Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 14/12/23

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Deputados apresentam emendas para manter prazo de 3 anos de experiência para OSs em Goiás

Defesa de marido que agrediu médico após esposa morrer em UPA diz que profissional a mandou calar a boca quando ela reclamou de dor: ‘Falou que estava exagerando’

Conheça o primeiro homem trans que deverá receber pelo SUS tratamento com testosterona em Goiás

Piso da enfermagem: profissionais da saúde podem não receber valor da portaria que garante empregos

Empresas e planos de saúde adotam linhas de cuidado por eficiência e menor custo

JORNAL OPÇÃO

Deputados apresentam emendas para manter prazo de 3 anos de experiência para OSs em Goiás

Texto foi apreciado na Comissão de Constituição Justiça e Redação (CCJ) desta quarta-feira, 13; governadoria justifica melhoria para a prestação de serviços

Tramita na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) a proposta de alteração do regime jurídico das Organizações Sociais (OSs) para atuação na área de saúde. O texto foi apreciado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Casa e recebeu emendas dos deputados Issy Quinan (MDB) e Antônio Gomide (PT).

A relatoria do projeto na Alego é do deputado estadual Tales Barreto (UB), que acatou parte dos argumentos dos dois deputados. Devido à alteração na redação, o líder do governo, Wilde Cambão (PSD), pediu vista. Agora, ao devolver, a proposta passará por nova análise do colegiado para ser votada em Plenário.

De autoria da governadoria, o PL justifica a redução do prazo de três anos para instituições que atendam “demais requisitos de qualificação dispostos na Lei”. Outras mudanças são o chamamento público preferencialmente pela internet e, nos casos de calamidade pública, o Estado poderá contratar emergencialmente OSs por até um ano.

Segundo o Executivo, a iniciativa visa ampliar a participação de novas entidades nos chamamentos públicos, o que deve garantir, ao mesmo tempo, a continuidade de serviços essenciais. A possibilidade de redução do prazo de experiência mínimo de três anos para as organizações seria por meio de um ato específico do governador, previamente à publicação do edital de chamamento público, caso não haja entidades aptas para participar dos processos seletivos.

Outra mudança é a introdução de novos mecanismos de controle e transparência na fiscalização de contratos. Por exemplo, é estabelecido parâmetros para a desqualificação de entidades em casos de infrações e aplicação de sanções que consideram a natureza e gravidade das irregularidades cometidas.

Contrário

O deputado Antônio Gomide defendeu a manutenção do período de experiência de no mínimo três anos na prestação de serviços de assistência à saúde.

“A retirada do período de experiência mínimo no texto original da propositura pode gerar diversos prejuízos na qualidade e estabilidade do serviço”, acentuou. Ele rebateu ainda a ampliação dos contratos emergenciais de seis meses para um ano.

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PORTAL G1

Defesa de marido que agrediu médico após esposa morrer em UPA diz que profissional a mandou calar a boca quando ela reclamou de dor: ‘Falou que estava exagerando’

Médico foi agredido dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Águas Lindas de Goiás. Suspeito diz que estava fora de si e que agiu pela emoção da perda da esposa.

Por Augusto Sobrinho, g1 Goiás

A defesa do marido suspeito de agredir um médico após a esposa dele morrer em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) diz que o profissional a mandou calar a boca quando ela reclamou de dor. Pablo Henrique de Araújo Leal foi agredido na UPA de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF).

“A esposa começou a debater na sala, espernear e gritar de dor. Nesse momento, o médico disse: é melhor você calar a boca, essa dor toda não é para isso”, contou o advogado Fábio Cavalcanti.

Ao g1, o advogado disse que Jhader de Melo Montalvão, de 35 anos, lamenta ter agredido e médico, disse que ele não estava em si no momento e que agiu pela emoção da perda da esposa. O g1 tentou localizar o contato do médico para ouví-lo, mas não obteve sucesso até a última atualização desta matéria.

“O Jhader lamenta muito ter feito isso, mas diz que não estava em si. Ele diz que perdeu a pessoa que mais amava no mundo e se descontrolou”, afirma.

Cavalcanti conta que a esposa de Jhader, Nathali Haydee Cunha, estava com suspeita de dengue e sentindo muitas dores. Segundo ele, Pablo teria receitou duas bolsas de soro e, após ela tomar, a paciente voltou ao consultório. “Ela falava que estava sentindo morrer, arrancou a sonda e começou a sangrar”, detalha.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) repudiou a agressão contra Pablo e lamentou dizendo que situações como essa estão se tornando comuns. O g1 também solicitou um posicionamento da Secretaria de Saúde de Águas Lindas de Goiás, mas não obteve retorno.

Relembre

O médico Pablo Henrique de Araújo Leal foi agredido com socos pelo marido de uma paciente que morreu na UPA onde ele trabalha, em Águas Lindas de Goiás. Segundo a Polícia Militar (PM), o suspeito acredita que o profissional foi negligente ao atender a esposa dele e, consequentemente, permitiu que ela morresse.

A agressão aconteceu na segunda-feira (12), no Setor Mansões Odisséia. Jhader confessou aos policiais que ficou nervoso com a morte da esposa e, por isso, invadiu a sala do médico para agredi-lo. Um exame de corpo delito constatou que o médico teve um ferimento de três centímetros em uma das pálpebras causada pelos socos.

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Conheça o primeiro homem trans que deverá receber pelo SUS tratamento com testosterona em Goiás

Eduardo Araújo de Jesus falou ao g1 sobre a emoção e a importância do tratamento. ‘Conquista’ foi alcançada somente após uma decisão da Justiça.

Por Augusto Sobrinho, g1 Goiás

Eduardo Araújo de Jesus será o primeiro homem trans a receber a hormonioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Goiás, afirma a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO). Uma ‘conquista’ alcançada somente após uma decisão da Justiça. Ao g1, ele falou sobre a emoção e a importância do tratamento com testosterona para ele e para a comunidade trans.

“Isso é um direito e eu torço para que todos os homens trans consigam ter acesso ao tratamento”, disse.

A decisão da juíza Liliam Margareth da Silva Ferreira, da 6ª Vara de Fazenda Pública Estadual, obriga o Estado de Goiás e o Município de Goiânia a disponibilizar o tratamento de graça para Eduardo. O g1 pediu um posicionamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e aguarda retorno. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que não há pendência com o paciente no município.

Quem é o Eduardo?

Eduardo tem 35 anos, nasceu e mora em Goiânia, é casado e, ao g1, contou um pouco da história dele e sobre quando ele se entendeu como um homem trans. “Eu me entendo como homem trans desde de criança. Vivi com meus primos e sempre gostei de jogar bola, vestir roupas mais largas, usar tênis e fazer coisas do universo masculino. Era desligado das coisas ‘de menina’”, revela.

Ele conta que a família foi o principal incentivo nesse processo de identidade de gênero e brinca: “minha mãe diz que meu pai sempre pediu um menino, mas eles tiveram três filhas primeiro. Então, na quarta veio eu, um homem trans”. Com o incentivo da família, principalmente da irmã mais velha, ele decidiu procurar um médico, iniciar a transição e o tratamento com testosterona.

Transição e início do tratamento

Eduardo afirma que vivenciou a transição ‘tarde’ e que começou o tratamento aos em 2018, aos 30 anos. “O tratamento em Goiás sempre foi algo muito distante e, por isso, meu acompanhamento começou tardio”, lembrou. Após pesquisar sobre o tratamento, ele solicitou um encaminhamento com um clínico geral para o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), em Goiânia.

Por causa da pandemia, Eduardo conseguiu iniciar o acompanhamento no Ambulatório TX, o Serviço Especializado do Processo Transexualizador do HGG, três anos depois, em 2021. “No HGG, eu faço um acompanhamento com ginecologista, psicólogo e com psiquiatra pelo Sus. Porém, a medicação hormonal não era oferecida e eu tinha que arcar sozinho”, lamenta.

Hormonioterapia

Segundo ele, o gasto com o medicamento é de no mínimo R$ 200 a cada três meses. “Nós já sofremos tantas dificuldades por causa do preconceito no trabalho e, muitas vezes, não temos condições de custear esse valor do tratamento com hormônio, que é bastante caro”, alerta. A decisão da Justiça saiu no domingo (10) e foi comemorada por Eduardo e pela DPE, que o ajudou.

“Eu fiquei muito feliz. É uma vitória e uma conquista muito grande”, comemora.

Para Eduardo, essa decisão é apenas o começo, pois abre portas para que outros homens trans também consigam ter acesso a esse direito. “Isso é só o começo e nossa luta não para”, afirma. Questionado sobre quais etapas do processo ele ainda quer alcançar, ele conta que está na fila aguardando para fazer a mamoplastia, isto é, a cirurgia para retirada da mama.

“A nossa luta é silenciada, poucas pessoas conhecem a nossa história e nós vivemos muito resguardados. Mas nós existimos e queremos ser vistos”, destaca.

Por fim, Eduardo não deixou de agradecer às pessoas envolvidas nesse processo. Para ele, o incentivo e o acolhimento dá forças para continuar na luta pelos direitos. “Queremos que falem de nós com amor e quero agradecer a todos que nos acolhem. Tenho uma gratidão imensa pela equipe do HGG e todos os outros homens trans que estão nessa luta”, finaliza.

Íntegra da nota da SMS

A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que não há nenhuma pendencia em aberto em nome do paciente em Goiânia, ele é atendido pelo HGG.

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PORTAL BRASIL 61

Piso da enfermagem: profissionais da saúde podem não receber valor da portaria que garante empregos


Após sucessivas negociações, os enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras de todo o país podem não receber os valores estabelecidos pela portaria MS 597/2023, que definiu o salário base da categoria e especificou como deve ser feito o repasse de recurssos para o pagamento do piso nacional da enfermagem.

De acordo com a advogada especialista em direito do trabalho, Camila Andrea Braga, no julgamento de recursos contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acontece na Corte até 18 de dezembro – e que estabeleceu parâmetros sobre o piso da categoria – os ministros têm seguido uma tendência de votos que sugerem um acordo para fazer o cálculo do salário com base na remuneração e não no valor estabelecido pelo piso.

“Quando você considera o piso da categoria no valor previsto na lei, significa que todos os valores devem ser considerados com base naquele valor. Quando você considera o valor global, significa que o profissional de enfermagem, dentro dos diferentes níveis, não pode receber menos do que aquilo, considerando a remuneração como um todo. Então aí poderia ser pago um salário base menor, desde que ele tivesse outros elementos de remuneração”, explica.

Caso o STF mantenha a tendência de votos, Braga reconhece que existe a possibilidade de o cenário não ser o esperado – e esteja mais distante do ideal no exercício da profissão. “Para ganhar mais você tem que ter o emprego, que é o que as empresas estão dizendo que não conseguem manter com o que está sendo garantido no piso. A saída que tem sido encontrada pelos ministros seria não considerar o salário base, mas sim a remuneração”, observa.

Já o Conselho Federal da Enfermagem (Cofen) espera que o julgamento estabeleça os termos que foram dispostos na lei aprovada pelo Congresso Nacional. Segundo o conselheiro, Daniel Menezes, a expectativa é que o STF reconheça que o piso salarial deve ser entendido como aquele valor referente ao salário base que o profissional recebe quando contratado.

“A grande questão do financiamento, do custeio, ela já foi resolvida, está sendo implementada e a gente tem uma expectativa e clama pela sensibilidade dos ‘jogadores’ para que, de fato, façam justiça social para essa profissão tão importante para o nosso país”, ressalta.

Representante de mais de 5,2 mil municípios, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) demonstra preocupação com a não-inclusão do recolhimento de encargos patronais. Segundo a entidade, isso poderia trazer mais desequilíbrio nos municípios, em especial nas localidades mais pobres. Conforme estimativas da CNM realizadas em setembro de 2022, do impacto global de R$ 10,5 bilhões, ao menos 24% (R$ 2,5 bilhões) seriam pagamentos das prefeituras a título de encargos patronais.

Decisão final pode ficar para 2024

O STF segue com a analise dos recursos de revisão apresentados contra a decisão do piso da enfermagem. Dentre os autores do pedido de revisão estão o Senado Federal, a Advocacia Geral da União (AGU) e confederações de classe que questionam alguns posicionamentos da Corte. O julgamento está sendo feito via plenário virtual – plenário em que os votos são apresentados eletronicamente, sem a discussão física dos ministros – e pode ser prolongado até 18 de dezembro.

Segundo a advogada trabalhista Camila Andrea Braga, o judiciário encerra as atividades no dia 20. Ela espera que todos os votos sejam apresentados dentro do prazo para resolver esse problema que já se arrasta há um tempo. Caso não aconteça, ela diz que, provavelmente, os profissionais vão ter que aguardar o ano que vem para ter uma solução.

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FUTURO DA SAÚDE

Empresas e planos de saúde adotam linhas de cuidado por eficiência e menor custo


Eficiência assistencial e redução de custos estão no centro das novas linhas de cuidado

Eficiência assistencial e redução de custos estão no centro das novas linhas de cuidado

Os passos da saúde suplementar em busca de eficiência na assistência e redução de custos têm sido através de mudanças graduais na forma como o setor provê serviços. Tendência nos últimos anos e ganhando ainda mais força em 2023, as linhas de cuidado têm sido vistas como parte essencial desse processo de busca pela sustentabilidade econômica.

Em meio à discussão sobre desperdícios e fraudes, a adoção de linhas de cuidado pode contribuir com uma melhor coordenação do paciente dentro do plano de saúde, sem deixá-lo solto dentro da rede credenciada. Para isso, é preciso que as operadoras de planos de saúde tenham um diálogo com prestadores, como hospitais, clínicas e laboratórios, para que haja um alinhamento sobre o trabalho que será desenvolvido, utilizando dados e tecnologia como parte essencial do processo.

A ideia é que antes que o beneficiário tenha um evento de saúde que leve-o ao pronto-socorro, internação ou procedimentos de média e alta complexidade, que geram os maiores custos em saúde, o serviço acompanhe de forma próxima e ativa o paciente, verificando como está a eficácia de um tratamento, a qualidade de vida ou o avanço de uma gestação.

O tema ganhou mais espaço na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que criou um programa para receber e disseminar projetos-pilotos que utilizam linhas de cuidado em modelos de remuneração baseado em valor. Ainda, o órgão abriu uma tomada pública para receber iniciativas que servirão de embasamento para que incentivem o setor a adotar tais modelos.

As linhas de cuidado também têm ganhado espaço dentro das empresas, que contratam diretamente serviços de linhas de cuidado para cuidar dos colaboradores e reduzir a sinistralidade com os planos de saúde. Assim, há um menor risco de haver um reajuste anual de contrato expressivo, aumentando os custos da empresa com o benefício.

Muito voltadas para doenças crônicas, como diabetes e pressão alta, gestantes e saúde mental, as linhas de cuidado avançam ainda em outras áreas, principalmente quando estão alinhadas a modelos de remuneração baseado em valor. Oncologia, procedimentos cirúrgicos e internações são algumas delas.

“Dado o momento em que as operadoras vivem, elas também começam a buscar novas alternativas para fazer com que a jornada do cuidado seja, por um lado, mais efetiva e, por consequência, com custo menor, sem que se perca a qualidade”, analisa Leonardo Vedolin, diretor geral médico, assistencial e de cuidados integrados da Dasa.

Linhas de cuidado na prática

“A linha de cuidado funciona no sentido de uma coordenação. Por exemplo, a linha para pessoas com diabetes começa com a estratificação dessa população, pesquisando, fazendo entrevistas e coletando informações para conhecer o público. Verifica a realização de exames e identifica em qual estágio do diabetes está. A partir daí, cria linhas que determinam que passos do cuidado a operadora vai ter com a pessoa, de acordo com a condição”, explica Anderson Mendes, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (UNIDAS).

Por isso, traz maior previsibilidade sobre os custos com a assistência para aquele paciente incluído na linha de cuidado, além de reduzir os riscos de complicações. Dados da Caixa de assistência dos funcionários do Banco do Brasil (Cassi), operadora de autogestão com mais de 590 mil beneficiários, mostram que a partir do terceiro ano como beneficiário, aqueles que estão em linhas de cuidado consomem 30% menos recursos que os usuários soltos na rede. Segundo Anderson, a empresa já trabalha com linhas de cuidado há 20 anos.

No entanto, é comum ouvir no mercado que a média de permanência de um beneficiário em um plano de saúde é de dois anos, e por isso trabalhar a coordenação do cuidado não é vantajoso do ponto de vista da operadora, já que há um investimento na saúde do beneficiário que não será colhido. Por isso, o setor cobra que haja incentivos para que as operadoras adotem tais modelos.

Entretanto, Mendes levanta a discussão sobre o custo assistencial de um usuário que não foi tratado de forma preventiva. “Se tem um paciente que está indo muito ao serviço, se internando e descompensado demais, se você já entra com a linha de cuidado já reduz o custo. Agora, se é um paciente que não está fazendo exame e não está acompanhando sua saúde, você tem um gasto maior nesse primeiro momento, para fazer todos os exames que ele precisa”, analisa o presidente da entidade.

Da mesma forma que se discute a importância da atenção primária como porta de entrada do paciente, a adoção de linhas de cuidado é importante para a saúde da população que conta com plano de saúde. Isso porque há uma melhor coordenação sobre as necessidades, assim como um acompanhamento do quadro geral.

“O paciente solto na rede muitas vezes não tem o atendimento que precisa ou tem atendimentos em excesso. Além de que, a fragmentação do cuidado com frequência tem até tratamentos que são concorrentes, até conflitantes. Pode haver uma medicação passada por um cardiologista que não é ideal tomar junto com uma passada pelo endócrino. Essas questões trazem muito risco para o paciente”, defende Mendes.

A UNIDAS tem incentivado a adoção do modelo e já possui 14 clínicas compartilhadas entre as operadoras de autogestão para as linhas de cuidado. Assim, elas conseguem dividir o investimento feito para que tenha equipes dedicadas, acompanhando as informações dos pacientes e controlando quem sai ou entra nas linhas. Por ter uma média de idade dos beneficiários acima do mercado, podem sofrer com os custos assistenciais decorrentes de doenças crônicas descompensadas – e atuam para reduzir esse impacto.

Passo a passo

Outro exemplo é a Bradesco Saúde, que tem trabalhado o desenvolvimento de linhas de cuidado em 10 especialidades para os seus cerca de 4 milhões de beneficiários. “A partir do momento em que temos uma população mais saudável e menos exposta ao desenvolvimento de doenças ou o agravamento de quadros, há também o potencial de benefícios sistêmicos. A qualidade da saúde dessa população impacta na sustentabilidade do setor”, explica Thais Jorge, diretora da operadora.

O grupo conta com uma rede de clínicas, a Meu Doutor Novamed, que atua através do modelo de atenção primária, importante ferramenta para a coordenação do cuidado. Mais de 30 unidades estão distribuídas pelo país e contam com consultas, exames laboratoriais e de imagem, além de realizar procedimentos ambulatoriais. De acordo com a operadora, os beneficiários que usam a rede tem uma redução da frequência em pronto-socorro de 30% a 40%.

“Manter uma gestão próxima e individualizada de cuidados com a saúde permite um diagnóstico precoce, especialmente nas doenças silenciosas que se manifestam tardiamente. Nos casos de doença, quanto antes detectada, melhores as chances de êxito no tratamento, com desfechos mais favoráveis”. analisa a diretora da Bradesco Saúde.

De forma mais estrutural, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, no início de dezembro, 16 projetos que foram selecionados para o Programa de Modelos de Remuneração Baseados em Valor, que tem por objetivo induzir uma mudança de forma estrutural no setor, incentivando que operadoras adotem novas formas de pagamento entre os diferentes elos da cadeia, tendo como base linhas de cuidado. O programa, que está em 2ª edição, já contemplou 13 projetos em 2021.

No mesmo mês, a ANS também anunciou uma tomada pública de subsídios sobre linhas de cuidado em saúde, com o objetivo de receber propostas que contenham fluxos, protocolos clínicos, diretrizes terapêuticas e indicadores de saúde. Elas servirão de base para que a agência incentive a adoção de linhas que coloquem o paciente como foco do cuidado, reduzindo custos e melhorando o desfecho.

“Desde 2010 está acontecendo nos Estados Unidos essa discussão da evolução do modelo de pagamento do serviço prestado, indo de um extremo para outro. No Brasil também está acontecendo, mas é uma jornada. Existe uma evolução de modelo ao longo do tempo e, dada a dificuldade de dados, interoperabilidade e o alinhamento de incentivos, a evolução é contínua, gradual e mais lenta do que a gente gostaria”, explica Vedolin, da Dasa.

Ele defende que é preciso haver uma maior e melhor relação entre prestadores de serviços, indústria e operadoras de planos de saúde, para que possam chegar a acordos que sejam interessantes para todos. Isso porque discutir linhas de cuidado e modelos de pagamento baseados em valor muda a dinâmica de funcionamento da saúde suplementar e requer alinhamento e bons parceiros.

Hospitais e empresas

“A estratégia da Dasa é bem clara, temos diversos ativos que estão presentes em vários pontos da jornada de cuidado dos pacientes. Com isso, nós temos a possibilidade de começar a fazer a integração do cuidado de uma forma mais verdadeira dentro de uma rede de presença nacional. Isso por si só não acontece com a integração dos ativos físicos, precisa ter dados para que o cuidado seja melhor executado”, afirma Vedolin.

O grupo atua com linhas de cuidado para empresas e operadoras, dentro de seus 15 hospitais, laboratórios e centros médicos. O executivo explica que para a construção de uma linha de cuidado, seja para beneficiários de planos de saúde ou colaboradores, é preciso ter dados disponíveis e atualizados, adequando a cultura, profissionais de saúde certos, um bom desenho da linha a ser seguida e uma execução efetiva.

“Não existem linhas de cuidado erradas, existem dificuldades operacionais e de execução de uma linha de cuidado ao longo do tempo. É muito difícil criar uma linha de cuidado sem que haja parceiros. Por mais que a Dasa seja grande, tenha presença nacional, nós também temos consciência de que a gente precisa de parceiros, como operadoras e startups”, afirma.

Entre as principais linhas de cuidado do grupo estão doenças crônicas, saúde mental, procedimentos cirúrgicos, neurologia, cardiologia e acompanhamento de gestantes, onde são definidos os caminhos que um paciente seguirá ao entrar nas linhas. Uma mesma pessoa pode fazer parte de mais de uma linha e transitar por elas ao longo da vida. Dados da Dasa mostram que 49% dos pacientes com diabetes descompensada ficaram com a condição sob controle quando passaram a ser acompanhados por linhas de cuidado.

O próximo passo é fazer com que o setor entenda a sua importância e, juntos, diferentes elos participem da mudança. “Para evoluir o modelo existe uma camada de evolução do alinhamento de incentivos no setor, entre os principais pagadores, prestadores, indústria e as empresas que empregam os colaboradores que vão ter os planos de saúde. Existe uma necessidade de evolução da capacidade de compartilhar dados que gerem informações que sejam úteis. Ainda, avanço na regulação e cultura”, defende Vedolin.

Healthtech

A tendência de empresas buscarem construir ambulatórios próprios com coordenação do cuidado fez com que a healthtech 3778 mudasse sua estratégia de negócio, partindo da saúde ocupacional para a saúde integrada, levando diferentes serviços para as instituições e até mesmo operadoras. Com o auxílio de inteligência artificial, a startup consegue automatizar parte do processo de alertar sobre pacientes que precisam ser incluídos em linhas de cuidado ou que estejam em situação de alerta em suas condições, como o diabetes descompassado por um período que merece atenção.

“Conseguimos fazer algumas análises preditivas, que nos dá a inferência de possíveis pacientes que poderão evoluir com alguma doença crônica. O grande desafio é mudar a cultura das pessoas, porque elas engajam principalmente quando já estão adoecidas”, afirma Thamyris Lima, gerente de operações de saúde na 3778.

Dos 190 ambulatórios que a healthtech possui em empresas, cerca de 40 deles contam com o serviço de linhas de cuidado, sendo parte expressiva do modelo de negócio, com saúde mental, gestantes, hipertensão e diabetes entre as principais, mas também conta com linhas para internação e reinternação de pacientes.

A possibilidade de integrar com a saúde ocupacional é outro diferencial da empresa. A partir do exame admissional o médico já encaminha novos colaboradores para as linhas de cuidado, de acordo com os as informações de saúde obtidas através da consulta. De acordo com Thamyris, novos funcionários tendem a se engajar mais por querer participar de todas as ações da companhia, mas é preciso atuar para que cada vez mais as pessoas entendam o modelo, a sua importância e engajem nas linhas.

“São empresas que estão preocupadas com a saúde e muito nessa tendência de entregar valor agregado para o colaborador. Agora, o mercado da saúde corporativa está caminhando para isso, em oferecer algo que seja diferenciado como forma de retenção de pessoas, para eles entenderem a preocupação da empresa. Tanto que na linha de cuidado de saúde mental temos mais de 10 mil inscritos”, afirma a gerente.

Em um programa de saúde mental desenvolvido junto a um cliente, a 3778 conseguiu identificar através do cruzamento e análise de dados que 16% dos colaboradores participantes tinham ideação suicida. Dessa forma, foi possível que o time de saúde atuasse na prevenção e tratamento, mantendo o sigilo das informações e anonimato.

“Não dá para fazer linhas de cuidado sem observar os dados. Até porque a gente não conseguiria estratificar a população-alvo e mensurar se a densidade de cuidado que estabelecemos faz sentido naquele momento, avaliando se o número de consultas, por exemplo, está adequado ao paciente”, defende Thamyris, que afirma que o uso de wearbles e aplicativos irá contribuir ainda mais com insumos para análise.

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Assessoria de Comunicação