Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 19/10/18

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

 

DESTAQUES

A saúde pede socorro hospitalizada no governo
Artigo – importância de uma linguagem simples e direta entre médicos e pacientes
Sindicatos apontam impactos
Depois de avanços tecnológicos, medicina deve mirar na empatia


DIÁRIO DA MANHÃ

A saúde pede socorro hospitalizada no governo

Ensino tecnológico e saúde correm risco de colapso pela falta de repasses do Estado. Rede Itego já tem unidades paralisadas e hospitais estão na penúria com falta de medicamentos, insumos básicos e materiais de limpeza. Usuários relatam ter de trazer até esparadrapo de casa. Organizações Sociais suspendem pagamento de tributos e Ministério Público investiga desmandos
O modelo de gestão compartilhada na saúde e em educação tecnológica em Goiás está entrando em colapso por causa da falta de comprometimento do Estado em repassar os recursos para as Organizações Sociais que fazem essa gestão. Somente na saúde a dívida já ultrapassa R$ 280 milhões e tende a aumentar com a chegada do final do governo e encerramento do ano.
O governador de Goiás, José Eliton (PSDB) anunciou recentemente que o Estado teria dificuldades para fazer os repasses para esses dois segmentos, mas que seria encontrada uma solução. "Não poderíamos jamais prever que a situação chegaria a um ponto crítico como esse porque esse mesmo governo há um mês pedia votos para a população e dizia que havia sido capaz de resolver os problemas de Goiás, por isso podia continuar no comando da administração". O lamento é do diretor de uma OS que faz a gestão de um grande hospital de Goiânia, mas pede para não ser identificado.
As dívidas da Secretaria Estadual de Saúde para com as Organizações Sociais já ultrapassou a astronômica cifra de R$ 283 milhões e as OSs que fazem a gestão da Rede Itego (Institutos Tecnológicos de Goiás), responsáveis pela educação tecnológica, já amargam mais de R$ 23 milhões em repasses não honrados pelo governo e muitas unidades estão com as portas fechadas, professores em greve e alunos sem aulas.
Para completar o panorama nebuloso da situação, o Ministério Público abriu investigações variadas para apurar denúncias de má gestão dos recursos e até suspeitas de desvios na aplicação das verbas que deveriam custear pagamento de médicos e pessoal de apoio, alimentação de pacientes, medicamentos, manutenção de equipamentos, pagamentos de tributos para terem Certidão Negativa de Débitos e até os direitos trabalhistas dessas unidades. Como desgraça pouca é bobagem há hospitais em que falta até papel higiênico, como relatam servidores, pacientes e acompanhantes.
DESISTÊNCIA
O Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) é administrado pela OS Gerir, desde que o contrato de gestão foi idealizado e implantado pelo governo de Goiás. Citado como modelo de sucesso por vários anos e objeto de estudo por administrações de outros estados ele agora é tido como deficitário e com vários meses em atraso, acumulando um déficit até setembro de R$ 35,5 milhões, a unidade agoniza com falta de medicamentos, material de limpeza, comida e redução do número de médicos e enfermeiros que atendem os pacientes. O modelo de "hospital porta aberta" chegou ao ponto de estrangulamento e a direção da OS Gerir decidiu entregar os pontos.
Um dos segredos mais bem guardados nos últimos dias dá conta de uma discussão violentíssima entre o diretor da Gerir e o governador José Eliton sobre uma glosa (desconto) que o Estado vai fazer nas faturas apresentadas pelo Hugo e que aumentaria exponencialmente o prejuízo acumulado. O pega aconteceu no sábado que antecedeu o domingo das eleições e ocorreu no Palácio das Esmeraldas. O governador anunciou que iria de fato glosar as contas e que a OS deveria arcar com o prejuízo. Foi o bastante para o diretor explodir e jogar tudo para o ar. No primeiro dia útil após o bate-boca, a segunda-feira, 8, a Gerir protocolou na Secretaria Estadual de Saúde uma notificação informando que iria suspender a gestão dentro dos 30 dias que a lei determina e que o Estado deveria providenciar outra Organização Social para assumir o Hugo.
Enquanto isso médicos, funcionários, pacientes e familiares sofrem os efeitos nefastos do descaso de quem está lutando pela vida em um leito e corredor de hospital. O Ministério do Trabalho decretou uma intervenção no hospital por falta de condições mínimas para os obreiros da unidade e o Ministério Público prossegue com a investigação sobre a aplicação dos recursos.
"Pacientes precisam tomar medicamentos como antibióticos mais fortes do que o necessário por falta de outros recomendados para seus casos. Falta até material para aplicar injeções e esparadrapo está sendo regrado", relata um médico da unidade. Todos aceitam falar com o compromisso de não serem identificados sob hipótese alguma. Pacientes também reclamam que estão sofrendo os efeitos desgraçados do desmando administrativo. Na recepção social do Hugo, onde familiares aguardam notícias e acompanhantes se revezam para ajudar no cuidado com os doentes os relatos são doloridos e refletem a crueza da realidade que vivem dentro do nosocômio.
"Até a comida para os acompanhantes está sendo regrada e material de limpeza foi reduzido à metade, como nos contam os funcionários de serviços gerais", narra a mãe de um rapaz internado na ala de ortopedia. Ela ouviu de um médico que até mesmo o cuidado para evitar infecção hospitalar está sendo negligenciado por falta de álcool gel e sabonete líquido para assepsia das mãos. "É um caos total", lamenta. Além do Hugo, a OS Gerir faz a gestão compartilhada também do Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), que acumula débitos nos repasses da Secretaria Estadual de Saúde da ordem de R$ 2,363 milhões.
DESUMANIZAÇÃO
O Hospital Materno Infantil é outra unidade hospitalar da rede estadual de saúde gerida por uma Organização de Saúde. Curiosamente a OS é o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), e além do Materno a OS faz a gestão da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e também do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa). Somente o HMI acumula um déficit nos repasses do Estado que ultrapassa R$ 24,950 milhões, enquanto que somado ao rombo na falta de recebimentos das outras unidades o papagaio chega a R$ 33,856 milhões. Uma montanha de dinheiro que o Estado deveria repassar para não deixar pacientes vivendo à míngua nos leitos e profissionais estressados pela falta de pagamento, além de insumos básicos serem negados aos pacientes e acompanhantes.
Os relatos de desmandos pipocam na porta do HMI, sem que seja preciso procurar muito. São pacientes que aguardam uma atenção humanizada, um medicamento que lhe mitigue a dor ou que garanta um pouco de alento para o filho recém-nascido ou mesmo um pouco de conforto na enfermaria em que esteja internado ou acompanhando um paciente.
Madalena Paiva Silva é uma jovem de 18 anos, que veio de Rio Verde com a mãe para fazer acompanhamento de sua gravidez de risco. Aos oito meses de gestação, ela viu seu líquido aminiótico secar após uma discussão com o marido. "Me mandaram para cá para fazer o pré-natal e eu fiquei internada na última semana. Me deram alta e agora preciso voltar aqui duas vezes na semana para fazer acompanhamento, mas não consigo médico para olhar os exames nem me dão qualquer satisfação sobre o que eu preciso fazer", lamenta.
A gravidez de risco dela é corroborada pelos exames complementares, mas ela não consegue qualquer resposta convincente. Durante o tempo que ficou internada, ela lembra que foi de grande sofrimento.
"Lá dentro está uma imundície só, com muita sujeira nos banheiros, quartos e corredores e não há nem ventilação na enfermaria, e nesse tempo de calor fica insuportável". Desde que recebeu alta ela vem constantemente, mas quando chega lá dentro a justificativa é que não há médico para olhar seus exames e que ela deve retornar para casa e tentar na próxima semana. Madalena conta que viu outros casos de negligência, como pacientes que chegavam para o parto e enquanto não pariam os enfermeiros apenas faziam o toque para aferir a dilatação e as deixavam ao Deus dará, sem assistência. "Vi uma menina que ficou 12 horas em trabalho de parto e quase morreu".
Os relatos se acumulam, como o de Cristiane Alves Silva, cuja filha está internada após dar à luz em um parto cesáreo. Ela lamenta que o quarto está um calor infernal e não há sequer um ventilador para aplacar a sensação térmica de pacientes e bebês. Mas, o pior ainda seria relatado. "Não há uma janela que abra direito, só tem cama velha e escadas caindo aos pedaços. Mais nada. No banheiro não tem papel higiênico, fica sempre uma nojeira e não há nem mesmo uma cadeira de banho para as mulheres e as enfermeiras e médicos são uma grosseria só com a gente", diz a mulher contendo o choro.
Tatiane Lima, 35 anos, deu à luz uma filha que apresentou problemas após o nascimento e precisou ser internada na UTI pediátrica. Ela faz coro aos outros relatos que descrevem a infraestrutura sofrível da unidade, mas acrescenta outra situação que não se concebe em um hospital público como esse, de grande porte. "Eles pedem para a gente trazer até esparadrapo de casa para prender soro e equipos nas crianças porque aí não tem. Nos banheiros não tem nem papel higiênico e tudo está caindo aos pedaços, além da higienização que é feita às vezes só uma vez ao dia. O tempo todo é de mães chorando para um atendimento, uma palavra de um médico que nos ajude e não temos nada".
A desídia do atendimento foi o ponto crucial no parto da cunhada de Roberta Dantas Pires. A parturiente tem um histórico de diabetes alta e veio de Itumbiara para dar à luz. Roberta conta que a cunhada recebeu alimentação errada, que não poderia ser ministrada a um diabético que necessita de dieta especial e isso acelerou o trabalho de parto. "Minha cunhada ficou das seis da tarde de um dia até as cinco da manhã de outro em trabalho de parto e quando chegou a hora de parir, ela já não tinha mais forças por causa da hipoglicemia. O bebê foi prematuro e teve uma falta de oxigenação no cérebro que fez com que ela precisasse de ir para a UTI. A mãe está na UTI também, mas seu estado é estável, mas a criança está grave", lamenta.
A reportagem ouviu uma médica que aguardava um táxi na porta. Ela só aceitou falar com a condição de anonimato, mas seu relato é comovente e comprova a situação crítica que vive a saúde pública. "Nós médicos somos muito cobrados, mais ninguém vê que estamos além dos nossos limites. Temos salários arrochados, condições mínimas de trabalho reduzidas ainda mais e turnos de trabalho que superam as justas jornadas. Estamos fazendo um esforço sobre-humano para dar conta do alto volume que recai sobre nossas costas", frisa a profissional. Ela se desculpa por não falar mais e explica que se for identificada sofrerá sanções severas.
INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público acompanha de perto a situação e traça um diagnóstico do que está acontecendo. A promotora de Justiça Villis Marra, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, vistoriou unidades de saúde e já tem um panorama da complexidade dos casos, além de saber que aconteceram descuidos administrativos graves. Como é o caso do HMI e da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, geridas pelo IGH. A desídia para com a estrutura precária, a falta de insumos e contas que não batem estão na mira do MP.
No Hospital de Doenças Tropicais, o HDT, gerido pelo Instituto Sócrates Guanaes, de Salvador, a situação é igualmente caótica, segundo o MP. A promotora Villis Marra tem relatórios que apontam pagamento de salários dos servidores em atraso, falta de material, de roupa de cama, roupa para pacientes e funcionários e até de alimentação para pacientes e funcionários. "A comida é horrível, com uma aparência horrível e fedida, como atestam relatórios de inspeção". A diretora geral do HDT, Aline Oliveira, oficiou à promotora que realmente haviam serviços deficitários e que a ausência de pagamentos para a empresa Sanoli, que fornece alimentação, se deu em virtude "da insuficiência de recursos para quitação dos títulos".
EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PARADA
A situação é de preocupação também para as Organizações Sociais que fazem a gestão dos Institutos Tecnológicos de Goiás, os Itegos, anunciados como um modelo eficiente e eficaz administrativo pelo governo do Estado. Estranguladas pela falta de repasse de recursos às unidades gestoras não puderam fazer outra coisa senão reduzir significativamente as atividades. A OS Fundação Antares de Ensino e Pesquisa (Faespe) faz a gestão de unidades de excelência em municípios do interior, como o Itego Governador Otávio Lage, em Goianésia.
O superintendente de Planejamento da Faespe, Alexandre Morelli, ressalta que a dificuldade financeira fez com que fossem reduzidos uma série de serviços em primeiro plano e se persistir a falta de repasses teme pela suspensão de uma série de atividades vinculadas ao contrato de gestão. "Pretendemos manter o padrão de excelência nos cursos tecnológicos que ministramos, mas temos poucas reservas para prosseguir. Se não for regularizado o cumprimento dos repasses será uma situação crítica para administrarmos", lamenta.
A OS Instituto Reger, que faz a gestão de Itegos e Cotecs em Catalão e Anápolis, já está no quinto mês com os repasses atrasados. Professores e servidores em Catalão fizeram greve e protestaram contra o atraso. Só não prosseguiram porque a direção mostrou transparência e diálogo com os servidores. Sônia Santos, a presidente, lamenta que a situação tenha chegado a esse ponto. "Fazer a gestão de uma rede de ensino tecnológico demanda profissionais qualificados, que precisam remuneração condizente e acompanhamento constante, porque lidamos com a inovação tecnológica. Sem os recursos que foram pactuados no contrato não é possível trabalhar de forma satisfatória", comenta. Reger e as outras OSs apresentaram números de excelência no cumprimento das metas estabelecidas nos contratos. "Nosso serviço está sendo feito com total zelo, precisamos apenas dos recursos para avançarmos mais".
O Centro de Educação Continuada (Cegecon) é a OS que faz a gestão de unidades de ensino tecnológico de excelência, como o magistral Instituto de Artes Basileu França, um colosso de mais de 5.000 alunos nas mais variadas vertentes, como orquestra, coral, artes cênicas, artes visuais e até arte circense. Sem verbas repassadas pelo estado o trabalho de professores e servidores administrativos fica sendo quase que voluntário. O diretor administrativo-financeiro do Cegecon, Mauro Reis, frisa que o descompasso econômico provocado pela falta de repasses compromete toda a excelência do serviço buscado. "Precisamos de regularidade nos repasses e garantia de que vamos pagar servidores, fornecedores, prestadores de serviço e os tributos para mantermos a linha sempre crescente na educação que ministramos".
Outra OS que cumpriu metas na gestão de Itegos de excelência, como o Luiz Rassi, em Aparecida de Goiânia e Sebastião Siqueira, que dá cursos gratuitos de técnico em enfermagem e segurança no trabalho, é o Centro de Soluções em Tecnologia e Educação (Centeduc). O presidente, Fernando Sobral, é incisivo na dificuldade provocada pela falta de repasses. "Simplesmente não podemos funcionar sem que seja cumprida essa parte do Estado. Mantemos o serviço de alto nível que nos credenciou junto ao Estado e esperamos apenas o cumprimento do que foi pactuado para darmos prosseguimento", finaliza.

……………………………..

Artigo – importância de uma linguagem simples e direta entre médicos e pacientes

Você sabia que 42% dos usuários de internet no Brasil procuram informações relacionadas à saúde? O número corresponde a cerca de 45,3 milhões de brasileiros que buscam esse tipo de conteúdo. Isso é o que revelam os dados mais recentes do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).
É ótimo querer se informar, mas quando se trata de Saúde, é preciso sempre estar atento a informações difíceis de entender e, claro, a erros. Pensando em disponibilizar informações seguras sobre saúde, respaldas por um arcabouço médico e científico, a Uzumaki Comunicação inovou no mercado brasileiro ao transformar o "mediquês" em uma linguagem simples e direta, possibilitando a comunicação mais clara entre médicos e pacientes.
Por meio de textos, vídeos, podcasts e infográficos disponibilizados em portais e redes sociais, entre os quais estão os sites Drauzio Varella e Instituto Vencer o Câncer, a agência desenvolve materiais chancelados por médicos, pesquisadores e professores na produção de notícias que vão desde temas de saúde pública até curiosidades do corpo humano e dúvidas corriqueiras.
Com o avanço da internet e das redes sociais, ampliou-se o acesso e a disseminação de todo tipo de conteúdo (notícias, fotos, vídeos e depoimentos). O que é bacana, porque temos um canal democrático; porém, na internet ainda não há muito controle sobre a divulgação da informação, e nesse contexto, saber a procedência do que se lê/ouve/assiste é de extrema importância. Quando o assunto é saúde, o cuidado precisar ser redobrado. Com a equipe jornalística e a curadoria que temos, as informações ganham caráter de serviço ao contribuir de forma verdadeira para aqueles que as buscam.
O atual problema das fake News é particularmente grave quando se trata de Saúde. Informações erradas que acabam sendo tidas como verdadeiras constituem um sério risco para pessoas que se atêm a esses conteúdos como "referência" e acabam negligenciando sintomas ou tratamentos, procurando a automedicação ou simplesmente entrando em estado de pânico ou ansiedade desnecessariamente.
Entendemos que não há problema algum em buscar informações como forma de compreender um pouco mais sobre determinado assunto. Mas essa atitude não substitui a ida ao médico para ser examinado, medicado e acompanhado. Temos compromisso com o conteúdo de qualidade visando a contribuir  para a conscientização em relação à ciência e à saúde, mas sempre alertamos que somente o médico é o profissional que está preparado e capacitado para orientar de forma definitiva.
Na produção de conteúdo para o Portal Drauzio Varella contamos também com o apoio da agência Drops, primeira plataforma brasileira que verifica o grau de veracidade de notícias sobre saúde veiculadas na imprensa e nas redes sociais. A parceria garante ainda mais segurança sobre as informações médicas e torna o Portal uma das maiores referências em conteúdo de Saúde no país.
Para alertar sobre dados duvidosos e a onda de fake news nas plataformas digitais, dou algumas dicas de como continuar utilizando a web a favor do conhecimento, mas sem o risco de cair em armadilhas.
Cultive o hábito de não acreditar em qualquer informação sem antes verificar qual a fonte (ou se a fonte mencionada de fato afirmou aquilo);
Busque portais confiáveis e com credibilidade, que tenham consultoria de profissionais da área de Saúde;
Procure por referências de entidades de classe, como sociedades médicas;
Atente para hospitais de referência e corpo clínico de boa reputação;
Em caso de dúvidas, procure o posicionamento de fontes oficiais, como a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde ou Secretárias de Saúde Estaduais e Municipais;
Atenção! Cuidado com grupos de discussão, redes sociais e aplicativos de mensagens, pois são canais com alta frequência de disseminação de fake news.
(Luiz Fujita, diretor de Redação da Uzumaki Comunicação e editor do Portal Drauzio Varella)
……………………………………………
O POPULAR

Sindicatos apontam impactos

Representantes dos médicos e servidores dos hospitais geridos por organizações sociais falam de problemas com atraso de pagamentos e falta de insumos
O Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego) e o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde) afirmaram que a crise no repasse de verbas do governo estadual para as unidades de saúde administradas por organizações sociais está sendo sentida tanto pelos médicos como pelos servidores em diversas áreas das unidades e que as principais consequências percebidas são o atraso nos salários, algo que estaria ficando constante, e na falta de insumos e medicamentos.
Reportagem publicada na edição desta quinta-feira (18) pelo POPULAR mostra que o Estado deve cerca de R$ 283,2 milhões para as 9 OSs que administram 17 unidades de saúde terceirizadas. Em alguns casos, a dívida equivale a mais de três meses de gastos. O Estado reconhece os atrasos, alega que isto foi causado pela crise econômica nacional e pelas consequências da greve dos caminhoneiros em maio e garante que nenhum paciente deixou de ser devidamente atendido por causa da crise.
As duas entidades citam como mais grave a situação no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas relatam problemas tornados públicos também no Hospital Materno Infantil (HMI), no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin) e o de Urgências do Sudoeste Goiano (Hurso), em Santa Helena, no de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) e no Hospital de Doenças Tropicais (HDT).
A presidente do Sindsaúde, Flaviana Alves, diz que a crise nos repasses se agravou a partir de maio e que desde então as reclamações dos servidores têm ficado mais frequentes. "Temos visto casos de falta de insumos, de medicamentos, atraso de salários e problemas com serviços contratados de empresas, como limpeza", disse.
A sindicalista diz que também tem surgido denúncias de assédio moral devido à pressão da diretoria de algumas unidades para que os servidores executem o trabalho mesmo sem estrutura adequada ou com problemas no salário. Para Flaviana, a responsabilidade pelo impacto sentido nas unidades com o atraso nos repasses é do Estado. "As organizações sociais não tem uma reserva financeira", disse.
Já o secretário-geral adjunto do Simego, Paulo Francescantonio, afirma que os médicos que atuam nas unidades terceirizadas estão reclamando principalmente de dificuldades nas condições de trabalho e atraso de pagamento, mas que até o momento o sindicato procurou apenas uma das unidades, o Hugo, onde o problema se tornou público após intervenção do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e negociação com o Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO). "As conversas com as outras OSs não foram ainda efetivadas, mas devemos procurar elas e a secretaria (estadual de Saúde)", comentou.
Fracescantonio diz que não se lembra de uma crise financeira nas unidades terceirizadas maior que a vivida atualmente. Afirma que a situação dos hospitais era de "calamidade" antes de o governo repassar a gestão delas para as OSs, mas que depois havia melhorado bastante, tendo os problemas se tornado mais pontuais.
R$ 11,3 milhões repassados na semana
Dos R$ 11,3 milhões repassados pelo governo estadual às unidades de saúde administradas por organizações sociais nesta semana, relativo aos pagamentos atrasados até setembro, os hospitais de Urgência da Região Noroeste de Goiânia (Hugol), o de Urgência de Goiânia (Hugo) e o Geral de Goiânia (HGG) foram os que receberam os maiores repasses.
De acordo com o Portal de Transparência da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o primeiro ficou com R$ 2,7 milhões e os outros, com R$ 1,5 milhão. Mesmo assim, a dívida com o Hugol equivale ainda a 42% do total que a unidade tem para receber e a do Hugo e HDT a 25%.
Ainda segundo o portal da transparência estadual, das 17 unidades de saúde terceirizadas, 5 não foram incluídas no repasse de R$ 11,3 milhões e outras 7 ficaram com montantes abaixo de R$ 1 milhão.
Dos 153 repasses mensais que o governo estadual deveria ter feito até setembro para as 17 unidades de saúde, considerando que cada uma teria direito a nove repasses mensais até setembro, 72 foram feitos completamente e 38 parcialmente. Outros 42 repasses não foram feitos e um não foi informado. Há 7 casos em que as unidades deixaram de receber o repasse de três meses ou mais. E apenas duas unidades não tem nenhum mês sem nenhum repasse feito, mesmo que parcialmente.
O governo de Goiás informa que tem repassado mensalmente até R$ 80 milhões para as unidades de saúde terceirizadas e garante que até o final do ano vai cumprir "na integralidade" a vinculação constitucional de repasses para o setor. "Alguns problemas pontuais, como o desabastecimento de medicamentos na farmácia do Hugo e contratos de serviços terceirizados em outras unidades, foram sanados em caráter emergencial."

………………….
FOLHA ONLINE

Depois de avanços tecnológicos, medicina deve mirar na empatia

Inteligência artificial e descentralização de exames já dão ideia de como deve ser o futuro
Médicos sempre ocuparam uma posição de prestígio na sociedade. Afinal, cuidar do maior bem de indivíduo –a vida– não é algo trivial. Embora a finalidade do ofício permaneça essencialmente a mesma, o modus operandi mudou drasticamente com o tempo.
Nos dias que antecederam o Dia do Médico (18 de outubro), a Folha conversou com profissionais para coletar suas impressões sobre a carreira, as mudanças nela e o futuro da profissão.
O que se pode afirmar é que o foco da atuação médica deve ser cada vez menos o controle sobre o destino do paciente e mais a mediação, o desenvolvimento e a interpretação de tecnologias, incluindo a famigerada inteligência artificial. Já o lado humanístico, que perdeu espaço para os exames e as máquinas, tende a recuperar cada vez mais sua importância.
De meados do século 20 até agora, concomitantemente à proliferação das especialidades e subespecialidades médicas, houve grande avanço tecnológico e a proliferação de modalidades de exames , para ver, por exemplo, as células potencialmente cancerígenas do colo de útero no exame de Papanicolau, cálculos renais em tomografias ou ainda aferir a presença de anticorpos anti-HIV no sangue, indicando infecção pelo vírus -entre tantos outros.
Crescia o catálogo dos laboratórios e também a dependência do médico em relação a esses exames. A impressão dos pacientes passou a ser a de que o cuidado é ruim se o médico não solicita exames. Isso num contexto em que o tempo de interação entre paciente e médico é diminuto -tudo para aumentar a eficiência, ou seja, o número de consultas por período.
O tema é caro a Jayme Murahovschi, 86, uma das maiores referências em pediatria no país. "Tem que haver progressão tecnológica, claro, mas mais importante que isso é a ligação emocional com o paciente. Hoje médicos pedem muitos exames e os pacientes também demandam. Eu peço o básico às vezes só para não dizer que é só a minha opinião."
Murahovschi está entre os que acreditam que a profissão está sofrendo uma nova reviravolta, quase que voltando às origens clássicas, hipocráticas: "Os médicos do futuro, os que sobrarem, vão ter que ter que conhecer o paciente a fundo, dar toda a atenção que ele precisa, usando muita tecnologia, mas com foco no paciente."
Mas vai faltar médico no futuro? Alguns profissionais poderiam migrar para uma medicina mais técnica, preveem analistas.
Esses doutores teriam uma função diferente, atuando na interface entre conhecimento biomédico e a tecnologia por trás de plataformas de diagnóstico por imagem e reabilitação (já há um curso com esse desenho na Holanda). Ou ainda atuariam alimentando uma plataforma de inteligência artificial com dados e/ou reformulando seus algoritmos, tornando-a mais esperta.
Um exemplo já vigente de inteligência artificial é a plataforma Watson, da IBM. Apesar de ter vocação em múltiplas áreas, a entidade tem se mostrado eficaz no processamento de informação médica e na seleção de tratamentos para pacientes com câncer.
"Alguns médicos não vão ter nem que interpretar o resultado, que vem de uma caixa preta, mas traduzir a consequência para o paciente e ajudá-lo, com empatia, a buscar uma ou outra alternativa para lidar com o problema", diz o professor de oftalmologia da Unifesp Paulo Schor, 53, entusiasta de novas tecnologias.
Para Schor esse protagonismo retomado pelos pacientes é sinal para a prática médica voltar às suas raízes. "É uma razão para explicar o raciocínio clínico e para que serve cada exame que ele está pedindo e de tratar o paciente como um ser pensante."
Na medicina privada, afirma ele, nunca esteve tão evidente a necessidade que os pacientes têm de serem ouvidos.
Outra tecnologia do futuro já presente, lembram Schor e Murahovschi, é a telemedicina , que descentraliza a realização de consultas e exames. Clínicas pequenas e médicos generalistas podem contar com laudos de especialistas de locais distantes, rapidamente, pela internet; uma junta médica pode discutir, remotamente, diversos casos de pacientes; seria possível até realizar algumas consultas propriamente ditas a distância, embora haja restrições do CFM nesse sentido.
Até cirurgias podem ser feitas a distância,com o advento da cirurgia robótica. O tema continua fascinando médicos e pacientes, mas, por enquanto, nada de droides médicos à la Star Wars -quem controla o robô ainda é uma pessoa.
"A laparoscopia, uns 30 anos atrás, já havia sido um grande avanço. Com furos no tórax, abdome e pelve era possível fazer uma cirurgia com invasão mínima e o paciente já podia ir pra casa no dia seguinte. O problema é quando ela dá errado e tem que abrir o paciente. Poucos entre os novos cirurgiões fazem isso bem", afirma o psiquiatra Jorge da Costa e Silva, 76, presidente da Academia Nacional de Medicina.
Segundo o psiquiatra, quase nenhum profissional de 65, 70 anos quer aprender a cirurgia robótica. "Quando eles dominam a técnica, precisam passar outros 20 anos se aperfeiçoando . Costumo dizer que aquilo é uma espécie de videogame."
Mas, pensando no futuro, o papel que esses médicos podem exercer é o de "ponte" entre o conhecimento do passado e a inteligência artificial, que, segundo profetiza Costa e Silva, será onipresente na medicina.
Hoje as UTIs e até os consultórios têm recebido equipamentos ligados a uma inteligência artificial, sugerindo condutas e analisando exames baseado nas montanhas de dados que produzimos (o chamado big data), diz Costa e Silva. "Nos EUA e em outros lugares do mundo, o prontuário eletrônico é realidade. A receita também vai ser, e vai estar num cartão que pode ser lido na farmácia. O banco de dados registra se o paciente comprou ou não o remédio", afirma. Um porém: "O sigilo médico não existe mais", diz o psiquiatra.
Costa e Silva (que não tem parentesco com o marechal Arthur, 27º presidente do Brasil ) gosta de um outro tema futurológico em particular: o transumanismo -área de estudo que, essencialmente, avalia possibilidades de a condição humana se alterar por meio da tecnologia. "É bom poder falar sem compromisso de dar respostas definitivas", brinca.
Entre as hipóteses aventadas está a de fazer download de informações diretamente para a mente ("Eu sei kung fu", uma coisa meio "Matrix") ou fazer o upload da própria mente para dispositivos externos , como robôs ou mesmo na nuvem, alternando-se entre dispositivos (algo parecido acontece no filme "Ela").
"Hoje já são dezenas de milhares de dispositivos que podem substituir diversas partes do corpo, como um olho, uma mão, um rim ou um pâncreas. Já o cérebro, apesar de ser um órgão maravilhoso e altamente complexo, sofre com alzheimer, parkinson e a deterioração pela idade . Não tenho nada contra, se a mente encontrar um material melhor, que ela continue evoluindo fora do cérebro. Ela talvez seja um fenômeno cósmico", diz Costa e Silva.
Essa caminhada transgressora já teria começado, afirma o psiquiatra: dificilmente alguém chega aos 70, 80, anos sem uma prótese de joelho, de quadril, um marcapasso, um stent . Esses dispositivos são só o prenúncio. "O futuro está aí, só não sabemos a velocidade em que ele vai chegar", diz.
…………………..

Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação