Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 08 A 10/06/13

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DIÁRIO DA MANHÃ

Quimio, batons e cílios postiços
MARCELO TAVARES

De peruca muito bem ajustada, rosto maquiado, muito bem arrumada e um sorriso farto. Foi dessa forma que a equipe de reportagem do Diário da Manhã foi recebida na última terça-feira, 4, por Jucineia Alencar, de 27 anos. A recepção calorosa da jovem foi acompanhada de perto por uma garotinha esperta e bem interativa, de apenas dois anos, a Júlia, filha de Jucineia. Confesso que tal recepção não era a esperada, já que o que imaginava era entrevistada de maior idade, não muito alegre, e um bate-papo mas sério, já que Jucineia está em tratamento há seis meses de um câncer no ovário esquerdo.
A intenção da reportagem era realmente mostrar como a autoestima pode contribuir para o tratamento de um câncer, mas o sorriso espontâneo até para relembrar dos maus momentos dos efeitos colaterais da quimioterapia, surpreendeu. “Sempre fui uma pessoa de sorriso fácil, que gosta de brincar com as pessoas. Chorar para quê?”, questiona a vaidosa Jucineia. Ela confessa que chegou a entrar em depressão após os primeiros efeitos da quimioterapia, mas foi algo superado rapidamente.
“Era meio obcecada em me arrumar e muito vaidosa. Vivia com o cabelo esticado (alisado na piastra ou chapinha), mas com o tratamento a gente fica diferente: perde o cabelo, o rosto fica mais cheio por conta da hidratação, que é preciso após as sessões de quimioterapia. Então, isso provoca uma depressão, mas aí surgiu a oficina no Araújo Jorge, que me deu uma levantada”, conta Jucineia se referindo a uma oficina realizada semanalmente para assessorar pacientes a cuidar da aparência enquanto fazem o tratamento contra o câncer.
Curso de maquiagem (blush, corretivo, base, batom, entre outros), como fazer a melhor ornamentação dos lenços na cabeça e de forma que combine com as demais peças do vestuário, maneiras adequadas de se utilizar uma bolsa e uma série de dicas sobre moda e beleza envolvem a oficina no Araújo Jorge. Estudos apontam que mulheres com autoestima elevada apresentam melhor tolerância/controle dos efeitos colaterais, qualidade de vida, manutenção das atividades sociais e lazer, o que contribui para o sucesso do tratamento contra o câncer. Ou seja, a autoestima também é um bom remédio no combate ao câncer.
“Me cuidar devolveu o meu mundo de antes da doença. Sempre gostei de me arrumar e depois do diagnóstico a gente fica para baixo e a oficina contribuiu para trazer o meu mundo de antes”, afirma Jucineia. Apesar de receber o DM usando uma peruca – que a este repórter passou imperceptível antes de ser avisado –, o adereço não é o que a jovem mais costuma usar. “As pessoas percebem mais fácil, por isso uso mais o lenço, que aí todo mundo já sabe ou imagina a situação. Inclusive na oficina já ajudei outras mulheres as melhores formas de usar o lenço”, conta a jovem.
Apesar da falta de cabelo ser o que mais poderia preocupar uma mulher, para Jucineia, a perda dos pelos da sobrancelha e de parte dos cílios é o que mais incomoda, por isso diariamente ela desenha e maquia a região, por sinal maquiagem muito bem feita e aprovada pela repórter fotográfica Daniele Reis que elogiou o desenho em linhas perfeitas. “Logo ao acordar me preocupo em fazer a maquiagem ao redor do olhos. Pinto a sobrancelha e passo sombra ao redor do olho para disfarçar a queda de cabelo e também mascarar a palidez na região que costuma ficar sem vida, sem cor”, diz. Mas nem essa trabalheira diária, desanima a jovem. “Encaro com bom humor tudo que me acontece. Não podemos deixar a peteca cair”, fala ela entre os vários sorrisos distribuídos enquanto conversava com a reportagem
Para muitos, a reação e a forma como de Jucineia encara a doença pode parecer inimaginável diante do terror que a descoberta de um câncer pode provocar. Mas acredite, isso não é fútil, pelo contrário é uma das melhores reações para o enfrentamento a doença. Em entrevista recente a revista do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o médico Nelson Hamrschlak, coordenador do programa de oncologia e hematologia e transplante de médula óssea do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi é enfático: “Não tenho dúvidas que quando o paciente está satisfeito com sua aparência há um impacto direto na tolerância e, quem sabe, até no resultado do tratamento.”
Com base em relatos de diversos especialistas a publicação ainda relata que o culto a um padrão estético exerce verdadeira pressão social e traz impactos em toda população. “Quando se trata de um paciente de câncer, que enfrenta efeitos colaterais aparentes, como queda de cabelo e ressecamento da pele, essa questão assume contornos mais delicados. O que pode parecer fútil para muitos – a preocupação com a estética – é apontado por médicos e psicólogos como uma necessidade a ser trabalhada durante o tratamento. Com medidas simples, muito dos efeitos colaterais podem ser amenizados, reforçando a autoestima e trazendo claros benefícios ao tratamento”, explica o periódico.
Caminhos possíveis:  quimioterapia e beleza
A psicóloga hospitalar do Hospital Araújo Jorge, Telma Noleto, explica que doenças mais graves, como o câncer, são acompanhadas de um tratamento demorado e intenso e que dessa forma há uma queda – o que é esperado e até natural – na autoestima, porque o tratamento envolve desgaste emocional e físico, como a queda de cabelo, o emagrecimento ou ganho de peso e a dor. “Mas o que tentamos fazer é estimular a pessoa a perceber que a rotina tem de ser mantida. Não é porque ela está doente que não pode ter vida social”, explica a psicóloga.
Para Telma, trabalhar a autoimagem é importante porque isso vai fazer com que a pessoa não fique somente em casa, estimulando assim o despertar para outras coisas, que não só o sofrimento pela doença. “Por exemplo, quando você sugere a utilização do lenço, você estimula a mulher a mudar de roupa, ela vai querer encontrar uma peça que combine com aquele item, e até a passar um batom. Isso faz com que a pessoa tenha uma rotina a mais próxima possível da que tinha antes.”
Segundo a especialista, a mulher se sentindo bem consigo mesma, apesar do tratamento, faz com que ela, durante o tratamento, veja as coisas de uma forma mais leve, tranquila e seja otimista. O que é um grande avanço no combate ao câncer. “A vida não precisa parar. A pessoa não deve deixar de ser vaidosa. Existem várias outras formas da pessoa se sentir atraente e bonita”, relata a psicóloga.
Acompanhando bem de perto as mulheres que participam da oficina de moda e beleza do Araújo Jorge, a psicóloga diz que o momento oferece uma nova perspectiva de que no hospital não ocorre só fatos ruins. “Lá elas se sentem cuidadas, percebem que são vistas como pessoas, como mulheres. É uma forma delas perceberem que existem formas diferentes que não só o sofrimento no enfrentamento ao câncer.”
Além disso, a oficina por reunir várias outras mulheres vítimas do câncer, também oferece a oportunidade das participantes perceberem outras pessoas com o mesmo problema. “Compartilhando experiências as coisas ficam mais fáceis. Tem pessoa que nunca havia usado um batom e que sai da oficina com outra cara. Isso muda a perspectiva de enfrentar a situação e contribui para a pessoa perceber que outros indivíduos têm um manejo diferente de encarar a doença e que para a convivência social não é preciso necessariamente estar curado” explica Telma Noleto. Isso porque na grande maioria dos casos, a pessoa consegue a cura, mas em outras situações isso nem sempre é possível e o paciente tem que conviver com o câncer ou seus efeitos pelo resto da vida.
Ainda conforme Noleto, a oficina mostra opções de como a pessoa pode aprender formas de sentir melhor com ela mesma. “A autoestima não é um remédio, algo que é obrigatório para a cura, mas é sim um auxílio para o tratamento, que tem de ser despertada. A mulher ou qualquer outro indivíduo com câncer tem que enxergar as situações da melhor forma possível”, sublinha a psicóloga.
Além de Jucineia, um outro bom exemplo é o da jornalista Flávia Flores, de 35 anos, que mora em Florianópolis. Ao descobrir que estava com câncer de mama, fez uma busca pela internet a procura de dicas de como aliar quimioterapia e beleza e para sua surpresa nada foi encontrado e por esta razão, ela criou uma fanpage na rede social Facebook, a Quimioterapia e Beleza. “Quimioterapia é punk. Quero compartilhar dicas de beleza, receitas, truques, makes e cosméticos para passar essa barra com estilo, e sem tristeza”, explica a jornalista na página eletrônica.
“Autoestima elevada para mim é o segredo de um tratamento quimioterápico bem-sucedido, sem sofrimento, sem pena de si mesmo, com feminilidade, sensualidade, bom humor e muita vaidade. Com minhas fotos, vídeos e mensagens quero inspirar outras pacientes e juntas não deixarmos a bola cair. Uma ajuda a outra”, diz Flávia sobre seu interesse em criar a página eletrônica.
Flávia ainda está em tratamento e inclusive chega a postar os momentos em que está realizando quimioterapia, divulgando também roupas adequadas para realizar as sessões. E nessas publicações, com sorrisos também fartos, a jornalista incentiva muitos dos seguidores, que nos comentários, se dizem inspirados para encarar o tratamento como o mesmo otimismo. “Essa cara boa é que me dá força… sexta-feira lá vou para 3 vermelha! Boa sorte aí!”, disse uma internauta, que acompanha as postagens de Flávia.
“Pensamos em tantos motivos pra doença ter escolhido logo (a gente), mas o caso não é esse. O caso é que estou doente e quero passar por isso da melhor maneira possível! Não quero me privar das coisas que eu fazia, tipo ir a praia, andar de patins, sair com as amigas, happy hours, viagens, namorar – tenho apenas que moderar e ser feliz com essa condição!”, diz Flavia Flores. (10/06/13).
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Bem dormido
Especialista em Medicina do Sono dá dicas para uma noite tranquila

Dormir é uma necessidade de todos, porém, muitos sentem dificuldades para ter uma noite de sono tranquila, o que provoca um estado de nervosismo e dificuldade de concentração. Segundo a otorrinolaringologista e médica especialista em sono, Ângela Beatriz Lana, as pessoas que sofrem de insônia, ou aquelas que dormem pouco ou ainda as pessoas privadas de sono, como as mães de recém-nascidos, por exemplo, costumam ser irritadas e impacientes, e o trabalho e o relacionamento dessas pessoas com outras podem se tornar impossíveis.
“Erros no trabalho são mais comuns, as atividades são realizadas com maior dificuldade e demandam mais tempo para serem finalizadas, pelo raciocínio estar mais lento. O ambiente de trabalho e o familiar ficam tumultuados por brigas sem sentido, causadas por assuntos que seriam banais em situações de menos estresse”, explica ela.
Por isso a necessidade de dormir bem. Se não é possível evitar certas situações de estresse do dia a dia, que fazem com que as pessoas percam o sono – afinal todo mundo já teve os seus dias de insônia –, é possível fazer pequenos ajustes na rotina e no ambiente de dormir, a fim de melhorar o sono.
Por exemplo, muitas pessoas optam por praticar exercícios à noite, porém, quando eles são muito intensos não devem ser praticados logo antes de dormir, pois diminuem o sono, já que o corpo leva mais tempo para desacelerar. “Já a prática de atividades físicas moderadas e com regularidade ajuda a pessoa a ter um sono mais profundo”, explica a especialista.
O travesseiro e o colchão também são dois fatores importantes. Eles devem ser escolhidos de acordo com o gosto pessoal, mas vale lembrar que os alérgicos devem evitar materiais de preenchimento, como penas e plumas, que pioram a rinite alérgica. Outro ponto importante é que travesseiro tem prazo de validade, fique de olho no seu.
A temperatura também exerce uma importante influência na manutenção do sono. Extremos de temperatura provocam uma maior movimentação do corpo e a sensação de sono não reparador, por isso a temperatura do quarto deve ser amena.
O consumo de bebidas alcoólicas também pode fazer a pessoa não dormir bem. “Na verdade, ela pode ajudar a pessoa a iniciar o sono, mas geralmente leva a um sono fragmentado, com muitos despertares, e quando acorda o indivíduo tem a sensação de estar ainda cansado”, explica Angela, por isso o ideal é evitar as bebidas alcoólicas perto do horário de dormir.
Deve-se evitar a exposição a luz forte à noite. “O hábito de usar o computador na cama realmente atrapalha o sono. A luz emitida pelas telas é recebida pelos nossos olhos na retina e reduz a produção da melatonina (hormônio regulador do sono)”, explica a especialista. Por isso, o ideal é evitar ficar no computador pouco antes de dormir, pois isso pode lhe tirar o sono.
A dica final da especialista é manter uma rotina. “A escuridão e o silêncio do quarto somados a uma rotina de sono, ou seja, acordar e levantar na maioria dos dias nos mesmos horários, também são importantes para assegurar uma boa noite de sono”, finaliza Ângela. (10/06/13)
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Menopausa antecipada
Especialistas esclarecem que retirada do ovário como prevenção deve acontecer apenas quando a causa é genética
JESSICA TELES

O ovário é responsável por estabelecer uma função hormonal, ou seja, ele produz hormônios que são importantes para manter a vida reprodutiva da mulher e os ciclos de menstruação regulares. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de ovário é considerado a quarta causa de morte nas mulheres. A maior incidência é em mulheres acima de 40 anos. Após a retirada da mama, Angelina Jolie não descarta a retirada  dos ovários, como medida de prevenção contra o câncer. Especialistas esclarecem: esse tipo de prevenção deve ocorrer apenas quando há presença do fator hereditário, como no caso da atriz.
O problema mais comum relacionado aos ovários são os cistos. Cerca de 20% a 30% das mulheres podem desenvolver cistos no ovário. “Pode acontecer em todo o período reprodutivo, período de funcionamento do ovário”, diz o médico ginecologista Vinícius Alves de Oliveira, especialista em reprodução assistida.  Os sintomas mais comuns são: irregularidade menstrual e a mulher pode sentir dor abdominal. “O diagnóstico é feito com ultrassonografia para ver se tem algum cisto”, afirma. Com causas como problemas hormonais e genéticos, através da biopsia é possível saber se é benigno ou maligno. No primeiro, o cisto é apenas funcional, não é recomendada a retirada, já que na maioria dos casos o problema é resolvido naturalmente. Para o maligno, pode haver outra solução. “Às vezes, basta uma oforoplastia, quando se retira apenas a parte do ovário que está comprometida, e o problema está resolvido”, declara o ginecologista. E recomenda: “Independente dos sintomas, é importante que a mulher faça durante a fase reprodutiva dela, ao menos uma vez por ano, uma ultrassom. A prevenção pode evitar que o diagnóstico seja tardio e o problema esteja avançado. Para as mulheres é imprescindível”.
Mesmo com um ovário comprometido, ainda é possível que a mulher engravide. “Não há necessidade, nesses casos, de reprodução assistida. A gravidez poderá ocorrer espontaneamente, com um ovário funcionando”, afirma o ginecologista. Outro mito é o uso do contraceptivo. “Independentemente do tempo de uso, o remédio não diminui as chances de gravidez”, diz. A partir dos 35 anos, a fertilidade começa a mudar. “A reserva do ovário diminui. Com 38, há uma queda um pouco maior, e a partir dos 40 anos mais ainda”, afirma. Ele deixa o alerta para as mulheres que não têm previsão de uma gestação antes dos 40 anos. “O ideal é que essa mulher faça uma avaliação da reserva do ovário, para ver se é possível o congelamento de óvulos. Também é recomendado para as pacientes que fazem tratamento de quimioterapia e radioterapia, pois, dependendo da extensão, pode levar a uma falência ovariana”, conclui.
MENOPAUSA
A menopausa é a diminuição da função do ovário. Eles não produzem mais hormônios, significando a parada total da menstruação. Normalmente acontece com mulheres por volta de 48 a 50 anos. Antes de sua chegada, a mulher já começa a sentir os sintomas. “Denominado climatério, a mulher começa a ter uma disfunção do ovário. A menstruação passa a ser em episódios intercalados, podendo sentir ondas de calor, irritabilidade, diminuição da libido e sudorese noturna”, declara o ginecologista. Há também os casos de mulheres com menopausa precoce. “É a mulher que começa a ter alterações na menstruação, associadas a dificuldades para engravidar. Normalmente acontece com mulheres abaixo de 40 anos. A incidência é de um a três por cento”, afirma. E pode acontecer com qualquer uma. “As causas da falência ovariana precoce é genética, geralmente está associada a causas autoimunes e pode ser hereditária”. Há também os casos de falência ovariana provocada. “Algumas mulheres tiram os ovários porque tiveram alguma patologia ovariana ou devido algum tratamento de radio ou quimioterapia, para eliminar tumores em outras partes do corpo”, diz. Caso seja diagnosticada a falência ovariana, existem possibilidades de reverter o quadro. “Se os ovários pararem de funcionar, a mulher deverá passar por uma reposição hormonal. Mas, cada caso deve ser avaliado. Há riscos de câncer de mama”, declara. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de ovário é considerado a quarta causa de morte nas mulheres. A maior incidência é em mulheres acima de 40 anos. Recentemente, a atriz Angelina Jolie se submeteu à retirada dos seios e pensa também retirar os ovários como forma de prevenção. Medida que o ginecologista Vinícius recomenda em apenas um caso. “Não existe indicação de tirar o ovário como prevenção, a não ser que essa mulher tenha tido algum histórico familiar, de muitas pessoas com problemas no ovário”.  E justifica: “A atriz tinha um histórico familiar importante. No seu caso, ela tem mais de 80% de risco”.
MULHERES
A empresária Josinete Moreira, 49 anos, diz que faz prevenção todo ano. Aos 30 anos teve que retirar o útero. “Fiz a cirurgia em Brasília. Passei 15 dias na UTI, devido a uma infecção hospitalar”, declara. Em 2005, ao fazer os exames, descobriu que tinha cisto no ovário direito. “Por prescrição médica, eu, que nunca tinha feito nenhum método contraceptivo, fiz o uso de anticoncepcional por seis meses. Não deu certo. Na época, morava no Tocantins. Consegui marcar a cirurgia só depois de seis meses”, diz. Depois de cinco anos, já em Goiás, teve que retirar o esquerdo. “Sentia muita cólica. Não era normal sentir essa dor, já que não menstruava mais. Ao fazer o exame, foi constatado o cisto. O tamanho era de uma laranja e já estava afetando o meu intestino”, afirma. A cirurgia feita pelo SUS só foi marcada após um ano. “Nesse meio tempo o cisto desenvolveu”. Mesmo sendo mais complicada que a outra cirurgia, Josinete não tem do que reclamar. “Foi tranquilo. Não senti nada. O pós-operatório que é difícil. Senti dor no local do corte da cirurgia, o que é um pouco amenizado com o uso de antibióticos”, ressalta.
O caso da nutricionista Larissa Heloísa Batista, 28 anos, foi outro. Há três anos, descobriu que era portadora de um teratorma no ovário esquerdo (tumor misto formado por resíduos fetais e tecidos embrionários). “ Ao fazer o exame, fui diagnosticada.  Demorei a descobrir. Os médicos dizem que é um problema que me acompanha desde a minha gestação”, ressalta.  Em busca de respostas sobre o tratamento, a nutricionista procurou diversos especialistas. “Alguns diziam que não havia a necessidade de tirar, outros disseram que eu não poderia manter um tumor em meu corpo, já que ele poderia ficar maduro e teria a grande probabilidade de  virar um câncer”.
   Antes de fazer a cirurgia, Heloísa sentiu medo. “Como ainda não tenho filhos, fiquei com medo de ficar impossibilitada de realizar o sonho de ser mãe. Antes do procedimento, a médica iria tentar tirar apenas o teratoma”.  Segundo ela,  o pós-operatório não foi fácil. “Houve necessidade de retirar o meu ovário. A cirurgia em si ocorreu tudo bem, a recuperação já é um pouco mais complicada, senti muitas dores”, afirma. Hoje, ela não sente mais nada. “É importante que as mulheres façam a prevenção e pelo menos uma ultrassom por ano. Essa atitude pode ter salvado a minha vida”, conclui. (09/06/13)
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O HOJE

Votação da Cura Gay gera polêmica
Proposta do deputado federal por Goiás e pastor evangélico João Campos (PSDB), projeto prevê que psicólogos auxiliem na reversão
LYNIKER PASSOS

Em tempos de conquistas de direitos homossexuais, um embate que envolve política, religião e Justiça tem provocado polêmica. A possibilidade de tratamento psicológico para gays está sendo questionada no que se refere à abordagem apresentada pelo psicólogo ao paciente que sofre por manter desejo sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Um homem chega ao consultório de um psicólogo manifestando desejo sexual constante por outro homem, mas está categórico que quer ser heterossexual. Como o psicólogo deve agir?
Uma modificação na abordagem psicológica será permitida caso o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 234, que pretende sustar dois artigos da Resolução do Conselho Federal de Psicologia, seja aprovado. A proposta visa permitir que o profissional trabalhe para reverter a homossexualidade. A discussão exalta os ânimos dos evangélicos, que defendem o PDL. No entanto, na defesa está a maioria dos psicólogos e homossexuais que são unânimes em dizer, com base em parecer da Organização Mundial da Saúde, que a homossexualidade não é uma doença e, por isso, não pode ser tratada como tal.
O objetivo é derrubar o parágrafo único do artigo 3º da resolução em que estabelece que os psicólogos não devem colaborar com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades. Já no artigo 4º a orientação é para que os profissionais não se pronunciem e nem participe de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
O autor do projeto é o deputado federal e pastor evangélico João Campos (PSDB-GO). Ele afirma que a proposta ficou conhecida popularmente como “Cura Gay” por promoção, considerada por ele como maldosa e liderada por ativistas gays, do Conselho de Psicologia e imprensa. O parlamentar diz defender o direito da pessoa não aceitar a homossexualidade e, assim, se submeter a uma orientação psicológica na qual irá conduzi-la à heterossexualidade, mas afirma não considerar a homossexualidade como uma doença.
Já o Conselho Federal de Psicologia (CFP) defende que o sofrimento do indivíduo homossexual que quer ser heterossexual levado ao consultório está relacionado a uma resistência cultural com relação à sua orientação do que a um problema que ele tenha por conta dessa condição. Ou seja, o profissional da psicologia não deve orientar o paciente homossexual a se abrir de forma tutelada e muito menos permitir um tratamento voltado para uma condição patológica.
Votações
Desde que foi colocado em tramitação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados, a votação do projeto foi adiada por várias vezes. Na última terça-feira (4), um pedido de vistas impediu que a comissão decidisse novamente se aprovava ou não o projeto. O deputado João Campos (PSDB/GO) acredita que a decisão deve acontecer na próxima sessão da comissão que é presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC/SP) e composta pelos deputados Antônia Lúcia (PSC/AC), Liliam Sá (PSD/RJ), Anderson Ferreira (PR/PE), Keiko Ota (PSB/PE), Henrique Afonso (PV/AC), Simplício Araújo (PSS/MA), Otoniel Lima (PRB/SP) e dr. Carlos Alberto (PMN/RJ).
A Frente Parlamentar dos Direitos Humanos realizou também na terça-feira (4) votação simbólica que rejeitou, por unanimidade, o projeto. O Conselho Federal de Psicologia esteve presente na votação, representado pela conselheira Cynthia Ciarallo, que na ocasião explicou os equívocos do PDC. Ela esclareceu que não há nenhuma restrição ao atendimento, o que está impedido é que o profissional na sua escuta e na sua compreensão conduza o processo de acompanhamento criando uma situação de doença.
Os parlamentares presentes, deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), deputada Érika Kokay (PT-DF), deputado Chico Alencar (PSol-RJ), deputado Luiz Couto (PT-PB), deputada Marina Sant’anna (PT-GO) e deputado Domingos Dutra (PT-MA), defenderam a Resolução do CFP. Em sua exposição, a deputada Marina Sant’anna diz que o PDC abre um precedente perigoso que seria o de sustar Resoluções dos Conselhos profissionais e ignora todo o trabalho científico das áreas e o acúmulo dos debates que levam às normatizações.
Em maio, a 5ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro negou pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que declarasse nula a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Também no mesmo mês, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou resolução que obriga os Cartórios de Registro Civil a registrar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Antes era apenas reconhecida a “união estável” entre homossexuais. (10/06/13)

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JORNAL OPÇÃO

Sim, sexo oral pode causar câncer
O ator Michael Douglas lançou a polêmica, o Jornal Opção ouviu especialistas a respeito do tema e a conclusão é de que a prática pode provocar a doença, mas existem fatores com maior incidência

Marcos Nunes Carreiro
Durante a semana passada, a declaração do ator e produtor estadunidense Michael Douglas de que seu câncer de garganta foi causado pela prática de sexo oral causou alvoroço na mídia mundial. A afirmação aconteceu durante entrevista ao diário britânico “The Guardian”, enquanto Michael falava sobre a doença que foi diagnosticada em 2010.

As falas do ator em relação a sexo não são novidade, pois mesmo antes de se casar com a atriz Catherine Zeta-Jones, a quem se uniu em 2002, o ator já havia admitido publicamente ser viciado em sexo. Pelo menos, essa foi a justificativa para os escândalos de traição para com sua ex-mulher Diandra Luker.

Assim, a repercussão das declarações de Michael Douglas não foram por causa do sexo em si, mas devido ao medo de muitos diante da possibilidade de contrair um câncer provocado pela prática de sexo oral. E, segundo especialistas, mesmo que seja uma afirmação quase pitoresca, de fato é considerável a possibilidade de se contrair a doença por meio do ato. Motivo: HPV.

HPV é a sigla para o papiloma vírus humano, uma substância presente em grande parte das pessoas. Existem mais de 100 tipos do vírus, mas somente cerca de 40 têm grande relevância médica, pois podem causar danos ao corpo, como lesões e câncer, caso dos tipos 16 e 18. E não são poucos os casos de câncer ligados ao vírus.

Estudo publicado pela Revista Europeia de Prevenção ao Câncer mostra que entre 1996 e 2010 ocorreram quase 100 mil mortes por câncer ligadas ao HPV somente no Brasil. No mundo foram estimados mais de 600 mil casos. A maioria dessas mortes é de homens com menos de 50 anos.

A epidemiologista goiana Maria Paula Curado, PHD e pesquisadora sênior no Instituto de Pesquisa e Prevenção Internacional na França, diz que as ocorrências de câncer ligado ao papiloma vírus humano acontecem em pessoas jovens por causa da maior velocidade na duplicação de células, uma vez que as células infectadas se duplicam até que a lesão se torne um câncer.

“A lesão é causada por uma infecção, uma irritação da mucosa. Assim, existe uma interação desse vírus com a mucosa. O vírus agride e destrói essa mucosa. Com o tempo o HPV começa a aparecer e desaparecer e se a infecção não for tratada há o risco do desenvolvimento de um câncer. É como qualquer outra infecção e, por isso, deve ser tratada”, explica.

Maria Paula Curado é uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, que aponta que a infecção por HPV também acontece em outras partes do corpo, como o ânus. “A mucosa do ânus é semelhante à da vagina da mulher e o HPV gosta desse tipo de mucosa. Então, no ato sexual, seja ele oral, anal ou qualquer outro tipo, o importante é se prevenir para que não haja contaminação.”

A pesquisadora diz que mesmo que os números de cânceres ligados ao HPV sejam significativos no Brasil, o porcentual dentro do número total de casos da doença pelo mundo ainda é pequeno e que em relação à garganta a maioria das ocorrências é causada pelo consumo de tabaco e bebidas alcoólicas. Ela afirma que esses dois fatores continuam sendo os grandes vilões dessa área do corpo humano. Ela acredita que, muito provavelmente, o câncer de Michael Douglas — o ator tem 69 anos — foi gerado pelo consumo de cigarro e bebidas alcoólicas.

De fato, Michael Douglas é um conhecido apreciador de cigarros e bebidas alcoólicas, o que — mesmo que ele tenha dito o contrário — fez com que seus médicos não descartassem esses vícios como possíveis causadores de seu câncer, cujo tamanho se aproximava ao de uma noz. Porém, a possibilidade de contaminação por meio do sexo oral foi levada em consideração, mesmo porque ele pode ter praticado o ato com muitas parceiras.

Aliás, a prática de sexo com parceiros múltiplos também é um fator de risco de contaminação por HPV seja na vagina, no pênis, cabeça, pescoço ou ânus, como explica Maria Paula Curado. “Se tiver contaminação por HPV há risco de câncer, principalmente quando há muitos parceiros e promiscuidade sexual. Quem tem parceiro único está mais protegido.”

O mesmo afirma o oncologista de cabeça e pescoço Antô¬nio Paulo Machado Gontijo, dos Hospitais Araújo Jorge, Geral de Goiânia (HGG) e Centro Bra¬si-leiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia (Cebrom). Segundo ele, o risco para quem tem muitos parceiros sexuais é muito maior do que para quem tem um único parceiro, principalmente para a mulher, por causa do câncer de colo de útero.

“Praticamente 100% dos cânceres de colo de útero estão associados ao HPV. Entretanto, isso não é verdade em relação aos cânceres de cabeça e pescoço. Em orofaringe [região atrás da língua, o palato e as amígdalas], por exemplo, ele está presente em até 30%, assim como na laringe e boca. Mas é difícil generalizar, pois existem muitas pessoas que fumam e bebem, mas não desenvolvem câncer, assim como nem todo fumante contrai câncer de laringe e faringe. Então, existem outras causas. Uma delas é o HPV”, diz.

Mas em muitos casos o câncer provocado pela contaminação por HPV pode estar associada também ao consumo de álcool. Gontijo conta que o álcool limpa toda a mucosa da boca e da garganta, logo, na prática de sexo oral, a pessoa fica mais exposta a contrair uma infecção de seu parceiro, visto que o vírus se fixa de forma mais intensa. “Quando queremos aplicar um veneno em algum lugar, primeiro passamos álcool, exatamente para limpar o local e o veneno agir de forma mais eficaz. Com o corpo humano é a mesma coisa.”

Especialistas apontam, en¬tre¬tanto, que até 2020 alguns tipos de câncer causados pela infecção do vírus poderá superar a ocorrência por álcool e cigarro, sobretudo entre pessoas com menos de 50 anos.

Vírus está presente em quase todas as pessoas

O HPV é um vírus presente em todos os seres humanos e está associado a algumas doenças. Alguns subtipos do vírus são ligados a lesões benignas, como o 6 e o 7. Mas outros, principalmente o 16 e o 18, estão associados a lesões malignas. Isso é bem estabelecido em câncer de colo de útero, em grande parte transmitido pela relação sexual. Esse tipo de câncer tem uma evolução clássica, bem parecida com o câncer de cabeça e pescoço. Por isso, segundo o oncologista Antônio Paulo Gontijo, começou-se a estudar o papel do HPV nessas regiões.

Mas por que apenas algumas pessoas desenvolvem uma infecção do vírus HPV, se todos têm a substância em seus corpos? Segundo Gontijo, a explicação para isso está na formação celular das pessoas. Ele diz que as células têm mecanismos que podem corrigir defeitos que levem a um câncer. O fato de uma pessoa ter HPV, mas não ter câncer, pode significar que ela possui um sistema de correção da duplicação celular geneticamente melhor do que indivíduo que tem o HPV e desenvolveu o câncer, mas isso não significa que ela não possa ser contaminada.

Os cânceres causados pela infecção desse vírus, geralmente, demonstram feridas e lesões em seu estado inicial. Como conta Gontijo, as marcas aparecem como uma lesão esbranquiçada e depois evoluem para uma ferida ulcerada e pouco infiltrativa. Às vezes, são um pouco doloridas, no caso de boca e garganta, principalmente quando a pessoa tenta se alimentar. “Aí é a hora de procurar um especialista para verificar se se trata de uma lesão maligna.”

As lesões provocadas por HPV também podem aparecer na boca e na garganta. Mas a infecção pelo HPV causa normalmente verrugas de tamanhos e em locais variáveis. No homem, por exemplo, é comum que surjam feridas na cabeça do pênis e na região do ânus. Na mulher, os sintomas mais comuns são na vagina, vulva, ânus e colo do útero.

Porém, é preciso ficar atento, uma vez que tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar um sintoma sequer. Assim, a forma mais eficaz de ter ciência sobre uma possível contaminação é consultar o médico regularmente, como orienta a doutora Maria Paula Curado:

“Existem exames para verificar se uma pessoa está ou não contaminada pelo vírus. A genotipagem do HPV, por exemplo, pode ser feita por qualquer ginecologista, que faz a coleta, analisa laboratorialmente e identifica o vírus. É muito simples, mas a pessoa tem que ir ao médico e não só a mulher, como também o homem deve ir ao urologista. Nas meninas, o objetivo principal é prevenir o câncer de colo uterino.”

Ir ao médico quando marcas, lesões e feridas aparecem em qualquer lugar do corpo continua sendo, inclusive, a melhor forma de prevenir doenças mais graves, como o câncer. Fora isso, há também a possibilidade da vacinação contra a contaminação pelo HPV. Foram desenvolvidas duas vacinas contra os tipos do vírus mais presentes no câncer de colo do útero. Mas o impacto real da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser visto depois de algumas décadas, pois o efeito atual, segundo especialistas, ainda é pequeno.

Uma dessas vacinas é quadrivalente, isto é, previne contra quatro tipos de HPV: os 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero, e os 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18. Entretanto, segundo Maria Paula, a vacina só funciona em pessoas jovens e que ainda não começaram sua atividade sexual. “Para as pessoas que já iniciaram sua vida sexual a solução é fazer exames ginecológicos regularmente. Mas o mais importante é a higiene na hora do ato sexual, evitar múltiplos parceiros e usar os métodos de proteção”, pontua Maria Paula.

No último mês de março o governo federal lançou uma campanha de vacinação destinada a meninas entre 11 e 13 anos. A imunização começou em 1º de abril e as vacinas estão disponíveis na rede privada de saúde para mulheres com mais de 14 anos. Em setembro de 2012 um projeto de lei aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado prevê que o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça continuamente a vacina contra o HPV para meninas entre 9 e 13 anos. Mas a matéria ainda deverá passar pela Câmara Federal.

O uso da camisinha durante a relação sexual não só impede a transmissão do papiloma vírus como também muitos outros, como o HIV, vírus da aids, que assim como o HPV, também pode ser transmitido para o bebê durante o parto. (09/06/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação