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DESTAQUES
As 8 doenças que mais matam no Brasil e como preveni-las
Remédio mais caro do Brasil custa até R$ 20 milhões e não tem previsão para chegar ao SUS
Artigo – Luciana Felipetto: A importância dos novos critérios para o diagnóstico do autismo
Pacientes renais de Anápolis relatam dificuldade no atendimento pelo SUS
O GLOBO ONLINE
As 8 doenças que mais matam no Brasil e como preveni-las
Infarto lidera lista de causas de óbito no país, que tem ainda diagnósticos como pneumonia e diabetes no topo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60 milhões de pessoas morrem a cada ano, 1,5 milhão delas no Brasil. De um modo geral, o grupo de doenças cardiovasculares é a principal responsável pelos óbitos, seguido pelos cânceres e pelas doenças do aparelho respiratório. Mas quais são os diagnósticos exatos que mais matam os brasileiros?
Um levantamento do GLOBO, feito com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM), mostra as 8 doenças específicas com maior mortalidade no país: infarto agudo do miocárdio; pneumonia; diabetes; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); hipertensão; acidente vascular cerebral (AVC); câncer de pulmão e insuficiência cardíaca.
Em 2023, os 8 diagnósticos responderam juntos por 423,2 mil mortes, cerca de 28,9% do total registrado naquele ano (1,46 milhão) – ou seja, representaram mais de 1 a cada 4 óbitos. No ano passado, dados de até agosto já contabilizavam 257 mil vidas perdidas pelas 8 doenças, 27,6% de todas as 932,6 mil mortes identificadas no período.
Especialistas ouvidos pelo GLOBO explicam por que as doenças têm uma mortalidade tão alta, ainda que tenha ocorrido um avanço significativo no tratamento nas últimas décadas, e listam o que pode ser feito para preveni-las a nível individual e populacional. Eles destacam que grande parte das condições podem ser evitadas por medidas simples em comum, que devem ser incorporadas ao dia a dia.
Infarto, hipertensão, AVC e insuficiência cardíaca Para a Ana Luiza Ferreira Sales, coordenadora da unidade cardiointensiva do Hospital Pró-Cardíaco e do Serviço de Transplante Cardíaco e Suporte Circulatório, no Rio de Janeiro, não é surpresa que as doenças cardíacas apareçam no topo da lista. De um modo geral, todas as causas cardiovasculares foram responsáveis por 388,2 mil óbitos em 2023.
– Costumamos englobar essas doenças porque elas têm uma origem muito semelhante e medidas em comum que influenciam como prevenção. Isso porque o que evita uma protege contra a outra. Tratando a hipertensão, por exemplo, você diminui taxas de insuficiência cardíaca. Evitando infarto, você evita um AVC – explica a médica.
O infarto, também conhecido como ataque cardíaco, foi a causa sozinho de 94 mil vidas perdidas. Ele ocorre quando há um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo no coração, o que leva à morte de células cardíacas. Geralmente esse bloqueio é resultado da aterosclerose, quando placas de gordura se acumulam no interior das artérias até obstruí-las.
Já a hipertensão essencial, também chamada de primária, é a elevação da pressão arterial que não é provocada por uma doença específica, mas sim por fatores como histórico familiar, sedentarismo ou obesidade. Ela respondeu por cerca de 34,3 mil óbitos. Quando não tratada, leva a danos de longo prazo em diversos órgãos e torna-se o principal fator de risco de desfechos graves, como infarto.
O AVC (33,8 mil mortes), assim como o infarto, é causado pelo bloqueio no fluxo sanguíneo, porém em vasos que ficam no cérebro. Outro motivo é quando esse vaso se rompe, causando uma hemorragia no órgão. Enquanto isso, a insuficiência cardíaca (30,9 mil mortes) é uma síndrome clínica que leva o coração a perder ou a diminuir a capacidade de bombear sangue adequadamente. Geralmente, decorre de outros problemas de saúde, estima-se que 2 milhões de brasileiros vivam com a doença.
– O diagnóstico de insuficiência cardíaca se destaca porque é muito prevalente e impacta de maneira muito negativa a sobrevida do paciente. Mas avançamos muito nos tratamentos de todas essas doenças nos últimos 10 anos. Hoje temos muitas opções de terapias medicamentosas para insuficiência cardíaca, e temos diversos anti-hipertensivos, técnicas de revascularização e protocolos mais efetivos para pacientes que sofreram infarto ou AVC – conta Ana Luiza.
Em relação à prevenção, ela explica que, no caso de pacientes com hipertensão e insuficiência cardíaca, que são doenças crônicas, é importante a correta adesão ao tratamento para evitar os desfechos graves. Já para se proteger contra o surgimento de todos os quatro diagnósticos, a principal medida é adotar melhores hábitos de vida.
– Atividade física regular, uma dieta pobre em gorduras insaturadas, rica em fibras e alimentos mais naturais, menos ultraprocessados, tratar a obesidade como doença, deixar de fumar, inclusive os cigarros eletrônicos, evitar abuso de álcool e outras drogas, tudo é efetivo. Evitar o diabetes, que é um grande fator de risco, também é importante. Com essas medidas, conseguimos impactar o número de casos dessas doenças e, consequentemente, a mortalidade geral do país – diz.
Pneumonia, DPOC e câncer de pulmão A pneumonia, causa da morte de 85,2 mil brasileiros em 2023, é uma inflamação que acomete os pulmões e que, geralmente, está ligada ao agravamento de uma infecção, como por um vírus ou uma bactéria. Por isso, costuma ter início com uma simples gripe ou resfriado, mas que evolui para a forma grave, especialmente em grupos de risco, como tabagistas, idosos, imunocomprometidos e recém-nascidos.
– No mundo inteiro, a pneumonia é a principal causa de morte por doenças infecciosas. Houve uma redução da mortalidade ao longo do tempo com a melhora dos sistemas de saúde, das condições sanitárias, dos tratamentos, das vacinas, mas os números continuam muito altos. E a pneumonia é comum porque os pulmões, além da pele, são o órgão que tem um contato direto com o meio ambiente pelo ar e está exposto a esses agentes infecciosos – explica Ricardo de Amorim Corrêa, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O especialista explica que ter uma boa qualidade de vida, com práticas de exercícios e alimentação adequada, protege contra formas graves das infecções. Mas, no caso da pneumonia, há outras medidas importantes: a vacinação e o cuidado de pessoas contaminadas para evitar a transmissão de vírus e bactérias:
– A vacinação tem um papel fundamental, principalmente para crianças pequenas e outros grupos de risco. A vacinação contra a gripe, por exemplo, é essencial porque o vírus Influenza é um agente que também propicia o desenvolvimento de pneumonia por uma bactéria chamada pneumococo. Temos vacinas avançadas para a pneumococo, recentemente tivemos o lançamento no Brasil de uma dose que protege contra os 20 principais tipos da bactéria, mas existem mais de 100 sorotipos. As vacinas não impedem a transmissão, mas reduzem consideravelmente as complicações graves.
Em relação a pessoas infectadas, ele destaca a importância de se higienizar as mãos, usar máscaras e evitar aglomerações para evitar a propagação dos agentes respiratórios. Em caso de sintomas, as pessoas devem procurar o serviço de saúde porque, se for uma pneumonia, cada hora de atraso no início do antibiótico adequado implica um aumento no risco de morte em 30 dias pela doença.
Já a DPOC, causa de 43,4 mil vidas perdidas em 2023, ocorre em decorrência da inalação de fumaça tóxica. A maioria dos casos, 80%, é relacionada ao tabagismo, mas também pode ser provocada por fumaça ocupacional e ambiental. O quadro é caracterizado por uma inflamação dos brônquios e destruição dos alvéolos, que é onde ocorre a troca gasosa no pulmão.
– Os pacientes sofrem uma redução da capacidade pulmonar, o que leva à redução da oxigenação, da capacidade de exercício físico. Eles ficam mais sedentários, perdem massa muscular, função cardíaca, então enfrentam risco aumentado de morte também por doença cardíaca. E os pulmões ficam extremamente expostos à invasão por agentes infecciosos. Qualquer resfriado, gripe, que seriam bem tolerados em pessoas sem DPOC, nesses pacientes às vezes significa um abismo, um risco enorme de internação e morte – explica Amorim Corrêa.
A prevenção ocorre ao evitar a inalação da fumaça tóxica. Uma delas é utilizar equipamento de proteção individual em casos de trabalhos que levam à exposição à fumaça tóxica. Mas a principal é não aderir ou abandonar o tabagismo.
Hoje, no país, 9,3% dos brasileiros com mais de 18 anos são fumantes, segundo a edição de 2023 do levantamento Vigitel, do Ministério da Saúde. Há 35 anos, em 1989, esse percentual era de 34,8% da população adulta, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) da época.
– O Brasil teve um avanço importante na cessação do tabagismo, que precisa ser mantido. Só que ainda temos pessoas que fumam e hoje temos um risco grande com a disseminação dos cigarros eletrônicos. Além disso, o impacto na DPOC que vemos hoje é dos altos níveis de tabagismo de 20, 40 anos atrás. A estimativa é que a mortalidade pode crescer e se tornar a principal causa de óbito nas próximas décadas – diz o pneumologista.
O câncer de pulmão, que matou 31,1 mil brasileiros, é um dos mais difíceis e graves de tratar, explica o presidente da SBPT. Cerca de 70% dos casos é também associado ao tabagismo. No entanto, os tumores têm se modificado com mutações importantes que levam a quadros mais agressivos e mais precoces.
– Felizmente, paralelamente ao aumento de casos, temos visto um avanço grande na tecnologia do diagnóstico, que melhora o tratamento. Hoje podemos detectar em bases moleculares as mutações e os antígenos presentes no câncer para guiar a utilização de medicamentos imunoterápicos ou quimioterápicos, direcionados especificamente a essa mutação. Essas drogas específicas evitam efeitos colaterais e impacto em células saudáveis – diz.
Em relação à prevenção, além de não fumar, como 30% dos casos não são causados pelo cigarro, a detecção precoce se torna a principal ferramenta para identificar o câncer em estágios iniciais e aumentar as chances de cura para até cerca de 85%, explica o pneumologista:
– Existem protocolos de rastreamento, trabalhamos aqui no Brasil para que eles sejam implantados de forma definitiva no Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede privada, os médicos têm tomado mais consciência e aumentado a adoção dos protocolos. Eles envolvem a realização de tomografias de baixa dose de radiação nas pessoas que apresentam micro nódulos ou anualmente em pessoas de 50 a 80 anos que fumam ou deixaram de fumar há menos de 15 anos.
Diabetes A diabetes, doença por trás de 70,4 mil óbitos no Brasil em 2023, tem uma alta mortalidade por dois fatores: ser muito prevalente na população (cerca de 10% dos adultos) e poder levar a complicações graves. É o que explica Bianca de Almeida Pititto, coordenadora de Epidemiologia do Departamento de Saúde Pública, Epidemiologia, Economia da saúde e Advocacy da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD):
– São cerca de 20 milhões de brasileiros com a doença. A relevância desses números é que ela é um dos principais fatores de risco para infarto, insuficiência cardíaca e derrame. Quando analisamos os dados de óbito por diabetes, entende-se que ela foi a base para todas as complicações que levaram à morte. Mas às vezes o atestado coloca como causa base o infarto, então a diabetes pode ser ainda mais relevante, com estimativas de que chega a estar por trás de 10% das mortes.
A doença é causada pela produção insuficiente ou má absorção da insulina, hormônio que regula os níveis de glicose (açúcar) no sangue. No caso da diabetes tipo 1, menos comum, isso ocorre devido a uma resposta imunológica que leva o próprio corpo a atacar as células produtoras de insulina. Já no do tipo 2, que responde por 95% dos casos, a má produção e absorção do hormônio são resultado de fatores de estilo de vida, como obesidade e sedentarismo.
Bianca explica que existem causas de morte decorrentes da descompensação aguda do diabetes, como a cetoacidose diabética e a hipoglicemia. Mas são menos comuns do que as complicações cardíacas e renais de longo prazo. O tratamento adequado da doença, com os medicamentos e a reposição do hormônio, nos casos em que há necessidade, é a principal maneira de evitar os desfechos fatais.
Já para prevenir o surgimento da doença, os estudos comprovam que mudanças no estilo de vida conseguem postergar ou prevenir por completo o diagnóstico, mesmo em pessoas consideradas de risco, conta a médica:
– Nos casos de pessoas com sobrepeso ou obesidade, uma perda de 7% do peso corporal, adoção de 150 minutos de atividade física por semana e a incorporação de uma dieta saudável, com pelo menos cinco porções de frutas, verduras e legumes por dia, por ao menos cinco dias na semana, faz muita diferença. O grande desafio é levar essas intervenções para todas as pessoas que são de risco no país.
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PORTAL G1
Remédio mais caro do Brasil custa até R$ 20 milhões e não tem previsão para chegar ao SUS
Medicamento de terapia gênica é utilizado para tratar crianças com distrofia muscular de Duchenne (DMD). Uma das únicas formas de tratamento desse tipo de distrofia, o remédio é um dos mais caros do mundo.
Aprovado no início de dezembro pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Elevidys (delandistrogeno moxeparvoveque) pode chegar a custar até R$ milhões no Brasil e ainda não há previsão de quando o medicamento será disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O remédio de terapia gênica é utilizado para tratar crianças com distrofia muscular de Duchenne (DMD), uma doença genética rara que causa atraso no desempenho motor, dificuldade para se levantar e quedas frequentes.
O medicamento é considerado um dos mais caros do mundo e é um dos únicos tratamentos para a esse tipo de distrofia. No Brasil, são diagnosticados cerca de novos casos da doença por ano.
A Anvisa aprovou o uso para crianças deambuladoras (que ainda conseguem caminhar) de a anos que tenham a distrofia. Para maiores de anos e que perderam a capacidade de locomoção, os dados ainda são limitados, não permitindo a comprovação de eficácia.
Após o processo de aprovação pela agência reguladora brasileira, o preço do medicamento foi estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que determinou no início de janeiro um custo que pode chegar a R$ milhões, considerando os impostos.
Segundo o Ministério da Saúde, agora cabe à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) analisar as evidências científicas sobre a tecnologia, considerando aspectos como eficácia e segurança, além de realizar uma “avaliação econômica comparativa dos benefícios, custos e impactos orçamentários para o SUS”.
Apesar da disposição da farmacêutica Roche, fabricante do medicamento, em negociar com os órgãos públicos para facilitar o acesso aos pacientes, especialistas ouvidos pelo g explicam que muito dificilmente será possível conseguir o remédio sem entrar na justiça.
Dificuldade no acessoMesmo com a aprovação da Anvisa, o acesso ao remédio ainda é difícil. Além do altíssimo custo, o medicamento possui uso restrito a estabelecimentos de saúde, segundo a agência reguladora.
“O registro do medicamento é a autorização para que o produto possa ser utilizado e comercializado no Brasil, mas a logística e prazos de comercialização cabem ao fabricante”, explica a Anvisa, em nota.A Roche, fabricante do Elevidys, afirma que, com a aprovação do preço pela CMED, o medicamento já pode ser comercializado localmente – o que, até o momento, está restrito ao mercado privado.
Mesmo antes da autorização da Anvisa, famílias buscavam o acesso ao tratamento por meio de ações judiciais.
Juliana Hasse, advogada e presidente da comissão especial de direito médico e da saúde da OAB-SP, explica que, além da aprovação conferir segurança e permissão legal para o uso do medicamento no Brasil, pode facilitar o aspecto da judicialização.
“Para judicializar é exigido que o remédio possua registro na Anvisa, no sentido de provar que não é nada experimental”, afirma.Para Karina Zuge, presidente da Aliança Distrofia Brasil, organização nacional de pacientes com distrofias musculares, a aprovação na Anvisa garante o acesso com garantia de que há segurança ao paciente.
“Ficamos muito felizes, porque é um momento histórico e muito aguardado. E agora é seguir para que o medicamento chegue a quem precisa”, pontua.Uma vez que o tratamento anual tem valor que supera os salários-mínimos e envolve um medicamento não incorporado ao SUS, mas agora com registro na Anvisa, os processos devem tramitar na Justiça Federal – e a União deve custear integralmente o remédio.
Incorporação ao SUSAtualmente, a incorporação do Elevidys ao SUS se encontra em “análise de conformidade”, de acordo com o Ministério da Saúde.
“Caso atenda aos critérios estabelecidos, o tema será pautado para avaliação inicial em reunião da Conitec até o final do primeiro semestre de “, detalha o ministério.O processo de avaliação pelo Conitec prevê um prazo de dias, prorrogáveis por mais dias. Depois disso, o órgão emite uma recomendação ao Ministério da Saúde para a incorporação ou não do remédio no SUS.
Com isso, ainda não há previsão para que o medicamento chegue ao SUS. E isso pode nem de fato acontecer.
“Em tese deveria ser incorporado ao SUS, mas por questões burocráticas e até pelo altíssimo custo do medicamento, pouco provável que haverá fácil acesso, a exemplo do que ocorre com outros medicamentos de altíssimo custo hoje no país. Necessariamente haverá judicialização”, prevê Juliana Hasse. disso, a falta de exigências científicas mais robustas pode dificultar a inclusão do medicamento como remédio de alto custo.
“O tratamento tem potencial de cura, mas há incertezas no que se refere aos resultados e sequelas a longo prazo, que ainda são desconhecidas por se tratar de uma tecnologia relativamente nova no mercado”, complementa Juliana.
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O DIA ONLINE
Artigo – Luciana Felipetto: A importância dos novos critérios para o diagnóstico do autismo
Luciana Felipetto – Divulgação
Segundo levantamentos da Organização Mundial da Saúde – OMS, uma em cada 160 crianças no mundo são autistas. No Brasil, seriam aproximadamente 2 milhões de autistas. Estes cidadãos demandam políticas públicas e adaptações que são estabelecidas a partir do grau de suporte que necessitam e levando em consideração critérios que o médico avalia e que estão descritos no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), elaborado pela Organização Mundial da Saúde.
Vale a ressalva que o diagnóstico do Autismo é dado pelo médico, mas a equipe multidisciplinar tem papel relevante neste percurso e na criação das adaptações e no suporte para a intervenção terapêutica.
Atualmente, houve a necessidade de uma atualização nestes critérios diagnósticos e a partir de 2025 entraria em vigor a CID- 11, mas como seria uma mudança significativa, esta atualização entrará em vigor somente em 2027, pois vai demandar capacitação dos profissionais da saúde e do sistema único de saúde.
Com a CID- 11 o Transtorno do Espectro do Autismo passará a ser classificado pelo código 6A02 e estabelecerá critérios diagnósticos parecidos com os encontrados no DSM-V que é o Manual Estatístico de Transtornos Mentais, publicado em 2013 e em vigor, principalmente nos Estados Unidos. E o que mudará então?
Mudará que os critérios diagnósticos de TEA passarão a agrupar aspectos relacionados à socialização e comunicação em uma categoria e em outra a inclusão dos sintomas sensoriais. Também vai oferecer mais dados para detalhar o autismo com e sem deficiência intelectual e comprometimento de linguagem funcional, além da gravidade de cada um.
Ademais, com esta padronização, os critérios passam a ser universais e o detalhamento proposto vai ajudar a evitar diagnósticos errados e dúvidas quanto à grande diversidade encontradas neste espectro tão amplo. Assim, a forma de intervenção será mais assertiva também.
E é importante dizer que, quanto mais precocemente for o diagnóstico de Autismo, mais cedo se iniciam as intervenções e orientações que fazem toda a diferença na vida dos pacientes e de seus familiares.
E enquanto a Cid-11 não é implementada, cabe estudo, capacitação, troca de sistema do SUS e muita discussão sobre estes novos critérios que serão adotados. Mas o que não pode faltar é o respeito às pessoas que estão no espectro do autismo e que eles tenham visibilidade na sociedade.
Técnicas e avaliações pautadas em evidências científicas são imprescindíveis para a boa condução e autonomia destes cidadãos, mas a empatia por eles deve ser genuína e natural.
Cabe aqui expor que ninguém é igual e os indivíduos com autismo também não são iguais. Assegurar saúde, educação e a inclusão destes cidadãos precisa ser um movimento pensado e individualizado.
Já avançamos muito em políticas públicas e em direitos dos autistas. Mas ainda não é suficiente. Vamos continuar lutando para que a inclusão não só dos autistas, mas de todas as pessoas com deficiências, seja algo natural em nossa sociedade, a ponto de não serem mais necessárias legislações para garantir seus direitos constitucionais.
Luciana Felipetto é doutoranda e mestre em Ciências da Educação
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A REDAÇÃO
Pacientes renais de Anápolis relatam dificuldade no atendimento pelo SUS
Depois de apurar denúncias sobre a dificuldade de acesso de pacientes renais ao tratamento pelo SUS em Anápolis, o Ministério Público de Goiás (MPGO) recomendou que o município tome uma série de medidas visando garantir o atendimento em um hospital de retaguarda – unidade que presta atendimento pós-hospitalar, com o objetivo de continuar o tratamento de quem necessita de longos períodos de internação.
De acordo com o promotor de Justiça Marcelo de Freitas, a orientação do órgão é de que a secretária municipal de Saúde, Eliane Pereira dos Santos, informe qual é o hospital para esta finalidade, enviando documentos que comprovem esse pacto e garantindo que o local tem condições de receber os pacientes do Instituto Nefrológico de Anápolis (Inan).
Para isso, deverá ser observado, caso ainda não exista hospital vinculado, que se defina uma unidade no prazo de 15 dias. Também deverá, no prazo de 20 dias, definir formalmente o fluxo de acesso ao hospital vinculado ao SUS de retaguarda dos pacientes do Inan.
Por fim, terá de adotar as medidas administrativas para garantir aos pacientes as transfusões de sangue das quais venham eventualmente necessitar e que o respectivo procedimento ocorra na unidade nefrológica na qual realizam hemodiálise.
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Assessoria de Comunicação