Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 07 A 09/05/16

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES

• PF prende sócios de empresa investigada por falsificar replica rolex validade de materiais cirúrgicos
• População enfrenta filas na retomada da vacinação contra H1N1, em Goiânia
• Três escolas privadas de Goiânia registram casos de caxumba
• Juiz reconhece legitimidade de projeto dá desconto em correção de orelha de abano
• Hospitais goianos estão na lista de excelência em atendimento público de saúde
• Histórias de gêmeos siameses mostram por que Goiás é referência nacional em cirurgia de separação
• Traumas na face já atingem 30 mil
• A diferença não importa
• Falta de prevenção lota salas de espera de hospitais públicos
• Médico é denunciado por homicídio culposo em erro

TV ANHANGUERA/ TOCANTINS

PF prende sócios de empresa investigada por falsificar validade de materiais cirúrgicos
http://g1.globo.com/to/tocantins/bom-dia-tocantins/videos/t/edicoes/v/pf-prende-socios-de-empresa-investigada-por-falsificar-validade-de-materiais-cirurgicos/5005533/

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TV ANHANGUERA/ GOIÁS

População enfrenta filas na retomada da vacinação contra H1N1, em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/videos/t/todos-os-videos/v/populacao-enfrenta-filas-na-retomada-da-vacinacao-contra-h1n1-em-goiania/5010583/  (09/05/16)

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O POPULAR
Três escolas privadas de Goiânia registram casos de caxumba

De acordo com secretaria municipal, 61 ocorrências foram notificadas. Nota informativa será entregue em todas as instituições de ensino da capital

Três colégios particulares de Goiânia registraram 61 casos de caxumba nos últimos dias. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), devido ao surto, um trabalho de imunização está sendo feito nas escolas.
Os jovens contaminados são de ambos os sexos e com faixa etária entre 14 e 18 anos. De acordo com a diretora de vigilância em saúde da SMS, Flúvia Amorim, 29 casos foram registrados em uma escola, 8 em outra e 24 em um terceiro colégio. Os alunos das instituições que registraram casos e que ainda não haviam sido vacinados estão sendo imunizados agora. Os nomes dos colégios não foram divulgados.
Flúvia conta que, apesar das notificações partirem dos colégios, uma nota informativa está sendo elaborada para ser entregue em todas as escolas da capital como medida de prevenção.
O Colégio WR é um dos que registraram casos de caxumba. Segundo o proprietário da instituição, o professor Rubens Guimarães, os casos ocorreram em menos de uma semana com a turma do 2º série do ensino médio.
Em São Paulo, a prefeitura já registrou 274 casos da doença nos primeiros quatro meses deste ano. (07/05/16)
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CONSULTOR JURÍDICO

Juiz reconhece legitimidade de projeto dá desconto em correção de orelha de abano

Antes de aplicar a pena de censura a um profissional, conselhos profissionais precisam garantir seu direito de se defender. Assim, o juiz federal titular da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, Francisco Renato Codevila Pinheiro Filho, reconheceu a legitimidade das atividades do Projeto Orelhinha, que oferece a pacientes de baixa renda cirurgias de correção de orelha de abano, a chamada otoplastia, com desconto. Ele confirmou liminar em mandado de segurança e declarou nula decisão do presidente do Conselho Federal de Medicina, de dezembro de 2014, que censurou os médicos que participam do projeto.
O advogado Vinícius Zwarg , sócio do escritório Emerenciano, Baggio & Associados, fez a defesa do projeto. As cirurgias são feitas de forma voluntária por médicos especialistas, regularmente habilitados e registrados na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Segundo a defesa, foi instaurada uma sindicância pelo Departamento de Defesa Profissional do CFM para apurar eventual infração ética por causa da publicação de reportagem na revista Veja , em junho de 2014, que falava sobre o Orelhinha.
Para o advogado, o órgão que representa os médicos tomou a decisão de que o projeto teria caráter comercial sem respeitar as garantias do contraditório e ampla defesa.
"Concedo a segurança, confirmando a liminar deferida, para declarar a nulidade da decisão proferida pela autoridade impetrada na Terceira Reunião entre Diretores do Conselho Federal de Medicina e dos Presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina, gestão 2014/2019, realizada no dia 3 de dezembro de 2014, a fim de resguardar o direito dos impetrantes ao exercício regular de sua profissão e continuidade do Projeto Orelhinha, devendo lhes ser garantindo o exercício regular do contraditório e da ampla defesa no âmbito dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina em eventuais processos administrativos instaurados", diz a decisão do juiz.  O CFM recorreu da decisão.
Segundo informações dos organizadores do Orelhinha, as cirurgias são feitas com subsídio de até 70% no custo. Desde 2011, mais de 12 mil já foram atendidos e operados em todo o Brasil. O projeto também destina parte da receita obtida para o atendimento gratuito de pacientes carentes, entre 7 e 14 anos, com histórico de bullying , baixo rendimento escolar e dificuldades de socialização e com comprovada carência de recursos, cujas famílias não dispõem de condições de arcar sequer com o custo social. (07/05/16)
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JORNAL OPÇÃO

Hospitais goianos estão na lista de excelência em atendimento público de saúde

HGG e HDT receberam certificado concedido por organização que avalia o padrão de atendimento em hospitais públicos de todo o País

Os hospitais estaduais Alberto Rassi (HGG) e de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), ambos geridos por Organizações Sociais (OS), estão entre os 34 hospitais públicos do Brasil que oferecem elevado padrão de atendimento à população.
O certificado é concedido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e a lista foi divulgada por reportagem do site da revista Exame. Ao todo, o País tem 2.987 hospitais públicos que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e somente 34 se destacam pela excelência no atendimento e tratamento dos pacientes.
Há quase duas décadas, a organização verifica a qualidade em todas as áreas de atividade dos hospitais, como infraestrutura, internação, controle de infecções, higienização e outros processos focados na assistência dos pacientes.
O certificado tem validade de três anos e para recebe-lo, os hospitais goianos passaram por rigorosa vistoria, que dura até três dias, e os avaliadores observam mais de 1,7 mil itens para liberar o atestado de excelência da unidade.
"Hoje, as unidades públicas deixam de nos procurar porque se considerarem abaixo do padrão exigido", diz Maria Carolina Morenos, superintendente da ONA. "Dificilmente um paciente vai sofrer um acidente adverso dentro de uma unidade acreditada", diz. "O hospital que atinge o nível máximo de excelência é uma unidade que se preocupa com a segurança do paciente".
Organizações Sociais
Em Goiás, todos os grandes hospitais estaduais estão sob gestão de Organizações Sociais (OS) por determinação do governador Marconi Perillo. Hospitais como Hugo, HGG e HDT tiveram notório salto de qualidade no atendimento e tratamento de pacientes após a terceirização da gestão. Mais de 10 governadores e equipes de saúde de outros estados já estiveram em Goiás para conhecer o modelo de gestão na saúde. (08/05/16)
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Histórias de gêmeos siameses mostram por que Goiás é referência nacional em cirurgia de separação

Reportagem do Jornal Opção conta como está a vida de dois dos 34 gêmeos siameses separados pela equipe comandada por Zacharias Calil no Hospital Materno Infantil
Delson Brandão carrega o filho Heitor nas costas: "Ele lidou com a falta do irmão melhor que todos nós. Ele lembra de Arthur com saudade, mas sem tristeza"

Marcos Nunes Carreiro
Heitor tem sete anos de idade e gosta de estudar. Nos últimos testes da escola, tirou nota boa em quase todas as matérias; em duas, foi com nota dez: história e geografia. No 2º ano do ensino fundamental, o garoto se destaca, pois é bom tanto em língua portuguesa quanto em matemática – algo não muito comum.
Aventureiro, o menino gostar de sair de casa e brincar pela vizinhança. Basta chegar o fim de tarde e lá vem Heitor se locomovendo sobre o carrinho feito por seu pai, Delson, que utilizou uma prancha de skate para criar o objeto que é, ao mesmo tempo, brinquedo e meio de transporte.
Faz menos de um ano que Heitor mora em Riacho de Santana, uma cidade no interior da Bahia e que fica a aproximadamente 700 quilômetros da capital Salvador. Porém, por lá, todos conhecem o garoto, assim como sua história.
É numa tarde de sexta-feira que Delson, o pai de Heitor, recebe uma notificação no Facebook; é um jornalista de Goiânia, querendo saber um pouco da história de seus filhos Heitor e Arthur. Ele está em uma escola de Paramirim, um município do centro-sul baiano que fica a pouco mais de 100 quilômetros de Riacho de Santa.
Ele vê a notificação e pensa: "Não vou entrar em sala de aula agora" e então responde: "Claro". "Tem algum telefone para o qual eu possa ligar? Ou prefere falar por aqui mesmo?", diz o jornalista, ao que retorna: "Acabei vendendo meu celular e ainda estou sem, mas eu arrumo um contato de uma amiga aqui do trabalho." Número dado, o repórter liga e ele começa a contar.
Conta que, em 2008, ele e sua esposa, Eliana, descobrem que ela estava grávida de gêmeos siameses e que todos os médicos a que foram na Bahia desacreditaram a sobrevivência das crianças, recomendando inclusive que não levassem a gravidez adiante. Sem informações suficientes sobre o caso dos filhos, fizeram muitas pesquisas na internet. "E tudo o que lemos a respeito indicaram o nome do doutor Calil."
A referência encontrada pela internet era Zacharias Calil, cirurgião-pediatra do Hospital Materno Infantil, de Goiânia. Ligaram para a secretária, que os colocou em contato com o médico e, explicada a situação, Calil pediu que o casal enviasse todos os exames já feitos. Uma vez com todos em mãos, tranquilizou os pais. "Ele nos disse que os meninos estavam bem de saúde, apesar da má formação. Nos deixou tranquilos e organizou tudo para que Eliana fosse para Goiânia".
Em abril de 2009, nasceram Heitor e Arthur, unidos pelo tórax, abdômen e bacia, além de compartilhar o fígado e a genitália. Nasceram em Goiânia, cidade onde moraram os seis primeiros anos de vida, até estarem preparados para a cirurgia de separação. Geralmente, a cirurgia é realizada quando as crianças têm um ano de idade, mas o caso de Heitor e Arthur exigiu um cuidado maior.
Qual? "Faltava pele. A ligação entre os dois era muito grande, então tiveram que colocar os expansores [aparelhos de silicone que possibilitam a produção de pele para reparação de danos] e, durante todo esse tempo, eles ficaram sendo preparados para a separação. Tiveram problemas com os expansores; faltava elasticidade para a pele. Por isso a demora", explica.
Delson é professor de geografia, servidor efetivo de duas prefeituras, Botuporã e Paramirim – onde estava na sexta-feira em que contou a história pela qual o leitor passa os olhos agora. As duas cidades ficam a, mais ou menos, duas horas de viagem de Riacho de Santana, onde moram Heitor e sua família, que é formada pela mãe Eliana, a filha mais velha Cecília e o filho Eduardo, adotado pela família durante o tempo em que a mãe e os gêmeos moraram em Goiânia. "A família foi para cuidar de dois, voltou com mais um", conta Delson, sorrindo.
O pai, que devido aos dois trabalhos mora em Botuporã durante a semana, conta como foi o período de espera pela cirurgia: "Eu não podia abandonar meus empregos, então fiquei. Cecília, que hoje tem oito anos, ficou sob os cuidados da avó e tia maternas". Dolores é o nome da avó, mas todos a chamam de "vó Dora"; ela é mãe de Eliana e também de Elisângela, a tia citada.
Durante seis anos, portanto, a família ficou divida. Só se reuniam durante os feriados, inclusive Eduardo. "Eduardo ficava na mesma casa que Eliana, em Goiânia. Foi acompanhar uma parente e acabou vendo em minha esposa uma mãe. Ele se apegou muito aos meninos, assim como nós a ele. Quando voltamos para a Bahia, ele veio junto; faz parte da família agora", afirma. Mas nem todos voltaram.
Delson explica que a equipe médica sempre foi muito sincera sobre os riscos da cirurgia, que é altamente complexa, e que Zacharias Calil, às vésperas da cirurgia disse: "Se, durante a cirurgia, eu perceber que algo está mais complicado do que imagino, eu não faço. Só farei se houver a possibilidade dos dois saírem com vida". A cirurgia foi realizada, mas houve complicações no pós-operatório e Arthur acabou não resistindo.
Separada da irmã Lorraine em 2000, Larissa Gonçalves cursa o 3º ano do ensino médio e quer fazer medicina: "Quer ser como dr. Zacharias", diz a mãe | Arquivo pessoal
Para o pai, a perda faz parte daquilo que Deus planejou; para o irmão, não se trata de uma perda, mas de uma ausência. "Heitor lidou com a falta do irmão melhor que todos nós. Ele lembra de Arthur com saudosismo, mas sem tristeza. Ele entendeu o acontecido".
O melhor de Heitor, conta o pai, é sua força vital. Ele brinca e, em nenhum momento, parece se importar com seu estado físico. "Ele ficou com algumas deficiências, mas não se isolou por causa delas. Eu temia isso, mas, ao contrário, ele não se sente envergonhado. Gosta de se reunir com os amigos e jogar videogame." Heitor é esperto. Tão esperto quanto Larissa, menina muito conhecida em Santo Antônio de Goiás, cidade a menos de uma hora de viagem da capital Goiânia.
Larissa tem 16 anos e é conhecida não apenas na cidade onde mora, como também nos municípios ao redor. Sua mãe, Luciana Gonçalves, conta que ela adora sair e, se deixar, vai a todas as festas da região. "Fizeram uma festa do milho aqui na cidade que durou cinco dias. Durante cinco dias, Larissa estava lá", relata.
Rindo das histórias da filha, Luciana diz que, um dia Larissa pediu para que ela a levasse a uma festa em Nerópolis. Chegando lá, tinha um show da dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano. Estavam assistindo ao show, quando um dos cantores avistou Larissa em meio à multidão. "Ele parou o show e pediu para um dos seguranças ajudá-la a subir no palco, acredita?", afirma a mãe orgulhosa.
E não é para pouco. Se Heitor é o último nome que os goianos conhecem devido à cirurgia de separação de gêmeos siameses, é devido a ela. Larissa e Lorraine foram as primeiras gêmeas separadas cirurgicamente em Goiás, operadas pelas mãos de Zacharias Calil. "Tudo o que eu mais queria era ver as duas separadas, mas no dia da cirurgia eu quis desistir. Estava com medo", confessa Luciana. "Quem me fez mudar de ideia foi o doutor Zacharias". Lorraine
morreu em 2007.
Aliás, Zacharias é o maior exemplo de Larissa, que cursa o 3º ano do ensino médio na Escola Pe. Alexandre de Morais, em Santo Antônio de Goiás, e vai prestar vestibular no fim do ano para medicina. "Ela é muito inteligente e gosta de estudar", afirma Luciana. "Diz que quer ser médica e ajudar as pessoas como doutor Zacharias ajuda."
"O HMI tem as melhores estatísticas do País"
Cirurgião-pediatra Zacharias Calil: "Acabou aquilo de todos os pacientes irem para São Paulo. E isso é importante para Goiás" | Reprodução
O fato de Delson e Eliana Brandão saírem da Bahia para Goiânia em busca de tratamento diz algo a respeito de Goiás. Atualmente, o Estado é referência nacional quando o assunto é cirurgia pediátrica. E, se o nome de Zacharias Calil é reconhecido no Brasil inteiro, é também devido à equipe formada no Hospital Materno Infantil (HMI), que é público, e já acompanhou 34 casos de gêmeos siameses.
A história começa em 1999 com o caso Larissa e Lorraine, considerado por Zacharias o mais desafiador. O médico recebeu a reportagem na tarde de terça-feira, 3, e disse que o HMI, agora, tem a maior estatística do País. São 34 casos. "Acabou aquilo de todos os pacientes irem para São Paulo, o que é importante para Goiás".
"O caso Larissa e Lorraine foi o primeiro e, desde então, formamos uma equipe de alto nível e que está preparada para trabalhar com casos graves e complexos. São cirurgiões pediátricos, ortopedistas, anestesistas, cirurgiões plásticos, cirurgião vascular, cirurgião cardíaco, entre outros. Ficamos horas na sala de cirurgia". No caso Arthur e Heitor, por exemplo, foram 18 horas de anestesia e 14 horas de cirurgia.
Contudo, se a cirurgia é uma etapa importante, Zacharias é categórico ao falar do período após a operação. "O pós-operatório é o mais complicado, porque esses pacientes apresentam muita variação. É preciso ter uma equipe só para eles. Às vezes, a criança está bem e faz uma intercorrência em fração de minutos", explica.
Acontece que, embora as cirurgias tenham alcançado cada vez mais taxas de sucesso, as pesquisas na área ainda são poucas; e não apenas no Brasil, mas no mundo. Zacharias afirma, por exemplo, que ninguém sabe ainda como se dá a interação entre gêmeos siameses; como o organismo deles reage.
"Eles dividem o mesmo corpo, o mesmo sangue. Quando se separa, provoca um transtorno no organismo e ninguém descobriu ainda como se reverte isso. Causamos uma verdadeira tempestade metabólica, modificamos tudo", diz. E os dois fatores em que a equipe encontra mais dificuldades são o cardíaco e o renal.
É justamente a questão cardíaca o fator complicador das gêmeas siamesas que nasceram no início do mês. As duas meninas nasceram prematuras no dia 2 de maio, no HMI. A mãe, Jessyca Calado Guedes, de 24 anos, mora em Goiânia. As meninas são unidas pelo e abdômen, compartilhando o fígado e uma membrana do coração.
Segundo Zacharias, a equipe precisará ter uma preparação muito grande para a cirurgia, devido condição cardíaca delas. "Elas estão unidas pelo tórax e pelo abdômen. No tórax, elas dividem uma mesma membrana, que é o pericárdio; os corações são individuais, mas estão colados, embora não se comuniquem. O fígado também é único. Com isso, teremos que fazer uma estratégia de programação cirúrgica para atuar na separação. Estamos programando a cirurgia para quando elas estiverem com um ano", revela.
Por que apenas com um ano? "Com essa idade", responde o cirurgião, "elas estarão com um bom peso, com a vacinação em dias. Aí entrarão duas equipes: a de cirurgia cardíaca e a de cirurgia pediátrica. Se conseguirmos, será algo inédito, pois teremos que fazer a cirurgia cardíaca associada à pediátrica. É algo muito complexo e ainda não vi nada descrito na literatura mundial em relação a isso. Porém, temos que, primeiro, avaliar a sobrevivência delas".
Segundo ele, uma cirurgia antes de um ano de idade só deve ser feita caso ocorra um fator de emergência em que seja necessário interferir. "Mas, se pudermos levar até um ano de idade, é melhor, pelo peso, imunidade e resistência das crianças".
Complicações
Zacharias Calil explica que casos de má formação como a de gêmeos siameses são complexos e que 75% dos casos morrem nas primeiras 24 horas, pelas más formações associadas. Dos 25% restantes, outros 25% morrem nos primeiros 15 dias. "As estatísticas são altas. A literatura médica mundial fala em sobrevida de, no máximo, 20%. Em Goiás, conseguimos uma sobrevida de 50%. A medicina não é exata, mas vai evoluindo. A cada dia nós temos novos equipamentos para mantê-los vivos. Antigamente, morriam todos."
Zacharias alerta: é extremamente necessário que uma mulher grávida faça o pré-natal, visto que, em caso de má formação, o diagnóstico precoce é esse essencial. "A má formação deve ser identificada no pré-natal para evitar surpresas. Se o obstetra vai fazer um parto desses sem a informação, diminui a sobrevida. Com o pré-natal, o parto será encaminhado para uma equipe mais complexa e multidisciplinar." (08/05/16)
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O HOJE

Falta de prevenção lota salas de espera de hospitais públicos

Apenas 40% dos brasileiros procuram por atendimento médico quando não estão doentes
Karla Araujo

Brasileiros não vão ao médico em consultas de rotina, o hábito deixa as urgências e emergências dos hospitais públicos cada vez mais lotadas. Seis de cada dez brasileiros vão ao médico apenas quando estão doentes, segundo dados do Instituto Data Popular. Além disso, pesquisa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta que apenas 473.168 goianos estão cobertos por planos de saúde, número que corresponde a pouco mais de 7% da população total do Estado.
O diretor técnico do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Ricardo Furtado Mendonça, afirma que o comportamento da população afeta diretamente na quantidade de atendimentos a vítimas que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) que o hospital realiza.
Rosália Marques, 52, sofreu um acidente de carro há um mês e teve que imobilizar pescoço. Desde então, faz exames constantes para saber se houve algum trauma na coluna ou em outro órgão do corpo, além de exames de rotina que havia feito poucas vezes na vida. Antes disso, afirma que quase não ia ao médico. "Nunca peguei nenhuma dessas doenças, como dengue. Só quanto tinha uma virose ou algo assim que procurava um especialista", diz.
Substancial
Para o médico da rede particular Luiz Carlos Junior, que trabalhou também na rede conveniada e particular, a primeira dificuldade que a população encontra é na saúde básica. Quando a pessoa tem um plano de saúde, ela consegue agendar a consulta, mesmo que demore, acontece. Na rede pública, a pessoa agenda a consulta, vai à unidade de saúde e não encontra o médico , explica Luiz Carlos.
Segundo ele, a história que mais lhe marcou foi de um homem idoso que tentou por meses agendar uma consulta com um cardiologista. Ele mora no Parque Atheneu e conseguiu a consulta no Cândida de Moraes.
Quando chegou lá, o médico estava de férias , conta Luiz Carlos. O homem passou na mal no caminho de volta para casa e foi levado por civis ao Cais Chácara do Governador, onde Luiz Carlos atendia. De lá, o idoso teve que ser encaminhado a um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e fez cirurgia para colocar marca-passo.
Escolhas
Além das faltas do poder público, o médico aponta a distorção de prioridade como um problema. Ele expõe que já realizou visitas domiciliares em projetos comunitários e era comum encontrar famílias que diziam não ter dinheiro para comprar água tratada, mas tinham televisão de tela plana na sala.
16 milhões de brasileiros já perderam todos os dentes
A cultura curativa dos tratamentos repete-se também na área odontológica. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 16 milhões de brasileiros não têm mais dentes originais. A odontóloga Franciele do Carmo afirma que o problema é causado pela falta da realização de procedimentos básicos, como limpeza, aplicação de flúor e escovação correta.
"A prevenção começa quando bebê, antes mesmo dos dentes nascerem, mas pouquíssimas pessoas levam seus filhos ao dentista nessa idade", afirma Franciele.
Para a especialista, o que mais afasta as pessoas das consultas é o preço. Muitos vão ao consultório odontológico, pedem um orçamento para determinado serviço, como se fossem comprar um produto. "É muito bom que os dentistas estejam tomando coragem para cobrar pela consulta, porque é disso que se trata".
Em Goiânia, a consulta particular a um odontólogo varia de R$ 80 a R$ 150. Algumas clínicas realizam o mesmo serviço por preços mais acessíveis, como o Instituto Goiano de Saúde (IGS), que cobra de R$ 40 a R$ 50 por consulta.
De acordo com Franciele, o preço dos procedimentos de reabilitação são mais caros que os de prevenção. "Como muitos pacientes procuram o dentista só na hora da dor, reclamam do preço", conclui. (08/05/16)
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Traumas na face já atingem 30 mil

Os traumas faciais acontecem todos os dias e têm várias causas, como agressões físicas, quedas, acidentes esportivos, automobilísticos, ciclísticos e motociclísticos. No Brasil cerca de 30 mil pessoas são vítimas de trauma na face todo ano.
Para evitar essas situações traumáticas é importante tomar alguns cuidados, como usar o cinto de segurança dentro de automóvel e não exceder o número de ocupantes no carro. Os motociclistas devem sempre fazer o uso do capacete, para evitarem traumas faciais e protegerem-se a região da cabeça contra o solo. Já no caso dos esportes, o atleta pode usar uma placa (protetor bucal) que promove separação dos tecidos moles dos dentes, prevenindo a laceração dos lábios contra os dentes durante o impacto, além de reduzir e distribuir as forças nos impactos diretos. De acordo com a Dra. Cristina Jardelino, do Centro de Deformidades da Face do Rio de Janeiro, essas pequenas ações podem diminuir em até 72% o risco e a gravidade de lesões.
Só em 2013, os acidentes de trânsito no Brasil resultaram em aproximadamente 170 mil internações, 88 mil delas causadas por moto. Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes com motos são responsáveis por um aumento de 115% no número de internações em hospitais públicos. Por ano essas internações custam quase R$ 30 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Anualmente, segundo um levantamento da National Youth Sports Foundation, mais de 5 milhões de dentes são perdidos em acidentes esportivos e mais de 200 mil traumas orais são evitados graças aos protetores bucais, revela o American Dental Association.
Essas fraturas faciais causadas por acidentes podem acometer a Mandíbula, Maxilar, Dentes, Arco Zigomático, Órbita, Osso Frontal e Nariz, sendo o nariz a estrutura com maior índice de fraturas na face. "A cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial é a especialidade que faz o diagnóstico e o tratamento cirúrgico e coadjuvante de traumatismos na face e boca, envolvendo tecidos moles como lábios, pele e músculos até os ossos do crânio e face, como nariz, maxila mandíbula e órbita".
O CDF Rio realiza o tratamento dessas fraturas de diversas formas, podendo fazer um simples bloqueio maxilomandibular, até a colocação de próteses de titânio nas regiões da face, através de acessos extras ou intra bucais, segundo a Dra Cristina Jardelino.
Esses tipos de fraturas da face devem ser diagnosticados e tratadas o mais breve possível para evitar sequelas como Diplopia ocular (enxergar duplo), parestesias (dormências na face), má-oclusão dentária (encaixe errado dos dentes), mordida aberta, anquilose de ATM (limitação da abertura bucal), mordida aberta, entre outras. (08/05/16)
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DIÁRIO DA MANHÃ

A diferença não importa

Combater a discriminação contra os portadores de transtornos e deficiências mentais é uma iniciativa que pode ser alcançada por meio de campanhas e de incentivo à consulta psiquiátrica

A pedagoga e fisioterapeuta Sandra Godinho Fontenelle, 46 anos, expõe o que sente sobre os obstáculos enfrentados na falta de integração social com os portadores de transtornos e deficiências mentais. "O preconceito vem sempre de olhares, conversas direcionadas, pessoas dando as costas ao serem indagadas, ou simplesmente pais que retiram seus fillxjs ditos normais de perto". Ela é mãe da pequena Letícia Augusto Fontenele, de 11 anos, portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, a psicofòbia é todo e qualquer ato de preconceito ou discriminação contra os portadores de transtornos e deficiências mentais. Ele observa que existem hoje no Brasil cerca de 50 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental e no mundo, um bilhão.
"Em geral, ninguém sabe, nem os doentes, que escondem sua condição e ignoram que podem se tratar", constata Geraldo. O psiquiatra evidencia que a assistência à saúde mental no Brasil enfrenta sérios problemas e por isso adverte sobre a importância de se combatei- o preconceito, o que deve ser feito por meio de campanhas e de incentivo à consulta psiquiátrica e luta política.
Ele (Mine que, como qualquer preconceito e discriminação, a psicofobia é um desrespeito inaceitável e deve ser combatido. "A psicofobia é caracterizada, por exemplo, quando uma pessoa é excluída de um grupo de amigos ou de uma atividade porque tem transtorno mental, sofre bullying em razão disso ou não consegue uma vaga de emprego. Defendemos que todas as pessoas com transtorno mental sejam respeitadas e procurem tratamento médico para que tenham qualidade de vida", declara.
O especialista revela ainda que, diferente do que muitos podem imaginar, os transtornos mentais são mais comuns do que se pensa. Ele ainda afirma que o preconceito e a falta de informação dificultam o diagnóstico, uma vez que as pessoas evitam procurar tratamento porque temem o estigma de doente mental
"Precisamos fornecer informações corretas para desmistificar as doenças mentais. Existem doenças comuns que muitos podem to- e não saber, como a depressão, a ansiedade, transtornos alimentares, como bulimia e anorexia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Acredito que o medo e o preconceito da sociedade em relação às pessoas com doenças mentais, como esquizofrenia, TOC e transtorno bipolar, podem estar entre as razões", expõe.
EU SOU MAIS
Especialistas definem que o Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico, presente desde o nascimento ou começo da infância. Apontam que crianças portadoras do transtorno começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida. Saído algumas das características o fato de a criança não manter contato visual efetivo, não olhar quando é chamada.
Estas, ainda no primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas, não apontam com o dedo e quando os pais fazem brincadeiras não demonstram muita reação. Os sintomas costumam estar presentes antes dos três anos de idade, sendo possível fazer a realização do diagnóstico a partir de um ano e seis meses de idade,
A pedagoga e fisioterapeuta Sandra Godinho Fontenelle, 46 anos, mãe da pequena Letícia de 11 anos, portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), descreve que L. por volta de dois anos regrediu o pouco desenvolvimento que havia adquirido, apresentando muita irritabilidade, choro constante e muita inquietação e algumas palavras que pronunciava foram aos poucos sendo esquecidas até chegar ao silêncio total.
Ela lembra que com o auxílio de especialistas de imediato teve o diagnóstico de autismo. "No início, quando veio o diagnóstico, já tínhamos percebido e aceitado que algo era diferente e seria um ser humano verdadeiramente especial. Fomos aprendendo de forma gradativa os cuidados que deveríamos ter, como entender cada gesto, choro ou birras", conta.
A partir da constatação do autismo, Sandra buscou tratamentos para melhorar a qualidade de vida de Letícia. Deu-se início então ao que ela define "se resumir a vida de pais e de autistas": terapias com especialistas que foram ajudando ao longo dos anos no desenvolvimento de L. obtendo excelentes resultados.
"L. passou por vários tipos de tratamentos ao longo dos anos, a fala voltou aos cinco anos e agora verbaliza normalmente. Atualmente, da está no programa de tratamento medico e com uma dieta balanceada sem glúten, cafeína, glicose e lactose e passando por um processo de desintoxicação alimentar", narra.
PRECONCEITO
A fisioterapeuta Sandra Godinlho, mãe de Letícia de 11 anos,
portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), contou à reportagem do Diário da Manhã que a filha é criada e educada de forma normal, frequentando escolas regulares e passeios comuns para qualquer criança. No entanto, da reconlhece o quanto são grandes as barreiras do preconceito por parte da sociedade que nem sempre compreende e respeita os portadores de transtornos e deficiências mentais.
"Deparamo-nos sempre com alguns contratempos, como profissionais intolerantes, pais que não compreendem as particularidades e população aterrorizada com as crises de pânico em shoppings, cinemas, restaurantes, supermercados. Enfim, locais comuns a todos, mas que para um autista se apresentam como um mundo diferente, cheio de sons, cores, cheiros e muita confusão mental", diz.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, explica que a realidade é muito complicada. Ressaltando que o preconceito inibe a busca por atendimento da psiquiatria e o tratamento. Quando se vence a barreira do preconceito a pessoa não consegue atendimento na rede pública pela falta de hospitais, ambulatórios e leitos.
E, para agravar ainda mais a situação, quando a pessoa consegue passar por todas essas etapas, descobre que não há medicamento psicotrópico disponível nas farmácias populares. "O preconceito se esconde até no poder público, que não oferece atendimento psiquiátrico adequado aos que necessitam dele", adverte.
Sandra observa que existem leis que garantem os direitos dos autistas, mas essas não são efetivas. "Como qualquer lei no Brasil, não é cumprida a risca. O que temos são escolas e profissionais despreparados, medicação de alto custo, planos de saúde que não cobrem as terapias necessárias para o desenvolvimento psicológico, neurológico e motor de
nossas crianças", protesta.
LEI
Segundo Antônio Geraldo da Silva, o Senado aprovou a criação do Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, 12 de abril, mas ainda aguardam a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dar o parecer final. E o projeto de lei do Senado (PLS 74/2014), que prevê a qualificação e a tipificação de crimes cometidos contra pessoas com deficiência ou transtorno mental, pede a mudança no Código Penal com a inserção desse artigo.
"O projeto já foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH), porém ainda está em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. A nossa intenção com esse projeto não é a punição e, sim a educação. A campanha contra a psicofobia é uma realidade, mas precisamos combater o preconceito e proteger os pacientes em todos os âmbitos", declara.
O psiquiatra evidencia que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou a depressão um dos maiores problemas de saúde do mundo, que atinge cerca de 7% da população mundial e já é considerada a doença mais incapacitante. "Mesmo assim, ainda hoje, existem pessoas que não consideram a depressão como uma doença que necessita de tratamento médico e, por isso, padecem, ouvindo frequentemente que depressão é frescura, que é 'falta do que fazer" e tudo isso é preconceito".
Ele assegura que quanto mais as pessoas ouvem esse tipo de coisa, menos buscam tratamento e mais a doença cronifica. "As pessoas que padecem com transtorno bipolar também. Tudo isso é muito preocupante, já que a depressão e o transtorno bipolar são as duas doenças que mais causam suicídio. Mas as pessoas com esquizofrenia, TOC, transtorno de ansiedade e todas as doenças mentais também sentem na pele
o preconceito", cita
Para combater a psicofobia, Antônio Geraldo reafirma que cada indivíduo pode influenciar bastante para o combate ao preconceito. "A ABP tem um compromisso grande em relação a isso. Criamos várias campanhas sobre o assunto, como a Psicofobia é um crime, que contou com o apoio de vários artistas. Este ano, estamos com a campanha #eusoumais nas redes sociais, que iniciamos em abril, pelo mês de enfrentamento à psicofobia -com o apoio de famosos e anônimos, nosso objetivo é promover a autovalorização das pessoas que
têm transtornos mentais e chamar a atenção para a importância do tratamento" conclui.
"Os autistas entendem o contexto que está inserido, apenas não conseguem interagir ou se manterem nessa interação social Precisam de auxílio e contam com a aceitação do meio por sua condição diferenciada da normalidade. Normalidade essa que é imposta por uma sociedade em que o autismo ainda é desconhecido por muitos. O que nos resta é continuar na luta pelos direitos dos autistas diante da sociedade, governo e do poder judiciário", acredita Sandra Godinlho Fontenelle. (08/05/16)
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Médico é denunciado por homicídio culposo em erro

A vítima morreu de pneumonia, poucos dias depois de ter ido ao socorro médico, decorrente da infecção pelo vírus Influenza A, que não foi tratada conforme os procedimentos recomendados
O promotor de Justiça Saulo de Castro Bezerra ofereceu denúncia contra o médico Gilvan Godinho Tavares peto crime de homicídio culposo cometido contra Weldevane Rodrigues da Silva, em 2009. A vítima, de 24 anos. morreu de pneumonia grave, poucos dias depois de ter procurado socorro médico, decorrente da infecção pelo vírus Influenza A (subtipo H1N1), que não foi tratada conforme os procedimentos recomendados.
Consta da denúncia que, no dia 30 de agosto de 2009. Weklevane foi levada pela mãe ao hospital São Francisco em Goiânia, com sintomas de dor de cabeça e febre. No tocai, por suspeita de dengue, foi recomendado que ela fizesse um hemograma. tendo sido prescrito na ocasião o uso de dipirona c a administração de soro oral. a ser ministrado na casa. A moça também foi orientada sobre a continuidade do trata-menta caso a doença persistisse.
Como os sintomas continuaram. no dia 2 de setembro, ela não conseguiu localizar o médico que a havia atendido primeiramente e acabou sendo atendida no Hospital Trindade por Gilvan. Mesmo com o agravamento do quadro clínico, com evidentes sinais de intermitência febril, sem remissão dos sintomas. muitos deles mais característicos da H1N1 do que da dengue, foi mantido o diagnóstico inicial, não sendo adotadas as condutas médicas e terápicas recomendadas pelo Ministério da Saúde para esses casos.
Para o promotor. Gilvan ignorou os inúmeros sintomas e. em evidente erro de diagnóstico e terapia, notadamente diante da grave pandemia de gripe A verificada no Estado naquela época, limitou-se a determinar a internação da vítima, prescrevendo-lhe; dipirona e soro, situação que perdurou até 4 de setembro.
Consta dos autos que. mesmo com a internação, o quadro
clínico da jovem se agravou. Em tais casos, conforme o protocolo para enfrentamento à pandemia de Influenza 2009, editado pelo Ministério da Saúde, o profissional deveria utilizar o medicamento Oseltamivir, em pacientes cujo início dos sintomas tivesse ocorrido no período de 48 horas. Novamente, não observando o protocolo citado, a medicação não foi prescrita à vítima, afirma o promotor.
Consta das investigações policiais ainda que, embora tenha examinado a vítima na manhã de 4 de setembro quanto constatou que da estava apática e prostrada, com relato de mialgia, cefaleia. indisposição, palidez, tonturas e queda do estado geral, somente por volta das 17 horas. após ser advertido por uma enfermeira sobre o agravamento do quadro clínica Gilvan Godinho providenciou a remoção da paciente para a UTI do Hospital Monte Sinai, onde foram realiza-
dos novos exames e constatada a presença da Influenza A. A vítima ficou internada na U TI por 12 dias, vindo a óbito no dia 16 de setembro em virtude de pneumonia grave decorrente de infecção peto vírus, conforme parecer médico legal. Esse laudo concluiu que o quadro clínico da paciente cm 2 de setembro, associado à sua situação de exposição ao vírus Influenza naquele momento da epidemia, bem como sua evolução em três dias.
já era suficiente para o diagnóstico de síndrome gripai respiratória aguda grave. "Feito esse diagnóstico, bem como observando a presença de critérios de gravidade na apresentação clinica da paciente, além do tratamento dispensado, estaria indicado início do medicamento Oseltamivir, o que não foi feito pelo médico, destacando-se que a maior eficácia do remédio ocorre nas primeiras 48 horas de início dos sintomas", indicou o parecer. (07/05/16)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação