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DESTAQUES
Cremego vai apurar condições de funcionamento do HDT
HDT reduz número de médicos
Perfil de atendimento no Credeq deve passar por alteração
Urgência do HDT perde médicos
Dia da Saúde Mental: Brasil lidera rankings de depressão e ansiedade
Acesso a novos tratamentos pelo SUS ainda é um obstáculo
Medicina de precisão favorece acesso às drogas, diz Inca
Médico que ganhou fama após cometer vários crimes vira servidor do Estado e começa a atuar em Araguaína
CREMEGO
Cremego vai apurar condições de funcionamento do HDT
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) vai apurar se está havendo a redução do quadro de médicos do pronto-socorro do Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) e se essa medida pode comprometer o trabalho dos profissionais da unidade, o exercício ético da medicina e a qualidade da assistência à população no local.
Nos próximos dias, o Cremego fará uma fiscalização no HDT para verificar se as normas para o funcionamento da unidade hospitalar estão sendo cumpridas, dentre elas a Resolução número 2.056/2013, do Conselho Federal de Medicina, que estabelece regras para a autorização e critérios mínimos de operação dos serviços médicos de qualquer natureza, vedando o funcionamento daqueles que não estejam de acordo com os mesmos.
O presidente do Cremego, Leonardo Mariano Reis, e diretores da instituição também deverão se reunir com o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e representantes dos médicos do HDT para avaliar as condições de atendimento no hospital.
O objetivo do Conselho é evitar a adoção de medidas que comprometam as condições de trabalho dos médicos, sobrecarregando os profissionais e afetando todo o atendimento à população, como já aconteceu em outras unidades da rede pública de saúde.
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O POPULAR
Urgência do HDT perde médicos
Gestão do hospital decidiu que vai colocar apenas um médico por plantão na urgência porque não haveria demanda suficiente para continuar com dois profissionais
O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia, está diminuindo a quantidade de médicos que atendem em seu pronto-socorro. A urgência da unidade deixará de ter dois profissionais por plantão para ter apenas um. Trabalhadores do hospital dizem temer que a qualidade do atendimento diminua após a mudança. Cinco médicos já foram demitidos no início da semana, de acordo com funcionários ouvidos pela reportagem. Segundo a gestão do HDT, o fluxo do hospital não justifica dois plantonistas.
A redução do pronto-socorro do hospital, que foi anunciada em uma reunião na noite da última segunda-feira (7), faz parte de um plano maior, batizado de "redimensionamento médico", que na prática é a redução de custos. As mudanças estão sendo aplicadas pelo novo diretor-geral da unidade, Roger Moreira. Ele assumiu o cargo em agosto deste ano, um mês depois que foi assinado um termo aditivo contratual que permite a gestão do HDT pela Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes (ISG) só até o final deste ano, quando deve ocorrer um novo processo seletivo. O IGS administra o HDT desde 2012.
O anúncio da diminuição da urgência causou revolta em profissionais do hospital, que se reuniram na última terça-feira (8) e decidiram cobrar uma mudança de posição da gestão do HDT. Um ofício assinado pelo diretor-clínico Pedro Mário de Rezende Filho defende que a diminuição do pronto-socorro vai contra resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM), que fiscaliza e normatiza a prática médica.
Uma resolução do CFM diz que a "sala de estabilização ou procedimentos avançados", conhecida como "reanimação" e que compõe o pronto-socorro, deve ter um médico exclusivo. Na reunião de segunda, um gestor do HDT defendeu que esta resolução é para um fluxo de 50 mil pacientes por ano e que no caso da urgência do Hospital de Doenças Tropicais são 7 mil anuais.
Para Rezende Filho, a diminuição da urgência do HDT pode prejudicar o atendimento e colocar o paciente em risco. Ele explica que o único plantonista do pronto-socorro vai ser responsável pela sala de reanimação e pela enfermaria ao mesmo tempo, não podendo se ausentar da primeira para atender a segunda. "O entender nosso é que mesmo que não tenha o fluxo desejado, esse fluxo é dinâmico. Ninguém sabe quando vai chegar vários pacientes ao mesmo tempo, que requer tempo e dedicação", explica o médico. Ele pontua, no entanto, que ele e o corpo clínico não são contra a gestão do hospital, mas sim contra esta medida específica.
Durante a reunião de segunda, um gestor do hospital defendeu que o objetivo da mudança é ter "o melhor atendimento com o menor custo possível". Também foi afirmado que o governo de Goiás paga por 750 atendimentos na urgência por mês no HDT, enquanto em hospitais maiores, como o Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) e o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), seriam pagos por 3.500 e 4.150 atendimentos respectivamente.
Além disso, a gestão do hospital avaliou que o custo do paciente do pronto-socorro do HDT seria acima da média goiana e nacional. Segundo apresentado na reunião, cada paciente do HDT custa R$ 1.800, enquanto a média do Estado é R$ 357 e no Brasil R$ 235.
Ainda na reunião, ao ser questionado sobre casos em que mais de um paciente está em estado grave, gestores do hospital defenderam que quando isso acontecesse, o paciente extra poderia ser atendido por um residente, médico em treinamento, ou por outro médico, de outra área do hospital, que seria remanejado. O diretor-clínico Pedro Mário de Rezende Filho defende que essa utilização de residentes também estaria contra resoluções do CFM. "Nós nunca sabemos quando vai ter um incêndio, mas o corpo de bombeiros não tem de estar em prontidão", indaga o profissional.
Procurado pela reportagem, o ISG informou que o desligamento ou substituição de colaboradores do HDT segue "critérios técnicos após rigorosa análise dos gestores imediatos". A OS também garante que a quantidade de funcionários do hospital é suficiente para toda a sua necessidade operacional e permite a qualidade da assistência prestada aos pacientes, além do cumprimento das metas pactuadas com o governo de Goiás.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), que disse que quem responderia às informações sobre o HDT seria apenas a OS responsável pela gestão do hospital.
Sindicato vai acionar Cremego
A presidente do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Franscine Leão Rodrigues Acar Pereira, deve se reunir com médicos do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) para verificar a demanda dos profissionais após a diminuição do pronto-socorro da unidade.
Após isso, ela deve pedir que o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) verifique como vai ficar a situação da urgência do HDT com apenas um médico por plantão. O órgão deverá avaliar a proporção de pacientes, a estrutura do hospital e a complexidade dos pacientes.
"Vamos solicitar um parecer do Cremego para defesa dos profissionais. Precisamos deste respaldo legal para não sair atropelando os processos. Se fizer de forma abrupta acaba cometendo erros e fica ruim para o sindicato", explica a médica.
Franscine já adianta que é preciso verificar, por exemplo, a quantidade de procedimentos que são feitos no pronto-socorro durante um plantão de 12 horas. Ela exemplifica hipoteticamente uma situação que seria problemática. "Se o médico está fazendo (um tipo de) intubação de um paciente na reanimação que dura 40 minutos, e chegam outros pacientes do mesmo perfil, da mesma gravidade, ao mesmo tempo, demanda um segundo plantonista."
A reportagem tentou entrar em contato com o presidente do Cremego, Leonardo Mariano Reis, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. Segundo, a assessoria do órgão, ele só poderá conceder entrevista nesta quinta-feira (10).
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Perfil de atendimento no Credeq deve passar por alteração
Estado prevê para novembro a realização de fórum técnico para discutir possível novo modelo de tratamento destinado a dependentes químicos
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) prevê para a segunda quinzena de novembro a realização de fórum técnico para discutir um novo perfil de atendimento para o Centro Estadual de Referência e Excelência em Dependência Química de Aparecida de Goiânia (Credeq Prof. Jamil Issy).
Conforme divulgado pela coluna GIRO, no último domingo (6), o contrato da SES com a Associação Comunidade Luz da Vida, que faz a gestão do Credeq, foi renovado por 180 dias, a partir de 31 de julho, com o intuito de que, neste intervalo de seis meses, seja discutido o novo modelo a ser adotado pela unidade. Posteriormente, a secretaria prevê a abertura de um processo de chamamento público para administração do centro de referência.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, o fórum técnico que a pasta pretende realizar em novembro irá reunir representantes de diversas entidades, como do Ministério da Saúde, do Conselho de Psicologia, do Ministério Público e das Secretarias de Estado de Desenvolvimento Social e de Segurança Pública. Ele cita que a ideia é realizar uma discussão ampla para que possam chegar a um perfil de unidade mais bem delineada e com melhor custo benefício.
Do jeito que está ele diz que além de um atendimento a número baixo de pessoas, o centro de referência entra em conflito com portarias do Ministério da Saúde. A reportagem pediu à secretaria geral da unidade informações sobre quantitativo de consultas ambulatoriais e internações realizadas pelo Credeq Prof.Jamil Issy desde que ele foi inaugurado, em 2016, mas não recebeu as respostas até o fechamento desta edição.
Custos
Segundo Alexandrino Júnior, nos moldes atuais, a unidade recebe R$ 200 mil por mês do Ministério da Saúde, e como hospital. Enquanto isso, o custo mensal da unidade é de R$ 2,381 milhões. Toda a diferença, de mais de R$ 2 milhões, é paga pelo Estado. Ele informa que esta discussão de novo perfil do Credeq prevê mudanças que contemplem uma política pública de saúde e também fontes de financiamento para ela.
O secretário diz que há necessidade da política do Estado conciliar o que já existe em termos de previsão legal para o tratamento de dependentes químicos. "Existe uma lei de internação compulsória, em contrapartida tem a lei antimanicomial. Precisamos chegar num ponto de equilíbrio em relação a isso."
Ele afirma que "esta discussão não deve ser feita por uma pessoa só e só pelo órgão de saúde". Acrescenta que política pública de saúde precisa ser dialogada com diversos entes públicos e da sociedade. "Se for decisão monocrática tem risco de não atingir a completude e complexidade do tema". O secretário ainda diz que o que se pretende é uma discussão sem bandeiras ideológicas e nem político-partidária.
Apesar da previsão de mudança no Credeq, ele afirma que a estrutura física deve ser semelhante à atual. Alexandrino Júnior diz, porém, que outros centros de referências no Estado com obras ainda não concluídas serão mantidos como estão hoje até a definição. "Porque se tiver que fazer adequação faz antes de finalizar a estrutura."
Segundo a SES, as obras dos Credeqs em Goianésia e Quirinópolis estão mais de 90% concluídas. Em Caldas Novas e Morrinhos, em torno de 50%.
Repensar atual política é necessário, afirma psicóloga
Presidente da Comissão de Saúde do Conselho Regional de Psicologia 9ª Região Goiás (CRP-09), a psicóloga Ana Lourdes Castro Schiazinato, que é membro da Comissão de Orientação e Fiscalização da entidade, diz que é preciso repensar a política para tratamento de dependentes químicos do Estado e fortalecer a rede de atenção psicossocial. "A nossa proposta é de cuidado em liberdade e a luta antimanicomial". Ela aponta que o Centro Estadual de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq) trabalha com proposta de internação, de abstinência. "E o que a gente percebe é que o Credeq vem em desencontro à proposta que veio com a reforma psiquiatra". Ela se refere à Lei 10.216/2001, que seria a de não internação, e à Portaria 3088/2011, que institui rede de atenção psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de drogas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). "Cuidado em liberdade, dentro de uma rede comunitária, essa é a proposta do conselho".
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DAQUI
HDT reduz número de médicos
O número de médicos que atendem no pronto-socorro do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia, está caindo. A urgência da unidade deixará de ter dois profissionais por plantão para ter apenas um.
Trabalhadores do hospital dizem temer que a qualidade do atendimento diminua após a mudança. Cinco médicos já foram demitidos nesta semana, de acordo com funcionários ouvidos pela reportagem. Segundo a gestão do HDT, o fluxo do hospital não justifica dois plantonistas.
A redução do pronto-socorro do hospital, que foi anunciada em uma reunião na noite da última segunda-feira, faz parte de um plano maior, batizado de "redimensionamento médico", que na prática é a redução de custos. As mudanças estão sendo aplicadas pelo novo diretor-geral da unidade, Roger Moreira. Ele assumiu o cargo em agosto deste ano, um mês depois que foi assinado um termo aditivo contratual que permite a gestão do HDT pela Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes (ISG) só até o final deste ano, quando deve ocorrer um novo processo seletivo. OIGS administra o HDT desde 2012.
REVOLTA
O anúncio da diminuição da urgência causou revolta em profissionais do hospital, que se reuniram na última terça-feira e decidiram cobrar uma mudança de posição da gestão do HDT. Um ofício assinado pelo diretor-clínico Pedro Mário de Rezende Filho defende que a diminuição do pronto-socorro vai contra resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM), que fiscaliza e normatiza a prática médica.
Para Rezende Filho, a diminuição da urgência do HDT pode prejudicar o atendimento e colocar o paciente em risco. "Ninguém sabe quando vai chegar vários pacientes ao mesmo tempo, que requer tempo e dedicação", explica o médico.
Gestão defende qual idade com custo menor
Durante a reunião de segunda-feira, um gestor do hospital defendeu que o objetivo da mudança é ter "o melhor atendimento com o menor custo possível". Também foi afirmado que o Governo de Goiás paga por 750 atendimentos na urgência por mês no HDT, enquanto em hospitais maiores, como o Hugo e o Hugol, seriam pagos por 3.500 e 4.150 atendimentos respectivamente.
Além disso, a gestão do hospital avaliou que o custo do paciente do pronto-socorro do HDT seria acima da média goiana.
O ISG informou que o desligamento ou substituição de colaboradores do HDT segue "critérios técnicos após rigorosa análise dos gestores imediatos". O governo estadual disse que quem responderia às informações sobre o HDT seria apenas a OS.
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PORTAL R7
Dia da Saúde Mental: Brasil lidera rankings de depressão e ansiedade
Nas Américas, país é o segundo com maior prevalência de indivíduos deprimidos; psiquiatra afirma que preconceito dificulta busca por tratamento
O Brasil tem números alarmantes de indivíduos com depressão e transtornos de ansiedade, o que, nesta quinta-feira (10), Dia Mundial da Saúde Mental, acende um alerta, principalmente se for considerado que os casos de suicídio têm subido no país.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que 5,8% dos brasileiros (cerca de 12 milhões de pessoas) sofrem de depressão. É a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.
Estima-se que entre 20% e 25% da população teve, tem ou terá depressão, sendo essa a doença psiquiátrica com maior prevalência no Brasil.
Em seguida, aparece a ansiedade, que afeta 9,3% dos brasileiros (cerca de 19,4 milhões), e faz com que o Brasil ocupe o primeiro lugar da lista de países mais ansiosos do mundo.
Os transtornos ansiosos incluem fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático e ataque de pânico.
O suicídio é a terceira principal causa externa de mortes no Brasil (atrás de acidentes e agressões), com 12,5 mil casos em 2017, segundo o Ministério da Saúde. Em relação ao ano anterior, o aumento foi de 16,8%.
Menosprezar doenças psiquiátricas e, consequentemente, o tratamento contribui para o aumento de casos de suicídio, observa o médico psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Apal (Associação Psiquiátrica da América Latina) e diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria.
"Depressão é uma doença como qualquer outra, como diabetes, hipertensão, pneumonia… portanto, pode acometer qualquer pessoa em qualquer idade."
Silva afirma que, apesar dos avanços da medicina e das terapias para tratar doenças psiquiátricas, "ainda existe muito preconceito".
"Ninguém fala para uma pessoa com câncer deixar a doença de lado, mas há quem fale isso para quem sofre de depressão, o que é um erro", completa.
O psiquiatra explica existem componentes genéticos ligados ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas, mas que também os fatores estressantes estão mais presentes na sociedade de hoje.
"Está se diagnosticando mais, e nós temos mais fatores que estão desencadeando mais quadros psiquiátricos naqueles que têm tendência genética."
Por outro lado, acrescenta, os tratamentos evoluíram consideravelmente nas últimas décadas.
"Hoje, a gente tem não só medicamentos, mas psicoterapias que têm uma melhor resposta do que há 50 anos atrás. […] Quando faz uma intervenção precoce, há chance de tratar e nunca mais ter [a doença] na vida", conclui Silva.
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O ESTADO DE S.PAULO
Acesso a novos tratamentos pelo SUS ainda é um obstáculo
Drogas mais modernas têm alto custo, e a maioria não está disponível no sistema público
Os tratamentos mais modernos para o câncer de mama metastático são cada vez mais eficazes, mas ainda há um importante obstáculo a ser superado: o acesso. A imunoterapia, por exemplo, pode trazer benefícios como alta eficácia e baixos efeitos colaterais; no entanto, uma única caixa de medicamento pode custar R$ 15 mil. Poucas das novas drogas são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelos planos de saúde. A dificuldade do acesso frequentemente leva pacientes a entrarem na Justiça para obtenção do tratamento. Esses foram os principais temas debatidos no Fórum Estadão Think Câncer de Mama Metastático, realizado no começo de outubro, em São Paulo.
A dificuldade de acesso ao uso das novas tecnologias, segundo Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora do Corpo Clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), é uma das razões para que o câncer de mama tenha ainda alta mortalidade no Brasil. "A maior parte dos médicos atua no SUS e no setor privado e, com isso, vivência situações muito díspares. Falta equidade." Ainda assim, o SUS possui recursos adequados para uma grande gama de tratamentos. Mas a desigualdade entre o sistema público e o privado está aumentando, segundo Luciana Holtz, presidente e diretora executiva do Instituto Oncoguia, uma ONG voltada para a informação e a qualidade de vida do paciente com câncer.
"Nós temos batalhado pela obtenção de um cenário mais sustentável e justo no acesso aos medicamentos, e temos acompanhado as mulheres em sua jornada pela busca de um tratamento", afirmou. Segundo ela, as pacientes que procuram o SUS também têm passado por problemas de acesso aos cuidados médicos, já que o sistema é heterogêneo e complexo. Isso aumenta o tempo entre o primeiro diagnóstico e o início dos tratamentos, com impactos negativos na chance de cura. Segundo ela, esse problema é especialmente grave para as pacientes com tumor de mamametastático. "Essas mulheres podem ter a doença em fase avançada já no primeiro diagnóstico, mas muitas vezes elas já passaram antes por um tratamento, tiveram alta, precisaram voltar a buscar novos cuidados médicos após a metástase e enfrentam todas as barreiras novamente", disse.
Para o oncologista Stephen Stefani, presidente da International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (Ispor) no Brasil, uma das origens do problema de acesso são as distorções no sistema. "Apenas 25% das pessoas no Brasil têm acesso a planos de saúde, mas 55% dos recursos no País são gastos com essa população", afirmou. Além disso, há novos tratamentos contra o câncer que podem custar até US$ 10 mil quando chegam ao mercado – e pesam no sistema, aumentando a distorção. "Qualquer incorporação de um novo medicamento, se não for feita com cuidado, pode aumentar o número de excluídos. Os recursos são limitados, e não podemos conceder qualquer tipo de desperdício."
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"Apenas 25% das pessoas no Brasil têm acesso a planos de saúde, mas 55% dos recursos no País são gastos com essa população"
Stephen Stefani, presidente da Ispor
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"A maior parte dos médicos atua no SUS e no setor privado e, com isso, vivenciamos situações muito díspares. Falta equidade"
Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora do Icesp
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Medicina de precisão favorece acesso às drogas, diz Inca
Instituto Nacional do Câncer tem recomendações específicas de acordo com tipo e subtipo da doença
A precisão da utilização dos novos medicamentos pode melhorar o acesso da sociedade a eles, de acordo com Susanne Crocamo, oncologista do Hospital do Câncer III, unidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca) dedicada ao câncer de mama. Ela diz que as novas drogas-alvo são um grande avanço no tratamento do câncer de mama metastático e não metastático, mas tão importante quanto o seu desenvolvimento é a identificação de quais pacientes responderão ao tratamento, em que momento ele deve ser instituído e por quanto tempo precisa ser realizado. "Além disso, os esforços devem continuar para ações que ajudem a reduzir a incidência de câncer e favoreçam o diagnóstico precoce, estratégias que vão dar chance de cura aos pacientes", declarou.
O Inca tem recomendações específicas para o tratamento do câncer de mama metastático, de acordo com tipo e subtipo da doença, condição clínica do paciente e sensibilidade terapêutica individual. Os novos medicamentos são extremamente específicos – cada um deles funciona com menos efeitos colaterais e mais eficiência, mas só pode ser aplicado de acordo com as características de cada tumor. De acordo com Susanne, isso torna ainda mais importante levar informação às mulheres sobre o câncer de mama e os tratamentos. As novas abordagens terapêuticas trazem perspectivas de grandes ganhos de sobrevida de acordo com a especificidade de cada tipo e subtipo de câncer de mama. "Por isso é importante, em eventos como o Outubro Rosa, que é de grande penetração na sociedade, que haja um espaço para esses esclarecimentos e desmistificações, não só da doença como dos novos tratamentos."
De acordo com as Diretrizes Diagnosticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama, do Inca, não há um consenso mundial sobre a melhor conduta terapêutica para pacientes com câncer de mama metastático, nem há definição de um tratamento específico. No entanto, existem conceitos definidos para a seleção da melhor estratégia terapêutica de acordo com cada situação. "Ela depende de vários fatores, que incluem as características do paciente e do tumor, a localização das metástases, a agressividade da doença, a resposta às terapias anteriores, o tempo desde a última exposição quimioterápica, os medicamentos usados no passado e as suas doses cumulativas", diz o documento.
Segundo o Inca, mesmo sem a perspectiva de cura, com o tratamento adequado, uma boa parte das pacientes consegue uma sobrevida prolongada. "A sobrevida mediana de uma paciente com doença metastática é de aproximadamente dois anos, mas pode variar, dependendo da localização da metástase, de poucos meses a muitos anos", diz o órgão do Ministério da Saúde, que é responsável pelo desenvolvimento das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil.
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PORTAL O NORTE
Médico que ganhou fama após cometer vários crimes vira servidor do Estado e começa a atuar em Araguaína
Um dos médicos cirugiões plásticos mais famosos do país tanto por seu trabalho quanto por sua ficha criminal, começou a atuar este mês no Hospital Regional de Araguaína (HRA).
Hosmany Ramos é servidor efetivo do Estado. De acordo com informações do Portal da Transparência, ele está lotado no Hospital de Referência de Dianópolis, região sudeste do Tocantins, com um salário de R$ 12, 2 mil reais. Mas segundo fonte do site ele agora atua no Hospital Regional de Araguaína (HRA).
Nossa reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde (SES), que em nota confirmou que o profissional está atendendo em Araguaína desde o início deste mês.
Segundo a pasta, cirurgião plástico foi removido para o HRA a partir do dia 1 de outubro, para atender as necessidades dos serviços da Unidade.
Conforme a nota, em Dianópolis, o profissional trabalhava como médico clínico com excelente desempenho e considerando as necessidades do HRA de ter cirurgião plástico para atender queimados, pacientes da Bariátrica, bucomaxilofacial para reconstrução de face e lábios leporino e ainda pacientes do câncer quando necessitam de reconstrução de mamas ou outros deformidades que requerem a especialidade da Cirurgia Plástica, o profissional que tem a especialidade e uma vasta experiência foi transferido para melhor atender o serviço.
"Ficha Criminal"
Hosmany Ramos também é destaque na UOL nesta quarta-feira (08). A oitava edição do Podcast "Ficha Criminal" da UOL que conta histórias de criminosos que tiveram grande repercussão nacional, escolheu contar a história do médico de 73 anos, que depois de 36 anos preso cumprindo pena por crimes como, sequestro, assassinato e tráfico de drogas, ganhou liberdade e retornou aos consultórios para retomar sua carreira de médico.
Ramos virou notícia na década de 1980 por uma série de crimes. A trajetória de Hosmany surpreende a todos que o conhecem. Assistente de Ivo Pitanguy, um dos maiores cirurgiões plásticos do mundo, ele foi condenado por tráfico internacional de drogas, sequestros, roubo de veículos e aviões, assassinatos e acusado de mais de dez tentativas de fuga durante o tempo em que esteve na prisão. Em setembro de 2016, obteve do Tribunal de Justiça de São Paulo o alvará de soltura.
A fama
Nascido na cidade de Jacinto, em Minas Gerais, em 1946, Osmane Ramos chegou ao Rio de Janeiro com 17 anos para estudar medicina. Formado pela Universidade Federal, ele logo começou a trabalhar na equipe de Pitanguy. Já com o nome de Hosmany, ele atendia uma clientela de personalidades importantes e chegou a integrar a Academia Brasileira de Cirurgia Plástica. Em 1981, porém, o rumo de sua vida mudou radicalmente. O cirurgião foi preso por roubo de carros e aviões, tráfico, sequestros e homicídios. Segundo a Promotoria de Justiça de Araçatuba, o assassinato de seu piloto Joel Avon foi considerado "queima de arquivo". "O acusado o eliminou para assegurar a impunidade dos crimes que vinha praticando, que eram de conhecimento da vítima", diz o documento do Ministério Público de São Paulo. Segundo o órgão, já preso, Hosmany também arquitetou o sequestro da filha de um juiz de Caçapava para obter sua soltura e de outros condenados. O médico foi condenado a 46 anos e 11 meses de prisão. Durante esse período, ele orquestrou muitas tentativas de fuga. Em 1996, deixou o Instituto Penal Agrícola de Bauru. Um mês depois, foi recapturado ao participar do sequestro do fazendeiro Ricardo Carvalho Rennó, em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais.
A fuga mais espetacular ocorreu em dezembro de 2008, quando convocou jornalistas para anunciar que não voltaria à cadeia após o indulto de Natal e Ano Novo como forma de protesto contra as más condições carcerárias brasileiras. Oito meses depois, seria preso na Islândia ao tentar entrar no país com o passaporte do irmão. Após a Suprema Corte islandesa autorizar a extradição, agentes da Polícia Federal foram buscá-lo na capital Reykjavík. Quando chegou ao Brasil, foi levado ao presídio de Junqueirópolis, interior paulista.
Em 29 de setembro de 2016, o Ministério Público de São Paulo questionou a liberdade plena de Hosmany, alegando a necessidade de um exame criminológico com o objetivo de verificar o perfil psicológico do cirurgião. Em maio, o Tribunal de Justiça concedeu decisão favorável ao médico, sob os argumentos de que já havia cumprido o tempo de pena referente aos crimes hediondos e aos crimes comuns. Além disso, segundo o órgão, Hosmany não registrou falha disciplinar nos últimos 12 meses de detenção.
Nova Chance
Assim que saiu da prisão, Hosmany passou quatro meses em Oslo, na Noruega. A viagem, paga pelo filho, empresário de 41 anos, tinha o propósito de afastá-lo dos holofotes mas foi também uma oportunidade para o médico cursar especializações em técnicas de cirurgia com laser e lipoaspirações. Em janeiro de 2017 ele voltou para o Brasil e desde setembro de 2017 vive em Palmas, capital do Tocantins, com sua mãe onde se divide na rotina literária, atividades físicas e atendimentos médicos.
Na capital tocantinense, Hosmany Ramos atende pacientes interessados em abdominoplastia, aplicação de silicone e lipoaspiração. Os valores cobrados pelos procedimentos variam de R$ 8 mil a R$ 15 mil. Além disso, o médico é servidor do Estado. Em entrevista à revista ISTO É em 2017 , ele contou que também viaja pelo menos uma vez por mês para São Paulo para atender pacientes em uma clínica localizada na Avenida Brasil, um dos endereços mais nobres da capital paulistana onde se dedica a procedimentos de implantes de cabelo – o custo pode chegar a até R$ 100 mil para a aplicação de mil fios.
Além de voltar à medicina, Hosmany tem se dedicado às atividades literárias. Ainda nos anos de prisão ele começou a escrever sua autobiografia e também tentou ingressar na política em 2018 quando candidatou-se ao cargo de deputado federal em São Paulo tendo como principais bandeiras mudanças no sistema político, judiciário e carcerário, porém teve sua candidatura idenferida.
Católico, em entrevista à ISTO É , o médico disse também estar arrependido dos crimes que cometeu. Na corrida pela nova vida, Hosmany afirma ter revalidado o registro profissional médico para exercer a profissão. De acordo com os Conselhos Regionais de Medicina de Tocantins e do Rio de Janeiro, o registro do médico está ativo e regular. Já o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo indeferiu o pedido de revalidação e pediu que ele apresente documentos para esclarecer suas acusações e penas recebidas pela Justiça. O Cremesp afirma também que ele não teve nenhuma condenação no âmbito criminal relacionada ao exercício da medicina.
Nos momentos em que não está com pacientes, Hosmany gosta de ler, ouvir música, tocar violão e piano e pintar quadros. " Sou um cidadão livre, não devo nada à Justiça ", disse o médico na entrevista.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação