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DESTAQUES
Em 4 meses, Brasil empata com casos de dengue de todo o ano de 2021
Planos de saúde: Procon cobra esclarecimentos após aumentos de até 80%
Planos já preveem reajuste maior do que 15% após gasto médico recorde
Saiba como funciona cálculo da ANS para reajustes de planos de saúde
Fevereiro registra 78,2 milhões de usuários de planos de saúde
Artigo – Excesso de informação diária está afetando nossa saúde mental
‘Cumprimos nosso objetivo’, diz presidente da CPI da Prevent Senior
IMC alto reduz vantagens da perda de peso, diz pesquisa
Casos de raiva sobem com avanço da pobreza
Brasil precisa amadurecer discussão sobre o aborto, diz especialista
HDT abre Processo Seletivo para sete áreas em Goiânia
Covid-19: Goiás registra 1,9 mil casos e uma morte em 24 horas
Médico do Araújo Jorge é indiciado por corrupção, ao cobrar para preencher apólice de seguro de vida
Especialista esclarece sobre a hipoacusia, definida como ‘diminuição da capacidade de se detectar os sons’
Médico do Araújo Jorge é indiciado por cobrar dinheiro para assinar documentos de paciente
A REDAÇÃO
VALOR ONLINE
Em 4 meses, Brasil empata com casos de dengue de todo o ano de 2021
Até abril país registrou 542 mil infecções pelo mosquito Aedes aegypti, contra 544 mil em todo o ano passado
Em apenas quatro meses, o Brasil já registrou quase a mesma quantidade de casos de dengue de todo o ano passado.
Foram 542 mil infecções prováveis entre janeiro e abril deste ano, de acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Nos doze meses de 2021, foram registrados 544 mil.
Somente na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2022 com o de 2021, a alta é de 113,7%.
O número de mortes também se aproxima do registrado em todo o ano passado. Até agora, já foram 160 casos confirmados, sendo 56 em São Paulo, que concentra a maior incidência. Há ainda 228 óbitos em investigação.
No último boletim epidemiológico sobre casos de dengue em 2021, o Ministério da Saúde havia notificado 240 mortes pela doença e outros 62 casos em investigação.
A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e evolução benigna na maioria dos casos. Costuma ocorrer em áreas tropicais e subtropicais, em que as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, como informa o livro “A Saúde de Nossos Filhos”, da Publifolha, assinado pelo Departamento de Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
O Aedes aegypti é encontrado nas cidades, até mesmo no interior das casas, principalmente naquelas em que existem baldes ou vasos em pratos com água, nos quais o mosquito pode se desenvolver. A transmissão ocorre sazonalmente, especialmente nas estações de chuvas. Não há tratamento específico e as medidas terapêuticas visam à manutenção do bom estado geral do paciente.
A taxa de incidência da doença por 100 mil habitantes encontra neste ano um pico no Centro-Oeste. Enquanto no Brasil como um todo ela está em 254 casos a cada 100 mil habitantes, na região esse número sobre para 920.
Duas capitais da região lideram inclusive o ranking das cidades com a maior quantidade de casos. concentrando 11% do total de casos de todo o Brasil. Goiânia (GO) já registrou 31,2 mil casos, enquanto Brasília já notificou 29,9 mil infecções.
O Sul também está acima da média nacional, com 427,2 casos a cada 100 mil. Já no Sudeste, ela é de 188,3 casos a cada 100 mil. Norte, com 154 casos a cada 100 mil, e Nordeste, com 105 casos a cada 100 mil, têm as menores incidências.
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AGÊNCIA ESTADO
Planos de saúde: Procon cobra esclarecimentos após aumentos de até 80%
Consumidores registraram reclamações no Procon-SP contra a Qualicorp e a Central Nacional Unimed (CNU) por causa de valor reajustado
Receber boletos do plano de saúde com reajustes altíssimos é a nova preocupação das famílias pressionadas pela alta geral de preços de produtos e serviços essenciais. Consumidores registraram reclamações no Procon-SP contra a Qualicorp e a Central Nacional Unimed (CNU) por causa da cobrança com valor reajustado em 80%.
O órgão de defesa do consumidor quer que as empresas apresentem planilha com a identificação das carteiras que tiveram esse aumento e o número de pessoas afetadas. Pediu também esclarecimentos sobre a relação de custo administrativo em comparação ao custo médico-hospitalar de todos os planos comercializados.
Além disso, o órgão determinou que a Qualicorp indique quais outras operadoras, além da Central Nacional Unimed, aplicarão o reajuste questionado. O prazo dado pelo Procon-SP para o recebimento das informações venceu na segunda-feira, 2. As empresas pediram extensão até o dia 11 e ela foi concedida.
Os contratos desses clientes são do tipo coletivo por adesão, categoria de plano de saúde sem limite de reajuste determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – a agência só define os índices dos planos individuais e familiares.
Quando as operadoras deixaram de oferecer novos planos individuais para fugir do controle da ANS sobre o reajuste, as famílias migraram para os planos coletivos por adesão. Trata-se de planos contratados por entidades de classe, sindicatos e associações. Os clientes são pessoas que demonstram ter vínculo com essas entidades.
Existem também os chamados planos “falsos coletivos” empresariais para grupos de poucas pessoas (muitas vezes, duas ou três apenas). Para contratá-los é preciso ter um CNPJ, mas, em geral, os beneficiários fazem parte de uma mesma família (pai, mãe e filho, por exemplo) sem condições de ter um convênio melhor.
“Há 9,2 milhões de pessoas com planos por adesão, incluindo a adesão dissimulada, em que o próprio corretor indica ao consumidor que ele se associe a uma entidade fajuta”, diz Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e blogueiro do Estadão.
“Nos falsos coletivos, são mais de 5 milhões de pessoas em contratos com menos de 30 vidas. É um conjunto de 14 milhões de pessoas que recebem reajustes bem mais elevados que os praticados nos planos individuais (com 8,9 milhões de beneficiários”, diz.
Em nota, a Qualicorp afirmou que “o reajuste da carteira de clientes da CNU em questão foi pontual e representa aproximadamente 0,5% do total de clientes da Qualicorp, abrangendo uma fração pequena de usuários de um contrato que não é mais comercializado. A média de reajustes das carteiras da CNU neste ano variou entre 6% e 12%. A Qualicorp oferece alternativas para que seus clientes possam manter acesso a planos de saúde de qualidade e se coloca à disposição para maiores esclarecimentos”
Também em nota, a Central Nacional Unimed (CNU) afirmou que “não estabelece contratos diretamente com os beneficiários, pois atua exclusivamente com contratos corporativos, sendo as administradoras de benefícios as autoras dos valores das mensalidades. Dessa forma, é a Qualicorp a responsável pela gestão do plano de saúde junto aos seus clientes, inclusive aplicação de reajustes. A CNU também informa que está tomando as medidas cabíveis em relação ao post publicado pela Qualicorp, que induz erroneamente ao entendimento de que o reajuste foi aplicado pela operadora. A cooperativa esclarece, ainda, que prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados pelo Procon-SP no prazo legal e assegura que cumpre todas as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”.
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Planos já preveem reajuste maior do que 15% após gasto médico recorde
Dados de despesas das operadoras indicam corrida por consultas e exames em 2021, após meses de procedimentos represados por causa da quarentena imposta pela pandemia
CRISTIANE SEGATTO
Na expectativa da divulgação do índice de reajuste dos planos de saúde individuais e familiares pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), operadoras esperam reajuste acima de 15% após relatarem gasto médico-hospitalar recorde. Ao considerar a fórmula de cálculo utilizada pela ANS, entidades representativas das empresas dizem chegar a valores semelhantes. A ANS diz que ainda estão sendo feitos os cálculos e considera outros fatores, como inflação.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) estima que a agência autorize um reajuste de 15,7%. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) chegou a 15,8%. Um dos principais motivos é o aumento dos custos médico-hospitalares, reportado pelas operadoras. No total, o Brasil tem 49 milhões de beneficiários de planos de saúde.
Segundo o mais recente estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), obtido com exclusividade pelo Estadão, a variação de custos médico-hospitalares (VCMH) das operadoras foi de 27,7% nos 12 meses encerrados em setembro. Trata-se de recorde na série histórica iniciada em 2007. Antes disso, a maior alta (20,4%) havia ocorrido entre 2015 e 2016, quando o Brasil mergulhou em uma crise.
No início da pandemia da covid19, as pessoas deixaram de ir a médicos e hospitais e adiaram exames mais caros e cirurgias eletivas (não urgentes). Com isso, as despesas despencaram. Em setembro de 2020, a VCMH apurada pelo IESS foi negativa (em 3,6%). “Muita gente adiou coisas que não deveriam ter sido postergadas, como o diagnóstico e o tratamento do câncer. Com a progressão da doença, os custos aumentaram”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS. As despesas das operadoras voltaram a crescer em março de 2021. Com o avanço da vacinação e a sensação de segurança, as pessoas deixaram de evitar médicos e hospitais. “A variação das despesas foi rápida e intensa, principalmente entre junho e setembro de 2021.”
Na composição dos custos com assistência à saúde, as internações tiveram o maior peso (63%). Em seguida, vieram as terapias (13%), os exames (11%), outros serviços ambulatoriais (7%) e as consultas (6%). Em todos os itens, houve aumento, só que mais acentuado na categoria outros serviços ambulatoriais, que registrou avanço de 38%. “Uma das hipóteses foi a grande procura por fisioterapia, fonoaudiologia e psicoterapia por pessoas que tiveram covid longa”, diz Cechin. No estudo do IESS, foram analisadas apenas as despesas de 688,9 mil beneficiários, a maior parte (36,9%) com idade de 59 anos ou mais.
Para definir o reajuste, a ANS considera também outros fatores. O cálculo combina o índice de valor das despesas assistenciais (IVDA) com a inflação pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), retirando desse último o subitem plano de saúde. Na fórmula, o IVDA tem peso de 80% e o IPCA, de 20%. Em nota, a ANS informou que o porcentual máximo a ser autorizado para os planos individuais ou familiares está sendo calculado e será divulgado após conclusão dos cálculos e manifestação do Ministério da Economia.
Segundo a agência, não há data para divulgação. Em anos anteriores, isso ocorreu em maio. No ano passado, o índice foi anunciado em julho. “Esperamos que a ANS siga a fórmula que ela inventou. Haverá reclamações porque as rendas das pessoas não têm crescido de acordo com a inflação, mas o reajuste dos planos de saúde será alto porque as despesas assistenciais das operadoras cresceram”, afirma Cechin.
MOMENTO INCOMPATÍVEL. Segundo Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e blogueiro do Estadão, um aumento elevado dos planos individuais seria totalmente incompatível com a crise econômica e sanitária atual. “É um absurdo, ainda mais depois de um período em que as operadoras lucraram muito, com aumento de clientes e baixa utilização durante a pandemia”, afirma.
“A ANS permite reajustes baseados em dados superestimados pelas operadoras, sem justificativa técnica transparente. Há inconsistências na forma como as operadoras justificam o reajuste e a agência é conivente”, diz ele. “Ela (a agência) aceita o que vai ser o maior aumento das mensalidades dos planos individuais em mais de 20 anos. Além disso, continua não controlando nem fiscalizando reajustes dos planos coletivos”, acrescenta.
A agência só define o valor de reajuste dos planos individuais ou familiares. E não há nenhum limite de reajuste para os planos coletivos empresariais nem para os coletivos por adesão. O valor do aumento para esses casos é negociado entre as empresas e as operadoras de saúde.
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Saiba como funciona cálculo da ANS para reajustes de planos de saúde
No estudo do IESS, foram analisadas apenas as despesas de uma amostra de 688,9 mil beneficiários, a maior parte (36,9%) com idade de 59 anos ou mais. Para definir o reajuste das mensalidades, a ANS considera também outros fatores. O cálculo combina o índice de valor das despesas assistenciais (IVDA) com a inflação pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), retirando desse último o subitem plano de saúde. Na fórmula, o IVDA tem peso de 80% e o IPCA, de 20%.
Em nota, a ANS informou que o percentual máximo de reajuste a ser autorizado para os planos individuais ou familiares está sendo calculado e será divulgado após conclusão dos cálculos e manifestação do Ministério da Economia. Segundo a agência, não há data definida para a divulgação. Em anos anteriores, a definição ocorreu em maio. No ano passado, o índice só foi anunciado em julho.
“Esperamos que a ANS siga a fórmula que ela mesma inventou. Haverá reclamações porque as rendas das pessoas não têm crescido de acordo com a inflação, mas o reajuste dos planos de saúde será alto porque as despesas assistenciais das operadoras cresceram”, afirma Cechin.
Segundo Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e blogueiro do Estadão, um aumento elevado dos planos individuais seria totalmente incompatível com a crise econômica e sanitária atual. “É um absurdo, ainda mais depois de um período em que as operadoras lucraram muito, com aumento de clientes, e baixa utilização durante a pandemia”, afirma Scheffer.
“A ANS permite reajustes baseados em dados superestimados pelas operadoras, sem justificativa técnica transparente. Há inconsistências na forma como as operadoras justificam o reajuste e a agência é conivente com isso”, diz. “Ela (a agência) aceita o que vai ser o maior aumento das mensalidades dos planos individuais em mais de 20 anos. Além disso, continua não controlando nem fiscalizando os reajustes dos planos coletivos”, acrescenta o professor da USP.
ANS tinha outra fórmula de cálculo antes de 2019
Em um contexto de inflação alta e encarecimento geral de produtos e serviços, os consumidores temem não conseguir arcar com mais gastos com o plano de saúde. “A possibilidade de um reajuste alto tem preocupado os consumidores porque chega neste momento muito ruim, com alta do gás, da energia e do supermercado”, afirma Ana Carolina Navarette, coordenadora do Programa de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
“É preciso lembrar que as estimativas das empresas do setor costumam superar o reajuste autorizado pela ANS”, diz ela. “No ano passado, os cálculos das operadoras ficaram em torno de 2% e o índice da agência foi negativo (-8,19%)”.
Segundo Ana Carolina, a atual fórmula de cálculo é mais favorável aos clientes do que a adotada pela agência antes de 2019. “Ela é mais transparente, adota dados auditáveis e tem produzido reajustes mais baixos, historicamente”, afirma ela. “O primeiro reajuste com a nova metodologia foi de 7,35%. Os aumentos autorizados nos anos anteriores foram de 10% (2018) e 13,55% (2017)”, salienta.
Checar possibilidades de migração é alternativa para clientes
Caso a ANS defina um percentual elevado e o cliente não consiga mais arcar com essa despesa, Ana Carolina recomenda que o consumidor tente trocar de plano dentro da mesma operadora. Dessa forma, é possível levar com ele as carências que já foram cumpridas.
A operadora é obrigada a fornecer uma lista de planos para os quais é possível fazer a migração. Outra possibilidade é tentar trocar de plano e de operadora fazendo portabilidade. Para isso, o beneficiário deve acessar o guia da ANS no site da agência.
Ao informar os dados do plano de saúde, o serviço fornece uma lista de outros para os quais é possível mudar. Só é permitido fazer portabilidade se o cliente estiver há pelo menos dois anos no plano de origem e em dia com o pagamento das mensalidades. O plano para o qual a pessoa pretende migrar precisa ser do mesmo valor ou mais barato.
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PRIMEIRA HORA
Fevereiro registra 78,2 milhões de usuários de planos de saúde
Em relação a fevereiro do ano passado, o número de beneficiários nos planos médico-hospitalares evoluiu 3,06% Os planos de saúde registraram a adesão de 78,2 milhões de beneficiários em fevereiro, sendo 49,04 milhões em planos de assistência médica e 29,2 milhões em planos exclusivamente odontológicos. A informação foi divulgada hoje (5) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).Em relação a fevereiro do ano passado, o número de beneficiários nos planos médico-hospitalares evoluiu 3,06%, ou o correspondente a mais 1,4 milhão de beneficiários. Na comparação com janeiro de 2022, o crescimento foi de 71,9 mil usuários, com 19.587 planos ativos. Já nos planos exclusivamente odontológicos, houve expansão em um ano de 2,3 milhões de beneficiários, o que representa aumento de 8,60% no período. Comparativamente ao mês anterior, o total de usuários foi acrescido de 104.065 novos beneficiários, com 4.598 planos ativos. Por tipo de contratação, os planos coletivos superaram os planos individual ou familiar nas duas modalidades de usuários, com 40,094 milhões de beneficiários de assistência médica e 24,1 milhões de usuários de planos exclusivamente odontológicos. Nos estados, no comparativo com fevereiro de 2021, o setor registrou evolução de beneficiários em planos de assistência médica em 26 unidades federativas, sendo São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina os que tiveram o maior ganho em números absolutos. Entre os odontológicos, 25 estados registraram crescimento no comparativo anual, com São Paulo, Minas Gerais e Paraná mostrando maior aumento.
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PORTAL TERRA
Artigo – Excesso de informação diária está afetando nossa saúde mental
Como o cenário de abundância não deve mudar, nos cabe ter responsabilidade e senso crítico.
Falta de saúde mental: taí o grande mal do século 21. Eu sei, não trago exatamente uma novidade ao redigir a frase, mas é que, a partir dela, quero convidá-lo a refletir sobre essa constatação.
Tenho pensado cada vez mais sobre a desconexão entre, de um lado, inovação e tecnologia e, de outro, temas sociais importantes, como a saúde mental. Ao mesmo tempo em que a medicina evolui de forma extraordinária em termos de diagnóstico, terapias, procedimentos, equipamentos, novas drogas e maquinário de ponta, a saúde mental toma uma verdadeira surra e todos nós, como sociedade, perdemos muito com isso se nada for feito para mudar esse jogo.
Saúde mental, inovação, trabalho
Quer ver só? Descobri que o consumo de antidepressivos aumentou em 13% nos primeiros meses de 2021, o que impressiona porque no começo da pandemia, em 2020, esse número já era 16% maior — segundo dados que verifiquei no site do Conselho Federal de Farmácia. E o mesmo aconteceu com remédios para dormir, tanto que no ano passado a Anvisa até liberou o uso de melatonina no Brasil.
Só que não adianta tratar o assunto tomando remédios e sem pensar no próprio estilo de vida. Porque ele é sim um reflexo desse adoecimento que provoca tanta ansiedade, estresse e depressão.
A quantidade de informações — relevantes ou não — que nos inunda através de uma tela é uma das causas que relaciono com o prejuízo à nossa saúde mental. E precisamos dar mais atenção a isso.
Provavelmente a quantidade de informações que eu e você recebemos esta semana é maior do que nossos antepassados do século passado receberam durante a vida toda! E, claro, isso traz sequelas graves à nossa saúde mental.
Qualquer exposição a fatores externos que mudam as características de uma espécie impacta diretamente a saúde do indivíduo. É assim tanto com a exposição aos raios UVA-UVB, que pode provocar câncer de pele, como com um vírus que nos deixa doentes até desenvolvermos anticorpos.
Pense que o mesmo mecanismo acontece com essa exposição constante a um turbilhão de informações que sequela diretamente a saúde mental.
A boa notícia é que, para começar a refletir sobre uma solução, podemos contar com a grande capacidade de adaptação do ser humano — repare que recorro ao evolucionismo darwiniano para provar que dá para reter informações importantes entre as tantas que recebemos.
Para isso, é preciso que todos tenhamos posicionamento crítico diante das tendências de evolução tecnológica. Não dá mais para aderir a tudo o que chega de novidade sem uma reflexão mais contundente quanto ao tipo de emoções e sentimentos que essa tecnologia pode nos gerar.
Como o desenvolvimento das tecnologias só se intensifica, nós, usuários, também precisamos ter mais responsabilidade na hora de consumir essas soluções na vida pessoal e, principalmente, no trabalho. Desenvolver esse tipo de crítica trará importante efeito positivo à nossa saúde mental.
E você, quais atitudes acredita que devemos tomar para cuidar melhor desse aspecto? E sua empresa, o que ela tem feito pelo bem da saúde mental de seus colaboradores?
(*) Rodrigo Guerra é economista e consultor. Atua conectando empreendedores com investidores, e é fundador do projeto unbox.dev.br.
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PORTAL IG
‘Cumprimos nosso objetivo’, diz presidente da CPI da Prevent Senior
O iG conversou com o vereador Antonio Donato, que liderou os trabalhos da CPI; relatório final contou com o indiciamento de 20 pessoas Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP CPI da Prevent Senior na Câmara de SP
A CPI da Covid-19 no Senado Federal serviu não apenas para trazer à tona escândalos do governo federal em relação à compra de vacinas e desvios na saúde em plena pandemia. Os trabalhos feitos em Brasília também trouxeram a participação decisiva da Prevent Senior no que diz respeito à propaganda de métodos ineficazes de tratamento contra a Covid-19, além de comportamentos médicos inapropriados em relação aos cuidados com pacientes infectados.
Como consequência, a Câmara de São Paulo fez sua própria CPI para apurar exclusivamente a atuação da Prevent Senior na pandemia e suas supostas irregularidades. Os trabalhos se iniciaram em setembro do ano passado e só terminaram no dia 4 de abril deste ano. O relatório final da CPI da Prevent Senior indiciou 20 pessoas por 52 crimes relacionados às ações da empresa durante a pandemia.
O iG conversou com exclusividade com o vereador Antonio Donato (PT), que presidiu os trabalhos da CPI, para esclarecer quais foram os resultados finais dos trabalhos e o que será feito a partir de então.
“Acho que a gente conseguiu cumprir nossos objetivos, que era de entender o funcionamento da empresa e, a partir daí, entender quais foram as medidas tomadas por ela”, afirma.
Entre os indiciados estão os irmãos Fernando Parrillo e Eduardo Parrillo, sócios-proprietários da Prevent Senior, que, ao longo da CPI, não compareceram em nenhuma reunião às quais foram convidados a prestar esclarecimentos.
Fernando foi acusado do crime de omissão de socorro por integrar o chamado Pentágono (estrutura hierárquica extra-oficial de comando interno da empresa). Eduardo também foi acusado por omissão de socorro por integrar o Pentágono, além dos crimes de perigo para a vida ou saúde e crime contra a humanidade, devido ao seu envolvimento no preprint, ou seja, uma prévia publicação, de um suposto estudo que comprovaria a eficácia de medicamentos contra a Covid-19.
“O relatório concluiu que essas várias medidas faziam parte de uma cultura empresarial centralizada, que restringia a autonomia médica e que foi particularmente grave na pandemia. Isso obrigou e induziu o tratamento precoce sem nenhuma base científica, inclusive com uma pesquisa fraudada. Isso levou a um número absurdo de mortes em hospitais da rede Prevent Senior”, diz o presidente da comissão ao iG.
Além dos sócios-proprietários, também foi proposto o indiciamento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, por três crimes: omissão de socorro por integrar o Pentágono; perigo para a vida ou saúde e crime contra a humanidade, relacionados ao preprint do suposto estudo de eficácia de medicamentos contra a Covid-19. Diversos médicos que faziam parte da rede também foram acusados por fazerem parte do esquema da Prevent Senior. Pesquisa fraudada
No início da pandemia, o vereador conta que “o Instituto Prevent Senior fez uma pesquisa e divulgaram um preprint dizendo que a hidroxicloroquina tinha um efeito positivo no tratamento contra a Covid-19, mas depois ficou demonstrado pelo Conselho Nacional de Ética e Pesquisa (órgão do Ministério da Saúde) que essa pesquisa tinha sido feita sem base científica e que os resultados não eram aqueles”, diz Donato.
O preprint é uma forma de divulgar um artigo que ainda não foi submetido a um periódico científico. Na teoria, esse tipo de publicação antecipada é uma forma de agilizar a transmissão de conhecimento no meio científico, permitindo mais comunicação e agilidade na troca de informações entre pesquisadores.
“No início da pandemia, todo mundo buscava um caminho e soluções, mas a partir de junho e julho de 2020 já haviam estudos internacionais dizendo que esses medicamentos (cloroquina e ivermectina) não tinham eficácia e, mesmo assim, eles mantiveram esse tratamento até assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público, que foi em novembro do ano passado”, diz.
O TAC é um acordo que o Ministério Público celebra com o violador de determinado direito coletivo. Este instrumento tem a finalidade de impedir a continuidade de alguma situação de ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar ações judiciais. Próximo passo
Após a conclusão dos trabalhos e do relatório final, os membros da comissão enviaram o texto para o Ministério Público de São Paulo. “Quem faz o indiciamento de fato é o Ministério Público, que propõe para a Justiça, mas eu digo que a nossa proposta de indiciamento está muito baseada em fatos, muito documentada. Então a gente propôs o indiciamento daqueles que assinaram aquela pesquisa fraudada, que assinaram protocolos de manejo clínico, que é um protocolo interno da Prevent que orientava o tratamento de pacientes com cloroquina e ivermectina”, afirma o presidente da comissão. “Existem provas abundantes e eu acredito que vá prosperar na Justiça”, completa.
O relatório final da CPI ainda propõe ações fiscalizatórias por parte da prefeitura, do Ministério Público, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre a situação fiscal, trabalhista e operacional da empresa.
A reportagem entrou em contato com a Prevent Senior para falar sobre o resultado final da CPI. Por meio de nota, eles se limitaram a dizer que “a Prevent Senior reafirma sua convicção de que investigações técnicas, sem contornos políticos, possam restabelecer a verdade dos fatos, como já ocorreu no relatório final enviado ao Ministério Público pela Polícia Civil do Estado de São Paulo”.
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CORREIO BRAZILIENSE
IMC alto reduz vantagens da perda de peso, diz pesquisa
Para pessoas com obesidade, o tamanho dos benefícios obtidos durante a perda de peso pode ter como referência o índice de massa corporal (IMC) calculado antes do processo de emagrecimento, afirmam pesquisadores ingleses. A equipe avaliou dados de 422.642 adultos para chegar à conclusão. “Nossas descobertas sugerem que um IMC inicial diferente pode influenciar o risco de desenvolver complicações específicas relacionadas à obesidade”, resume, em comunicado à imprensa, Camilla S Morgen, uma das autoras do estudo e pesquisadora do Centro de Pesquisa em Diabetes da Universidade de Leicester.
Detalhes do trabalho foram apresentados no Congresso Europeu de Obesidade (ECO, na sigla em inglês), em andamento, na Holanda. Os participantes — cujas informações fazem parte do UK Clinical Practice Research Datalink, banco de dados de mais de 11 milhões de britânicos — tinham, em média, 51 anos e estavam na condição de obesidade (IMC de 30kg/m² ou mais) entre 2001 e 2010.
Os pesquisadores compararam como o risco de desenvolver 13 complicações relacionadas à obesidade — apneia do sono, osteoartrite de quadril/joelho, pressão alta, dislipidemia, angina instável, infarto do miocárdio, tromboembolismo venoso, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, asma, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e depressão — poderia ser afetado pelo padrão de mudança de peso durante um período de quatro anos após a primeira medição do IMC — quando o índice médio dos participantes era 33,6.
A equipe descobriu que um IMC inicial mais baixo foi associado a uma maior redução do risco de SOP, apneia do sono e diabetes tipo 2 durante o emagrecimento. O mesmo não ocorreu entre os participantes com o IMC mais alto. “Por exemplo, uma perda de peso de 20% em pessoas a partir de um IMC de 30 foi associada a um risco relativo 56% menor de desenvolver diabetes tipo 2. A partir de um IMC de 50, a perda de peso semelhante reduziu esse risco em apenas 39%”, ilustram os autores do artigo.
Os autores ponderam que as informações precisam ser validadas em novas pesquisas, já que fatores não avaliados pelo grupo também podem influenciar os resultados obtidos. Mesmo assim, os cientistas reforçam a importância de intervenções precoces no tratamento de pacientes com obesidade.
“Se a perda de peso intencional em pessoas que sofrem com obesidade com um IMC mais baixo de cerca de 30 é particularmente benéfica para a saúde e o ganho de peso é potencialmente prejudicial, devemos nos concentrar em um tratamento da obesidade feito mais cedo no curso da doença”, declarou Kamlesh Khunti, também autor autor.
Europa: epidemia de obesidade
Uma “epidemia” de sobrepeso e obesidade está castigando a Europa, alerta a OMS. A obesidade é a causa de 1,2 milhão de mortes por ano, ou seja, 13% dos óbitos na região, revela um estudo divulgado, ontem, pela agência da ONU. “A taxa de sobrepeso e obesidade atingiu níveis epidêmicos em toda a região e continua a progredir”, indica o documento. Nenhum país da região foi capaz de conter o avanço e a magnitude do problema, que se agravou durante a pandemia da covid-19, período em que o sedentarismo e a alimentação pouco saudável se tornaram comuns. A OMS ressalta, ainda, a importância de reverter esse cenário. “As políticas de intervenção que focam em uma melhor nutrição provavelmente serão eficazes para conter essa epidemia.”
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Casos de raiva sobem com avanço da pobreza
A morte de uma menina indígena, na última sexta-feira, chamou a atenção de especialistas para o avanço da raiva humana entre as populações desassistidas. Segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2020 e 2021 foram registrados 40 casos da doença. Neste ano, já foram confirmados três óbitos causados pela exposição ao vírus transmissor.
Os estudiosos consideram a raiva uma doença diretamente ligada às más condições de vida da população, como higiene precária, ausência de saneamento básico, falta de cuidados pessoais e ausência de informação. Com o avanço da pobreza — de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV Social), divulgado em outubro passado, quase 28 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil; em 2019, antes da pandemia de covid-19, eram pouco mais de 23 milhões nesta situação –, os casos começaram a ser percebidos na rede pública de saúde.
Jonas Brant, epidemiologista e professor do departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), confirma a relação da raiva com a pobreza. “Depende de um bom acesso de saúde para conseguir (tratamento), caso haja a exposição, e depende, também, de uma boa infraestrutura sanitária”, esclarece.
Brant observa que caso a pessoa perceba que pode ter sido exposto ao agente infeccioso, a higiene é essencial para que a doença não avance. “O vírus é muito sensível ao sabão. Ao lavar, posso conseguir inativá-lo e não me infectar”, observou.
O epidemiologista alerta que é preciso uma campanha constante de esclarecimento, por parte das autoridades de saúde, sobre como as pessoas devem se proteger do vírus para, uma vez infectadas, se tratarem corretamente. “Um dos grandes problemas da doença é que, muitas vezes, os sintomas vão se desenvolver dois ou três meses depois da exposição. A pessoa esquece que está infectada e, depois, começa a desenvolver os sinais. O vírus vai progredindo até chegar ao sistema nervoso central”, explicou.
Maiores incidências
De acordo com o boletim do Ministério da Saúde, a incidência de raiva humana diminuiu entre 2006 e 2017, e as regiões Norte e Nordeste concentraram a maioria dos casos. De acordo com um estudo desenvolvido, em 2018, pelo doutorando em Ciências Animais pela (UnB) Alexander Vargas, os riscos da raiva estão relacionados, principalmente, ao contato com algumas espécies de mamíferos silvestres.
“No Nordeste, temos a transmissão por raposas, mas, em todo o país, é praticamente feita por morcegos. No Norte, os últimos surtos têm sido verificados entre as populações ribeirinhas ou indígenas”, observa.
Segundo Vargas, os morcegos “transmitem o vírus da raiva entre eles e, como ficam doentes, entram nas casas e caiem no chão. Inadvertidamente, as pessoas manuseiam esses animais e são mordidas e infectadas” — alerta.
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O ESTADO DE S.PAULO
Artigo – EUA andarão para trás ao banir ou limitar aborto
Paulo Sotero
Quem diria, os Estados Unidos podem ficar parecidos com o Brasil e outras sociedades conservadoras e atrasadas na questão do aborto. Segundo minuta de decisão da Suprema Corte sobre caso em litígio no Estado de Mississippi, obtida pelo jornal online Politico e publicada no início a semana, em vazamento sem precedentes, o direito ao aborto, que é preceito constitucional há 49 anos, será restringido ou anulado, deixando para os Legislativos dos 50 Estados a decisão sobre a interrupção artificial da gestação.
O projeto de lei adotado no Mississippi proíbe o aborto depois de 15 semanas. O autor da controvertida decisão, o juiz Samuel Alito, foi elevado ao Supremo pelo presidente republicano George W. Bush. Uma decisão ainda mais drástica, aprovada pelo tribunal supremo do Texas, limita o aborto à sexta semana, quando muitas mulheres nem sequer sabem que estão grávidas.
O objetivo dos proponentes de ambas as iniciativas é restringir fortemente ou invalidar decisão tomada há meio século por sete juízes da Suprema Corte (cinco dos quais nomeados por presidentes republicanos) que legalizou o aborto com base no direito à privacidade ? um direito que, a exemplo de outros, não consta no texto original da Constituição.
Nos Estados Unidos e em outras democracias, o direito à privacidade foi construído ao longo do tempo por jurisprudências adotadas para proteger o indivíduo contra a intromissão indevida do Estado em sua vida privada. O privilégio dá às mulheres a opção de escolher se querem ou não levar a gravidez a termo.
A complexidade do debate público começa com os termos usados para descrever os dois campos em contenda. De um lado estão os que se autointitulam “pro-choice”, ou seja, “pela escolha”, e defendem a soberania da mulher sobre seu corpo; do outro, alinham-se os que se autodefinem “pro-life”, ou “pela vida”. Estes buscam o banimento do aborto e julgam ter o monopólio das razões éticas, morais ou religiosas que invocam para justificar sua posição.
As pesquisas de opinião, estáveis há anos, mostram apoio de 62% dos cidadãos e de proporções maiores de mulheres ao aborto legal. Mas os números variam quando as restrições propostas são nuançadas.
O presidente Joe Biden, o segundo católico a governar o país, vai à missa as domingos, mas é pro-choice. Donald Trump, um narcisista pragmático acusado de atos de violência sexual por várias mulheres e que nunca orientou suas ações por razões de ordem moral, reforçou o lado antiaborto nos seus quatro anos na Casa Branca nomeando três juristas conservadores para a Suprema Corte. A nova maioria do tribunal tornou inevitável a limitação ou proibição do aborto. A forma final da decisão terá fortes consequências políticas, a começar para o prestígio do próprio Supremo, que está em declínio.
Ela pode tanto motivar o eleitorado republicano e trumpista como gerar reação oposta e mobilizar o eleitorado jovem e feminino e poupar os democratas de uma provável derrota nas eleições legislativas de novembro próximo.
No Brasil, o debate sobre o assunto é ocioso. Proibido desde sempre no (supostamente) maior país católico do mundo, o aborto é permitido apenas quando a gravidez envolve risco de vida para a gestante, resulta de estupro ou envolve feto anencéfalo. Na realidade, porém, o aborto é vedado apenas às mulheres de baixa renda, que não têm acesso a clínicas privadas e às informações e respaldo social necessários para justificar a interrupção da gravidez pelas razões permitidas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018 morria mais de uma mulher por dia no País em consequência de abortos feitos sem as devidas condições de segurança sanitária.
Considerada a subnotificação, o número real é estimado em dezenas, talvez centenas de milhares.
A exemplo dos Estados Unidos, o assunto é fonte de hipocrisia.
Nas eleições de 2010, os candidatos presidenciais Dilma Rousseff e José Serra esforçaramse para não explicitar suas posições reais sobre o tema que eram idênticas: ambos viam o aborto como uma questão de saúde pública. Como era politicamente desaconselhável deixar isso claro, Dilma fez peregrinação à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, e a esposa do candidato tucano, Monica Serra, também foi ao Santuário, de onde saiu abraçada a uma imagem da santa, com a missão de levá-la de presente ao povo do Chile, seu país de origem.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas para voltar ao Planalto, não parece saber o que fazer ou dizer sobre o aborto. Recentemente, ele se declarou publicamente a favor da legalização da prática. Mas, no mesmo dia ? na certa alertado por assessores de que sua posição ajudaria Bolsonaro e sua base evangélica ?, fez meia volta e esclareceu que “pessoalmente”, é “contra o aborto”.
Num país onde a representação feminina em cargos eletivos segue irrisória, onde as candidatas evitam falar em direitos reprodutivos e mesmo mulheres da elite são vítimas de violência obstétrica, é difícil de vislumbrar progresso neste tema.
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PORTAL ÚLTIMO SEGUNDO
Brasil precisa amadurecer discussão sobre o aborto, diz especialista
Decisão da Suprema Corte dos EUA que pode representar um retrocesso nos direitos reprodutivos das norte-americanas traz assunto à tona no país Fernando Frazão/Agência Brasil Protesto contra a criminalização do aborto
Na noite da última segunda-feira (2), a versão preliminar de um relatório do ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos, Samuel Alito, acendeu o debate sobre o aborto no país. O documento ainda não é definitivo, mas indica que a Corte pode reverter uma decisão histórica, tomada em 1973, e permitir que os estados decidam, individualmente, sobre a prática.
Aqui no Brasil, o assunto segue sendo um tabu, e evitado ao máximo até mesmo em campanhas políticas – até mesmo Lula, que já governou o país por dois mandatos, precisou se explicar ao tocar no assunto, preocupando aliados e municiando adversários .
Para Taylisi de Souza Corrêa Leite, professora do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA e doutora em Direito Político e Econômico, é passada a hora do amadurecimento do debate sobre a questão que deveria ser vista como uma pauta de saúde pública.
“O Brasil precisa entender a descriminalização do aborto do ponto de vista legal, dentro de um espectro de direitos fundamentais das mulheres sobre o próprio corpo, e das políticas públicas de saúde. Nós não estamos defendendo a legalidade do aborto como um método contraceptivo, até porque a interrupção da gestação coloca a mulher em uma situação de intenso sofrimento. É invasivo, sofrido e arriscado”, afirma.
“Se o aborto fosse descriminalizado, as mulheres não ‘sairiam por aí’ abortando, porque é drástico. O que se defende é a descriminalização. Quando você tira da esfera penal, obriga o estado a fazer uma regulamentação. Políticas e serviços públicos – inclusive preventivos, teriam que ser criados, como controle de natalidade, planejamento familiar, educação sexual, para que as pessoas não precisassem chegar a esse nível de intervenção e pudessem optar por outros métodos”.
A lei brasileira permite que mulheres interrompam a gravidez em apenas três situações: estupro, em até as 20 semanas de gestação; quando há risco de vida para a mulher ou feto anencéfalo.
Quem aborta fora dessas condições, se denunciada, pode ser condenada de um a três anos de prisão. O médico pode ser condenado a até quatro anos. Alheios à lei, na prática, os procedimentos continuam acontecendo.
Segundo um levantamento do G1 com base no DataSUS, em 2020, quase 81 mil mulheres foram atendidas pelo SUS no primeiro semestre por complicações após um aborto mal-sucedido, número 79 vezes maior do que o de interrupções previstas em lei. Grande parte das mulheres submetidas ao procedimento, porém, não sobrevivem e sequer entram nessas estatísticas.
“Na prática, as mulheres tem escolhido, mas quem tem poder econômico faz isso de forma segura. Quem para quem não tem – as pobres, e também negras, por que há aí um atravessamento racial – o que acontece é um morticínio de mulheres. E isso se torna um imenso problema de saúde pública, porque quando há uma complicação na prática clandestina, é para o SUS que as mulheres vão, sobrecarregando esse sistema”, alerta Taylisi.
“Se fosse feito de forma segura, com assistência médica, talvez tivéssemos menos problemas, menos mortes. Na prática, mulheres com poder aquisitivo abortam, as pobres, não, e a gente sustenta hipocritamente isso num atravessamento religioso dentro de um estado que deveria ser laico”, prossegue.
“Precisamos amadurecer a discussão, trazer da superficialidade moralista e sermos mais consequentes na abordagem de fatos que são públicos, e deviam ser objeto de debates públicos, e não pessoais, moralistas e de convicções religiosas, que não podem se impor a outras pessoas.”
Consequências nos Estados Unidos
Na prática, caso a decisão seja confirmada pela Suprema Corte dos EUA, o que pode acontecer no mês de junho, cada estado poderá decidir se o procedimento será legal ou não. A especialista em direito explica como isso se dá no país.
“Os EUA têm uma federação plena, todas as unidades federativas têm total autonomia, legislativa, judiciária e executiva. Aqui no Brasil não, temos matérias privativas da União que não podem ser objeto de política pública por parte dos outros entes da federação. Isso significa que, por norma, cada estado tem sua própria legislação e plena autonomia”, diz.
“Há, no entanto, um direito que chamamos de ‘costumeiro’, construído mais em reiteradas decisões a partir de casos emblemáticos do que uma legislação positiva, nos moldes de um código penal ou código civil. É por isso que essas decisões emblemáticas criam jurisprudência e constituem o direito sobre a legislação positivada. Esses casos de 1973 [Roe v. Wade], de 1992 [quando se decidiu que o aborto era permitido até que a vida do bebê fosse viável fora do útero], eles homogenizam e vinculam toda jurisprudência dos EUA e interditam a autonomia dos estados”.
O que é Roe v. Wade
Em 1973, a jovem Norma McCorvey, conhecida como Jane Roe, tentou interromper sua terceira gravidez em uma clínica clandestina do Texas. Desempregada, morando na rua e usuária de drogas, ela havia perdido a guarda dos dois primeiros filhos. O estado, porém, só permitia o aborto em caso de risco à vida ou violência sexual, mediante autorização judicial.
Roe encontrou duas advogadas que buscavam um caso do gênero para lutar contra a proibição. Depois de uma batalha nos tribunais, houve o entendimento favorável na Suprema Corte por 7 votos a 2.
E o que representaria uma mudança nesse entendimento?
Com uma economia consolidada no seguimento, a mudança atingiria não só as mulheres e seus direitos, mas também a economia do país, que já passa por uma crise.
“Se a Suprema Corte volta atrás na sua orientação, isso faz com que os EUA retrocedam a antes de 1973. Os estados mais reacionários no sul e no centro sul, aqueles que são currais eleitorais dos Republicanos, e tem mais representatividade nos parlamentos, provavelmente passariam essas legislações. Haveria um movimento de criminalização das práticas abortivas trazendo um retrocesso imenso”, afirma.
“Esse caso de 1992 envolve a Planned Parenthood, uma grande empresa de clínicas. Eles são um império especializados em direitos pré-natais, direitos reprodutivos, ginecologia e obstetrícia, além de prática de interrupção. Você quebra um setor da economia e outros relacionados. Toda uma atividade econômica lícita, estabelecida desde os anos 1970, seria levada para a ilegalidade.”
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** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.
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A REDAÇÃO
HDT abre Processo Seletivo para sete áreas em Goiânia
O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) abre seu quarto processo seletivo de 2022. As vagas são destinadas para os seguintes cargos: Analista da Qualidade; Analista de Desenvolvimento; Analista de Gestão de Pessoas; Auxiliar de Gestão de Pessoas; Farmacêutico; Nutricionista e Técnico de Tecnologia da Informação (T.I).
Os salários variam de R$ 1.454,14 a R$ 4.190,80. Interessados devem se inscrever presencialmente entre os dias 09, 10 e 11 de maio de 2022, no setor de Gestão de Gente, na sede da unidade de saúde, localizada na Alameda do Contorno, nº 3556, Jardim Bela Vista, em Goiânia.
Para se inscrever é preciso apresentar ficha de inscrição preenchida, bem como todos os documentos exigidos como pré-requisitos para cada cargo (originais e cópias). Todas estas informações e o detalhamento do processo podem ser conferidos através do site: www.isgsaude.org.br, na aba ‘trabalhe conosco’.
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Covid-19: Goiás registra 1,9 mil casos e uma morte em 24 horas
Goiás registra 1.996 novos casos da covid-19 e uma morte provocada pela doença nas últimas 24 horas, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgados na tarde desta terça-feira (3/5). Com as atualizações, o Estado chega a 1.331.956 casos e 26.481 óbitos ligados ao novo coronavírus desde o início da pandemia.
Também de acordo com a SES-GO, Goiás soma 767.715 casos suspeitos em investigação para saber se há relação com a covid-19, enquanto outros 320.906 casos já foram descartados.
Além dos 26.481 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, o que significa uma taxa de letalidade de 1,99%, há 321 óbitos suspeitos que estão em investigação.
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JORNAL OPÇÃO
Médico do Araújo Jorge é indiciado por corrupção, ao cobrar para preencher apólice de seguro de vida
Por Marcos Aurélio Silva
Segundo o inquérito policial, o médico exerce a função de médico assistente do Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo da unidade
Um médico do Hospital Araújo Jorge foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás, por corrupção passiva. Segundo denúncia de familiares de um paciente da unidade hospitalar, o profissional identificado como Antônio Gomes Teles, cobrava valores que variavam entre R$ 200 e R$ 400 para preencher apólices de seguro de vida. Para a vítima em questão, o médico chegou a entregar um comprovante de pagamento.
O indiciamento foi feito pela PC-GO nesta terça-feira, 3. Segundo o inquérito policial, o médico exerce a função de médico assistente do Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo do Hospital Araújo Jorge, entidade privada e filantrópica, sem fins lucrativos, credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o atendimento de pacientes oncológicos em Goiás. De acordo com a Polícia Civil, na qualidade de funcionário público o médico teria cobrado, indevidamente, vantagem de familiares de pacientes falecidos, como condição para o preenchimento de formulários de apólices de seguro de vida.
Até o momento, apenas o filho de um paciente levou ao conhecimento da Polícia Civil as informações do fato. Ele pagou a cobrança, embora indignado, e depois deu conhecimento à autoridade, tendo inclusive gravado a entrega da “propina”.
Segundo o delegado Cleybio Januário, responsável pelas investigações, a cobrança e o próprio preenchimento desses formulários são expressamente proibidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina. A Dercap ainda informa que pessoas que tenham sido vítimas desse tipo de cobrança devem procurar a delegacia para que o fato também seja devidamente apurado ou façam denúncia pelo Disque Combate à Corrupção, número 181, da Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
Nota
Ao Jornal Opção, o hospital Araújo Jorge apontou que “o preenchimento de relatório de seguradora configura atividade pericial, motivo pelo qual a instituição orienta os integrantes do seu corpo clínico a não preencherem tal declaração”. Além disso, a entidade esclarece que não compactua com infrações à lei ou com desvios éticos, “o que inclui o preenchimento desses formulários, o que é expressamente proibidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM)”. Em relação aos fatos apurados pela PC-GO, o hospital afirmou que irá se inteirar para tomada de posição.
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O HOJE
Especialista esclarece sobre a hipoacusia, definida como ‘diminuição da capacidade de se detectar os sons’
Precisa pedir para que repitam mais de uma vez o que lhe foi dito, por não ter compreendido a conversa? Assiste televisão em volume alto, causando reclamação de quem está ao redor? Já deixou de ouvir o som do telefone ou da campainha ou não sabe identificar a direção do som? O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estima 10 milhões de brasileiros com alguma deficiência auditiva, aproximadamente 5% da população com dificuldades em ouvir ou já em grau avançado de surdez.
Caso tenha se identificado com essas situações ou conheça alguém que passe por isso, o Dr. Lucas Bevilacqua Alves da Costa, Otorrinolaringologista no São Cristóvão Saúde, Doutor pela FMUSP e membro do Fellowship em Otologia, esclarece sobre a hipoacusia, definida como “diminuição da capacidade de se detectar os sons” e seus possíveis tratamentos.
“Nos adultos, a principal queixa se dá por meio de relatos de dificuldade para compreender o que familiares ou amigos estão dizendo. Já nas crianças, se manifesta principalmente com falta de atenção e atraso no desenvolvimento de fala e linguagem”, comenta o especialista.
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, esse é um problema que, até 2050, vai afetar 900 milhões de pessoas no mundo e pode surgir, gradualmente, ao longo da vida. Grande parte das causas está relacionada a fatores que podem ser evitados com o controle de condições já existentes e por métodos de prevenção.
“É importante evitar a exposição a fatores de risco, tais como ruído de alta intensidade, e da manipulação e/ou uso de produtos ototóxicos. Para pessoas que trabalham expostas à ruídos, é importante o uso de equipamento de proteção individual apropriado para atenuação da intensidade sonora. Também é importante orientar adolescentes e crianças sobre o uso dos fones de ouvido”, notifica Dr. Lucas Bevilacqua A. da Costa.
“No caso das crianças, quando o responsável notar atraso no desenvolvimento de fala e linguagem ou qualquer suspeita que o mesmo venha a ter”, complementa o médico. Assim, o diagnóstico é realizado por meio de exames que analisam as diferentes habilidades auditivas, sendo o mais comum a audiometria.
Dependendo dos resultados dos exames e das causas da surdez, o médico indicará o tratamento mais adequado. Alguns casos são resolvidos com a administração de antibióticos e anti-inflamatórios, sempre sob prescrição médica. Outros, como trauma acústico, requerem repouso. “Denominamos a surdez completa de um dos ouvidos (unilateral), de anacusia. Quando esta é nos dois ouvidos (bilateral) a denominação é que o indivíduo está cofótico”, esclarece. “No caso dos aparelhos auditivos, o mais conhecido deles é o chamado Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Porém, sua indicação depende do grau da perda auditiva (leve, moderado, severo ou profundo) e do tipo da perda auditiva (neurossensorial, condutiva ou mista)”, finaliza Dr. Lucas Costa.
Desse modo, ao notar sinais que podem estar relacionados à perda auditiva, procure um médico otorrinolaringologista para melhor investigação. Afinal, a prevenção é sempre a melhor maneira de cuidar de sua saúde.
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TV ANHANGUERA
Médico do Araújo Jorge é indiciado por cobrar dinheiro para assinar documentos de paciente
https://globoplay.globo.com/v/10542188/
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Assessoria de Comunicação