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DESTAQUES
Zacharias Calil opera, pela primeira vez, gêmeos siameses recém-nascidos
Cientistas fazem rastreamento de febre amarela no país
Gastos com pedidos de exames médicos desnecessários chegam a R$ 10,1 bilhões, estima Abramge
DIÁRIO DA MANHÃ
Zacharias Calil opera, pela primeira vez, gêmeos siameses recém-nascidos
Médico terá o desafio de salvar a vida de duas meninas que têm apenas 1 dia de vida
O cirurgião pediátrico Za¬charias Calil realizou, ontem, uma operação inédita no Hos¬pital Materno-Infantil Dr. Juran¬dir do Nascimento (HMI). Re¬conhecido internacionalmente pelas cirurgias de separação de gêmeos siameses, o médico ago¬ra teve o desafio de realizar o procedimento em crianças re¬cém-nascidas.
“Essa cirurgia de separação de gêmeos siameses é realiza¬da a partir de seis meses de ida¬de, mas a situação das meninas é muito grave e estão colocando as duas em risco”, conta Calil.
A cirurgia foi realizada nas gê¬meas nascidas no dia 21 no hos¬pital. As irmãs nasceram com 37 semanas de gestação, pesando juntas 4.785 quilogramas e são unidas pelo tórax e abdômen, compartilhando apenas o fígado. Uma das meninas, contudo, pos¬sui uma cardiopatia cianogênica grave e, por conta disso, a equipe multiprofissional do hospital, lide¬rada por Zacharias Calil, decidiu realizar, de forma emergencial, a cirurgia de separação.
“Ter um paciente cardiopa¬ta é complicado, imagine então ter dois na mesa de cirurgia. E a ciência não é exata, tem seus ris¬cos, mas estou tranquilo porque tenho muita experiência e estou confiante”, diz o cirurgião.
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Segundo o último boletim di¬vulgado pelo HMI, as gêmeas es¬tão em estado grave, porém es¬tável. Elas estão internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e respiram com o auxílio de oxigênio inalatório.
Já a mãe das meninas, Vivia¬ne de Menezes dos Santos, de 30 anos, vinda de Salvador (BA), encontra-se internada na enfer¬maria da Clínica de Ginecologia e Obstetrícia do HMI. O estado de saúde dela é bom.
PROCEDIMENTO
A cirurgia estava marcada para às 9 horas. Além de Zacharias Ca¬lil, uma equipe de 12 profissionais acompanhará o procedimento, que leva cerca de 4 horas.
REFERÊNCIA MUNDIAL
O HMI é a única unidade hos¬pitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) no País apta a realizar a se¬paração de gêmeos siameses. Za¬charias Calil foi o pioneiro da téc¬nica e já realizou o procedimento 17 vezes. A literatura médica mun¬dial indica que, dentre os siameses operados, um em cada cinco so¬brevivem à cirurgia. No HMI, esse índice chega a 50%.
Além da cirurgia de separação dos siameses, Zacharias também desenvolveu novas técnicas para o tratamento de hemangiomas e da Hipertricose Lanuginosa Congêni¬ta, conhecida popularmente com a síndrome do lobisomen. O su¬cesso nos procedimentos fez com que o médico ganhasse repercus¬são internacional e, em 2014, o ca¬nal Discovery começou a gravar uma série de episódios sobre o tra¬balho do médico goiano. candida¬to a deputado federal, Dr. Zacha¬rias Calil suspendeu sua agenda de campanha a fim de atender a emergência das irmãs siamesas.
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CORREIO BRAZILIENSE
Cientistas fazem rastreamento de febre amarela no país
O maior surto dos últimos 100 anos causou correria aos postos de vacinação e matou 676 pessoas de dezembro de 2016 a março de 2018 (foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Entre 2016 e 2018, o Brasil sofreu o maior surto de febre amarela dos últimos 100 anos. A epidemia gerou imensa preocupação, provocando até correria das pessoas para os postos de saúde em busca de vacina. Pesquisadores brasileiros, em parceria com ingleses, realizaram um mapeamento genético que revelou detalhes sobre a proliferação da enfermidade. Ao contrário do imaginado, a doença se espalhou pela transmissão silvestre, menos grave que a urbana (a aposta inicial), e pode ter sido potencializada pela ação humana. As descobertas foram publicadas na edição desta semana da revista Science e devem ajudar em novas estratégias de combate à doença.
O trabalho é uma parceria entre investigadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O consórcio de pesquisadores utilizou uma técnica extremamente moderna de mapeamento genético. "Fizemos o mesmo com o zika vírus e tivemos sucesso. Com isso, recebemos um pedido do Ministério da Saúde para realizar o procedimento com a febre amarela. Usamos um laboratório móvel e analisamos o genoma de mais de 50 indivíduos, tanto humanos quanto macacos, durante a proliferação em Minas Gerais", conta ao Correio Luiz Alcântara, um dos autores do estudo e pesquisador do Laboratório de Flavivírus da Fiocruz (RJ).
Ao todo, os pesquisadores sequenciaram o genoma de 62 indivíduos, que foi comparado com outros já conhecidos. "Esse é um número grande se contarmos que, antes, existiam apenas 49 genomas de febre amarela no mundo todo e, desses, 19 eram só do Brasil", ressalta o cientista. A próxima etapa do trabalho terá mais de 200 sequências genéticas, incluindo as do vírus que circulou também no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Por meio dos dados genômicos e também de informações epidemiológicas e espaciais, os cientistas concluíram que o surto da doença se deu por meio da transmissão silvestre do vírus, feita por mosquitos silvestres (Haemagogus e Sabethes) e por primatas não humanos. Mais grave e de difícil controle, a transmissão urbana tem como vetor o Aedes aegypti. "Embora as condições para a transmissão urbana pareçam estar lá, felizmente isso não aconteceu", destaca, em comunicado, Nuno Faria, pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford e um dos autores do estudo.
Para os investigadores, ações humanas podem ter contribuído para o transporte dos vetores da doença. Segundo Alcântara, o surto resultou da introdução de uma estirpe de febre amarela que veio, em última análise, da região amazônica, "onde o vírus circula silenciosamente". "Descobrimos que o surto emergiu em primatas não humanos em Minas Gerais no fim de julho de 2016, vindo do Norte e/ou do Centro-Oeste, possivelmente resultado do transporte de mosquitos infectados em caminhões e/ou pelo tráfico ilegal de primatas não humanos", detalha.
Rumo às metrópolesDepois disso, o vírus espalhou-se rapidamente em populações locais de mosquitos silvestres e primatas não humanos a uma velocidade média de 3,3 quilômetros por dia e em direção a São Paulo e ao Rio de Janeiro. O ciclo silvestre de transmissão em primatas passou despercebido durante 2016, mas explodiu para as populações humanas no início de 2017. Mais de 2 mil casos foram registrados e 676 mortes, confirmadas entre dezembro de 2016 e março de 2018.
A análise também revelou que a maioria dos casos da doença ocorreu em indivíduos do sexo masculino (85%), com idade entre 40 e 49 anos, e grande parte trabalhadores rurais. Esses infectados viviam, em media, a cinco quilômetros de áreas florestais e não tinham sido vacinados contra a febre amarela. "O número maior de homens infectados está relacionado diretamente à ocupação da classe masculina em zonas rurais, muito ligada a atividades ocupacionais ou de lazer", ressaltam os autores.
Outro dado que chamou a atenção foi que, assim que os casos foram identificados em macacos, a doença se manifestou cerca de quatro dias depois em humanos. Segundo os investigadores, isso reforça a importância de interpretar os primatas não humanos como um "alerta" da doença.
3,3 Km por dia
Velocidade média com que o vírus se propagou de Minas Gerais para o resto do país
Os resultados do mapeamento genético do surto de febre amarela podem ajudar a montar estratégias que possam evitar e combater novos episódios de proliferação da doença. "Esse vírus afetou a humanidade por centenas de anos. Ele vem em ondas. Então, nunca podemos eliminá-lo completamente. O problema é que ainda não entendemos o suficiente sobre o comportamento complexo do vírus em populações de animais. Precisamos dessas informações para controlar futuros surtos – para vacinar as pessoas certas, no lugar certo, na hora certa", destaca Oliver Pybus, professor no Departamento de Zoologia na Universidade de Oxford e um dos autores do estudo.
Para Pedro Vasconcelos, medico virologista e pesquisador do Instituto Evandro Chagas, no Pará, os dados coletados e analisados poderão ser usados para refinar estratégias da saúde pública com o objetivo de combater a doença tropical. "É um trabalho bem amplo, que verificou e restabeleceu o surto da febre amarela no Sudeste, um dos maiores do território brasileiro. São dados sólidos, que têm enorme potencial para serem utilizados no controle da doença e podem, sim, gerar mais eficiência se forem bem aplicados", diz o especialista, que não participou do estudo.
Vasconcelos também ressalta como a pesquisa confirma a suspeita de um fator que pode ter contribuído para o surto recente. "Desconfiávamos de que a falta de vacinação nessas áreas de risco seria um fator importante, e vemos isso novamente com esses dados, reforçando esse ponto. Acredito que isso nos diz que é necessário ter um extremo cuidado com a cobertura vacinal. Ela pode fazer a diferença", ressalta.
Palavra de especialista Mapeamento com vacinação
"Tem havido pouca modelação de surtos de febre amarela porque uma quantidade pequena de casos isolados está disponível para estudo e nós, infelizmente, temos apenas confiado nas estratégias de vacinação. Esse estudo demonstra o potencial de mapeamento da incidência viral e seu valor na contribuição de estratégias de combate a essa enfermidade. Assusta-nos ver aumentos na incidência de casos de febre amarela e que eles estão ocorrendo em áreas que haviam sido consideradas livres da doença. Acredito que, se for bem planejado, o uso desse tipo de mapeamento com a vacinação, que poderá ser apropriadamente distribuída por meio dessas observações, poderia acabar como as epidemias de febre amarela até 2026."
Alan Barret, epidemiologista e professor da Universidade do Texas (EUA), em artigo opinativo publicado na revista Science
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SNIF DOCTOR
Gastos com pedidos de exames médicos desnecessários chegam a R$ 10,1 bilhões, estima Abramge
Atualmente, o modelo de remuneração de grande parte dos estabelecimentos e dos profissionais de saúde é baseado na quantidade e no valor dos procedimentos realizados – o chamado modelo "fee-for-service". E isso afeta diretamente na alta dos custos dos planos de saúde individuais e coletivos. A situação é agravada pela solicitação de serviços considerados desnecessários. Estima-se que 12% a 18% das contas hospitalares apresentam itens indevidos e até 40% dos exames laboratoriais são dispensáveis. Os gastos com pedidos desse tipo de exames chegaram a R$ 10,1 bilhões, em 2015, segundo a Associação Brasileira de Planos de Saúde, a Abramge.
O fee-for-service é utilizado no Brasil há décadas. Tudo o que é utilizado nos atendimentos, incluindo materiais e recursos humanos, é listado em uma fatura detalhada. A remuneração de cada serviço, como consulta, internação e exames é feita com base em uma tabela de valores pré-definidos que, quando fechada, é enviada à operadora de saúde, responsável pelo pagamento.
Os valores praticados para os mesmos tipos de procedimento costumam variar de acordo com o prestador de serviço acionado. Nesse modelo, remunera-se a quantidade, não a qualidade. Para o Gerente Executivo de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, esse não é o melhor método de remuneração. "Utilizar o plano de saúde, financiar esse sistema não necessariamente está representando saúde. O que nós vemos é um excesso de utilização, muito desperdício, questões relacionadas também a fraudes, e a gente vê no noticiário a todo momento, e que são ralos do sistema também que faz com que impulsione o aumento dos custos", afirma.
Muitos profissionais da saúde trabalham em mais de um hospital e realizam atendimento a vários pacientes por hora para compensar a baixa remuneração, além de solicitar exames em excesso. O paciente é atendido, o médico pede alguns exames, recomenda o uso de medicamentos, interna o paciente, e no final manda a conta para o convênio, no sistema "conta aberta".
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os gastos dos planos de saúde para contraprestações para seus contratantes em 2008 foram de R$ 60,4 bilhões. Em 2017, esse valor praticamente triplicou. O gasto registrado foi de R$ 179 bilhões. E a tendência é que o valor seja ainda maior em 2018. No primeiro trimestre deste ano, o gasto foi de R$ 45 bilhões. Se a média continuar assim até o fim do ano, a previsão de gastos é superior a R$ 182 bilhões. O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa, destaca que há desperdícios nos procedimentos médicos custeado por planos de saúde.
"Existem, ao mesmo tempo, um desperdício muito grande, porque pessoas fazem mais exames do que precisam. Hoje, o maior campeão do mundo em ressonâncias magnéticas, por exemplo, que é caro, e que nos últimos quatro anos, de 2012 até 2016, que são os dados disponíveis hoje para nós, cresceram quase 100% com o mesmo número de usuários. Ou seja, não há justificativa", defende.
Diante disso, existe a necessidade de uma reflexão sobre o formato de remuneração em algumas áreas do setor da saúde onde os resultados e a qualidade dos serviços prestados se sobressaiam ao volume. Isso pode ser alcançado com a adoção de mecanismos de pagamentos que estimulem a prestação dos serviços de forma eficaz, que reduzam os custos e aumentem a produtividade do setor. A aposentada Luiza Gomes Camelo, 71 anos, possui plano de saúde. A moradora de Brasília questiona o grande número de exames a que é submetida durante as consultas. "Muitas vezes vou me consultar e o médico passa uma série de exames. É bem comum ele indicar algum lugar para realizar o procedimento e raras são as vezes que eles detalham a necessidade dos procedimentos", afirma.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação