DESTAQUES
Mais Médicos cria incentivos para fixar profissionais
Revalida tem a menor taxa de aprovação em 11 edições; médicos formados no exterior apontam falhas e pedem mudanças
Hospital da Criança: pais reclamam de demora no atendimento
Mulheres que ficaram com cicatrizes após violência doméstica passam por cirurgias reparadoras de graça e fazem ensaio fotográfico em Goiás
Baixa adesão às campanhas aumenta incidência de câncer entre mulheres
Hapvida (HAPV3) tenta levantar até R$ 1 bilhão em oferta primária para sair de vez da UTI
Uso de telemedicina para auxiliar aborto gera debate no Brasil
Doença de Parkinson: jovens respondem por 20% dos casos, diz médico
AGÊNCIA BRASIL
Mais Médicos cria incentivos para fixar profissionais
Com 6 mil vagas anunciadas esta semana para o primeiro edital, o programa Mais Médicos aposta em novos incentivos para atrair profissionais brasileiros e ampliar o acesso ao atendimento em saúde no país, principalmente nas regiões de extrema pobreza e vazios assistenciais.
Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o programa é uma alternativa importante para que populações pobres e de áreas remotas tenham acesso garantido à saúde. Entidades médicas, entretanto, criticam a possível contratação de profissionais brasileiros formados no exterior e de estrangeiros sem a revalidação de diplomas.
Notícias relacionadas:”Estou concretizando um sonho”, diz clínico que integrará Mais Médicos.Mais Médicos dará incentivo de até R$ 120 mil para áreas vulneráveis.Ao todo, 16 mil vagas serão abertas até o final deste ano para profissionais que serão responsáveis pela atenção primária em milhares de cidades brasileiras. As outras 10 mil oportunidades serão custeadas pelos municípios, mas garantirão às prefeituras menor custo, viabilização das contratações, maior agilidade na reposição do profissional e permanência nessas localidades.
Para tentar garantir a permanência do profissional em pequenos municípios, o governo pagará um incentivo de fixação que pode chegar a R$ 120 mil para o médico que ficar por quatro anos em áreas vulneráveis.
Na avaliação do médico Deivisson Vianna, um dos vice-presidentes da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), sistemas de saúde de todo o mundo têm políticas para garantir a presença de médicos em áreas remotas.
“Se existem rincões que não contam com atendimento médico, todos os sistemas nacionais de saúde do mundo que se prezem têm políticas de garantir o provimento de vagas nessas regiões. Países como Canadá e Inglaterra também têm política de incentivo para médicos estrangeiros para garantir atenção à saúde, caso o médico local não queira ir. Porque é isso [garantir atenção à saúde] que importa”, disse.
“Se houver lugares que os brasileiros não queiram ir, qual o problema de a gente estimular a ida de médicos com diploma feito fora do país, mas com a supervisão dos profissionais supervisores do Mais Médicos? Tem isso que pouca gente sabe: o programa tem toda uma rede de apoio das universidades. O profissional não fica solto.”
De acordo com o edital, podem participar profissionais brasileiros e intercambistas, brasileiros formados no exterior ou estrangeiros, que continuarão atuando com Registro do Ministério da Saúde (RMS). Os médicos brasileiros formados no Brasil têm preferência na seleção.
“[Nessa edição do programa] não foi necessário fazer acordo com Cuba, por exemplo. O número de médicos estrangeiros vai ser menor. Neste relançamento, ficamos contentes porque se ampliou o tempo do programa e dá bastante benefícios para o médico se fixar em locais de difícil provimento”, avaliou Vianna.
No atual formato, o tempo de participação no programa passa a ser de quatro anos, prorrogável por igual período, quando o médico poderá fazer especialização e mestrado. A bolsa é de R$ 12,8 mil, mais auxílio-moradia. Os brasileiros e estrangeiros formados no exterior que participarem do programa terão desconto de 50% na prova de revalidação do diploma, o Revalida, realizada pelo Ministério da Educação. Na última edição do Revalida, o valor da taxa de inscrição foi de R$ 410.
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde aponta que 41% dos participantes do programa desistem de atuar nos locais mais remotos para irem em busca de capacitação e qualificação. Como incentivo, eles receberão adicional de 10% a 20% da soma total das bolsas de todo o período de permanência no programa, a depender da vulnerabilidade do município.
Diplomas
Entidades médicas consideram fundamental que profissionais com diplomas emitidos no exterior tenham seus conhecimentos revalidados no país – o que não é exigido atualmente pelo Ministério da Saúde no âmbito do programa.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, admite que há áreas no país conhecidas como vazios assistenciais, onde o provimento de médicos é insuficiente. Ele acredita, entretanto, que o problema não se resolve por meio do envio de profissionais a esses locais, mas com atenção também à segurança e ao ambiente de trabalho.
“Faltam condições mínimas para a qualidade de vida do profissional e de sua família. Ele não se vê atraído [por aquela localidade]. Não se trata de questões salariais meramente. Claro que isso importa. Mas importam também as condições de trabalho oferecidas. Não adianta só mandar o médico com um estetoscópio no pescoço. Ele tem que estar acompanhado de uma equipe. Médico não exerce medicina sozinho.”
Fernandes afirma que não é possível aceitar médicos sem que competências e habilidades estejam comprovadas. “Trazer médicos ao Brasil, sejam eles brasileiros formados no exterior ou de outras nacionalidades, sem comprovar suas competências não dá. Eles precisam revalidar seus diplomas. Sem isso, me parece uma temeridade. Ainda que fiquem sob a guarda de um programa educacional. Não podemos fugir desse debate.”
Por meio de nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também criticou o novo formato do Mais Médicos. “Programas de alocação de profissionais em áreas de difícil provimento devem observar essa exigência legal [da revalidação do diploma] para reduzir os riscos de exposição da população a pessoas com formação inconsistente”. A entidade defende que uma melhor distribuição de profissionais pelo país depende de remuneração adequada e programas de educação continuada.
“O conselho entende que há necessidade de estímulos à adesão dos médicos graduados no Brasil para atuação em locais remotos. No entanto, não é admissível o fato de essa medida permitir que portadores de diplomas de medicina obtidos no exterior sem a devida revalidação atuem no país”, destacou a nota. “Entendemos que essa atenção deve ser de qualidade para que o paciente não seja exposto aos riscos da insegurança ineficácia.”
Registro do Ministério da Saúde
Professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Fernando Aith ressalta que os médicos do programa com diploma de outros países recebem uma certificação para atuar no Mais Médicos.
“Esses profissionais estão com o registro válido no Brasil, só não é o registro do Conselho Federal de Medicina [CFM]. Será um registro do Ministério da Saúde, que atesta uma qualidade de proficiência mínima desses profissionais. Vale dizer que não há risco à população na atual modalidade. O Revalida tem sua importância para validar diplomas obtidos fora do país, mas ele é muito criticado pelo excesso no exame”, afirma.
Em entrevista à Agência Brasil, Aith afirmou que há uma contradição na exigência, por parte do CFM, de uma avaliação para revalidação de diplomas de outros países sem a obrigatoriedade de exames para médicos formados no Brasil.
“O médico que se forma no país não precisa de nenhum tipo de prova para começar a exercer sua profissão e a gente sabe que existem muitas universidades com qualidades duvidosas no país”, acrescenta.
A supervisão do programa é, segundo o especialista, uma das condições que permitem o exercício de médicos sem o Revalida ou de profissionais estrangeiros em vazios assistenciais.
“O programa foi estruturado de uma maneira que permite, por meio de supervisores, a identificação de um eventual médico que não é bem formado, seja para qualificá-lo melhor, seja para excluí-lo do programa em tempo hábil antes de causar maiores danos a população”, diz.
Para o professor, o programa terá um papel fundamental de mapear as condições de trabalho dos profissionais. Por outro lado, este não pode ser apontado como motivo para que médicos não atuem em regiões periféricas. “Esses médicos vão ter condições mais precárias do que a dos grandes centros, mas não é que faltem condições mínimas. Primeiro, existe todo um apoio financeiro para esses médicos se instalarem na cidade para onde estão indo, com estrutura para se assentarem com suas famílias, se for o caso”, aponta.
“Agora, dizer que uma cidade de interior não tem condições mínimas é dar uma banana para população brasileira que vive nesses lugares. Se não tem condição nenhuma para um médico viver, não tem condição mínima para um cidadão viver. Claro que não terão todas as tecnologias, o conforto e o apoio logístico-administrativo que ele teria em um grande centro. Mas são essas carências que o programa nos ajudará a identificar melhor e ir suprindo ao longo do tempo”, conclui.
Ministério
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que o programa “segue priorizando a participação de profissionais com CRM Brasil” conforme determina a legislação.
“Prova disso são os novos benefícios de medida provisória focados nesse perfil profissional. Para as localidades onde nenhum médico com registro profissional manifestar interesse em assumir a vaga, será feita a convocação de brasileiros formados no exterior e, se persistir a desocupação, serão convocados estrangeiros. A prioridade máxima é garantir acesso e assistência à população brasileira”, diz a nota.
Segundo a pasta, a previsão é de que até o fim de 2023, 28 mil profissionais estejam atuando em todo o país, principalmente nas áreas de extrema pobreza e vazios assistenciais. “Com isso, mais de 96 milhões de brasileiros terão a garantia de atendimento médico nos serviços da atenção primária, porta de entrada do SUS”, assegura a pasta.
O ministério também destacou que entre as principais razões para a rotatividade de profissionais está desistência de médicos que procuram formação. “Neste sentido, a estratégia vai ampliar o número de vagas de residência nas áreas prioritárias para o SUS e oferecer incentivos para quem fizer mestrado e pós-graduação em Atenção Primária à Saúde e Medicina da Família e Comunidade”.
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PORTA G1
Revalida tem a menor taxa de aprovação em 11 edições; médicos formados no exterior apontam falhas e pedem mudanças
Apenas 3,7% dos candidatos foram aprovados no último exame, aplicado no segundo semestre de 2022. Brasileiros ou estrangeiros formados em medicina em outros países precisam passar no Revalida para poder trabalhar no Brasil.
“A taxa de aprovação no último Revalida, feito no segundo semestre de 2022, foi de apenas 3,75% – é a menor em toda a história do exame, que começou a ser aplicado em 2011 para autorizar médicos formados no exterior a trabalhar no Brasil. Cerca de 96% dos candidatos que fizeram as provas foram reprovados na primeira ou na segunda etapa e, com isso, não conseguiram revalidar os diplomas.
Médicos brasileiros que se formaram em universidades estrangeiras e que fizeram o Revalida recentemente reclamam de aumento indevido na nota de corte (pontuação mínima para o candidato ser aprovado), de inconsistências no conteúdo das provas e de falta de coerência na hora da correção.
Sem o Revalida, brasileiros ou estrangeiros formados em medicina em outros países não podem solicitar o registro nos conselhos de medicina do Brasil. O chamado ‘CRM’ autoriza o médico a trabalhar no país.
No Revalida 2022/2, mais de 7 mil candidatos estiveram presentes na primeira etapa, composta por questões objetivas e discursivas. Desses, apenas 863 passaram para a segunda etapa, que é a parte prática. Ao final, apenas 263 conseguiram passar no exame (entenda abaixo como são as provas).
Os resultados foram divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que coordena o Revalida, após duas semanas de atraso.
Candidatos afirmam que as provas são “feitas para reprovar” e apontam um possível “boicote” aos formados no exterior. Muitos tiveram recursos negados pelo órgão e acionaram a Justiça para tentar reverter o resultado.
“Estamos presenciando erros de elaboração grotescos. E isso impossibilita que os candidatos alcancem a pontuação necessária para passar nas provas”, disse ao g1 o médico brasileiro Bryan Nasato, formado no Paraguai e morador de Quatro Barras (PR).
Nesta reportagem, você vai saber:
O que é o Revalida?
O Revalida foi criado em 2011 pelo Inep para centralizar o processo de validação de diplomas de medicina no Brasil – anteriormente, isso era feito diretamente em universidades públicas brasileiras, mas cada uma adotava métodos próprios, o que bagunçava o processo.
O médico formado no exterior precisa passar por duas etapas para conseguir revalidar o diploma junto a uma universidade pública brasileira:
Na 1ª etapa, são 150 questões: 100 objetivas e 50 discursivas;
A 2ª etapa vale 100 pontos e testa as habilidades clínicas do médico com exercícios práticos.
A prova prática é dividida por estações que simulam atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) com a participação de atores. No total, são 10 estações, que abrangem cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, medicina da família, pediatria, cirurgia e ginecologia e obstetrícia.
Em cada local, o médico tem 10 minutos para seguir uma lista de tarefas determinada e dar as respostas corretas sobre a saúde do “paciente”, indicando diagnóstico, tratamento e encaminhamento, por exemplo. A cada acerto, o médico ganha pontos, que são somados ao final.
Nessa etapa, o candidato não é avaliado no momento da prova: tudo é gravado em vídeo para posterior correção.
O médico que busca a revalidação do diploma precisa atingir a nota de corte em cada etapa. É a nota mínima para conseguir a aprovação, que é definida cerca de um mês antes da aplicação das provas (siga lendo a reportagem para entender melhor como a nota de corte é calculada).
Histórico de aprovações (e reprovações)
Até agora, foram feitas 11 edições do Revalida, com mais de 65 mil inscrições e 12 mil aprovações.
Na série histórica, as taxas de aprovação do Revalida variaram de 3,7% em 2022/2 até 33,2% no exame de 2021. Até então, a mais baixa era a da edição de 2017 (4,8%). O cálculo foi realizado com base no número de candidatos presentes na primeira etapa e o número de aprovados na segunda, a partir de dados públicos do Inep.
A procura pelo exame aumentou a partir de 2020.
❌ Um dos motivos foi uma paralisação no Revalida em 2018 e 2019 por conta de atrasos no andamento da edição de 2017. Desde 2022, são dois exames por ano, após mudança na legislação;
🥼 Outro foi um ‘boom’ de brasileiros que, nos últimos anos, optaram por estudar em outros países, principalmente da América Latina;
💰 Lá fora, os cursos de medicina chegam a ser até quatro vezes mais baratos do que em universidades particulares brasileiras, onde a mensalidade ultrapassa os R$ 10 mil;
🌎 Há também a questão geográfica: em localidades de fronteira, como Acre e Mato Grosso do Sul, às vezes é mais viável morar e estudar em outro país do que se deslocar aos grandes centros urbanos do próprio estado ou para outras regiões brasileira.
Não há dados oficiais que mostram a alta pela procura pela medicina no exterior. Mas, nas 11 edições do Revalida, mais da metade dos inscritos afirmou ser brasileiro.
No Revalida do segundo semestre de 2022, dos 7.577 inscritos, 4.954 nasceram no Brasil.
Sobre o país de origem do diploma, os top cinco da 2ª etapa do exame do ano passado foram: Bolívia, Cuba, Paraguai, Argentina e Venezuela – quatro fazem fronteira com o Brasil.
As polêmicas do Revalida
Médicos que tentam revalidar o diploma ou que já passaram pelo exame afirmaram ao g1 que o Revalida sempre foi considerado “difícil”, mas “problemático”. As reclamações sobre o formato e correção do exame cresceram entre os candidatos a partir de 2020.
Formado em medicina no campus da Universidad del Pacífico, localizado na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira seca com a brasileira Ponta Porã (MS), o médico Bryan Nasato reclama que, dos 100 pontos em jogo na última prova prática do Revalida, aplicada em dezembro de 2022, 40,35 apresentavam inconsistências.
Para os candidatos, os principais problemas foram:
Erros de elaboração: no gabarito, constavam itens que não apareceram na ordem de tarefas no dia da prova;
Erros de pontuação: o candidato cumpre a tarefa, mas não é pontuado;
Falta de clareza: a prova não segue as orientações do Ministério da Saúde em relação a tratamentos e diagnósticos, por exemplo, e não deixa claro qual referência deve ser usada;
Erros de correção: os candidatos verbalizam o que precisa ser dito, mas não ganham os pontos. Em alguns casos, houve problemas de áudio na gravação da prova;
Mal preparação dos atores: segundo os revalidandos, os atores que participam dos atendimentos simulados têm acesso ao roteiro de falas horas antes da aplicação da prova, o que pode prejudicar os candidatos.
Comigo aconteceu isso: eu perguntei se o filho da paciente tinha tomado a vacina da influenza. Ela me respondeu que sim. E, com isso, eu não indiquei a vacina, porque a criança já tinha tomado. Só que ela deveria ter dito que não, porque o Inep cobrava no gabarito a indicação dessa vacina. Outras atrizes, na prova de outras pessoas, responderam que não. Acabei prejudicado.
— Médico Bryan Nasato, candidato do Revalida 2022/2
Situação parecida passou Davi Torres, formado em medicina na Universidade de Morón, na Argentina. Ele busca a revalidação do diploma após passar em primeiro lugar no concurso da Marinha do Brasil. Porém, não passou por 6,15 pontos, algo que considera injusto.
“Eu falei pedra na vesícula e na prévia do gabarito estava colelitiase. É a mesma coisa. E me tiraram pontos”, afirmou o médico, que tentará rever o resultado na Justiça para conseguir assumir a vaga.
O médico Carlos André de Castro Martins, formado na Universidad del Norte, no Paraguai, tenta revalidar o diploma de medicina desde 2017. Na prova do primeiro semestre do ano passado, conseguiu 3,25 pontos após recurso administrativo, mas foi reprovado por meio ponto.
Em uma das estações, Carlos disse ter indicado oxigênio com máscara para o paciente. Mas não verbalizou a palavra “oxigenioterapia”, que indica o procedimento. Com isso, perdeu 1 ponto.
“Há questões a qual eu creio que as respostas foram adequadas e não foram corrigidas através do recurso administrativo. Foi um erro grosseiro na correção da minha prova”, disse o médico.
O g1 questionou o Inep sobre os problemas no Revalida relatados pelos candidatos, mas não teve retorno.
➡ Há ainda reclamações de aumento indevido nas notas de corte: desde 2020, os candidatos precisam acertar mais de 60% das provas na primeira e na segunda etapa para passar no Revalida. Pelo método de cálculo estabelecido pelo Inep, a nota de corte é baseada no nível de dificuldade das questões: quanto mais difícil a prova, menor deve ser a nota de corte.
Segundo candidatos e professores de cursinhos, o exame está cada vez mais complexo, ao mesmo tempo em que a nota de corte aumenta. “Tudo caminha para a reprovação: começa com a nota de corte, passa pela prova mal elaborada até a correção inadequada”, lamentou o médico Bryan Nasato.
“É um fato que a prova está cada vez mais difícil. O nível de exigência tem crescido e isso faz com que os candidatos busquem uma preparação mais qualificada para fazer a prova”, avaliou a médica Thamyres Souza Areia, que passou no exame em 2022 e hoje dá aulas no cursinho Estratégia MED exclusivamente para candidatos do Revalida.
Na instituição, o número de alunos quase dobrou nos últimos anos: passou de 2,7 mil matriculados em 2021 para 5,1 mil no ano passado. Para 2023, a tendência também é de aumento na procura.
➡ O valor para fazer as provas também é objeto de reclamação: são duas taxas de inscrição, de acordo com a primeira e a segunda etapas. De 2017 para 2020, o valor para fazer a prova prática subiu 640%. Hoje, o candidato precisa desembolsar R$ 4.516,09 para fazer as duas provas.
O Revalida pode mudar?
O presidente do Inep, Manuel Palácios, levantou a possibilidade de fazer mudanças no Revalida durante uma reunião com médicos revalidandos, em março deste ano. Mas nenhum prazo foi dado.
O encontro foi mediado pelo senador acreano Alan Rick (União), autor da lei que permitiu que o exame fosse realizado duas vezes ao ano. Segundo o senador, Palácios foi “muito incisivo” na necessidade de rever o atual método de revalidação de diplomas de medicina estrangeiros.
“Fizemos um levantamento das questões que consideramos equivocadas na prova prática. Na soma, deu mais de 27 pontos de erros e equívocos nas questões e no gabarito”, afirmou o senador ao g1.
Uma das mudanças propostas ao governo federal é que a segunda etapa do Revalida seja feita dentro de um posto de saúde. O médico revalidando atenderia um paciente real – não um ator – sob a supervisão de um médico-tutor, que avaliaria se o candidato está apto para atuar no SUS brasileiro.
Para Alan Rick, a busca pelo diploma de medicina no exterior já é uma realidade entre brasileiros, principalmente pela questão financeira, mas também pela alta concorrência nas universidades públicas “O governo brasileiro não pode fechar os olhos para isso. A prova do Revalida precisa ser mais dinâmica e menos burocrática”, disse.
“Eu sou de um estado que, principalmente no interior, a média de médicos por mil habitantes é de 0,6, o que é baixíssimo e prejudica demais a população. Temos que aumentar esse provimento”, falou.
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TV RECORD
Hospital da Criança: pais reclamam de demora no atendimento
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PORTAL G1 GOIÁS
Mulheres que ficaram com cicatrizes após violência doméstica passam por cirurgias reparadoras de graça e fazem ensaio fotográfico em Goiás
Projeto foi realizado pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) e deve acontecer em outros estados do Brasil. Objetivo é retomar a vida e a autoestima delas ao superar as marcas físicas.
Por Honório Jacometto, TV Anhanguera
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) realiza um projeto em que mulheres que ficaram com cicatrizes após violência doméstica passam por cirurgias reparadoras de graça e fazem ensaio fotográfico em Goiás. Ao todo, 20 mulheres participaram do projeto inédito que tem o objetivo de retomar a vida e a autoestima delas ao superar as marcas físicas.
“A gente não pode mudar o que aconteceu, mas a gente pode mudar o presente. Que a minha história sirva de inspiração para outras mulheres tomarem coragem e romper esse laço com esse agressor. Hoje eu consigo contar a minha história sem chorar. Isso para mim é liberdade”, disse uma das vítimas, Daiana Novo.
A Priscila saiu de Planaltina de Goiás, onde mora, para Goiânia. Ela passou pelo primeiro procedimento com os médicos para tentar diminuir as cicatrizes provocadas pelo ex-marido.
Priscila é uma das 20 mulheres que fazem parte do projeto inédito no judiciário brasileiro. O Fantástico acompanhou as histórias desde outubro do ano passado. Juízes das varas de violência doméstica, em Goiás, encontraram os casos mais graves.
As mulheres foram encaminhadas para uma avaliação com cirurgiões plásticos. Todos os atendimentos são de graça e custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Algumas mulheres chegaram a passar sete horas na sala de cirurgia. São reconstruções no nariz, boca e retirada de marcas provocadas por facas e queimaduras feitas pelos ex-companheiros.
Além da cirurgias, as mulheres ganham uma sessão de fotos para resgatar a autoestima.
“Minha autoestima está lá em cima. Foi um dia de modelo, que é um sonho meu. Eu acho que todas as mulheres devem passar por um dia de beleza, de autoconhecimento e se valorizar, e se amar, do jeito que quiser ser. É um projeto muito bom, para mim é um recomeço e é muito importante”, disse uma das mulheres que participou do ensaio.
Em breve, o projeto também vai estar em outros estados para transformar a vida de milhares de mulheres brasileiras.
Segundo a organização do projeto, a iniciativa merece ser replicada em todos os outros estados, porque ajuda a devolver a dignidade da mulher vítima de violência.
O objetivo do projeto é possibilitar que a mulher retome a sua vida, superando as marcas físicas que a fazem lembrar, todos os dias, que estão ali como testemunha da agressão que ela já viveu.
Segundo um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre do ano passado, 699 mulheres foram assassinadas no país. A média é de um feminicídio a cada seis horas. Por dia, nesse período, outras 230 mil mulheres foram agredidas.
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TRIBUNA DO PLANALTO
Baixa adesão às campanhas aumenta incidência de câncer entre mulheres
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), para este ano de 2023, a estimativa é que surjam 7.780 novos casos de câncer em mulheres goianas, exceto câncer de pele não melanoma, do total de 244.160 casos no País. Ainda segundo dados da publicação que apresenta a estimativa de incidências novas de câncer para o triênio 2023-2025, os três principais tipos de neoplasias entre as mulheres em Goiás são mama, com previsão de 1.970 novas incidências, ginecológico (somatório dos tipos: colo do útero – 660, corpo do útero – 240 e ovário – 180) e cólon e reto, com 560 casos previstos em mulheres.
Mama
Conforme explica o médico oncologista clínico, Gabriel Felipe Santiago, do Centro de Oncologia IHG, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma, a mama é alvo de quase três entre 10 (29%) tumores malignos diagnosticados nas mulheres, no Brasil. “O estilo de vida é determinante para o aumento da incidência da doença. Atualmente, as mulheres têm menos filhos e a primeira gestação mais tardia. Com isso, amamentam menos e menstruam mais, sendo mais expostas ao estímulo hormonal. Há também outros fatores, como obesidade, sedentarismo, uso de álcool e alimentos ultraprocessados, que também elevam a chance de desenvolver alguns tipos de câncer”, esclarece o oncologista.
Mulheres e tipos de cânceres ginecológicos
O câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é o tumor ginecológico mais comum no Brasil. O fator causal, em grande parte dos casos (sete em cada dez), é o vírus HPV (papilomavírus humano), principalmente dos sorotipos 16 e 18, para os quais há vacina na rede pública. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 17.010 novos casos no Brasil para 2023.
Este tipo de doença se origina, na maioria dos casos, de uma infecção genital persistente causada por alguns tipos do HPV que em alguns casos pode evoluir para o câncer. As mulheres com mais de 25 anos são as mais afetadas “A infecção pode ser descoberta facilmente por meio do exame, e é curável na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica do exame preventivo”, afirma a médica ginecologista oncológica, Nayara Portilho Araújo, da equipe do Centro de Oncologia IHG. Ela acrescenta que apesar da eficácia da vacina, é baixa a adesão às campanhas.
O corpo do útero, porção superior ao colo chamada endométrio, também é alvo comum de neoplasia entre as mulheres, ou seja, o câncer pode se desenvolver tanto no colo do útero como no corpo do útero, o endométrio. “Este tipo de câncer é decorrente do espessamento dessa camada por hiperplasia, isto é, crescimento celular anormal, na sua grande maioria por estímulo hormonal anormal”, descreve Nayara Portilho. Acomete principalmente mulheres após a menopausa, em geral acima dos 60 anos. Apenas 20%, ou menos, das mulheres com câncer de endométrio estão na fase de pré-menopausa. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos de idade. “É um tumor altamente curável na maioria das mulheres”, ressalta a ginecologista.
O câncer de ovário é bastante complicado de ser diagnosticado e o mais letal entre os cânceres ginecológicos. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas acomete principalmente mulheres acima de 40 anos. Os sintomas costumam surgir quando estão em estágios mais avançados, por isso é importante consulta de rotina com o ginecologista. O histórico familiar é o fator relevante (10% dos casos).
Reto
O câncer colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso, compreendidos pelo cólon e reto. Considerado o segundo mais frequente entre as mulheres após o câncer de mama. O diagnóstico do câncer de intestino é feito a partir de um exame clínico e físico, além de exames de imagem como colonoscopia e exames de sangue. “Pessoas acima de 50 anos devem realizar o exame de colonoscopia, independente se apresentam sintomas ou não”, adverte Gabriel Santiago.
Centro de Oncologia IHG
Além do sistema público de saúde, o privado também tem se reestruturado para atender a população, investindo em tecnologia, novos tratamentos, profissionais e infraestrutura, é o caso do Centro de Oncologia IHG, com sede em Goiânia.
Preocupado com o acesso da população aos tratamentos, a instituição não tem medido esforços para ampliar suas áreas de atendimento, por isso tem investido em expansão. Com filial em Aparecida de Goiânia, o centro expande suas instalações também para as cidades de Luziânia, onde firma parceria com o Hospital Santa Luzia, e Caldas Novas, tendo ações em cooperação com o Hospital Nossa Senhora Aparecida.
O Centro de Oncologia IHG irá oferecer consultas e terapias para pacientes oncológicos, com atendimento de consultório e tratamentos em quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia em Luziânia e Caldas Novas. O acesso ao serviço poderá ser realizado tanto da forma particular quanto pelos planos de saúde, entre eles Unimed e Ipasgo.
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SEU DINHEIRO
Hapvida (HAPV3) tenta levantar até R$ 1 bilhão em oferta primária para sair de vez da UTI
A direção da Hapvida (HAPV3) executou mais um passo de sua estratégia para tirar a operadora de saúde de vez da UTI financeira.
Na noite de domingo, a empresa anunciou uma oferta primária de ações que pode superar a marca de R$ 1 bilhão.
O follow-on vem à tona dias depois de a família Pinheiro, principal acionista da Hapvida, ter anunciado uma injeção de capital de pouco mais de R$ 2 bilhões na empresa.
Na semana passada, os controladores anunciaram a compra de dez imóveis da Hapvida com o compromisso de alugá-los para a própria operadora em seguida.
Esse negócio, conhecido no mercado como sale and leaseback, deve render R$ 1,25 bilhão para a companhia.
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Os detalhes da oferta primária
Para complementar a operação, a direção da Hapvida decidiu realizar uma oferta pública primária de ações.
De acordo com a empresa, os coordenadores da oferta tentarão primeiro colocar 329.339.600 novas ações no mercado.
Usando como referência o fechamento de HAPV3 na sexta-feira, a empresa levantará pouco mais de R$ 860 milhões se o lote principal for integralmente comprado.
Se os coordenadores identificarem demanda, a oferta pode ser acrescida em até 20% em relação ao lote original.
Caso isso aconteça, o follow-on pode superar R$ 1 bilhão, elevando a R$ 2,25 bilhões o dinheiro novo no caixa da Hapvida.
A oferta primária terá o Bank of America Merrill Lynch como coordenador-líder. A operação também contará com a participação dos bancos Itaú BBA, UBS e BTG Pactual, com busca de investidores tanto no Brasil quanto no exterior.
Pelo cronograma da oferta, o período de subscrição se encerra em 11 de abril. O preço por ação e o valor final da operação devem ser anunciados no dia seguinte.
Hapvida na UTI?
A Hapvida vem enfrentando dificuldades desde sua fusão com a NotreDame Intermédica.
Aguardado com expectativa, o processo de fusão mostrou-se mais complexo e menos vantajoso do que se imaginava.
Ao mesmo tempo, o ciclo de alta de juros acelerou o endividamento da Hapvida.
Consequentemente, a ação da Hapvida sofreu forte desvalorização nos últimos meses.
Mesmo com a recuperação observada depois da injeção de capital, na semana passada, HAPV3 acumula queda de mais de 40% em 2023.
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GAZETA WEB
Uso de telemedicina para auxiliar aborto gera debate no Brasil
Mulheres e meninas de Uberlândia (MG) que engravidam após um estupro têm a opção de passar por acolhimento multiprofissional e exames no Hospital de Clínicas. E uma vez verificada a possibilidade de aborto medicamentoso, elas podem realizar o procedimento em casa, com orientação via telemedicina.
A iniciativa, pioneira no Brasil, é liderada pela ginecologista Helena Paro, professora da Faculdade de Medicina da UFU (Universidade Federal de Uberlândia). Pela proposta, pacientes com até nove semanas de gestação recebem comprimidos para interrupção da gravidez e vão para suas residências, onde fazem o tratamento e são monitoradas por internet ou telefone pelos profissionais de saúde (veja em detalhes na galeria de imagens).O projeto tem gerado embates. Por um lado, a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Figo (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) e pesquisas realizadas em países que permitem o aborto medicamentoso em casa apontam que a prática é segura.Em sentido oposto, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a presidência da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) afirmam que o aborto legal com orientação via telessaúde pode colocar pacientes em risco e requer mais evidências para ser autorizado.
As duas entidades dizem ainda que o procedimento desrespeita a restrição imposta ao misoprostol, medicamento usado para induzir o aborto.
Isso porque uma portaria de 1998 estabelece que ele só pode ser comprado e usado por hospitais cadastrados.No caso do procedimento com apoio da telemedicina, a paciente recebe do hospital o medicamento, mas toma o comprimidos em casa – o que para o CFM e a Febrasgo não é permitido pelas regras atuais.
Paro discorda dessa interpretação. Ela afirma que a decisão de oferecer a nova alternativa foi tomada devido ao número reduzido de leitos para aborto legal e a distribuição desigual de unidades de saúde que realizam o procedimento.No Brasil, o aborto é permitido em três situações atualmente: quando a gestação é resultado de estupro, quando gera risco de vida para a mãe ou quando é constatada anencefalia fetal. Uma pesquisa mostra que, em 2019, apenas 3,6% dos municípios do país realizavam o procedimento, demandado por mais de 2.000 pacientes no ano passado.
O fechamento de parte desses leitos durante a pandemia e a possibilidade de evitar internações durante a crise sanitária também influenciaram a decisão da professora de oferecer o método, que começou a ser implementado no primeiro semestre de 2020.Além disso, ela cita experiências bem-sucedidas em outros países.
Colômbia e Reino Unido, por exemplo, facilitaram a realização do aborto em casa durante a pandemia. Uma pesquisa britânica que analisou mais de 50 mil procedimentos concluiu que o uso da telemedicina é seguro, efetivo e permite reduzir o tempo de espera, possibilitando a interrupção da gestação em estágio mais precoce.O Brasil, porém, foi no caminho contrário durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), criando novas exigências que dificultam o procedimento.
Ofícios e notas emitidos em 2020 e 2021 pelo CFM e pelo Ministério da Saúde apontaram possíveis efeitos adversos graves decorrentes do uso do misoprostol fora do ambiente hospitalar. A pasta também estabeleceu uma regra que obrigava profissionais de saúde a notificarem a polícia em casos de aborto legal e preservar evidências como fragmentos de embrião ou feto – o que dificultava a realização do procedimento em casa.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anulou o documento.No segundo semestre de 2022, pesquisadores e ONGs pediram ao ministério o reconhecimento de que o aborto por telemedicina poderia ser realizado de forma legal e segura, mas a solicitação não foi atendida.Nesse contexto, a adoção da telessaúde em Uberlândia provocou uma série reações.”Esses documentos [que dificultam o procedimento] criaram muitos problemas porque os profissionais de saúde, mesmo os que já estavam no serviço de aborto legal, ficaram com medo de realizar o procedimento”, aponta a professora Cristiane Cabral, da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).
“Eles não impediram o funcionamento do serviço em Uberlândia, mas geraram intimidação”, diz a advogada Gabriela Rondon, que coordena a defesa de Paro no processo administrativo que ela responde no CRM-MG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais).Segundo Rondon, a investigação contra a professora foi instaurada após uma denúncia anônima e ignora a legislação sobre telessaúde.”Por mais que a lei da telemedicina não especifique esse tipo de serviço, ela é ampla o suficiente para gerar o amparo normativo para que ele possa ser ofertado por via remota”, diz.
Procurado pela reportagem, o CRM-MG não se pronunciou.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que acompanha o tema da telemedicina e estuda uma forma de ampliar o uso da ferramenta de forma adequada e efetiva para toda a população. A pasta ressalta que uma série de portarias e notas técnicas que criavam barreiras aos procedimentos previstos em lei foram revogadas. Afirma, ainda, que “assegurar o acesso ao cuidado e acolhimento humanizado nos casos de aborto previstos em lei é prioridade”.Enquanto a pasta revê posicionamentos, a presidência da Febrasgo e o CFM não indicam mudança de postura no curto prazo.
Agnaldo Lopes, presidente da federação, afirma que o uso domiciliar do misoprostol é proibido e, embora existam aspectos favoráveis, como a redução de internações, é necessário reunir mais evidências e definições técnicas quanto ao controle de dispensação, por exemplo.Já o coordenador da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do CFM, Ademar Augusto, diz que se trata de um procedimento de risco que deve ser realizado sempre em hospital, sob assistência médica.”Não podemos comparar realidades diferentes como se elas tivessem respostas iguais.
Trazer modelos que não se adaptam à nossa realidade é trazer insegurança para a população”, argumenta. “Tem coisas que a OMS recomenda e que apresentamos contestações mostrando as incoerências, que não se adaptam à realidade do Brasil.”Ainda assim, Helena Paro acredita se tratar de um processo sem volta: oito hospitais de diferentes regiões já estão se preparando para oferecer o aborto domiciliar via telessaúde. “Custa menos para o sistema e custa menos, social e psicologicamente, para as meninas e mulheres.”
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O GLOBO
Doença de Parkinson: jovens respondem por 20% dos casos, diz médico
O Dia Nacional do Portador da Doença de Parkinson é celebrado nesta terça-feira (4). A doença afeta os movimentos dos pacientes e causa tremores, lentidão, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.
Segundo o neurocirurgião Carlos Rocha, de São José do Rio Preto (SP), embora 80% dos portadores de Parkinson têm mais de 65 anos, a doença não é exclusiva de idosos.
“Os jovens respondem por 20% dos casos, um percentual bastante expressivo. Por isso, todos nós precisamos conhecer e estar atentos”, diz.
Os sintomas geralmente são assimétricos e evoluem gradativamente, incluindo depressão, constipação intestinal e Transtorno Comportamental do Sono (REM). Com o avanço da doença, podem surgir distúrbios de equilíbrio e alterações de fala e cognitivas.
De acordo com Carlos Rocha, a cura para o Parkinson ainda não foi alcançada, mas existem tratamentos com medicamentos à base de dopamina, reabilitação multidisciplinar e cirurgia.
“É fundamental que o paciente conte com o cuidado de uma equipe multiprofissional, envolvendo muitas vezes neurologista, neurocirurgião, enfermeira, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionista, entre outros”, afirma o médico.
Após 7 a 10 anos de tratamento clínico, a resposta do paciente aos medicamentos pode retroceder e os movimentos involuntários voltarem a aparecer. Depende de cada quadro, mas os médicos podem sugerir que o portador da doença seja submetido a um procedimento que implanta eletrodos no cérebro para estimular a área responsável pelo controle motor.
“Ficou demonstrado que, se antecipada, a cirurgia permite a redução da dosagem de medicamentos e a melhora do estado de saúde do paciente e a qualidade de vida”, explica Carlos Rocha.
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Assessoria de Comunicação