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DESTAQUES
Prefeitos goianos se animam com eficácia da vacina contra a Covid-19
Caiado exonera assessor Paulo Daher após ação que pede cassação de Maguito Vilela
Butantan anuncia que CoronaVac tem 100% de proteção contra casos graves de Covid
‘A gente lamenta, mas a vida continua’, diz Bolsonaro sobre 200 mil mortes por Covid-19
‘O Brasil é dos únicos países que conseguem em um único dia vacinar 10 milhões’, diz ex-ministro da Saúde
UTIs rumo ao colapso
O abuso da recomposição dos preços dos planos de saúde na pandemia
Butantã diz que Coronavac tem 78% de eficácia; Saúde pede 100 milhões de doses
Expansão da telemedicina será inevitável com novas tecnologias para exames
Pfizer ainda aguarda decisão do governo para o fornecimento de vacinas
Presidente assina decreto reabrindo crédito para compra de vacinas
CoronaVac: eficácia da vacina não é ‘salvo-conduto para achar que problema está resolvido’, alerta médico
Governo prorroga por seis meses o estado de emergência na saúde pública em Goiás
Quantidade de vacinas que virão para Goiás deve ser definida nesta sexta-feira, 8
Mais de 314 mil casos de Covid-19 são registrados em Goiás e os números não param de subir
TV ANHANGUERA
Prefeitos goianos se animam com eficácia da vacina contra a Covid-19
https://globoplay.globo.com/v/9161378/
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Caiado exonera assessor Paulo Daher após ação que pede cassação de Maguito Vilela
https://globoplay.globo.com/v/9161377/?s=0s
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O GLOBO
Butantan anuncia que CoronaVac tem 100% de proteção contra casos graves de Covid
Resultados apresentados nesta quinta (7) mostram ainda que 78% dos voluntários que tomaram a vacina e contraíram a doença tiveram casos leves e não precisaram sequer de atendimento hospitalar. Dados agora serão entregues à Anvisa nesta sexta (8).
Nesta quinta-feira (7), em que as famílias enlutadas pela pandemia passaram de 200 mil, o Instituto Butantan anunciou que, entre os voluntários vacinados com a CoronaVac, não houve nenhum caso grave e 78% deles não precisaram de atendimento médico.
Foi o próprio governador João Dória quem, logo no começo da entrevista coletiva, anunciou: ‘Hoje é um dia muito importante para o Brasil, para os brasileiros, para a vida e para a saúde. A vacina do Instituto Butantan tem eficácia de 78 a 100% contra a Covid-19, apontam os estudos no Brasil. As pessoas que foram imunizadas com a vacina do Instituto Butantan terão entre 78% a 100% menos possibilidade de desenvolverem a Covid-19 do que uma pessoa que não receber o imunizante’.
Logo depois, algumas das informações sobre o estudo de fase 3 da CoronaVac, aplicada em 12.476 voluntários do setor de saúde, foram mostradas em um telão. Segundo os dados, nenhum dos vacinados desenvolveu casos graves de Covid, também não houve casos classificados como moderados, e 100% dos voluntários infectados não precisaram de internação hospitalar. 78% não precisaram sequer de atendimento hospitalar – e a redução dos casos leves entre quem tomou a vacina foi de 78%.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, detalhou esses dados em projeções: ‘Nenhum dos voluntários que receberam a vacina foram internados. 100% de eficácia nesse sentido. Ou seja, nesse momento a pessoa pode até se infectar. O que nós queremos é que essa pessoa não progrida com a doença , que essa doença não fique mais grave e que a pessoa tenha que ir para o hospital e ser internada. Então aqui estão os resultados, já mostrando a importância dessa vacina nesse momento. Com relação a atendimento ambulatorial – quer dizer, a pessoa tem a infecção, tem um sintoma, esse sintoma tem uma importância que precisar procurar um médico -, das pessoas vacinas, 78% não precisaram. Não precisaram procurar o recurso médico’.
Durante a coletiva, o diretor do Instituto Butantan informou que as informações completas sobre o estudo de fase 3 integram o pedido de uso emergencial para a CoronaVac e serão entregues à Anvisa. Essas informações não foram divulgadas na entrevista. Segundo os especialistas, são elas que vão revelar a chamada taxa de eficácia na forma técnica, como já divulgada por outros laboratórios.
‘O que eles apresentaram são o que a gente chama de desfechos secundários do estudo. Ou seja, prevenção de casos moderados, prevenção de casos mais graves, hospitalização. E é ótimo que a vacina faça isso. Porque, na verdade, se prevenir os casos graves e se não houver mortes, já está ótimo. Mas a gente também precisa saber a eficácia da vacina, até mesmo para planejar a estratégia de vacinação”, afirma Denise Garrett, vice-presidente de epidemiologia do Sabin Vaccine Institute.
A taxa de eficácia na forma técnica, segundo os cientistas, é obtida por meio do seguinte cálculo: entre os voluntários é preciso contar quantos dos infectados pelo coronavírus estavam no grupo dos vacinados e quantos estavam no grupo que tomou o placebo, um soro sem efeito. É dessa proporção que sai a taxa de eficácia, o que os cientistas chamam de desfechos primários. Quanto mais alta a taxa, menor o número de pessoas que precisam ser vacinadas para conter uma pandemia.
“O desfecho primário é aquela resposta primária, é a resposta de eficácia quanto à infecção. Ou seja, o percentual das pessoas vacinadas que ficou resistente à infecção”, explica Flavio Guimarães da Fonseca, virologista da UFMG.
O diretor do Butantan informou alguns dados sobre os voluntários contaminados e afirmou que os demais dados vão ser apresentados: “Foi em torno de 200, 218, e o número exato é 160 e alguma coisa no placebo e 60 e pouco, menos de 60, no grupo vacinado. E aí tem todas as especificações que eu mencionei que vão ser ofertadas para a documentação”.
Cientistas ouvidos pelo Jornal Nacional dizem que, com base nesses dados, a taxa de eficácia da vacina do Butantan, incluindo todos os dados, deve ficar acima do mínimo estabelecido pela OMS para combater uma pandemia, que é de 50%.
‘Esse percentual de eficácia está acima dos 50%, 50 a 60%, que tanto a Organização Mundial da Saúde como outros órgãos internacionais, como o FDA americano, por exemplo, colocaram como limite inferior mínimo, que era de 50 a 60% de proteção para considerar uma vacina aprovada para uso emergencial ou para uso depois da aprovação emergencial. Nós não teremos apenas uma vacina. Nenhuma empresa, nenhum laboratório, vai ter condição de fornecer vacina para o mundo inteiro, uma demanda global para todos os países. Então, a demanda é muito maior do que a oferta possível. Nós sabemos que haverá uma conjugação, nós vamos ter que ter uma conjugação de diferentes vacinas para diferentes grupos’, diz o virologista Flávio Guimarães Fonseca.
No fim da tarde, em entrevista à GloboNews, o governador João Doria disse que vai fazer, nesta sexta-feira (8), o pedido de vacinação emergencial à Anvisa: “Amanhã, pela manhã, às 9h, o Instituto Butantan estará fazendo o registro emergencial para a aprovação da vacina junto à Anvisa. E eu tenho certeza que a Anvisa, dadas às circunstâncias de um país que já tem 200 mil mortes, infelizmente, tristemente registradas pela Covid-19, saberá agir de forma rápida e eficiente, sem perder a base da ciência, para aprovar rapidamente essa vacina, que é a vacina do Butantan”.
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‘A gente lamenta, mas a vida continua’, diz Bolsonaro sobre 200 mil mortes por Covid-19
Presidente diz que nem todos morreram de Covid-19, mas com Covid-19; e defende aquisição de vacinas pela rede privada
Gustavo Maia e André de Souza
BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro lamentou a marca de 200 mil mortos por Covid-19 no Brasil, alcançada nesta quinta-feira, mas voltou a minimizar os números e disse que “a vida continua”. Ele sugeriu que nem todos morreram em decorrência da doença. Segundo Bolsonaro, há mortes de Covid-19, e mortes com Covid-19, ou seja, pessoas que tinham o vírus, mas que faleceram em razão de outro motivo.
– A gente espera voltar à normalidade o mais rapidamente possível. No mais, a vida continua. Lamento as 200 mil mortes. Muitas dessas mortes com Covid, outras de Covid. Não temos uma linha de corte no tocante a isso daí. Mas a vida continua. A gente lamenta profundamente. Eu estou preocupado com minha mãe que tem 93 anos de idade. Se contrair o vírus, vai ter dificuldade pela sua idade. Mas temos que enfrentar isso aí – disse Bolsonaro em transmissão ao vivo na internet, acompanhado do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
O presidente criticou medidas que paralisem a economia:
– Não adianta apenas continuar, como alguns querem continuar, aquela velha história de fique em casa que a economia a gente vê depois. Isso não vai dar certo. Vai ser um caos no Brasil. Pode nos levar a condições mais dramáticas ainda do que as consequências do vírus. Não podemos virar um país de pobres, de desempregados, sem PIB, um país endividado.
Vacinas na rede privada
Questionado sobre a possibilidade de que laboratórios privados também ofereçam vacina contra a Covid-19, Bolsonaro disse que o governo “não vai criar problema”, mas destacou que o imunizante precisa ser aprovado pela Anvisa. Pazuello, por sua vez, disse que a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser atendida primeiro pelo Ministério da Saúde, mas que a iniciativa privada poderá importar principalmente vacinas de laboratórios estrangeiros.
– Eu acho que [a rede privada] deve comprar, mas lembro que, pelo outro lado, nós temos que ter muita capacidade de suprir o Sistema Único de Saúde e deixar a nossa população completamente com as vacinas disponíveis o mais rápido possível. São duas linhas – comentou Pazuello.
Quando o presidente aventou o caso hipotético de o ministério oferecer vacinas de três laboratórios e a iniciativa privada ter interesse em comprar de outro, o ministro disse não ver “problema nenhum”. E Bolsonaro ratificou:
– Então a gente não vai criar problema no tocante a isso daí. Quem quiser… Se uma empresa quiser comprar lá fora a vacina e vender aqui, quem tiver recursos vai tomar vacina lá. Agora nós vamos oferecer de forma universal, e da nossa parte não obrigatória – declarou.
Novamente indagado sobre o papel da rede privada, em especial com relação à vacina da Pfizer, que exige condições especiais de armazenagem, Pazuello reforçou que o governo está no caminho para suprir todas as demandas do SUS e atender a população brasileira. E acrescentou:
– A gente necessita também que a iniciativa privada adquira as vacinas diretamente dos laboratórios internacionais, ou o excedente do produzido no Brasil, e disponibilize na rede privada também. Claro que as condicionantes logísticas precisam ser trabalhadas.
Nem contra, nem a favor das vacinas
Pazuello disse que o plano do Ministério da Saúde é vacinar 50% da população alvo até junho, e os outros 50% até dezembro, com uma margem de mais quatro meses se necessário. O presidente afirmou que é uma irresponsabilidade obrigar alguém a tomar vacina e disse que não está fazendo campanha nem a favor nem contra a vacina.
– Não estou fazendo campanha contra a vacina, nem a favor. Isso é uma questão de conscientização. Alguns acham que deve fazer uma campanha massiva de vacinação. A campanha de esclarecimento, e você na ponta decide se vai tomar a vacina ou não – disse Bolsonaro.
Pazuello defendeu a necessidade de a pessoa vacinada com um produto que obteve autorização emergencial, e não definitiva, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), declarar que está consciente dos riscos. Bolsonaro chegou a dizer que a responsabilidade seria a pessoa vacinada, mas Pazuello o corrigiu.
– Não pode querer aplicar a vacina em um ser humano presumindo que ela compreenda. Ela tem que declarar que compreende, os risos que pode estar correndo. Isso está previsto na documentação da Anvisa, e está previsto na nossa Constituição – disse Pazuello.
– Seria um termo de responsabilidade? – indagou Bolsonaro
– Não é um termo de responsabilidade, é de compreensão – esclareceu o ministro.
– Então não tem o termo de responsabilidade. Não tem que assinar nada. Mas quem for aplicar vai falar para aquela pessoa: seu João, dona Maria, o problema que pode acontecer, nós não nos responsabilizamos, vai correr esse risco? – disse Bolsonaro.
Pazuello então se viu obrigado a fazer uma correção:
– Preciso ajudar o senhor numa posição que é muita técnica, preciso colocar para não ficar a ideia atravessada. No momento em que nós, governo federal, comprarmos o imunizante, distribuirmos pelo PNI [Programa Nacional de Imunizações] e aplicarmos por meio de SUS, há um grau de responsabilidade nossa. Isso é intransferível. Por isso a Anvisa tem que fazer seu trabalho anterior, e tem que declarar a segurança e eficácia daquele trabalho. Quando a Anvisa não tem essa possibilidade de fazer o registro e autoriza o uso emergencial, aí sim temos que entrar com esclarecimento claro e, segundo os manuais da Anvisa, as pessoas se declaram conscientes. Em momento algum tentamos passar essa responsabilidade para a pessoa, ou nos eximir dessa responsabilidade.
Ataques à imprensa
Tanto Bolsonaro como Pazuello reclamaram da imprensa, dizendo que “boa parte” dela prega a desinformação sobre o tema. O presidente rechaçou o rótulo de genocida pelo trabalho de enfrentamento à pandemia e citou como exemplo o auxílio emergencial, com gastos de R$ 292 bilhões que ajudou a aquecer a economia.
– Quando vocês [imprensa] pregam mentira, pessoas morrem. Quando vocês tocam o terror, levam pânico, fecham o comércio, leva ao desemprego. E uma pessoa desempregada é levada à morte por outra causas também, depressão, suicídio, se alimenta mal – disse o presidente.
– Somos seres humanos normais, temos as nossas digamos, fraquezas, e nossos pontos fortes, mas estamos focados no trabalho, na solução. A gente realmente às vezes se choca com a desinformação, com a forma como as coisas são distorcidas. Quando a gente fala disso, de uma pandemia, com desinformação, com intenção ou não de ser feita, causa consequências trágicas na população, medo, angústia, incerteza sobre o que está acontecendo no dia a dia – afirmou o ministro da Saúde.
Bolsonaro também voltou a defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina, dizendo que elas não vão fazer mal. Há estudos, porém, mostrando que esses remédios podem afetar o coração.
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‘O Brasil é dos únicos países que conseguem em um único dia vacinar 10 milhões’, diz ex-ministro da Saúde
Sanitarista José Gomes Temporão destaca papel do SUS para impedir uma situação ainda mais grave e diz que sociedade deve lutar por campanha de vacinação abrangente
Paula Ferreira
BRASÍLIA – A esperança para se responder com eficiência à pandemia vem do Sistema Único de Saúde (SUS) e da ciência brasileira, impulsionada por instituições centenárias como a Fiocruz e o Instituto Butantan. A opinião é do ex-ministro da Saúde do governo Lula, o sanitarista José Gomes Temporão. À frente da pasta durante a pandemia de H1N1, em 2009, ele frisa que a saúde pública brasileira vem evitando uma catástrofe ainda maior no país.
Faça o teste: Qual é o seu lugar na fila da vacina?
A saída da crise, ele diz, depende de o governo federal “deixar os servidores da Saúde trabalharem”. Temporão critica a falta de conhecimento do ministro Eduardo Pazuello, e afirma que, diante da falta de comando no Ministério da Saúde, criou-se uma ‘autoridade sanitária informal’, constituída por especialistas e gestores de outras esferas, para dar conta da emergência sanitária.
– Se o governo federal finalmente chamar os sanitaristas, epidemiólogos, os técnicos e cientistas do Programa Nacional de Imunização (PNI) e entregar a eles a condução e a coordenação do esforço de vacinação, nós teremos sucesso. É um momento crítico, porque temos até agora praticamente 20 milhões de pessoas vacinadas no mundo e, no Brasil nenhuma.
O país tem 200 mil mortos e especialistas criticam as estratégias do Ministério da Saúde. O que tem evitado um cenário ainda pior?
A saúde pública do Brasil é muito respeitada, inclusive internacionalmente. Havia expectativa de que enfrentássemos a situação poupando o maior número de vidas possível. Mas, infelizmente, uma série de obstáculos e opções nos levaram a essa situação dramática de 200 mil mortes. O SUS, de um lado, tem uma fragilidade por conta dos últimos dez anos, de redução de políticas, estratégias e financiamento. Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 95 pelo Congresso, em 2016, houve uma redução real dos gastos federais. A pandemia, então, encontra o sistema numa situação de fragilidade, de desfinanciamento. Mas, por outro lado, ele se organizou, ao longo de 32 anos, em base habitacional, aumentou muito a cobertura. O SUS enfrenta esta crise sanitária entre uma fragilização mais conjuntural e uma fortaleza mais estrutural. Os 200 mil óbitos mostram que fomos derrotados por esse vírus, mas, sem o SUS, seria uma situação de barbárie social, o caos total. Isso é fato.
Por quê?
O SUS mostrou muita resiliência. A estratégia brasileira está centrada, de maneira equivocada, na organização do sistema hospitalar de atendimento. E esta é uma doença na qual o monitoramento, a testagem ampla, a detecção das pessoas sintomáticas e o seu isolamento reduzem a probabilidade de que se espalhe e haja muitas internações. Mas, desde o início não tivemos liderança. É a situação mais grave por que passa o Brasil em toda a sua História e não se pode enfrentá-la sem coordenação do governo federal e sem contar com a ciência e a saúde pública. O presidente rejeitou a ciência, ridicularizou as medidas de prevenção, criou uma falsa dicotomia entre saúde e economia. Não houve plano de comunicação para a sociedade. A crise foi enfrentada apesar do governo.
Como se deu o enfrentamento “apesar do governo”?
Com governadores, prefeitos, sanitaristas, infectologistas, imunologistas, instituições da área de saúde pública, da sociedade civil, parlamentares construindo o que eu chamaria de uma autoridade sanitária nacional informal. E o epílogo patético e constrangedor é a maneira trágica como o governo vem lidando com a vacinação. É nossa última oportunidade de tentar consertar todos os equívocos cometidos anteriormente, organizar uma campanha de vacinação nacional, liderada pelo PNI, visando atingir no prazo mais curto possível uma alta cobertura vacinal. E não temos plano, projeto, liderança, vacinas, seringas, nada.
Que medidas o senhor destaca dessa ‘autoridade sanitária informal’?
O governo federal abriu mão do único papel que tem, e que é extremamente importante, de coordenação, planejamento estratégico, suporte, assessoria, apoio a estados e municípios, diálogo, transparência e mobilização da a sociedade. Os governadores e prefeitos tiveram que se virar, adquirir respiradores, testar, organizar equipes, mobilizar profissionais de saúde. E não só sem apoio do governo federal como contra a postura anticientífica, desmobilizadora, de negação da realidade. Essa responsabilidade é intransferível. Eu, com 70 anos de idade e 45 de saúde pública, espero ver os verdadeiros culpados pagarem pelo que fizeram com a população.
E é preciso acrescentar a essa autoridade sanitária informal as instituições de ciência e tecnologia que, mesmo com expectativa de redução de mais 70% do orçamento, fazem com que o Brasil lidere os estudos clínicos de duas das mais importantes vacinas em termos globais, uma pelo Instituto Butantan e outra pela Fiocruz. São instituições centenárias, que conseguiram fazer isso porque têm autonomia. Só poderemos ter campanha de vacinação nos próximos meses por causa delas.
É possível confiar na experiência do PNI para imunizar os brasileiros?
Se o governo deixar de atrapalhar… O ministro da Saúde não entende nada, não é respeitado nessa área, foi posto no ministério como um interventor. Se o governo federal finalmente decidir chamar os sanitaristas, epidemiólogos, os técnicos e cientistas do PNI e entregar a eles a condução e a coordenação do esforço de vacinação, nós teremos sucesso. É um momento crítico, porque temos até agora praticamente 20 milhões de pessoas vacinadas no mundo e, no Brasil, nenhuma.
A omissão do governo federal pode levar estados a organiza suas campanhas de vacinação. Isso quebra uma das pernas do PNI, que é a centralidade. É preciso uma estratégia para vacinar toda a população brasileira ao mesmo tempo, é isso que reduzirá drasticamente a circulação do vírus. Em 2010 vacinamos 80 milhões de pessoas contra a H1N1 em três meses; em 2009, 40 milhões de adultos jovens contra rubéola e a síndrome da rubéola congênita. O Brasil é um dos únicos países do mundo que consegue, em um único dia, vacinar 10 milhões de crianças contra a poliomelite.
Como fazer a campanha?
É preciso uma estratégia de mobilização envolvendo empresariado, setor público e privado, igrejas, ONGs, partidos. Tudo vai depender da velocidade com que a gente faça a campanha de vacinação. Se conseguirmos atingir pelo menos a metade da população até o meio do ano, e é possível, será um sucesso. Os sinais de preocupação vêm da paralisia do governo federal, que está nos levando a um beco sem saída.
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CORREIO BRAZILIENSE
UTIs rumo ao colapso
» Carinne Souza* » Natália Bosco*
O reflexo das festas de final de ano pode ser percebido agora com o aumento de casos do novo coronavírus e o colapso de vários sistemas de saúde estaduais e municipais. Cidades como Rio de Janeiro, Belos Horizonte, São Paulo e Manaus têm enfrentado superlotação dos hospitais nos últimos dias. A taxa de ocupação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) para a covid-19 na capital fluminense, por exemplo, é de 93%, e a perspectiva é de que, com exatos 200.498 mortos — segundo os números do Ministério da Saúde –, chegue aos 100% de ocupação nas próximas horas.
A mesma estimativa pode ser feita para o Distrito Federal, cuja taxa de ocupação das UTIs dos hospitais públicos alcançou 88,56%, enquanto de hospitais privados é de 71,86%. No caso de Porto Alegre, a rede está 84,4% ocupada. Em Manaus, o índice é de 75,27 e, em Salvador, de 69%. São Paulo está em aproximadamente com65%.
Segundo dados do Conselho Nacional de Secretaria de Saúde (Conass), o país conta com quase 20 mil leitos habilitados para atender quadros graves da doença. No caso de novos leitos habilitados no país, houve um avanço em dezembro do ano passado, que dobrou em relação a novembro e chegou a 3.418 — ante 1.066.
O número de casos diários nessas cidades chama atenção das autoridades públicas e alerta especialistas para o efeito das aglomerações e viagens durante as festas de Natal e ano-novo. O médico infectologista do Hospital das Forças Armadas (HFA) Hemerson Luz salienta que o reflexo dessas ações será percebido agora.
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O abuso da recomposição dos preços dos planos de saúde na pandemia
Diante de um futuro incerto, calcular e definir o preço de um bem ou serviço que será prestado a longo prazo pode provocar uma grande polêmica, e a solução encontrada para acompanhar o aumento dos custos é, usualmente, o reajuste de preços.
No caso dos planos privados de saúde, não poderia ser diferente: como, em geral, são contratos de longa duração, as mensalidades (prêmios) são reajustadas a cada 12 meses. Nos reajustes por faixa etária o processo é distinto, uma vez que a mudança nos preços está relacionada à probabilidade de o indivíduo adoecer em seu ciclo de vida (em outras palavras, ao risco que aumenta com o passar do tempo).
Assim, o consumidor paga o valor definido no início do contrato, utilizando ou não os serviços durante o ano. O modelo impõe uma responsabilidade às operadoras: ao reajustar a mensalidade, grosso modo, elas devem fazer um exercício estatístico para definir o percentual de reajuste, considerando o desempenho da carteira de beneficiários nos dois anos anteriores e a estimativa do comportamento da taxa de sinistralidade do ano seguinte.
Entretanto, o que acontece durante a pandemia da covid-19, quando as incertezas econômicas e epidemiológicas tornam mais complexo o cálculo da distribuição de probabilidade?
Ao contrário das expectativas, as recomendações de isolamento social significaram a redução da procura por serviços médico-hospitalares na saúde suplementar, e, em alguns casos, inclusive da demanda espontânea, conforme indicam os boletins de maio e junho da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com menores despesas assistenciais e a manutenção do valor das mensalidades, o lucro das operadoras triplicou, passando de R$ 3 bilhões no primeiro trimestre para mais de R$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2020. A sinistralidade foi a mais baixa em nove anos e voltou a ficar em torno de 75% apenas em outubro — ainda assim, abaixo da série histórica para o período.
Do lado dos consumidores, a situação é radicalmente oposta diante da crise econômica e sanitária. O Brasil apresenta a menor taxa de ocupação em trinta anos e a redução da renda per capita, associada à inflação, corrói o poder aquisitivo das famílias e trabalhadores. Para responder a esse desequilíbrio, segundo a imprensa, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), pressionou a agência reguladora a tomar providências, que vieram por meio da suspensão dos reajustes anuais e por faixa etária dos planos de saúde individuais e uma parte dos coletivos entre setembro e dezembro de 2020.
Apesar da suspensão, os números das operadoras continuam positivos — fato que suscita ainda mais espanto diante do anúncio feito pela ANS em novembro, de que os reajustes suspensos em 2020 terão de ser absorvidos pelos usuários em 2021. A justificativa da agência para a medida foi uma suposta necessidade de evitar a “desestabilização das regras e dos contratos estabelecidos”.
Algumas perguntas emergem, imediatamente, e não podem ficar sem resposta: faz sentido aplicar, em 2020, ano em que tivemos a taxa de sinistralidade mais baixa da década, uma recomposição de preços baseada no comportamento do mercado em 2018 e 2019? O reajuste de 2021 levará em conta a taxa de sinistralidade de 2020? Quanto as operadoras efetivamente deixaram de receber com a suspensão do reajuste por causa da pandemia? Essa suposta perda é maior ou menor do que a economia de recursos no período?
Em plena pandemia, quando o SUS amplia sua legitimidade diante das classes popular e média, os desafios da regulação do mercado de planos de saúde são complexos e qualquer solução técnica deve respeitar o interesse público. Há assimetria evidente entre o poder econômico das empresas e os consumidores, e a lei é inequívoca ao delegar à ANS a responsabilidade de equilibrar essas forças. Impor a recomposição reforça a captura da agência pelo lado mais forte, esvaziando seu próprio propósito regulador.
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O ESTADO DE S.PAULO
Butantã diz que Coronavac tem 78% de eficácia; Saúde pede 100 milhões de doses
Imunizante é desenvolvido pelo instituto paulista em parceria com Laboratório chinês; responsáveis pelo estudo disseram que nenhum dos voluntários dos testes precisou ser hospitalizado por causa da covid. Doria prevê iniciar imunização em São Paulo no próximo dia 25
Fabiana Cambricoli /Mateus Vargas /Priscila Mengue
Após quatro adiamentos, o governo de São Paulo divulgou ontem que a Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantã, tem 78% de eficácia contra casos leves de covid, incluindo os de tratamento ambulatorial. À tarde, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou ter assinado contrato para comprar 100 milhões de doses do produto.
A gestão João Doria (PSDB) também informou que o imunizante apresentou 100% de eficácia na prevenção de casos graves, moderados ou que necessitassem de internação hospitalar. Isto é, nenhum voluntário vacinado precisou ser hospitalizado por causa da covid-19.
O Butantã deve pedir o registro para uso emergencial hoje ( leia mais ao lado). O Estado tem 10,8 milhões de doses do imunizante e aguarda a chegada de outras 35 milhões até a primeira quinzena de fevereiro. A primeira fase do Plano Estadual de Imunização ocorrerá de 25 de janeiro a 28 de março, focada em 9 milhões de pessoas – profissionais de saúde, idosos e indígenas.
Os testes clínicos da Coronavac no Brasil foram realizados com a participação de 12.476 voluntários, todos profissionais de saúde, em 16 centros de pesquisa no País. De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantã, foram registrados 218 casos de covid entre os voluntários, dos quais cerca de 160 ocorreram no grupo que recebeu placebo e pouco menos de 60, entre os vacinados.
Considerando esses dadoos, o índice bruto de eficácia seria de 63%. A diferença deste dado para os 78% apresentados não foi explicada pelo Butantã, mas o órgão ressaltou que “o estudo é complexo e permite a apresentação detalhada por tipo de caso”, conforme a gravidade do quadro. Segundo o Butantã, o foco foi mostrar o “impacto da vacina na pandemia e o quanto ela evitará a progressão da doença grave”.
Os demais detalhes do estudo, como o intervalo de confiança e os índices de eficácia por faixa etária, ainda não foram divulgados. Segundo o Butantã, esses relatórios serão apresentados assim que a Anvisa concluir a análise do pedido para uso emergencial.
Inicialmente, o intervalo previsto entre as doses seria de 21 dias. Ontem, Covas disse que se estuda a possibilidade que o intervalo tenha entre 14 e 28 dias, para que a “cobertura vacinal seja maior e mais rápida.”
Covas destacou a importância da ação do imunizante na prevenção de casos graves. “Uma vacina tem papéis diferentes em situações normais e em situações pandêmicas como essa”, afirmou ele. “Temos de lembrar que estamos perdendo pessoas. Uma vacina nesse momento vem pra diminuir a carga da doença, para impedir que as pessoas uma vez infectadas desenvolvam a forma grave da doença”. Doria chamou a data de um dia “histórico”.
Ministério. Pazuello anunciou à tarde ter assinado contrato para comprar 100 milhões de doses da Coronavac. Em discurso com críticas à imprensa e defesa da própria biografia e voltou a afirmar que a vacinação no País começa, no melhor cenário, em 20 de janeiro.
A compra da vacina Coronavac é assunto delicado no governo federal. Por disputa política com Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro fez Pazuello recuar de uma proposta de aquisição do imunizante em outubro. Ontem, o Butantã chegou a afirmar que o contrato não havia sido firmado, mas à noite reconheceu a assinatura do documento pelo instituto.
“Estamos hoje (ontem), na sequência da aquisição de doses com Butantã, fechando contrato que vai a 100 milhões de doses. Máximo que ele (o Butantã) consegue produzir. Já tínhamos um memorando assinado desde outubro, final de setembro, nos comprometendo com aquisição da totalidade produzida”, afirmou Pazuello.
O ministro afirmou que só conseguiu avançar no contrato com o Butantã após a edição anteontem de Medida Provisória que permite a compra de vacinas antes da liberação do registro pela Anvisa. A ideia do governo é ter 8 milhões de doses de vacina disponíveis ao começar a campanha de imunização, sendo 6 milhões da Coronavac e 2 milhões do modelo de Oxford/AstraZeneca.
O secretário executivo da Saúde, Elcio Franco, afirmou que serão compradas 46 milhões de doses da Coronavac inicialmente. A ideia é distribuir até abril. Cada unidade custará R$ 58,2. O primeiro contrato é de R$ 2,67 bilhões. A pasta terá ainda opção de compra de mais 54 milhões de doses, que devem ser distribuídas no resto do ano.
Pazuello fez defesa do seu próprio trabalho e da atuação de Bolsonaro. Disse que há “incompreensão” sobre a gestão na Saúde. A fala ocorre no momento em que o governo é pressionado para antecipar o calendário de vacinação – cerca de 50 países já começaram. Dentro do governo há dúvidas sobre a permanência de Pazuello na pasta nos próximos meses.
Instituto deve pedir registro da vacina hoje
A expectativa é de que o Instituto Butantã solicite hoje à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para o uso emergencial do imunizante. Representantes dos dois órgãos se reuniram na manhã e na noite de ontem para reuniões de pré-submissão do registro. Até agora, nenhum laboratório protocolou pedido de registro.
“A reunião de pré-submissão é uma estratégia que segue a prática de outras autoridades regulatórias do mundo. A análise formal da Anvisa começa a partir da chegada do processo com informações globais sobre a vacina”, acrescentou. Com a apresentação dos resultados finais, a previsão é que a Anvisa leve até dez dias para analisar o pedido. Já o pedido de registro definitivo será feito somente após a Sinovac dar entrada no mesmo processo na agência regulatória chinesa, informou o Butantã.
O instituto não informou a data que a farmacêutica chinesa pretende entrar com o pedido. Após a submissão no país asiático, caso a agência regulatória chinesa dê o aval à Coronavac antes do órgão brasileiro, o governo paulista pode apelar para lei federal que fixa prazo de 72 horas para manifestação da Anvisa sobre o uso de produtos importados aprovados em outras agências regulatórias, como a chinesa.
Outras vacinas. A Fiocruz prevê pedir o registro da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca ainda esta semana. O laboratório tem acordo para produzir doses no Brasil.
O ministro Eduardo Pazuello disse ainda que negocia comprar a vacina russa Sputnik V, que será fabricada pela farmacêutica brasileira União Química. Citou também diálogo com a Janssen, que, segundo ele, tem preço baixo e a imunização exige só uma dose. Mas a empresa ofereceu só 3 milhões de doses ao País, com entrega que começaria no 2° trimestre.
Ele declarou que negocia 30 milhões de doses da Moderna, com entrega após outubro. E voltou a criticar a oferta limitada de doses da Pfizer e a proposta da empresa, que exige não responder pelos efeitos colaterais registrados no País.
Contrato
“Estamos, na sequência da aquisição de doses com o Butantã, fechando contrato que vai a 100 milhões de doses. Máximo que ele consegue produzir.” Eduardo Pazuello MINISTRO DA SAÚDE
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VEJA ONLINE
Expansão da telemedicina será inevitável com novas tecnologias para exames
No Brasil, entretanto, precisaremos antes ampliar o acesso à internet para a modalidade vingar de vez
Giulia Vidale
A pandemia do novo coronavírus deixou marcas indeléveis e acelerou movimentos que apenas engatinhavam. Depois dela, a medicina nunca mais será a mesma, em uma das mais fascinantes viradas da história. Bem-vindo à era da telemedicina, a interação entre os profissionais de saúde e pacientes por meio de smartphones, tablets e computadores, que até então era restrita a casos específicos e emergenciais ou a iniciativas experimentais. Em 2019, o Conselho Federal de Medicina havia aprovado o recurso. Contudo o receio, somado ao tabu e a boa dose de corporativismo, fez com que a ideia permanecesse nas gavetas e nos tribunais. O ano de 2020 fez a história mudar, e já não há dúvida: o atendimento a distância é tendência incontornável, amparada em evidente estatística.
No ano passado, 1,3 milhão de teleconsultas foram realizadas em apenas seis meses pela principal startup do setor no Brasil. Prevê-se, para 2021, um salto para 2 milhões de contatos virtuais. O extraordinário crescimento bebe da tecnologia de ponta e de investimento na realização de exames, sobretudo. Como o médico pode avaliar a saúde de um doente remotamente? O Hospital Albert Einstein, de São Paulo, aplicou 25 milhões de reais em equipamentos que oferecem segurança e excelente conexão. O grupo Prevent Senior, que lida sobretudo com pacientes idosos, criou uma sala de 350 metros quadrados para os médicos acompanharem virtualmente as mais variadas especialidades. Faltaria, nesse quebra-cabeça, uma peça: a possibilidade de acompanhamento eletrônico doméstico.
E na era do selfie, em que quase tudo está na palma da mão, houve também inovação no zelo com o corpo. O gigante americano CarePlus oferecerá o Tyto. O dispositivo estará disponível no Brasil já a partir deste mês de janeiro e permitirá ao próprio paciente examinar seus pulmões, coração, garganta e ouvidos durante a consulta e enviar para o médico os dados registrados. Muito em breve, chegarão os chamados ‘dispositivos vestíveis’ (tradução do termo em inglês wearables) – como relógios, pulseiras e anéis serão capazes de rastrear de forma precisa as condições metabólicas e as encaminharão ao doutor. E, em futuro próximo, até mesmo as casas serão transformadas em espaços de monitoramento. O piso poderá ser revestido de sensores que detectam uma queda repentina. O espelho do banheiro terá tecnologia para verificar a visão e a pele, em busca de problemas. Sensores de sono podem ser instalados debaixo do colchão para aferir a qualidade do descanso, verificando o ronco e a apneia. Assistentes virtuais, como Alexa e Google Home, ajudarão a detectar doenças por meio da voz dos usuários.
Há, no entanto, no Brasil uma barreira: a escassez de acesso digital. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um em cada cinco lares brasileiros não tem conexão com a internet. Nas áreas rurais, metade das casas está fora do universo on-line. Nada que não possa ser vencido, especialmente em nome da saúde.
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Pfizer ainda aguarda decisão do governo para o fornecimento de vacinas
Multinacional farmacêutica chegou a ser procurada por governos estaduais, mas mantém prioridade para acordo de distribuição do imunizante em esfera federal
Felipe Mendes
A multinacional farmacêutica Pfizer emitiu comunicado na noite desta quinta-feira, 7, no qual afirma que ainda aguarda uma decisão do governo brasileiro para estabelecer o contrato de fornecimento de seu imunizante contra o novo coronavírus para o país. Em dezembro, as negociações avançaram e o governo chegou a assinar um memorando de entendimento junto ao laboratório com o intuito de garantir a distribuição de 70 milhões de doses da vacina no decorrer deste ano. Trata-se, apenas, de uma intenção de compra, que deve ser exercida para ter efeito. Hoje, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a compra de 46 milhões de doses do antígeno desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
No comunicado, a Pfizer reforçou que irá produzir 1,3 bilhão de doses de seu imunizante este ano e que já tem acordos firmados com diversas nações: Estados Unidos, Japão, Israel, Canadá, Reino Unido, Austrália, México, Equador, Chile, Costa Rica, Colômbia e Panamá, assim como a União Europeia. O laboratório ainda diz que a disponibilidade e o cronograma de entrega das doses para o país depende da data de fechamento do contrato para o fornecimento e rememorou que, desde agosto de 2020, enviou três propostas para a venda do antígeno ao governo brasileiro. ‘A Pfizer continua processo regulatório de submissão contínua de sua vacina junto à Anvisa e permanecerá à disposição do governo para concretizar um acordo que beneficie os brasileiros’, encerra a empresa na nota.
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AGÊNCIA BRASIL
Presidente assina decreto reabrindo crédito para compra de vacinas
O presidente Jair Bolsonaro assinou hoje (7) um decreto que reabre crédito extraordinário de R$ 19,9 bilhões para custear vacinação da população contra o covid-19. O crédito de R$ 20 bilhões para esse fim estava previsto em uma Medida Provisória (MP) editada em 17 de dezembro, já no fim do exercício financeiro. Em razão da exiguidade de tempo, explicou o governo, o decreto reabrindo o crédito foi necessário.
‘O decreto visa a garantia e a disponibilidade de recursos financeiros para ações necessárias à produção de vacina segura e eficaz na imunização da população brasileira contra a Covid-19’, disse a Secretaria-Geral da Presidência da República, em nota. ‘Vale ressaltar que a medida possui previsão constitucional, sendo exceção à regra do teto de gastos, e que parte do dinheiro já foi utilizado na compra de insumos, como seringas e agulhas’, acrescentou o órgão.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teve mais uma série de reuniões hoje (7) com laboratórios produtores de vacinas. A autarquia, no entanto, informou que ainda não recebeu nenhum pedido de uso emergencial ou de registro definitivo de vacinas para covid-19 no Brasil. As reuniões foram de troca de informações, orientações e esclarecimentos de questões técnicas, segundo explicou a Anvisa. O Brasil ultrapassou hoje a marca de 200 mil mortes por covid-19.
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BBC BRASIL
CoronaVac: eficácia da vacina não é ‘salvo-conduto para achar que problema está resolvido’, alerta médico
O infectologista Esper Kallas fez um alerta durante a divulgação dos resultados dos testes de eficácia da CoronaVac, nesta quinta-feira (07/01). “O fato de a gente trazer uma notícia tão boa como essa não dá salvo-conduto para a população achar que o problema está resolvido, porque não está”, disse.
Os resultados dos testes feitos no país apontaram que a vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, que está sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, protege 78% das pessoas contra a covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Já em relação àqueles que desenvolverem a doença, o governo de São Paulo divulgou que os testes nos voluntários imunizados e que ainda assim foram infectados pelo coronavírus apontaram que a vacina garantiu a proteção total (100%) contra mortes, casos graves e internações.
O resultado dos testes foi comemorado pelo governador de São Paulo, João Doria, que considerou que os números são extremamente positivos. Ele planeja que a vacinação no Estado comece em 25 de janeiro.
Durante a coletiva de imprensa convocada pelo governo de São Paulo, o infectologista Esper Kallas afirmou que a CoronaVac é uma vacina extremamente segura. No entanto, destacou o caminho que existe até que a imunização tenha efeito na redução de casos de covid-19 no Estado e no país – nos últimos meses, todas as regiões brasileiras enfrentaram aumento de infecções e mortes causadas pelo vírus.
“Não queria ser um estraga-prazer, mas queria deixar uma mensagem de que a gente tem sempre que levar em consideração que a implementação de um programa de vacina leva tempo. O estabelecimento de uma resposta imune e protetora leva tempo. Infelizmente, a gente ainda tem um tempo pela frente? até tudo isso acontecer, vamos ter dois meses duros pela frente”, declarou o médico, que integra o Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo.
“Ainda temos que nos cuidar. Temos que usar as medidas não farmacológicas de redução da transmissão da covid”, acrescentou o médico, referindo-se a ações como o uso de máscara, distanciamento social e a higienização das mãos.
O alerta do médico ilustra que o início da vacinação representa um passo fundamental, mas ainda há um percurso a ser seguido para que a situação sanitária melhore.
Como funciona a CoronaVac
Para entender sobre o caminho após o início da vacinação, é fundamental entender o funcionamento do imunizante.
No caso da CoronaVac, são aplicadas duas doses, com uma diferença de 21 dias entre elas. A previsão é de que a resposta imune seja atingida 15 dias após a vacinação.
A vacina da Sinovac usa uma tecnologia bastante tradicional de imunização, desenvolvida há cerca de 70 anos, diz o imunologista Aguinaldo Pinto, professor da Universidade Federal de Santa Catarina.
“Não há nada de novo na tecnologia por trás dessa vacina. Temos muitas vacinas de vírus inativados sendo comercializadas hoje”, afirma Pinto, em reportagem publicada pela BBC News Brasil nesta quinta-feira.
Entre as que tomamos de rotina que utilizam essa tecnologia, estão as de gripe, hepatite A e poliomielite (na versão injetável).
A seu favor, conta a experiência de décadas no seu uso em saúde pública.
E também sua segurança, porque é um imunizante baseado em vírus inativados, ou seja, que não são capazes de se reproduzir. Por isso, eles não conseguem deixar uma pessoa doente. Mesmo assim, a vacina consegue gerar a reação imunológica desejada e criar no nosso organismo uma memória de como nos defender contra essa ameaça.
Depois da vacinação
Em recente entrevista à BBC News Brasil, a bióloga Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência relatou como as pessoas devem agir após tomar uma vacina contra a covid-19.
“Depois de tomar a vacina, é preciso voltar para casa, manter o isolamento social, aguardar a segunda dose e depois esperar pelo menos 15 dias para que a vacina atinja o nível de eficácia esperado”, explicou.
A primeira dose, explica Pasternak, é o que os cientistas chamam de prime boost (“impulso principal”). “É como se ela acordasse o corpo para o vírus, dá um ‘empurrão inicial’ no sistema imunológico. A segunda dose gera uma resposta imunológica melhor”, explicou Pasternak.
Após uma vacina, a pessoa só é considerada realmente protegida após algumas semanas porque o corpo precisa de um tempo para “processar” aquelas informações e agir de forma adequada. “E mesmo depois, é preciso esperar que boa parte da população já tenha sido imunizada para a vida voltar ao normal”, disse Pasternak.
Desta forma, as pessoas deverão continuar usando máscaras e evitar aglomerações após tomar as vacinas.
A imunização em SP
O governo de São Paulo anunciou em 7 de dezembro que a vacinação com a CoronaVac terá início em 25 de janeiro. Porém, ainda é fundamental
Com base na série de resultados, o governo paulista e o Butantan devem enviar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda nesta quinta, o pedido de autorização para o uso emergencial e o registro definitivo da vacina no país. A previsão é de que os dados sejam analisados em dez dias.
Por enquanto, foram anunciados os detalhes apenas da primeira fase do plano de imunização, que tem como público-alvo profissionais de saúde, pessoas com mais de 60 anos, indígenas e quilombolas.
De acordo com o governo paulista, estes grupos respondem por 77% das mortes causadas pelo novo coronavírus no Estado. Isso implicará na vacinação de 9 milhões de pessoas e no uso de 18 milhões de doses.
A vacinação será gratuita e realizada por meio de 10 mil postos de vacinação, dos quais 4,8 mil serão novos locais, criados especialmente para a campanha, com o uso provisório de escolas, quartéis e farmácias, por exemplo.
Na quarta-feira (06/01), o governo de São Paulo divulgou que a vacinação ocorrerá de segunda a sexta, das 7h às 22h, e de 7h às 17h aos sábados, domingos e feriados.
A previsão é que a primeira fase do plano esteja concluída até 28 de março, quando o governo paulista estima que 20% dos 46 milhões de habitantes do Estado estarão imunizados.
A primeira fase do plano seguirá o seguinte calendário, para evitar aglomerações nos postos de saúde:
* profissionais da Saúde, indígenas e quilombolas: 25/01 (1ª dose) e 15/02 (2ª dose);
* pessoas com 75 anos ou mais: 08/02 (1ª dose) e 01/03 (2ª dose);
* pessoas com 70 a 74 anos: 15/02 (1ª dose) e 03/03 (2ª dose);
* pessoas com 65 a 69 anos: 22/02 (1ª dose) e 15/03 (2ª dose)
* pessoas com 60 a 64 anos: 01/03 (1ª dose) e 22/03 (2ª dose)
Cada grupo deverá procurar os postos de vacinação ao longo da semana seguinte após a data de início. O atendimento será das 7h às 22h de segunda a sexta e das 7h às 17h aos sábados, domingos e feriados.
Tudo será feito apenas pelo sistema público de saúde, e não há previsão por enquanto de aplicação na rede privada.
O governador João Doria disse que não será preciso comprovar a residência no Estado para ser vacinado. “Todo e qualquer brasileiro que estiver em solo do Estado e pedir a vacina será vacinado”, afirmou.
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JORNAL OPÇÃO
Governo prorroga por seis meses o estado de emergência na saúde pública em Goiás
Por Marcos Aurélio Silva
Desde dia 13 de março de 2020, Goiás está em estado de emergência em saúde pública. Para este ano, gestão estadual está preparada para realizar vacinação contra Covid-19 com qualquer uma das vacinas existentes
O Governo de Goiás publicou na noite desta quinta-feira, 07, no suplemento do Diário Oficial do Estado, o Decreto nº 9.778, que prorroga até o dia 30 de junho de 2021 a situação de emergência na saúde pública no Estado de Goiás, por causa da pandemia do coronavírus.
Goiás está em estado de emergência em saúde pública desde o dia 13 de março, quando foi publicado o Decreto nº 9.653, após a confirmação dos três primeiros casos de coronavírus no Estado. O novo decreto mantém a dispensa de licitação para a aquisição de bens e serviços para o combate ao vírus, como, por exemplo, para a compra de máscaras, aparelhos respiratórios e vacinas.
Apesar disso, as aquisições excepcionais serão fiscalizadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE) e pela Controladoria-Geral do Estado de Goiás (CGE). A situação de emergência poderá ser revista a qualquer momento, conforme a análise da evolução da situação epidemiológica no Estado.
Vacinação
O governador Ronaldo Caiado assegurou que o Estado está pronto para iniciar a imunização dos goianos contra a Covid-19 e que está avançado o trabalho para organizar a logística necessária. “No momento em que o governo federal nos entregar a vacina, nós imediatamente faremos a redistribuição aos municípios, de acordo com os grupos de risco”, declarou o governador, durante a apresentação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, em dezembro.
O Estado está preparado para realizar a vacinação contra a Covid-19 com qualquer uma das vacinas existentes. Goiás se antecipou e adquiriu 2,5 milhões de kits de seringas e agulhas. Além disso, há 1,3 milhão em estoque, totalizando 3,8 milhões de kits para as primeiras fases da campanha.
O pregão para aquisição de seringas e agulhas foi realizado em novembro de 2020. Cada seringa com agulha custou R$ 0,31 centavos. Os materiais serão entregues gradualmente, no almoxarifado da Secretaria de Saúde, até o fim deste mês. De acordo com o secretário de Estado da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, os kits adquiridos pela pasta são suficientes para vacinar os grupos prioritários no Estado. Há cerca de 1,8 milhão de pessoas com prioridade de imunização no território goiano, segundo o secretário.
Na quarta-feira (06/01), a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás apresentou o Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19, no Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus. Já na próxima segunda-feira (11/01), o documento será apresentando na primeira reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), para os secretários municipais de saúde das cidades goianas.
Teletrabalho
No dia 22 de dezembro, o Governo de Goiás publicou o Decreto nº 9.770, que trata da possibilidade dos servidores estaduais do Poder Executivo atuarem em regime de escala semanal, alternando entre trabalho presencial e remoto. Grupos de risco continuam em teletrabalho integral, enquanto demais servidores devem seguir as diretrizes definidas por cada pasta, de acordo com suas necessidades.
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Quantidade de vacinas que virão para Goiás deve ser definida nesta sexta-feira, 8
Por Karine Rodrigues
Superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, diz falta pouco para o plano estadual de vacinação ser finalizado. A prioridade agora é conter o avanço da doença
A vacinação contra a Covid-19 é uma preocupação em todos os Estados brasileiros. Nesta quinta-feira, 7, a Superitendente de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás, Flúvia Amorim, esteve reunida com técnicos do Ministério da Saúde para acertar como será a distribuição da vacina nos Estados e formatar o plano de risco. Ela acredita que deverão chegar inicialmente no País dois milhões de doses e para Goiás serão destinados aproximadamente 140 mil doses. “Teremos que filtrar o máximo o grupo prioriário para receber as inicialmente as doses. Vamos ter certeza da quantidade de vacina provavelmente amanhã quando o Ministério vai nos informar”, explicou.
A partir do número de doses é que será finalizado o plano de aplicação da vacina, quem poderá receber e onde será feita a aplicação.
Segundo Fluvia, o número de infecções pelo coronavírus em Goiás é preocupante desde de antes das festas de fim de ano, quando se previa aglomeração nas festas. Ela relata que houve um aumento no índice de ocupação de leitos de UTI exclusivas para a Covid-19. Até antes das festas a ocupação variava entre 35% a 45% e hoje, está em 57%.
Por esse motivo, a solicitação das escolas particulares de aumentar a presença de alunos nas salas de aula de 30% para 50% não foi aceita pelo Centro de Operações de Emergências da Saúde (COE) . A superintendente disse que foi pedido três semanas para fazer uma avaliação de como se comporta o volume de infecções e de ocupações dos leitos de UTI, no Estado.
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Mais de 314 mil casos de Covid-19 são registrados em Goiás e os números não param de subir
Por Pedro Hara
Pelo terceiro dia consecutivo foram registrados no Estado mais de 1.400 novos casos de Covid-19 e em 24 horas ocorreram 32 óbitos
Nesta quinta-feira, 7, foram registrados 1.471 novos casos de Covid-19 em Goiás. As informações são do boletim divulgado pela Secretaria de Saúde. No total, o Estado chegou ao número de 314.701 casos de Covid-19.
Pelo terceiro dia consecutivo Goiás bateu a marca de mais de 1.400 infectados. Na última quarta-feira, 6, foram registrados 1663 novos casos de Covid-19.
Segundo o painel de Covid-19 disponibilizado pela Secretaria de Saúde de Goiás, há 303.839 casos recuperados, 269.802 suspeitos e 210.760 descartados. A incidência de casos está em 44.935 casos por milhão de habitantes.
Em relação ao número de óbitos confirmados, são 6.933 no estado, um acréscimo de 32 mortes no boletim desta quinta-feira. Outros 203 óbitos estão sob suspeita, enquanto 54 foram descartados. A letalidade do vírus está em 2,20%.
Os homens são as maiores vítimas da covid-19. Entre os óbitos, 4.064 (58,62%) são de homens. As mulheres correspondem por 2.869 (41,38%) das mortes registradas.
Brasil
Ainda sem vacina, o Brasil pode voltar aos números do pico da crise. O País atingiu hoje a marca de 200 mil mortos e com quase 8 milhões de infectados.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação