Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 09/02/22

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

ANS barra a venda da APS, a empresa que gere os 340 mil planos de saúde individuais da Amil

Brasil volta a registrar mais de mil mortes por covid-19 nas últimas 24 horas

Clientes da Amil sofrem para ter atendimento após troca de plano; juíza manda recredenciar hospitais

Goiás registra 11.564 novos casos de covid-19 e 46 mortes em 24 horas

Novo DNA confirma troca de bebês em hospital de Aparecida de Goiânia

Entenda as mudanças que podem acontecer caso a covid-19 se torne uma endemia

Anvisa rejeita pedido de três autotestes de Covid-19 no Brasil; 51 ainda estão em análise

O GLOBO

ANS barra a venda da APS, a empresa que gere os 340 mil planos de saúde individuais da Amil

A ANS, numa reunião de diretoria que terminou há pouco, acaba de barrar a transferência do controle pela Amil da APS.

A APS é a empresa da Amil que, em dezembro, passou a gerir os 340 mil planos de saúde individuais da própria Amil. Na semana passada, o fundo Fiord e mais dois sócios (grupo Seferin & Coelho e Henning von Koss, ex-CEO da Medial) compraram a APS.

A Fiord não possui sede própria e está registrada em um escritório de contabilidade na zona leste de São Paulo. Seu único sócio é o economista sérvio Nikola Lukic, de 36 anos.

A ANS considerou que as informações entregues pela Amil à agência não eram suficientes para que a venda fosse concretizada.

Hoje, representantes da Amil tiveram uma reunião com o presidente da ANS, Paulo Rebello. Ouviram dele que os documentos entregues sobre os compradores eram insatisfatórios, sobretudo quanto à capacidade financeira. 

Portanto, até segunda ordem, a Amil (ainda dona da APS) continua responsável por esses 340 mil beneficiários dos planos individuais.

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O ESTADO DE S.PAULO

Brasil volta a registrar mais de mil mortes por covid-19 nas últimas 24 horas

O Brasil registrou 1.174 novas mortes pela covid-19 nesta terça-feira (8/2), a pior marca desde 10 de agosto. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 823, sendo o maior registro na média desde 17 de agosto do ano passado. Os dois números mostram um crescimento nos óbitos. No início de janeiro, o Brasil estava com a média móvel de mortes abaixo de 100. Agora, ela saltou para mais de 800, número que não ocorria desde agosto. Para piorar, em números absolutos foi a segunda vez em cinco dias que o País superou o registro de mil mortes em 24 horas. Na sexta-feira, o Brasil tinha marcado 1.074 mortes.

“O que está acontecendo é um aumento muito grande dos casos, por causa da Ômicron. É uma linhagem que tem capacidade de infectar pessoas já vacinadas e capacidade bem grande de transmissão. Então com esse aumento bem rápido no número de casos, a quantidade de mortes também aumentou”, explicou o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, professor de epidemiologia da Universidade São Leopoldo Mandic e doutor pela Unicamp. Desde a chegada da variante Ômicron no Brasil, o número de contaminações bateu recorde no início deste ano com números superiores aos dos piores momentos da pandemia no País. E depois dessa quantidade enorme de infectados, mesmo com muitas pessoas tendo dificuldade para se testar, o número de internações e mortes começou a subir também.

“A Ômicron causa quadros mais brandos, principalmente em quem está vacinado, e o Brasil tem uma cobertura vacinal razoável. Então era esperado que a o número de óbitos aumentasse também após uma alta nas contaminações, mas acredito que possa começar a cair nas próximas semanas”, avalia o professor. Ele reforça que o carnaval é um motivo de preocupação, por causa do contato mais próximo entre as pessoas. “Temos de cuidar, a doença não está totalmente controlada, mas é diferente daquele surto que ocorreu com a Gama, que é mais letal, e as pessoas não estavam vacinadas na época, só uma parte dos idosos. A gente sabe que o risco para as pessoas não vacinadas é maior, para qualquer linhagem. E, no caso da Ômicron, a terceira dose ajuda a proteger mais”, diz.

Nesta terça, o número de novas infecções notificadas foi de 170.282. No total, o Brasil tem 633.894 mortos e 26.775.419 casos da doença. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 23.101.660 pessoas estão recuperadas. O Estado de São Paulo registrou 445 mortes por coronavírus nesta terça. Outros oito Estados superaram a barreira de 30 óbitos: Rio Grande do Sul (105), Rio de Janeiro (89), Paraná (79), Bahia (64), Minas Gerais (56), Santa Catarina (48), Goiás (46) e Ceará (38).

No lado oposto, Roraima registrou apenas uma morte. O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho de 2020, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados. Nesta terça, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 177.027 novos casos e mais 1.189 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 26.776.620 pessoas infectadas e 633.810 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

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Clientes da Amil sofrem para ter atendimento após troca de plano; juíza manda recredenciar hospitais

Com transferência de convênio médico, beneficiários ficaram sem acesso a hospitais e laboratórios particulares; cerca de 337,5 mil beneficiários em três Estados passaram a ser atendidos pela operadora APS

Com plano de saúde familiar da Amil contratado há 26 anos, o aposentado S., da cidade de São Paulo, foi surpreendido ao saber que os hospitais e laboratórios que sua família mais utilizava foram descredenciados pela operadora. Com 74 anos e um problema recorrente de coágulos no sangue, ele, a mulher de 66 anos e uma filha de 22, com diagnóstico de esquizofrenia, dependiam desses hospitais e laboratórios para consultas e atendimento de urgência. O descredenciamento foi durante a transferência dos planos de saúde da Amil para a APS – Assistência Personalizada em Saúde, com sede em Jundiaí (SP). Desde 1º de janeiro, 337.459 beneficiários de planos individuais e familiares da Amil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná foram transferidos para a APS.

Ele recorreu à Justiça. Em 27 de janeiro, a juíza Andrea Trigo, da 2.a Vara do Juizado Especial Cível de Santo Amaro, na capital, deu prazo de dez dias para que a Amil recredencie os hospitais Samaritano Paulista, Paulistano, Vitória – Anália Franco, Alvorada – Moema, e os laboratórios Delboni, Salomão Zoppi e Hermes Pardini com as mesmas coberturas e nos moldes do plano contratado pelo aposentado.

A Amil, que vai recorrer, alegou na contestação que o cliente não ficou desassistido, pois o descredenciamento foi parcial, havendo outros hospitais e laboratórios em condições de dar o atendimento. Lembrou ainda que não é obrigada a manter aqueles hospitais na rede, havendo outros que podem prestar a assistência adequada. Já a magistrada entendeu que a Amil não demonstrou ter substituído as unidades descredenciadas por outras de mesmo padrão.

A mudança para a APS foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e, segundo a operadora, não apresentou alterações para o consumidor, já que os serviços e valores permaneceram os mesmos. Os detentores dos planos, no entanto, não concordam – alguns falaram ao Estadão sob a condição de anonimato.

Só na página oficial da Amil em rede social, 39 associados postaram reclamações nos últimos 30 dias – oito na última semana. Uma delas é de uma paciente de Osasco que fez cirurgia de tireoidectomia total em 2 de dezembro e iniciou o pós-operatório na Unidade Avançada Lapa do Hospital Metropolitano. Como o médico pediu biópsia, ela voltou para o hospital com o resultado apontando um câncer, mas não teve a consulta liberada porque o hospital tinha sido descredenciado pela Amil.

Já a aposentada V., de 71 anos, moradora da capital, contou que fazia tratamento e consultas no H.Olhos e, em casos de urgência, passava pelo pronto-socorro do hospital. Há 60 dias, quando teve uma emergência, procurou a unidade e soube que tinha havido o descredenciamento e não poderia ser atendida pelo plano. “Fiquei possessa por estar com dor e sem poder passar pelo PS. E me senti muito mal por não ter sabido antes”, disse. Segundo ela, outra unidade de pronto-atendimento e um laboratório que usava sempre também foram cortados.

Conforme o advogado Elton Fernandes, especialista em Direito da Saúde e que assessorou S. na ação judicial, embora a ANS tenha autorizado a transferência dos planos da Amil para a APS, não houve autorização para fazer todo o descredenciamento realizado pela operadora. “A rede credenciada de um plano de saúde não é imutável, mas não se pode simplesmente tirar o usuário de um plano e passar para outro que não oferece as mesmas condições”, disse. Ainda mais, segundo ele, quando as mesmas operadoras usam a qualidade e disponibilidade da sua rede credenciada para atrair o consumidor e vender o plano.

Foram essas características que levaram a família de S. para o convênio da Amil. “Tinham bons hospitais e laboratórios muito próximos de nossa casa. Meu marido faz exames quase todo mês e descobriu que o (Hospital) Paulistano já não atendia pela Amil da pior forma possível. Ele teve embolia devido ao coágulo e procurou o hospital, que não atendia mais. Foi indicado o Samaritano, fomos e lá também não atendia. Entramos em pânico porque a gente precisava do apoio do plano e não teve. Tiraram hospitais e laboratórios, mas não reduziram o valor do plano”, disse a mulher do aposentado.

A comerciante Eliane Luiz Neres, moradora da Bela Vista, em São Paulo, contou que sua família tem plano familiar de pessoa física desde 2008 e optou pela Amil por causa da rede credenciada. “Os hospitais e laboratórios são bons e ficam próximos, mas foram descredenciados. As opções que deram não nos atendem. Como faremos em uma situação de urgência? Já precisamos da emergência do hospital Santa Catarina por um problema de pedra nos rins, e agora não temos mais. O laboratório que descredenciaram tem todo nosso histórico de exames e não substituíram por nada que esteja à altura dele”, disse. A família também entrou com ação contra a Amil e aguarda decisão.

O empresário W., de Sorocaba, tinha o plano da Amil há mais de dez anos e não se conformou com a mudança para uma operadora cuja rede considerou bem menor. “Pago um plano nacional e esse plano APS é todo regional. É um absurdo o governo deixar fazer isso, prejudicando o consumidor que já não tem nenhum direito nesse País.” Depois de vários contatos com a Amil, sem conseguir retorno satisfatório, ele decidiu cancelar o convênio das três empresas que administra.

Após receber dezenas de queixas de usuários do plano, o Procon SP, órgão estadual de defesa do consumidor, notificou a Amil e a APS cobrando explicações sobre as mudanças e as garantias dadas ao consumidor de que não haveria perda de qualidade no atendimento. Conforme o órgão, as respostas foram insuficientes. Questionado nesta segunda-feira, 7, sobre novas medidas adotadas em relação ao caso, o Procon não não respondeu até a conclusão da reportagem.

Prioridade para idosos

Para a advogada Mérces Nunes, especialista em Direito Médico, essa é uma discussão que está apenas começando. “Quando um operador de planos de saúde vende sua carteira, é normal que o adquirente ofereça nova rede de credenciados. A regra diz que o operador deve fazer a comunicação prévia aos associados. Mesmo que a Amil tenha comunicado seus usuários, a APS não pode mudar nada do contrato. Então, todo o serviço que o plano oferece precisa ser mantido”, disse.

O grande problema da transferência dos planos de saúde para a APS, segundo ela, é que a carteira da Amil é composta majoritariamente por idosos. “Essa é uma agravante da operação, pois os idosos têm, ou deveriam ter toda a preferência. São pessoas que vêm pagando o plano de saúde há muito tempo e agora não têm a saúde de um jovem ou adolescente. Muitos estão em tratamento que não pode ser mudado sem afetar a sua condição de saúde.”

Mérces acredita que, além de ações individuais, serão propostas ações coletivas contra a operação entre a Amil e a APS. “Casos de tratamento interrompido com certeza serão examinados. Se o paciente sai de um hospital e vai para outro sem a mesma condição e sofre algum dano na saúde, isso vai gerar reparação. Tenho o sentimento de que, em ação coletiva, o Judiciário pode até reexaminar a própria operação para dizer se ela é válida ou não”, disse.

Tratamentos continuam

A ANS informou que, mesmo com a transferência parcial da carteira da Amil para a APS, os termos dos contratos dos beneficiários continuam os mesmos. Mudou apenas a operadora, que era a Amil e agora é a APS. Beneficiários de outros Estados e de planos que não foram transferidos permanecem na Amil. “Os tratamentos em curso não podem ser interrompidos e os agendamentos realizados antes da transferência devem ser mantidos”, disse, em nota.

Conforme o órgão regulador, a rede de prestadores (hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde) da APS é a mesma que tinha a Amil para os planos transferidos. Sobre os descredenciamentos feitos pela Amil antes de transferir os planos, a agência disse que qualquer operadora pode solicitar alteração em sua rede credenciada, mas só serão autorizadas se estiverem de acordo com as normas.

As exclusões de prestadores hospitalares são solicitadas à ANS por meio eletrônico, com análise de aproximadamente 24 horas. As operadoras são obrigadas a comunicar os beneficiários sobre todas as alterações na rede conveniada. “Para averiguação da reclamação de descredenciamento específica, é necessário apurar o caso concreto, sendo fundamental o nome do prestador hospitalar descredenciado”, disse.

Ainda segundo a agência, é permitida a substituição de entidade hospitalar por outra equivalente, desde que comunicada com 30 dias de antecedência aos consumidores e à ANS.

No caso de qualquer irregularidade, o beneficiário deve entrar em contato com a agência, por meio de seus canais de atendimento (Disque ANS 0800 701 9656 ou pelo Fale Conosco do site).

Os consumidores que não quiserem ir para a nova operadora poderão verificar a possibilidade de portabilidade de carências. O beneficiário deve estar com os pagamentos em dia e cumprindo o prazo de permanência. Conforme a agência, a APS atua no mercado de saúde suplementar desde 1999 e possui 11.543 beneficiários. Com o recebimento da carteira da Amil, apassa a ter 348.993 usuários. Segundo a ANS, não houve pedido de mudança no controle societário da APS.

O que diz a Amil

Em nota, a Amil informou que as movimentações na rede credenciada são inerentes à dinâmica da operação de planos de saúde e extensivas a todas as modalidades de planos, incluindo os individuais, coletivos e coletivos por adesão. “Essas substituições seguem rigorosamente as normas da ANS no que se refere à comunicação, garantia de cobertura, padrão de qualidade, prazos de atendimento e distribuição geográfica. Essas informações ficam disponíveis no aplicativo e no site da operadora para consulta a qualquer momento”, disse.

A empresa disse reiterar que não houve modificação de rede credenciada e de contrato vigente com os beneficiários em função da transferência de carteira ocorrida em 1º de janeiro. “Os canais de atendimento da operadora estão à disposição dos beneficiários para dúvidas e informações adicionais.” Em relação ao processo do aposentado S., a Amil informou que irá recorrer, “pois não houve qualquer negativa de cobertura para o beneficiário”, tratando-se de “ação ajuizada de forma preventiva”.

Procurada, a APS informou que, nesse período de transição, as questões relativas ao atendimento dos beneficiários dos planos continuam sendo respondidas pela Amil.

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A REDAÇÃO

Goiás registra 11.564 novos casos de covid-19 e 46 mortes em 24 horas

 Goiás registrou 11.564 novos casos de covid-19 e 46 mortes causadas pela doença nas últimas 24 horas. Os dados constam no boletim divulgado nesta terça (8/2) pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO). Com as atualizações, o Estado soma 1.082.676 infecções e 25.243 óbitos desde o início da pandemia.
 
Ainda segundo o boletim, há 750.013 casos suspeitos e 403 mortes em investigação para saber se há alguma ligação com o novo coronavírus. A taxa de letalidade da covid-19 em Goiás é de 2,33%.

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Novo DNA confirma troca de bebês em hospital de Aparecida de Goiânia

Um novo exame de DNA confirmou, na tarde desta terça-feira (8/2), que dois bebês foram trocados no Hospital São Silvestre, em Aparecida de Goiânia, logo depois do nascimento. O resultado do exame foi divulgado durante reunião na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) da cidade, na presença dos pais dos bebês, representantes do hospital e da Polícia Civil. 

Foi o segundo teste de DNA realizado. Desta vez foi feito o chamado DNA cruzado. No primeiro momento foram examinados materiais genéticos das mães e dos bebês que estavam com elas. O resultado de uma delas deu inconclusivo. O novo teste, que foi divulgado nesta terça, confirmou que as mulheres estão com os filhos trocados. 

As crianças nasceram no último dia 29 de dezembro. Uma das mães recebeu alta dois dias depois, quando teria ocorrido um erro na identificação dos bebês. O hospital informou, por nota, que “de imediato as duas famílias foram comunicadas e foi solicitada a realização do teste de DNA”. 

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O HOJE

Entenda as mudanças que podem acontecer caso a covid-19 se torne uma endemia

Ao longo das últimas semanas, com a melhora da situação de pandemia em alguns países, lugares como Reino Unido, França, Espanha e Dinamarca, decidiram que a covid-19 não será encarada com uma pandemia mais, mas que será tratada como uma endemia. Então, a doença causada pelo vírus deixará de ser vista com emergência de saúde e muitas das restrições não serão mais necessárias, como uso de máscara, evitar aglomerações e exigência de passaporte vacinal.

Para entender o que muda, primeiramente é necessário ter em mente de forma clara o conceito de endemia, que não necessariamente é uma boa notícia. A covid-19 ser vista como endemia significa que há uma quantidade esperada de casos e mortes relacionadas a uma determinada doença, conforme o local e época do ano, portanto os números não sofrem variações drásticas.

Doenças também consideradas mortais são consideradas endêmicas como a tuberculose, Aids e malária. Se analisar apenas a malária, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 240 milhões de casos e 640 mil mortes aconteçam anualmente.

Então, a questão da endemia está relacionada com a estabilidade nas estatísticas da enfermidade. Quando os números fogem do controle, a situação se torna uma epidemia – se for em uma região – ou para pandemia – caso a crise se alastre por vários continentes.

Em evento do Fórum Econômico Mundial no final de janeiro, representantes de várias instituições discutiram os conceitos e debateram quando a covid-19 de fato poderia ser classificada como endemia. Segundo Anthony Fauci, imunologista, endemia significa “uma presença não disruptiva sem a possibilidade de eliminação [de uma doença]”, e que o coronavírus aos poucos passará a afetar os seres humanos de forma similar a agentes causadores de resfriados comuns.

Além disso, o médico Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, ressaltou que o vírus provavelmente não será eliminado. “Nós provavelmente nunca vamos eliminar esse vírus. Depois da pandemia, ele se tornará parte de nosso ecossistema. Mas é possível acabar com a emergência de saúde pública”.

Na ocasião, reforçou que endemia não necessariamente significa coisa boa. “Ela só significa que a doença ficará entre nós para sempre. O que precisamos é diminuir a incidência, aumentando o número de pessoas vacinadas, para que ninguém mais precise morrer [de covid]”, completou.

Os cientistas se mostram reticentes em encarar a covid-19 como endemia, devido a falta de parâmetros e de uma estabilidade nas notificações por longos períodos. “Isso ainda não foi bem estabelecido. Quais são os números de casos, hospitalizações e mortes pela doença aceitáveis, ou esperados, todos os anos?”, questiona a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo.

Entretanto, o aprimoramento das defesas do organismo garante uma proteção contra as complicações da covid-19, relacionadas à hospitalização e morte. “Graças à imunidade obtida pela vacinação e, em menor grau, pelo alto número de infecções, a doença se tornou menos letal”, diz Croda, também presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

Mudanças na prática

Os países que já classificaram a covid-19 como sendo uma endemia acabaram com a maioria das restrições que marcaram os últimos 24 meses. No geral, não haverá mais a necessidade de uso de máscaras em locais fechados, nem mostrar comprovante de vacinação e aglomerações estarão liberadas.

Segundo o primeiro-ministro Boris Johnson, “conforme a covid se tornar endêmica, nós precisaremos substituir as requisições da lei pela orientação, de modo que as pessoas infectadas com o vírus sejam cuidadosas umas com as outras”.

Entretanto, a epidemiologista Ethel Maciel entende que cuidados devem permanecer mesmo assim, mesmo com a situação menos grave. “O vírus vai continuar circulando. Mesmo que as medidas não sejam mais obrigatórias, é importante que todos tomem alguns cuidados quando necessário”, orienta.

Além disso, ela orienta que é preciso empoderar e ensinar as pessoas, para que avaliem os riscos de cada situação para que medidas de proteção sejam tomadas. Um exemplo é um indivíduo com sintomas de gripe ou covid, este deve trabalhar de casa para evitar riscos aos demais colegas e, caso precise sair, usar máscara. A epidemiologista relaciona a situação com o HIV. “É a mesma coisa que acontece com a infecção pelo HIV. Ter uma relação sexual sem preservativo te coloca numa situação de risco, mesmo que essa doença seja considerada hoje uma endemia”, compara.

Vale ressaltar que aliviar as políticas restritivas não significa que não deveriam ser tomadas, pelo contrário, as medidas que salvaram as vidas em um momento em que não existiam outros meios para barrar a infecção e complicações. Atualmente, existem meios testados e aprovados como vacinas e remédios, para tornar a covid menos ameaçadora.

Endemia

No meio acadêmico, a decisão de alguns países europeus gera controvérsias. Um artigo publicado na revista Nature, o pesquisador Aris Katzourakis, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, criticou o que ele considera “otimismo preguiçoso”. “Como virologista evolutivo, fico frustrado quando gestores públicos invocam a palavra ‘endemia’ como uma desculpa para fazer pouco, ou não fazer nada. Existem mais coisas que podem ser feitas do que aprender a conviver com rotavírus, hepatite C ou sarampo endêmicos”, escreveu.

Além disso, ele afirmou que pensar que a evolução do vírus o deixa menos grave é um erro. “Lembre-se que as variantes alfa e delta são mais virulentas que a versão original detectada em Wuhan, na China. E a segunda onda da pandemia de gripe espanhola em 1918 foi muito mais mortal que a primeira. Pensar que a endemia é leve e inevitável não é apenas errado, mas perigoso: deixa a humanidade à mercê de muitos anos da doença, incluindo ondas imprevisíveis e novos surtos. É mais produtivo considerar o quão ruim as coisas podem ficar se continuarmos a dar ao vírus oportunidades de nos enganar. E daí então podemos fazer mais para garantir que isso não aconteça”, argumenta.

Entretanto, segundo Croda, apenas o tempo será capaz de dizer se a decisão foi certa ou errada, por depender de fatores que não podemos controlar. “Isso depende muito de fatores que não controlamos. Nesse meio tempo, pode surgir uma nova variante extremamente contagiosa, com escape imunológico e maior risco de hospitalização e óbito. É justamente para evitar que isso aconteça que precisamos ofertar vacinas para todos, especialmente para aqueles que ainda não tomaram nenhuma dose. Essa deveria ser a prioridade número um do mundo inteiro”, diz.

Maciel ressalta que tudo pode acontecer, inclusive novas variantes podem surgir. “Quando a transmissão está muito alta, tudo pode acontecer, inclusive o surgimento de novas variantes. E o Brasil, além de seguir com a vacinação, precisa ampliar o acesso aos tratamentos contra a covid, como os anticorpos monoclonais e os antivirais, que já são usados em outros países”, afirma.

Situação brasileira

Especialistas afirmam que ainda é cedo para falar sobre uma endemia no Brasil. O país tem enfrentado um alto número de casos desde o início de 2022 devido a variante Ômicron, aumentando expressivamente as hospitalizações.

Conforme projeções do Instituto de Métricas em Saúde da Universidade de Washington, o Brasil deve atingir o pico de óbitos relacionados a nova variante no meio de fevereiro e, a partir disso, os números devem cair novamente se estabilizando durante o mês de março.

Para garantir a possibilidade de a covid-19 se tornar uma epidemia no Brasil é necessário ampliar a cobertura vacinal. Até o momento, 23% dos brasileiros tomaram a dose de reforço, número aquém ao ideal. Vários estudos comprovam que o imunizante é essencial para proteger contra efeitos graves no organismo.

Em relação a vacinação e a visão de gestores públicos a respeito da discussão, a BBC News Brasil, em contato com o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) e com o Ministério da Saúde, recebeu uma nota de esclarecimento. Na nota, o Conass declarou que o avanço da vacinação no Brasil é o primeiro passo para o país caminhar para o fim da pandemia.

“O avanço da vacinação no Brasil, que hoje já alcança mais de 75% do público-alvo vacinado com as duas doses, é o primeiro passo para que o país caminhe para superar a pandemia da covid-19, porém, a introdução da variante ômicron mostrou a complexidade do enfrentamento do vírus e sua alta capacidade de mutações. A rápida transmissão desta variante criou uma nova pressão na rede assistencial e o aumento de óbitos. Não é possível considerar de caráter endêmico uma doença que traz esse peso na assistência e que tenha essa alta morbimortalidade. Superar a pandemia não quer dizer que não teremos mais casos e óbitos pela covid-19, mas não temos parâmetros ainda para saber o quanto de casos e óbitos serão considerados esperados e, dessa forma, tratados como endêmicos”.

Além disso, afirmam que os esforços devem estar voltados para garantir a ampliação e manutenção dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “As atenções e os esforços atuais devem estar voltados para garantir a ampliação e manutenção dos leitos clínicos e UTI covid, além da intensificação das campanhas de incentivo para que todos os brasileiros completem o esquema vacinal, incluindo a dose de reforço. Ainda não é o momento para baixar a guarda e decretar o controle da pandemia no Brasil”, conclui o Conass.

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Anvisa rejeita pedido de três autotestes de Covid-19 no Brasil; 51 ainda estão em análise

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou, nesta segunda-feira (07/02), três solicitações de registro de autotestes de Covid-19 no Brasil. Desde o dia 28 de janeiro a autarquia autorizou os exames caseiros e, até o momento, já recebeu 51 pedidos para a liberação do produto, mas nenhum ainda foi aprovado.

A Anvisa já concluiu nove avaliações de produtos, três foram indeferidos e outros seis aguardam a publicação do resultado no Diário Oficial da União (DOU). Os pedidos negados foram para as empresas LMG Lasers, Medlevensohn Comércio e Representações de Produtos Hospitalares e Okay Technology Comércio do Brasil.

“Os pedidos foram negados em razão da falta de estudos e documentos completos sobre os produtos que solicitaram autorização. As empresas já foram informadas por meio de Ofício Eletrônico sobre os pontos de ajustes necessários para cada produto antes que uma nova submissão possa ser feita”, diz a nota.

Quando aprovado, o autoteste passará a ser uma nova ferramenta de triagem do Plano Nacional de Expansão da Testagem para Covid-19 (PNE). Eles servirão para ampliar a testagem de indivíduos sintomáticos, assintomáticos e seus possíveis contatos e, com isso, poderão se isolar precocemente e quebrar a cadeia de transmissão.

As normas da Anvisa definem que a sensibilidade e a especificidade dos exames caseiros devem alcançar os patamares mínimos de 80% e 97%. Além disso, a agência informa que o produto só poderá ser comercializado em farmácias com e sem manipulação e estabelecimentos de saúde licenciados.

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Assessoria de Comunicação