goiás

Homem negro aparece com mãos e pés acorrentados e uma argola no pescoço; Polícia Civil abre investigação

A delegacia da cidade de Goiás está investigando um suposto caso de apologia à escravidão envolvendo um rapaz negro e um médico do município. Em um vídeo que circula nas redes sociais, o jovem aparece com as mãos e pés acorrentados e uma argola no pescoço. As imagens foram publicadas em uma rede social do médico Márcio Antônio Souza Júnior, que enquanto mostra as amarras afirma que ‘o jovem não quis estudar e vai viver na senzala’.

A filmagem teria sido feita em um colégio na zona rural e apagada pouco tempo depois de ser publicada. O delegado responsável pelo caso, Gustavo Barreto, disse à CBN Goiânia que a possível vítima já prestou depoimento na delegacia e relatou que foi ele mesmo quem pediu para o médico filmá-lo e concordou com toda a situação. O homem também contou à polícia que é funcionário do médico e não relatou nenhuma situação de trabalho escravo ou que desrespeitasse as leis trabalhistas. O delegado disse ainda que nos próximos dias deve ouvir o médico e mais testemunhas.

A Secretaria das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos da Cidade de Goiás divulgou uma nota repúdio sobre o que classificou como ‘lamentável episódio em que uma Pessoa Negra, um Ser Humano é exposto acorrentado pelas pernas e com grilhões nos braços e no pescoço’. A nota cita o artigo 3º da Constituição Federal, que estabelece os direitos fundamentais do cidadão. Por fim, a pasta afirma que a Prefeitura ‘acompanhará atentamente os desdobramentos da investigação e tomará as medidas de sua competência. Após a repercussão, o médico publicou um novo vídeo em que questiona o homem negro sobre as acusações de apologia a escravidão. ‘Isso é uma brincadeira, só entrar na mídia, moçada. Nós tem é que trabalhar moçada, é tudo uma brincadeira’, responde. O médico completa: ‘Aqui é tranquilidade, paz, tem nada de escravidão, não. Quem não queria uma vida dessa?’. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O Conselho Regional de Medicina (Cremego) disse que não vai se manifestar.

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PORTAL G1

Médico que filmou homem negro preso com correntes e algema grava vídeo ao lado de funcionário: ‘Não tem nada de escravidão’

Rapaz aparece com os pés acorrentados, as mãos algemadas e até o pescoço preso por um ferro. Polícia investiga caso como racismo.

O médico, que filmou um homem negro preso com correntes e algema, gravou um novo vídeo ao lado dele para falar que não há situação de escravidão, na tarde desta quarta-feira (16). O funcionário da fazenda, que apareceu acorrentado até pelo pescoço, disse à Polícia Civil que a gravação não passou de uma brincadeira.

O novo vídeo foi gravado após a primeira filmagem repercutir e o caso ter ido parar na delegacia, na cidade de Goiás (leia diálogo abaixo).

Médico: E ai, camarão. O povo está enchendo o saco. O que você acha disso?

Funcionário: O povo tem é que trabalhar. A vida melhor que Deus deu para o homem foi trabalhar, moçada.

Médico: Aqui é tranquilidade, paz. Não tem nada de escravidão. Quem não queria uma vida dessa.

O vídeo, que mostra o funcionário em situação análoga à escravidão, foi publicado na terça-feira (15), na rede social do profissional (assista acima).

“Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”, disse o médico enquanto filmava o homem acorrentado.

O g1 não conseguiu contato com o profissional para se posicionar sobre o vídeo até a última atualização desta reportagem. O Conselho Regional de Medicina (Cremego), disse que não vai comentar o caso.

Investigação

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o crime de racismo. O delegado Gustavo Cabral, responsável pelas investigações, informou que, mesmo o funcionário alegando em depoimento que a situação era uma brincadeira, o médico pode pegar até cinco anos de prisão.

‘Apesar da vítima informar que partiu dela essa iniciativa e que não deseja representar contra esse médico por eventual constrangimento ou injúria. Nós observamos a possibilidade de estar caracterizado o crime previsto no artigo 20, da lei de crimes raciais, por ele, aparentemente, ter incitado e induzido a prática de racismo’, explicou o delegado.

Repúdio

A prefeitura da cidade divulgou uma nota dizendo que ‘o ato divulgado, sem explicação aceitável, causa profunda repulsa e deve ser objeto de investigação e apuração pela autoridade policial competente, para uma célere instrução e responsabilização nos termos da lei’.

Para o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e defensor dos direitos da população negra, José Vicente, o caso não pode ser encarado como uma ‘brincadeira’.

‘Não pode se brincar, não é uma brincadeira devida nem apropriada e ela menos ainda serve como uma justificativa de retirar seja responsabilidade, seja culpabilidade, seja civil, penal ou criminal ou mesmo social em um fato concreto como esse’, disse.

O delegado que investiga o caso também repudiou a situação.

‘É terrível ver esse racismo estrutural ocorrendo. É terrível ver a própria vítima consentir na mente dela com essa situação, isso precisa ser mudado. Espero que esse caso, além da punição individual para essa pessoa, sirva de aprendizado para toda sociedade, para superar esse terrível racismo estrutural que a gente vive’, disse Gustavo Cabral.

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HIV: o que se sabe sobre suposto caso de cura de mulher nos EUA

Esse é o terceiro caso registrado em que paciente fica livre da infecção pelo vírus causador da aids. A técnica utilizada pode ampliar o número de indivíduos de diferentes origens que se beneficiaram dessa intervenção.

Pesquisadores americanos anunciaram na terça-feira (15) a terceira possível cura de uma infecção pelo HIV, o vírus causador da aids. Esse é o primeiro caso que envolve uma paciente do sexo feminino.

Durante uma conferência médica realizada em Denver, nos Estados Unidos, especialistas da Weill Cornell Medicine, de Nova York, disseram que utilizaram uma nova abordagem, diferente do que foi feito nos dois registros anteriores de cura.

Em vez de fazer um transplante de medula óssea com células-tronco obtidas a partir de um doador adulto compatível, eles optaram por usar as células-tronco encontradas no sangue do cordão umbilical de um recém-nascido.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, isso pode ampliar o número de indivíduos de diferentes origens que se beneficiariam dessa estratégia, já que é possível usar o sangue de cordão umbilical de um doador parcialmente compatível, enquanto que o transplante convencional exige uma similaridade bem maior entre quem está doando e quem está recebendo.

Embora a notícia tenha sido celebrada na comunidade científica e entre associações de pacientes, é importante dizer que tratamentos do tipo só são indicados para uma parcela mínima dos mais de 37 milhões de pessoas infectadas com o HIV no mundo.

Confira a seguir o que se sabe sobre o terceiro caso de provável cura, o método de tratamento e o impacto que ele pode ter no futuro.

A paciente

Por questões de privacidade, o grupo da Weill Cornell Medicine não divulgou o nome ou a idade da mulher que supostamente está livre do HIV.

Sabe-se que o vírus foi detectado no organismo dela em junho de 2013. Em março de 2017, a paciente foi diagnosticada com leucemia, um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas.

Em agosto daquele mesmo ano, ela recebeu o sangue de cordão umbilical de um doador que possui uma mutação genética capaz de impedir a infecção pelo HIV.

Em paralelo, os médicos também utilizaram sangue colhido de um familiar próximo da mulher.

A paciente foi acompanhada durante todo esse período e, três anos e um mês após passar pela terapia, ela decidiu abandonar o coquetel antirretroviral, o conjunto de remédios capaz de manter o vírus sob controle (embora não consiga eliminá-lo de fato do organismo).

Depois de 14 meses da interrupção na terapia medicamentosa, ela não apresenta nenhum sinal do HIV em exames de sangue.

Ainda não se sabe ao certo os mecanismos de funcionamento da nova abordagem. Especialistas especulam que o sangue do cordão umbilical carrega células-tronco com maior capacidade de adaptação, enquanto o sangue de um familiar próximo fornece células de defesa que conseguem aumentar a imunidade durante e após o procedimento.

Os casos anteriores

Antes do anúncio recente, os únicos dois indivíduos que foram curados do HIV foram Timothy Ray Brown (também conhecido como paciente de Berlim), em 2008, e Adam Castillejo (o paciente de Londres), em 2019.

Brown viveu 12 anos sem o vírus até morrer em 2020, por causa de um câncer.

Ambos receberam um transplante de medula óssea, a estrutura popularmente conhecida como “tutano” que fica no interior dos ossos e é responsável por fabricar as células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas).

Nesses dois casos, os doadores de medula também carregavam aquela mutação genética que impede a infecção pelo HIV.

Após passarem pelo tratamento, tanto Brown quanto Castillejo experimentaram efeitos colaterais severos, como múltiplas infecções, perda de peso, queda de cabelo e uma espécie de “rejeição”, em que as células imunológicas passam a atacar o próprio organismo e promovem uma inflamação intensa.

A terceira paciente, na contramão, teve alta hospitalar 17 dias após receber o sangue do cordão umbilical e não apresentou os mesmos eventos adversos graves observados anteriormente.

É pra todo mundo?

Embora essas três experiências recentes indiquem um caminho promissor para curar a infecção pelo HIV, é preciso reforçar que os cientistas não veem o transplante de medula óssea, seja a partir de um doador adulto ou do cordão umbilical, como algo que vai beneficiar a grande maioria dos pacientes.

Considerados métodos arriscados e invasivos, ele só são testados em portadores de HIV que também foram diagnosticados com câncer, em que outras opções de tratamento não estão mais disponíveis.

Para ter ideia, antes de realizar o transplante com as células-tronco em si, os especialistas usam quimioterapia e radioterapia para destruir a medula óssea “original” do paciente.

Ainda nessa seara, o caso específico da mulher supostamente curada amplia um pouquinho mais as esperanças de beneficiar um número maior de portadores de HIV.

Isso porque o método de transplante de medula óssea utilizado nos pacientes de Londres e Berlim exige uma compatibilidade maior entre doador e receptor, como explicado mais acima. E a tal da mutação genética que impede a infecção pelo HIV foi encontrada em cerca de 20 mil doadores, sendo que a maioria deles tem descendência do Norte da Europa.

Já no caso do cordão umbilical, a exigência de compatibilidade é menor – com isso, seria possível utilizar esse material num número um pouco maior de pacientes de diferentes origens e ancestralidades.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 37,7 milhões de pessoas vivem com o HIV, sendo que dois terços delas (25,4 milhões) estão na África.

Só em 2020, 680 mil indivíduos morreram por causas relacionadas a essa infecção e 1,5 milhão de pessoas se infectaram com o vírus.

No Brasil, o Ministério da Saúde calcula que 694 mil pessoas estão em tratamento contra o HIV atualmente. Dessas, 45 mil iniciaram a terapia antirretroviral em 2021.

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O GLOBO

Pfizer pede autorização para uso emergencial de antiviral

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu do laboratório farmacêutico Pfizer um pedido de uso emergencial e temporário do remédio Paxlovid, um antiviral para tratamento de Covid-19. A agência informou que, de acordo os documentos enviados pela farmacêutica, os estudos demonstram que o medicamento reduz hospitalizações e mortes em 89% quando aplicado no início da infecção. A Anvisa vai agora analisar esses dados, dentro de um prazo de 30 dias. Inicialmente, a Anvisa vai verificar se a Pfizer enviou todos os documentos necessários para a aprovação. Caso isso não tenha ocorrido, a agência poderá pedi-los.

Em 19 de janeiro deste ano, a Anvisa já tinha feito um encontro com a Pfizer para tratar do remédio. Foi a ‘reunião de pré-submissão’, que ocorre antes do pedido formal de liberação de um medicamento.

O Paxlovid é um remédio oral que deve ser tomado no início dos sintomas de Covid-19, principalmente por pacientes com alto risco de complicações graves da doença. A droga funciona como um inibidor de protease, ou seja, tem a função de bloquear uma enzima de que o vírus precisa para se multiplicar no organismo.

Agências estrangeiras já aprovaram o remédio. A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, autorizou o uso emergencial em dezembro do ano passado. Na semana passada, a agência chinesa divulgou que deu aprovação condicional ao Paxlovid, para tratar adultos de alto risco de complicações graves.

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CONSULTOR JURÍDICO

Município deve indenizar por morte de paciente atendida por falso médico

O município é o responsável primário pelo serviço de saúde local e, nesta condição, é responsável pelos danos causados pelas pessoas jurídicas de direito privado prestadoras do serviço público de saúde.

Assim entendeu o juiz Fernando José Alguz da Silveira, da 2ª Vara Cível de Tatuí (SP), ao condenar o município a indenizar em R$ 150 mil os dois filhos de uma mulher que morreu após ser atendida por um falso médico na Santa Casa de Misericórdia da cidade.

A mãe dos autores sofreu um infarto e foi atendida por um médico plantonista na Santa Casa. Os filhos alegaram se tratar de um falso médico, que vinha atendendo de forma indevida há seis meses. Na ação, eles relacionam a morte da mãe a falhas no atendimento e citam, por exemplo, a recusa do médico em transferir a paciente para a UTI.

Além disso, destacaram a demora para realização de exames imprescindíveis e a ausência de prescrição médica por muitas horas após a entrada da paciente no hospital, “o que certamente foi crucial para o agravamento de seu quadro”. Os autores são representados pelo advogado Levi Avila.

Ao condenar o município, o magistrado ressaltou que o médico foi posteriormente identificado como integrante de uma organização criminosa que aplicava golpes. O grupo teria indicado pessoas sem formação em medicina para trabalhar em hospitais da região, incluindo o médico que atendeu a mãe dos autores.

“A perícia realizada atestou que o atendimento efetuado pelo suposto médico foi deficitário, pontuando que ‘houve falha no diagnóstico’ e ‘consequentemente, falha na devida condita médica. Em que pese o perito tenha relatado não ser possível afirmar que a paciente teria sobrevivido caso o tratamento oferecido fosse o adequado, é inegável que a conduta agravou o estado de saúde e, se não extinguiu as suas chances de recuperação, certamente as reduziu”, disse.

De todo modo, afirmou o magistrado, o simples fato de a paciente ter sido atendida por um falso médico em um hospital a serviço da município “é deveras absurdo”. Silveira disse que houve falha no momento da contratação, da checagem de informações, da análise da vida pregressa do médico, entre diversos outros aspectos.

“Um hospital tem em suas mãos o mais importante bem jurídico: a vida. A Constituição Federal assegura a inviolabilidade do direito à vida (artigo 5º, caput), considerado o mais importante direito fundamental, que condiciona todos os demais direitos. Desta feita, é inadmissível que qualquer instituição hospitalar permita que uma pessoa imperita atue como se profissional da saúde fosse, colocando em risco a vida dos cidadãos”, acrescentou Silveira.

Para ele, o fato de o falso médico ter atuado por meses na Santa Casa de Misericórdia já configura risco à saúde pública, gerando o dever de indenizar os autores: “Evidente a existência de dano moral, já que no momento mais importante, ao procurar a ajuda do hospital que acreditava ser qualificado, a genitora dos autores foi submetida a um falsário, que a diagnosticou errado e falhou em seu atendimento”.

Silveira disse que, ainda que não se possa falar em certeza de sobrevivência da paciente, é possível falar em melhores condições nos últimos momentos de vida, isto é, em dignidade. “A Santa Casa de Misericórdia de Tatuí, ao permitir que um falso médico atendesse em seu pronto-socorro, emitindo diagnósticos errados e oferecendo tratamentos inadequados, tolheu a dignidade da paciente”, disse.

A conclusão do juiz foi de que os autores sofreram “incontestável abalo psíquico”, não somente pela perda repentina da mãe, mas pela “situação absurdamente insólita”. Assim, afirmou, o município, na condição de responsável primário pela saúde local e contratante dos serviços da Santa Casa de Misericórdia, deve responder pelos danos causados.

“Está devidamente comprovado que houve erro de diagnóstico por parte do falso médico e, em decorrência disto, erro na escolha do tratamento, o que leva à conclusão de que a Santa Casa de Misericórdia não atuou de acordo com o que prevê a melhor técnica médica”, finalizou Silveira, fixando a indenização em R$ 75 mil para cada autor.

Estado foi absolvido

Os autores também buscavam a responsabilização do Estado de São Paulo, o que foi rejeitado pelo magistrado. Isso porque os fatos aconteceram na Santa Casa de Misericórdia de Tatuí, pessoa jurídica de direito privado conveniada ao SUS, contratada pelo município, situação que afasta a responsabilidade do Estado, já que não tem qualquer vínculo com a instituição hospitalar ou com o falso médico.

“Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a ilegitimidade passiva da União em demanda indenizatória ajuizada em decorrência de erro médico cometido em hospital privado, mediante atendimento pelo SUS, sujeito a controle e avaliação do município”, pontuou Silveira, citando o julgamento do EREsp 1.388.822 pelo STJ.

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A REDAÇÃO

Pessoas não vacinadas são maioria nos casos de internação e óbito em Goiás

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) lançou um novo painel que mostra os números de internações e óbitos entre a população não vacinada contra a covid-19 ou com esquema vacinal incompleto. Lançada na quarta-feira (16/2), a ferramenta mostra dados os últimos 28 dias. Tanto para internações quanto óbitos, os pacientes com vacinação incompleta ou não vacinados são maioria.

“Entre não vacinados ou incompletamente vacinados, as hospitalizações são muito mais frequentes do que quando a gente compara com quem toma dose de reforço. Isso corrobora a informação que a gente já tinha: a vacinação vem, principalmente, para proteger contra casos graves e óbitos”, explicou a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim. 

Veja os gráficos: https://www.aredacao.com.br/noticias/163757/pessoas-nao-vacinadas-sao-maioria-nos-casos-de-internacao-e-obito-em-goias

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Especialistas alertam pais sobre vacinação de crianças contra covid-19

As vacinas contra a covid-19 são seguras, eficazes e reconhecidas como solução em potencial para o controle da pandemia do coronavírus, explicam especialistas na área de saúde. A afirmação serve de orientação aos pais que ainda têm receio de procurar a imunização para os filhos, para que participem do Dia “V” de Vacinação neste sábado (19/2). O objetivo da campanha realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) e em parceria com os municípios, é acelerar a aplicação de doses em crianças de 5 a 11 anos e conscientizar sobre a importância da vacinação. 

O governador Ronaldo Caiado, que é médico, faz um apelo pela imunização e a conscientização dos pais. “Não temos o direito de ultrapassar o limite que nos é dado. A criança não tem autonomia própria, e aí é uma decisão da família, dos pais. Por isso, temos que sensibilizá-los”, reforça o chefe do Executivo estadual, que participará da abertura do Dia “V”. 

Para incentivar a imunização das crianças, o Governo de Goiás também elaborou um vídeo com participação de profissionais como a presidente da Sociedade Goiana de Pediatria, Marise Tofoli, para divulgar a campanha e reforçar a mensagem de que a vacina é segura. A aplicação das doses ocorrerá das 8h às 17h em 750 postos espalhados por todo o Estado. 

Autoridades em saúde são unânimes ao explicar que a vacinação no público infanto-juvenil é segura porque os imunobiológicos passaram por um processo de desenvolvimento com muito rigor. “São estudos de fase pré-clínica, clínica, fase 1, 2 e 3. Nesta última etapa são observadas a eficácia e segurança e chega-se a uma dose ideal. Isto é, a quantidade de antígeno suficiente para o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes na criança”, explica a médica alergista, imunologista e pediatra Lorena Diniz. 

Segundo Diniz, os casos de óbitos ou de sequelas graves causadas pela Covid-19 em crianças justificam a necessidade de incorporação da imunização no público infantil. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P) é uma doença rara, mas grave, em que crianças com Covid-19 desenvolvem uma inflamação que afeta diferentes órgãos do corpo. Os pequenos com essa condição precisam de cuidados especializados e podem ser internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). 

“Os pais que estão hesitando em levar os filhos para vacinar colocam as crianças num risco ainda maior caso sejam contaminadas pela Covid-19”, afirma Lorena Diniz ao ponderar que os efeitos adversos graves ocorridos com a administração da vacinação são raros. Conforme a imunologista, até o momento, eventos causados pela imunização são considerados leves e toleráveis, sem deixar sequelas.

Eficácia e segurança

Os esforços e o apelo das autoridades para explicar a importância da vacinação ocorrem em meio a um quadro de baixa procura pela imunização. Segundo a SES-GO, do público vacinável entre 5 e 11 anos com a primeira dose, que soma 726.580 crianças e adolescentes, pouco mais de 153 mil procuraram a dose que tem direito. O que não representa nem 22% (21,09%) de cobertura da faixa etária. 

A médica infectologista, professora da Universidade Federal de Goiás e membro do comitê de vacinas para a Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), Cristiana Toscano, faz um alerta para o momento vivido hoje na pandemia com a presença de “uma variante altamente transmissível”, a Ômicron. “Há uma circulação de vírus muito intensa na população pediátrica. É esperado, nesse momento, um número muito maior do que já ocorreu desde o início da pandemia de hospitalizações, além de óbitos e complicações”, aponta.

Toscano coordena o Grupo de Modelagem Dinâmica do SaRS-CoV-2 no Brasil e destacou uma nota técnica divulgada recentemente que projeta o impacto potencial de acelerar a vacinação de crianças no País. “A gente consegue estimar que essa vacinação teria a capacidade de evitar, só em crianças de 5 a 11 anos, 5.400 hospitalizações por Covid-19 e 430 óbitos nos próximos três meses apenas”, ressalta.

A pediatra da equipe da Gerência de Imunizações da SES-GO, Nádia Teixeira Gabriel, acrescenta que o assunto deve ser tratado com máxima responsabilidade pelas famílias, já que as crianças são hoje “o grupo mais vulnerável em relação à Covid-19”. A médica complementa que a vacinação é fundamental para superar a pandemia. “Procuramos uma proteção coletiva, que todos estejam vacinados, para impedir que haja uma circulação viral e que esse vírus sofra mutações”, completa.

Outro fator de impacto junto ao público infantil é a volta das aulas presenciais. A coordenadora do departamento de comunicação da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Mirna de Sousa, defende a imunização completa, junto à manutenção dos protocolos de higiene, para garantir mais segurança no ambiente escolar. “É importante que as crianças que frequentam as escolas estejam com seu calendário vacinal completo tanto para a Covid-19 quanto para qualquer outra vacina”, defende.

Serviço

Assunto: Governo de Goiás promove Dia “V” de Vacinação contra Covid-19

Quando: Sábado (19/02), das 8h às 17h

Onde: 750 postos no Estado

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JORNAL OPÇÃO

Secretário de Governo descarta privatização do Imas

Por Rafaela Ferreira

Por falta de repasse, contratos de hospitais e instituições de saúde com o Imas estavam parados desde o dia 11 deste mês

A privatização do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas) foi descartada pelo secretário de Governo da Prefeitura de Goiânia, Arthur Bernardes. A meta, segundo ele, é buscar solução para a autosustentabilidade do plano de saúde que atende o funcionalismo público goianiense. A crise no Imas, que vai passar por auditoria, foi discutida durante reunião entre a Secretaria Municipal de Governo (Segov) e o Ministério Público de Goiás (MPGO) nesta quarta-feira, 16.

“Não temos como cravar um número. O que temos é um levantamento inicial, que ainda pode aumentar muito”, alerta Arthur Bernardes. “É prematuro falar, mas já foram encontrados 90 milhões de débitos anteriores”, continuou. Por falta de repasse, contratos de hospitais e instituições de saúde com o Imas estavam parados desde o dia 11 deste mês. O órgão também acumula saldos com prestadores de serviços que ainda não receberam, além dos servidores municipais, embora, segundo Arthur, receba recursos do município. “O que ele recebe não consegue pagar suas dúvidas”, completa o secretario, que defende intervenção para que o órgão tenha capacidade de se sustentar.

A proposta, agora, é encontrar a melhor solução para o Imas. Para isso, Bernardes afirma que há necessidade de dialogar com sindicatos, servidores, Câmara e órgãos de controle. Apesar de garantir que o Imas enfrenta grandes dificuldades, o secretário não pontuou quais são esses problemas durante a coletiva de imprensa. “É cedo para se falar quais são os problemas do instituto. Se encontra muitas dificuldades para encontrar informações, por conta do sistema antigo. Estamos tendo problemas em descobrir até mesmo quem são os nossos credores”, diz o secretário. Segundo ele, atualmente o plano de saúde tem condição de fazer a auditoria. O caminho, nesse caso, seria a terceirização.

Após cinco meses de atraso nos pagamentos, na última sexta-feira, 11, hospitais e instituições de saúde integrantes da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) anunciaram a suspensão gradual do atendimento aos usuários do Imas. De acordo com a Ahpaceg, a medida foi tomada diante de recentes decisões do Imas, como a definição de cotas de pacientes. A associação afirma que a decisão foi unilateral e sem comunicado prévio e caracteriza uma violação do contrato firmado com os prestadores de serviços de saúde.

Além do titular da Segov, estiveram presentes na coletiva o atual presidente do Imas, Jefferson Leite da Silva, e a promotora, Carmen Lúcia. Jefferson substituiu Júnior Café (Brasil 35/Partido da Mulher Brasileira), que foi exonerado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) no dia 4 de fevereiro. No mesmo dia, Jefferson Leite da Silvateria foi nomeado. A publicação do desligamento de Júnior Café foi confirmada no Diário Oficial do Município (DOM) após crise nas clínicas e bancos de sangue particulares. Na terça-feira, 15, Jefferson Leite já teria levado ao atual prefeito de Goiânia as dificuldades mapeadas no Imas e, só assim, Rogério teria tomado conhecimento os problemas do órgão municipal.

O atual gestor teria feito um apanhado crônico do que ocorre no órgão de prestação de serviços a saúde. A questão da alternância dos pagamentos e a cronologia dos pagamentos foram listadas por Jefferson Leite. Além disso, a alta do valor de procedimentos médicos na tabela teria chamado a atenção de Rogerio Cruz. “Ele fez um apanhado rápido no site da Unimed, por exemplo, e identificou lá que uma cessaria está, no entorno, de R$ 700 que a Unimed paga. Na tabela do Imas, está R$ 1.200”, contou Arthur Bernardes. A revisão das tabelas é outra preocupação da atual gestão.

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Médico filma homem negro com correntes e algemas com referência a ‘senzala’; polícia investiga injúria racial

Por Redação

Investigações começaram após vídeo viralizar na internet. Rapaz aparece com pés e mãos acorrentadas. Caso ocorreu na Cidade de Goiás

Médico será investigado por injúria racial. | Reprodução

Um médico será investigado por injúria racial por ter filmado e postado em suas redes sociais um homem negro algemado e acorrentado. No vídeo, que viralizou, há referência à senzala. O caso ocorreu na Cidade de Goiás. A publicação foi feita na última terça-feira (15).

A polícia passou a investigar o caso depois da viralização do vídeo. “Falei para estudar, mas não quer. Vai ter que ficar na minha senzala”, diz o médico na gravação.

O delegado Gustavo Barreto é o responsável pelo caso. O primeiro passo é descobrir o vínculo entre o homem algemado e o suspeito. Segundo as investigações, a filmagem foi feita na zona rural da Cidade de Goiás.

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O HOJE

Defensoria Pública do Estado de Goiás solicita que MPT investigue caso de trabalhador acorrentado

Por Felipe Cardoso e Yago Sales

A arquitetura colonial da Cidade de Goiás, antiga capital do Estado até 1933, ganhou elementos escravocratas, com Ernando Correa, de 37 anos, um homem negro acorrentado pelos pés, mãos e pescoço e falas de senhores da Casa Grande. Sem estudos, o homem humilde trabalha e mora em uma fazenda há três meses. 

A situação foi divulgada em vídeos pelo Instagram do médico goiano Márcio Antônio Souza Júnior, proprietário da fazenda onde foi gravado a cena que repercutiu nacionalmente na manhã da última quarta-feira (16/2). O vídeo foi removido logo em seguida. O Hoje revelou o caso com exclusividade na versão online do jornal. Logo após a repercussão, o autor do vídeo afirmou que o funcionário é de “confiança” e que é seu “braço direito”. 

A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE/GO), por intermédio de seu Núcleo Especializado de Direitos Humanos (NUDH) oficializou o Procurador-Chefe do Ministério Público em Goiás, Alpiniano do Prado Lopes. “Tendo em vista a gravidade do ocorrido, bem como a possibilidade de incidência”, diz o documento. A Defensoria quer saber a relação de trabalho entre o médico e fazendeiro com o funcionário. 

O caso

Na gravação, o médico e conhecido fazendeiro na região, comenta enquanto filma o homem acorrentado: “falei para estudar, mas ele não quer. Então vai ficar na minha senzala”. Em outro trecho, acrescenta: “tente fugir, pode ir embora”. O homem acorrentado apenas sorri. 

Populares da região dizem que Márcio, popularmente conhecido como Doutor Marcim no interior goiano, faz parte de uma família tradicional da cidade. Região que, por sinal, foi assolada durante anos pelo regime escravocrata. As imagens, atreladas ao contexto histórico maximizaram o sentimento de revolta e indignação da população vilaboense.

Em depoimento à polícia na tarde de ontem, Correa diz que presta serviços na fazendo do médico há três meses e que partiu dele o que classificou como “brincadeira”. O delegado Gustavo Cabral vê o caso como uma questão social. “As pessoas não devem aceitar isso. É repugnante. Não é aceitável”. 

A respeito do fato de o funcionário ter dito que a ideia do vídeo partiu dele e não haver uma representação por parte da vítima, pode deixar o médico e fazendeiro ileso do ponto de vista legal.  “Sejá lá o que for, a investigação depende da representação da vítima”, disse o delegado. 

Advogado do médico, Reginaldo Ferreira Adorno Filho, disse que o cliente deve se manifestar quando falar com o delegado, já que ainda não foi ouvido. O advogado não soube responder se Ernando tem algum vínculo empregatício há três meses em uma das fazendas do médico. O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) não quis comentar o caso. 

“Profunda repulsa”

Diante da gravidade das cenas, a prefeitura Municipal da Cidade de Goiás se manifestou, por meio de sua Secretaria das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Em resposta à reportagem, considerou “lamentável” o episódio em que uma pessoa negra, “um ser humano”, é exposto acorrentado. O médico já prestou serviços em um hospital municipal da cidade.

A pasta lembra que racismo, bem como a injúria racial, “são crimes previstos na Legislação brasileira”. E continua: “Além das disposições constitucionais e legais, a prática de qualquer ato que atente contra a dignidade humana por conta da cor da pele deve ser amplamente combatida pela sociedade e pelo Poder Público, sendo essencial para a construção de uma sociedade mais justa, sustentada na igualdade entre as pessoas”.

Para a pasta, o ato divulgado, sem explicação aceitável, causa “profunda repulsa e deve ser objeto de investigação e apuração pela autoridade policial competente, para uma célere instrução e responsabilização nos termos da lei”. Por fim, a prefeitura assegura que acompanhará “atentamente” os desdobramentos da investigação e tomará as “medidas de sua competência”. 

“A vida nesta cena”

Ao comentar as imagens, a historiadora e professora do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Rede Goiana de Mulheres Negras, Janira Sodré, o próprio significado moral da escravidão é algo que deveria “horrorizar” a sociedade.

“No entanto, temos setores, segmentos e pessoas especificas que se autorizam, não apenas a gravar esse tipo de cena horripilante, como revitimizar um homem negro, responsabilizando-o”, acrescenta. 

Ela ressalta a simplicidade do homem, vista no vídeo, e comenta a tentativa do autor das imagens em se “isentar da responsabilidade”. “Isso é gravíssimo e exige uma averiguação rigorosa, além, claro, da responsabilização. É uma ação odiosa, motivada pelo ódio racial”.

Sobre o contexto histórico que pesa sobre os ombros da cidade de Goiás, a pesquisadora rememora: “Foi sede da capitania de Goiás para onde foram sequestrados e trazidos, pelo menos no primeiro século, 40 mil africanos para atividades em regimes escravocratas. É lamentável que nossa cidade de Goiás, que também representa um patrimônio, veja a vida nesta cena”.  

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Assessoria de Comunicação