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DESTAQUES
Goiás recebe 17 mil doses da Pfizer na próxima segunda (3/5), revela Ismael
Covid-19: Goiás registra 3.019 novos casos e 72 mortes em 24 horas
Testagem do Governo de Goiás: 12% das crianças tiveram contato com o vírus
Sandro Mabel oferece ao Estado ultrafreezers para armazenar vacinas Pfizer
“Melhora de indicadores não quer dizer fim da pandemia”, diz Flúvia Amorim
Passaporte imunológico: projeto de lei prevê que vacinados participem de atividades em grupo
Covid-19: Saúde vai distribuir mais 5,2 milhões de doses de vacina
Transmissão reduzida após a primeira dose
Entenda a crise da Covid em Manaus e os sinais de omissão alvos da CPI
COMO CHEGAMOS AQUI?
Passaporte vacinal europeu não prevê aceitar Coronavac
A REDAÇÃO
Goiás recebe 17 mil doses da Pfizer na próxima segunda (3/5), revela Ismael
Théo Mariano
Goiânia – As vacinas da Pfizer/BioNTech chegarão pela primeira vez a Goiás na próxima segunda-feira (3/5), segundo o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino. O Estado terá mais 17 mil doses para imunização contra covid-19. O quantitativo, entretanto, será destinado somente à população de Goiânia.
O governo federal receberá amanhã (29) a remessa do imunizante produzido em Puurs, na Bélgica. Ao todo, o país terá à sua disposição 1 milhão de doses da Pfizer para distribuir entre os entes federativos em divisão proporcional e igualitária, conforme foi divulgado pelo próprio Ministério da Saúde (MS).
Até o final do terceiro trimestre de 2021, o MS espera receber 100 milhões de doses da vacina belga. O imunizante da Pfizer já possui registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pode ser aplicado em pessoas a partir de 16 anos de idade, em duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas.
Nesta remessa, apenas as 27 capitais do país receberão doses da vacina. A logística de distribuição foi organizada considerando as baixas temperaturas de refrigeração das doses, que precisam ser armazenadas em caixas a -70ºC.
Segundo a própria previsão do MS, a distribuição será feita em duas partes: primeiro serão distribuídas 500 mil unidades para aplicação da primeira dose e, posteriormente, da outra metade para aplicação do reforço.
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Covid-19: Goiás registra 3.019 novos casos e 72 mortes em 24 horas
Estado soma 14,8 mil óbitos pela doença
Goiás registrou 3.019 novos casos da covid-19 e 72 mortes pela doença nas últimas 24 horas, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgados na tarde desta quarta-feira (28/4). Com as atualizações, o Estado chega a 548.028 casos da doença e 14.847 óbitos confirmados.
De acordo com a SES-GO, Goiás soma 521.450 pessoas recuperadas. No Estado, há 434.246 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 265.331 casos.
Além dos 14.847 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, o que significa uma taxa de letalidade de 2,71%, há 312 óbitos suspeitos que estão em investigação.
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Testagem do Governo de Goiás: 12% das crianças tiveram contato com o vírus
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), divulgou nesta quarta-feira (28/4) que 4.888 pessoas na faixa etária de dois a 18 anos, residentes em Goiânia e demais municípios do Estado, participaram da testagem ampliada para a covid-19, realizada de 6 a 10 de abril deste ano.
Destas, 12,3% testaram positivo, sugerindo que, em algum momento passado, essa porcentagem de participantes teve contato com o vírus. Análise será importante para acompanhar a dinâmica da doença na faixa etária de crianças e adolescentes.
Os resultados também sugerem uma prevalência total de anticorpos IgM positivo para a doença de 3,3%. Isso indica uma possível infecção recente nas pessoas deste grupo. A amostragem do estudo não selecionou os participantes por critérios estatísticos, o que significa que os resultados sobre prevalência não podem ser extrapolados para a população, devendo ser interpretados com cautela. Os dados foram apresentados durante a reunião do Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus.
Além de identificar a soroprevalência da infecção pelo coronavírus no grupo testado, o inquérito identificou as características socioeconômicas dos participantes. A análise mostrou que não houve diferença significativa de prevalência de IgM e IgG entre os níveis de escolaridade (infantil, fundamental e médio). Também não foi identificada diferença de prevalência de resultados IgM e IgG positivo de acordo com a cor/raça declarada pelo participante.
Com relação à renda familiar mensal, apesar da prevalência de resultados IgM positivo ser de 4,4% para os participantes com renda inferior a um salário-mínimo, e de 2,8% para aqueles com renda maior ou igual a 7 salários-mínimos, não houve uma diferença significativa na prevalência entre os testados.
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Sandro Mabel oferece ao Estado ultrafreezers para armazenar vacinas Pfizer
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, colocou nesta quarta-feira (28/4) à disposição do governo estadual dois ultrafreezers que foram comprados especialmente para armazenar as vacinas da Pfizer, e capazes de conservar 125 mil doses de imunizantes da farmacêutica contra a covid-19 a temperaturas inferiores a -86°C.
Os ultrafreezers da Fieg poderão armazenar o primeiro lote de 17 mil das vacinas da Pfizer que chegarão a Goiás na próxima segunda-feira (03/5) para primeira aplicação.
Os equipamentos adquiridos pela Fieg são recomendados para armazenar imunizantes como o da Moderna e o da Pfizer, produzido em parceria com a BioNTech.
Segundo o dirigente da Fieg, a entidade se coloca à disposição para auxiliar o estado e os municípios goianos em todo o processo. “Nossos equipamentos são adequados para armazenar as doses da Pfizer e estão prontos para estocar os imunizantes”, disse.
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“Melhora de indicadores não quer dizer fim da pandemia”, diz Flúvia Amorim
Goiânia – “É um momento de melhora dos indicadores. O que não quer dizer que é o fim da pandemia.” A afirmação é da superintendente em Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim. Segundo ela, desde a semana passada, já é perceptível, por exemplo, a diminuição da internação de pessoas com mais de 85 anos em unidades de terapia intensiva (UTI) por causa da covid-19. Essa faixa etária já recebeu duas doses da vacina.
Os números exatos serão apresentados, segundo a secretaria, na reunião do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus (COE) que será realizada na tarde desta quarta-feira (28/4). O grupo se reúne a cada 15 dias para avaliar o cenário de momento da pandemia. Em entrevista ao jornal A Redação, Flúvia avaliou que dados como esse, da queda na internação de idosos em UTIs, já indicam que é possível ver uma luz no final do túnel.
“A gente vê melhora dos indicadores, vê redução no número de óbitos. Nas últimas semanas, houve queda no indicador mais sensível nesse momento atual, nas taxas de ocupação de leitos”, afirmou. Ela considerou que foram mais de 30 dias com a taxa de ocupação de UTIs destinadas ao tratamento da covid-19 acima de 95%. Nesta quarta, 87% dos leitos de UTI da rede estadual estão ocupados e essa taxa cai para 77% quando são considerados hospitais públicos e privados.
“Há uma melhora na situação. Está melhor, mas não é situação controlada”, enfatizou. De acordo com Flúvia, assim como houve a primeira onda da doença e período mais calmo até que houvesse, este ano, a segunda, que foi muito pior em decorrência principalmente das novas variantes do vírus, algo semelhante pode voltar a ocorrer e levar a uma terceira onda da covid-19 em Goiás. A superintendente enfatizou que os cuidados devem ser mantidos e que os protocolos sanitários precisam ser rigorosamente seguidos, considerando que as atividades não essenciais estão autorizadas a funcionar.
Vacinação
Flúvia afirmou que não houve sinalização do Ministério da Saúde para que seja possível iniciar a vacinação dos profissionais da Educação. O governador Ronaldo Caiado informou em entrevista coletiva no início da semana que os professores serão vacinados até o final de maio. Mas, de acordo com o Plano Nacional de Imunização, antes devem se vacinar idosos que tenham a partir de 60 anos, pessoas com comorbidades previstas no documento, população privada de liberdade, funcionários do sistema de privação de liberdade e pessoas em situação de rua. Recentemente, mulheres grávidas e puérperas foram incluídas ao grupo de maior prioridade pelo ministério.
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JORNAL OPÇÃO
Passaporte imunológico: projeto de lei prevê que vacinados participem de atividades em grupo
Por Fernanda Santos
Projeto discutido na Alego ainda divide imunizados em duas classificações, uma para aqueles com resposta imunológica adequada e outro para aqueles que ainda estão em fase desenvolvimento da produção de anticorpos
O deputado estadual Coronel Adailton (Progressistas) apresentou na última terça-feira, 27, um projeto de lei que autoriza pessoas vacinadas contra Covid-19 a participar de atividades públicas ou privadas, culturais, religiosas, esportivas ou turísticas. O chamado “passaporte imunológico” ainda separa os imunizados em dois grupos: Verde e Amarelo.
O grupo Verde seria para pessoas com resposta imunológica adequada. Elas teriam acesso livre a eventos e atividades em locais abertos e fechados sem nenhum tipo de restrição. O Amarelo, aqueles que estão em fase de produção dos anticorpos, teriam acesso livre em locais abertos. Também teriam acesso aos locais fechados, desde que respeitando a capacidade de 75% de lotação.
No projeto do deputado estadual, a Secretaria Estadual de Saúde estabeleceria critérios de classificação para enquadrar as pessoas em cada grupo. Segundo o parlamentar, a medida é considerada na Europa e já existe no município de Afogados da Ingazeira, em Pernambuco. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estuda adotar medida similar, o “passaporte sanitário”, para suas operações.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Covid-19: Saúde vai distribuir mais 5,2 milhões de doses de vacina
Todos os estados e o Distrito Federal receberão doses
O Ministério da Saúde vai distribuir a partir de amanhã (29) mais 5,2 milhões de doses vacinas contra a covid-19. Serão 5,1 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e 104,8 mil doses da Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. Todos os estados e o Distrito Federal receberão os imunizantes.
As doses são destinadas para a vacinação de idosos entre 60 e 64 anos, forças de segurança e salvamento e Forças Armadas que atuam na linha de frente da pandemia. Além disso, estão sendo enviadas vacinas adicionais para imunização de trabalhadores da saúde de Santa Catarina.
De acordo com o ministério, a estratégia de distribuição de vacinas contra a covid-19 é revisada semanalmente em reuniões tripartites – com participação dos governos federal, estaduais e municipais –, observando as confirmações do cronograma de entregas por parte dos laboratórios. O objetivo é garantir a cobertura do esquema vacinal no tempo recomendado de cada imunizante: quatro semanas para a vacina do Butantan e 12 semanas para as doses da Fiocruz.
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CORREIO BRAZILIENSE
Transmissão reduzida após a primeira dose
Pesquisa britânica constata que uma única aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech ou da Oxford/AstraZeneca diminui entre 38% e 49% a probabilidade de disseminação doméstica do Sars-CoV-2
Uma única dose das vacinas contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Oxfor/AstraZeneca reduz em até quase 50% as chances de se transmitir o novo coronavírus, mostra uma pesquisa realizada pelo governo britânico. No estudo, os especialistas da Agência de Saúde Pública do Reino Unido (PHE) avaliaram dados de mais de 50 mil imunizados e observaram uma diminuição considerável do contágio da enfermidade ao acompanhar o grupo e seus contatos diretos, ou seja, pessoas que moravam na mesma casa que eles naquele momento.
Os responsáveis pelo estudo destacam que a notícia é animadora, mas consideram que mais pesquisas precisam ser feitas para validar essas conclusões. Eles também reforçam a importância da aplicação da segunda dose para conquistar o nível mais alto de proteção.
O estudo selecionou 57 mil pessoas que receberam um dos dois tipos de vacina que estão sendo usadas durante a campanha de imunização no Reino Unido. Para avaliar o risco de transmissão, os pesquisadores acompanharam os indivíduos que dividiam residência com os imunizados, mas que ainda não foram vacinados. Os dados foram comparados ao de um grupo controle, com um milhão de pessoas que ainda não haviam recebido o fármaco.
Após a análise comparativa, os pesquisadores constataram que as pessoas que haviam sido imunizadas com qualquer das duas vacinas tinham entre 38% e 49% menos risco de transmitir o vírus aos membros da mesma casa do que os não imunizados. “As vacinas são vitais para nos ajudar a voltar a um estilo de vida normal. Elas não apenas reduzem a gravidade da doença e evitam centenas de mortes todos os dias, como, agora, observamos que também têm um impacto adicional na redução da chance de passar a covid-19 para outras pessoas”, declarou, em um comunicado, MaryRamsay, chefe de imunização da PHE, e uma das autoras do estudo.
Alto risco
Os pesquisadores ressaltaram que a taxa de proteção de até quase 50% foi verificada depois do 14- dia da vacinação. A idade dos imunizados e das pessoas que vivem com eles não influenciou os resultados. Segundo os autores, o estudo foi feito dessa forma levando-se em conta que os lares são considerados os lugares de mais “alto risco” em termos de transmissão. Eles enfatizaram que os resultados obtidos nesse tipo de análise podem ser similares a avaliações feitas em áreas semelhantes, como prisões.
“É uma notícia fantástica. Já sabíamos que as vacinas salvam vidas e esse estudo, o mais completo realizado em condições reais, também demonstra que reduzem a transmissão desse vírus mortal”, comentou o ministro britânico da Saúde, Matt Hancock. “Essa pesquisa nos mostra que as vacinas são a melhor forma de sair da pandemia, pois nos protegem e também impedem que você infecte alguém em sua casa sem saber”, acrescentou.
Segundo Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), as conclusões do estudo britânico são bastante animadoras, pois podem ajudar a encurtar o tempo previsto para alcançar a imunidade de rebanho. “Nos testes iniciais da vacina, os desenvolvedores destacavam sempre que existia a possibilidade da transmissão da doença ser reduzida pelos imunizantes, mas isso não era certo. Agora começamos a ver que existe sim esse ganho”, observou.
Para a especialista, confirmadas essas verificações, estará traçado um caminho para “reduzir de forma mais rápida o contágio do vírus e chegar a um controle da enfermidade”. “O que mais queremos, é uma tarefa essencial para acabar com a pandemia”, disse.
A imunologista disse acreditar na possibilidade de que o mesmo tipo de ganho seja constatado em futuras pesquisas com outros imunizantes para a covid-19. “Eu fui vacinada com a CoronaVac, mas, infelizmente, peguei a doença antes de receber a segunda dose. Em seguida me isolei, mas, antes de saber que fui contaminada, tive contato com a minha família por alguns dias e ainda assim eles não tiveram a doença. É claro que só teremos a prova que esse fármaco também reduz a transmissão com análises bem apuradas, mas existe sim a possibilidade de isso acontecer, o que seria muito bom para nós no Brasil”, contou a médica.
Os pesquisadores britânicos adiantaram que pretendem, em novos estudos, avaliar a redução de transmissibilidade após a aplicação da segunda dose das vacinas analisadas. O trabalho divulgado é uma continuação de uma investigação anterior feita pelo mesmo grupo, que constatou que os dois fármacos protetivos usados no Reino Unido reduzem a chance de desenvolver uma infecção sintomática em até 65% após quatro semanas da aplicação da primeira dose.
Como os especialistas britânicos, Lorena Diniz também ressaltou a importância de manutenção dos cuidados preventivos. “É necessário frisar que, se você foi vacinado e um familiar que vive com você não, ainda existe 50% de chance de contaminá-lo, não dá pra relaxar. É como jogar na loteria”, alertou, recomendando: “A segunda dose também não pode ser deixada de lado. Sem ela, a imunidade não será despertada totalmente.”
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FOLHA DE S.PAULO
Entenda a crise da Covid em Manaus e os sinais de omissão alvos da CPI
COMO CHEGAMOS AQUI?
No primeiro dia da CPI da Covid, a crise no fornecimento de oxigênio hospitalar em Manaus foi alvo de pelo menos cinco requerimentos de senadores da oposição e governistas.
O caos explodiu na capital do Amazonas em 14 de janeiro, quando o insumo se esgotou nos hospitais e pacientes passaram a morrer asfixiados. Foi um dos momentos críticos da tragédia sanitária no Brasil. Agora, será um dos destaques na investigação das ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia.
FOLHA EXPLICA
Indícios de negligência do governo ante falta de oxigênio e mortes impulsionaram comissão
NA MIRA DA CPI
Vinícius Sassine
Brasília
O dia 14 de janeiro de 2021 foi para moradores de Manaus o capítulo mais trágico da pandemia do novo coronavírus – e pode ter sido, também, o momento mais crítico e emblemático de toda a crise sanitária no Brasil até aqui. Na madrugada daquele dia, o oxigênio se esgotou em hospitais da capital do Amazonas. Pacientes com Covid-19 morreram asfixiados.
A crise, porém, não começou no dia 14. Em dezembro, o Amazonas já vivia as consequências de uma segunda onda da pandemia, repetindo o fenômeno da primeira, que se manifestou inicialmente naquele estado para depois ser replicada no restante do país.
Superlotação dos hospitais públicos e falta de insumos, tudo isso numa gravidade superior à da primeira onda, entre abril e maio- ganhavam contornos mais críticos a cada dia, semana após semana, até culminar no colapso.
O Ministério da Saúde foi acionado, já em dezembro, ante a iminência do caos. E demorou a agir. O ministro da Saúde na época, o general da ativa Eduardo Pazuello, foi diretamente envolvido na crise.
Ele viveu em Manaus e atuou como militar na região. Tem conexões com autoridades locais. Como ministro da Saúde, tinha responsabilidade direta na tomada de providências dentro do sistema tripartite que é o SUS. Desde 14 de janeiro, indícios, elementos, documentos e provas se avolumaram para indicar que Pazuello e seu ministério podem ter sido omissos na crise.
Agora, o ex-ministro é alvo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Os questionamentos ao governo Bolsonaro na crise em Manaus foram o principal motivo para a abertura da CPI da Covid. *
O que ocorreu em Manaus?
Dados de vigilância em saúde mostravam um aumento exponencial de casos e mortes por Covid-19 em Manaus em dezembro. No dia 14, havia 399 pacientes internados em UTIs com o novo coronavírus ou suspeita. No dia 21, eram 450. No dia 28,540.
O agravamento da pandemia levou o Governo do Amazonas a editar decreto com medidas restritivas, proibindo serviços não essenciais, em 23 de dezembro. Insuflados por políticos bolsonaristas, comerciantes protestaram nas ruas contra as medidas. O decreto foi revogado quatro dias depois.
Hospitais da rede pública continuaram recebendo mais pacientes, além de suas capacidades. Em janeiro já havia falta de leitos e necessidade de transferência de pacientes para outros estados.
A alta demanda, com casos mais graves, causou aumento exponencial do consumo de oxigênio medicinal. No pico da primeira crise, o consumo foi de 30 mil metros cúbicos. Em 11 de janeiro, chegou a 50 mil. No dia 13, 70 mil. No dia 14, do colapso, 76 mil.
Esse consumo cresceu até se aproximar dos 100 mil metros cúbicos. Faltou oxigênio nos principais hospitais da rede pública, inclusive no Hospital Universitário Getúlio Vargas, unidade de saúde federal.
Pacientes morreram asfixiados. Os primeiros levantamentos de investigações conduzidas pelo MPF em Manaus apontaram de2o a 30 mortes.
Parentes de pacientes se viram desesperados para comprar cilindros de oxigênio na iniciativa privada. Filas se formaram em busca do insumo.
Quem tinha dinheiro pagou UTIs aéreas para transportar doentes a outros estados. Mais de 500 pacientes em condições de saúde menos graves, sem dependência imediata de uma UTI, foram transferidos paulatinamente a outras regiões, em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira).
O que o governo federal fez antes e depois do colapso?
Pazuello e seu secretariado se reuniram para tratar da segunda onda da pandemia no Amazonas em 28 de dezembro de 2020. O ministro determinou que uma comitiva fosse a Manaus somente em 3 de janeiro de 2021.
O objetivo era avaliar a situação. Depois, o próprio ministro foi à cidade, onde ficou entre 10 e 13 de janeiro. O colapso ocorreu no dia 14. Ele esteve acompanhado de secretários e assessores diretos.
A pasta providenciou o transporte de cilindros de oxigênio antes do colapso, mas em quantidades ínfimas perto da demanda e do solicitado. Houve inspeções em espaços de armazenamento e manejo de oxigênio hospitalar.
O ministério distribuiu no estado 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina e 335 mil cápsulas de Tamiflu, ambos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Depois do colapso, o governo providenciou o transporte de oxigênio ao estado, por meio da FAB e da Marinha, e transferiu mais de 500 pacientes para fora de Manaus.
Quais as evidências de omissão do governo federal?
O Ministério da Saúde não dimensionou o problema e não calculou quanto seria necessário de oxigênio. O Governo do Amazonas fez alertas prévios sobre a escassez. Um ofício da White Martins, de 7 de janeiro, apontou a gravidade do problema, comum pedido de ajuda. A empresa fornece o oxigênio medicinal à região.
Relatórios da Força Nacional do SUS, enviada a Manaus por determinação do ministro da Saúde, registraram o problema e a iminência do colapso em documentos de 8, 9,11,12 e 13 de janeiro, inclusive com previsão exata de quando ocorreria o colapso.
No dia 10, uma cunhada de Pazuello disse a ele que um irmão estava “sem oxigênio nem para passar o dia”.
No dia 11, num evento público com Pazuello, o governador do Amazonas, o bolsonarista Wilson Lima (PSC), relatou que a White Martins havia comunicado a incapacidade de fornecer oxigênio em quantidade suficiente. O governador disse que o relato foi feito no dia 7.
No dia 11, gestores da White Martins enviaram email ao ministério pedindo “apoio logístico imediato” para o transporte de oxigênio, o que não foi atendido. O email foi enviado a um coronel do Exército que auxiliava Pazuello.
Naquele mesmo dia, uma reunião já havia sido feita entre representantes da empresa, Pazuello e outros militares do Ministério da Saúde.
Relatório de ações do ministério referente ao período de 6 a 16 de janeiro apontou “gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus logo no início do período”.
De quem era a responsabilidade pelo que ocorreu?
É compartilhada entre estado e União, segundo o MPF. Ao ministério não cabia só repassar recursos e equipamentos, mas também definir, coordenar e executar a vigilância sanitária e epidemiológica, com participação no fornecimento de insumos de saúde.
Também era função do ministério oferecer cooperação técnica aos demais entes da federação e acompanhar os serviços de saúde. A previsão legal para essas responsabilidades, segundo o MPF, são a lei nº 8.080/1990 e a Constituição Federal.
Quem investiga o que ocorreu em Manaus?
A PGR (Procuradoria- Geral da República) instaurou um procedimento preliminar e, diante de explicações pouco convincentes de Pazuello, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar o então ministro. O STF determinou a abertura do inquérito, que passou a ser tocado pela Polícia Federal. Já houve diligências.
Com a demissão do general em março e consequente perda de seu foro especial, as investigações passaram à primeira instância da Justiça Federal em Brasília.
O MPF investiga as omissões do Ministério da Saúde em inquéritos civis. E o colapso de Manaus também passa a ser investigado pela CPI, com oitivas e requisição de documentos ao ministério.
O que de concreto já ocorreu nas investigações?
O MPF no Amazonas apresentou na Justiça Federal ação de improbidade administrativa contra Pazuello e três de seus secretários, que continuam no Ministério da Saúde na gestão de Marcelo Queiroga. Também são réus o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellas Campêlo, e o coordenador do comitê de crise no estado, Francisco Máximo Filho.
Os procuradores da República apontam atos de improbidade em cinco situações distintas: atraso do Ministério da Saúde para enviar uma equipe ao Amazonas, omissão no monitoramento de estoques de oxigênio e na adoção de medidas para evitar a escassez, pressão pela cloroquina, demora para transferir pacientes e falta de estímulo ao distanciamento social.
A PF, na esfera criminal, já colheu depoimentos e busca provas que relacionem as mortes por asfixia à escassez de oxigênio, com identificação dos responsáveis.
O que Pazuello e o governo Bolsonaro argumentam diante das acusações?
O ex-ministro chegou a mudar uma versão junto ao STF, negando ter recebido aviso da White Martins em 8 de janeiro. O ofício da empresa, ao contrário do que o próprio Pazuello havia escrito em documento entregue ao Supremo, teria chegado ao ministério em 17 de janeiro, três dias depois do colapso.
Além disso, segundo o general, os relatos que teve foram sobre problema no oxigênio, não sobre colapso. Um problema no abastecimento teria sido relatado pelo governador do Amazonas no dia 10, conforme o ex-ministro.
Pazuello sustenta que adotou as providências necessárias, com centralização de ações para fornecimento do insumo pelo ministério, e que não dava para prever a escalada da demanda por oxigênio diante da agressividade da nova onda da pandemia.
Bolsonaro, por sua vez, afirma que o governo não tem responsabilidade pelo que ocorreu e que tinha como antecipar o que ocorrer.
O presidente declarou que Pazuello foi um “tremendo gestor” na administração da crise e que recursos públicos federais foram enviados aos estados para lidar com a pandemia.
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15 sinais de omissão na crise do Amazonas
1- Relatórios da Força Nacional do SUS com registros da escalada da crise entre os dias 8 e 13 de janeiro, até o colapso no dia 14.
2- Email da White Martins, em 11 de janeiro, pedindo a coronéis do Ministério da Saúde “apoio logístico imediato” para transporte de oxigênio.
3- Email da White Martins, em 7 de janeiro, apontando a escalada da escassez de oxigênio. Pazuello disse ao STF que email chegou no dia 8. Depois, gabinete mudou a versão.
4- Relatório de ações referentes ao período de 6 a 16 de janeiro, assinado pelo então ministro, em que diz ter detectado “gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus”, “logo no início do período”.
5- Visita de Pazuello a instalações da White Martins em Manaus.
6- Reunião do general e de coronéis do Ministério da Saúde com representantes da White Martins em Manaus.
7- Documento de diretor jurídico da White Martins ao MPF no Amazonas, em que aponta ter havido informação e registro da situação “junto às autoridades públicas que estão à frente da questão junto ao estado do Amazonas e ao governo federal”, além de “reuniões periódicas com comitê de crise do governo federal”.
8- Relatório do centro de operações da secretaria executiva do ministério, referente a ações em 10 de janeiro, com registro sobre “prioridade zero” no suprimento de oxigênio aos hospitais.
9- Chamada telefônica da Secretaria da Saúde do Amazonas ao ministério pedindo ajuda com oxigênio.
10- Plano de contingência com registro de “estrangulamento” no fornecimento de oxigênio.
11- Constatação de uso inadequado de oxigênio por grupos independentes mandados ao Amazonas.
12- Falta de dimensionamento do problema pelo ministério, sem mapeamento prévio da necessidade de volume a ser suprida.
13- Demora em contatar possíveis fornecedores, em requisitar microusinas em buscar ajuda externa.
14- Relato da própria cunhada do então ministro, em 10 de janeiro, sobre um irmão doente: “Sem oxigênio para passar o dia”.
15- Relato do governador do Amazonas, em evento público no dia 11 de janeiro, com a presença de Pazuello: “Aí a gente começa a viver outro drama. Na quinta-feira [7], a principal empresa fornecedora nos comunicou que não tinha mais capacidade de fornecer oxigênio na quantidade que a gente precisava. Ela nos disse: ‘Parem de abrir leitos”‘
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Passaporte vacinal europeu não prevê aceitar Coronavac
Comissão Europeia diz que passe só valerá para imunizantes usados no bloco
Igor Gielow
Um debate em curso na Europa levou preocupação a brasileiros e moradores de outros países fora da bolha do desenvolvimento que sonham em viajar para o continente após o arrefecimento da pandemia e a expansão do programa de vacinação.
A UE (União Europeia) defende que apenas inoculadas com imunizantes aprovados para uso no bloco possam ter acesso ao passe do Certificado Digital Verde, que a entidade diplomaticamente evita chamar de passaporte da vacina.
Isso hoje excluiria a Coronavac, fármaco contra Covid de origem chinesa que é formulado e será fabricado pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
Até aqui, a vacina está em cerca de 80% das carteirinhas brasileiras, sendo os registros restantes da droga da AstraZeneca/Universidade de Oxford.
É um debate ainda incipiente, e começou de olho nos turistas americanos que possam visitara Europa durante o verão (inverno no Hemisfério Sul). Há dúvidas sobre o uso de outros parâmetros além da vacinação para o passe digital, mas as tratativas com Washington estão em curso.
É uma discussão que domina conversas na lata, entidade que reúne empresas aéreas e já criou um aplicativo com dados de saúde de viajantes.
Afinal de contas, o tráfego aéreo diminuiu 65,9% no ano passado em todo o mundo.
No sábado (24), a presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE, Ursula von der Leyen, afirmou ao The New York Times que “os americanos, até onde sei, usam vacinas aprovadas pela EMA (sigla inglesa para Agência de Medicamentos Europeia)”.
“Porque uma coisa é clara. Todos os 27 Estados-membros vão aceitar, incondicionalmente, aqueles que são vacinados com imunizantes aprovados pela EMA”, disse Von der Leyen à publicação.
Hoje, isso significaria quem recebeu doses das vacinas produzidas pela Pfizer (Alemanha/EUA), Moderna (EUA), Janssen (EUA) ou AstraZeneca (Reino Unido/Suécia). Sob análise na EMA estão a russa Sputnik V, a americana Novavax e a alemã CureVac.
Com o sucesso do programa de vacinação americano, que já atingiu mais de 40% da população adulta em pelo menos uma dose, a UE está de olho numa retomada de seu deprimido setor de turismo.
Instados a explicar melhor as declarações da chefe, porta-vozes da Comissão Europeia buscaram dizer que tudo está em fase de estudos ainda.
A rigor, a proposta em estudo na União Europeia tem ao menos quatro vetores para definir quem pode entrar.
Quem recebeu todo o protocolo de vacinação (duas doses para a maioria das drogas), ou quem não está contaminado segundo um teste do tipo RTPCR feito pelos governos na chegada e quem já tem atestado de recuperação de Covid-19 nos últimos 180 dias.
Assim, em tese seria possível supor que um brasileiro com o RT-PRC negativo vá poder entrar na Europa sem ser vacinado uma vez que as restrições sejam levantadas. No entanto, a ênfase de Von der Leyen deixou a dúvida no ar: e se as nações ricas de fato insistirem na vacinação?
Aí os viajantes brasileiros terão problema, dado que até o momento, cerca de 41 milhões dos 58 milhões de doses distribuídos para o Ministério da Saúde são da Coronavac. Nenhum imunizante chinês está sob análise da EMA.
“A comissão pode mudar sua recomendação a partir de consultas de Estados-membros”, disse o porta-voz de Leyen, Eric Mamer, em entrevista coletiva na segunda (26).
Questionada pela Folha sobre como a situação ficaria em caso de a OMS (Organização Mundial da Saúde) aprovar a Coronavac para uso em seu consórcio Covax Facility, a comissão afirmou que esta é uma questão em aberto.
As dúvidas não se restringem, por óbvio, aos brasileiros. Além de chineses, chilenos, sul-asiáticos e outros que usam vacinas chinesas, há a questão da Sputnik V, que está sendo aplicada a húngaros – aliás, membros da UE.
Mamer se limitou a dizer que “a situação hoje é mais favorável aos viajantes norteamericanos”, não só pelo uso de imunizantes aprovados pela União Europeia, mas também pela situação epidemiológica considerada aceitável.
Para se qualificar à lista de países que podem ter viagens não-essenciais à UE, hoje restrita a Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Coréia do Sul, Singapura e Ruanda, o país não pode ter tido mais que 25 novos casos de coronavírus por 100 mil habitantes nas (luas semanas anteriores.
Na quarta, o Brasil registrava 26,7 casos por 100 mil habitantes nos últimos sete dias.
A discussão se espraia pelo mundo, assim como questionamentos éticos acerca do estabelecimento de categorias de cidadãos. Não é algo fácil.
Em Hong Kong, nesta quinta (29) serão abertos bares e restaurantes pela primeira vez desde novembro. Mas o governo local estipulou subcategorias de restrições que dependem da natureza e do tamanho do estabelecimento, algo que mesmo os honcongueses não acham factível.
Um bar pode ter duas pessoas por mesa com metade da capacidade total e funcionar até 2h. Restaurantes têm licenças de quatro a seis ocupantes por mesa e horários que vão das 22h à meia- noite.
Tudo isso a depender do grau de imunização de funcionários e clientes, aferido por um aplicativo que diz se a pessoa tomou uma ou duas doses – no território, há a Coronavac e o imunizante da Pfizer disponíveis ao público.
Ainda assim, os passaportes de imunidade parecem uma inevitabilidade comercial. O campeão mundial de imunização, Israel, já utiliza o esquema de forma doméstica.
Nos EUA, há uma miríade de passes regionais com informações distintas (vacinação, testagem), e a OMS trabalha com o tecnológico governo da Estônia numa forma de integrar dados aos passaportes com chips (caso do Brasil).
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Assessoria de Comunicação