CLIPPING SINDHOESG 27/11/25

27 de novembro de 2025

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Nota de Repúdio| Cremego: Médica agredida em Aparecida de Goiânia

https://www.folhadoplanalto.com.br/2025/11/nota-de-repudio-cremego-medica-agredida.html

Presa no semiaberto agride médica dentro da UPA do Parque Flamboyant, em Aparecida

https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/presa-no-semiaberto-agride-medica-dentro-da-upa-do-parque-flamboyant-em-aparecida-769227

CFM reforça mobilização no Senado e segue confiante no avanço do PL da Proficiência em Medicina

Anvisa aprova registro de vacina nacional contra dengue

https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2025-11/anvisa-aprova-registro-da-vacina-100-nacional-contra-dengue

IA na saúde tem potencial infinito, mas exige equilíbrio e preparação

IA cria “médicos fantasmas” para vender Ozempic falsificado

Desafio dos hospitais: unir conhecimento, tecnologia e propósito

https://www.saudebusiness.com/mercado-da-saude/desafio-dos-hospitais-unir-conhecimento-tecnologia-e-proposito

Cuidado contínuo: como a tecnologia está redesenhando a saúde

https://www.saudebusiness.com/ti-e-inovao/cuidado-continuo-como-a-tecnologia-esta-redesenhando-a-saude

FOLHA DO PLANALTO

Nota de Repúdio| Cremego: Médica agredida em Aparecida de Goiânia

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) repudia a violência sofrida pela médica Ana Paula Martins Ferreira (CRM/GO 35088), agredida e ameaçada por uma paciente durante plantão na UPA Flamboyant, em Aparecida de Goiânia.

O Cremego é signatário do Pacto Medicina Segura, uma mobilização nacional dos CRMs e CFM pela segurança no exercício da profissão, e tem atuado para combater a violência contra os médicos.

Profissionais que se dedicam diariamente a cuidar e salvar vidas precisam ser respeitados e protegidos.

O presidente Rafael Martinez manifesta solidariedade à colega e a todos os médicos que, infelizmente, vivenciam essas ameaças e agressões que precisam parar.

Não há justificativa para o ocorrido.

Médicos não podem continuar sendo vítimas de agressões físicas, verbais e psicológicas, nem da precarização das condições de trabalho e do aviltamento salarial.

Além do Boletim de Ocorrência, os profissionais devem denunciar esses casos ao Conselho por meio do formulário: bit.ly/formulario_agressao

O Cremego seguirá firme para garantir que todos os médicos exerçam a medicina com segurança, dignidade e condições adequadas.

Cremego: Por uma Medicina mais Segura

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JORNAL OPÇÃO

Presa no semiaberto agride médica dentro da UPA do Parque Flamboyant, em Aparecida

Paciente se exaltou depois de ser chamada cinco vezes pelo painel eletrônico e também por aviso verbal, sem comparecer ao consultório

A Guarda Civil Municipal de Aparecida de Goiânia atuou na noite de terça-feira, 25, após uma mulher em atendimento agredir uma médica dentro da UPA do Parque Flamboyant. A agressora cumpre pena em regime semiaberto por homicídio e, segundo a ficha criminal, deveria estar usando tornozeleira eletrônica, que não foi encontrada no momento da detenção.

De acordo com o Registro de Ocorrência e o relato da vítima, a paciente se exaltou depois de ser chamada cinco vezes pelo painel eletrônico e também por aviso verbal, sem comparecer ao consultório. Minutos depois, ela procurou a médica na enfermaria, onde a profissional preparava a internação de outra paciente, alegando que não havia sido acionada.

A médica orientou que ela retornasse à recepção para ser atendida pelo profissional responsável naquele momento. A mulher, porém, bloqueou a porta, impediu a circulação da médica, passou a fazer ameaças e exigiu atendimento imediato. Ao tentar impedir que a médica retomasse os atendimentos, a agressora deu duas cabeçadas no rosto da profissional.

A equipe da GCM que estava de plantão foi acionada, conteve a mulher e garantiu a retomada do funcionamento da unidade. Em seguida, a suspeita foi conduzida ao 4º Distrito Policial, no Garavelo, onde o caso foi registrado.

A ocorrência foi enquadrada como lesão corporal grave, conforme o Art. 129, §1º, inciso I, do Código Penal. A médica realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, e a investigação segue sob responsabilidade da Polícia Civil.

Em nota, a Prefeitura de Aparecida afirmou que não tolera agressões contra profissionais de saúde. O município destacou que as unidades de urgência e emergência contam com videomonitoramento, botão de pânico e presença permanente da GCM, reforçando a segurança de servidores e pacientes e garantindo a continuidade dos serviços.

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PORTAL CFM

CFM reforça mobilização no Senado e segue confiante no avanço do PL da Proficiência em Medicina

Em sessão extraordinária realizada nesta quarta-feira (26), no Senado Federal, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) analisou o Projeto de Lei nº 2.294/2024, que institui o Exame Nacional de Proficiência em Medicina. A proposta é de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL/SP), relatada pelo senador Dr. Hiran Gonçalves (PP/RR).

O Conselho Federal de Medicina (CFM) esteve presente com os conselheiros federais Rosylane das Mercês Rocha, Estevam Rivello, Francisco Cardoso, Flávio Freitas, Alceu Peixoto, Antônio Meira e Marcelo Lemos, reforçando a mobilização pela aprovação da matéria.

A tramitação avança em meio a amplo diálogo com o Parlamento e com o governo. Apesar do pedido de vista coletiva, solicitado nesta quarta-feira pelo senador Rogério Carvalho (PT/SE), adiando a deliberação final, o clima entre os representantes médicos permaneceu de firmeza e otimismo. O CFM garante que continuará atuando para assegurar o que considera um marco essencial para a qualidade da formação médica no país.

Atribuição legítima – A conselheira federal Rosylane das Mercês Rocha, 2ª vice-presidente do CFM, reiterou o papel legal do CFM na avaliação profissional: “Esse texto foi construído de forma democrática, com a participação do governo, dos senadores e das entidades médicas. Ele traz o Enamed para dentro da lei e mantém a competência do MEC de avaliar estudantes, mas reafirma que cabe ao CFM avaliar o médico formado, garantindo que ele reúne condições adequadas para atender a nossa população.”

“Com surpresa, hoje, ouvimos do senador Rogério Carvalho algo diferente do que afirmou anteriormente. O MEC avalia alunos; o Conselho Federal de Medicina avalia o profissional médico. Estamos aqui reunidos e contamos com os senadores que se comprometeram com a defesa do exame de proficiência”, complementou

Mobilização nacional pela aprovação – O relator da matéria, senador Dr. Hiran Gonçalves, reforçou que o texto construído é fruto de consenso técnico, mas ainda enfrenta resistência política: “Apresentamos um relatório construído por todas as entidades médicas, pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Saúde. Mas enfrentamos uma resistência grande. O governo não abre mão de uma prerrogativa que, por lei, é do CFM. Nós não abrimos mão dessa responsabilidade.”

O senador conclamou a união da classe médica e dos parlamentares:  “Nada resiste ao trabalho. Vamos mobilizar os senadores que apoiam nossa causa e que são a grande maioria. Na próxima semana, queremos aprovar esse projeto, proteger a sociedade e seguir para a Câmara dos Deputados.”

Um compromisso com o paciente – O Conselho Federal de Medicina tem marcado a sua posição institucional em defesa de uma medicina mais segura, qualificada e responsável. Como atesta pesquisa Datafolha encomendada pela autarquia, para os brasileiros, o Exame Nacional de Proficiência é uma medida essencial diante da expansão desordenada de cursos de medicina e da heterogeneidade na formação dos egressos.

É praticamente uma unanimidade nacional: 96% da população avalia que os médicos recém-formados devem ser aprovados em um exame de proficiência antes de começar a atender a população. O índice é majoritário em todas as variáveis sociodemográficas.

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AGÊNCIA BRASIL

Anvisa aprova registro de vacina nacional contra dengue

Imunizante é o primeiro de dose única 

Brasília – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta quarta-feira (26/11) o registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da vacina da dengue (Butantan-DV) produzida pelo Instituto Butantan. A intenção é começar a aplicação da doses em 2026, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo o Instituto Butantan, já há 1 milhão de unidades da vacina contra a dengue prontas para distribuição. Este é o primeiro imunizante no mundo de apenas uma dose. A estimativa do Butantan é ter disponível mais de 30 milhões de doses em meados de 2026.

“Hoje é um dia de alegria, de vitória da vacina, de vitória da ciência, de vitória da cooperação entre o SUS brasileiro e de suas instituições públicas que estão espalhadas pelo país, entre elas o Instituto Butantan”.

A indicação aprovada é para pessoas na faixa etária de 12 a 59 anos de idade. Este perfil ainda pode ser ampliado no futuro, a depender de novos estudos apresentados pelo fabricante. 

Padilha, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ressaltou a qualidade da vacina contra a dengue.

“Sabemos já dos dados publicados, sabemos da segurança dessa vacina. Estamos falando de um hat-trick: é uma vacina 100% brasileira, tem capacidade de proteção ampla e é uma dose apenas”.

A nova vacina será integrada ao Programa Nacional de Imunização (PNI). De acordo com o governo, o ministério apresentará a novidade já nesta quinta-feira (27) à Comissão Tripartite, formada por secretários estaduais e municipais de saúde, bem como a estratégia de incorporação. 

“Queremos começar a utilização dessa vacina no começo do calendário vacinal de 2026”, revelou o ministro.

Segundo Priscilla Perdicaris, secretária-executiva da Saúde do Estado de São Paulo, em 2025, o Brasil teve 866 mil casos de dengue e 1.108 mortes confirmadas. “Mesmo antes da aprovação, o Butantan correu para produzir 1 milhão de doses, porque sabíamos que eram estudos robustos e que seriam aprovados”. Para Perdicaris, há uma importância grande de a Butantan-DV ser em dose únca: “Para nós que estamos na operação, isso muda completamente a história do jogo: facilita a logística e aumenta a adesão da população”.

O governador Tarcísio de Freitas ressaltou a importância do novo imunizante: “ser dose única vai nos ajudar muito do ponto de vista da logística e da cobertura vacinal. Infelizmente ainda perdemos muitas vidas para a dengue e é um cenário que vamos poder reverter rapidamente com uma vacina 100% brasileira”.

Leandro Pinheiro Safatle, diretor-presidente da Anvisa, também presente no evento no Instituto Butantan, comemorou a aprovação da nova vacina: “O registro da vacina da dengue é uma fonte de orgulho não só para a Anvisa, mas para o país. Estamos avançando com o registro de uma tecnologia que é desenvolvida e feita nacionalmente pelo Instituto Butantan. Os resultados que serão apresentados em breve são muito bons. O trabalho que foi feito junto com o Butantan pela Anvisa foi fenomenal entre as duas equipes”. Safatle comentou lembrou ainda que o desenvolvimento da Butantan-DV teve o apoio do “BNDES e do ministério da Saúde com R$ 130 milhões para a parte da pesquisa de fase 2 e fase 3”.

Butantan-DV

A vacina chamada de Butantan-DV, é o primeiro imunizante contra dengue em dose única do mundo.  Ela foi desenvolvida pelo Instituto do Butantan a partir de uma parceria articulada pelo Ministério da Saúde com a empresa chinesa WuXi Vaccines. 

A nova vacina utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado, segura e já utilizada em outros imunizantes em uso no Brasil e no mundo, como a tríplice viral, febre amarela, poliomielite e algumas da gripe.  

De acordo com a avaliação técnica da Anvisa, a Butantan-DV apresentou uma eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática na população de 12 a 59 anos. Isso significa que, em 74% dos casos, a doença foi evitada por conta da vacina. 

Também demonstrou 89% de proteção contra as formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação na The Lancet Infectious Diseases. 

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MEDICINA S/A

IA na saúde tem potencial infinito, mas exige equilíbrio e preparação

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade incontornável na saúde. Da triagem de pacientes ao suporte ao diagnóstico, passando pela gestão hospitalar e pela análise preditiva de dados clínicos, os algoritmos estão redesenhando a maneira como o sistema de saúde opera. O potencial é imenso – reduzir custos, otimizar recursos e ampliar o acesso à medicina de qualidade. Mas esse entusiasmo precisa caminhar lado a lado com prudência, governança e responsabilidade.

O Brasil vive agora um momento decisivo nesse equilíbrio. O Congresso Nacional discute o projeto de lei que criará o marco regulatório da inteligência artificial no país. O texto, em fase final de elaboração, adota uma lógica de regulação baseada em risco, segundo a qual as exigências legais devem ser proporcionais à gravidade e ao impacto de cada aplicação. No caso da saúde, isso significa distinguir, por exemplo, um algoritmo que ajuda na priorização de exames de outro que atua diretamente em procedimentos invasivos. O modelo proposto prevê uma governança coordenada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, com papéis definidos para Anvisa e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – buscando evitar sobreposição de competências e, ao mesmo tempo, incentivar a inovação responsável.

Essa discussão chega em boa hora. Países que avançaram primeiro nesse campo, como os europeus, vêm revisando suas normas após perceberem que o excesso de rigidez pode travar a inovação e afastar investimentos. A lição é que regular é necessário, mas regular mal pode ser pior do que não regular. O desafio brasileiro é aprender com essas experiências e construir um modelo próprio – capaz de proteger o cidadão, garantir segurança jurídica e fortalecer a indústria nacional de tecnologia.

Eu acredito que o verdadeiro ponto de equilíbrio está justamente entre segurança e inovação. A IA é uma ferramenta poderosa, mas não neutra. Requer responsabilidade ética, transparência nos critérios de decisão e proteção rigorosa dos dados pessoais. Ao mesmo tempo, é essencial que o país mantenha liberdade para criar, testar e adaptar soluções à sua realidade. Sem uma base de dados estruturada, interoperável e protegida, qualquer avanço será frágil. E sem liberdade para inovar, não vai produzir resultados.

Há, ainda, a questão cultural. A adoção da IA na saúde não depende apenas de tecnologia, mas de confiança. Profissionais de saúde ainda demonstram resistência – em parte pela falta de familiaridade, em parte pelo receio de que os sistemas automatizados substituam o julgamento clínico. Esse é um equívoco que precisa ser superado. A inteligência artificial não substitui o médico: ela o potencializa. Ao reduzir tarefas burocráticas e apoiar decisões, permite que o foco volte a ser o que importa: o cuidado humano.

A regulação em andamento pode ajudar a consolidar essa confiança. Um marco legal bem calibrado tem o poder de oferecer previsibilidade a investidores, pesquisadores e hospitais, e de garantir que a inovação avance dentro de parâmetros seguros. E essa regulação de ser viva e ágil, capaz de acompanhar a velocidade da tecnologia e de se ajustar às transformações do setor, sem travar quem já está inovando.

A inteligência artificial representa, portanto, um divisor de águas na forma de cuidar, planejar e gerir a saúde. Seu potencial de transformar o sistema público é enorme, mas sua implementação exige governança proporcional ao seu poder. A combinação entre regulação inteligente, confiança profissional e inovação ética será o caminho para que a IA cumpra seu papel: humanizar o futuro da saúde.

*Valter Lima é CEO da CTC.

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IA cria “médicos fantasmas” para vender Ozempic falsificado

Pesquisadores da Check Point Software revelam uma nova onda de golpes online, impulsionada por inteligência artificial generativa (IA), em que grupos criminosos fabricam medicamentos falsos para emagrecimento e reproduzem a identidade visual de organizações de saúde da Europa. As campanhas replicam logotipos, certificados e outros elementos institucionais para criar aparência de legitimidade e atrair pessoas em busca de alternativas aos medicamentos oficiais à base de agonistas do GLP-1.

Nesse contexto, os criminosos digitais inauguram uma nova fronteira de fraude ao se passarem por médicos e clínicas reais para vender medicamentos falsificados, usando IA e deepfakes para produzir fotos, vídeos e depoimentos altamente convincentes. A ação ultrapassa o golpe financeiro: vítimas são levadas a comprar e consumir substâncias não aprovadas e potencialmente perigosas, comercializadas como prescrições legítimas. A ameaça cruza o mundo virtual e o físico ao explorar a confiança em profissionais de saúde para ampliar alcance, gerar receita ilícita e colocar usuários em risco real.

Vale destacar que, no Brasil, em agosto deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a manipulação da substância semaglutida, usada em canetas de emagrecimento como Ozempic e Wegovy e no medicamento oral Rybelsus. Em comunicado oficial, a Anvisa definiu critérios, prescrição médica e retenção de receita para insumos farmacêuticos ativos (IFAs) agonistas do hormônio GLP-1, empregado em tratamentos de diabetes tipo 2 e obesidade.

Na investigação dos especialistas da Check Point Software, eles identificaram um grande volume de anúncios, vídeos e sites gerados por IA utilizando:

Identidade visual do NHS (Serviço Nacional de Saúde, órgão do Reino Unido) e “profissionais do NHS” fabricados;

Logotipos de AEMPS (Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários / Espanha), ANSM (Agência Nacional Francesa de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde / França), BfArM (Instituto Federal Alemão de Medicamentos e Dispositivos Médicos / Alemanha) e AIFA (Agência Italiana de Medicamentos / Itália);

Farmacêuticos, médicos e depoimentos de pacientes falsificados;

Embalagens inventadas, alegações clínicas e imagens de “transformação em 7 dias”;

Depoimentos em vídeo sintéticos criados com IA.

Esses golpes já se espalham pelo Instagram, TikTok, YouTube e anúncios pagos, e muitos consumidores não conseguem distinguir o real do falso.

IA e desinformação

A combinação de manipulação por IA com desinformação em saúde pública abriu espaço para que imitações perigosas circulem mais rápido do que orientações médicas confiáveis. E, com a demanda por medicamentos à base de GLP-1 em alta, o risco para consumidores mais vulneráveis cresce no mesmo ritmo.

Os pesquisadores conduziram uma análise de infraestrutura que mostra que essas campanhas médicas fraudulentas operam de forma coordenada, praticamente como uma verdadeira indústria do crime:

Infraestrutura compartilhada: muitos sites médicos fraudulentos estão interligados no nível de infraestrutura. Eles compartilham endereços IP e utilizam os mesmos provedores de hospedagem, muitas vezes em países com regras fracas de segurança online. Domínios, certificados SSL e datas de registro mostram padrões de agrupamento, com dezenas de sites fraudulentos lançados simultaneamente, provavelmente por mecanismos automatizados.

Designs comuns de sites: a análise de código-fonte revelou que muitos portais foram construídos com os mesmos modelos e roteiros. Layouts, elementos de interface e sistemas de pagamento repetidos apontam para o uso de “kits prontos” que agilizam a criação de clínicas falsas.

Imagens geradas por IA: fotos de médicos, clínicas e embalagens exibem sinais típicos de geração artificial. Inconsistências de iluminação, texturas incomuns e padrões repetitivos sugerem que um mesmo modelo generativo foi usado em múltiplas operações.

Kits de fraude à venda: em áreas clandestinas da Internet, golpistas vendem kits completos contendo tudo o que é necessário para montar um site médico falso: template/modelos, imagens, scripts de automação de hospedagem e até traduções multilíngues. Essa “comoditização” permite que indivíduos com pouca expertise técnica lancem golpes globalmente.

“O que estamos observando nesses golpes envolvendo GLP-1 representa um patamar totalmente novo de fraude. Os criminosos não falsificam apenas o produto, eles recriam todo o ecossistema ao redor dele. Com o apoio da IA, conseguem gerar em poucos minutos supostos médicos, farmacêuticos, avaliações, embalagens e até logotipos de sistemas nacionais de saúde de diversos países. Para o público em geral, tudo isso passa facilmente por legítimo”, explica Amit Weigman, engenheiro de segurança de Gestão de Riscos Empresariais (ERM) e evangelista da Check Point Software.

Weigman reforça que é justamente isso que torna esses golpes tão eficazes: eles parecem locais, autênticos e clinicamente confiáveis. Um crachá falso da NHS ou a fachada de uma farmácia francesa já bastam para convencer muita gente. Para ele, segurança preventiva apoiada por IA é essencial para conter esse tipo de falsificação em larga escala antes que chegue ao público.

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SAÚDE BUSINESS

Desafio dos hospitais: unir conhecimento, tecnologia e propósito

A primeira etapa da proposta para a construção do hospital inteligente prevê um investimento de R$ 1,7 bilhão

No final de outubro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o Brasil se prepara, a partir de 2026, para começar a investir na criação de uma rede nacional de hospitais inteligentes. A proposta conta com o apoio do Banco dos BRICS, da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital das Clínicas, inspirada em modelos internacionais de saúde pública. Vejo nesse projeto, independentemente de bandeiras partidárias, uma inspiração positiva, além de uma oportunidade única de aproximar o que há de mais inovador na iniciativa privada brasileira das necessidades do SUS.

Quando pensamos em hospitais inteligentes, estamos falando de uma gestão sustentável e efetiva da saúde. Essas unidades assistenciais incorporam tecnologias avançadas para transformar a experiência do paciente e a segurança do cuidado e permitir que ela se amplie para cada vez mais brasileiros, com um atendimento acolhedor e mais humano.

Como médico e gestor de saúde, testemunho diariamente os benefícios da gestão inteligente, apoiada em uma base de dados rica e bem estruturada. Posso citar inúmeros exemplos, mas, para ilustrar, destaco a inteligência artificial que analisa prescrições médicas em tempo real, cruzando informações do prontuário, exames e histórico dos pacientes para antecipar riscos e apoiar a atuação da equipe de farmácia clínica.

Em um cenário em que o número de novos fármacos cresce continuamente, essa tecnologia não apenas evita interações arriscadas e eventos adversos, mas também amplia a eficiência das equipes, reduz custos e consolida uma cultura de cuidado preventivo.

Já um exemplo de como a tecnologia pode transformar o cuidado em regiões mais remotas e com menos especialistas é a recente realização da primeira telecirurgia robótica não experimental da América Latina. O marco simboliza um salto concreto da tecnologia robótica e abre caminho, ainda, para um novo modelo de formação médica à distância, em que cirurgiões de todo o país podem ser acompanhados e orientados remotamente, ampliando o alcance da robótica cirúrgica e democratizando o acesso à medicina de alta complexidade.

A impressão 3D tem sido um recurso essencial no apoio a casos clínicos mais complexos, permitindo um planejamento cirúrgico mais preciso com a criação de próteses customizadas e conectando os profissionais pelo Metaverso. Essas tecnologias podem reduzir em até 15% o tempo transoperatório, além de contribuírem para uma recuperação mais rápida do paciente e para o aumento da produtividade de médicos e hospitais.

Além disso, a digitalização das informações em saúde viabiliza uma medicina mais assertiva, voltada para a entrega de alta qualidade assistencial com eficiência, propósito, melhor gestão e redução de custos. É a capacidade de transformar dados clínicos em decisões seguras e ágeis. Sem dúvidas, a chave para implementar a inovação em ampla escala depende de um olhar cuidadoso para os processos e de como aperfeiçoá-los por meio da integração digital, automação e conectividade.

Unir tecnologia e boas práticas assistenciais é o caminho para garantir um cuidado cada vez mais seguro, eficiente e humano, seja na rede pública ou privada de saúde. A inovação, quando aplicada com propósito, tem um grande poder na construção de um modelo de saúde verdadeiramente integrado. Ao aproximar esse modelo de inteligência da rede pública, o Brasil tem a chance de proteger um número cada vez maior de vidas.

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Cuidado contínuo: como a tecnologia está redesenhando a saúde

O uso de dados pode reduzir riscos clínicos, reinternações e custos. Metadescrição: Tecnologias conectam instituições, modernizam fluxos assistenciais e ampliam o acesso à saúde

A fronteira entre tecnologia e cuidado nunca esteve tão próxima. Sensores cada vez menores, algoritmos mais inteligentes e plataformas interoperáveis estão preparando o terreno para uma nova lógica na saúde: o cuidado contínuo, alimentado por dados que fluem em tempo real entre paciente, equipe médica e sistemas de informação.

No Brasil, esse movimento ainda é incipiente, mas avança rápido em universidades, start-ups deeptech e centros de pesquisa que desenvolvem biowearables de alta precisão, bioreceptores capazes de detectar alterações metabólicas em segundos e soluções de monitoramento remoto voltadas ao acompanhamento de doenças crônicas. Iniciativas de parceria universidade-indústria, laboratórios de wearables e programas de aceleração têm produzido protótipos que, em poucos anos, podem redefinir a lógica do cuidado.

“A transição do cuidado reativo para o cuidado proativo representa uma mudança estrutural na medicina — e os dados contínuos são o coração dessa transformação”, diz Willyan Hasenkamp, Co-Founder & CEO da Biosens, uma deeptech brasileira dedicada ao desenvolvimento de diagnósticos point-of-care (POC).

Para o executivo, enquanto a medicina tradicional depende de pontos isolados de informação, dispositivos point-of-care (POC) descentralizados permitem coletar dados no instante e no local em que o cuidado acontece. “Esses fluxos alimentam algoritmos de inteligência artificial que precisam de volume, variedade e atualização constante para refletir a complexidade da vida real.”

Hasenkamp continua, explicando que, com acesso a dados frequentes, altera-se a forma de atuação do profissional de saúde. “Em uma emergência, o resultado de um exame pode ser analisado em minutos, acelerando decisões. No entanto, a base dessa mudança é clara: sem dados confiáveis capturados por biossensores não há inteligência artificial verdadeiramente preditiva.”

A Biosens estruturou sua plataforma segundo padrões globais como HL7 e FHIR — os mesmos utilizados pela Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Isso permite que resultados de testes POC sejam enviados diretamente ao prontuário eletrônico e à infraestrutura nacional de saúde digital.

Ainda assim, Hasenkamp ressalta que a interoperabilidade é apenas o “último quilômetro” da jornada. “Sem dados capturados com precisão na ponta do cuidado, nenhuma integração gera valor.”

No dia a dia, os desafios ainda são muito para que os biossensores saiam do laboratório e possam se tornar de uso massivo. Dentre eles, o executivo cita aspectos regulatórios, validação científica, custo e produção em escala. A interoperabilidade, embora relevante, na opinião de Hasenkamp, é considerada um obstáculo menor quando comparada aos gargalos produtivos e de hardware.

Interoperabilidade ainda é um desafio

De acordo com Grace Teresinha Marcon Dal Sasso, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), o Brasil atravessa um momento crucial de maturação na interoperabilidade em saúde.

“Após décadas de iniciativas fragmentadas, a adoção do HL7 FHIR como padrão estruturante da RNDS inaugurou uma nova fase: mais moderna, mais conectada e alinhada às melhores práticas internacionais. Essa mudança foi um ‘divisor de águas’ que reposicionou o país no debate global sobre arquitetura digital em saúde.”

Grace destaca que a expansão da RNDS — hoje já integrando dados de vacinação, exames laboratoriais, atendimentos clínicos e novas camadas conectadas à saúde suplementar — é um dos maiores avanços do período recente.

“O Brasil também tem investido em guias públicos de implementação, participação em laboratórios colaborativos FHIR e consolidação institucional via SUS Digital e Estratégia de Saúde Digital 2028, documentos que definem prioridades estratégicas para os próximos anos.”

Ainda assim, os gargalos continuam expressivos. A heterogeneidade entre municípios, hospitais e prestadores privados segue sendo um dos principais entraves para a adoção uniforme dos padrões.

“Muitas unidades ainda produzem dados não estruturados, incompatíveis com terminologias clínicas ou sem aderência aos perfis FHIR. A governança da informação é frágil em muitos locais, e a formação técnica — tanto de profissionais de TI quanto das equipes assistenciais — ainda é insuficiente para garantir a aplicação correta de modelos, terminologias e boas práticas de interoperabilidade”, avalia Grace.

Na opinião da especialista, qualidade e integridade dos dados não são apenas requisitos técnicos — são o alicerce de todo o ecossistema digital. Ela defende uma abordagem baseada em: modelagem robusta da informação pautada em FHIR; terminologias clínicas padronizadas (SNOMED CT, LOINC, CID-10, CID-11); governança formal de dados, com dicionário único, validação automática, monitoramento, rastreabilidade e trilhas de auditoria; boas práticas de captura e registro no ponto do cuidado; e gestão completa do ciclo de vida dos algoritmos de IA, com mitigação de vieses, auditoria e avaliação contínua de desempenho.

“Além disso, marcos regulatórios como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as diretrizes da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e políticas do Ministério da Saúde precisam convergir para garantir uso ético, seguro e centrado no paciente.”

A adoção de tecnologias tem recebido apoio estruturado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Um dos principais mecanismos dessa estratégia é o Programa e Projeto Prioritário de Interesse Nacional (PPI Saúde Digital), coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Por meio dele, empresas podem direcionar parte do imposto devido para financiar projetos de P&D voltados a IA, interoperabilidade, dispositivos vestíveis e outras tecnologias emergentes, acelerando o caminho entre descoberta científica e aplicação prática.

“Esse movimento se fortalece à medida que universidades, start-ups deeptech e hospitais começam a atuar de forma integrada no desenvolvimento de biowearables, biossensores e plataformas inteligentes”, explica Henrique Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital.

Para estimular essa colaboração, o MCTI realizou recentemente uma chamada pública dentro do PPI-Saúde Digital, selecionando redes de pesquisa que formam um ecossistema robusto e descentralizado de inovação.

Entre elas estão a CareNet.AI, focada em cuidado inteligente; a REDI-SUS, dedicada a diagnóstico e acompanhamento remoto; a ReNTAI, voltada à telessaúde avançada; a plataforma mareIA, para telemonitoramento preditivo; a INTEROPCHAIN, que explora blockchain para consentimento e interoperabilidade; e a Rede SOFIA, concentrada em soluções para saúde materno-infantil.

“Outro pilar dessa estratégia é a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), que há 20 anos estimula a integração entre profissionais da saúde para conduzir projetos colaborativos em pesquisa, inovação, gestão, educação e assistência em saúde digital”, destaca Cristina Akemi Shimoda, coordenadora-geral de Transformação Digital.

Cuidado conectado: a estratégia das instituições de saúde

Com a aposta no cuidado contínuo se consolidando como uma das principais estratégias da inovação em saúde no Brasil, o InovaHC tem buscado transformar esse conceito em prática. No hub de inovação do Hospital das Clínicas, diversas start-ups já desenvolvem wearables, sensores e tecnologias de monitoramento remoto voltadas ao acompanhamento de pacientes crônicos.

“Essas soluções estão sendo incorporadas ao projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação conduzido em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que prioriza a adoção de modelos de telemonitoramento e dispositivos aplicados à saúde digital”, detalha Giovanni Cerri, presidente dos Conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e de Inovação (InovaHC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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Assessoria de Comunicação