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DESTAQUES
Artigo – Cultura de Inovação: Por que uma empresa de saúde deve inovar?
Estudante de medicina é investigado por fraudar provas de vestibular
Em Goiânia, maternidades suspendem atendimentos por falta de pagamento: “Desabastecimento de todo e qualquer tipo de medicamento”
Anvisa suspende venda e propaganda de “chips da beleza”
Acreditação hospitalar no Brasil: avanços e desafios no caminho da qualidade
Doenças infecciosas e transtornos mentais devem ser prioridades no SUS, apontam profissionais
MEDICINA S/A
Artigo – Cultura de Inovação: Por que uma empresa de saúde deve inovar?
Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, dizia que invenções eficazes são surpreendentemente simples. “O maior elogio que uma inovação pode receber é: isto é óbvio! Por que não pensei nisso antes?”. Drucker conseguiu distinguir muito bem a criatividade da inovação: mais do que um lampejo de genialidade ou a produção de algo diferente, a inovar é a capacidade de fazer alguma coisa nova que atenda uma necessidade real.
Entre empresas que têm no seu DNA a cultura de inovação, essa é uma premissa e a grande diferenciação de companhias consideradas criativas, mas que morrem na praia por não darem uma utilidade cotidiana e sustentável às ideias. E, entre as empresas de saúde, um setor sensível, com inúmeras variáveis e pressões diversas, inovar de forma sustentável não é apenas uma opção, é uma premissa.
No setor, posso citar alguns exemplos nacionais de inovações que tornam o sistema mais fluido para os pacientes e eficientes para companhias e operadoras, como os algoritmos de inteligência artificial em exames, que diminuem o tempo entre o diagnóstico e tratamento, e o monitoramento da saúde de pacientes através de dados, que diminuem os gaps de cuidado e previnem agravamento de doenças.
De maneira geral, as companhias inovam por motivos e de formas diferentes. A Amazon, por exemplo, durante anos promoveu mudanças com foco no crescimento do negócio. Passou praticamente duas décadas sem lucro, reinvestindo o excedente na criação de novos produtos, como o Prime e o AWS, além de promover melhorias na infraestrutura de entregas, que está no centro do negócio.
Com um lucro líquido de US$ 10,43 bilhões a mais no primeiro trimestre de 2024, se comparado ao primeiro trimestre do ano passado, a estratégia de Jeff Bezos se mostrou eficaz no longo prazo, com os serviços de nuvem e IA puxando o bom momento da empresa.
Outro exemplo interessante é da Danaher, empresa norte-americana de suprimentos de produtos médicos e biotecnologia, reconhecida pela excelência do modelo operacional, que entrega rentabilidade de forma consistente. Na década de 1990, ela encontrava dificuldade de diminuir os custos de produção e redirecionou seu esforço de inovação para a área, com aumento substancial da margem.
Casos assim tangibilizam como e porque companhias com uma cultura consistente de inovação têm uma vantagem competitiva sustentada: elas têm grande potencial de adaptabilidade, de solução de problemas, de atração e engajamento de talentos, são centradas no cliente e conseguem fazer o gerenciamento de risco de forma eficaz. Esses pontos as tornam atraentes ao mercado, valorizando seus ativos e fechando um círculo virtuoso, no qual todas as partes do ecossistema empresarial ganham.
Tão importante quanto o motivo pelo qual as companhias inovam é como elas fazem isso. O processo pode ser incremental, quando as mudanças são pequenas e graduais, com melhorias em processos e upgrades em produtos; radical, quando as mudanças são visíveis e rápidas; ou disruptivo, em que inovação muda completamente a forma do público consumir certo produto ou serviço.
Raciocínio similar é percebido na forma de alocação de capital entre o core business e novos negócios, método explorado pelo conhecido modelo dos 3 horizontes da inovação, da consultoria norte-americana McKinsey: um que explora o core business do negócio, aprimorando e otimizando produtos já existentes; outro que concentra esforços na investigação e exploração de mercados adjacentes, identificando oportunidades de crescimento; e finalmente aquele que incentiva a inovação radical, adotando uma abordagem mais arriscada e com perspectivas exponenciais. Todas essas frentes são trabalhadas de forma simultânea, com uso racional de capital, de acordo com o ciclo estratégico e de vida da empresa, ponto reforçado como relevante por autores como Aswath Damodaran.
Independentemente da área em que se busca a inovação, a cultura do erro pode ser empregada também como modelo de gestão – lição aprendida com as startups. A ideia é simples e tem termo em inglês, o fail fast: líderes estimulam que se erre “rápido”, por meio de protótipos que podem ser ajustados ou descartados, permitindo que a inovação seja colocada em prática – mas sem espaço para baixa performance, fator relevante em empresas que inovam com maior geração de valor.
Na minha trajetória de inovação no setor de saúde, tanto no ambiente acadêmico como corporativo, observei diferentes líderes testando e incorporando o uso de tecnologias para transformar a jornada de experiência dos pacientes, buscando novas formas de valor no diagnóstico e tratamento de doenças e, por fim, para mudarem o modelo de negócio em si. Aprendi o valor da inovação aberta, com parcerias que aperfeiçoam de forma substancial serviços e processos e comprovei a importância de equipes multidisciplinares e áreas transversais para ganhar agilidade e como a experimentação deve ser aplicada com disciplina e norteada por indicadores que comprovem a eficácia e aplicabilidade.
O impulso das empresas para inovação oscila em momentos de maior instabilidade financeira e econômica – inclusive do setor. Identifico que fatores como a ausência de retorno do investimento, o medo e intolerância à falha, a fadiga de tentar e não conseguir, além da conveniência de repetir aquilo que já deu certo no passado, são alguns dos principais fatores que paralisam a inovação. No entanto, em um mundo em constante evolução repetir os mesmos padrões pode ser contraproducente e uma frase do inventor norte-americano Charles Kettering traduz o meu pensamento sobre o tema: se você sempre faz algo do mesmo jeito, provavelmente você faz errado.
*Leonardo Vedolin é Vice-presidente médico da Dasa.
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JORNAL OPÇÃO
Em Goiânia, maternidades suspendem atendimentos por falta de pagamento: “Desabastecimento de todo e qualquer tipo de medicamento”
Unidades de saúde estão atendendo apenas urgências e emergências. Mais de 19 mil procedimentos não foram realizados
Agravando o colapso na saúde municipal, as três maternidades públicas de Goiânia suspenderam os atendimentos por falta de repasse da prefeitura municipal. Apenas casos de urgência e emergência estão sendo recebidos no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e Maternidade Nascer Cidadã (MNC).
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que está em contato com a Fundahc para regularizar o atendimento. A pasta também negocia com fornecedores para normalizar o serviço. Veja a nota na íntegra ao final da matéria.
Na última sexta-feira, 18, médicos pediatras do HMDI suspenderam todos os atendimentos noturnos. As gestantes que buscaram a unidade de saúde foram encaminhadas para o Hospital da Mulher (Hemu). Os serviços de urgência e emergência foram retomados no sábado, 19, de acordo com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
“Hoje eu falo de desabastecimento de todo e qualquer tipo de medicamento, de serviços básicos como a alimentação, que não tem permitido a oferta de serviço assistencial. Com isso, alguns planos de contingenciamento já têm sido feitos, como a suspensão de cirurgias eletivas, atendimentos ambulatoriais”, explicou a diretora-executiva da Fundahc, Lucilene Sousa.
Juntas, as maternidades deixaram de realizar 19 mil procedimentos desde o início da suspensão dos atendimentos, incluindo cirurgias, exames e consultas, segundo Lucilene. Em agosto, as unidades de saúde já haviam suspendido os atendimentos por falta de pagamento.
Na ocasião, pacientes não conseguiram novas internações, realizar consultas agendadas, exames de ultrassonografia e de mamografia. Lucilene afirmou que o cenário vivido pelos funcionários das maternidades se agravou desde a primeira suspensão.
“Isso não começou agora, já tem um histórico. A nossa grande preocupação é a questão do colapso da saúde materna e infantil no município de Goiânia. Essas três maternidades não prestam atendimento somente para Goiânia, mas também para municípios circunvizinhos e até outros estados”, disse.
Comitê
A diretora-executiva da Fundahc explicou que propôs um comitê de crise, que será composto por técnicos de órgãos representantes de profissionais da saúde. A ação visa avaliar as condições para a manutenção do serviço prestado à população.
No início de outubro, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou o bloqueio de aplicação financeira ou depósito bancário nas contas vinculadas ao Fundo Municipal de Saúde da Prefeitura de Goiânia para garantir o repasse referente ao mês de agosto de 2024 para as maternidades e sugeriu o bloqueio de até R$ 6.895.584,93.
Nota Prefeitura de Goiânia
“A Secretaria Municipal de Saúde está em contato com a Fundahc/UFG enquanto se definem os repasses financeiros. A pasta também negocia com fornecedores, juntamente com a Fundahc, para que todo o serviço seja normalizado.
A expectativa é que o diálogo entre as instituições se mantenha aberto, buscando garantir a normalização plena dos serviços prestados à população.
Ressalta-se que os atendimentos de urgência e emergência foram retomados no Hospital Municipal Dona Iris (HMDI) nesta manhã, e todas as unidades de saúde geridas, incluindo o Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e a Maternidade Nascer Cidadã (MNC), permanecem funcionando normalmente”.
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AGÊNCIA BRASIL
Anvisa suspende venda e propaganda de “chips da beleza”
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a manipulação, comercialização, propaganda e uso de implantes hormonais manipulados, também conhecidos como chips da beleza, e vendidos por farmácias de manipulação em todo o país. A decisão consta em uma nova resolução da agência, que será publicada no Diário Oficial da União (DOU), e tem força de lei.
Segundo a Anvisa, a medida é preventiva e foi adotada após denúncias apresentadas por entidades médicas, entre elas a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, que apontam um crescimento do atendimento de pacientes com problemas devido ao uso de implantes que misturam diversos hormônios, em formato implantável, inclusive de substâncias que não possuem avaliação de segurança para a forma implantável.
Desde o ano passado, a prescrição de terapias hormonais para fins estéticos, como ganho de massa muscular e melhora no desempenho esportivo, está proibida por outra resolução, aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os “chips da beleza” são implantes largamente usados como estratégia para emagrecimento, tratamento da menopausa, antienvelhecimento, redução da gordura corporal, aumento da libido e da massa muscular. Segundo especialistas, eles podem conter inúmeras substâncias, embora normalmente sejam compostos por testosterona ou por gestrinona, um progestágeno com efeito androgênico. Combinações contendo estradiol, oxandrolona, metformina, ocitocina, outros hormônios e NADH também são produzidas. Entidades médicas vinham alertando as autoridades sanitárias contra o uso abusivo desses implantes.
Com a nova resolução, a Anvisa pede aos pacientes que fazem uso destes produtos a procurarem seus médicos para orientação em relação ao tratamento. Qualquer paciente que venha a ter reações pelo uso deste tipo de produto, deve fazer uma notificação ao órgão. Os chips da beleza nunca foram submetidos à avaliação da Anvisa.
Alerta
A área de monitoramento da agência reguladora também já publicou um alerta em que destaca que implantes hormonais para fins estéticos e de desempenho podem ser prejudiciais à saúde, além de não haver comprovação de segurança e eficácia para essas finalidades.
Dentre as complicações de quem faz uso indevido desses produtos estão: elevação de colesterol e triglicerídeos no sangue (dislipidemia), hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e arritmia cardíaca.
Além disso, pode ocorrer crescimento excessivo de pelos em mulheres (hirsutismo), queda de cabelo (alopecia), acnes, alteração na voz (disfonia) insônia e agitação.
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PORTAL G1
Estudante de medicina é investigado por fraudar provas de vestibular
Segundo a Polícia Federal, André Rodrigues Ataíde contava com um time de 32 pessoas fazendo as provas ou transmitindo as respostas para os candidatos.
O estudante de medicina André Rodrigues Ataíde é investigado por fraude no vestibular. O estudante se especializou em burlar o controle de exames de admissão online de algumas faculdades privadas. Essas provas costumam ser feitas com o microfone e câmera do computador ligados, para que um fiscal observe se o candidato não está colando.
O Fantástico teve acesso a um vídeo que André gravou para um candidato de vestibular de medicina. São instruções para enviar perguntas de uma prova na tela do computador para ele e receber de volta as respostas. “Teu olhar tem que ficar focado para tela. Se tu olhar para o lado aqui como eu to olhando, o sensor, o programa vai indicar para o fiscal e ele vai ficar enchendo teu saco”, diz André em um vídeo para um candidato ao vestibular de medicina.
A Polícia Federal identificou 30 candidatos que contrataram os serviços de André em quatro estados para 107 provas de vestibular. Na quarta-feira, a PF cumpriu 27 mandados de busca em casas de candidatos suspeitos ou de cúmplices no esquema de fraudes.
O investigado contava com um time de 32 pessoas fazendo as provas ou transmitindo as respostas para os candidatos, segundo a PF.
“Ele chegou a realizar nove provas em um único dia, simultaneamente, para nove candidatos. Ele tinha colaboradores que auxiliavam na resolução das provas”, explica o delegado da Polícia federal Ezequias Martins.
Em fevereiro, o Fantástico mostrou a prisão de André por ter feito presencialmente, pelo menos, duas provas do Enem no lugar de estudantes que pagaram pelo serviço. A fraude foi comprovada quando a assinatura de André e a letra da redação foram comparadas com a assinatura e a letra dos estudantes aprovados. Um deles já estava cursando medicina na Universidade Estadual do Pará, a Uepa, onde André também estudava.
André hoje é réu na Justiça federal e responde em liberdade. E ainda pode se tornar réu em outro processo na Justiça estadual do Pará pelos mesmos crimes.
Em abril, André cancelou a matrícula na Universidade do Estado do Pará, onde já estava em andamento um processo de expulsão. Ele continuou a cursar medicina em Marabá na Faculdade de Ciências Médicas do Pará, a Facimpa.
O Fantástico foi até a casa de André Rodrigues Ataíde e quem atendeu foi o pai dele: “Vocês se aventurem daqui pra outro rumo. Para outro rumo, nós estamos falando sério”.
“As faculdades, elas estão sendo tratadas como vítimas nessa investigação, apesar de existir, sim, a vulnerabilidade do sistema”, afirma o delegado da Polícia federal Ezequias Martins.
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SAUDE BUSINESS
Acreditação hospitalar no Brasil: avanços e desafios no caminho da qualidade
Com apenas 8,99% dos hospitais acreditados, o Brasil avança lentamente na busca por excelência e segurança na saúde. Saiba quais são os principais desafios nesta jornada.
O cenário da acreditação no Brasil tem se mostrado cada vez mais relevante para o setor saúde, impulsionado por demandas de melhoria contínua na qualidade dos serviços prestados e pela necessidade de garantir segurança ao paciente. O país possui cerca de 6.805 hospitais, dos quais 612 são acreditados, representando 8,99% do total. Entre esses, 425 são certificados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Considerando o tipo de gestão, aproximadamente 57% dos hospitais acreditados pela ONA são privados, 21% são públicos, 19% são filantrópicos e 2% se enquadram em outros tipos de gestão ou não informados. Cerca de 70 organizações de saúde brasileiras são acreditadas pela Joint Commission International (JCI) – uma instituição internacional -, sendo que 70% são hospitais. Há ainda outros órgãos, como a Accreditation Canada.
No Brasil, a acreditação segue um modelo voluntário e se destaca por avaliar diferentes perfis, tamanhos e complexidades de organizações de saúde desde a atenção primária, secundária e terciária. Mas seu avanço ainda é considerado lento pelos especialistas.
“A acreditação no Brasil avança ainda com moderada velocidade. Considerando o número total de hospitais existentes no país, temos uma parcela muito pequena que se submete a essa avaliação externa”, comenta Helidea Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or e coordenadora do Grupo de Trabalho de Melhores Práticas Assistenciais da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
Existem diversas instituições acreditadoras, nacionais e internacionais. Segundo Cristiane do Valle, vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), a ONA é a única metodologia nacional estruturada de acordo com a realidade do sistema de saúde do Brasil, considerando a complexidade, porte, perfil, características regionais e níveis de atenção primário, secundário e terciário.
Poucas instituições são acreditadas, mas a tendência é de crescimento
Há um crescimento no número de instituições acreditadas, impulsionado por exigências de clientes, operadoras de saúde e pelo próprio mercado, que busca diferenciação pela qualidade e eficiência.
“O panorama da acreditação hospitalar no Brasil tem se mostrado cada vez mais promissor nos últimos anos. Com a maior conscientização sobre a importância da qualidade no atendimento à saúde, muitas instituições têm buscado a acreditação como um diferencial competitivo e um compromisso com a excelência”, diz Mirocles Véras, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB).
Apesar de não haver um levantamento oficial sobre o número de hospitais filantrópicos e Santas Casas que são acreditados atualmente, o portal da ONA aponta 119 resultados encontrados no perfil gestão filantrópica. “Um bom número, porém, ainda pequeno, diante das 1.814 instituições filantrópicas de saúde. Mas sabemos que a acreditação está no planejamento de muitas dessas instituições”, destaca Véras.
O executivo acredita que os hospitais estão se conscientizando sobre a importância da acreditação não apenas como um selo de qualidade, mas também como uma forma de garantir a confiança da população e dos parceiros. Além disso, a acreditação tem se mostrado um diferencial competitivo que pode ajudar na captação de recursos e na ampliação do atendimento à população.
O fato é que o Brasil está vivenciando um momento de maior procura pelo sistema de acreditação, com um aumento significativo no número de novas instituições certificadas. Em 2023, o crescimento da ONA, por exemplo, foi de 17%, superando a média histórica de crescimento anual desde 2020.
Ana Maria Saut, gestora técnica da ONA e instrutora em cursos de pós-graduação da Fundação Vanzolini, uma das instituições acreditadoras credenciadas pela ONA no Brasil, conta que, no primeiro semestre de 2024, foram registradas 176 novas certificações, em comparação com 96 ao longo de todo o ano de 2023.
“Esse fato demonstra o contínuo interesse das instituições de saúde em aderir aos padrões de qualidade e segurança exigidos pela acreditação. O aumento foi impulsionado por iniciativas como o projeto Avança Saúde, que certificou 276 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) no município de São Paulo entre agosto de 2023 e junho de 2024.”
Acreditação no Brasil e no mundo
Segundo dados do relatório Desafios de qualidade em saúde no Brasil, publicado em 2022 pela Anahp, a acreditação faz parte da gestão da saúde em quase 100 países, no entanto, o processo tem particularidades nas diversas regiões.
Na França, é obrigatório desde 1996 e serve como uma ferramenta de controle dos serviços, além dos propósitos originais. O National Health Service (NHS), da Inglaterra, utiliza a acreditação como base para uma política de melhoria contínua do sistema, inclusive com padrões específicos para unidades de baixa complexidade.
No Líbano, o governo emprega o processo como ferramenta para a regulamentação da assistência. Já a China adota a obrigatoriedade nos hospitais universitários como forma de garantir a formação de profissionais qualificados. Na Tailândia, o programa de acreditação, implantado em 1997, foi uma resposta bem-sucedida às dificuldades que os hospitais do país enfrentaram durante a crise econômica asiática.
“Quando comparamos o Brasil a outros países, podemos considerar que estamos bem. Avaliando dados de hospitais acreditados pela JCI no mundo, por exemplo, a Espanha possui apenas 3,24% dos hospitais acreditados por essa metodologia; Portugal, 1,23%; México, 1,08% e Colômbia, 0,77%, sendo que o Brasil aparece na terceira posição, com 8,63% do total dos hospitais acreditados”, diz Helidea.
Nos Estados Unidos, a Joint Commission, junto à Joint Commission International (programa voltado para o exterior), certificou mais de 23 mil instituições em mais de 70 países. No Canadá, a Accreditation Canada certificou mais de 12.500 organizações em mais de 40 países.
Embora o Brasil enfrente desafios, como a concentração de instituições acreditadas na região Sudeste (71% do total), o crescimento em diversas áreas de saúde, como Atenção Primária e serviços de diagnóstico, está ampliando o alcance da acreditação no país.
“Além do crescimento no número de instituições acreditadas, destaca-se a evolução na maturidade dos sistemas de gestão. Atualmente, 521 instituições no Brasil são acreditadas no Nível 3 – Acreditado com Excelência, da ONA, representando 42,2% do total de acreditações. Esse nível de maturidade reflete a capacidade dessas instituições de manter padrões elevados de qualidade e segurança de forma consistente ao longo do tempo”, destaca Ana Maria.
Desafios a serem vencidos na jornada da acreditação
As instituições hospitalares, tanto públicas quanto privadas, enfrentam desafios substanciais ao buscar a acreditação. A preparação pode demandar mudanças estruturais, culturais e de gestão.
O maior desafio para a maioria das instituições é mostrar aos profissionais o propósito da certificação. “Um dos fatores que dificultam o processo é a falta de estrutura adequada para atendimento aos padrões, incluindo áreas físicas e equipamentos. Hospitais que não conseguem manter suas estruturas atualizadas terão que fazer ainda mais investimento para conseguirem a acreditação”, analisa Helidea.
Ela ressalta ainda a importância de avaliar a necessidade de fortalecer o cuidado interdisciplinar e centrado no paciente, além da cultura de aprendizado com a identificação dos eventos adversos como fundamentais nos desafios do processo da acreditação.
“Vejo como um dos principais obstáculos frente à obtenção da acreditação a adaptação aos rigorosos padrões de qualidade e segurança exigidos pelos organismos acreditadores. Isso muitas vezes requer investimentos em infraestrutura e formação de pessoal e implementação de novos protocolos, o que pode ser um desafio, especialmente para instituições que já operam com recursos limitados”, opina Véras. Vale lembrar que o processo de acreditação pode envolver custos diretos (taxas de avaliação, investimentos em infraestrutura, treinamentos, entre outros) e indiretos (tempo e recursos humanos dedicados à implementação) significativos.
Outro desafio apontado por ele é a necessidade de documentação e rastreabilidade de processos. “Muitas instituições podem ter dificuldades em manter registros adequados e evidências que demonstrem conformidade com os padrões exigidos. Superar esses desafios é essencial para que possamos melhorar continuamente a qualidade do atendimento”, comenta.
Na opinião de Ana Maria, instituições que não possuem uma área de qualidade podem ter dificuldades adicionais em organizar os processos necessários. “A criação de núcleos de qualidade é uma estratégia fundamental para garantir o desenvolvimento e a manutenção dos padrões exigidos para a acreditação.”
Oportunidades e tendências para a melhoria contínua
Entre as tendências observadas nas certificações de qualidade e segurança do paciente destacam-se a busca por acreditações reconhecidas internacionalmente, a expansão para outros níveis de cuidado além dos hospitais e a busca por certificações em áreas específicas, como oncologia.
Além disso, a demanda por certificações em gestão ambiental e segurança da informação deve crescer. Na opinião de Cristiane, a integração de critérios de sustentabilidade, visando a redução do impacto ambiental nas práticas hospitalares – o que deve ganhar cada vez mais relevância nos próximos anos -, tem surgido como tendência promissora.
“Há, no entanto, o risco de migração da acreditação para a certificação pela norma ISO 7101, lançada no final de 2023. Por ser parte das normas ISO, essa certificação pode ter um maior reconhecimento pelo mercado e facilitar a integração com sistemas de gestão em áreas como meio ambiente e saúde e segurança ocupacional”, observa Ana Maria.
Ela comenta ainda que as instituições de saúde já acreditadas devem buscar outras certificações. “As mais proeminentes na área de saúde incluem aquelas relacionadas à qualidade e segurança do paciente, gestão ambiental e segurança da informação. Essas certificações estão em destaque devido à crescente ênfase na excelência dos serviços de saúde, à visibilidade dos erros evitáveis, à necessidade de proteger os dados dos pacientes em um ambiente digitalizado e à preocupação global com questões ambientais. Além disso, elas se alinham às Metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidas pelas Nações Unidas, contribuindo para a promoção da saúde e bem-estar, redução das desigualdades e ação pelo clima.”
Ana Maria também ressalta a necessidade de expansão da acreditação para além dos hospitais, alcançando laboratórios e serviços de imagem como uma tendência de diversificação e consolidação da acreditação em diferentes serviços de saúde no Brasil.
Mas as oportunidades de melhoria também devem ser uma preocupação das instituições acreditadoras, acredita Helidea, com foco na manutenção da expertise dos avaliadores, que deveriam passar por processo de educação permanente e avaliação do seu desempenho para que não existam tantas diferenças na forma de avaliação dos critérios por uma mesma metodologia.
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FOLHA DE S.PAULO
Doenças infecciosas e transtornos mentais devem ser prioridades no SUS, apontam profissionais
Profissionais de saúde pública destacam uma necessidade de priorização de temas como doenças infecciosas silenciosas, saúde de pessoas em vulnerabilidade social e saúde mental como indicadores de desempenho na Atenção Primária à Saúde (APS), principal porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde).
É o que aponta pesquisa feita pela organização ImpulsoGov para o Ministério da Saúde. A entidade produz conteúdos que servem de sugestão para a pasta, com o objetivo de entender quais são as áreas da saúde pública que precisam de melhorias.
Os resultados destacaram não só uma clara prioridade para temas já consolidados no monitoramento em saúde, como gestantes, doenças crônicas e saúde infantil, como também revel uma necessidade de atenção para essas áreas emergentes.
Os indicadores compõem critérios para o cofinanciamento federal do piso da APS no SUS, que leva em consideração o cumprimento de metas. Hoje está em vigor um modelo de transição após uma portaria que pôs fim ao modelo anterior, o Previne Brasil, criado em 2020 na gestão Jair Bolsonaro (PL).
O levantamento teve a participação de profissionais em 1.368 municípios brasileiros de todas as unidades federativas. Os inscritos na lista do ImpulsoGov para receber conteúdos sobre a APS foram convidados a opinar sobre quais temas deveriam ser priorizados na construção de indicadores de desempenho: um total de 20.711 receberam as mensagens, mas apenas 3.262 responderam.
Os respondentes deveriam escolher um único tema entre quatro opções. Eles não eram informados da existência de tras na pesquisa além das selecionadas aleatoriamente para si. Cada resposta foi transformada em uma combinação de comparações binárias entre a resposta priorizada por cada participante e cada uma das alternativas oferecidas e, em seguida, as preferências foram agregadas. Esta é a pesquisa mais ampla a coletar percepções de profissionais de saúde em relação a indicadores de desempenho na APS no Brasil, conforme o instituto.
As doenças infecciosas silenciosas, como tuberculose, hanseníase e hepatites virais, foram destacadas por 51,5% dos profissionais. A saúde de pessoas em vulnerabilidade social recebeu 50,2% das preferências, e os transtornos mentais, incluindo abuso de álcool e tras drogas, foram destacados por 49,4%. Em seguida, o tema idosos foi destacado com 48,3% das preferências.
Além do ranking geral, o estudo fornece análises por cargo dos respondentes: foram vidos agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos e dentistas, além de técnicos de enfermagem. Também há análises de acordo com a região geográfica, porte e vulnerabilidade dos municípios de atuação.
Cham atenção especial dos organizadores a maior importância que os agentes comunitários deram ao acompanhamento das questões de saúde mental em relação aos demais grupos – o tema apareceu em terceiro lugar de priorização, atrás apenas de hipertensão e diabetes, embora nunca tenha havido indicadores associados ao tema.
Os resultados indicam uma possível necessidade de ampliação do foco das políticas de saúde para garantir que as estratégias de financiamento e monitoramento estejam alinhadas às necessidades identificadas pelos profissionais do SUS, aponta João Abreu, diretor-executivo da ImpulsoGov.
Os agentes comunitários são a categoria que menos consegue ser escutada em relação a políticas federais e são as pessoas que mais têm informações relevantes sobre o que está acontecendo, porque elas visitam as casas das pessoas todos os dias
“Os agentes comunitários são a categoria que menos consegue ser escutada em relação a políticas federais e são as pessoas que mais têm informações relevantes sobre o que está acontecendo, porque elas visitam as casas das pessoas todos os dias. Então quando a gente tem mudanças nos perfis de saúde da população, eles são os primeiros a saberem.”
Em contraste, a pesquisa revel que a saúde de pessoas com deficiência e a saúde do homem foram as áreas menos destacadas pelos profissionais de saúde, recebendo apenas 15% e 14,4% das preferências, respectivamente.
Segundo Abreu, esses dados geram uma preocupação, considerando que também são assuntos importantes na área da saúde. “A questão da saúde do homem, por exemplo, a gente sabe que existe uma série de barreiras culturais: eles procuram menos o serviço de saúde, então a atenção primária está refletindo essa realidade.”
A amostra cont com a predominância de enfermeiros e coordenadores de equipe (40% da amostra), seguidos por técnicas de enfermagem (19%), tros cargos (16%), agentes comunitários de saúde (11%) e profissionais da gestão e apoio (11%). A predominância foi de profissionais da região Nordeste (38%), de municípios de média vulnerabilidade (30%) e com mais de 100 mil habitantes (40%).
Dentre as limitações metodológicas, o ImpulsoGov afirma que, embora tenha contado com uma ampla adesão de profissionais em todas as unidades federativas e em mais de 1.300 municípios, a pesquisa não foi desenhada para maximizar a representatividade em relação à população brasileira ao universo de profissionais do SUS, de forma que os resultados não necessariamente podem ser extrapolados ao conjunto do país.
Este projeto é uma parceria com a Umane, associação que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública
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Assessoria de Comunicação