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DESTAQUES
Acusado de mentir à CPI da Covid, ex-diretor da Saúde paga fiança deixa prisão
Mundo ultrapassa 4 milhões de mortos por covid-19 sob ameaça de novas variantes
Pelo menos cinco Estados antecipam 2ª dose da vacina da AstraZeneca; SP estuda reduzir intervalo
Governo exonera diretor que permitiu a líder religioso negociar compra de vacina
Uso de telemedicina cresce na pandemia, mas regulação enfrenta embates médicos
Variante delta do coronavírus pode driblar parcialmente anticorpos de curados e vacinados, diz estudo
Caiado anuncia chegada de mais 116,9 mil vacinas contra covid-19 a Goiás
Goiás adotará critério por idade para 100% das vacinas contra covid-19
Ações ilegais de Pazuello no combate à Covid-19 somam prejuízo de R$ 121 milhões, diz MPF
AGÊNCIA ESTADO
Acusado de mentir à CPI da Covid, ex-diretor da Saúde paga fiança deixa prisão
Brasília – Após passar algumas horas na Delegacia do Senado e pagar fiança de R$1.100, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias foi solto no final da noite desta quarta-feira, 7.
O ex-funcionário da Saúde saiu preso da CPI da Covid, no fim da tarde. A ordem partiu do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), que apontou falso testemunho no depoimento de Dias.
Acusado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti de pedir propina em negociação para compra de vacinas contra coronavírus, Dias foi pego em contradição ao dizer que o encontro com o homem que tentava vender o imunizante havia sido “acidental”, quando conversas gravadas desmentiram essa versão.
O auto de prisão apresenta uma lista de 12 contradições do ex-diretor. Depois de muito tumulto e um racha no grupo majoritário da CPI, conhecido como G-7, Dias foi detido pela Polícia Legislativa. “Os áudios que nós temos do Dominghetti são claros”, afirmou Aziz.
O presidente da CPI fazia referência a mensagens de voz trocadas entre o policial militar, o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, e um outro interlocutor chamado Guilherme Filho Odilon, que já falavam na negociação da vacina com Dias. Os áudios foram revelados pela CNN Brasil.
O Código Penal, em seu artigo 342, classifica o crime de perjúrio como o ato de fazer afirmação falsa em investigação como crime punível com reclusão de dois a quatro anos e multa. Para Aziz, Dias cometeu “perjúrio” em seu depoimento ao negar que havia combinado um encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que o acusou de pedir propina para vender vacinas ao governo.
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Mundo ultrapassa 4 milhões de mortos por covid-19 sob ameaça de novas variantes
São Paulo – O mundo superou a barreira das quatro milhões de mortes por covid-19 nesta quinta-feira (8/7) um número superior a população de qualquer uma das capitais brasileiras, a exceção de São Paulo e Rio. De acordo com dados da universidade americana Johns Hopkins, 4 milhões e 4 mil pessoas morreram pela doença, e mais de 185 milhões de casos foram confirmados pelo mundo – contagem que pode ser inferior à quantidade real de infectados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pandemia demorou nove meses para ceifar um milhão de vidas, e o ritmo acelerou desde então. O segundo milhão foi perdido em três meses e meio, o terceiro em três meses e o quarto em cerca de dois meses e meio. “Os números podem não contar a história completa, mas ainda assim são realmente surpreendentes em todo o mundo”, disse Jennifer B. Nuzzo, epidemiologista da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins.
Nuzzo afirma que o número de mortes relatadas em todo o mundo sugere que “os países de baixa renda foram muito mais atingidos do que seus números oficiais sugerem.”
No ranking de casos confirmados desde o começo da pandemia, Estados Unidos (33.771.942), Índia (30.709.557) e Brasil (18.909.037) lideram. Quanto ao número de mortos, os EUA lideram (606.220), seguidos pelo Brasil (528.540) e pela Índia (405.028).
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou, na quarta-feira (7/7) que quatro milhões de mortos representam um marco trágico e disse que o número de mortos continua aumentando em grande parte por causa das variantes perigosas do vírus e da injustiça distribuição de vacinas. “Combinado por variantes em movimento rápido e desigualdade chocante na vacinação, muitos países em todas as regiões do mundo estão vendo picos acentuados de casos e hospitalizações”, disse em uma coletiva.
Ameaça da variante Delta
O avanço da variante Delta – identificada inicialmente na Índia – converteu-se na maior preocupação das autoridades sanitárias no momento. Se o número de mortos vem decrescendo a cada semana, o número de novas infecções vem aumentando, após quase dois meses de declínio, em razão da elevação das taxas em países como Reino Unido, Indonésia e Rússia, duramente atingidos pela nova cepa.
Na Indonésia, com o sistema de saúde sobrecarregado, muitos cidadãos recorrem à ivermectina, um tratamento antiparasitário anunciado por algumas personalidades como um remédio para a covid, apesar das recomendações oficiais contra esse produto. “Não temos mais (ivermectina) porque muitos clientes vieram comprá-la”, disse à France-Presse Yoyon, chefe de uma associação profissional de farmacêuticos em Jacarta.
No hospital Mariinskaia, na cidade russa de São Petersburgo, a “zona vermelha” para pacientes com covid-19 está com quase todos os seus 760 leitos ocupados. Em apenas meia hora na UTI, os corpos de dois pacientes foram removidos em bolsas mortuárias pretas. Mas, “felizmente, a maioria dos pacientes se salva”, disse o chefe do serviço, Pavel Ermakov.
Às vésperas de sediar os Jogos Olímpicos, Tóquio decidiu declarar estado de emergência, anunciou o primeiro-ministro Yoshihide Suga, a duas semanas da cerimônia de abertura. A medida será estendida até 22 de agosto e foi justificada pelas autoridades, devido ao aumento contínuo das infecções por coronavírus na capital japonesa, especificamente a variante Delta.
Vacinas fazem a diferença
Várias vacinas se mostraram eficazes contra o coronavírus, incluindo a variante Delta, e as taxas de mortalidade caíram drasticamente em muitas partes do mundo onde um grande número de pessoas foram vacinadas, como os Estados Unidos e grande parte da Europa.
Mas o vírus ainda está disseminado em regiões com taxas mais baixas de vacinação, como partes da Ásia, África e América do Sul. Alguns lugares com taxas de vacinação relativamente altas, como a Inglaterra, também estão vendo picos de casos, embora menos desses casos tenham causado hospitalizações e mortes.
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Pelo menos cinco Estados antecipam 2ª dose da vacina da AstraZeneca; SP estuda reduzir intervalo
Principais motivos são aumentar a parcela da população totalmente imunizada e evitar ultrapassar o prazo máximo de 12 semanas entre as aplicações; a variante Delta, mais transmissível, também preocupa as autoridades.
Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Santa Catarina decidiram antecipar a aplicação da 2ª dose da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca. Os principais motivos são aumentar a parcela da população totalmente imunizada e evitar ultrapassar o prazo máximo de 12 semanas entre as doses, diante das dificuldades de entregas federais. A variante Delta, mais transmissível, também preocupa as autoridades.
Em São Paulo, especialistas do Centro de Continência Contra a Covid-19 do Estado devem se reunir na quinta-feira, 8, para debater a redução do intervalo. Em coletiva de imprensa nesta quarta, o governo demonstrou preocupação com a nova variante, que já circula no Estado.
Em Santa Catarina, o intervalo entre as doses de AstraZeneca foi encurtado para dez semanas. A Secretaria da Saúde afirmou que a medida tem como objetivo organizar o processo de vacinação e evitar o atraso da 2ª dose. O prazo máximo entre as aplicações, segundo o Ministério da Saúde, é de 12 semanas.
Carlos Alberto Justo da Silva, secretário de Saúde de Florianópolis, disse estudar como será a antecipação da 2ª dose. “A gente esperava os três meses porque não tinha vacina suficiente e a eficácia era a mesma. Se tiver vacina disponível para reduzir o tempo de espera, faremos isso”, disse.
A cidade está vacinando a população com 40 anos ou mais e, segundo ele, a cobertura vacinal nas categorias já contempladas está em 90%. “Florianópolis não tem vacina na prateleira. Estamos mostrando que a cidade dá conta de vacinar em um ritmo ainda maior”, falou. De acordo com Silva, o município está aguardando a informação de quantas vacinas receberá do Estado para definir em quantas semanas será antecipada a segunda dose.
No Mato Grosso do Sul, o prazo entre a 1ª e a 2ª dose foi encurtado para oito semanas (56 dias). A medida se aplica às vacinas da AstraZeneca e Pfizer. O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, explicou que o principal objetivo é evitar o atraso da 2ª dose. Ele teme haver um desabastecimento da vacina da AstraZeneca nos próximos meses.
Mauro Filho cobra mais orientações do Ministério da Saúde sobre o assunto. “Tudo o que a gente faz é baseado em estudos internacionais. Não temos uma orientação do governo federal. O Ministério da Saúde precisa se posicionar”, fala. Goiás informou que está antecipando a segunda dose “em alguns dias”. Já o Maranhão autorizou aplicar a 2ª dose da AstraZeneca oito semanas após a 1ª. A antecipação é válida para cidades que receberam lotes com a validade curta.
O Espírito Santo recomenda que os profissionais de saúde anotem na carteirinha de vacinação da população o prazo de 12 semanas (84 dias), mas permite que a 2ª dose seja antecipada e aplicada dez semanas após a primeira (70 dias). “As vacinas devem ser aplicadas no menor espaço de tempo possível a partir do momento em que elas chegam”, defendeu na segunda-feira, 5, o secretário de Saúde Nésio Fernandes de Medeiros Júnior.
A questão, porém, envolveu até o Ministério Público, que notificou o governo capixaba sobre possíveis responsabilizações ao descumprir o prazo de três meses. A população fica perdida diante da quantidade de informações. A autônoma Luciana Possati tomou a 1ª dose em 14 de maio. A 2ª seria em agosto, mas agora ela está confusa. “Não sei quando irei tomar a outra dose.”
Em Pernambuco, o Estado autorizou que os municípios apliquem a 2ª dose da vacina entre 60 e 90 dias após a primeira. Em boletim epidemiológico divulgado nesta semana, o governo disse que a discussão foi levantada após o Ministério da Saúde antecipar em quase um mês o envio de doses destinadas a completar o esquema de imunização. O Estado orienta que cada cidade organize o calendário de acordo com seu estoque – Recife, por exemplo, reduziu para 60 dias.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que acompanha todos os estudos sobre as vacinas contra a covid-19 e qualquer modificação deve ser discutida na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis. O intervalo entre doses para a vacina AstraZeneca permanece, diz o texto, o mesmo disposto em bula e orientado pelo fabricante, “de 12 semanas”.
Surgimento de variantes preocupam
O medo que o Estado de São Paulo tem da variante Delta se repete em outros Estados e até fora do Brasil. O secretário de Saúde de Florianópolis diz que um dos motivos para antecipar a segunda dose é ter mais pessoas protegidas para enfrentar a chegada de novas cepas. “Quem não está preocupado com isso está louco”, diz.
O titular da Secretaria de Saúde de Campo Grande também está preocupado com a disseminação de variantes. “A segunda dose dá uma cobertura maior, então temos que completar a imunização o quanto antes”, fala. Mauro Filho afirma que a aplicação da segunda dose está sendo intensificada na cidade e a diferença percentual de vacinados com a primeira e a segunda dose está diminuindo.
Na Europa, o Reino Unido está vendo os casos relacionados à variante Delta dispararem, especialmente entre os mais jovens que ainda não estão totalmente vacinados. Para controlar o novo surto, o país antecipou a aplicação da segunda dose das vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Moderna. Agora, todos os adultos podem receber o reforço oito semanas após a primeira dose. O prazo anterior era de 12 semanas.
A França também decidiu diminuir o intervalo mínimo entre as doses da vacina para três semanas. A decisão se aplica aos imunizantes da Pfizer e Moderna. Províncias do Canadá tomaram a mesma decisão de reduzir o tempo entre as doses. A preocupação dos dois países também gira em torno da variante Delta.
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CORREIO BRAZILIENSE
Governo exonera diretor que permitiu a líder religioso negociar compra de vacina
Laurício Monteiro Cruz deu aval para o reverendo Amilton Gomes de Paula negociar 400 milhões de vacinas da AstraZeneca em nome do governo
Hellen Leite
O diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, foi exonerado pelo governo federal. Ele é o responsável por autorizar que o reverendo Amilton Gomes de Paula e a entidade presidida por ele negociassem 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro.
A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (8/7) e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Exoneração de Lauricio Monteiro Cruz é publicada no Diário Oficial da União (DOU)
A exoneração acontece um dia após a oficialização de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, também citado nas negociações de compra da vacina com a empresa americana Davati Medical Supply. Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Dias negou que tenha negociado os imunizantes.
Amilton líder religioso ligado à Igreja Batista e presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Foi ele quem abriu as portas do Ministério da Saúde para Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como vendedor da Davati e confirmou à CPI da Pandemia que recebeu oferta de propina enquanto tentava fechar negócio para a venda de vacinas da Astrazeneca.
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FOLHA DE S.PAULO
Uso de telemedicina cresce na pandemia, mas regulação enfrenta embates médicos
A regulamentação da telemedicina, que hoje funciona em caráter provisório, tem provocado um novo embate na classe médica opondo, mais uma vez, duas das principais entidades da categoria no país, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira).
Ao longo da pandemia de Covid-19, ambas divergiram em relação ao tratamento precoce com medicamentos sem eficácia para a Covid A AMB se posicionou contra o uso, e o CFM deixou a critério dos médicos.
Agora, as divergências dizem respeito a uma questão central discutida tanto na elaboração de uma nova resolução do CFM sobre telemedicina quanto em projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados sobre o tema: a obrigatoriedade de que a primeira consulta seja presencial.
Em debates virtuais sobre o assunto, o vice-presidente do CFM, Donizette Giamberardino Filho, tem defendido que a primeira consulta por telemedicina deva ser presencial. Em nota enviada à Folha, porém, a entidade disse que ainda analisa o assunto. Já AMB entende que essa decisão deva ser do médico e do paciente.
Há discussões também em torno da chamada territorialidade. Médicos poderiam fazer telemedicina em todo o país ou apenas nos estados onde possuam registro profissional? Hoje, além do certificado no estado onde atua predominantemente, o médico pode ter outros em locais onde também atende.
A questão é que agora, com a telemedicina, o médico pode atender, em tese, pacientes em qualquer lugar do país. A AMB defende que o profissional tenha autonomia para isso.
Giamberadino Filho, do CFM, tem opinado que se a primeira consulta for presencial, o acompanhamento depois poderia ser virtual, em qualquer lugar. Em nota, o CFM diz que ainda estuda o assunto.
“Essas ferramentas [de telemedicina] existem para beneficiar o paciente. Ainda temos limitações. Há situações em que eu, como médico, não vou conseguir resolver tudo [virtualmente]. Vou precisar do paciente presencialmente”, explica o ginecologista César Fernandes, presidente da AMB.
Segundo ele, é o médico que, durante a primeira consulta virtual, deve arbitrar se vai precisar ou não de uma consulta presencial. “É decisão do médico, autonomia do médico. Se ele se aventurar a fazer uma proposição terapêutica sem ter todos os elementos necessários, ele será responsabilizado por isso. Não atenua a responsabilidade do médico se ele atender presencialmente ou por teleconsulta.”
Pesquisa feita pela AMB com uma amostra representativa de 980 médicos mostra que 66% consideram que o profissional deve ter autonomia para decidir pela consulta virtual ou não e 62% dizem que ela não deve se restringir ao estado onde o médico possua o registro profissional.
Para Fernandes, o fato de parte da categoria defender que a telemedicina só seja exercida no estado de registro pode ser pelo fato de que há médicos em locais que não têm recursos tecnológicos para concorrer em condições iguais com outros de centros mais avançados.
“Talvez imaginem que vão ter prejuízo. Mas é um direito do paciente de querer passar onde quiser e com quem quiser. Senão daqui a pouco o médico vai ter que ter 27 CRMs para poder atender por telemedicina no país?”, questiona.
O pediatra Clóvis Constantino, professor de ética médica e bioética da Unisa (Universidade Santo Amaro), lembra que uma questão que precisa ficar muito clara é que, para algumas especialidades médicas, a telemedicina funciona muito bem, mas para outras, não.
Ele sugeriu ao CFM que as 34 especialidades aprovassem a forma como a telemedicina poderia ser usada (ou não) em suas respectivas áreas. “É uma forma de utilizar a telemedicina com segurança. Na psiquiatria, por exemplo, há mais segurança [de uma primeira consulta virtual]. Mas, em outras, o exame físico, tocar no paciente, é muito importante.”
Nesta quinta (8), às 14h, haverá uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir projetos sobre a autorização da telemedicina e a segurança no uso de dados durante a prática.
Sob uma legislação provisória aprovada no início da pandemia e com validade até o fim da crise sanitária, a telemedicina já está sendo amplamente usada tanto em plataformas estruturadas, que obedecem a regras de sigilo e proteção de dados, quanto por meios informais, como aplicativos de mensagens.
Segundo dados da Saúde Digital Brasil, uma associação que representa os principais operadores de telemedicina do país, entre 2020 e 2021, mais de 7,5 milhões de atendimentos virtuais já foram realizados por mais de 52,2 mil médicos. A grande maioria (87%) deles foi das chamadas primeiras consultas.
Para Eduardo Cordioli, presidente da Saúde Digital Brasil, mais importante do que o volume dos atendimentos a distância, é o alto índice de resolutividade: 91% nas consultas avulsas de pronto-atendimento.
“São pacientes que tiveram seu problema resolvido e não precisaram recorrer ao pronto-socorro. E 1% desses atendimentos foi essencial para salvar vidas”, afirma.
Na opinião de Cordioli, limitar a utilização da medicina, seja determinando quando uma consulta deva ou não acontecer a distância ou impedindo que médicos atendam pacientes de outros estados, deixa a saúde mais vulnerável e anula as tentativas de se levar cuidados às regiões até então pouco assistidas.
Na pesquisa da AMB, 56% dos médicos dizem que já estão atendendo a distância e 59% pretendem continuar após a pandemia. Uma outra pesquisa da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) também mostra ampla utilização da telemedicina pelas empresas de assistência médica e odontológica.
Em debate virtual recente promovido pela Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados) sobre o novo papel dos médicos com a telemedicina, um dos pontos abordados foi a sobre a Lei Geral de Proteção de Dados, que deverá ser seguida à risca pelos profissionais que fazem consultas virtuais.
“A pandemia acelerou os processos de saúde digital e o avião já decolou. É muito importante estabelecer regras, princípios éticos para que essa implantação seja dentro do que imaginamos como adequada”, disse Giovanni Cerri, presidente do conselho do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“É preciso entender que consulta por WhatsApp não é telemedicina”, disse Giamberardino, do CFM. Ele afirmou que o conselho está estudando formas de proporcionar aos médicos meios de prescrição e assinatura digital seguros, já inclusos na mensalidade.
Outra questão é a capacitação dos médicos. Segundo Chao Lung Wen, professor associado e chefe da disciplina de telemedicina da USP, apenas 12 das 340 universidades com curso de medicina no Brasil possuem aulas voltadas para a telemedicina.
Uma preocupação levantada pelos participantes é que a telemedicina não deve ser usada pelos gestores públicos e privados de saúde como forma de reduzir custos e, por exemplo, deixar de investir em estruturas locais necessárias.
“É irresponsável achar que a telemedicina substitua tudo. Se uma gestante estiver apresentando sangramento, por exemplo, pode ser necessária uma intervenção, então é preciso ter estrutura física”, afirmou.
Para os locais remotos, ele defende uma combinação de unidades móveis de deslocamento e telemedicina. Nessas regiões distantes, em que não há médico, Giamberardino diz que a primeira consulta poderia ser virtual. “Mas deve ser a exceção, não a regra.”
CFM DIZ QUE AVALIA PONTOS POLÊMICOS COM RIGOR E CRITÉRIO
Em nota encaminhada à Folha, o CFM disse que questões como a exigência de uma primeira consulta presencial (ou não) ou a definição de territorialidade “estão sendo avaliados, com rigor e critério, a partir de considerações feitas por todos os setores envolvidos.”
“Esse esforço tem sido conduzido de modo exaustivo para que o Brasil ganhe uma norma que permita o exercício da telemedicina com lastro em princípios éticos, técnicos e legais”, diz.
Sobre a norma que ainda está em discussão no âmbito do CFM, destaca que tem procurado ouvir os conselhos regionais de medicina, as sociedades médicas de especialidade e especialistas renomados para construir um normativo que atenda aos interesses dos pacientes e dos profissionais.
Sugestões encaminhadas por meio de consulta pública também estão sendo analisadas, segundo o CFM.
“É preciso lembrar que a telemedicina não vem para substituir a presença do médico, mas para melhorar a qualidade do serviço prestado, bem como o seu acesso. Dentre os princípios abordados na revisão está a autonomia do médico e do paciente. A valorização dessa relação é fundamental para o estabelecimento da confiança interpessoal”, diz o conselho.
O CFM reitera também que já tem como parâmetro fundamental, a ser contemplado na nova resolução que disciplinará o tema, que as plataformas de consulta e de prescrição deverão oferecer elementos de proteção aos dados recebidos/transmitidos.
Também entende que todo ato médico deve ser registrado em prontuário específico do paciente, para conferir mais segurança na assistência prestada.
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Variante delta do coronavírus pode driblar parcialmente anticorpos de curados e vacinados, diz estudo
Ainda assim, as estimativas das taxas de eficácia dos imunizantes ficaram acima de 60% após a vacinação completa
A variante delta do coronavírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, consegue escapar da ação de alguns anticorpos que o organismo produz após infecção ou vacinação. O vírus também é capaz de driblar alguns anticorpos monoclonais, proteínas feitas em laboratório para combater o invasor.
O estudo que traz os resultados, publicado nesta quinta-feira (8) na revista científica Nature, mostra que uma maior vigilância é necessária para conter a variante, recentemente detectada na cidade de São Paulo.
A delta foi registrada pela primeira vez na Índia e é apontada como a principal responsável pelo surto de Covid-19 que abalou o país asiático no início deste ano, com recordes sucessivos de casos e mortes causadas pela doença. Dados do Reino Unido e dos Estados Unidos mostram que ela já é a principal fonte de novas infecções nos países.
Evidências recentes já indicavam que a variante delta é mais transmissível do que as outras, pode gerar sintomas ligeiramente diferentes e também pode levar a mais hospitalizações. Ainda não se sabe se a delta pode causar mais mortes.
Os cientistas isolaram o vírus a partir de uma amostra de secreção nasal de um paciente infectado pela variante delta e o replicaram em laboratório. Depois, passaram a fazer tentativas de neutralizar o patógeno usando os anticorpos monoclonais ou o soro de 103 pessoas que tiveram a doença. Os pesquisadores também testaram o soro de 59 pessoas que receberam as vacinas da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca/Oxford.
A neutralização acontece, via de regra, quando os anticorpos conseguem se conectar a uma das estruturas que o vírus usa para entrar na célula e, assim, impedem uma infecção. Um alvo comum dos anticorpos para combater o Sars-CoV-2 são as espículas que revestem o vírus.
No experimento, o soro convalescente (dos curados) foi cerca de quatro vezes menos potente contra a variante delta do que contra a alfa (primeiramente registrada no Reino Unido). “A variante delta demonstrou uma resistência maior à neutralização dos anticorpos de pessoas que tiveram a doença e não se vacinaram, especialmente após um ano da infecção”, escrevem os autores.
O achado reforça o resultado de uma outra pesquisa publicada em junho no periódico científico Cell por um grupo internacional de cientistas, que mostrou um aumento nas chances de uma segunda infecção pelo vírus desde o surgimento da variante delta.
“Os dados mostram que essa variante tem uma maior facilidade para infectar as células humanas. Isso quer dizer que os anticorpos produzidos em uma infecção com outra variante do vírus não são capazes de nos proteger adequadamente contra a delta”, diz a microbiologista Viviane Alves, professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG) que não esteve envolvida na pesquisa.
Os anticorpos de pessoas vacinadas com apenas uma dose das vacinas da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca/Oxford também foram pouco eficientes contra o Sars-Cov-2. Após a segunda dose, a resposta imunológica se fortaleceu, mas a variante delta se mostrou mais resistente a essa reação do que outras variantes, como a alfa e a beta (registrada pela primeira vez na África do Sul).
Ambas as vacinas demonstraram taxas de eficácia estimadas maiores do que 60% contra a variante após a vacinação completa, mostrando que os imunizantes ainda são a melhor forma de prevenção e combate à pandemia. “Mas é muito importante que sejam tomadas as duas doses da vacina”, lembra Alves.
Segundo o Instituto Butantan, há indícios de que a Coronavac funciona contra a variante delta, mas novos estudos são necessários.
Um estudo divulgado pela Janssen, cuja vacina contra Covid é aplicada em apenas uma dose, mostrou que o imunizante mantém a eficácia contra a delta. Os dados estão disponíveis no formato pré-print (ainda sem revisão por outros cientistas).
O soro de pessoas que tiveram a Covid-19 e se vacinaram é o que carrega os anticorpos mais fortes contra o vírus, diz o estudo publicado na Nature nesta quarta.
Os cientistas testaram ainda os anticorpos monoclonais bamlanivimabe (LY-CoV555) e etesevimabe (LY-CoV016), produzidos pela farmacêutica americana Eli Lilly; o casirivimabe (REGN10933) e o imdevimabe (REGN10987), produzidos pela também americana Regeneron. O bamlanivimabe não funcionou contra a variante, e os demais permaneceram com alguma ação contra o vírus.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em abril o uso emergencial do Regen-Cov, da Regeneron. Trata-se da combinação dos remédios biológicos casirivimabe e imdevimabe. No mês seguinte, deu aval ao pedido de uso emergencial no Brasil do medicamento que combina o banlanivimabe e etesevimabe, desenvolvido pela empresa Eli Lilly.
As quatro formulações já tinham recebido autorização de uso emergencial nos Estados Unidos.
Para Alves, da UFMG, os dados tornam cada vez mais claro que as medidas de proteção contra a Covid-19 -como uso de máscara, distanciamento, higiene das mãos e vacinação completa- devem ser intensificadas, mesmo por aqueles que já receberam a vacina.
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A REDAÇÃO
Caiado anuncia chegada de mais 116,9 mil vacinas contra covid-19 a Goiás
O governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou às 9h10 desta quinta-feira (8/7) que Goiás receberá hoje e amanhã uma nova remessa de 116.950 doses de vacinas contra a Covid-19. Segundo o chefe do Executivo estadual, às 14h10 chegarão 87.750 imunizantes da Pfizer/BioNTech para aplicação em primeira dose nos municípios goianos.
Na sexta-feira (9/7), o Ministério da Saúde deve entregar às 9 horas 29.200 doses do imunizante Coronavac, fabricado pelo Instituto Butantan, em São Paulo. As vacinas Coronavac serão utilizadas para aplicação na primeira e segunda doses no Estado. “A notícia que todo goiano merece ler antes de começar o dia”, declarou Caiado no Twitter.
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Goiás adotará critério por idade para 100% das vacinas contra covid-19
Grupos de maior risco teriam sido contemplados
Goiânia – O secretário de Estado da Saúde (SES-GO), Ismael Alexandrino, anunciou na manhã desta quarta-feira (7/7) que Goiás publicará uma resolução ainda hoje para determinar que 100% das doses das vacinas contra a covid-19 passem a ser aplicadas por idade. Em reunião no final da terça-feira (6/7), a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), a SES-GO e a Prefeitura de Goiânia concluíram que é preciso acelerar a imunização para o máximo de pessoas no menor tempo possível.
Alexandrino disse hoje em entrevista à Rádio Sagres que os idosos e profissionais de saúde que ainda não foram vacinados seguirão como prioridade nos municípios goianos. Mas que os grupos prioritários com mais risco de desenvolver a forma grave da covid-19 já foram imunizados. “Discutimos a alteração para 100% por idade porque entendemos que neste momento aqueles grupos mais vulneráveis do ponto de vista de susceptibilidade à doença, a doenças outras, e à mortalidade já foram vacinados”, afirmou o titular da SES-GO.
Para o secretário, a importância de acelerar a vacinação neste momento se dá para que as pessoas que estão na rua e precisam sair para trabalhar sejam imunizadas o quanto antes. “Neste momento, até para que não haja vacinas paradas nos refrigeradores dos municípios, foi pactuado e será publicada hoje uma resolução para que os municípios procedam a vacinação 100% descendo por idade. Óbvio que ainda existe prioridade dos profissionais de saúde, dos idosos extremos”, explicou.
De acordo com Alexandrino, os grupos prioritários com mais risco já foram contemplados no plano de imunização até o início de julho. “Eventualmente, se um profissional de saúde de 23 anos, por exemplo, for contratado e for trabalhar em uma unidade de saúde e o município dele ainda não chegou nessa idade, essa pessoa deve ser vacinada. O princípio é o mesmo, mas agora vamos descer para 100%.”
“Não ficar acanhado”
O titular da SES-GO orienta os municípios a “não ficar acanhados” se acelerar a aplicação de doses gerar o fim do estoque disponível na cidade em um ou dois dias. “O quantitativo que está chegando aumentou, mas aumentou também o número de vezes que chegam as doses.” E repetiu: “Os municípios não precisam se acanhar, têm que vacinar mesmo. Parabéns para aquele município que conseguiu vacinar no mesmo intervalo de tempo possível”.
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JORNAL OPÇÃO
Ações ilegais de Pazuello no combate à Covid-19 somam prejuízo de R$ 121 milhões, diz MPF
Por Gabriela Macedo
Ação de improbidade administrativa é ajuizada pelo MPF contra Eduardo Pazuello; procuradores alegam que ex-ministro não teve respaldo jurídico para retardar contrato com a Pfizer;
Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter retardado intencionalmente o contrato com a Pfizer para o fornecimento de vacinas contra a Covid-19. Também foi apontado que as objeções feitas pelo governo federal em relação às cláusulas contratuais não possuíam qualquer respaldo jurídico.
As acusações fazem parte de uma ação de improbidade administrativa que foi ajuizada por uma equipe composta de oito procuradores da Procuradoria da República no Distrito Federal, contra o ex-ministro da Saúde.
A gestão de Pazuello, tendo em vista suas irregularidades, foi classificada pelo MPF como “gravemente ineficiente e dolosamente desleal (imoral e antiética), com ações que não se pautaram pelos melhores parâmetros técnico-científicos, mas tiveram, como norte, outras opiniões, orientações e influências — internas e externas ao governo federal”. Esta foi a primeira análise jurídica sobre o caso da Pfizer feita pelo MPF.
Caso Pfizer
Objeto de apuração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, instaurada no Senado com objetivo de investigar possíveis omissões das gestões federal, estaduais e municipais no combate à Covid-19, a empresa procurou o Governo Federal em 2020 com ofertas de vacinas contra o coronavírus. Ao todo, foram enviados 81 e-mails, que acabaram ignorados.
Como justificativa a não resposta das ofertas, o Ministério da Saúde alegou que cláusulas contratuais eram o que impedia a assinatura, no entanto, dados apresentados pelo Ministério Público Federal contrapõem os argumentos do governo. Um exemplo citado pela pasta é o termo de responsabilidade isentando a Pfizer no caso de efeitos colaterais, que os procuradores alegam ter sido aceita pelo governo federal, no contrato firmado com a FioCruz em setembro do ano passado, para o fornecimento da AstraZeneca.
“[Na época, foi aceito] sem que nenhum impedimento legal tivesse sido suscitado. Nenhuma das objeções apontadas pelo Ministério da Saúde para aquisição das vacinas da Pfizer se sustenta do ponto de vista fático e/ou jurídico. No que se refere às cláusulas de garantias de pagamento e de não assunção de responsabilidade civil pela empresa fornecedora, o Ministério da Saúde, tão logo vislumbrou o apontado óbice, poderia ter proposto, ao Presidente da República, projeto de lei que explicitasse a possibilidade de celebração do contrato”, escreveu o MPF.
Tal alteração legislativa foi apresentada no início de 2021 por iniciativa do Senado. Os procuradores afirmaram que Pazuello chegou a consultar o Tribunal de Contas da União (TCU) antes de assinar o contrato do imunizante. Assim, a ação culpa o ex-ministro de forma direta por este não ter realizado as modificações legislativas ainda em 2020, de modo a permitir a aquisição das vacinas.
“Pazuello poderia ter feito tais questionamentos ao TCU tão logo vislumbrou os óbices normativos que se antepunham, em sua visão, à celebração de contratos para aquisição de vacinas, mas, em lugar disso, retardou conscientemente a tomada de iniciativas administrativas, em omissão que custou — e tem custado — a vida de milhares de brasileiros. A omissão do ex-ministro da Saúde em adotar todas as providências que estivessem ao seu alcance para permitir a contratação de todas as vacinas possíveis, ainda no ano de 2020, colocou o Brasil numa situação de desvantagem na fila dos laboratórios farmacêuticos, impossibilitando que uma grande porcentagem de brasileiros fosse imunizada ainda no primeiro semestre de 2021”, diz o MPF.
Remédios sem eficácia comprovada
Conduta de Pazuello na produção de documento que incentivou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada no combate à Covid-19 também foi considerada ilegal pela ação de improbidade administrativa. Isso, porque para efetuar essa iniciativa, o ex-ministro da Saúde necessitava da permissão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e da Anvisa. Além desse incentivo, R$ 20 milhões foram gastos pelo ex-líder da pasta com campanhas publicitárias que estimulavam o uso desses medicamentos.
“Pazuello agiu, portanto, ilegalmente ao propor o tratamento precoce para a Covid-19 e, para burlar a necessidade de avaliação prévia pela Conitec e Anvisa, chamou o ‘protocolo’ de ‘orientações’”, diz a ação. O conjunto dos fatos ora trazidos à apreciação do poder Judiciário constitui amostragem suficiente da gestão gravemente ineficiente e dolosamente desleal (imoral e antiética) do requerido Eduardo Pazuello”. Ao todo, o Ministério Público Federal calculou que as ações de Pazuello somam um prejuízo de R$ 121 milhões.
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Assessoria de Comunicação