A infecção hospitalar é aquela adquirida no hospital e que não estava presente ou em incubação quando da admissão do paciente. Ela pode manifestar-se durante a internação ou mesmo após a alta. Atualmente o termo infecção hospitalar tem sido substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), healthcare-associated infection, na língua inglesa.
Esta mudança abrange não só a infecção adquirida no hospital, mas também aquela relacionada a procedimentos realizados em ambulatório, durante cuidados domiciliares e a infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros). As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), principalmente as adquiridas no ambiente hospitalar, estão entre as principais causas de morbidade e de mortalidade e, consequentemente, da elevação de custo para o tratamento do doente.
A Organização Mundial da Saúde estima que entre 5 e 10% dos pacientes internados em hospitais nos países desenvolvidos desenvolverá uma infecção hospitalar. Nos países em desenvolvimento, o risco de adquirir essa infecção é pelo menos duas vezes maior. Alguns estudos apontam que uma única infecção adquirida no hospital gera gastos de US$ 10,000.00 (mais de R$ 15.000,00) e aumenta em quatro vezes o risco de morte de um paciente internado.
Quem busca um atendimento hospitalar quer recuperar sua saúde. A aquisição de uma doença nesse ambiente não apenas inverte essa lógica, mas expõe pacientes ao risco de morte ou sequelas. Além disso, quanto mais agressivo o tratamento, maiores são os riscos. Grandes cirurgias, internações em UTI e uso de medicações imunossupressoras – intervenções muitas vezes essenciais para salvar vidas – são os procedimentos mais frequentemente associados à incidência de infecções.
Apesar da legislação vigente – que determina que todos os hospitais possuam Programas de Controle de Infecção Hospitalar – tem sido observado nos hospitais brasileiros, principalmente longe dos grandes centros, o descumprimento destas normas.
O que pode ser feito nesse sentido? Estudos demonstram que a adesão a algumas normas e procedimentos pode reduzir em 50-70% das infecções hospitalares. As medidas necessárias incluem ampla reavaliação de processos de trabalho nas unidades do hospital. Parte considerável das infecções hospitalares pode ser evitada com a aplicação de medidas de prevenção baseadas em conhecimento técnico adequado e apoio administrativo. A implementação, treinamento e adesão dos profissionais de saúde às medidas de prevenção reduzem o risco de aquisição de infecção hospitalar relacionado aos cuidados prestados.
Estas medidas incluem a higienização das mãos (uso do gel alcoólico ou lavagem das mãos com água e sabão) antes e após o contato com o paciente. Outras medidas de prevenção também são importantes: o uso de luvas, avental e máscara (quando indicado), o uso de técnica asséptica ao realizar procedimentos, a limpeza do ambiente e o uso racional de antimicrobianos.
No dia 5 de maio comemora-se o Dia Nacional de Higienização das Mãos. Já o dia 15 de maio é data comemorativa do controle de infecção. Nessa data, em 1842, o Ignaz Semmelweis instituiu, em Viena, a obrigatoriedade de lavagem das mãos antes da realização de partos. Uma medida simples que fez cair a mortalidade de puérperas de 20% para 1%. Acima de tudo, uma demonstração de que é possível salvar vidas com o controle das infecções.
Prevenir infecções significa ter uma estrutura adequada, recursos disponíveis e principalmente, profissionais conscientizados, atentos e treinados a seguir as práticas preconizadas.
* Sheila de Almeida é médica infectologista e consultora em Controle de Infecção Hospitalar da Aheg
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