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DIÁRIO DA MANHÃ
Inauguração do novo ambulatório
Cerca de R$ 2,7 milhões foram investidos na unidade de saúde que irá ampliar capacidade de atendimento em 30%
Resumo este momento em duas palavras: respeito e compromisso aos usuários dos serviços de saúde pública do nosso Estado", disse na manhã de ontem, o governador Marconi Perillo, ao inaugurar o novo Ambulatório de Medicina Avançada (AMA) do Hospital Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), reconstruído e ampliado para qualificar a estrutura e aumentar o número de atendimentos diários. São 32 consultórios e 165 médicos, elevadores e recepção humanizada e informatizada. O novo ambulatório, que recebeu investimentos de R$ 2,7 milhões, aumentará, a partir de agora, a capacidade de atendimento em 30%, em média de 7.300 para 9.490.
O HGG é gerido pela Organização Social (OS) Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), que administra a unidade há dois anos e três meses. Além da nova estrutura, mais ampla e moderna, o AMA estendeu o horário de atendimento, criando um terceiro turno, das 17h às 21h, de segunda-feira a sexta-feira. O secretário estadual de Saúde, Halim Girade, afirmou que o governo estadual tem conseguido nivelar os hospitais estaduais acima do padrão de qualidade dos hospitais particulares. "Estamos alcançando, gradativamente, o padrão de excelência, de forma que os hospitais particulares também terão de melhorar porque estão sendo superados", declarou.
O governador disse que a população goiana assiste, atualmente, à maior demonstração de que é possível sair da zona de conforto, da estagnação, quebrar paradigmas e provar aos goianos e ao Brasil que é possível fazer melhor e diferente: "Desde que se tenha coragem para tomar atitudes que a princípio podem encontrar muitas resistências, mas que, ao longo do tempo, demonstram seu acerto ao se revelarem atitudes honestas, que correspondam às expectativas e às necessidades das pessoas", enfatizou.
Mudanças
Lembrou que a mudança na saúde teve início quando o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) foi entregue, logo que colocado em funcionamento, a uma OS, há 12 anos. "Quando chegamos à campanha eleitoral de 2010, eu disse que faria com os hospitais estaduais o mesmo que fizemos com o Crer e Hospital de Urgência de Anápolis (Huana). Imediatamente, meus adversários começaram a me acusar de privatista. O que estamos fazendo é exatamente cumprir nossa palavra: levar o padrão de qualidade a todas as unidades de saúde pública do Estado", disse.
Marconi ressaltou que, ao todo, serão seis Amas que serão verdadeiros novos hospitais, e cinco Centros de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeqs). "Estamos comemorando uma decisão tomada na hora certa, não sem antes passarmos por alguns desesperos, com o desabastecimento de medicamentos e equipamentos estragados. Hoje podemos dizer que o HGG está entre os melhores do Brasil, e sua UTI, entre as melhores do mundo. E essas mudanças qualitativas avançam além do campo da saúde", declarou, em alusão às dificuldades encontradas pelo governo no processo de implantação da administração dos hospitais estaduais por OSs.
"Estamos vivendo a maior mudança da saúde pública de um estado em todos os tempos", sintetizou, adiantando que, nesta semana, participará de outras inaugurações de ampliação e melhoria da estrutura de mais unidades hospitalares. "E vamos chegar a nove Hospitais de Urgência. Até o final do ano, a saúde pública de Goiás será ainda mais uma vitrine para o Brasil, e a verdadeira demonstração de que é possível fazer as coisas com competência e eficiência, prestar serviços públicos de qualidade", observou.
Participaram do evento o ex-secretário estadual de Saúde, Antônio Faleiros, o médico Luiz Rassi, diretores do HGG, do Idtech, médicos e pacientes da unidade.
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SAÚDE WEB
Após um ano, pacto pela Saúde atingiu objetivos ‘parcialmente’
Série de ações estratégicas propostas por Dilma Rousseff após manifestações de 2013 'bateu na trave', admite Gilberto Carvalho
No dia 24 de junho do ano passado, a presidenta Dilma Rousseff usou a rede de rádio e televisão para apresentar cinco pactos em resposta à onda de protestos no País: responsabilidade fiscal e controle da inflação; investimentos em saúde e contratação de médicos estrangeiros; destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação; recursos para mobilidade urbana e a convocação de uma Constituinte sobre reforma política.
Um ano depois, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, avalia que o principal pacto – o da reforma política – “bateu na trave”. Após desistir da convocação de uma Constituinte para a reforma política, a presidenta enviou mensagem ao Congresso Nacional com sugestões de mudanças no sistema eleitoral, como financiamento de campanha, sistema de eleição de deputados e novo regime de coligações. “Não houve nenhum debate lá dentro mais acalorado, simplesmente não foi adiante”, criticou o ministro.
Questionado se faltou pressão por parte do governo para efetivar a proposta, ele disse: “Talvez pudéssemos ter pressionado mais. Eu posso dizer que os partidos mais à esquerda poderiam ter feito mais militância nisso, eu acho que faltou. Faltou um pouco mais de empenho dos partidos”, disse Carvalho.
Para ele, o pacto sobre responsabilidade fiscal não gerou ações concretas. Já os pactos da saúde, da mobilidade e da educação foram parcialmente cumpridos. Na saúde, houve a concretização do Programa Mais Médicos, que já vinha sendo formulado pelo governo. No caso da educação, foi aprovada a destinação de 75% dos royalties do petróleo e mais 50% do Fundo Social do Pré-Sal. Em relação à mobilidade, foi feito investimento de R$ 50 bilhões, destinados sobretudo para as sedes da Copa do Mundo. Para o ministro, os dois últimos pactos devem começar a mostrar resultados nos próximos anos.
Especialistas e movimentos sociais, por outro lado, criticam o que consideram a não execução dos pactos. O cientista político Leonardo Barreto avalia que os Três Poderes deveriam ter implementado uma agenda de reformas para responder à sociedade e retomar o diálogo. Essa agenda, avalia, deveria conter ações contra a impunidade e que garantissem reforma política, a prioridade de gastos com serviços públicos e mais transparência das ações do Estado.
“Para transformar isso em uma plataforma reformista, você tem que se comprometer com certas coisas que vão contra o status quo da própria classe política”. O estudioso considera que nenhum governo ou político conseguiu responder àquele processo e que a população voltou para casa sem as conquistas pretendidas. “O que me preocupa é a nossa incapacidade de achar soluções, e os problemas vão se acumulando. E hoje eu vejo o país muito imobilizado, as próprias lideranças políticas não mostram muita força”, critica Barreto.
O Movimento Passe Livre (MPL), que coordenou em junho do ano passado as manifestações em defesa da redução da tarifa do transporte público em São Paulo, também critica a postura do governo. “A presidenta fez uma mesa para ouvir o MPL, mas não tomou nenhuma atitude de garantir o direito ao transporte das pessoas”, afirmou Lucas Oliveira, um dos integrantes do movimento. Por outro lado, o MPL contabiliza vitórias. Além da redução das tarifas, o ativista destaca a aprovação da Emenda Constitucional nº 90, que dá nova redação ao Artigo 6º da Constituição Federal e inclui o transporte como direito social.
Outras conquistas também foram obtidas pelos ativistas, como a retirada de pauta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 37, que retiraria o poder de investigação do Ministério Público, e o projeto que ficou conhecido como “cura gay”.
Sandra Quintela, integrante do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs) e da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), aponta como vitória desse ano de lutas a divulgação das violações vivenciadas no contexto de preparação para a Copa do Mundo, por meio de relatórios e atos organizados pelos movimentos locais e pela Ancop, bem como a conquista de moradia e a diminuição das remoções, em cidades como Fortaleza.
Do ponto de vista das mobilizações, o MPL avalia que junho permitiu o crescimento das lutas urbanas, expressas nas ocupações, e também o diálogo entre trabalhadores do transporte público e os usuários do transporte.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também é otimista ao analisar os protestos. Para o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, os protestos de junho abriram uma nova conjuntura para as lutas sociais do país.“As mobilizações de junho reabilitaram essa legitimidade da luta social para a consciência popular. Até porque as pessoas viram que a massa foi para rua e a reivindicação foi alcançada: a tarifa baixou no país todo”.
Ele conta que, desde junho do ano passado, “a quantidade não só de ocupações de terra, mas de greves e de mobilizações populares que ocorreram, foi muito mais expressiva que no período anterior. Isso é importante, é um avanço, demonstra um despertar dos trabalhadores de forma mais organizada”.
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O HOJE
Exame de sangue identifica série de doenças
Hemograma é de fácil execução, não precisa de jejum para ser feito e é um complemento eficaz do diagnóstico médico
Jaísa Gleice
O exame de sangue auxilia médicos de todas as especialidades no diagnóstico de muitas doenças. “Costumamos dizer que o exame contribui na tomada de decisão do médico frente a uma suspeita clínica, porém o diagnóstico de uma doença é feito por meio de uma boa consulta, e os exames complementares servirão de apoio na conclusão dos casos”, explica o patologista clínico e diretor do laboratório Atalaia, Gustavo Rassi. Apesar de simples, muitas vezes os pacientes reclamam do incômodo jejum que, em alguns casos, pode ser de até 12 horas.
O hemograma, por exemplo, é exceção. Um dos testes mais solicitados pela simplicidade e rapidez no resultado não requer abstinência e ajuda a identificar uma série de doenças, como anemia e infecções etc. “É importante lembrar que o jejum não é necessário para muitos exames. Alguns podem até necessitar de uma dieta especial, mas o que vai determinar essa prática será o método de realização, por isso é fundamental se informar antes da realização dos testes”, completa o patologista.
Normalmente, os exames de sangue podem ser feitos por qualquer pessoa, explica o médico, pois é coletado através de punção venosa, capilar e raramente arterial. Neste último caso, há necessidade de pessoal qualificado. “Existem vários outros preparos, além do jejum, e os laboratórios estão bem treinados nestas orientações”, diz. As amostras de sangue são condicionadas em tubos de ensaio específicos para cada exame. De acordo com o especialista, apesar dos recipientes manterem as amostras viáveis para realização dos exames, deve-se respeitar o prazo de validade de cada material, podendo aumentar este prazo por meio de medidas, como o congelamento das amostras.
Gustavo Rassi alerta as pessoas para a importância de consultar um médico, antes de realizar qualquer exame de sangue, já que a correta interpretação de um resultado depende da análise deste profissional. É importante também o hábito do check-up como forma de prevenir o aparecimento de doenças, mesmo que não haja nenhum sintoma clínico. Confira, na sequência, mais esclarecimentos do médico e patologista clínico Gustavo Rassi sobre a realização do exame de sangue.
Quando é necessário fazer jejum
Geralmente, o jejum é indicado para os exames que podem gerar resultados diferentes, se relacionados com a alimentação, como glicose e triglicerídeos. A necessidade ou não de jejum também vai depender de como o exame foi solicitado pelo médico.
Alguns exemplos: triglicerídeos – de 12 a 14 horas de jejum. No entanto, se o médico solicitar triglicerídeos pós-prandiais, o exame é feito após uma alimentação. Glicose, insulina, peptídeo C – de 8 a 12 horas. Entretanto, se for solicitada glicose pós-prandial, esta também é coletada após uma alimentação. E ainda colesterol –não há interferência de uma alimentação, como o café da manhã.
Criança não precisa ficar sem comer
Outra regra importante, mas pouco conhecida, é que, para crianças de até 6 anos, dispensam-se longos períodos de jejum, e a coleta é realizada o mais próximo possível da alimentação seguinte.
Colha seu sangue alimentado!
Exames mais comuns que não necessitam de jejum: hemograma; tipagem sanguínea; beta HCG (teste de gravidez); plaquetas; PSA (antígeno prostático específico); hepatite (todos os tipos); T3, T4 e TSH (exames para avaliação da função da tireóide); sorologias para rubéola e toxoplasmose; ureia; creatinina; magnésio; cálcio; potássio; sódio; progesterona; bilirrubina e anti-HIV, entre outros.
Pela manhã
A maioria dos exames não precisa ser realizada somente no período da manhã, já que muitos testes dispensam o jejum completamente ou necessitam de poucas horas de abstinência, que podem representar o intervalo entre as grandes refeições. Outros, embora liberados do jejum, precisam ser feitos em horários específicos. É o caso da dosagem de ferro e dos hormônios ACTH, cortisol e CTx. Isso porque há substâncias que sofrem variação, ao longo do dia, e atingem o nível máximo pela manhã. A recomendação para esse tipo de exame é específica para cada um deles. Cortisol e ACTH devem ser coletados entre 7 e 9 horas, e ferro, até 10 horas.
Jejum e alterações fisiológicas
Aos poucos, as reservas de glicose, rapidamente disponíveis no corpo, vão se esgotando, e outras fontes de energia, como proteínas e gorduras, passam a ser utilizadas para que o organismo se mantenha vivo. Quanto mais longo for o jejum, mais gordura e proteínas são consumidas. Por isso, para alguns exames relacionados ao metabolismo de elementos, como glicose e gorduras, há definições de tempo de jejum, pois o valor de referência do exame foi padronizado com esse tempo.
Bebidas alcoólicas e tabaco
Um cuidado extra deve ser tomado com a ingestão de bebidas alcoólicas e o uso tabaco. Alguns testes exigem abstinência por períodos específicos dessas substâncias. Por exemplo, o ideal para a dosagem dos triglicerídeos e da glicose é a interrupção de álcool por três dias.
Medicamentos interferem nos resultados
Sim, os medicamentos podem interferir nos resultados dos exames, e é por este motivo que laboratório tem a preocupação de solicitar ao paciente, no momento do seu cadastro, quais medicamentos estão sendo usados.
Quando essas regras não se aplicam
Sempre que o médico orientar um procedimento diferente do padronizado. Em casos especiais, é importante para o diagnóstico ou o acompanhamento do paciente que algum exame seja realizado fora desses padrões e, conforme a sinalização na requisição médica, cabe ao laboratório atender essa exigência.
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Greve da saúde em Goiânia chega a 13 dias
Paralisação continua e população sofre com falta de atendimento nas unidades do SUS
Eduardo Pinheiro
Treze dias de paralisação dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia e as negociações continuam sem grandes avanços. Na tarde de ontem, cerca de 150 trabalhadores se reuniram em frente à sede da Vigilância Sanitária do Município, no Setor Universitário, para pedir melhores condições de trabalho e cumprimento da data-base deste ano. A adesão à greve chega a 60%, cerca de 5 mil trabalhadores, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde (Sindsaúde).
Os servidores colaram cartazes na fachada da unidade. Além disso, entregaram panfletos informativos a quem passava em frente ao local de mobilização e gritavam palavras de ordem contra o prefeito Paulo Garcia e a Prefeitura. Uma nova manifestação está marcada para esta manhã, desta vez frente à Maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba. Uma reunião com o secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, também está previsata para hoje.
De acordo com a presidente do Sindsaúde, Flaviana Barbosa, as exigências dos grevistas estão focadas em três pontos. O primeiro deles é a volta pagamento de gratificação salarial por insalubridade. Segundo a sindicalista, os complementos não estão sendo pagos por irregularidades contestadas pelo Ministério Público do Estado.
A segunda exigência passa pelo auxílio movimentação. Conforme Flaviana, o pagamento desta gratificação está sendo feito de maneira obscura. “Há um ponto de corte que é injusto. Diferente do estabelecido durante a Mesa Municipal de Negociação Permanente. Alguns trabalhadores recebem e outros não, por critérios que desconhecemos”, afirma a sindicalista. A categoria pede que a Prefeitura estabeleça diferenças de pagamento para deslocamentos de 10, 20 ou 30 quilômetros de distância entre a residência e o local de trabalho.
O cumprimento da data-base deste ano também é exigido pela categoria. Além disso, exigem a aplicação do Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos, que deveria entrar em vigor em junho. “Entendemos que a Prefeitura enfrenta uma crise financeira, mas os trabalhadores não devem pagar por isso. O que está na lei, como é o caso da data-base e do plano de carreira, deveria constar no orçamento deste ano”, diz.
Atendimento lento
Enquanto o impasse entre grevista e Prefeitura não é solucionado, quem sofre no meio dessa cabo de guerra é o usuário do sistema público de saúde. O servente de pedreiro Nilson Sobrinho aguardava atendimento para o filho no CAIS da Chácara do Governador, na região sul da Capital, há pelo menos uma hora. Embora o número de pacientes na espera fosse pequeno o atendimento era lento. No CAIS visitado pela reportagem, havia apenas duas enfermeiras, um médico e um servidor administrativo, que concentraram em atendimentos a emergência.
Normalmente cinco enfermeiras trabalham no local. “Sei que as reivindicações dos profissionais são legítimas, mas é muito descaso. Sou trabalhadora, mereço tratamento digno”, diz a copeira Carmen Lúcia. Ela esperava há mais de uma hora e reclamava de dores.
Resposta
A SMS informou que o atendimento médico das urgências ambulatoriais está mantido, mas com apenas 30% do efetivo. Nas 18 unidades de emergência da Capital, o atendimento é 100%. A Secretaria diz ainda que todos as reivindicações já foram “discutidas, pactuadas e deliberadas na Mesa Municipal de Negociação Permanente, da qual fazem parte as entidades sindicais de saúde”. O canal de comunicação com a categoria está aberto com reunião marcada para hoje.
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O POPULAR
Vida urbana
2,5 mil t de entulho para recolher
Após acordo com ITA, Prefeitura vai retomar o serviço, que está parado desde o mês de maio
Galtiery Rodrigues
Parada desde 25 de maio, a remoção de entulhos das ruas deve ser retomada hoje pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que terá uma grade tarefa pela frente. No período, conforme a média mensal de produção de entulhos na capital, praticamente 2,5 mil toneladas deixaram de ser coletadas e estão espalhadas pela cidade. Após acordo fechado com a Prefeitura na sexta-feira, a ITA Transportes voltou a liberar os 30 caminhões-caçamba que fazem o serviço e, ontem, 12 deles já estavam nas garagens da Comurg. O restante está previsto para chegar hoje, conforme o diretor executivo da empresa, Márcio Palmerston.
Mesmo com os 30 caminhões, o trabalho ainda não será feito de maneira ideal. O certo seria, para não haver sobrecarga, a Comurg contar com 70 veículos para remover o entulho produzido na cidade. Isso significa que menos da metade das 2,5 mil toneladas que estão nas ruas serão coletadas nos próximos 30 dias. Paralelamente, há que se considerar ainda a natural produção de mais entulho nesse período, o que deve acentuar ainda mais a sensação de sujeira na cidade. O presidente da Comurg, Ormando Pires Júnior, reconhece que vai demorar um pouco para normalizar a situação, mas, segundo ele, algumas medidas especiais serão tomadas.
Os 30 caminhões serão distribuídos uniformemente nas sete garagens de remoção da Prefeitura para garantir a coleta em todas as regiões da cidade. “Cada responsável pela garagem vai conduzir a remoção de acordo com as necessidades da região”, explica Ormando. O presidente da Comurg explica que só é obrigação da Prefeitura a coleta de entulho que está em área ou logradouro público. O caso de despejo feito em lotes baldios e particulares, em tese, não se encaixaria nessa regra, apesar de os coletores fazerem a remoção quando não é localizado o responsável. “Vamos coletar tudo que estiver por aí, mas depois vamos intensificar a fiscalização e passar a notificar”, adianta.
A reportagem observou ontem à tarde uma quantidade elevada de entulhos nas ruas e lotes da cidade. No Jardim América, por exemplo, em alguns locais, o amontoado de lixo chega a superar a altura de uma pessoa. Esse é o caso do lote que fica ao lado da casa da aposentada Maria Abadia de Queiroz, de 81 anos, na Rua C-146. Há mais de um mês, ela, os netos e os filhos estão sendo obrigados a conviver com os transtornos provocados pela montanha de lixo que não para de crescer. “Já encontramos até ratos e lacraias dentro de casa, coisa que nunca tivemos por aqui”, relata a mulher, que mora no mesmo local há 75 anos.
No início, quando as pessoas começaram a jogar lixo no lote, dona Maria chegou a vigiar e ficar de prontidão na porta de casa para não deixar que o amontoado crescesse ainda mais. “Mas eles passaram a vir à noite”, conta, referindo-se, além dos moradores próximos, aos carroceiros que também passaram a despejar entulho no local. Com o tempo, ela desistiu de fiscalizar e, hoje, segundo ela, tudo é feito à luz do dia. “As pessoas não têm consciência. Elas jogam lixo de porta de casa (doméstico) no meio do entulho. Isso é errado e gera mau cheiro”, indigna-se.
Em outro lote na mesma rua, a situação se repete. Na rua de cima, também, e com um agravante: moradores cansaram de esperar pela coleta e começaram a colocar fogo nos resíduos, o que em início de período de seca acentua ainda mais os transtornos.
Moradores de bairros da periferia reclamam que a coleta de lixo doméstico voltou a atrasar, em alguns casos, em até uma semana. Ormando diz que o recolhimento do lixo está em dia. Hoje, a Comurg conta com 63 veículos para a coleta – 48 trabalham a cada turno do dia e o restante fica na reserva.
Empresa diz que normalização virá após contratar empregados
O diretor executivo da ITA Transportes, Márcio Palmerston, disse ontem ao POPULAR que o único empecilho para a reposição total dos caminhões é a contratação de novos empregados. Em maio, quando a empresa retirou de circulação todos os 500 veículos locados pela Prefeitura de Goiânia por causa do atraso do pagamento, os funcionários contratados foram demitidos. Apesar disso, ele acredita que a situação será normalizada hoje, com a reposição de cerca de 70 trabalhadores, que são necessários para a escala dos 30 caminhões-caçamba.
A coleta seletiva também é realizada em veículos da ITA Transportes e ficou mais de uma semana paralisada em razão do desacordo da empresa com a Prefeitura. A empresa voltou a liberar os 16 caminhões da coleta no início deste mês, após negociação com a Prefeitura, e ela está sendo normalizada aos poucos.
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Drama
Garota busca novos tratamentos para tumor
Yasmim Mendes de Paula Soares, de 8 anos, tem um tumor na hipófise e precisa realizar exame caro, para rastrear mutação genética que provocou a doença
Malu Longo
Há um ano Yasmim Mendes de Paula Soares, de 8 anos, era uma garota alegre, inquieta, adorava novidades e tirava boas notas numa escola de Terezópolis de Goiás, a 32 quilômetros de Goiânia. Tudo mudou a partir de junho de 2013 quando a menina começou a vomitar com intensidade e a perder peso. A constatação de que a caçula de Nalva Mendes da Silva e Alexandre Paula Soares era portadora de um tumor na hipófise mudou o cotidiano da família. Inconformados com o sofrimento de Yasmim, que tem passado a maior parte do tempo sobre um leito, os pais buscam novos tratamentos apesar da difícil condição financeira. O alvo da família agora é um exame muito caro, sem cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), para rastrear a mutação genética que provocou o tumor.
A luta da família tem chamado a atenção de amigos, de familiares e de instituições filantrópicas. Enfermeira, Nalva conta que parou de trabalhar para cuidar de Yasmim. “Numa sexta-feira de junho do ano passado ela dançou quadrilha e passou muito mal quando chegou em casa”, conta Nalva. Após uma tomografia realizada no Hospital Municipal de Anápolis veio o diagnóstico.
Yasmim foi encaminhada para o Hospital Araújo Jorge, da Associação de Combate ao Câncer de Goiás, em Goiânia, onde ficou internada por 15 dias. Como teria de ser submetida a uma cirurgia para colocar uma válvula para a retirada de líquido intracraniano, foi levada para o Hospital da Criança onde havia vaga de unidade de terapia intensiva (UTI) disponível. Foram duas intervenções cirúrgicas num período de duas semanas. A segunda, para retirada do tumor, durou mais de dez horas. A menina ficou durante 30 dias sob cuidados intensivos e quando teve alta, era outra pessoa. Deixou de andar e de falar, desenvolveu diabetes insipidus – que impede a perda de água através da urina -, problemas oftalmológicos, entre outros.
“Todas essas complicações foram em decorrência do local onde o tumor está alojado, a hipófise”, explica a mãe. Localizada na base do cérebro, a hipófise é considerada a principal glândula do corpo humano por regular o trabalho de outras glândulas e por produzir uma série de hormônios. De acordo com a Assessoria de Comunicação da ACCG, Yasmim é acompanhada na instituição por uma razão benigna. Nalva sabe disso, mas não se tranquiliza diante das transformações impactantes ocorridas com a filha.
Tumores da glândula hipófise costumam provocar sintomas neurológicos e hormonais. Os primeiros são de compressão ou invasão de estruturas adjacentes, como o nervo ótico. Yasmim passa por tudo isso. Numa sala de espera por tantas consultas a que a garota é submetida semanalmente, a mãe soube de uma oncogeneticista de Barretos (SP), cidade que sedia uma das unidades de referência em câncer no Brasil. “Fui lá, sem a Yasmim, fazer uma consulta. Ela me sugeriu o exame para detectar a mutação genética para traçar o provável tratamento”, explica. O exame sugerido custa quase R$ 12 mil.
Foto compartilhada em página de rede social
(M.L.)
Com o objetivo de amenizar o pesado orçamento da família de Yasmim Mendes de Paula Soares, de 8 anos, pessoas próximas aos pais dela apresentaram ao Brasil o drama da menina. Na rede de relacionamentos Facebook, a foto da garota foi compartilhada na página da campanha Ajude a Sofia, aberta para arrecadar recursos para o bebê do interior paulista que é portador de uma doença rara, a síndrome de Berdon.
Sofia Gonçalves de Lacerda precisa fazer um transplante multivisceral nos Estados Unidos. Sua causa ganhou apoio e foi compartilhada por mais de 400 mil pessoas. No fim da semana passada o Ministério da Saúde confirmou o depósito de R$ 2,2 milhões na conta da família de Sofia para o tratamento fora do País.
O sucesso da mobilização levou mais famílias a relatar dificuldades enfrentadas por outras crianças na página da campanha. Enquanto não têm a mesma boa notícia, Nalva Mendes da Silva e Alexandre Paula Soares esperam conseguir doações que podem ser depositadas na conta da Caixa Econômica Federal (agência: 1340, operação: 013, conta poupança: 21997-9), em nome de Alexandre.
GASTOS ELEVADOS
Por mês, a família de Yasmim Mendes de Paula Soares, de 8 anos, tem gastos com medicamentos que atingem a cifra de R$ 9 mil, valor que é totalmente assumido pela prefeitura de Terezópolis. Entretanto, a família tenta agora recursos para o exame genético. A Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG) explica que a iniciativa de buscar essa opção foi da mãe de Yasmim, Nalva Mendes da Silva, por isso prefere não se manifestar.
A instituição ressalta, entretanto, que em casos de indicação feita por profissionais do Hospital Araújo Jorge os pedidos são encaminhados ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não foi o caso de Yasmim.
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Artigo -O SUS pelo prisma da equidade
O Estado existe como um conjunto de leis e de organicidade para fazer a sociedade funcionar melhor e dar à nação a possibilidade de sua configuração física. O Estado democrático de direito, que é nosso caso, nos oferece a oportunidade do questionamento. O grande problema do Estado, ou sua máxima qualidade, é o quadro que o gere, que o administra, ou seja, de modo geral, o efetivo público nos três poderes e seus gestores com cargos eletivos pelo voto popular, ou não.
No Brasil, olhando do alto, às vezes não dá para enxergar o que é feito de bom no âmbito do Estado. Parece que todo mundo em sua engrenagem só quer colher o fruto em benefício próprio, e o resto pouca importa. Mas, reparando bem, apesar dos governos muitas vezes precários, há quem faça isso com muita consciência do exercício de suas funções.
Entra ano e sai ano, entra governo e sai governo, esses agentes da cidadania estão na ativa. Em um momento que se fala muito em problemas estruturais nas diversas áreas públicas, como a saúde, é nela que também vemos algumas pessoas trabalhando para fazer o Sistema Único de Saúde funcionar como seu projeto inicial, uma instituição de atendimento universal e igualitário.
Em Goiás, há um grupo de profissionais com essa fibra. Pouco se houve falar deles, mas fazem um trabalho excepcional de cidadania de verdade. Eles são uma possibilidade de mudança em um país faminto por democracia de fato. Defendem o SUS como conquista social, cujo maior princípio é a equidade. Vale notar que o ideal do funcionalismo público, para fazer o Estado trabalhar em prol da sociedade, é este.
Em contrapartida, nós não podemos ser apenas consumidores de cidadania, só exigindo do outro lado do balcão os melhores serviços. Somos parte disso tudo, temos de entrar na luta de alguma forma, e o melhor caminho é reconhecendo o outro, exercitando a alteridade. É justamente essa lição que ganhamos com esse grupo que pensa pelo prisma da equidade. Seus integrantes lutam contra o medo e a favor do afeto, da compreensão. Agem imbuídos de uma força construtiva que leva em conta a capacidade, e a coragem, de ouvir o outro. O outro neste caso, são ciganos, indígenas, comunidades negras pobres, como os quilombolas, grupos LGBT, cidadãos em situação de rua.
Querem atender as minorias com o respeito e a dignidade a que todo cidadão tem direito, e acreditam que isso só é possível pelo prisma da equidade, cujo contrário é muito o que se vê no atendimento diário aos pacientes que buscam o serviço público: iniquidade, discriminação, injustiça. Eles pensam a cidade, sentem a cidade, vivem-na por dentro. Têm consciência de como funciona o poder, conhecem as forças de interação da cidade, sabem como gira esse motor. Trabalham contra o preconceito, a truculência da microfísica do poder médico e dos profissionais de saúde, contra o racismo institucional e toda forma de opressão no atendimento às populações carentes.
Mas não se trata de um cuidado que envolve a técnica e o afeto por meio da vitimização do usuário. Pelo contrário. Atendente e paciente são corresponsáveis pelo sucesso do atendimento. O usuário do serviço tem de ser visto na perspectiva de protagonismo e de emancipação.
O mais admirável nesse grupo é seu projeto de enfrentamento. Trabalha com saúde pública, utilizando um conceito de poder que é quase antipoder. Trabalha com o ideal do poder participativo. Pratica ações conscientes de alteridade e de equidade, sem se preocupar em fazer fortuna com o jogo de interesses no uso da instituição.
O lado mais difícil para este e outros grupos dentro do Estado-Nação é que não só o poder público os ignora e muitas vezes até os atrapalha com a arbitrariedade usual. Ignoram-nos também os outros olhares que têm voz, como a imprensa de modo geral, os artistas, as entidades classistas, a sociedade quase como um todo. Ninguém se volta para ver esse tipo de trabalho. É uma coisa impressionante, em nós mesmos, nossa capacidade atávica de fechar os olhos para a parte boa do Estado. A cidade que ignora solene essas ações não sabe o que está perdendo. Mas eles trabalham com o olhar voltado para a frente. Sabem que o mundo sempre foi claramente hostil com quem ousa ouvir os excluídos. Sempre.
Gilberto G. Pereira é jornalista do POPULAR
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação