Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 31/01/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

A dose certa para aproveitar os benefícios do café

Blitz da Saúde CDI Premium vai oferecer exames gratuitos amanhã (31)

Ministério da Saúde anuncia retomada de 24 obras em Goiás

Goiás reativa Sala de Situação para combater dengue e outras arboviroses

‘Não faltam médicos no Brasil, nosso problema é de distribuição’, afirma oncologista Paulo Hoff

Médicos apostam na empatia como ferramenta para melhorar atendimentos

Profissionais de saúde já incorporam prontuário eletrônico e relógios inteligentes na prática clínica

Como transformar relacionamento em receita na área da saúde

TV SERRA DOURADA

A dose certa para aproveitar os benefícios do café

………………….

STG News Redação

Blitz da Saúde CDI Premium vai oferecer exames gratuitos amanhã (31)

Primeira edição de 2025 ocorre das 8 às 17 horas

Eletrocardiograma, aferição de pressão arterial, teste de glicemia e hemoglobina glicada são exames que o CDI Premium vai oferecer gratuitamente à população na primeira edição de 2025 da Blitz da Saúde, que acontece nesta sexta-feira, 31, das 8 às 17 horas.

Os atendimentos e orientações para cuidados com a saúde cardiovascular serão disponibilizados na entrada do CDI Premium – Avenida Portugal, 496, esquina com a Rua 22, no Setor Oeste, em Goiânia –, em parceria com a Sociedade Goiana de Cardiologia e as empresas Omron e Tiradentes Saúde.

O objetivo desta ação social e de saúde é oferecer à população orientações e exames gratuitos para a prevenção das doenças cardiovasculares, que, a cada hora, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, são responsáveis pela morte de 46 brasileiros. São mais de 1 mil óbitos por dia e 80% deles poderiam ser evitados com cuidados com a saúde.

As doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca e hipertensão, segundo o Ministério da Saúde, também estão entre as oito doenças com maior mortalidade no país.

Exames de rotina, uma alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas podem ajudar a reduzir os riscos dessas doenças e a Blitz da Saúde chega para contribuir com essa prevenção.

Serviço | Blitz da Saúde
Data: 31/01/25 (Sexta-feira)
Horário: 8 às 17 horas
Local: CDI Premium – Avenida Portugal, 496, esquina com a Rua 22, no Setor Oeste

………………………….

A REDAÇÃO

Ministério da Saúde anuncia retomada de 24 obras em Goiás

O Ministério da Saúde anunciou a retomada de 24 obras em Goiás, como parte de um esforço nacional para retomar 478 canteiros em todo o Brasil. No Estado, 15 obras serão reativadas ou regularizadas e outras nove repactuadas, beneficiando 18 municípios goianos.
 
A medida, prevista em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta semana, apresenta a relação de 282 obras que serão reativadas ou regularizadas e outras 196 obras que receberam autorização para serem repactuadas no país. A retomada das 478 obras totaliza um investimento de R$ 189 milhões.
 
“O governo federal está resolvendo o problema de mais 478 obras inacabadas na saúde graças a aplicação da Lei do Pacto Nacional da Retomada de Obras Inacabadas, sancionada pelo presidente Lula”, destaca o secretário executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa.

…………………………..

Goiás reativa Sala de Situação para combater dengue e outras arboviroses

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) reativou a Sala de Situação para Arboviroses. O objetivo é unir esforços para avaliar e redirecionar as estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya, e dar agilidade no encaminhamento de materiais, regulação de pacientes e apoio técnico aos municípios. A primeira reunião ordinária da equipe ocorre nesta quinta-feira (30/1), na Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES/GO. Os encontros vão analisar o cenário epidemiológico dos municípios, possibilitando a avaliação e redirecionamento das ações nas regiões de alto risco.
 
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Rasível Santos, materiais de suporte como o cartão de acompanhamento do paciente e o fluxograma de manejo clínico da dengue serão enviados aos municípios novamente, como foi feito em 2024. “Todas as ações são importantes, do combate aos criadouros ao diagnóstico oportuno do paciente e manejo clínico”, explica Santos.
 
Diversas áreas da SES participam da Sala de Situação, como as superintendências de Vigilância em Saúde (Suvisa), de Política de Atenção Integral à Saúde (Spais) e Regulação Controle e Avaliação, além da Defesa Civil Estadual do Estado. Goiás registra até o momento, 4.033 casos confirmados, 1 óbito confirmado e 11 em investigação pelo Comitê Estadual de Investigação de Óbitos Suspeitos por Arboviroses.
 
A subsecretária de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, explica que a Sala de Situação trabalha com reuniões semanais para discutir estratégias da assistência ao paciente e elencar os municípios prioritários onde deverão ser reforçadas as ações de combate ao vetor. “Esses municípios terão uma atenção maior por parte da SES, principalmente no que se refere ao controle do Aedes aegypti, ao monitoramento dos casos e à vigilância laboratorial”, acrescenta.
 
A superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde da SES, Amanda Limongi, ressalta que já foram definidos os hospitais estaduais que servirão de referência para os casos mais graves. “Além das unidades que serão retaguarda para os casos mais graves, a secretaria programou capacitações que começam no final de janeiro e vão até abril para com os profissionais da saúde sobre o manejo clínico dos pacientes”, reforça ela.
 
Apoio
Outra ação importante é a realização do matriciamento, que é a seleção de unidades de referência da SES de cada macrorregião para fornecer apoio, suporte médico e clínico, para os profissionais de outros serviços. Todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, o profissional médico de qualquer unidade que tiver alguma dúvida poderá entrar em contato com a unidade disponível naquele dia e ter orientações em relação ao manejo adequado para o paciente que ele está cuidando.
 
Nesta semana, municípios com aumento de casos acima do esperado, como Catalão, Iporá, Diorama, Santo Antônio do Descoberto e Brazabrantes, estão recebendo equipes do Controle de Vetor da SES para dar suporte nas ações de apoio presencial, como identificar e selecionar as áreas de maior risco no município para atuação dos agentes de combate às endemias.
 
Cenário
Goiás registra neste ano 9.630 casos notificados de dengue, com 4.033 confirmados. Um óbito foi confirmado, em Heitoraí. Outros 11 estão em investigação. Em relação à chikungunya, são 102 casos confirmados e nenhum óbito registrado. Até o momento, Goiás possui 1 caso confirmado de zika, sem registro de óbito. No caso da dengue, a maioria dos registros mostra a circulação predominante do sorotipo 2 em 2025. Goiás registrou 3 casos de dengue tipo 3 no ano passado, em Rio Verde, Jataí e Goiatuba – todos evoluíram para cura. Em 2025, um caso importado foi identificado em Anápolis.
………………………………… 

O GLOBO

‘Não faltam médicos no Brasil, nosso problema é de distribuição’, afirma oncologista Paulo Hoff

Especialista avalia a formação de medicina no país e aponta gargalos para atendimento adequado

Não falta médico no Brasil; o que o país precisa é melhorar a cobertura do atendimento, criando atrativos para que jovens profissionais se estabeleçam desde a sua formação em regiões com carências assistenciais. O caminho é desenvolver programas de residência robustos nessas áreas, com infraestrutura e remuneração adequadas, defende o médico Paulo Hoff, professor titular de Oncologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor de oncologia da Rede D’Or.

Em entrevista ao GLOBO, o especialista, aos 34 anos de experiência profissional, externa preocupação quanto à criação de muitos novos cursos de Medicina no país e à necessária aferição da qualidade da formação dos alunos. Ele também analisa os avanços tecnológicos aplicados à promoção da saúde e ao atendimento dos pacientes.

Qual a sua avaliação da formação médica oferecida no Brasil atualmente?

O Brasil tem excelentes médicos, e muitas das nossas faculdades têm reconhecimento internacional quanto à qualidade dos profissionais nelas formados. No entanto, preocupa o grande aumento no número de escolas médicas pelo país. Isso traz desafios na formação e na garantia de que todos os profissionais tenham o mesmo grau de qualidade assistencial.

Afinal, falta médico no Brasil ou não? A média atual é de 2,8 profissionais por mil habitantes, mas existe concentração no Sudeste e no Sul e nos grandes centros.

É uma falácia dizer que no Brasil existe carência de profissionais médicos. Não falta, mas precisamos distribuir melhor e nos concentrar na qualidade dos médicos que estão sendo formados. Devemos terminar esta década com algo próximo a um milhão de médicos, um índice por habitante igual ou superior ao da maior parte dos países. Nos Estados Unidos e Canadá, a média é essa, 2,6 (a cada mil habitantes), 2,7 Aumentar o número de médicos não resolverá o problema do acesso.

O desafio, há décadas, tem sido justamente atrair médicos às áreas que mais precisam de atendimento

É preciso levar programas de residência bem planejados para as regiões onde há necessidade de se ter mais profissionais. Os médicos têm um período de formação muito longo, então quando ele começa a trabalhar efetivamente, já passou pelo período de formação da família. Dessa forma, é muito comum que se estabeleça e continue sua trajetória onde passou grande parte da sua vida adulta, onde tem familiares, amigos etc. Além disso, para que o profissional seja atraído, é muito importante que haja remuneração e condições de trabalho adequadas. Outra questão é a infraestrutura. Alguém que fez uma boa faculdade e bom treinamento e que acaba deslocado para uma região do interior que não tem um ambulatório vai desanimar e querer voltar. A sociedade precisa participar dessas discussões; não adianta simplesmente aumentar o número de faculdades.

Os programas de residência representam outro gargalo. Qual o déficit de vagas?

Hoje temos vagas de residência apenas para metade dos formandos, o que é grave: são cerca de 40 mil novos médicos por ano e temos 18 mil vagas de residência. E vai piorar, porque grande parte das faculdades novas, que foram criadas recentemente, ainda não formaram a primeira turma. O país está formando médicos até demais. Muita gente diz “é sempre melhor ter mais médico”. Mas não basta ter o médico. Alguém que não está bem formado aumenta os custos, vai pedir mais exames, por exemplo, sem que isso traga benefício.

Está em debate no Senado o projeto do Exame Nacional de Proficiência em Medicina, que, se implementado, vai se tornar um instrumento para certificar a qualidade da formação médica no Brasil. Qual sua opinião sobre isso?

Sou muito a favor de algum tipo de prova padronizada para a área, como a Ordem dos Advogados do Brasil tem para os advogados. Talvez a cada dois anos de faculdade. A vasta maioria dos professores é a favor deste modelo. Hoje, a faculdade de Medicina é um grande negócio, e a gente tem que pensar nisso. O intuito das provas não seria evitar a aprovação, eliminar pessoas, e sim assegurar que os programas estão preparados, o conhecimento foi adquirido e que a pessoa está apta a assumir uma das profissões mais importantes que existem.

Como avalia os currículos das faculdades?

Acredito que o currículo deve estar adequado à infraestrutura e aos objetivos de ensino que aquela escola se propõe a fazer. Ou seja, o currículo tem que corresponder ao tipo de profissional que se gostaria de formar. Creio que a maior parte delas tenha currículos adequados, embora, certamente, pequenas modificações possam ser interessantes. Por exemplo, uma inclusão maior de oncologia na graduação, já que é um tipo de doença que está se tornando a principal causa de morte em diversos municípios e estados brasileiros.

Estima-se que já em 2030 o câncer passe a ser a doença que mais mata no Brasil, o que pode aumentar a demanda por oncologistas. Como está o ensino da oncologia hoje?

O aluno pode ter contato com a oncologia como disciplina isolada ou como parte da clínica médica; neste caso, entra em outras disciplinas, como pneumologia ou gastroenterologia, por exemplo. Mas pela relevância do assunto, seria interessante expor um pouco mais os alunos a isso. Dado o número esperado de casos, mesmo quem não vai seguir carreira na oncologia terá que necessariamente estar preparado para reconhecer um caso, saber como encaminhar. Algumas faculdades, como a USP, já têm a presença desse conteúdo desde os anos 1990. Outras ainda precisam incorporá-lo entre suas disciplinas.

Aumentou o interesse dos futuros médicos pela oncologia com os avanços terapêuticos contra o câncer?

Sim, melhorou muito a percepção do aluno sobre a doença, está menos negativa. Quando o presidente da República ou um ator famoso tem um tumor, se trata e está aí, bem, curado, reforçamos que o câncer não é uma sentença de morte. Surge aí um senso de propósito, por ser uma doença potencialmente curável. A taxa de cura é, em média, de 60%.

A tecnologia traz um cenário que seria inimaginável 34 anos atrás, quando o senhor iniciou sua carreira. As novas gerações de médicos vão lidar com uma prática muito diferente da sua geração? Por exemplo, como a inteligência artificial pode auxiliar os futuros profissionais?

Assim como a telemedicina, a inteligência artificial é algo que veio para ficar. Mas nós ainda não temos, na minha opinião, uma noção exata de qual extensão terá no atendimento futuro. Os prontuários eletrônicos deveriam ter, de preferência, um ferramenta de interoperabilidade, que permitisse que dados coletados de um paciente em uma localidade pudessem estar acessíveis se este paciente procurar auxílio médico em outra. E esses prontuários eletrônicos, num futuro muito próximo, poderiam ou deveriam estar conectados a ferramentas de IA, que ajudassem a conduzir melhor os casos, seja no diagnóstico, seja no tratamento.

Quais seriam os principais ganhos com essa inovação?

Tudo isso pode gerar uma enorme quantidade de novos dados, o que permitiria uma análise constante de resultados e desfechos. Isso não só para a pesquisa científica, mas também para o acompanhamento da qualidade do atendimento nas diversas regiões do país. Tanto o prontuário eletrônico quanto a telemedicina e a IA melhoram a eficiência do atendimento médico. Teremos cada vez mais o uso dessas ferramentas no dia a dia dos nossos consultórios.

…………………………..

Médicos apostam na empatia como ferramenta para melhorar atendimentos

Escuta ativa, grupos consultivos de pacientes e conversas sobre medos ajudam a promover conforto em tratamentos

A oncologista Ana Coradazzi não esquece, mesmo muitos anos depois, o impacto que uma paciente teve em sua trajetória na medicina. Internada, a mulher em questão ouvia Ana ao longo de diversos dias explicar suas condutas técnicas. Ao longo das visitas, a especialista detalhava à paciente que iria, por exemplo, usar um antibiótico para dar conta de uma alteração, ou sugerir novas abordagens na quimioterapia, entre outras alternativas. Sempre focando nos aspectos técnicos daquele atendimento. Em um certo momento, porém, a paciente ergueu as mãos e respondeu à médica: “chega, não faça mais isso comigo!”, demonstrando claro cansaço da falta de tato da especialista.

– – Foi um momento transformador para mim. A partir daí fui buscar uma formação diferente, pois notei que não estava minimamente alinhada com o que ela precisava. Foi um momento muito doloroso, no qual decidi que não queria nunca mais passar por isso – afirma.

Passado o episódio, Ana dedicou-se ao estudo dos cuidados paliativos – aqueles dedicados aos pacientes com gravidade, que não têm cura disponível, mas são tratados tendo seu bem-estar como norte, considerando também seus familiares – e dedicou-se a falar sobre a prática médica baseada na empatia. Focada em disseminar esse entendimento, a especialista lançou recentemente o livro “O Médico Sutil”, pela MG Editores, em que há uma coletânea de textos focados na delicada relação entre médicos e pacientes. Há ali relatos nos quais escuta atenta é o atalho para melhorar a vida de quem enfrenta um difícil diagnóstico, mas também a transcrição de condutas arrogantes e despreparadas para lidar com o sofrimento alheio, absolutamente inaceitáveis nos dias de hoje e que devem ser combatidas.

Ana, porém, não é a única de olho nessa temática. Especialistas das mais diversas áreas de atendimento dão conta que o cuidado compassivo e o atendimento que leva em consideração a situação sócioemocional do paciente ocupam cada vez mais espaço em consultórios brasileiros. Essa mudança está de mãos dadas com o que esperam os brasileiros. Ao menos é o que mostra uma pesquisa realizada com 2.794 pessoas, no ano passado, pela empresa de inteligência SoluCX, junto à Sociedade Brasileira de Experiência do Paciente e Cuidado Centrado na Pessoa (SOBREXP) e mais o The Beryl Institute, uma organização internacional focada no tema. No levantamento 70% dos respondentes dizem que a “empatia” é extremamente importante na relação com o médico.

– O maior desafio é ter tempo disponível para conhecer os valores e entender o paciente. Isso porque a medicina, cada vez mais, nos apresenta diversos caminhos a seguir (diante de um diagnóstico). E, não se trata mais de um cenário em que o médico decide e o paciente acata. Essa decisão é tomada em conjunto – conta Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês. – Ouvir o paciente é muito importante. Cada vez mais se formam grupos de voluntários dispostos a falar o que passaram no tratamento médico. E eles contam coisas que nós não imaginávamos. Por exemplo, uma paciente jovem, com o diagnóstico de câncer ouve muito frequentemente “puxa, você é tão novinha!”. E a gente só vai notar que faz isso quando escuta uma reclamação sobre o tema.

No centro de atendimento liderado pelo endocrinologista Ricardo Cohen, no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, a preocupação com o conforto de quem é atendido se dá, inclusive, na dimensão de portas, poltronas e banheiros projetados em tamanho maior, para que todos possam usar com conforto. Isso porque Cohen é um dos maiores especialistas em obesidade no mundo e está acostumado a receber pacientes que tentaram, sem sucesso, diversas alternativas de tratamento para a doença. Nesse caso, a conversa com o médico também figura um dos principais trunfos acolher o paciente que precisa de atenção.

– Uma coisa muito comum na obesidade é ver o paciente com culpa. A primeira coisa que fazemos lá no hospital, todos, desde os endócrinos, passando pelos cardiologistas, nutricionistas e psicólogos, é mostrar para essa pessoa que não há razões para a culpa e que a obesidade é uma doença que pode ser tratada – diz Cohen. – Alguns chegam dizendo que não comem tanto assim para ter esse quadro de saúde. E nós explicamos que não é comer muito que leva à obesidade e sim o contrário (a doença leva ao aumento de peso). Metade dos que recebemos chegam a chorar ouvindo isso, porque estão acostumados a serem culpabilizados e a ouvir comentários pejorativos. Nós precisamos ajudar a mudar esse cenário.

No digital Embora a telemedicina seja ainda uma estratégia nova de atendimento, cuja aplicação no Brasil só foi liberada diante da emergência de saúde deflagrada pela Covid-19, o serviço também pode ser um atalho para oferecer mais comodidade e atenção aos pacientes que procuram algum atendimento de saúde. É o que explica Ronaldo Gismondi, cardiologista e editor do Afya Whitebook, uma plataforma de divulgação de conteúdo científico para médicos.

– No digital não dá pra você ter, claro, o contato físico com seu paciente, mas dá para fazer algumas estratégias como: não olhar para baixo, anotar, enquanto ele estiver falando. É importante olhar para a tela, demonstrar por meio de expressões faciais que está entendendo enquanto o outro se comunica. Além disso, mesmo no digital, é possível validar o que a outra pessoa está dizendo. Isso é possível ao perguntar como o paciente está se sentido e porque decidiu procurar uma consulta médica naquele momento.

O grande desafio no setor, explica Ronaldo, que também é professor na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, é justamente atrelar essa capacidade de dialogar com o paciente em esquema de consultas de tempo muito reduzido, como ocorre em alguns sistemas de convênio e também no Sistema Único de Saúde (SUS).

– Nesse caso, é importante focar na escuta ativa e na comunicação clara com o paciente, explicando os detalhes do tratamento. Esse é um desafio para diversos lugares do mundo que também operacionalizam grandes sistemas de saúde – comenta.

Voluntários consultores A necessidade de ouvir os pacientes têm, inclusive, extrapolado os limites das paredes dos consultórios. Também no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, foi montado um conselho consultivo de pacientes voluntários que dá dicas, ideias e opiniões sobre como o centro de saúde poderia ser mais amigável aos pacientes e familiares. Foi dessa comitiva de participantes, por exemplo, que saiu a ideia de criar um tipo de “cartilha” de alta, onde os medicamentos a serem usados em casa pelos pacientes são descritos com detalhamento. A cor da roupa dos especialistas médicos, alvo de dúvida entre quem passa por cuidados de saúde, passou a ser explicada em quadros informativos, para que pacientes e familiares tenham mais segurança ao procurar a pessoa certa para tirar dúvidas. O grupo, que existe desde 2018, também foi um dos grandes aconselhadores para que o hospital incluísse um time de 80 voluntários voltados às atividades lúdicas como leitura, acompanhamento e entretenimento para quem está internado.

– Uma das coisas que discutimos no conselho e também é aplicada no pronto-socorro é que o especialista pergunte a quem chegue em busca de atendimento se ele está com algum medo. Isso é superimportante porque às vezes a pessoa está com tosse, mas na verdade está com receio de ser diagnosticada com Covid e ter infectado um parente. Nesse caso, o médico precisa entender o medo para que seja possível dar as explicações sobre o diagnóstico – comenta Fátima Gerolin, diretora executiva assistencial e de ensino do hospital. – Aqui, inclusive, nos preocupamos que o médico possa passar o máximo de tempo possível com os mesmos pacientes, tudo para que tenham a oportunidade de criar uma relação firme, de confiança e de abertura entre eles.

………………………………….

Profissionais de saúde já incorporam prontuário eletrônico e relógios inteligentes na prática clínica

Adesão dos profissionais a recursos tecnológicos como prontuário eletrônico aumenta e já transforma dados de saúde

O perfil dos médicos brasileiros está mudando, dando espaço para uma nova geração alinhada ao avanço da tecnologia e inovação na área da saúde. Segundo o relatório ProvMed 2030, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em cinco anos mais de 80% dos médicos terão entre 22 e 45 anos.

Essa pesquisa corrobora os dados do estudo “Demografia Médica no Brasil 2020”, parceria do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Universidade de São Paulo (USP), que mostrou que mais de 85% dos graduados em 2019 tinham menos de 30 anos.

Ao mesmo tempo, ocorre outro fenômeno: a transformação digital da saúde, que não é mais uma expectativa, mas uma realidade acelerada em grande parte pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

À medida que os nativos digitais das gerações Y ou millenials (nascidos entre 1980 e 1995) e da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) se tornam a maior parte da força de trabalho na medicina, a incorporações de soluções inovadoras e tecnológicas na área da saúde tende a se intensificar.

Crescimento O estudo da USP em parceria com o CFM mostrou, por exemplo, que 78% dos médicos paulistas eram favoráveis à utilização de aplicativos de mensagens na relação com os pacientes. Para fator de comparação, na edição anterior, o índice foi de 67%. O levantamento apontou também que o prontuário eletrônico já se tornou uma tecnologia incorporada por 76% dos participantes.

– Hoje os consultórios são muito diferentes. Se você for a um médico que costuma se atualizar, vai ver que no computador dele está simultaneamente aberto o prontuário eletrônico e a ferramenta de telemedicina, por exemplo. Tem aplicativo para consultar remédio, doenças, para tentar relacionar sintomas e ajudar a fazer diagnóstico, para ver o resultado de exames. É uma prática muito diferente. Antes a gente tinha muitos papéis na frente do médico, que eram o prontuário do paciente – pontua Alexandre Holthausen Campos, diretor executivo de Ensino do Einstein.

A adoção de ferramentas como o prontuário eletrônico melhoram o atendimento do paciente, dizem os profissionais. Se ele estiver associado à receita digital, por exemplo, existem ferramentas que detectam e sinalizar a interação medicamentosa. No fim, cabe ao médico decidir se segue com a prescrição ou altera a receita, mas ele conta com um dado a mais que poderia passar despercebido.

Não há dúvidas entre especialistas que a quantidade de informação disponível na área da medicina atualmente é um dos principais desafios para os médicos. Ferramentas que utilizam inteligência artificial para fazer a síntese desses dados, como o ChatGPT são considerados aliados.

Outra ferramenta de IA já utilizada nos consultórios e popular em especial entre os mais jovens são mecanismos de transcrição de consulta. Em vez do médico ter que ficar anotando o relato do paciente para colocar no prontuário, essas ferramentas transcrevem o relato dos pacientes, incluindo a tradução de vocabulário leigo para termos médicos.

Há ainda os dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, que, muitas vezes coletam dados de saúde dos usuários e podem sinalizar condições como arritmias cardíacas e apneia do sono. Ou os equipamentos de diagnóstico portáteis com inteligência artificial, como um estetoscópio eletrônico que transforma o som em traçados gráficos e manda essas informações para o computador do médico, um ultrassom que pode ser conectado ao celular e sinaliza possíveis diagnósticos.

Tudo isso não só facilita o dia a do médico, como se traduz em melhor atendimento. Mas os profissionais são categóricos em dizer que esses recursos não vêm para reduzir seu papel, pelo contrário.

– Eu sempre brinco que ninguém fez Medicina sonhando em passar cinco horas por dia digitando no computador. A pessoa fez o curso para salvar vidas e aliviar sofrimento e é isso o que essas ferramentas proporcionam – ressalta o cardiologista Eduardo Lapa, fundador do Afya CardioPapers.

……………………….

MEDICINA S/A

Como transformar relacionamento em receita na área da saúde

Garantir a sustentabilidade de um negócio é um desafio para qualquer gestor. Aumentar a receita, ganhar eficiência e gerar valor ao cliente — como equilibrar esse tripé? Essa inquietação deve estar na agenda de todo líder que almeja o crescimento sólido de sua empresa. E essa busca passa, entre outros pontos, pela proximidade e pelo relacionamento com o cliente.

O consumidor, seja ao realizar uma compra online ou ao buscar informações sobre um serviço, espera uma jornada fluida: sem atritos, rápida, intuitiva e resolutiva. Essa experiência, muitas vezes, é o que define a atração e retenção de clientes.

Ao aplicarmos esse conceito à área da saúde, podemos falar, por exemplo, de um agendamento de consulta simples e funcional, disponível em todos os pontos de contato com a clínica, independentemente do canal escolhido pelo paciente. E esse é apenas o início de um relacionamento, que deve ser nutrido com lembretes sobre o compromisso, orientações pré e pós-atendimento e, principalmente, a manutenção dessa proximidade ao longo do tempo.

Estudos comprovam que, quando bem estruturada e apoiada por soluções tecnológicas, essa conexão gera resultados expressivos para as empresas. A pesquisa da Salesforce “State of Sales Report”, por exemplo, mostra que negócios que utilizam plataformas e estratégias de CRM (Customer Relationship Management) de forma eficaz aumentam a produtividade, a receita e a satisfação do cliente. Além disso, um estudo da Nucleus Research revelou que, para cada dólar investido em CRM, o retorno era de US$ 8,71.

No cenário atual, apostar em softwares de gestão e relacionamento deixou de ser uma mera opção: tornou-se uma questão de sobrevivência no mercado. Com o “boom” dos serviços digitais, especialmente após a pandemia, o consumidor se tornou ainda mais exigente em relação às interações online. Se antes as empresas competiam apenas com aquelas do mesmo segmento e região, hoje disputam a atenção dos consumidores com players de todo o país, cuja qualidade de atendimento e experiência digital proporcionada define as expectativas do consumidor.

E para além do investimento em uma plataforma que irá automatizar, otimizar e organizar a rotina de atendimento ao cliente — além de monitorar dados e gerar relatórios —, é fundamental que a empresa desenvolva um processo robusto. Seguindo no exemplo de clínicas e consultórios médicos, aquelas que adotam como processo o levantamento de dados do paciente são as que melhor conseguem trabalhar o relacionamento e se destacar no mercado, gerando mais receita.

Exemplos práticos para aumento de receita

Algumas práticas adotadas por clínicas médicas em todo o país podem ilustrar como processos bem implementados, quando aliados à tecnologia, promovem resultados significativos:

Confirmação de atendimento – A confirmação automatizada de consultas tem um impacto direto na redução de faltas. Isso não só diminui a perda de horários, mas também aumenta os agendamentos, otimizando a agenda da clínica.

Datas especiais – O uso de dados, como a data de aniversário do paciente, ajuda a criar um vínculo mais próximo com o cliente. Quando uma clínica envia um simples lembrete ou mensagem de felicitações, reforça sua marca na memória do consumidor, o que aumenta a probabilidade de retorno.

Fluxos de comunicação – Garantir que o paciente saiba qual é o próximo passo em sua jornada é fundamental para evitar que ele se sinta perdido no processo. O envio de informações pré e pós-consulta é um exemplo prático de como isso pode ser feito, guiando o paciente até seu próximo atendimento preventivo, por exemplo.

Programas de indicação – Criar um programa estruturado de indicação é outra forma de fortalecer o relacionamento e aumentar a receita. O ato de agradecer e recompensar o paciente que faz uma indicação pode ser ativado com ofertas de cashback ou vantagens para ambas as partes.

Campanhas de engajamento – Utilizar listas de transmissão para enviar dicas de cuidados com a saúde ou informações específicas sobre prevenção e tratamento contribui para o reforço da marca. O engajamento contínuo com o paciente aumenta a probabilidade de ele recomendar a clínica e retornar para novos atendimentos.

Tudo isso pode ser automatizado a partir de ferramentas próprias de gestão e relacionamento. A transformação de um simples atendimento em uma receita recorrente passa, essencialmente, pelo reconhecimento e valorização dos principais clientes, que entregam mais valor ao longo do tempo.

A jornada relacional não é um resultado, mas o próprio processo contínuo de interação, engajamento e personalização. Gestores que tratam isso como algo essencial e o colocam no centro da tomada de decisão são os que realmente prosperam e garantem um crescimento sólido e sustentável para os seus negócios.

*Felipe Ravanello é Sócio-fundador e CGBO da GestãoDS.

………………………..

Assessoria de Comunicação