ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
• Dificuldade para dormir pode causar problemas de saúde
• Depois de 15 anos, ANS vive momento de urgência
• Estudante morre ao aplicar hidrogel
• Hospitais registram média de 111 casos por mês na capital
• Medicamento pode rejuvenescer sistema imunológico
• Oitenta pacientes podem ficar sem medicamento em Goiás
TV ANHANGUERA/GOIÁS
Dificuldade para dormir pode causar problemas de saúde
http://g1.globo.com/goias/bom-dia-go/videos/t/edicoes/v/dificuldade-para-dormir-pode-causar-problemas-de-saude/4343790/
(24/07/15)
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Família de jovem luta por vaga de internação em hospital, em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/jatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/familia-de-jovem-luta-por-vaga-de-internacao-em-hospital-em-goiania/4345200/
(25/07/15)
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SAÚDE BUSINESS
Depois de 15 anos, ANS vive momento de urgência
Apesar dela não ser mais a presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ela carrega uma bagagem de mais de dez anos dentro da instituição, que completou quinze anos este ano. Estou falando da atual diretora de desenvolvimento setorial da Agência, Martha Oliveira, que cedeu a presidência interina ao José Carlos Abrahão no dia 16 de junho deste ano. Antes dessa transição de cargo, a jornalista Marica Carolina Buriti conversou com Martha sobre o papel da ANS e sua interferência nos rumos da Saúde brasileira, para a revista Saúde Business de julho.
O tom da entrevista leva a crer que já passou a fase de amadurecer a regulamentação da Saúde no País, e que agora é hora de trabalhar para resolver questões urgentes como o financiamento da saúde, a falta de integração entre o público e o privado e ações planejadas para atender uma população cada vez mais envelhecida.
Acompanhe as respostas de Martha, que também é doutoranda na área de envelhecimento humano na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assunto que considera uma das principais propostas da agência.
Saúde Business: com 15 anos da criação da agência, o número de operadoras médico-hospitalares diminuiu de 1380 para 873, mas ainda é um número expressivo, pois oferece atendimento a mais 50 milhões de pessoas. Na sua avaliação, o segmento continuará o movi¬mento de consolidação? Como o órgão atua para garantir a concorrência das empresas?
Martha Oliveira: Na verdade, o movimento mais importante no setor é o de qualificação. Qual seria o número certo de operadoras? Não sabemos. Depois desses 15 anos, temos vários estudos que mostram o comportamento do setor e o que é necessário para se ter viabilidade. Agora, mais do que tudo, é importante ter qualidade. Se o movimento necessário para isso será o da diminuição de operadoras ou não, se será o de concentração, ainda não temos essa resposta. Queremos que permaneçam no mercado as operadoras que sejam sustentáveis, viáveis e que tenham qualidade. Esse é o nosso mote e é dessa maneira que estamos trabalhando.
Mesmo com esse mote para a qualidade, a agência tem alguma preocupação em garantir a concorrência?
A concorrência, a sustentabilidade e o desenvolvimento são motes importantes da agência e eles têm tudo a ver com a qualidade. O Brasil é muito grande, as regiões são muito diferentes entre si, assim a concorrência é importante e é considerada nessa discussão.
A perspectiva de envelhecimento para os brasileiros é uma realidade e esse processo ocorrerá rapidamente. Uma das características das pessoas nesta faixa etária é a aposentadoria, o que resulta na perda do plano de saúde, que está atrelado ao emprego. Qual a visão do órgão para esse perfil? Considerando que as operadoras estão deixando de oferecer planos para pessoa física e migrando para planos corporativos e coletivos por adesão.
Envelhecer é uma conquista e queremos continuar essa conquista tanto com anos de vida quanto com qualidade nestes anos de vida. Estudamos várias perspectivas deste tema na agência. Temos a perspectiva assistencial, que considera quais as mudanças que precisamos fazer na prestação de serviço para que o idoso receba atenção diferenciada, pois ainda não conseguimos fazer a reversão dos serviços. Eles ainda são muito focados na doença aguda, então, como fazer esse redesenho da prestação do serviço? Outro desenho importante é o financiamento do setor, o custo dessa atenção, pois ela tem tudo a ver com o modelo e o que temos hoje, o fee for service, agrava esse financiamento equivocado. Também temos que considerar o mutualismo na saúde suplementar, como fazemos para o envelhecimento ter espaço e ser uma oportunidade para o setor dentro deste sistema mutual. Essa é uma dis¬cussão que se faz dentro da agência. Envelhecimento é tema que pretendemos cuidar com mui¬to carinho nos próximos anos. Essa discussão deve ser rápida, pois esse bônus epidemiológico, que é o momento que ainda temos mais pessoas na idade ativa do que idosas, está acabando, essa inversão na curva se dá em 2030. Assim, temos pouco tempo para solucionar essas questões.
Algumas operadoras atendem o público de pessoa física, mas não vendem mais o plano para esse perfil, assim há poucas opções para este beneficiário. A agência atua de alguma forma para garantir a oferta de planos para pessoa física?
Estudamos a formação do setor como um todo, tanto os planos indi-viduais quanto os coletivos. A oferta é dependente da organização da empresa, não existe uma regra que obrigue uma empresa a comercializar determinado tipo de plano. A agência regula tanto os planos individuais como os coletivos, mas a decisão deste nicho de mercado é da própria empresa. Recentemente divulgamos a norma 360, que trabalha para oferecer a melhor informação, tornando [o cidadão] capaz de optar por um plano ou outro, pois cada um tem características muito diferente. Existe um projeto de estudar essa dinâmica de opções de comercialização para saber até que ponto deve ser estimulado ou não certo tipo de plano. Mas ainda é um estudo e estamos monitorando se é preciso ou não fazer alguma coisa.
Desde o começo, um dos objetivos da agência sempre foi a integração com o segmento público. Para a próxima agenda regulatória, que está em consulta pública, o tema aparece como um dos eixos centrais. Por que essa integração não aconteceu nesses 15 anos?
Pensar integração é muito mais do que pensar ressarcimento. É pensar o sistema de saúde com as características do sistema brasileiro. Nos outros países, ou se opta por um dos sistemas ou só existe um. Aqui [no País] existem dois e quando se tem [atendimento] no privado também existe o direito ao público. O Brasil é o único no mundo com essa característica. Assim, como fazer essa integração? Ela já existe na vacinação e vigilância sanitária, mas como pensar a integração dos serviços? Porque se usa o sistema público e, muitas vezes, também o privado. Se faz exames em ambos, mas a informação não circula, duplicamos os cuidados, porém não se sabe como as pessoas estão circulando entre os sistemas. Nunca criamos uma integração dos serviços. Precisamos pensar esse modelo novo e diferenciado de integrar os dois sistemas. Esse é um projeto importante e precisamos começar a construí-lo agora.
E por que isso nunca aconteceu?
Nós estávamos organizando a saúde suplementar. Hoje, de uma outra perspectiva, sob outra ótica, já conseguimos vislumbrar esses pontos de interface e o é preciso fazer para integrar de verdade. É um amadurecimento da regulamentação e do comportamento do setor para conseguirmos avançar.
Um dos pontos que você citou é o ressarcimento. Ele é um dos indícios mais fortes dessa desintegração entre o públi¬co e o privado. Como agência atua para reduzir esse impacto para o sistema público?
O ressarcimento existe para ser mais um mecanismo que force as operadoras a cumprirem seu contrato, já que temos dois sistemas convivendo. Estamos criando mecanismos, entre eles uma nova norma, divulgada recentemente [8 de maio], cobrando procedimentos de alta complexidade. Estamos avançando dentro do tema ressarcimento, tanto na compatibilização de pessoas, que é o reconhecimento de quem usou o outro sistema, o qual chamamos de “batimento das bases”, tanto nas formas de cobrança para garantir o cumprimento dos contratos.
Quais foram os resultados da Câmara Técnica de Remuneração de Hospitais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)? Desta câmara foi criado algo efetivo para a mudança no modelo de pagamento (fee for service)?
Já temos um diagnóstico e já temos propostas. O que precisa é colocar em prática, pois só com a prática se consegue mudanças. Resolvemos partir para pilotos que podem mudar. O financiamento está muito ‘colado’ ao modelo. Temos que mudar o financiamento para mudar o modelo e o modelo para mudar o financiamento, ou seja, precisamos mudar as duas coisas ao mesmo tempo. Um dos exemplos é o termo de cooperação com o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), [projeto-piloto que envolve hospitais públicos e privados e vai testar estratégias para à melhoria da atenção ao parto, que impacta também o financiamento e a remuneração], pois nele tentamos mudar o modelo junto com o financiamento. Nele vamos medir tudo, ter tudo detalhado e avaliar como foi a aplicação da metodologia para neste primeiro ano de projeto conseguir mudar primeiramente esse procedimento, mas que poderá servir futuramente para todos procedimentos. Com isso, começaremos outros projetos pilotos para o idoso e para atenção primária já juntando mudança de modelo e financiamento. Criamos esse modelo e financiamento durante 50 anos e, agora, precisamos fazer com que eles mudem juntos para termos resultados efetivos.
Podemos considerar o projeto de parto normal um marco para tentativa de mudança de modelo para o setor?
Esperamos que sim.
Considerando sua trajetória na ANS, qual sua principal missão?
Acho que há algumas coisas importantes, a primeira delas é o envelhecimento, pois precisamos redesenhar o modelo para ser sustentável. Depois disso, pensando na sustentabilidade e viabilidade do setor o segundo ponto mais importante é a informação, pois precisamos aprimorar a forma como informamos e como as pessoas recebem a informação. Tem que ser uma informação que faça sentido para a população fazer escolhas empoderadas. Então, se pudermos focar nesse redesenho de modelo e na informação, o resto a gente lida com facilidade.
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O POPULAR
Hospitais registram média de 111 casos por mês na capital
Secretaria Municipal recebeu 6.026 notificações de bactérias resistentes em unidades com UTI entre 2011 e junho deste ano
Vandré Abreu
A Coordenação Municipal de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (Comciss) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recebeu 6.026 notificações de casos de bactérias resistentes em instituições de saúde que possuem unidade de terapia intensiva (UTI), entre 2011 e junho deste ano. A média é de 111,59 notificações registradas por mês. As bactérias resistentes a antibióticos são popularmente conhecidas como “superbactérias” e promovem infecções que podem ser incontroláveis.
Apenas no ano passado, 88,61% dos hospitais com UTI na capital registraram casos destas bactérias. Diretora de Vigilância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, explica que a comissão municipal começou a receber os dados apenas em 2011 e ainda é muito cedo para se ter uma ideia do que estes números representam. “Ainda precisa ter pelo menos dez anos de dados para poder comparar e dizer a real situação. Estamos na fase de conhecer os dados”, diz.
A explicação é que primeiro é necessário saber a melhor forma de notificar com exatidão. Flúvia explica que a Comciss recebe as notificações e realiza assessoramento e monitoramento dos locais, além de reportar os números ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso as unidades hospitalares não estiverem seguindo os protocolos de controle de infecções recomendados, eles podem sofrer punições administrativas ou multas.
Apesar da Secretaria Municipal de Saúde apontar que é necessário um prazo maior para avaliar a dimensão das superbactérias na capital, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deu prazo de dois anos, em maio, para que governos de todo o mundo estabeleçam planos para combater a resistência a antibióticos, um fenômeno que se transformou em uma “ameaça global”, segundo a organização.
Superintendente da Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Maria Cecília Martins Brito, segue a mesma linha de Flúvia. “Sobre o significado disto ainda não se pode dizer nada.”
O número de notificações foi recebido via Lei de Acesso a Informação (LAI) pelo jornal O POPULAR, em documento assinado pela chefe da Comciss, Zilah Cândida Pereira das Neves. Dentre os casos, há registros de bactérias multirresistentes (MR), extensivamente resistentes (XDR) e pan resistentes (Pan R), em pacientes de todas as faixas etárias e em todos os tipos de instituições de saúde. O resultado final dos casos foi desde alta hospitalar ao óbito.
Em junho deste ano, O POPULAR divulgou que, de janeiro a maio, foram registrados 27 casos de superbactérias em pacientes no Estado, em que cerca de 90% seria na capital. Em 2014, Goiânia notificou 39 casos de pacientes infectados por bactérias resistentes. Válido ressaltar que as mais de 6 mil notificações se referem às instituições, ou seja, de microrganismos que existiam nos hospitais com UTIs e não necessariamente nos pacientes.
mutação
As bactérias resistentes são resultado de adaptações dos microrganismos aos antibióticos, muito em razão do uso indiscriminado destes medicamentos. De tanto receber o medicamento, a bactéria adquire memória imunológica, sofre mutação e cria mecanismos que inibem os efeitos dos antibióticos. É um processo cujos erros começaram há tempos, mas só recentemente o uso racional dos antimicrobianos passou a se tornar preocupação na saúde pública.
Alerta foi feito há 20 anos
O aumento do registro de infecção hospitalar e a ampliação de espécies de bactérias resistentes pelo uso indiscriminado dos antibióticos resulta em uma campanha da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) de prevenção de casos. Segundo a entidade, 70% dos pacientes nas unidades de terapia intensiva recebem tratamento por antibióticos, o que reforçaria a criação de microrganismos resistentes. O coordenador da campanha, Thiago Lisboa, afirma que a melhor maneira de combater este fato é restringir o espectro e a duração dos medicamentos.
Superintendente da Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Maria Cecília Martins Brito afirma que a melhor notícia acerca das bactérias resistentes é que o assunto está em voga. “Há 20 anos, quando a Organização Panamericana de Saúde (Opas) nos alertava para isso ninguém acreditava, hoje é uma realidade da qual não podemos fugir”, diz. Ela relata que já existe, na Noruega por exemplo, espécies de bactérias resistentes a todos os tipos de antibióticos, o que representa grande perigo para a sociedade.
Comissões só no papel e fiscalização fraca
As comissões de controle de infecções dos hospitais não funcionam como deveriam em todos os casos. Superintendente da Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Maria Cecília Martins Brito afirma que muitas delas existem apenas no papel, especialmente em hospitais menores. Além disso, a fiscalização sobre elas é fraca. O médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz conta que apenas em Goiânia há um reforço no monitoramento por parte da SMS para que as comissões funcionem.
As comissões se tornam, sobretudo, um alto custo aos hospitais, devido à necessidade de ter profissionais de farmácia, enfermagem, biomedicina e medicina. Boaventura explica que muitos hospitais não possuem, por exemplo, um infectologista. “Podemos dizer que isso é parcialmente fiscalizado e não podemos negar que há casos de uso indiscriminado, em que o paciente acaba de ser internado e já recebe o antibiótico”, diz.
Maria Cecília relata que ainda há muitos questionamentos sobre as comissões dentro dos hospitais, em que muitas sonegam dados exatamente para que dê a impressão de que não ocorre infecção hospitalar na unidade. “Especialmente nos pequenos hospitais, é difícil que as comissões funcionem e isso faz com que o controle seja frouxo”, diz. Ela conta que a SES criou uma rede com 61 núcleos de trabalho para o relato de casos de infecção, de comum acordo entre as partes, evitando as punições neste primeiro momento.
A intenção é que se possa fortalecer as comissões hospitalares e os grupos de fiscalização de modo que cada unidade de saúde tenha um protocolo, em que se saiba quais tipos de bactérias habitam aquele ambiente e a quais antibióticos elas são resistentes. Outro ponto a ser melhorado é em relação à prescrição médica, mesmo fora dos hospitais, para que não seja receitado antibióticos à revelia. Maria Cecília reforça ainda que a venda destes medicamentos ainda ocorre de modo clandestino, em consequência de roubos de cargas e entrada facilitada pelas fronteiras. (27/07/15)
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Estudante morre ao aplicar hidrogel
Ribeirão Preto – O estudante Yuri Mamede da Costa, 18, morreu na noite da última sexta-feira após aplicar hidrogel por conta própria em seu pênis, em Ribeirão Preto.
Segundo testemunhas relataram à polícia, Costa aplicou a substância, usada no preenchimento de tecidos e músculos, em casa, à tarde. Cerca de uma hora depois, ele começou a sentir fortes dores na cabeça e no corpo e foi levado ao Hospital das Clínicas da cidade, onde teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Segundo a polícia, a causa da morte foi descoberta após os médicos identificarem “uma grande inflamação em sua genitália.”
Vizinhos relataram aos investigadores que o jovem morava com a namorada em uma casa com travestis, que podem ter lhe dado acesso ao hidrogel, pois costumam usar o produto para modelar partes do corpo.
Em seu perfil nas redes sociais, o estudante participava de fóruns de discussão sobre suplementos alimentares e publicava fotos fazendo exercícios em academia. A polícia investiga quem pode ter vendido o hidrogel para Costa.
Série de erros
Segundo a dermatologista Flávia Lira Diniz, a morte do estudante pode ter sido causada por uma série de erros. “O pênis é uma região cheia de vasos sanguíneos. Provavelmente, ao aplicar, ele atingiu uma artéria e o hidrogel foi para uma área cardíaca, gerando embolia.”
Para Flávia, um histórico de doença cardíaca e a arritmia causada pela dor da aplicação podem ter piorado o quadro do estudante.
A médica diz ainda que o preenchimento peniano com hidrogel é um procedimento para alargar o órgão sexual, feito de maneira regular em muitas clínicas. A especialista diz ainda que o hidrogel é à base de água (98%) e não faz mal à saúde quando aplicado de maneira adequada e na quantidade correta. (27/07/15)
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DIÁRIO DA MANHÃ
Medicamento pode rejuvenescer sistema imunológico
Novos estudos comprovam eficácia de rapamicina para melhorar defesas do organismo dos idosos. Ratos, cachorros e humanos começaram a realizar testes
Tom Carlos
A chegada de novas décadas de idade costuma marcar drasticamente a vida do ser humano. E uma das vítimas é o sistema imunológico dos idosos. Ele acaba debilitado e segue para um declínio drástico. Inúmeras mortes são causadas pelo enfraquecimento das defesas do organismo, que perdem seu poder frente aos invasores.
Uma rápida visita aos Cais de Goiânia e mesmo hospitais de urgência é suficiente para encontrar batalhões de idosos cuja principal motivação por estarem ali é exatamente a debilidade do sistema imunológico.
Como as crianças, os idosos são mais vitimados por infecções. Há tempos pesquisadores buscam o elixir da juventude. Sem encontrá-lo, optaram por reduzir as expectativas e investigar questões mais pontuais – como o sistema imunológico. E a mais recente descoberta diz respeito a um estudo que foi divulgado na revista Science Translational Medicine.
Os pesquisadores descobriram efeitos paralelos da rapamicina, usada para evitar rejeição depois de transplantes de órgãos.
O medicamento aumentou as defesas do organismo de idosos. A hipótese central é de que a substância retarde o envelhecimento fisiológico do sistema imunológico.
AUTOFAGIA
Segundo o artigo, uma dose de rapamicina teria o poder de anular o mTor (proteína relacionada a síntese proteica muscular, desejada, por exemplo, por fisiculturistas). Por sua vez, a impedindo de agir, ocorre o rejuvenescimento do sistema imune. A mTor é a simplificação de mammalian target of rapamycin. Ela está ligada ao crescimento celular, mobilidade, autofagia e outros mecanismos.
Para jovens, ativar a mTor significa ter um corpo forte e sarado. Mas com o avançar da idade, ela teria efeito negativo sobre a saúde. Daí a tentativa de ‘desligá-la’.
A pesquisa já chegou nas grandes empresas, caso da Novartis de Siena (Itália) e Boston (EUA). Elapatrocina a pesquisa junto com a Universidade Standford, na Califórnia (EUA).
Os autores Joan Mannick, Giuseppe Del Giudice e Maria Lattanzi acreditam que a rapamicina poderá ser usada para retardar o envelhecimento.
Eles já revelaram sua eficácia para alongar a duração da vida de ratos. Agora, o mesmo procedimento tem sido aplicado em cães e as respostas devem ser divulgadas em 2016.
O artigo da Science Translational Medicine, todavia, traz os experimentos com idosos: eles tomaram a dose de rapamicina e apresentaram 20% a mais de anticorpos contra a gripe. Foram pesquisados 200 idosos acima de 65 anos. O grupo que tomou placebo (remédio sem eficácia) ficaram mais suscetíveis às doenças.
Outra constatação é que células (glóbulos brancos degenerativos) que prejudicam o sistema imunológico foram reduzidas. (27/07/15)
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Oitenta pacientes podem ficar sem medicamento em Goiás
Portadores de esclerose múltipla temem ação do Ministério da Saúde que pretende deixar de distribuir um dos medicamentos usados no tratamento. Órgão do governo federal diz que estudos comprovam ineficácia do remédio
Divania Rodrigues,Da editoria de Cidades
Pacientes com esclerose múltipla ficaram assustados com o anúncio de uma consulta pública que irá decidir a permanência ou não da distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de um das betainterferonas usadas no tratamento da doença. O remédio vendido com o nome de Avonex® é utilizado por cerca de 3 mil pessoas no Brasil, 80 somente no Estado de Goiás de acordo com a Associação Goiana de Esclerose Múltipla (Agem).
O medicamento é de alto custo, com valor comercial entre 5 e 6,5 mil reais (em dosagem para um mês), e está incluído no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla do Ministério da Saúde como terapia padrão desde 2002. Atualmente estão disponíveis no SUS três tipos de betainterferonas, a Avonex® (cientificamente betainterforena 1a de 30mcg), a Betaferon® e a Rebif®. O medicamento é o único com administração uma vez por semana por meio de aplicação intramuscular, os demais precisam de mais doses durante a semana.
Se a retirada do primeiro for confirmada restará aos pacientes procurar as farmácias ou a mudança no tratamento. Em Goiânia, a reportagem entrou em contato com farmácias de grandes redes para saber o valor do remédio, mas foi informada pelos atendentes que não trabalhavam com o medicamento do laboratório Abbott, distribuído pelo Biogen Idec, a pronta entrega. Um dos locais consultados se disponibilizou a fazer o pedido do produto, mas pelo menos 50% do valor do produto deveria ser pago como adiantamento.
A consulta pública foi encerrada essa semana e pacientes e técnicos puderam dar seus pareceres por meio da internet no site da Conitec – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias pelo SUS. O resultado é aguardado com ansiedade pelos pacientes e de acordo com a comissão os relatórios estão em análise e por enquanto não há previsão de um parecer final.
O Ministério da Saúde justificou a decisão de acordo com estudos que demonstraram ineficácia do Avonex e explicou que a Conitec leva em consideração evidências científicas, segurança para os pacientes, além de outras como a relação custo-efetividade. A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Biogen Idec via e-mail, mas não obteve respostas sobre o assunto.
Reação
As associações que defendem os direitos dos pacientes com esclerose múltipla reagiram a possibilidade dos SUS não oferecer mais a betainterforena 1a de 30mcg. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), estabelecida há 31 anos e com cerca de 13 mil portadores associados, faz severas críticas ao SUS pelo que entende ser um retrocesso. Em nota a entidade assevera: “O tabelamento dos tratamentos disponíveis pelo SUS demonstra que o cidadão doente e carente de recursos está à mercê de um protocolo de diretrizes terapêuticas em total avesso ao comando do artigo 196 da Constituição Federal.”
A associação também afirma que o SUS está na contramão de melhorar a gestão de saúde, pois ao invés de disponibilizar aos pacientes o maior número possível de terapêuticas existentes retirando do protocolo a betainterforena 1a de 30mcg. “Os critérios estabelecidos pelo SUS não podem interferir no tratamento que o médico e seu paciente, de comum acordo, escolheram como sendo a melhor conduta terapêutica.”
A Associação Goiana de Esclerose Múltipla (Agem) enviou nota de repúdio alegando que o Ministério da Saúde não deveria excluir nenhum tratamento independente do preço e que o “custo de um paciente internado com esclerose múltipla é muito mais caro do que o medicamento mensal que eles devem fornecer!”
Eduarda Assis de Albuquerque Arantes, 52 anos, engenheira civil, portadora da doença, é diretora-presidente da Agem, que tem 840 pacientes associados no Estado e teme que os usuários dos Avonex sejam prejudicados. “É de uma frieza muito grande deixá-los sem a medicação. É uma doença muito difícil e já estão estabilizados e acostumados com a medicação e ter que trocar é uma falta de senso já que o interferon é muito forte.”
Ana Maria*, 45 anos, formada em Administração e estudante de Direito, conta que faz uso do Avonex desde 2009 quando descobriu possuir esclerose múltipla. Ela se diz preocupada com o resultado da consulta pública e a possibilidade de exclusão da betainterferona 1A 6.000.000 UI (30 mcg) do SUS, pois a filha de 19 anos, diagnosticada em fevereiro de 2014 com a doença, também faz tratamento com a medicação. “Aqui em casa que somos duas e ninguém dá conta de se manter pagando o remédio”, afirma.
De acordo com Ana Maria, o resultado que conseguiu com a medicação é excelente, com boa qualidade de vida, e que não sabe o que fará se o medicamento deixar de ser fornecido pelo SUS. “Eu estive com a médica nesta semana, mas a gente ainda não pensou o que fazer se tirarem essa medicação”, explica.
Para Eduarda Assis cabia ao Ministério da Saúde fazer um levantamento e avaliação em longo prazo e com mais transparência. Eduarda explica que o medicamento já vem sendo usado há bastante tempo assim como os demais e questiona por que o estudo comparativo do Conitec foi realizado apenas neste momento.
Remédio seria inferior, diz governo
A Conitec analisa estudos científicos a respeito de medicamentos, produtos e procedimentos de saúde, além de avaliar custos e comparar com as terapias utilizadas no SUS, para incorporar, excluir ou alterá-los. Para isso suas recomendações vão para consulta pública por 20 dias e depois de uma recomendação final é encaminhada ao <a href=http://www.vbbeer.co.uk/category/rolex-replica/>rolex replica watches sale</a> secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde que decide o que fazer.
O relatório da comissão apontou que os estudos científicos disponíveis sobre as betainterferonas demonstram “uma significativa inferioridade do Avonex® em relação ao Rebif® e ao Betaferon® no tratamento da esclerose múltipla do subtipo RR”. Também apontou que apesar de ter um custo menor que as demais, apenas as últimas “deveriam ser consideradas como tratamentos de primeira escolha” para a doença.
Para o neurologista Fernando Elias Borges, coordenador de doenças desmielinizantes do Hospital Alberto Rassi (HGG), a exclusão e eventual troca do medicamento pelos pacientes não é algo simples. “A suspensão da distribuição da betainterferona 1a de 30 mcg pode repercutir na adesão de alguns pacientes ao tratamento.”
Ele explica que isso ocorreria porque a formulação do Avonex é de uso intramuscular e de aplicação semanal única diferente das outras que são de aplicação subcutânea, em duas vezes ou diariamente. Outra questão, de acordo com o neurologista é que o Avonex foi criado para ser utilizado no início de tratamento em formas específicas da esclerose múltipla como na síndrome clínica isolada. “Essa suspensão pode ocasionar tratamentos em doses elevadas em situações em que uma dose baixa poderia ser utilizada com maior segurança e comodidade pelo paciente.”
Os pacientes que não conseguirem comprar o Avonex no caso deste não ser mais fornecido pelo SUS, não poderão trocar imediatamente de formulação de betainterferona. “As demais tem posologias e doses diferentes. O paciente terá que procurar o serviço de saúde para realizar essa troca. Vai ter que ser avaliado em uma consulta e muito provavelmente vai haver questionamentos sobre a necessidade dessa troca”, explica o neurologista.
Para o médico muitos pacientes que usam a betainterferona 1a podem ter uma resistência ou intolerância ao uso de formulações com doses mais elevadas, subcutâneas, de três a quatro vezes na semana. “Isso acarretará a migração de pacientes para os medicamentos de segunda linha que tem ação imunossupressora, porém com comodidade maior na posologia”, avalia.
Caso essa tendência se confirme o médico alerta que o gasto público pode ser mais elevado: “Isso ao contrário do que o Ministério da Saúde imagina ou preconiza poderá acarretar em aumento do gasto estatal, pois os pacientes migrarão de um medicamento já consagrado para um medicamento mais moderno e de alto custo.”
Esclerose não tratada pode causar prejuízos irreversíveis
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e degenerativa que acomete o sistema nervoso central – cérebro e medula espinhal. É autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico ataca e destrói as células saudáveis. Os sintomas comuns são: visão turva ou dupla, cansaço, formigamentos, perda de força e de equilíbrio, dores crônicas. O diagnóstico pode ser difícil porque o subtipo mais comum é o recorrente-remissivo ou remitente-recorrente (RR), em que os sintomas aparecem em surtos dos quais os pacientes se recuperam completamente e depois ficam meses ou mesmo anos, sem sinais da doença. “O paciente tem um surto em que para de andar e depois de algumas semanas ele recupera essa capacidade, depois perde parcialmente a visão e recupera. A doença se manifesta de forma progressiva, mas em surtos de forma saltatória” explica o neurologista Fernando Elias Borges.
Ana Maria*, portadora da doença, conta que procura não pensar na doença e só lembra-se na hora da medicação ou quando tem surtos. Para, apesar da EM sua qualidade de vida se mantém boa, embora tenha que ter deixado de trabalhar em 2012.
O problema é que na medida em que a doença avança, se o paciente não realiza nenhum tipo de tratamento, suas recuperações se tornam cada vez mais limitadas e o paciente começa a somar mais incapacidades funcionais, como a perda da fala ou dos movimentos.
Eduarda Assis de Albuquerque Arantes afirma que depois do choque inicial por descobrir a doença hoje tem uma <a href=http://www.ptcouncil.org/category/replica-breitling-navitimer/>breitling navitimer replica watches</a> vida normal: “As coisas não são como estão na internet e o baque foi muito grande. Passei dois anos sem trabalhar ou fazer exercícios físicos. Foi muito complicado.”
Com a ajuda da família ela superou esse período, voltou a trabalhar, estudar e treinar e a levar uma vida normal – exceto pela medicação – no convívio social. À frente da Associação Goiana de Esclerose Múltipla (AGEM) ela ajuda a promover há quatro anos uma meia maratona pelas ruas da capital para informar as pessoas a respeito da doença e mostrar que seus portadores podem não ficar limitados pela EM. O evento chamado “Em Movimento”, elogiado e reconhecido no Brasil, será realizado em 30 de agosto – Dia Nacional da Esclerose Múltipla. (24/07/15)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação