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DESTAQUES
O silêncio do Ministério da Saúde sobre os planos
MP-SP denuncia donos da Prevent Senior por homicídio culposo durante pandemia
Anvisa tenta retomar vigilância de remédio controlado após 2 anos de apagão
Artigo – Ética na Saúde: uma luta de todos, mercado e sociedade
Oferta de serviços online aos pacientes avança nos estabelecimentos de saúde
Câmara de Goiânia: CEI da Saúde já teria assinaturas necessárias e pode sair na próxima semana
ESTADÃO
O silêncio do Ministério da Saúde sobre os planos
Pululam reclamações de beneficiários de planos de saúde sobre a atuação das operadoras, mas o governo deixa o Legislativo conduzir debate e age como se nada tivesse a ver com o problema
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu que o reajuste anual dos planos de saúde individuais e familiares neste ano será de, no máximo, 6,91%. O porcentual ficou mais baixo que o aumento autorizado nos últimos dois anos, de 15,5% em 2022 e de 9,63% em 2023, mas superou o índice oficial de inflação, o que sempre gera críticas nem sempre justas por parte dos beneficiários.
A bem da verdade, foi um reajuste relativamente baixo para os usuários desses planos. Pena que eles sejam minoria e representem pouco mais de 8,79 milhões de beneficiários, ou 15,6% de um universo de mais de 51 milhões de clientes.
A imensa maioria dos beneficiários tem contratos coletivos – empresariais ou por adesão – e está sujeita a reajustes de até 205%, segundo reportagem publicada pelo Estadão. Para esses usuários, que somam mais de 42 milhões de pessoas, o teto da ANS não existe. Mesmo que arquem com reajustes bem mais pesados e comprometam boa parte de sua renda com os planos, esses usuários ainda estão sujeitos a rescisões unilaterais que podem ser efetivadas em meio a um tratamento ou internação.
A eles, a ANS tem pouco ou nada a dizer. Só lhes resta acreditar na palavra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que firmou acordo verbal com as operadoras na semana passada para suspender e reverter os cancelamentos. Os termos desse compromisso permanecem, até agora, desconhecidos. Cada empresa entendeu o que quis desse trato – e, evidentemente, procedeu da mesma forma. O pouco que se sabe é que a Câmara pretende retomar as discussões sobre uma proposta que altera o marco regulatório de saúde suplementar, em vigor desde 1998.
Tudo indica que os deputados querem trazer novamente à baila a criação dos planos de saúde populares, que cobririam somente serviços de custo menor, como exames e consultas. Nessa modalidade, nem todos os tratamentos e procedimentos presentes no rol da ANS teriam de ser cobertos. A depender do contrato, atendimentos de alta complexidade, deslocamentos por ambulância, internações e medicamentos de alto custo poderiam ser excluídos da cobertura.
Há quem diga que um plano mais simples pode trazer mais beneficiários para os planos e reduzir os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com atendimentos de baixa complexidade. Há quem defenda o oposto, afinal, em casos de doenças graves, o usuário não poderia contar com o plano e teria de apelar à rede pública no momento em que mais precisaria.
A situação atual não agrada a ninguém, e já não é de hoje. O aumento dos planos de saúde individuais e familiares anunciado nesta semana foi o menor desde 2010 – com exceção do ano de 2021, quando o reajuste foi negativo. Os usuários, no entanto, não têm essa mesma percepção, pois as mensalidades já são bastante elevadas.
Entre as operadoras, ocorre o oposto. Para a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), o índice de reajuste aprovado pela ANS nesta semana não cobre os custos médicos do setor. As empresas se consideram subfinanciadas, reclamam da judicialização e cobram regras mais flexíveis para que possam equilibrar suas despesas. Recentemente, a gigante norte-americana United Health Group vendeu seus ativos e deixou o País depois de anos de resultados aquém do esperado.
Seria importante saber o que pensa o governo sobre esse debate, mas é ensurdecedor o silêncio do Ministério da Saúde. É como se estivesse tudo bem, quando obviamente não está. Não é prudente assistir às discussões de camarote, como se o problema não fizesse parte das preocupações do Executivo.
A depender da evolução desse debate no Legislativo, caberá ao governo encontrar recursos para atender todos que forem excluídos pelos planos de saúde ou que forem incapazes de custear os onerosos reajustes.
É preciso elaborar um modelo mais equilibrado, que seja capaz de garantir um atendimento adequado aos usuários e de remunerar as empresas à altura de suas entregas. Esse papel é do Executivo, não do Legislativo. Fato é que o governo terá de liderar esse debate se não quiser ser atropelado pela capacidade da Câmara de “inovar”.
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DIÁRIO DE NOTÍCIAS
MP-SP denuncia donos da Prevent Senior por homicídio culposo durante pandemia
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou os irmãos Fernando e Eduardo Parrillo, donos da Prevent Senior, e diretores da empresa por homicídio culposo na pandemia.
Em nota, a empresa disse que seus médicos, funcionários e sócios “sempre agiram para atender da melhor forma pacientes e beneficiários e jamais cometeram crimes”.
A operadora de planos de saúde foi investigada por tratar pacientes com remédios ineficazes contra a covid-19, sem o seu consentimento, pressionar médicos a prescreverem esses medicamentos e ocultar mortes de um estudo interno sobre o “kit covid”.
Além do homicídio culposo de sete pacientes, a denúncia também pede a condenação dos executivos por omissão de notificação de doença e por causar perigo para a vida e saúde de terceiros.
A denúncia é resultado de uma investigação que durou dois anos e oito meses. O Ministério Público montou uma força-tarefa para ouvir pacientes, familiares de vítimas da covid, médicos e os próprios dirigentes da empresa. Também foram analisados documentos compartilhados pela CPI da Covid, que revelou as suspeitas sobre a operadora de saúde.
Os promotores contaram com peritos médicos do próprio MP para ajudar na análise técnica. A investigação descartou dolo, ou seja, concluiu que as mortes foram causadas por erros, mas que essas falhas não foram intencionais.
O MP também investigou a condição em que os termos de consentimento para uso dos medicamentos, quando fornecidos, foram assinados – isto é, se os pacientes ou familiares tinham conhecimento do que estavam autorizando. Segundo a denúncia, remédios foram testados sem autorização.
A Prevent Senior chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta que proibiu o uso off-label do kit-covid. O acordo livrou a operadora de responder, na esfera cível, pela conduta na pandemia, mas não interferiu nas investigações criminais.
COM A PALAVRA, A PREVENT SENIOR
“A Prevent Senior não foi citada sobre a denúncia do Ministério Público de São Paulo. A empresa sempre respeitou e colaborou com os promotores, mas reitera que seus médicos, funcionários e sócios sempre agiram para atender da melhor forma pacientes e beneficiários e jamais cometeram crimes, o que ficará comprovado no âmbito judicial no exercício do contraditório.”
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UOL NOTÍCIAS
Anvisa tenta retomar vigilância de remédio controlado após 2 anos de apagão
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) implementou agora em junho duas novas medidas para monitorar o uso de remédios controlados e antibióticos. Desde dezembro de 2021, o Brasil vive um apagão na vigilância. Há risco de consumo abusivo e desvio para uso ilícito.
O que aconteceu
Em 1º de junho, a Anvisa iniciou testes para voltar a receber informações sobre a venda de remédios controlados e antibióticos pelas farmácias. Os testes vão durar dois meses e contemplam apenas São Paulo e Distrito Federal – cerca de um terço das farmácias do país. Por enquanto, os estabelecimentos aderem se quiserem. Se os dados estiverem errados, não há punição.
A Anvisa recebia essas informações desde 2014, mas fez uma suspensão “temporária” no sistema em 2021, alegando “instabilidade”. Nome do remédio, dados do prescritor e do paciente, data e local da compra eram enviados pelas farmácias privadas para o SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados). O conjunto dos dados permitia analisar como era o consumo desses remédios em cada cidade do Brasil, além possibilitar fiscalização de indícios de ilegalidades.
A suspensão se tornou permanente e gerou um apagão, prejudicando o controle desses remédios, como mostrou o UOL em dezembro. Nunca antes o sistema tinha sido suspenso. A causa da interrupção e justificativa para a demora para resolver o problema não foram detalhadas pela Anvisa.
A Anvisa não informou qual a previsão para encerrar os testes e retomar, de forma definitiva, a vigilância dos dados. Nesse momento, o Brasil segue sem as informações. São dois anos e meio de apagão.
Já em 3 de junho, a Anvisa publicou uma norma que cria um sistema de rastreamento de receitas de remédios sujeitos a controle especial. É o Sistema Nacional de Controle de Receituário.
Hoje, essas receitas são feitas somente em papel, em talões amarelos, azuis ou brancos. Eles têm numerações geradas de forma independente pelas vigilâncias municipais. Para saber se o documento é autêntico, é preciso verificar diretamente com o órgão responsável – o Brasil tem 5.570 municípios. A dificuldade na validação abre terreno para a falsificação dos talões.
A nova regra prevê que os novos talões tenham uma numeração de controle concedida pela Anvisa. A adoção será gradual. A partir de julho, os médicos já podem começar a receber talões de receituário com as numerações de controle da Anvisa. Já a partir de janeiro de 2025, todos os novos talões devem estar de acordo com a nova regra.
Dessa forma, será mais fácil verificar se o documento é verdadeiro. Em vez de entrar em contato com os municípios, bastará consultar o sistema da Anvisa. Os talões de receituário especial emitidos sob as regras anteriores, sem a numeração nacional, ainda poderão ser usados até julho de 2026. Assim, o sistema só deve estar 100% em funcionamento daqui a dois anos.
A princípio, só a vigilância sanitária poderá conferir a autenticidade da numeração. Conselhos de farmácia pretendem pleitear que farmacêuticos também possam fazer essa conferência. As vigilâncias sanitárias municipais não costumam funcionar aos fins de semana, por exemplo. Uma receita fraudulenta levada a uma farmácia em um sábado poderia continuar furando o controle, mesmo com a numeração nacional.
As receitas de controle especial vão continuar a ser feitas apenas em talões de papel. Mas a unificação das numerações pela Anvisa é considerada como a primeira etapa rumo às prescrições eletrônicas desses produtos. Ainda não há previsão para isso ocorrer.
[O problema que gerou a suspensão do SNGPC] não foi tão simples, tanto que demorou mais de dois anos para consertar. [A retomada] ainda é em caráter de teste. Através desses dados, a vigilância pode tomar ações sanitárias. Por exemplo, pode identificar o consumo exagerado de um medicamento em um determinado estado.Adriano Falvo, diretor secretário-geral do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo
Recebemos com muita expectativa o anúncio de retorno do SNGPC, ainda que em fase de testes. Ao que parece, também há algumas mudanças importantes [no sistema], como a obrigatoriedade do preenchimento correto do tipo do medicamento.Tatiana Ferreira, doutora em saúde pública pela Escola Nacional de Pública da Fiocruz
Riscos do apagão na vigilância
Remédios de uso controlado podem causar dependência ou resistência. Nos Estados Unidos, o consumo indiscriminado de opioides provocou 80 mil mortes por overdose em 2021. Já a resistência a antibióticos é considerada um dos principais riscos à saúde pública global.
Também há risco de venda no mercado paralelo, sem prescrição, e desvio para produção de drogas ilícitas. O monitoramento dos dados é considerado essencial para prevenir e identificar essas situações.
Como o Brasil está há dois anos e meio sem dados, os controles atuais são extremamente arcaicos. Dependem de visitas presenciais e de conferência de documentos em papel e no computador.
A única opção é ir de farmácia em farmácia (são mais de 90 mil no país) e pedir para ver os dados. Embora o SNGPC esteja fora do ar, a Anvisa ainda exige que as farmácias mantenham os dados no local por dois anos – ou seja, parte das informações já pode ter se perdido para sempre, já que a suspensão do sistema já dura mais tempo.
A fiscalização presencial de uma farmácia por vez impede de identificar uma fraude que envolva várias lojas. Por exemplo, uma pessoa que faça compras em diversos estabelecimentos do país, em uma quantidade muito acima do recomendado para o tratamento individual. Ou receitas em massa feitas no nome de um mesmo médico.
No caso dos receituários especiais, a ausência de um mecanismo de autenticação abre espaço para a produção de talões falsos. Hoje, as farmácias têm dificuldade de verificar se um documento é ou não autêntico.
As novas medidas da Anvisa se somam à decisão, de maio, de aumentar o controle sobre o zolpidem, usado no tratamento de insônia. A ação foi tomada após um aumento de relatos de uso abusivo do medicamento.
Os novos controles ajudam na vigilância, mas representam uma redução de ambição da agência. Objetivo inicial era criar um sistema para acompanhar o remédio da fábrica até o paciente. É como se cada caixa de medicamento tivesse um código que permitisse rastrear todo seu trajeto. Ideia estava prevista em uma lei de 2009. Implementação foi postergada para 2022 e depois caiu em um limbo legal.
Essas substâncias apresentam potencial de causar dependência e de serem utilizadas de forma abusiva ou indevida. Devido a estas características, é importante que os prescritores sejam conhecidos pela Autoridade Sanitária (…). Além disso, [essas substâncias] apresentam alto potencial de desvio para o uso ilícito, motivo pelo qual se enquadram no conceito de droga.Nota técnica da Anvisa nº 183 de 2020
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MEDICINA S/A
Artigo – Ética na Saúde: uma luta de todos, mercado e sociedade
A falta é ética está em qualquer ação que prejudique o indivíduo ao nosso lado ou o coletivo. Na saúde, ela mata. Apesar disso, os números são assombrosos. Cerca de 7% dos gastos em saúde globais, ou aproximadamente US$ 500 bilhões, são perdidos com corrupção, anualmente, de acordo com a Transparência Internacional. Em reais, isso corresponde a R$ 2,5 trilhões, um montante que equivale a quase um quarto do PIB do Brasil indo para o ralo. E quem são os grandes prejudicados? Os consumidores, no caso, os pacientes.
O que podemos fazer? LUTAR! E ajudar com nossa força de trabalho, para que as relações existentes no setor que atuamos, e tanto amamos, sejam pautadas pela transparência, integridade, honestidade, prevenção e controle. Não devemos deixar de lado os acontecimentos do passado, os que se tornaram públicos e aqueles que se mantiveram encobertos pela perspicácia dos oportunistas. Bem como aquelas práticas que, antes, eram tidas como “praxe” do setor e hoje pudemos descortinar o mal que sombreava, ainda que no toar da “ignorância”, e corrigi-las.
Entra aqui o Instituto Ética Saúde (IES), que tem a missão de lutar por um equilíbrio das relações econômico-financeiras, de buscar a sustentabilidade de todos os elos dessa grande teia da saúde – que vai do fabricante nacional aos grupos multinacionais e envolve profissionais de saúde, distribuidores, importadores, hospitais, operadoras de saúde, laboratório, indústria farmacêutica. Porque estão todos interligados. E o que buscamos no IES é, de fato, o envolvimento coletivo. É preciso parar de apontar o dedo para o outro e olhar para dentro de casa.
O mercado da saúde é complexo, todo mundo sabe, por isso a nossa luta para conscientizar e engajar todos os players. Juntos seremos a mola propulsora do que verdadeiramente pode ser considerado ética nos negócios, utilizando os mecanismos de informações, atuando nas ações práticas, com a autorregulação do mercado e revisão das regulações em vigor, levando a conhecimento público o quanto a falta de transparência e o oportunismo nas relações depreciam a cadeia produtiva e a sociedade como um todo, gerando de fato prejuízo a qualidade e prolongamento da vida.
Também faz parte do trabalho os procedimentos de prevenção. O Instituto Ética Saúde se coloca na posição de receptor das informações das práticas ilícitas observadas. É preciso uma atuação conjunta de toda a sociedade para maior imputação e apuração das responsabilidades, além da identificação dos infratores e eventuais punições.
Sejamos os promotores da conduta ética verdadeira, com o fito não de tentar ensinar somente, mas envolver cada profissional, cada cidadão. Educar no sentido de (trans)formar cada envolvido. Neste ponto, lembramos o que diz José Murilo de Carvalho sobre educar e envolver a sociedade: “Nos países em que a cidadania se desenvolveu com mais rapidez […] a educação popular foi introduzida. Foi ela que permitiu às pessoas tomarem conhecimento de seus direitos e se organizarem para lutar por eles. A ausência de uma população educada tem sido sempre um dos principais obstáculos à construção da cidadania civil e política.”
Somos um Instituto que se propõe a lutar ativamente em prol de um setor justo e sustentável para todos, ser os “ouvidos e a boca” dos players, sem deixar de mencionar que também somos o “coração”, pois, sabemos que a paixão, o amor daqueles que trabalham com a saúde vibram pela vida.
*Cândida de Fátima Bollis e Patricia Braile, presidente e vice-presidente do Instituto Ética Saúde.
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Oferta de serviços online aos pacientes avança nos estabelecimentos de saúde
Após período de estabilidade, a oferta de serviços online aos pacientes cresceu em 2023. É o que revela a nova edição da TIC Saúde, lançada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A pesquisa é conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Entre 2022 e 2023, o agendamento de consultas pela Internet subiu de 13% para 34%, enquanto a marcação de exames aumentou de 11% para 19% e a visualização de prontuário de 8% para 18%. Já no sistema privado, a visualização online de resultados de exames apresentou elevação significativa (de 33% em 2022 para 40% em 2023).
“Ao longo dos 10 anos do estudo, acompanhamos uma maior informatização dos estabelecimentos de saúde, relacionada, sobretudo, à infraestrutura e a sistemas eletrônicos, principalmente durante a pandemia da Covid-19”, informa Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br. “A continuidade do levantamento permite examinar como os recursos tecnológicos foram integrados nas unidades de saúde e como isso propiciou o avanço da saúde digital no país”.
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os serviços mais oferecidos via Internet em 2023 foram a visualização de resultados de exames e de agendamento de consultas (27%), e a verificação de prontuário eletrônico (21%).
Apesar da crescente demanda por informações e serviços de saúde no ambiente digital, hoje cerca de metade dos estabelecimentos na área contam com website (49%) e redes sociais (53%), conforme o levantamento do Cetic.br.
Telessaúde
A TIC Saúde 2023 também revelou um aumento no percentual de estabelecimentos públicos que ofereceram educação à distância (de 24% para 31%) e teleconsulta (de 15% para 21%), entre 2022 e 2023. Na esfera privada, duas em cada dez unidades disponibilizaram serviços como telediagnóstico e teleconsulta.
“A telessaúde tem desempenhado um papel fundamental na ampliação do acesso aos serviços de saúde em todo o território nacional. Após alguns anos de estabilidade, houve um aumento no percentual dos estabelecimentos que ofertaram educação à distância para os profissionais e teleconsulta, crescimento impulsionado pela rede pública”, comenta Barbosa.
Nordeste (26%) e Centro-Oeste (22%) foram as regiões que tiveram mais estabelecimentos que disponibilizaram educação à distância por meio da telessaúde. A teleconsulta, por sua vez, foi mais comum no Norte (24%) e Nordeste (24%).
Sistemas eletrônicos
Com base na série histórica da pesquisa, constatou-se, nos últimos anos, um avanço gradual da adoção de sistemas eletrônicos para o registro de informações dos pacientes, passando de 74% em 2016 para 87% dos estabelecimentos de saúde em 2023. Esse progresso foi especialmente marcante nas unidades públicas, onde o indicador passou de 56% para 85% no mesmo período.
O estudo também observou disparidades regionais quanto a esse recurso. Norte (79%) e Nordeste (83%) apresentam as menores proporções de estabelecimentos com algum tipo de sistema de registro eletrônico de informações dos pacientes. O maior percentual foi encontrado na região Sul (93%). Os estados com estabelecimento menos equipados com sistemas eletrônicos são Amapá (66%), Maranhão (71%) e Acre (72%).
Esse avanço se refletiu na maior disponibilidade em formato eletrônico de alguns tipos de informações dos pacientes, sobretudo nos estabelecimentos públicos. Se em 2013, 64% das unidades da rede pública tinham informações cadastrais nesse formato, dez anos depois, passou-se a 88%. Já informações sobre os principais motivos que levaram o paciente ao atendimento (de 28% para 83%), diagnósticos de saúde (de 27% para 82%) e vacinas administradas (de 29% para 78%) figuram entre as informações mais presentes de forma digital na última década.
IA e outras tecnologias
No módulo de novas tecnologias, foram incluídos indicadores que trazem informações mais detalhadas sobre a aplicação de inteligência artificial (IA). Em 2023, cerca de 3.200 estabelecimentos de saúde se valeram desse recurso, a grande maioria da rede privada (aproximadamente 2.800). Entre as ferramentas mais utilizadas por aqueles que adotaram IA estão as voltadas para a automatização de processos de fluxos de trabalho (46%), o uso de reconhecimento de fala (33%), e na mineração de texto e análise de linguagem escrita ou falada (32%). O reconhecimento e o processamento de imagens, bem como a aprendizagem de máquina para predição e análise de dados, foram aplicados por 21% e 16%, respectivamente.
O uso de IA pelos estabelecimentos tiveram como objetivo, principalmente, melhorar a segurança digital (45%), apoiar a organização de processos clínicos e administrativos (41%) e melhorar a eficiência dos tratamentos (38%). Por outro lado, aplicações para apoiar a gestão de recursos humanos ou recrutamento (28%) e auxiliar na dosagem de medicamentos (16%) foram menos citadas.
No caso das unidades de saúde que não recorreram a soluções baseadas em inteligência artificial, 63% dos gestores não consideraram a tecnologia como uma prioridade. Em quase metade dos estabelecimentos, a não utilização se deu por conta de incompatibilidade com equipamentos, software ou sistemas existentes no estabelecimento de saúde (52%), custos muito elevados (50%) e falta de necessidade ou interesse (49%). As preocupações com a violação da proteção de dados e privacidade (39%) e questões éticas (22%) foram menos citadas.
Um baixo percentual de estabelecimentos recorreu a tecnologias como blockchain (1.200), robótica (3.200) e Internet das Coisas (IoT) (4.300). Também uma parcela reduzida dos estabelecimentos de saúde adotou serviços em nuvem. Hospitais com mais de 50 leitos de internação foram os que mais usaram esses serviços, com destaque para e-mail em nuvem (63%) e armazenamento de arquivos ou bancos de dados em nuvem (57%). Em relação à análise de big data, ela tem sido mais realizada pelos hospitais com internação e mais de 50 leitos (22% em 2023). A principal fonte são os dados provenientes do próprio estabelecimento como de fichas cadastrais, formulários e prontuários (64%) e de dispositivos inteligentes ou sensores (58%).
A pesquisa
A pesquisa tem o objetivo de investigar a adoção das TIC nos estabelecimentos de saúde e sua apropriação por profissionais da área. Nesta 10ª edição, as entrevistas foram realizadas pelo telefone e pela Internet entre fevereiro e agosto de 2023 com 4.117 gestores de estabelecimentos de saúde entrevistados em todo o território nacional.
A pesquisa é realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e conta com o apoio institucional de organismos internacionais – como a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – além do apoio institucional e técnico do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass), do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e de especialistas vinculados a importantes universidades.
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JORNAL OPÇÃO
Câmara de Goiânia: CEI da Saúde já teria assinaturas necessárias e pode sair na próxima semana
Uma fonte ligada à Câmara revelou que alguns dos parlamentares que assinaram a criação da Comissão de Inquérito pediram para que o requerimento de criação dela seja apresentado já na terça-feira, 11
Uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) com o objetivo de investigar possíveis irregularidades na saúde municipal, batizada de CEI da Saúde, pode ser protocolada na próxima semana na Câmara Municipal de Goiânia. Conforme apurado pela reportagem, a proposta para a criação da CEI já conta com 15 assinaturas (são necessárias 12), com pressão por parte de parlamentares da oposição à atual gestão para que seja apresentada “o mais breve possível”.
Ao Jornal Opção, uma fonte ligada à Câmara revelou que alguns dos parlamentares que assinaram a criação da Comissão de Inquérito pediram para que o requerimento de criação dela seja apresentado já na terça-feira, 11.
O possível nascimento dessa nova CEI representaria mais um duro golpe para o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) junto à Câmara, o que pode respingar, também, em seu projeto eleitoral de reeleição. O mais recente foi o episódio envolvendo Denes Pereira.
Um dos principais aliados de Cruz e presidente estadual do partido do prefeito – que banca seu projeto de reeleição -, Denes foi exonerado, a pedido, do cargo de secretário de Infraestrutura de Goiânia nesta quarta-feira, 5, após ser alvo de uma operação da Polícia Civil.
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Assessoria de Comunicação