Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17/06/20 Final

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Efeito colateral

SAÚDE Rotina desregrada na quarentena prejudica o bom funcionamento do intestino e pode trazer consequências graves ao organismo
Dores abdominais, idas excessivas ao banheiro – ou falta delas – e dificuldade para dormir. Não está nada fácil a quarentena, né, minha filha? A mudança de rotina por conta do novo coronavírus desequilibrou hábitos e afetou diretamente o bom funcionamento do intestino e o deixou preguiçoso nesse período. Ausência de atividades físicas, má alimentação e excessos, descuidos cada vez mais comuns em tempos de pandemia, são os principais vilões desse momento e interferem na saúde do corpo. Reconhecer os sinais do problema com rapidez é essencial para um diagnóstico assertivo que propicie o início imediato do tratamento.
A quarentena forçou a humanidade a um isolamento social e um confinamento impositivo que levou as pessoas ao estresse, o que afeta a atividade intestinal e provoca alterações no corpo. Muita gente não sabe, mas 90% da produção de serotonina – responsável pelo sentimento de bem-estar – são fabricados no intestino. "A soma de problemas emocionais causou uma desregulação alimentar, com aumento de consumo de gorduras e excesso de bebidas alcoólicas e sedentarismo. Esses fatores acertaram em cheio na fisiologia intestinal", comenta o proctologista José Eduardo Mekdessi.
Os primeiros sinais de que as coisas não andam bem são dores de estômago frequentes, sensação de estufamento com o acúmulo de gases, refluxo, má digestão, diarreia, constipação e a presença de muco ou sangue nas fezes. "Nesse período em que as pessoas estão mais dentro de casa, elas têm mais retenção gasosa, ou seja, mais distensão abdominal, o que pode levar a problemas de prisão de ventre, elevando o quadro de ansiedade e de irritação", ressalta o especialista. Para funcionar bem, a atividade intestinal precisa de exercício físico, muito líquido e uma alimentação rica em fibras.
É também importante ficar de olho na quantidade de vezes que se vai ao banheiro. Uma pessoa deve evacuar pelo menos uma vez ao dia ou até três vezes por semana. Acima disso e abaixo de duas vezes, por exemplo, é sinal de alerta. Além disso, não se deve fazer força ou sofrer nem ficar no banheiro por muito tempo esperando o número 2. "Isso acaba facilitando o aparecimento de hemorroidas, provoca flacidez perineal, pode causar prolapso retal e fissuras anais", afirma a proctologista Geanna Resende. A constipação afeta mais de 20% da população mundial, e é mais comum nas mulheres e nos idosos.
Cérebro
O intestino é considerado pela ciência o segundo cérebro porque ele tem autonomia na tomada de decisões, ou seja, pode funcionar sozinho e também vai muito além do processamento de alimentos. Ele faz o estômago produzir ácidos estomacais quando se começa a mastigar, decide quando a comida está digerida o bastante e diz para os músculos intestinais se moverem. Apenas no fim do caminho, na hora de evacuar, é que o cérebro retoma o controle. O intestino contém mais de 70% das células de defesa do corpo, 500 espécies de bactérias e 100 trilhões de micro-organismos.
"As principais funções desse exército, conhecido como flora intestinal, são a produção das enzimas digestivas, absorção de nutrientes e participação ativa no sistema imunológico", ressalta Geanna Resende. "Não se assuste porque nem todas as bactérias são más. A maioria, na verdade, é necessária para nossa sobrevivência", complementa. O intestino é dividido em duas partes principais: delgado e grosso. Na primeira, ocorre a digestão e a absorção das substâncias nutritivas. O segundo é onde termina o processo digestivo. Completam o sistema digestório a boca, a faringe, o esôfago, o estômago e o ânus.
Pesquisas recentes indicam que quem tem algum problema intestinal é mais vulnerável a doenças comuns, como uma gripe. Já quando ocorrem alterações significativas, surgem doenças inflamatórias, como artrite reumatoide, além do desenvolvimento de distúrbios comportamentais, caso da depressão. "Uma constipação intestinal, por exemplo, pode desencadear uma crise de diverticulite aguda com necessidade de tratamento emergencial. Já os refluxos persistentes podem levar, inclusive, à pneumonia e as fezes endurecidas a crises de trombose nas hemorroidas", afirma Geanna Resende.
O segredo da saúde
Quer um intestino saudável? Então, não descuide da alimentação e faça alguma atividade física diariamente. A pandemia desregulou hábitos, muita gente está dormindo mais, está pulando refeições, pede mais comida, reduz o consumo de vegetais e frutas e é o sistema intestinal que sofre com essas alterações. "O consumo de carboidratos refinados, como pães e bolos, comidas prontas com temperos ricos em corantes, aliado à baixa ingestão de salada crua, deixa o intestino preguiçoso", afirma a nutricionista Karla Escoda.
A especialista alerta ainda para o cuidado com lácteos, principalmente o queijo, que pode prender mais o intestino. Outras dicas são reduzir o consumo de carne vermelha a 300 gramas por semana e evitar comer à noite para não atrapalhar o sono e a digestão e procure consumir alimentos in natura ao invés de ultraprocessados que alteram a função intestinal, desencadeando diarreia, obstipação, doenças metabólicas (como diabetes) e o aumento do colesterol. Karla Escoda sugere à mesa muita alface, abóbora moranga, brócolis, repolho, banana, cenoura, berinjela, beterraba, tomate, abacate, couve, espinafre, laranja, morango, feijão, castanhas e mamão.
"Pelo menos 60 a 80% da base da nossa alimentação devem ser compostas por vegetais, frutas, leguminosas (feijões, lentilha, grão de bico) e oleaginosas (castanhas, sementes, amêndoas), pois são alimentos ricos em fibras, proteínas, compostos bioativos e nutrientes. Mas não se esqueça do consumo adequado de água: são em média 25 a 35 ml de água por quilo do seu peso", lembra a nutricionista. A sugestão para o café da manhã é um pão de fermentação natural com creme feito de sementes de gergelim ou pasta de amendoim. Outras opções são ovos mexidos ou tofu mexido com açafrão e suco verde.
No almoço, a especialista sugere uma salada crua variada e bem colorida, depois divida o prato em três. A primeira parte pode ser composta por cereais ou tubérculos (arroz, mandioca, inhame, abóbora, quinoa); na outra, proteínas (feijão, grão de bico, lentilha, carnes brancas) e finalize com vegetais variados e verde-escuros (abobrinha, cenoura, vagem, couve-flor, brócolis, espinafre). "Tempere a refeição com limão ou consuma uma fruta como laranja ou tangerina ao invés de suco ou refrigerante. O consumo de alimentos probióticos como kefir ou kombucha são benéficos ao nosso intestino e contribuem para nossa saúde", complementa Karla.
Erros
No período da quarentena, os erros alimentares têm sido recorrentes, com aumento do consumo de doces, gorduras e guloseimas por meio de produtos com baixo valor nutricional e com apego emocional. A constatação é do nutrólogo Paulo Marcelo de Carvalho. "Não é fome, é emoção. As pessoas estão mais ansiosas e têm comido não somente pelas suas necessidades. Com a piora do valor nutricional em nossa mesa, um dos órgãos que sofre com os maus hábitos é o intestino. O órgão está conectado a várias queixas como alergias, quadros de baixa imunidade e sintomas de melancolia", comenta o especialista.
Na pandemia, é também importante, segundo o nutrólogo, evitar dietas milagrosas. "Não parece de bom senso precipitar uma instabilidade imunológica bem quando precisamos estar protegidos. Casos de candidíase, viroses, infecções urinárias e amigdalites são comuns em receitas restritivas ao extremo. Olhar para a nossa alimentação e construir valor, buscando melhorar a saúde, está ligado ao que escolhemos, à quantidade que usamos dos produtos de qualidade que devem ser ingeridos em horários corretos. Nossos hábitos podem nos ajudar a blindar muitas doenças e evitar outras", conta.
Não se pode esquecer de uma atividade física regular. Segundo o fisioterapeuta Thiago Vilela Lemos, as pessoas pararam de praticar alguma atividade física nesse período de pandemia, o que interfere na qualidade do sono, na alimentação e na melhora de imunidade. "Utilize sua casa para não ficar parado. Atenda ao celular caminhando, suba e desça a escada, faça da cadeira peso e faça alternância de posição quando estiver sentado. Fica parado quem quer. Estão disponíveis on-line aulas de ioga, pilates e treinos de academia", ressalta o especialista.
Emocional em dia
Medo, ansiedade e estresse. O resultado do excesso de preocupação em tempos de coronavírus reflete no funcionamento do corpo, caso do intestino. Manter a saúde da mente tornou-se uma tarefa difícil. "As incertezas econômicas, quadro político instável, o trabalho, ou a falta dele, somado com um vírus mortal se aproximando a passos largos, têm provocado crises agudas de ansiedade e quadros depressivos graves, o que causa um desequilíbrio no organismo. Afeta diretamente nossa alimentação com compulsão alimentar, o que pode provocar anorexia ou bulimia", afirma o psicólogo Fernando Gobbato.
Especialistas afirmam que para minimizar os efeitos emocionais nesse momento é fundamental criar uma rotina e permanecer ativo fazendo atividades, estabelecendo horários para cumprimento de tarefas e criando pequenas metas diárias. "Tem sido desafiador encontrar qualidade em meio a tanta instabilidade e insegurança. Pode ser que o rendimento não seja o mesmo de antes, mas o mínimo de organização e de planejamento ajudarão você a colocar em ordem algumas coisas que parecem bagunçadas em seu pensamento", ressalta a psicóloga Taís Pereira Dantas.
Além disso, Taís Dantas lembra que é fundamental negociar dentro da rotina momentos para executar atividades prazerosas, como leitura, meditação, assistir filmes, séries, ouvir músicas ou até mesmo se aventurar na cozinha no preparo de algum prato especial. "O mais importante dessas tarefas é perceber que não precisamos viver apenas de momentos tensos e dispendiosos", comenta. Também não deixe de lado o contato social. "O isolamento físico é inevitável, mas as possibilidades de conexão com as pessoas que amamos são diversas. Todos nós estamos nessa mesma condição, mas precisamos dos outros para construir uma rede de apoio, compartilhar experiências, sensações e pedir ajuda", complementa.
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Comércio tem pior abril em duas décadas

O volume médio de vendas no varejo em Goiás caiu 15,8% em relação a março e foi 19,6% menor que em igual período de 2019
O comércio em Goiás teve em abril o pior resultado em vinte anos. O volume médio de vendas no varejo caiu 15,8% em relação a março e foi 19,6% menor que em abril de 2019. Mas no caso do segmento de tecidos, vestuário e calçados, a redução chegou a 80,3% na comparação com abril do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo IBGE.
Proprietária de uma loja de roupas há dez anos em Goiânia, a empresária Luciana Roque diz que nunca tinha visto uma crise como essa. Depois de 40 dias com as portas fechadas, ela conta que suas vendas caíram entre 60% e 70% em relação aos meses normais. Os clientes alegam que não estão comprando porque não têm mais vida social e não têm onde usar roupas novas. "Não é nem falta de dinheiro. Eles dizem que estão o dia todo só de pijama, pois tudo está fechado e não há razão para comprar roupas agora", conta. O resultado, segundo Luciana, tem sido muita dificuldade para pagar funcionários, aluguel e repor o estoque da loja. "Só vai melhorar quanto liberarem o funcionamento das opções de lazer, como festas, shows e restaurantes", prevê a empresária.
No varejo ampliado, que também inclui as vendas de veículos, motos e materiais de construção, em abril o recuo nas vendas foi de 24,1% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que a queda não foi tão acentuada em março porque o isolamento social começou apenas no dia 19. Já em abril, as lojas ficaram fechadas durante todo o mês, por conta do decreto estadual com medidas para deter a propagação do novo coronavírus. "Até que o Supremo Tribunal Federal (STF) permitisse que o fechamento pudesse ser decretado também pelos municípios, todos seguiram o decreto estadual."
Para Edson, o fechamento das lojas de shoppings e da Região da 44 tem exercido uma forte pressão negativa sobre o desempenho das vendas no comércio varejista de vestuário e calçados. O fechamento das grandes redes de móveis e eletrodomésticos também pesou na queda de 32% nas vendas deste segmento, pois elas continuaram vendendo apenas de forma online. Com o isolamento social e poucos carros nas ruas, as vendas de combustíveis e lubrificantes caíram 22%.
Além da proibição da abertura, o comércio foi impactado pelo aumento do desemprego e a queda na renda dos trabalhadores. "Cerca de 40% da mão de obra hoje é informal. Boa parte dessas pessoas perdeu seu sustento imediatamente e passou a depender do auxílio emergencial de R$ 600", ressalta o superintendente do IBGE. Com isso, a população passou a priorizar os gastos essenciais, principalmente com alimentação. O resultado foi que, ao contrário de todos os demais segmentos, as vendas nos supermercados e hipermercados cresceram 8,7% em abril.
As vendas recuaram em todos os Estados, com uma média nacional de 16,8% na comparação com março. Edson lembra que a pandemia chegou num momento em que a economia brasileira tentava se recuperar, lentamente, da forte crise de 2015 e 2016. "O pequeno crescimento registrado nos últimos anos não havia sido suficiente para recuperar as perdas acumuladas nos anos anteriores."
Ele alerta que a maior preocupação atual deve ser com a recuperação das micro, pequenas e médias empresas, que não estão conseguindo acessar as linhas emergenciais anunciadas pelos governos. "Por isso, neste momento é fundamental o papel do Estado. Para haver uma retomada, as empresas precisarão estar de pé. Se elas quebrarem, teremos uma concentração de mercado que não é boa para o consumidor", adverte.
Sobrevivência "no oxigênio"
Há três meses com as portas de sua loja fechadas, a empresária Bruna Melo faz somente vendas online. Como a loja fica em galeria, ela ainda não pode abrir e conta que está conseguindo vender apenas 30% da média normal, mesmo fazendo promoções. A saída foi negociar uma redução de 50% no valor do aluguel do ponto. "Estamos apenas sobrevivendo hoje, no oxigênio", garante.
Para o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, os números do varejo são reflexo do prolongamento das medidas de isolamento social para muitos segmentos. Ele acredita que as medidas deveriam considerar as características de cada cidade em relação aos casos da doença. "Não há um plano de retorno. É como se o isolamento fosse a única solução", ressalta.
Marcelo acredita que boa parte do comércio e do turismo estão pagando a maior conta pelas medidas de isolamento, pois já estão há 90 dias sem funcionar. Segundo ele, a previsão é que cerca de 10% das empresas do comércio não consigam mais voltar. No caso dos bares e restaurantes, este porcentual pode chegar a 30%. "Em shoppings e galerias, muitas lojas já estão desocupando seus espaços." Sua avaliação é de que o efeito mais negativo seja o desemprego. "O saldo negativo de empregos deve fechar o ano em 50 mil ou 60 mil vagas."
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação