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DESTAQUES
• Pacientes encontram dificuldades para fazer exames na rede de saúde, em Goiás
• Congresso discute problemas da saúde pública, em Goiás
• Comissão aprova obrigar SUS a fornecer sangue e remédios a pacientes
• Diagnóstico tardio é maioria
• Vacina francesa não deve ser indicada para menores de 9 anos
• Artigo – Debates vazios
TV ANHANGUERA/GOIÁS
Pacientes encontram dificuldades para fazer exames na rede de saúde, em Goiás
http://g1.globo.com/goias/jatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/pacientes-encontram-dificuldades-para-fazer-exames-na-rede-de-saude-em-goias/4352367/
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Congresso discute problemas da saúde pública, em Goiás
http://g1.globo.com/goias/bom-dia-go/videos/t/edicoes/v/congresso-discute-problemas-da-saude-publica-em-goias/4354495/
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SAÚDE BUSINESS
Comissão aprova obrigar SUS a fornecer sangue e remédios a pacientes
A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou, no último dia 15, o Projeto de Lei 6718/09, do Senado, que garante a todos os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a disponibilização de sangue, componentes, hemoderivados, medicamentos e demais recursos necessários ao diagnóstico, à prevenção e ao tratamento de suas doenças.
A proposta altera a Lei 10.205/01, que regulamenta a coleta, o processamento e a distribuição do sangue, seus componentes e derivados. O trecho da lei que recebe nova redação diz que a Política Nacional de Sangue rege-se pelos princípios de universalização do atendimento à população.
Relator na comissão, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) defendeu a aprovação do projeto. “Para garantir aos pacientes do SUS o fornecimento de medicamentos hemoderivados ou produzidos por biotecnologia, esperando assegurar a necessária priorização de recursos, para viabilizar o direito dos pacientes à assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”, afirmou.
A intenção original do autor, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), era assegurar meios para o tratamento dos pacientes portadores de coagulopatias congênitas (hemofilias), mas a proposta foi alterada durante a tramitação no Senado e estendida para todos os pacientes do SUS.
Tramitação
O projeto, que tramita de forma conclusiva, segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
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O POPULAR
Diagnóstico tardio é maioria
Falta de atendimento adequado seria motivo para menor índice de descoberta em fase inicial
Gabriela Lima
Um pequeno caroço no pescoço, próximo ao ouvido, foi o primeiro incomodo percebido pelo porteiro Anivaldo Cândido de Jesus, então com 44 anos. Ao ver que o caroço crescia, ele procurou médicos por três meses. Novos sinais mostraram que o organismo dele não estava bem e o porteiro passou por tratamentos contra hérnia de disco e hepatite medicamentosa. Mulher de Anivaldo, a diarista Ilma Rita Rodrigues, de 38, diz que a família suspeitava de câncer e chegou a pagar por consultas e exames particulares, mas os médicos sempre pediam exames complementares e, quando o marido recebeu o diagnóstico correto, já se encontrava em estado terminal.
O drama de Anivaldo é o mesmo de 60,5% dos pacientes oncológicos brasileiros, segundo a Declaração para Melhoria da Atenção ao Câncer no Brasil. O relatório, elaborado pelo movimento Todos Contra o Câncer, aponta o diagnóstico tardio como uma das principais problemas enfrentados pelos pacientes oncológicos. Sem acesso ao tratamento em tempo hábil, o câncer aparece entre as doenças que mais matam no País.
Com o avanço da ciência e da medicina, o diagnóstico de câncer, há algum tempo, deixou de ser sinônimo de sentença de morte. Mas nem todos têm acesso às tecnologias disponíveis, especialmente no sistema público.
De acordo com o relatório, o tempo médio de espera entre o diagnóstico e o início dos tratamentos com quimioterapia e radioterapia, são de 76,3 e 113,4 dias, respectivamente. O porteiro Anivaldo só conseguiu acesso a uma quimioterapia quando já estava na UTI.
O calvário do paciente teve início no fim de julho de 2011, quando percebeu o caroço. Em agosto, ele começou a passar de médico em médico. Foi internado com fortes dores na perna que, segundo os médicos, seria consequência de uma hérnia de disco. Recebeu alta e ficou apenas uma semana em casa, quando voltou a ser hospitalizado por conta de dores no estômago. O diagnóstico foi hepatite medicamentosa. Enquanto isso, o caroço não parava de crescer.
Ilma diz que o marido não conseguia mais comer e a família pediu um encaminhamento para o Hospital Araújo Jorge, referência em oncologia. Conseguiu vaga para janeiro do ano seguinte, mas no início de novembro Anivaldo foi levado para a unidade às pressas. Morreu no dia 14 daquele mês. “Era um câncer muito agressivo, mas se tivéssemos diagnosticado antes e ele fizesse um tratamento logo ou até uma cirurgia, talvez tivesse conseguido vencer a doença”, diz Ilma.
Especialista aponta demora no encaminhamento
O câncer é uma doença tratável e, na maioria dos casos, curável, desde que seja dectado no início. Mas o paciente oncológico esbarra tanto na falha dos médicos em perceber o diagnóstico correto quanto na demora no acesso ao tratamento apropriado.
Segundo o presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), o oncologista Alexandre João Meneghini, se o paciente diagnosticar a alteração no início, o tratamento é mais fácil e eficaz. “Mas ainda temos uma quantidade considerável de pessoas que chegam com tumor avançado, diminuindo as chances de cura. Muitos chegam graves. A gente faz o que pode, mas nem todos conseguem dar uma resposta ao tratamento”, lamenta o especialista.
A ACCG é a mantenedora do Hospital Araújo Jorge, único Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACONs) credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Centro-Oeste. Por ser uma unidade especializada, só atende pacientes via regulação. Para Meneghini, aí está um dos grandes entraves enfrentados. “Muitas secretarias do interior demoram a encaminhar o paciente para o Araújo Jorge ou regulam para alguma unidade que não trata o câncer. O paciente perde um tempo precioso andando de um médico para outro”, diz Meneghini.
O principal problema, na avaliação de Meneghini, é falta de preparação dos médicos da rede básica para o dignóstico precoce do câncer. “Falta preparação e até tempo para o profissional fazer uma consulta com mais atenção, pois ele tem dezenas de pessoas para atender em um único dia. Em um caso de leucemia, no qual o paciente começa a apresentar manchas roxas na pele, até alguém fazer o diagnóstico correto perde-se muito tempo”, relata.
Para Meneghini, em qualquer suspeita de câncer, por mínima que seja, o paciente pode ser enviado para o Araújo Jorge. “Melhor a gente atender e descartar a doença, se preciso, do que receber o paciente tardiamente, sem chances de vida.”
Sobre o caso do porteiro Anivaldo Cândido de Jesus, que só conseguiu acesso ao Araújo Jorge quando já estava em estado terminal, o presidente conta que isso não ocorre desde 2012, ano em que a ACCG passou por uma intervenção. O mesmo vale para o acesso aos tratamentos de alta complexidade.
Apesar de reclamar do repasse de recursos feito pelo SUS, Meneghini diz que a ACCG tem conseguido garantir o acesso à quimioterapia, radiologia e cirurgias. “Hoje não temos mais filas na quimioterapia, que era o maior gargalo que a gente tinha”, destaca.
Em 2014, o Hospital Araújo Jorge realizou mais de 1 milhão de procedimentos oncológicos. Cerca de 80% deles foram atendimentos realizados pelo SUS. Os 20% restantes são destinados ao atendimento particular.
Segundo a ACCG, são quase 1,5 mil pacientes atendidos por dia, com uma média de 918 cirurgias por mês. Diariamente, passam 350 pacientes pelo setor de radioterapia e 150 pela quimioterapia. “O governo precisa dar mais suporte para as unidades filantrópicas”, diz Meneghini.
Rede está preparada, diz secretaria
Apesar do relatório do movimento Todos Contra o Câncer e do presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) apontarem a falta de apoio na saúde primária, a gerente do programa ciclos de vida, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Nely Macedo, diz que a rede básica está preparada para diagnosticar os pacientes oncológicos. “As nossas unidades trabalham com porta aberta o ano todo”, garante.
Nely destaca o trabalho realizado via Sistema de Informações do Câncer (Siscan), voltado para o controle e detecção precoce dos cânceres de colo e de mama. “A paciente vai a uma unidade da atenção básica e pede uma mamografia. Se for o caso, o profissional solicita exames complementares. No caso do cólon, é feito o exame citopalógico. Se for constatada alguma alteração, é feito o histopatológico”, afirma.
Segundo dados do Siscan, só este ano a rede municipal de Goiânia realizou, até 30 de junho, 13.718 mamografias e 28.071 exames de citopatologia. Exceto esses dois tipos de câncer (cólon e mama), em que a prevenção é feita via ginecologista, nos demais casos suspeitos a porta de entrada é a consulta com o clínico geral. “Caso o clínico perceba alguma alteração, fará o encaminhamento para o especialista”, diz Nely.
A gerente afirma ainda que, além dos atendimentos rotineiros, a SMS trabalha de forma mais intensiva durante as companhas nacionais como o Outubro Rosa, destinada ao combate do câncer de mama, e o Novembro azul, que tem como alvo o câncer de próstata.
Nely também destaca a importância de se buscar o médico pelo menos uma vez por ano para fazer exames gerais. “Quanto mais cedo começar a prevenção, mais fácil será, caso haja necessidade de tratamento”, diz.
Legislação
Pela Lei nº 12.732/2012, o início do tratamento de pessoas com câncer no SUS deve começar em um prazo de até 60 dias após o diagnóstico.
Entidades de luta contra o câncer querem uma nova alteração na legislação e pedem, na hipótese de neoplasia maligna, que os exames diagnósticos necessários sejam realizados no prazo máximo de 30 dias.
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Vacina francesa não deve ser indicada para menores de 9 anos
São Paulo – Os resultados de uma nova análise, que reúne estudos realizados na América Latina e na Ásia, mostrou que a vacina da multinacional francesa Sanofi não devem ser indicada para crianças com menos de 9 anos. A vacina francesa é a que está mais próxima do lançamento – outras alternativas, da japonesa Takeda e da parceria entre os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, Instituto Butantan e Hospital das Clínicas da USP, ainda não concluíram os estudos em larga escala.
O novo estudo acompanhou 35 mil crianças e adolescentes por 25 meses e concluiu que a idade é um fator importante para a eficácia da vacina: quanto mais nova é a pessoa, pior ela responde. Na prática, o estudo representa uma recomendação para as agências reguladoras – Anvisa, no Brasil – de que a vacina deveria ser aprovada para um público a partir dos 9 anos.
Para as crianças que ficam fora desse público-alvo, outras formulações e dosagens devem ser estudadas, de acordo com a diretora-médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani. A vacina é administrada em três doses.
Na nova análise, a eficácia da vacina – chance de a pessoa estar realmente protegida contra a doença – foi de 66%, sendo particularmente efetiva em quem já teve dengue (82%) e menos efetiva em quem nunca teve (52%). No estudo feito na América Latina e divulgado em 2014, a proteção para quem nunca tinha tido dengue era de 43% e a proteção global era de 61%.
Eficácia maior para os tipos 3 e 4 do vírus
O pesquisador Edson Moreira, da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia, diz que a vacina da dengue é um “caso complexo”, já que envolve tanto a dificuldade de se promover uma resposta imunológica das pessoas quanto que essa resposta funcione para os quatro subtipos do vírus. A vacina da Sanofi é mais eficaz para os tipos 3 e 4 e menos para os tipos 1 e 2. Para o tipo 2, o mais complicado, a eficácia da vacina é de 47% em quem tem mais de nove anos e de 34% em quem tem menos.
O estudo foi publicado na segunda, 27, na revista especializada New England Journal of Medicine.
Até o começo desse mês, haviam sido registrados 530 óbitos por dengue em 2015 no Brasil.
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Artigo – Debates vazios
Era para ser mais um bebê enchendo uma família de sonhos, uma casa de alegria. As promessas, no entanto, virariam sentenças de morte, depois que uma professora de enfermagem, de 30 anos, morrer devido às complicações de uma cesariana. O procedimento teve que ser realizado após a tentativa frustrada da mulher de realizar um parto humanizado em casa. O caso ocorreu em São Carlos (SP), no dia 11 de julho, mas veio a público na semana passada.
Mariana de Oliveira Fonseca Machado era especialista em Saúde da Mulher e vice coordenadora do curso de enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Com o conhecimento que sua formação pressupõe, decidiu que teria o filho em sua casa. Contratou uma doula (parteira), que a acompanhou durante todo o processo. Mas as coisas não saíram como o previsto e Mariana acabou sendo levada à Casa de Saúde e Maternidade de São Carlos, onde passou por uma cesariana. Do parto, nasceu uma saudável menina, mas a mãe não resistiu e morreu no Hospital de Base de São José do Rio Preto, horas após dar entrada na UTI.
O que mais chamou a atenção neste caso foi a imprecisão em torno do período de duração trabalho de parto no sábado, o que fez com que a UFSCar viesse a público para esclarecer os detalhes do caso. Na nota divulgada à imprensa, a instituição fez questão de frisar que o trabalho de parto teria levado algumas horas, ao contrário das 48 horas divulgadas a princípio. É claro que, com a velocidade das informações, a polêmica já era grande naquele momento.
Pode não parecer no primeiro momento, mas a morte de uma mulher, jovem, professora, ao tentar ter o seu bebê em casa e o seu infeliz desfecho, arrancou a fórceps do seio da família um episódio trágico e de foro íntimo, para escancarar em praça pública uma questão delicada e em bastante evidência: o debate sobre a humanização do parto, movimento que ganha fôlego frente a uma verdadeira indústria das cesarianas que existe no sistema de saúde brasileiro. Uma questão ampla, que engloba desde a discussão sobre os direitos das mulheres sobre seus corpos, até mesmo as políticas públicas de saúde.
O que chama atenção neste caso específico é como o debate muitas vezes é sobreposto pelo calor da militância. A internet se transformou rapidamente em um ringue virtual, colocando em lados opostos vozes dissonantes: os entusiastas do parto humanizado e os defensores da intervenção cirúrgica. Desde que mundo é mundo, grupos opostos entram em confronto. Mas a internet potencializa os perigos de uma época de “ismos” tão radicais, na qual o “de que lado você está” é muito mais importante do que a discussão em si. O que importa não é discutir os prós e contras de cada uma das práticas. Não é apresentar argumentos, nem as situações em que cada uma delas é benéfica; é vestir uma camisa e defendê-la cegamente. Muitas vezes, sem as informações mínimas para tal. Com base só no “achismo”.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação