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DESTAQUES
Artigo – Um caminho eficaz para a redução de reinternações hospitalares
Perspectiva: o desafio da transição demográfica para a saúde
Fila para consulta médica no SUS dura mais de 1 mês em ao menos 13 capitais; tema vira alvo de promessas eleitorais
Farmácias de Goiânia registram falta de medicamento para diarreia
MEDICINA S/A
Artigo – Um caminho eficaz para a redução de reinternações hospitalares
Por Peer Buergin
Os hospitais de Transição de Cuidados desempenham um papel crucial para a melhoria da qualidade do cuidado e a redução de reinternações hospitalares. Essas unidades oferecem suporte contínuo e cuidados coordenados para pacientes que ainda necessitam de atenção médica após a alta hospitalar, mas que não requerem a complexidade de um hospital de cuidados agudos. A abordagem é particularmente eficaz na gestão de condições crônicas e na recuperação pós-cirúrgica, onde a transição suave pode prevenir complicações e readmissões.
As experiências de sucesso ao redor do mundo demonstram que a implementação de programas de transição de cuidados bem estruturados pode resultar em significativas melhorias na saúde dos pacientes e na eficiência dos sistemas de saúde. Como gestores de saúde, é nosso dever promover e investir em práticas que assegurem a continuidade do cuidado e a segurança dos nossos pacientes.
Para se ter uma ideia, segundo o Journal of Hospital Medicine, da Society of Hospital Medicine (SHM), nos Estados Unidos, os programas de transição de cuidados foram associados a uma redução de 25% nas reinternações de pacientes. Já o Journal of the American Medical Association (JAMA) publicou um estudo comprovando que as intervenções de transição de cuidados reduziram as taxas de reinternação em até 20%.
No Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein desenvolveu um programa de transição de cuidados focado em pacientes idosos, que inclui visitas domiciliares por enfermeiros e acompanhamento telefônico regular. O hospital relatou uma redução de 25% nas reinternações de pacientes idosos após a implementação do programa.
A importância da Transição de Cuidados
Quando os pacientes são transferidos de um ambiente de cuidado para outro, como do hospital para a casa, há um risco substancial de descontinuidade no tratamento. O fato do paciente ter recebido alta hospitalar, não significa que ele está 100% apto para se desvencilhar do cuidado necessário. Se não gerenciadas adequadamente, essas mudanças podem resultar na falta de adesão ao tratamento e, eventualmente, na necessidade de reinternação.
Os hospitais de Transição de Cuidados oferecem assistência especializada e programas de reabilitação que ajudam os pacientes a se recuperarem e a evitarem complicações que possam levar à readmissão hospitalar.
E de que forma isso acontece? Por meio de abordagem transdisciplinar que garante um cuidado abrangente. Isso significa que a equipe assistencial multiprofissional, com profissionais de diversas áreas, como médicos (clínico geral, geriatra, infectologista, fisiatra), enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, por exemplo, trabalham juntos para desenvolver e implementar planos de cuidados personalizados.
Além disso, a abordagem transdisciplinar, ou seja, a integração de conhecimentos e habilidades de diferentes disciplinas para a criação de um plano de cuidados coeso que aborde todas as necessidades do paciente de maneira holística, garante a melhor forma de cuidado. É importante frisar que os planos de cuidado são personalizados, justamente para atender às necessidades específicas de cada paciente. Esses planos geralmente incluem terapia física, ocupacional e outras modalidades de reabilitação.
Na prática, além de garantir que os pacientes recebam cuidados contínuos e coordenados, minimizando lacunas que podem levar a complicações e reinternações, os profissionais de saúde monitoram regularmente a condição do paciente, o que garante a detecção precoce de complicações e intervenções rápidas no caso de algum imprevisto ou situação adversa que possa ocorrer.
Ao ingressar em um hospital de transição de cuidados, os médicos desenvolvem planos personalizados de alta programada que, muitas vezes, são antecipadas de acordo com o grau de envolvimento e aderência do próprio paciente. Além disso, as instituições também fornecem suporte psicológico e social, auxiliando os pacientes a lidar com a ansiedade e o estresse associados à recuperação, o que pode contribuir para melhores resultados de saúde.
Impacto global da relação entre transição de cuidados e redução de reinternações
Estudos internacionais mostram que os hospitais de transição de cuidados têm um impacto significativo na redução de reinternações:
– A American Journal of Medical Quality divulgou um estudo recente que mostrou que hospitais de transição de cuidados reduziram as readmissões hospitalares em 20% ao implementar planos de cuidado personalizados e acompanhamento contínuo;
– Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que a integração de serviços de cuidados de transição pode melhorar os resultados dos pacientes e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde, diminuindo as readmissões hospitalares;
– Um estudo do National Health Service (NHS), do Reino Unido, mostrou que programas de cuidados de transição reduziram as reinternações em pacientes com doenças crônicas em até 25% ao fornecer suporte contínuo após a alta hospitalar.
O ato de investir e desenvolver as instituições de transição de cuidados é fundamental para melhorar os resultados de saúde e a qualidade de vida dos pacientes. É essencial que os governos, organizações de saúde e stakeholders trabalhem juntos para fortalecer esses sistemas e assegurar que estejam acessíveis a todos que necessitam, garantindo um cuidado de saúde mais seguro e eficaz.
*Peer Buergin é CEO da YUNA.
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Perspectiva: o desafio da transição demográfica para a saúde
Por Lídia Abdalla
O Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022 confirmou o que estudiosos do tema já identificavam há anos: os brasileiros estão envelhecendo. Hoje, os maiores de 60 anos já representam 15,6% da população e, segundo projeção recente publicada pelo instituto, em 2070, 37,8% dos habitantes do país estarão nessa faixa etária, enquanto o percentual de pessoas entre 40 e 59 anos será de 25,6%.
Com menos nascimentos e o amadurecimento da população, o Brasil está em pleno processo de transição demográfica. Nos próximos anos, a estrutura etária do Brasil perderá o antigo formato de pirâmide, com a base composta pela população jovem, tende à inversão, como mostra a projeção do IBGE, que ainda é mais larga, se estreitando enquanto aumento a população de idosos. E isso acarretará desafios para vários setores da sociedade, sendo o setor de saúde um dos mais exigidos. Ainda que os maiores de 60 estejam cada vez mais saudáveis e autônomos, a maior sobrevida leva ao aumento natural da incidência de doenças associadas à terceira idade – como as crônicas e oncológicas – gerando questões que envolvem a sustentabilidade e a entrega de valor ao paciente.
Sabemos que 70% das decisões clínicas passam pelo laboratório clínico e, com a população vivendo mais, crescerá a necessidade por esses serviços. Ou seja, a demanda por serviços médicos será cada vez maior e a prevenção e o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas é um dos caminhos para a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo. A visão integral do indivíduo em toda a sua jornada de cuidado, aliada à promoção do autocuidado apoiado por equipes multidisciplinares, como preconiza o modelo da Atenção Primária à Saúde (APS).
O cuidado múltiplo e com visão preventiva, preditiva e personalizada, com enfermeiros, médicos, psicólogos, fisioterapeutas e outros profissionais, apresenta resultados positivos em relação ao desfecho clínico e à qualidade de vida, evitando internações e, até mesmo, que se busque um pronto-socorro desnecessariamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a APS, além de prevenir doenças e agravos, pode resolver cerca de 80% das demandas de saúde dos indivíduos, sem necessitar de cuidados mais complexos.
E é exatamente com esse modelo que opera a Amparo Saúde, empresa que integra o ecossistema de negócios do Grupo Sabin e que realiza a gestão de saúde populacional para empresas e operadoras de saúde, aplicando a APS dentro dos princípios de acessibilidade, coordenação do cuidado, integralidade na atenção e longitudinalidade. Queremos estar cada vez mais presentes na jornada de saúde ao longo de toda a vida, alinhando tecnologia, inovação e humanização.
Com 40 anos de história e uma visão atenta aos desafios do setor, o Grupo Sabin acredita na necessidade de mudanças no modelo de saúde no país e no mundo com a contribuição da atenção primária à saúde como resposta à demanda por melhor assistência ao envelhecimento da população. O objetivo é ampliar o acesso à medicina de qualidade para milhões de brasileiros, sendo as pesquisas e tecnologias aliadas do ecossistema de ciência e inovação brasileiro.
O caminho está em construção. Em um país com a dimensão do Brasil, com toda sua complexidade e heterogeneidade, as mudanças e os avanços muitas vezes ocorrem de forma gradual. É preciso progredir ainda mais no diálogo com as diferentes instâncias empresariais, setoriais e governamentais, visando fortalecer o setor e superar os desafios presentes e futuros que se apresentam para todos os elos dessa cadeia produtiva.
É papel das lideranças da saúde atuar para que, cada vez mais, os pacientes estejam no centro do cuidado, de forma mais humana e inclusiva, dentro de uma lógica econômico-financeira sustentável. Somente assim vamos prosseguir rumo a uma sociedade mais justa e menos desigual, transformando o setor de saúde no Brasil e estimulando soluções cada vez mais eficientes.
*Lídia Abdalla é presidente-executiva do Grupo Sabin.
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O GLOBO
Fila para consulta médica no SUS dura mais de 1 mês em ao menos 13 capitais; tema vira alvo de promessas eleitorais
Bernardo Lima
Cuiabá tem o maior tempo médio de espera, com 197 dias para o paciente ser atendido; e Maceió, o menor, com 7,75 dias
Em ao menos treze capitais do país a população precisa esperar, em média, mais de um mês para ter uma consulta médica na rede municipal do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a expectativa frustrada de pacientes, o tema é alvo de promessas e discussões de candidatos para as prefeituras nas eleições deste ano.
Levantamento feito pelo GLOBO a partir de dados do Ministério da Saúde e das gestões de capitais com o mês de agosto como base mostra que, entre as administrações que forneceram dados oficiais, Cuiabá é a que tem o maior tempo médio de espera para consultas, com 197 dias para o paciente ser atendido. A capital mato-grossense também tem o maior tempo de espera para cirurgias eletivas (168 dias).
Na corrida eleitoral de Cuiabá, as críticas à atual gestão do MDB, de Emanuel Pinheiro, vão do União Brasil, passando pelo PL e chegando ao PT. Em um dos debates, Eduardo Botelho (União) disse que um dos focos de sua gestão seria a redução das filas. Para isso, ele pretende investir em ações primárias, aumento da equipe da saúde da família e a criação de três policlínicas.
No ano passado, com a crise na área, a saúde do município chegou a sofrer intervenção do estado. Neste contexto, Lúdio, candidato do PT, promete ser o “prefeito da saúde” e acabar com a espera para o atendimento. Na última sexta-feira, o petista chegou a usar um depoimento em vídeo da ministra da Saúde, Nísia Trindade, para pedir votos.
– Lúdio Cabral conhece a fundo o Sistema Único de Saúde e todos os programas do governo federal – disse Nísia.
Ainda de acordo com o levantamento, moradores de Florianópolis são os que têm enfrentam maior tempo de espera para exames, 583 dias, em média. Na capital, candidatos também prometem “zerar” a fila.
O ranking das filas conta com dados de 17 capitais, já que Rio Branco (AC), Macapá (AP), Fortaleza (CE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Curitiba (PR), Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO) não responderam à solicitação do GLOBO.
O menor tempo de espera para consultas é registrado em Maceió, com 7,75 dias. Já Belém tem a menor média para a realização exames, com 7,95 dias, e Recife registra o menor tempo médio para as cirurgias eletivas, 4,79 dias.
A professora de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Carla Pintas, ressalta que as prefeituras dos municípios têm a responsabilidade sobre a gestão dessas filas.
– O município tem a obrigação de acompanhar o andamento dessa fila, para conferir se está avançando, se algum paciente acabou entrando em mais de uma fila. Essa leitura e filtro das filas tem que ser feito regularmente pelas prefeituras – diz a especialista.
Em São Paulo, candidatos como Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) se comprometem a diminuir as esperas. José Luiz Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) vão além e dizem que vão zerar algumas das filas.
Em junho, o tempo médio de espera para exames era de 55 dias, 107 para consultas e 160 dias para as avaliações nas especialidades cirúrgicas. Em nota, a prefeitura destacou que, sob a atual gestão, os investimentos ano a ano e o orçamento do setor passou de R$ 10 bilhões, em 2016, para R$ 20 bilhões, em 2024.
“Em 2023, a rede executou 69.802.181 procedimentos e consultas médicas de Atenção Básica, além de 10.039.448 de consultas em urgência e emergência na área hospitalar”, completa a nota.
No Rio de Janeiro, Tarcísio Motta (PSOL) quer diminuir as filas com a contratação de mais médicos especialistas. Enquanto isso, Alexandre Ramagem (PL) propõe diminuir em 80% a fila do Sisreg na rede municipal criando turnos extras nas unidades de saúde.
Segundo o cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Geraldo Tadeu, problemas com a saúde pública são historicamente decisivos nas eleições.
– E o símbolo mais visível da falência dos serviços de saúde é a fila, que representa a dificuldade de atender a demanda da população. Então se cria uma expectativa muito grande no período eleitoral, e os políticos têm que fazer discurso vendendo esperança. Não adianta falar que é um problema complicado, que vai ser difícil, ele fala que vai resolver – ressalta o especialista.
A última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 mostrou que mais de 150 milhões de brasileiros, ou seja sete em cada dez, dependiam exclusivamente do SUS para cuidar de sua saúde.
Na visão de Carla Pintas, o problema das grandes filas pode ser resolvido principalmente com o fortalecimento dos serviços de atenção primária à saúde. Segundo ela, a adoção de consultas à distância nas redes municipais pode ser um caminho para resolução deste problema histórico na saúde brasileira.
– Se o paciente precisa fazer uma consulta com um endocrinologista, que não tem no município dele, hoje a gente consegue fazer isso online junto com o médico da atenção primária, e isso já se resolve lá. Essa é uma alternativa excelente pensando também no deslocamento que o paciente precisa fazer. E não precisa de muita tecnologia para isso, é só ter um celular ou uma câmera.
Para a medição do tempo médio de espera no levantamento, foi realizada uma média ponderada entre as diferenças das datas de execução/internação e as datas de solicitação das demandas registradas no Sistema de Regulação (SISREG) para calcular o tempo médio de agendamento.
Desde julho O GLOBO solicitou os dados referentes ao tempo de espera das filas às capitais. No entanto, nove prefeituras não responderam.
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A REDAÇÃO
Farmácias de Goiânia registram falta de medicamento para diarreia
Victor Santos
Goiânia – Farmácias de Goiânia registram, ao longo desta semana, a falta do medicamento Tiorfan sachê, receitado para casos de diarreia. A ausência do remédio nas prateleiras das drogarias da capital se dá em meio a um surto ativo de diarreia aguda (DDA) enfrentado por 149 cidades de Goiás. Só em agosto, 26.756 casos foram registrados no Estado.
A reportagem entrou em contato com farmácias de diferentes redes em Goiânia e constatou a falta do medicamento. Em um dos estabelecimentos, a farmacêutica citou que há uma “falta geral” do Tiorfan sachê nas drogarias. A reportagem entrou em contato com o Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF/GO), que afirmou que ainda irá checar a ausência da medicação.
Surto de diarreia
Goiás vive um surto de DDA. Os dados mais recentes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) mostram que 149 municípios do Estado estão com surtos ativos da doença, que, segundo a pasta, apresenta aumento em todo o país. Em 2024, Goiás notificou 160.417 casos isolados em todos os municípios.
A SES-GO também informou que investiga as causas dos surtos, mas que as principais causas da DDA registradas são os vírus rotavírus e norovírus, com predominância do rotavírus em vários municípios. A contaminação da água de poços particulares, com presença da bactéria Escherichia coli (E. coli) também foi apontada pela pasta como uma das causas.
Prevenção
A saúde de Goiás informou que a DDA é uma doença que pode ser prevenida e controlada com medidas simples de higiene, saneamento básico e uso de máscara, e ainda:
• Lavar as mãos com frequência, principalmente antes das refeições e após usar o banheiro.
• Consumir água tratada e alimentos bem cozidos.
• Manter os alimentos em locais adequados e protegidos de insetos.
• Buscar atendimento médico em caso de sintomas como diarreia, vômitos, febre e dor abdominal.
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Assessoria de Comunicação