Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 16 A 18/07/16

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES


• Coluna Giro – Bem na média
• Problema agora é a fiscalização
• Falhas escondem casos de intoxicação
• MP denuncia quatro por morte de menina em UTI
• Cirurgia no Hugo reconstrói parte da mão de advogado
• Casos de dengue recuam 17% no Estado de Goiás
• Codese entrega levantamento “Goiânia 2033” para pré-candidatos a prefeitura
• ‘Planos, agora, estão pagando a própria conta’, diz especialista
• Telemedicina promete estreitar relação com médicos e consultas mais baratas
• Planos de saúde populares devem custar a partir de R$ 80, para exames ou consultas


O POPULAR

Coluna Giro – Bem na média
A média salarial de um médico no serviço público em Goiás é de R$ 8 mil por jornada de 40 horas semanais, segundo o Conselho Federal de Medicina com base em dados de concursos realizados neste ano.
Entre as maiores
Esta média salarial é a quarta maior entre 19 Estados pesquisados pelo Conselho. Perde apenas para Santa Catarina, Mato Grosso e Paraná. Já a Federação Nacional dos Médicos defende piso salarial de R$ 13 mil. (17/07/16)
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Problema agora é a fiscalização
Órgãos públicos correm para se adaptar à nova norma sobre substâncias que causam alergias
Em Goiás, as secretarias de Saúde admitem que seus fiscais ainda não estão plenamente capacitados para a tarefa

Sarah Teófilo

Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou obrigatória desde o início do mês a presença, nos rótulos de produtos industrializados, de informações sobre determinadas substâncias que podem causar alergias. Agora é a vez da fiscalização observar as prateleiras.
Fiscal de alimentos da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Selma de Assis Andrade explica que cabe ao órgão a fiscalização das indústrias e que, para isso, todos estão treinados. No entanto, cabe ainda à pasta a orientação de profissionais no interior. "Esta definição de como será a capacitação em outros municípios – se vamos capacitar os ficais ou as coordenações – ainda será definida."
O prazo para que houvesse adequação das empresas foi de um ano. "Os produtos geralmente têm aí de um a dois anos de prazo de validade. Estamos dentro do prazo e em fase de adequação", diz Selma.
Já em Goiânia, Telma dos Santos, da coordenação de fiscalização de alimentos da diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ressalta que há previsão de treinamento de fiscais para padronização e planejamento de operações. "Se vai intimar por tempo curto, autuar direto ou apreender o produto. Isso tudo tem que ser discutido." De acordo com Telma, a fiscalização de rotina nos supermercados já observa o rótulo.
"Quando muda a lei ele já observa e fica informado. Pode ser que o profissional faça algo que não está padronizado, mas isso será definido depois. Provavelmente ele não vai fazer apreensão, só intimação", explica a fiscal Gisele Freitas. Gisele destaca, no entanto, que será complicado observar os produtos fabricados a partir do dia 3, uma vez que a legislação da Anvisa não obriga ter a data de fabricação dos rótulos.
Com a entrada em vigor da resolução, produtos com data de fabricação a partir do dia 3 devem conter informações no rótulo ou etiqueta colada na embalagem.

Alérgicos precisam de cuidado redobrado em restaurantes

Mesmo com o avanço da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os cuidados dos alérgicos continuam sendo dobrados. A jornalista Raíssa Karuena, de 24 anos, conta que em um casamento comeu uma torta e na primeira mordida percebeu que era de camarão. A jornalista teve que correr ao hospital mais próximo já com falta de ar. "O médico disse que mais cinco minutos e eu teria morrido", relata. Para ela, todos os locais deveriam ser obrigados a especificar se um alimento
contém substância que causa alergia. "Se a pessoa for muito sensível, o compartilhamento de colheres é suficiente para uma reação alérgica", alerta o médico alergista Francisco Geraldo Sarti de Carvalho.

Mães se mobilizaram por mudanças

A mobilização em favor da regulamentação sobre substâncias alérgicas foi liderada pela equipe da campanha "Põe no Rótulo", que iniciou pressão popular para conseguir a conquista em 2014. Uma das representantes do movimento, a advogada Fernanda Mainier Hack, explica que o grupo é formada, em sua maioria, por mães que lutam tanto para poder alimentar seus filhos quanto para se alimentarem quando estão amamentando.
Conforme a representante, que tem uma filha alérgica, ir ao mercado comprar alimento sempre foi uma grande dificuldade. Além dos nomes técnicos vistos nos rótulos, havia ainda a dificuldade de se deparar com um produto com traços do alimento que causa alergia na filha. "E a alergia não depende de quantidade. Mesmo as mínimas frações podem prejudicar", explicou.
Moradora de Aparecida de Goiânia, Lettícia Luiza Nascimento de Queiróz, mãe de Clara, de 9 anos, e Maria, de 2, já passou pelo problema. Ambas as crianças possuem alergia à proteína do leite de vaca, soja e ovo. Lettícia conta que muitas vezes deu a Clara produtos que a causaram alergia pelo fato de constar no rótulo nomes técnicos ou às vezes sem especificações de traços. "Fazia dieta para amamentar ela. Mas, às vezes comia coisas sem saber, e só descobri porque a saúde dela só piorava", lembra.

Por mais informações

Acredito que na rotulagem de um produto deveria constar tudo o que há no componente, e não só o que agora prevê a própria Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Brasil há muitos produtos que não possuem um rótulo adequado. A publicação da RDC já foi um grande passo, mas substâncias irritativas, como cremes, pomadas, cosméticos, ou mesmo alimentos, não falam no rótulo tudo o que de fato há no produto. Principalmente em relação aos alimentos, que podem colocar em risco a vida das pessoas, deve haver uma observação maior.
Para o momento atual, a RDC atende bem. No entanto, ainda assim considero que em todo produto, principalmente alimento, deveria constar todo o método de produção e todas as substâncias que estão ali presentes, com ou sem substâncias que causam alergia. (18/07/16)
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Falhas escondem casos de intoxicação
Dados oficiais apontam 1,6 mil ocorrências envolvendo produtos de uso agrícola entre 2011 e 2015 no Estado. Fiocruz, no entanto, estima que número é 50 vezes maior

Números registrados no Sistema de Gestão de Ações de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás (Sinavisa) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) confirmam a existência de muitos casos de intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola. De 2011 a 2015, foram 1.603. No entanto, este número pode subir para 80,1 mil – ou uma média de 43 intoxicações por dia – se levada em consideração a estimativa de subnotificação feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A entidade acredita que haja 50 outros casos de intoxicação por agrotóxico agrícola para cada ocorrência registrada oficialmente.
A quantidade registrada é maior do que a que pode ser vista nos números da pesquisadora Larissa Mies Bombardi, coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Dados levantados por ela em um período diferente, de 2006 a 2013, mostram que Goiás registrou 1.680 casos de intoxicação. Observando a estimativa de subnotificação, isso significaria 84 mil pessoas foram intoxicadas no período – ou 28 intoxicações por dia.
Larissa, que realiza uma pesquisa com dados de todo o País, explica que seu foco é tentar entender a lógica da intoxicação por agrotóxico, elaborando mapas que mostram com clareza onde a incidência é maior e qual é a relação com o agronegócio. De acordo com ela, a subnotificação ocorre porque muitas vezes o trabalhador não recorre ao serviço de saúde quando intoxicado, ou mesmo por falha dos profissionais no momento de notificar. A SES-GO admite que haja subnotificação ou notificações que não são formalizadas.
Fontes
Os dados da pesquisadora são do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) e da Fiocruz, ambos vinculados ao Ministério da Saúde. Ela aponta que o Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxico e que, entre as circunstâncias de intoxicação e morte, estão desde acidentes a tentativas de suicídio, circunstância responsável pela maior quantidade de casos de intoxicação notificados. Em geral, as ocorrências atingem camponeses e trabalhadores em geral.
“É incontestável, com todas as pesquisas ao redor do mundo, que o agrotóxico é prejudicial à saúde humana”, diz. De acordo com ela, é bem provável que todas as bacias hidrográficas de Goiás estejam contaminadas. “E falo isso com tranquilidade, porque, uma vez que o agrotóxico é aplicado, ele vai para o solo, que funciona como uma esponja”, aponta a pesquisadora Larissa Bombardi.

Goiás tem 155 fiscais para 40 mil fazendas

O coordenador do programa de fiscalização de agrotóxico da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Rodrigo Baiocchi Lousa, explica que o órgão sempre observa se os trabalhadores estão utilizando equipamento de proteção individual. A Agrodefesa possui 155 agrônomos em campo para fiscalizar de 30 mil a 40 mil propriedades que utilizam agrotóxico. “O Estado fiscaliza conforme as possibilidades. Estado nenhum fiscaliza todas as fazendas”, diz. Segundo Lousa, que é engenheiro agrônomo, há ainda um problema sério de contrabando de agrotóxico. De acordo com ele, a estimativa dos fabricantes é que cerca de 20% do mercado seja tomado por produtos contrabandeados. “Traz um produto que não foi fiscalizado e que vem com as moléculas dos agrotóxicos e várias bombas no meio”, destaca. Lousa concorda que não há eficiência na notificação. Para ele, ainda há uma falha que impede ver melhor o problema. “Não há estrutura automática entre os órgãos de saúde pública e a Agrodefesa para comunicar intoxicações. É de forma aleatória”, explica. A SES-GO afirma que, em caso de intoxicação no campo, a Agrodefesa é comunicada.
A secretaria ressalta ainda que o Centro de Informação Toxicológica do Estado de Goiás (CIT-GO) é responsável por fornecer informações e orientações a profissionais da área da saúde e à população em geral, e que os casos atendidos pelo CIT e pelas unidades de saúde são registrados no Sinavisa.

Pulverização aérea na cidade é alvo de críticas

A pesquisa da coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, Larissa Mies Bombardi, ganhou destaque justamente na mesma época em que o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), sancionou uma lei que autoriza a pulverização aérea de agrotóxicos para combater o mosquito Aedes aegypti em áreas urbanas.
Para o coordenador do programa de fiscalização de agrotóxico da Agrodefesa, Rodrigo Baiocchi Lousa, a medida é extremamente preocupante. De acordo com o engenheiro agrônomo, a pulverização aérea no campo é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Fiscalizar aviação agrícola é como fiscalizar carro na estrada. Você sabe que o veículo atinge 160 km/h e diminui a velocidade só quando passa na fiscalização eletrônica. Mas ninguém garante”, diz. De acordo com ele, o registro, certificação e treinamento são realizados, mas nada impede que o piloto passe por cima de um rio ou cidade.
Larissa afirma que a pulverização aérea é proibida na Europa desde 2009. A pesquisadora explica que não é possível ter controle sobre todo o agrotóxico despejado. “Existe o nome técnico, deriva, que mostra que não há controle absoluto. Não tem como certificar que vai incidir tudo sobre a cultura. Há uma disseminação no ambiente, no solo, na água.” Ela explica que há toda uma regulamentação a ser cumprida, mas nem sempre é. E completa: “A pulverização urbana vai trazer para a cidade um drama que já é do campo”.

Maior parte dos casos no País é tentativa de suicídio

Com os mapas elaborados, a coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, Larissa Mies Bombardi, aponta que a maior parte dos casos notificados são de suicídio e tentativa. De acordo com ela, esta é mais uma evidência da grande subnotificação existente: “Como um caso de tentativa de suicídio tem implicações mais amplas, é mais fácil que ele se torne um número nas estatísticas oficiais”.
A facilidade para a compra do produto, assim como a permissividade no uso de agrotóxico, é apontada pela pesquisadora como os grandes problemas. “É como ter uma arma embaixo da pia de casa”, afirma. Além disso, de acordo com ela, estudos indicam que exposição a alguns tipos de agrotóxicos levam a quadros neurológicos graves de ansiedade e depressão. O apontamento é confirmado pelo professor de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e produtor orgânico Paulo Marçal. De acordo com ele, os chamados neurotóxicos agem no sistema nervoso do inseto e, muitas vezes, atuam da mesma forma em outros animais, inclusive no homem. “A exposição pode sim causar problemas neurológicos e desembocar em casos de depressão”, concorda.
Já o toxicologista Alonso Monteiro da Silva afirma que o neurotóxico pode ser associado a casos de déficit motor em decorrência de uso crônico de agrotóxico, mas é difícil corroborar causa e efeito. Para o médico, o maior risco é a fácil disponibilidade do produto. “É importante ter um controle maior das vendas dos produtos. As tentativas de suicídio são muito frequentes devido à facilidade de adquirir”, afirma.
Coordenador do programa de fiscalização de agrotóxico da Agrodefesa e engenheiro agrônomo, Rodrigo Baiocchi Lousa, admite que o sistema de receituário de agrotóxico ainda é falho e que não é possível afirmar que 100% dos agrotóxicos são vendidos com receita. Ainda segundo ele, o órgão está criando um sistema informatizado de controle em que haverá o receituário e todas as informações comerciais. O engenheiro acredita que até 2017 o sistema esteja funcionando.

José Mário Schreiner: “A questão é o uso adequado do agrotóxico, dentro das regras”

Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) critica “viés ideológico” da discussão

Como o senhor avalia esse nível de intoxicação?
É difícil falar sobre algo abstrato. Não conheço a pesquisa. O que posso dizer é que sempre realizamos cursos e orientamos sobre o uso de equipamentos de proteção individual.
O senhor acredita que o agrotóxico seja nocivo à saúde?
O que percebo é que o agrotóxico é remédio para doença, remédio para planta. E a diferença do remédio para a doença é a dose. Se colocar muito, vira veneno. Por isso, a questão é o uso adequado, dentro das regras, das normas. Os que estão no mercado são testados exaustivamente. O que pode ocorrer é questão do uso inadequado, e aí já entramos no âmbito de capacitação.
Muitos pesquisadores dizem que a nocividade é incontestável.
Eu sou a favor do equilíbrio, e essa questão do agrotóxico tem um viés ideológico. Como vai mudar a matriz produtiva do dia para a noite? A população vai se alimentar do quê? Tem outra alternativa viável? Eu sou a favor do que é viável, aquilo que é bom pra todos. Vai abastecer a população só com produto orgânico? E o preço? Isso tem muito interesse, muito jogo. Tem gente que não quer ver o Brasil crescer.
O que o senhor pensa sobre a pulverização aérea?
Eu defendo. Se for bem aplicada, dentro dos critérios, não vejo risco maior. É uma ferramenta importante. Se você tem um tempo chuvoso, a máquina não passa, mas o avião voa. Usado de forma adequada, não tem risco. Para tudo isso há normas e regras. A gente defende as coisas corretas. Se faz errado, precisa ser punido. Mas aí, por causa de 0,1%, não pode marginalizar todo o resto.
O Brasil é campeão no consumo de agrotóxico. Isso é visto como algo ruim pelo senhor?
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de alimento. O que temos de diferente em relação aos outros países é que eles têm um vazio sanitário natural. Um metro de gelo acaba com tudo, por isso lugares no hemisfério norte usam menos. Somos um País tropical, a infestação é maior. Estamos desenvolvendo tecnologias para melhorar isso. (17/07/16)
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MP denuncia quatro por morte de menina em UTI

Promotor de Justiça cita erros de encaminhamento, diagnóstico e tratamento ao pedir responsabilização por homicídio culposo

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) entendeu que houve homicídio culposo no caso de Eduarda Lia Barbosa, de 4 anos, que faleceu em julho de 2008 num dos leitos da UTI Centro Vida, em Goiânia. A denúncia do promotor Saulo de Castro Bezerra, da 62ª Promotoria, foi oferecida à Justiça na sexta-feira contra quatro pessoas: Rafael Haddad, médico cardiologista e proprietário da UTI, Juliana Alves Braga de Sá, médica geriatra que atendeu a criança, Keile Cristina Batista Nunes e Juliano Gervásio de Sousa, ambos servidores públicos suspeitos de terem agido no encaminhamento irregular da garota.
O POPULAR mostrou na edição de quarta-feira que o caso de Eduarda foi inserido em investigação da Polícia Civil em 2008, que desbaratou esquema de direcionamento arbitrário de pacientes portadores de plano de saúde do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) para UTIs privadas da capital. O processo da operação se arrasta na Justiça há sete anos e o inquérito desmembrado para apurar a morte de Eduarda só agora resultou em denúncia.
O modelo do suposto esquema de pagamento de propina investigado à época é semelhante ao que foi evidenciado pela Operação S.O.S. Samu, realizada pelo MP-GO no mês passado. O promotor Saulo Bezerra cita indícios apurados no inquérito de que possa ter ocorrido negligência no tratamento oferecido à menina. Os laudos atestaram que Eduarda morreu de insuficiência respiratória e edema pulmonar agudo. Bezerra menciona, no entanto, que isso teria ocorrido “após sequência de erros de encaminhamento, diagnósticos e terapia médica adotados pelos denunciados associados em comunhão e divisão de tarefas”. A informação consta no texto da denúncia.
Tia de Eduarda, Adryana Barbosa relatou ao POPULAR que a sobrinha passeava com a avó no Parque Vaca Brava quando teve um mal súbito, após dizer que estava se sentindo mal e com vontade de vomitar. A suspeita é que ela teria engasgado com pipoca.
A família a levou para o Hugo, onde foi informada que ela precisaria ser encaminhada para outro local com cardiologista disponível. A vaga encontrada foi na UTI Centro Vida, do médico Rafael Haddad. “Não foram nem 40 minutos e um médico veio comunicar o falecimento. Só disse: ‘Ela faleceu’. No que eu fui perguntar mais detalhes, ele virou as costas”, contou a tia, em entrevista publicada na quarta-feira.

“Haddad tentou salvar uma vida”

No dia em que Eduarda Lia Barbosa, de 4 anos, precisou ser encaminhada para outra unidade, saindo do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), apenas a UTI de Rafael Haddad, que funciona em um hospital no Centro, estava com vaga disponível, segundo irmãos do médico. Além disso, no depoimento da funcionária do Hugo, Keile Cristina Batista Nunes, feito em 2008, ela diz que chegou a tentar encontrar alguma vaga em leito pediátrico, mas não conseguiu. Estavam lotados.
Um dos advogados da família, Márcio Messias Cunha, argumenta que a condição de um médico proprietário, seja de hospital ou de UTI, é muito complicada. “Se o médico, enquanto proprietário, recusa um paciente, ele pode responder por omissão de socorro e, se ele tenta salvar uma vida, assim como a UTI do Rafael fez, ele ainda corre o risco de ser processado por homicídio.” As instruções passadas pelo médico por telefone, de acordo com Cunha, foram, na verdade, uma tentativa de salvar a vida de uma criança. “Estão tentando conduzir a coisa por uma caminho que não é real.”
Em áudios explicativos da médica Juliana Alves Braga repassados ao POPULAR pelos irmãos de Haddad, ela dá a versão do que teria ocorrido de fato. A geriatra foi uma das pessoas que atendeu Eduarda na UTI Centro Vida. “Não havia nada de diferente que outro profissional poderia fazer. Cheguei a conversar com três amigas pediatras e elas disseram o mesmo. O procedimento era aquele. Recebemos ela já na terceira parada cardíaca relatada”, lembra a médica.
Em laudo assinado por Juliana, consta que Eduarda foi submetida a ventilação mecânica, com parâmetros ajustados para o peso, e foram feitas tentativas sucessivas de reanimação durante uma hora e meia. “O MP está levantando isso novamente querendo imputar crime a uma pessoa que nem em Goiânia estava. Isso é inadmissível”, diz Cunha.

Advogado se diz surpreso

O advogado Thales Jayme, um dos representantes do médico Rafael Haddad, se diz surpreso com a denúncia do cliente. “Se essa denúncia foi mesmo oferecida pelo Ministério Público, vejo com surpresa. Ainda não fomos notificados. O Rafael já passou todas as informações possíveis. A menina foi atendida primeiramente pelos médicos do Hugo e já chegou com quatro paradas cardíacas”, ressalta. “O Rafael não estava em Goiânia naquele dia. Estava em Pires do Rio. A única ligação que ele recebeu foi quando a criança chegou à UTI da unidade médica dele”, complementa. O defensor alega que, na época, Haddad foi absolvido em processo junto do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego). A reportagem tentou entrar em contato com o Cremego, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Jayme acredita que seu cliente esteja sendo alvo de perseguição. “Espero que a verdade apareça. Estão orquestrando contra ele. É uma injustiça.”

Médico nega envolvimento

Embora sem nenhuma ligação com a morte de Eduarda Lia Barbosa, tampouco citado na denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o médico Júnio Marques Guimarães procurou O POPULAR para esclarecer a transcrição dos áudios divulgados em reportagem da edição de quinta-feira. Ele é réu no processo resultante da investigação da Polícia Civil, em 2008, mas nega qualquer envolvimento com suposto esquema de propina. Ele diz ainda que, no dia da morte da garota, a UTI da qual ele era sócio chegou a ser procurada, mas, como não tinha pediatra para atendê-la, preferiu não disponibilizar a vaga. Desde que teve o nome vinculado à investigação, Júnio se afastou da medicina por causa do trauma gerado. “Fui mexer com lavoura em Silvânia. Me preparei para ser médico, estudei bastante, mas foi um trauma tão grande que eu abandonei completamente”, diz. Por medo de que pudesse ter algum engano, ele compareceu ao MP em junho, espontaneamente, para dar esclarecimentos por causa do nome de um dos socorristas do Samu que foram presos na Operação S.O.S. Samu. O rapaz se chama Júnior Marques. Ele pensou que poderia gerar alguma dúvida e novos constrangimentos.

5 perguntas para Ricardo Haddad
Irmão e sócio de Rafael Haddad fala sobre a prisão do médico e as consequências para a família e as empresas.

Como a família lida com as prisões, primeiro temporária e agora preventiva, de Rafael Haddad?
A primeira prisão, referente à Operação S.O.S. Samu, nos deixou assustados porque não tem prova nenhuma de que Rafael tenha feito ou cometido algum crime. O próprio juiz deixou isso bem claro na decisão de não prorrogar a prisão temporária. A preventiva nos deixou assombrados pelo jeito que foi decretada pela juíza – mesmo com decisão anterior do juiz dizendo que não havia motivo ou tipificação criminal para prorrogar a medida.

Se não há prova, o que motiva a prisão dele?
Acreditamos que existe perseguição de algum órgão ou pessoa que a gente não sabe de onde é. O que a gente sabe é que o foco é realmente o Rafael, o que nos estranha muito.

O que o senhor pode dizer sobre o caso da Eduarda, a criança de 4 anos que morreu na UTI Centro Vida?
Pelo que sei e consta nos laudos da investigação, o Rafael estava fora de Goiânia no dia do encaminhamento e foi dada toda a assistência possível a essa criança, inclusive com laudos tanto dos médicos que levaram como dos que atenderam.

A investigação do MP e essa exposição das empresas têm gerado alguma consequência?
O pessoal está assustado. As famílias hoje preferem ficar num leito de SUS do que em leito particular e acho que muitas empresas que atendem planos de saúde vão acabar fechando em Goiás. Ainda não dá para falar em consequência financeira, mas a projeção é de que no próximo mês, quando vamos receber os repasses dos planos, já vamos sentir isso.

O senhor teve acesso aos relatórios da investigação do MP. Pelo que viu, não há mesmo motivo para a prisão?
No nosso entendimento, não existe nenhum elemento para ele estar preso. Nem temporariamente nem preventivamente, porque ele é um cara de bem, público, de família, tem endereço fixo e está disposto a dar todos os esclarecimentos ao Ministério Público ou a qualquer órgão do Judiciário. Eu acho que isso é uma ilegalidade. É ilegal essa prisão. (17/07/16)

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Cirurgia no Hugo reconstrói parte da mão de advogado

Polícia Civil analisa imagens de câmeras de segurança e prepara retrato falado do motoboy que entregou pacote com explosivo no escritório da vítima

Uma cirurgia na madrugada de ontem reconstituiu parcialmente a mão esquerda do advogado Walmir Oliveira da Cunha, de 37 anos. A informação foi transmitida na tarde de ontem pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Goiás (OAB-GO), Lúcio Flávio de Paiva, amigo pessoal de Cunha. O advogado sofreu atentado a bomba na tarde da última sexta-feira.
“Logo que acabou a cirurgia, a irmã do Walmir me ligou e contou que ele perdeu três dedos, mas que foi possível reconstituir o movimento de pinça. Devido às circunstâncias, essa é uma notícia positiva”, relatou.
O quadro de Walmir Oliveira da Cunha era estável até a noite de ontem. Ele permanecia internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) em estado considerado regular, orientado, consciente, respirando de forma espontânea e internado em um leito de enfermaria. Ainda não havia previsão de alta. O hospital não quis repassar mais informações sobre a cirurgia.
O artefato foi enviado ao escritório de Cunha e ele abriu o pacote pensando se tratar de um presente. Com a explosão, teve quatro dedos decepados.
Responsável pelas investigações do atentado, o titular da Delegacia de Investigações Criminais (Deic), Valdemir Pereira da Silva informou apenas que um retrato falado do entregador está sendo produzido com base em informações repassadas pelas recepcionistas do local. Ele não revelou se já existem suspeitos.
As imagens das câmeras de segurança do local e dos estabelecimentos da região estão sendo analisadas. Silva entende que, caso o entregador não se apresente espontaneamente, ele pode ser considerado um participante do crime. “Estamos realizando diligências, ouvindo testemunhas e esperamos que esse motoboy se apresente em breve. Não acreditamos que ele tenha participação, já que chegou e entregou de cara limpa”, ressalta. O entregador era esperado ontem, mas, até o fechamento desta edição, não havia se apresentado. (17/07/16)

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JORNAL OPÇÃO

Casos de dengue recuam 17% no Estado de Goiás

O último boletim epidemiológico da dengue divulgado na última sexta-feira (15/7) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostra queda de 17,57% no número de casos da doença registrados entre os dias 3 de janeiro de 2016 e 9 de julho de 2016. No ano passado, foram apontados 95.700 casos de dengue em Goiás no período, contra 50.693, este ano.
Conforme o boletim, nenhum município goiano aponta alto risco para dengue, apenas dez possuem médio risco e 236 estão com baixo risco. Quatro municípios, que na semana anterior estavam com médio risco, agora assumiram a posição de baixo risco. (Veja abaixo ranking das cidades com maior número de casos)
De acordo com técnicos da SES, a queda do número de casos foi antecipada desde o início de março devido à ação “Goiás Contra o Aedes”. A operação consiste em ações de limpeza urbana para retirada dos focos e visitas domiciliares de casa em casa, nos 246 municípios goianos.
O trabalho, que está em execução desde dezembro do ano passado, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e prefeituras, já visitou mais de 9 milhões de residências goianas. (Com informações do Goiás Agora)
Veja o ranking das cidades goianas com o maior número de casos:
Goiânia: 56.284
Anápolis: 14.238
Aparecida de Goiânia: 10.454
Rio Verde: 7.014
Luziânia: 5.803
Formosa: 3.274
Goianira: 2.615
Trindade: 1.791
Jataí: 1.503
Santo Antônio: 1.499
(16/07/16)
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Codese entrega levantamento “Goiânia 2033” para pré-candidatos a prefeitura
Por Marcelo Gouveia
Documento reúne principais indicadores e propostas de desenvolvimento para a cidade

O Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese) entregou aos pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia, Francisco Junior (PSD), Alexandre Magalhães (PSDC), Vanderlan Cardoso (PSB), Iris Rezende (PMDB), Adriana Accorsi (PT), e ao presidente da Câmara Municipal, Anselmo Pereira, o levantamento “Goiânia 2033: o Centenário”.
O documento elaborado pela entidade  reúne os principais indicadores e propostas de desenvolvimento para a cidade. As reuniões ocorreram na quinta (14) e sexta-feira (15).
Conforme assessoria do conselho, o levantamento reúne os principais indicadores de Goiânia, faz uma análise destas informações e sugere projetos que promovam o desenvolvimento social e econômico da cidade.
Nos próximos dias, os membros do Codese entregarão o documento também para os pré-candidatos Delegado Waldir Soares (PR) e Luiz Bittencourt (PTB) e outras autoridades, a fim de buscar a adesão ao projeto.
O presidente do Codese, Renato de Sousa Correia, explica que a adesão do próximo prefeito ao projeto é muito importante para que as metas sejam alcançadas. “O prefeito eleito será o presidente de honra do conselho. A proposta é fazer reuniões mensais para acompanhar o desenvolvimento dos projetos e a evolução dos indicadores”, explica.
Visitados pela diretoria do Codese, Iris Rezende, Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso elogiaram a qualidade do trabalho e manifestaram apoio ao projeto. Embora já tenha descartado a concorrência no pleito eleitoral, o peemedebista reafirmou a importância da próxima gestão levar em consideração os aspectos apontados no trabalho, que teve consultoria especializadas de profissionais de outros estados.
Para Adriana Accorsi, o documento elaborado pelo Codese é importante para uma gestão de excelência, semelhante, segundo ela, ao que foi realizado pelo seu pai, o ex-prefeito Darci Accorsi, já falecido. “Quero seguir os passos dele”, declarou.
Além de elogiar a iniciativa do Codese, Vanderlan também destacou a importância da participação da sociedade civil organizada na busca por uma cidade melhor. “Essa iniciativa do Codese significa atitude. Eu aprovo totalmente esse trabalho e vou adotar o projeto do Conselho em nosso plano de governo”, comentou. (16/07/16)

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O GLOBO

‘Planos, agora, estão pagando a própria conta’, diz especialista
Luciana Casemiro

RIO – Para o cardiologista Luiz Roberto Londres, dono da Clínica São Vicente e fundador do site Observatório da Saúde, hospitais, laboratórios, planos de saúde e indústrias farmacêuticas e de materiais devem servir à medicina e não se servir dela. Na visão de Londres, foi justamente a deturpação desse conceito que levou as operadoras à crise atual.
A saúde suplementar precisa ser repensada?
As dificuldades em que os planos se encontram, eles mesmo causaram, com distorções em prol da maior lucratividade. Eles se queixam de prejuízo. E antes? A arma do diagnóstico é um bom médico, os exames serviriam para confirmar a anamnese. A reflexão do médico virou reflexo. Os planos, agora, estão pagando a própria conta.
Qual é a saída?
O cenário atual tem duas causas principais: a má formação médica e a colocação do dinheiro à frente do paciente. É preciso recuperar a saúde pública para que a suplementar seja opcional, investir na formação do médico e entender que ganhos devem advir de ações médicas sem deturpá-las. (18/07/16)
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Telemedicina promete estreitar relação com médicos e consultas mais baratas

RIO – De um lado da tela está o cirurgião Milton Steinman, coordenador de Telemedicina do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Do outro, médicos e enfermeiros de centros médicos espalhados por todo o país, em busca de especialistas que podem auxiliar no atendimento a pacientes. Steinman testemunha o crescimento desse serviço há quatro anos e amanhã participa do debate sobre consultas virtuais na primeira edição do Fórum de Telemedicina, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Um diagnóstico da nova técnica foi traçado na edição da semana passada da “New England Journal of Medicine”. Os pesquisadores americanos Ray Dorsey, da Universidade de Rochester, em Nova York, e Eric Topol, do Instituto Scripps, na Califórnia, avaliam que o crescimento da prestação virtual de cuidados aliviará as preocupações com a distribuição de médicos em um território e oferecerá mais flexibilidade aos profissionais e seus pacientes. Ao contrário do Brasil, onde o diálogo na tela é restrito à troca de ideias entre profissionais de saúde, nos Estados Unidos os pacientes já podem ser atendidos à distância.

ACESSIBILIDADE E MONITORAMENTO

Dorsey aponta três tendências que estão redefinindo a telemedicina. A primeira é o potencial desta técnica para tornar os cuidados mais acessíveis, o que poderia reduzir o seu custo. A segunda é a possibilidade de monitoramento a portadores de doenças agudas. Por último, a expectativa de que este serviço migre de hospitais e clínicas para a casa e os celulares de pacientes. Com as consultas virtuais, o médico poderia atender mais pacientes e reduzir o preço da consulta.

— Devemos expandir a medicina até que chegue à casa das pessoas — defende o pesquisador. — Mas alguns problemas ainda devem ser debatidos. Registramos mais doenças crônicas justamente no público que têm menor acesso à internet: idosos, pobres e moradores da zona rural.

De acordo com Steinman, que estuda o progresso da telemedicina nos Estados Unidos, mais de 15 milhões de consultas virtuais são realizadas por ano naquele país, onde o serviço já é aplicado em 32 estados. Os médicos são cadastrados e o seguro de saúde do paciente é responsável por pagar o atendimento.

— É uma técnica que estreita a relação entre médico e o paciente, que terá mais acesso a dados da sua doença e, assim, vai se engajar mais no tratamento — avalia. — O Google possibilitou a democratização da informação, mesmo que ela nem sempre esteja correta. As pessoas já chegam ao consultório tendo alguma noção de seus problemas. A telemedicina é uma nova forma de interação, que pega carona nesta conectividade.

O cardiologista André Volschan, coordenador científico do Hospital Pró-Cardíaco, acompanhou à distância mil exames realizados em cinco centros de saúde fluminenses nos últimos três anos. Em 308 casos, a equipe recebeu pedido de assistência remota devido à ocorrência de acidente vascular cerebral.

— A janela de tempo é muito pequena e, nos locais onde não há neurologistas, dizemos aos médicos que estão ao lado do paciente como devem proceder — conta. — Damos orientações depois de nos mostrarem imagens de ressonância e tomografia. Os exames físicos também são acompanhados por telas de alta resolução. Tudo é acompanhado ao vivo. É diferente de pedir uma segunda opinião.

Para Angélica Bösiger, cardiologista do Hospital Federal dos Servidores do Estado, a principal utilidade da telemedicina é trocar impressões sobre cirurgias com seus colegas.

— Médicos de 83 instituições do país são convidados a assistir conectados a uma operação. Basta ter um login. Às vezes, debatemos como foi o procedimento — explica. — Acredito que a telemedicina beneficiará principalmente as especialidades cirúrgicas e intervencionistas, como ortopedia, neurorradiologia e cardiologia.

Coordenador da Câmara Técnica de Informática em Saúde do CFM, Aldemir Humberto Soares adianta que, no fórum de amanhã, o Conselho de Medicina abordará a evolução de softwares interativos que podem ser usados em consultas, assunto revisado pela última vez em um regulação de 2002.

PREOCUPAÇÃO COM SEGURANÇA

Soares ressalta que uma série de condições devem ser analisadas antes da adoção de novas mídias na medicina.

— A confidencialidade é uma grande preocupação: precisamos ter certeza de que não haverá vazamento de informações trocadas entre médico e paciente. É necessário ter segurança contra hackers e alertar os profissionais para que não sejam descuidados — pondera Soares, que também é primeiro-secretário da Associação Médica Brasileira. — A ética profissional não deve ser ignorada. O médico não deve se esconder atrás da máquina. Ele continua responsável por seus atos.

A relação entre tempo de consulta e preço aventada por Dorsey também deve ser descartada:

— Para examinar uma pessoa, o médico pode precisar de uma hora; em outro caso, 15 minutos já é o suficiente — descreve. — Não se deve baixar o preço para que o profissional receba mais pacientes. Há sempre fatores que interferem na velocidade do trabalho. Por exemplo, o envelhecimento da população está provocando o surgimento de novas doenças. Precisamos de tempo para analisá-las.

Os médicos são unânimes ao afirmar que as consultas virtuais podem complementar as visitas pessoais, mas jamais vão substituí-las. De acordo com Soares e Volschan, a presença do paciente no consultório reforça a intimidade e facilita a identificação de uma enfermidade, inclusive de sintomas que não foram motivo do agendamento da consulta.

— O médico ainda precisará de informações do histórico do paciente e analisar seu corpo — avisa Soares. — Mesmo com a nova tecnologia, um médico local deve acompanhar a evolução do tratamento. Em algumas áreas do país, pode ser difícil encontrar um profissional que realize este monitoramento. Então, é possível que o regulamento da telemedicina não avance da mesma maneira em todas as regiões.

— Existem sutilezas típicas do contato presencial, levando a relação entre médico e paciente a um nível que não seria alcançado por um meio eletrônico — argumenta Volschan. — O exame físico nos permite analisar emoções que podem contribuir para realizar o diagnóstico. (17/07/16)
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Planos de saúde populares devem custar a partir de R$ 80, para exames ou consultas

Com a justificativa de aliviar a rede pública de assistência médico-hospitalar e manter o equilíbrio do sistema de saúde privado, que vem perdendo usuários por conta da crise no país, o Ministério da Saúde estuda permitir a criação de planos populares, com a oferta de serviços unificados, como consultas ou exames, por preços entre R$ 80 e R$ 120 por mês. Segundo a proposta inicial, se o usuário viesse a precisar de uma cobertura mais ampla, ele poderia escolher entre algumas ofertas a serem incluídas no convênio contratado.

O projeto está dando os primeiros passos. Quando for finalizado, será apresentado pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Caberá ao órgão autorizar e regulamentar a flexibilização.

— As propostas serão feitas pelo mercado. Nós não teremos ingerência sobre esse termo. Nosso papel é financiar a saúde e possibilitar que a população tenha acesso ao que deseja. Se preferir a saúde complementar com planos básicos, terá o serviço à disposição — disse o ministro.

A explicação de como funcionará o produto veio de Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde:

— Será como se o usuário escolhesse seu combo de TV paga. Neste caso, ele vai selecionar a assistência médica que melhor lhe convém — disse.

O casal Isaac Vicente, de 29 anos, e Mônica Amorim, de 24, que hoje não tem cobertura de saúde, teria um plano popular em duas hipóteses.

— Teríamos um, se tivéssemos um filho ou um idoso para cuidar. Faria um bico para pagar o plano — disse ele

Associação alega que proposta é ineficiente

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor (Idec) lançaram uma campanha contra a proposta do ministro Ricardo Barros. Para as duas instituições, os planos populares não resolverão o problema da saúde no país.

— Quem aderir a um plano popular não terá qualidade nos serviços, pois isso já não existe atualmente — alertou Nilton Pereira, vice-presidente da Abrasco.

Segundo ele, a associação planeja questionar de duas formas a proposta do Ministério da Saúde, ambas por via judicial, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A fiscal de ônibus Norma Sueli, de 57 anos, sabe exatamente que tipo de cobertura seria mais conveniente num plano popular. Mas reforça que, caso o serviço não seja de qualidade, melhor continuar indo a hospitais públicos.

— Se fossem inclusos exame de sangue, preventivo e ultrassonagrafia transvaginal, eu pagaria. Do contrário, não valeria a pena. Se é para pagar e não ter exames, prefiro ir para o SUS.

Desemprego é inimigo

De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, o desemprego que vem aumentando no país nos últimos tempos tem sido o responsável pela fuga de usuários dos planos de saúde particulares.

— A assistência suplementar só terá o crescimento desejado quando voltarmos a gerar empregos. As pessoas perderam seus postos e seus planos corporativos — disse.

Nas contas das associações de saúde complementar, aos menos 1,5 milhão de pessoas deixaram de ter coberturas privadas em todo o país, desde 2014. O impacto recaiu sobre os hospitais públicos.

— O Rio de Janeiro sofreu com o aumento da demanda nos hospitais. Em 2015, tivemos que atender quase 400 mil pessoas a mais do que em 2014 — disse o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira, durante a apresentação do plano de assistência de saúde para os Jogos Olímpicos.

Com a criação dos planos de saúde populares, a expectativa das empresas é de aumento em cerca de dois milhões de usuários da assistência complementar em um ano. (16/07/16)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação