Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 01 A 03/10/16

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES

Mulheres viajam para Venezuela por plásticas baratas mas muito perigosas
Pacientes enfrentam fila por autorização para consultas e exames na rede pública, em GO
Em nota, vice-governador agradece apoio recebido e elogia servidores do Estado
Práticas saudáveis que evitam doenças cardiovasculares
Quando o cuidado médico precisa ser ágil e eficiente
MPF instaura procedimento para apurar falta de repasses para clínicas de hemodiálise em Goiânia
4 em 10 diagnósticos de câncer de mama foram feitos antes dos 50, mostra estudo
Hora de rever planos de saúde
Anvisa alerta para risco de superbactérias
Planos de saúde pedem laudo de exames para pagar reembolso


TV GLOBO/ FANTÁSTICO

Mulheres viajam para Venezuela por plásticas baratas mas muito perigosas
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/10/mulheres-viajam-para-venezuela-por-plasticas-baratas-mas-muito-perigosas.html

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TV ANHANGUERA/GOIÁS

Pacientes enfrentam fila por autorização para consultas e exames na rede pública, em GO
http://g1.globo.com/goias/videos/t/todos-os-videos/v/pacientes-enfrentam-fila-por-autorizacao-para-consultas-e-exames-na-rede-publica-em-go/5348177/

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JORNAL OPÇÃO

Em nota, vice-governador agradece apoio recebido e elogia servidores do Estado

José Eliton se manifestou pela primeira vez após atentado que o feriu e vitimou o ex-prefeito de Itumbiara, Zé Gomes, e um policial militar

Em nota divulgada na manhã deste sábado (1º/10), logo após receber alta do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), o vice-governador José Eliton (PSDB) manifestou agradecimentos à solidariedade da população, aos profissionais de saúde e de segurança que foram fundamentais para que sobrevivesse ao atentado de Itumbiara na quarta-feira (28) que deixou dois mortos e dois feridos.
“Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela minha vida e peço ainda que Ele conforte as famílias do meu amigo Zé Gomes e do cabo da Polícia Militar, Vanilson João Pereira que, com sua própria vida, evitou uma tragédia ainda maior no atentado de Itumbiara”, escreveu.
José Eliton fez uma menção especial à equipe médica do Hospital Municipal Modesto de Carvalho, em Itumbiara. Segundo ele, os profissionais daquela unidade foram primordiais no primeiro atendimento, “demonstrando toda a sua imensa capacidade na sagrada missão de preservar vidas”.
Na pessoa do diretor geral do Hugol, doutor Hélio Ponciano, o vice-governador formalizou agradecimentos a todo o corpo clínico e administrativo do Hugol “que comprova diariamente a excelência dos serviços prestados à sociedade”.
José Eliton também agradeceu às forças de segurança pública de Goiás, polícias Militar, Civil, Técnico-Científica e Corpo de Bombeiros.
“À minha querida esposa Fabrina, aos meus familiares, amigos, autoridades e a todos os goianos que me visitaram, enviaram mensagens de solidariedade, e intercederam por mim em orações, registro meus profundos sentimentos de gratidão e reforço que essa energia positiva está sendo fundamental para minha recuperação”, conclui.
Nota de agradecimento
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela minha vida e peço ainda que Ele conforte as famílias do meu amigo Zé Gomes e do cabo da Polícia Militar, Vanilson João Pereira que, com sua própria vida, evitou uma tragédia ainda maior no atentado de Itumbiara.
Agradeço aos integrantes da equipe de segurança que me acompanham e tiveram atuação excepcional.
Com muita gratidão, quero expressar o meu reconhecimento público a todos os envolvidos no restabelecimento da minha saúde. Em especial, à equipe médica do Hospital Municipal Modesto de Carvalho, em Itumbiara, que foram primordiais no primeiro atendimento, demonstrando toda a sua imensa capacidade na sagrada missão de preservar vidas.
Agradeço ao secretário interino da Saúde, Halim Girade. Por orientação do secretário Leonardo Vilela, não mediu esforços para que eu e o advogado da Prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende, fôssemos atendidos de forma ímpar.
Na pessoa do diretor geral do Hugol, doutor Hélio Ponciano, formalizo os meus agradecimentos a todo o corpo clínico e administrativo deste Hospital de Urgências que comprova diariamente a excelência dos serviços prestados à sociedade.
Às forças de segurança pública de Goiás, polícias Militar, Civil, Técnico-Científica e Corpo de Bombeiros, o meu muito obrigado.
À minha querida esposa Fabrina, aos meus familiares, amigos, autoridades e a todos os goianos que me visitaram, enviaram mensagens de solidariedade, e intercederam por mim em orações, registro meus profundos sentimentos de gratidão e reforço que essa energia positiva está sendo fundamental para minha recuperação.
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Práticas saudáveis que evitam doenças cardiovasculares

Infarto, AVC e insuficiência cardíaca são responsáveis por uma morte a cada dois minutos no Brasil

Salve Seu Coração, evento ocorrido em Aparecida de Goiânia, orientou moradores sobre possíveis transtornos cardíacos
Augusto Diniz
A estimativa de mortes por problemas cardiovasculares no Brasil em 2015 chegou a 346.896. Os dados da Sociedade Brasileira de Cardi¬ologia (SBC) dão conta de que já podem ter morrido neste ano mais de 260 mil pessoas no País. Até a noite de sexta-feira (30), o mês de setembro marcava um número superior a 28 mil óbitos por doenças do coração.
Em todo o mundo, morrem por ano 17,5 milhões de pessoas por doenças cardiovasculares. Esse dado da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram uma realidade que é muito mais alarmante, por exemplo, do que a também preocupante realidade da segurança pública. O Mapa da Violência 2016, disponível desde agosto deste ano, aponta que em 2014 aconteceram 58.946 assassinatos no Brasil, 42.291 deles com uso de armas de fogo.
O risco de ser acometido por um infarto também inclui o fator da imprevisibilidade. Porque essa doença, quando acontece, ela não dá avisos até ocorrer, ela vem de uma vez. De repente uma pessoa aparentemente saudável que vive sua rotina pode ser atingida por uma dor em muitos casos se torna fatal.
Há práticas consideradas simples pelos profissionais da área de saúde que podem mudar essa realidade. E não tem outro jeito. É preciso mudar hábitos, desde a alimentação a deixar de lado o sedentarismo e começar a fazer atividades físicas.
O cardiologista Maurício Lopes Prudente diz que já é possível notar algumas mudanças de comportamento nos hábitos da população, como a redução do número de fumantes, mas que ainda há um certo desleixo com a própria saúde. “Ainda tem muito o que se conscientizar com relação ao estresse, alimentação, obesidade e sedentarismo.” É preciso se atentar aos fatores de risco, entre eles os já citados obesidade e sedentarismo, além da hipertensão, colesterol alto e quem tem histórico familiar de doenças cardiovasculares, além de diabetes. “A população pode ajudar muito”, aponta.
Os profissionais de saúde fogem dessa máxima de que todo gordo tem que ser magro e que todo mundo precisa fazer academia. Não significa, necessariamente, que quem está acima do peso tem colesterol alto e quem está magro não sofre desse problema. O importante é cuidar da saúde e consultar o médico com regularidade.
Atividade mínima
Todos os profissionais de saúde concordam que não há como correr da atividade física, que melhora até a disposição da pessoa. Mas não há um consenso sobre o tempo mínimo diário de atividade física que é necessário para se reduzir a chance de ter doenças cardiovasculares.
Alguns falam em cinco ve¬zes por semana de 30 a 40 minutos, outros de no mínimo 50 minutos diários, já há quem entenda que de três a quatro vezes por semana ajudaria a melhorar a qualidade de vida. Mas todos concordam que o mais importante é incluir o hábito da atividade física na vida da pessoa, mesmo que se inicie com 20 minutos diários e aumente gradualmente esse tempo.
Para o cardiologista Fernan¬do Henrique Fernandes, os cuidados com a saúde ainda precisa ser melhorado. “A gente tem tentado conscientizar a população de medidas que a população pode adotar para evitar problemas cardiovasculares. A primeira área de atuação é a prevenção.”
Talvez nada do que você leu até aqui seja novidade, mas é importante lembrar, porque os médicos continuam a afirmar que muita gente vê um parente ou amigo morrer por doenças do coração e mesmo assim ainda acredita que que com elas não há risco de acontecer o mesmo problema. “Sair da inércia é o mais importante”, diz Fernando.
A atividade física precisa também da orientação adequada. A partir do momento em que um médico indica a necessidade de fazer exercício, é preciso que se busque um profissional capacitado a indicar a melhor intervenção e qual a carga aquela pessoa pode suportar. “Achar que mais é melhor e fazer a cada dia mais sem orientação adequada, essa atividade pode ser lesiva”, observa o fisioterapeuta Giu¬liano Gardenghi.
O sedentarismo é um dos grandes problemas que acentuam a chance de ter problemas de saúde, principalmente os relacionados ao coração. “A pessoa que faz exercícios vive mais, tem muito mais disposição, é uma pessoa que vai viver melhor, vai se relacionar melhor na sociedade. O exercício libera hormônios que são relacionados ao prazer. Não há porque não fazer. A dificuldade é começar. No começo dói um pouquinho, principalmente se você usar intensidades muito altas.”
E a alimentação?
As dicas do fisioterapeuta devem acompanhar cuidados com a alimentação. A nutricionista Bruna Aniele Cota, da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, deu dicas à população na quinta-feira, 29, durante o evento Salve Seu Coração, na Praça da Família. Entre os alertas dados por Bruna estão a necessidade de evitar o consumo excessivo de sal e conservantes, que estão presentes em grande quantidade nos alimentos industrializados.
Comer fora de casa, com uma rotina que deixa a pessoa muito tempo na rua, torna ainda mais difícil o cuidado com a alimentação. “Hoje infelizmente nós acabamos agregando para os nossos hábitos alimentares costumes até então que nós não tínhamos, como o consumo de fast foods. E a oferta de alimentos que não são benéficos para o coração são muito grandes. São alimentos que têm um preço mais acessível. Há uma oferta muito grande e um marketing em cima desse alimentos.”
A mudança de hábito se faz necessária não só na realização de atividades físicas diárias, mas na alimentação, como voltar da feira ou do mercado e já deixar, por exemplo, salada e frutas lavadas para facilitar na hora da fome a escolha por um produto mais benéfico para o organismo. “Hoje o risco é muito grande e é ocasionado por uma vida não muito saudável”, alerta Bruna.

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Quando o cuidado médico precisa ser ágil e eficiente

O atendimento à vítima de infarto, da constatação do problema ao tratamento, não pode demorar e novo sistema mostra que é possível impedir mortes

Ferramenta online de telemedicina permite um diagnóstico rápido, o que é essencial para salvar vítimas de infarto
Augusto Diniz
O dia 8 de agosto deste ano caiu em uma segunda-feira. E como muita gente, o trabalhador autônomo Vinicius Silveira, de 46 anos, iniciou a sua rotina da semana. Às 6h30 ele acordou e foi levar a filha mais velha, Isabella de Moura Campos Silveira, de 14 anos, à escola. Pegou o carro, e saiu do Jardim Caravelas, em Aparecida de Goiânia, deixou Isabella no colégio e foi resolver algumas coisas na rua.
Nesse trajeto, ele começou a sentir dores no lado esquerdo do peito por volta das 8h30. “Deu uma dor fraquinha. Depois a dor foi ficando mais forte”, descreve Vinicius. Ao voltar para casa, o trabalhador autônomo comentou com a esposa Silvia de Moura Campos Silveira, de 43 anos, que não conseguia mais suportar o incômodo e precisava ser levado ao hospital. A família entrou em contato com um amigo, que dirigiu o carro de Vinicius e percorreu uma distância de cerca de sete quilômetros até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do setor Buriti Sereno.
Na UPA, Vinicius foi atendido por uma enfermeira, que fez o cadastro do paciente. “A enfermeira me passou na frente das outras pessoas que esperavam atendimento porque eu estava sentindo muita dor no peito”, lembra. A UPA do Buriti Sereno é uma das quatro unidades de urgência em Aparecida de Goiânia que conta com atendimento específico para examinar suspeitas de infarto em pessoas que buscam cuidados médicos na rede pública de saúde.
Mas a realidade não era essa até novembro de 2015. Tanto na UPA do setor Buriti Sereno quanto as unidades dos bairros Brasicon, o Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais) Nova Era e no Colina Azul, o paciente que dá entrada com dores no peito passa por triagem e é encaminhado à sala de eletrocardiograma, onde é realizado um exame para verificar a gravidade dessa sensação de incômodo na região do coração.
Quando a gente lembra da crise financeira que vivem as gestões municipais, estaduais e a federal, é complicado imaginar que uma rede pública de saúde tenha à sua disposição a oferta de serviço de exames de eletrocardiograma para a população. Mas uma Parceria Público Privada (PPP) que já foi negociada com outras cidades, inclusive com Goiânia, conseguiu iniciar a primeira experiência no Centro-Oeste, em Aparecida de Goiânia.
Resultado dos exames
Quando Vinicius foi encaminhado à sala de eletrocardiograma, assim que esse exame foi concluído, os dados foram enviados a uma central de diagnóstico em Uberlândia (MG) por sistema online de transmissão de dados. “Eu tomando soro quando a enfermeira chegou com o resultado dos meus exames que confirmaram o infarto”, descreve o paciente.
Em Uberlândia, um serviço de telemedicina com plantão 24 horas por dia, que conta com médicos especializados em doenças cardiovasculares, recebeu o eletrocardiograma de Vinicius, analisou os dados e enviou em poucos minutos o laudo e indicou a necessidade de atendimento que o profissional autônomo precisava receber naquele momento.
Essa informação, com o laudo e o exame, chegou por mensagem de texto no celular dos profissionais do Serviço Médico de Atendimento Móvel (Samu) de Aparecida de Goiânia, da equipe médica que atendeu Vinicius na UPA do setor Buriti Sereno, os setores de regulação, a coordenação de urgência e emergência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a equipe de cardiologia do Hospital Encore, na cidade.
Da unidade de saúde na qual estava, Vinicius foi transferido por uma ambulância do Samu para o Hospital Encore, que já estava com uma equipe pronta para receber o paciente e iniciar o tratamento de infarto agudo do miocárdio, quando o sangue que chega ao coração para de circular, conhecido também como ataque cardíaco. “É quando o atendimento precisa ser rápido para evitar alguma lesão no músculo do coração, o que pode prejudicar o tratamento”, explica o cardiologista Fernando Henrique Fernandes.
Vinicius afirma que, ao chegar no hospital, recebeu a informação de que passaria por alguns exames. Silvia, esposa do paciente, já sabia que o marido passaria por dois procedimentos cirúrgicos, um cateterismo, que analisa a situação dos vasos sanguíneos e o funcionamento do coração com procedimento invasivo, e uma angioplastia, para reparar a deformação, dilatação ou estreitamento de alguma artéria. “Não me contaram na hora o que ia ser feito. A veia já estava entupida”, relata.
O autônomo diz que tem parente com histórico de problema cardiovascular, o que é considerado um fator de risco. Ele afirma que a rapidez no atendimento, desde a chegada na unidade de saúde até o procedimento cirúrgico evitaram o pior. “Se não fosse assim hoje eu não estaria aqui falando com você. Tenho que agradecer primeiro a Deus e depois as médicos e enfermeiras que me atenderam.”
Como funciona
Vinicius é um dos 12.039 pacientes atendidos pelo programa Latin desde o final de novembro de 2015, em Aparecida de Goiânia. O Latin America Telemedicine Infarct Network (Latin) é fruto de pesquisa do médico Sameer Mehta, estudioso de doenças cardiovasculares e fundador da Lumen Foundation, que atua em Miami, na Flórida (Estados Unidos). Mehta é considerado um dos pioneiros da telemedicina, um método que busca a agilidade no atendimento a casos de infartos agudos do miocárdio por meio de diagnósticos online.
Considerado o mais fatal dos infartos, se o tempo entre os primeiros sintomas de dor e o tratamento demorar mais de 12 horas, considerado um período máximo para se ter uma eficiência maior no combate ao problema, os riscos de a pessoa morrer aumentam bastante. “Quando a gente fala em infarto, o que mais salva vida é o tempo de atendimento”, explica o médico e sócio proprietário do Hospital Encore, Maurício Lopes Prudente.
A pessoa, ao sentir uma dor no peito ou uma suspeita de infarto, deve procurar uma unidade de saúde imediatamente. E o diagnóstico desse problema precisa ser rápido, com a possibilidade de ser atendido e operado com agilidade. É nessa hora que a PPP é necessária. Porque nem sempre a rede pública tem condições de realizar os exames necessários e atender de forma precisa o paciente que sofre um infarto agudo do miocárdio.

Busca por alternativas no atendimento deve priorizar paciente


“Metade dos pacientes que sofrem um infarto nem chegam ao serviço de saúde. Por isso que é a doença que mais mata no mundo. Não chegar porque morre antes. Daqueles que chegam, se ele não vai para o tratamento, uma outra metade desses que chegam também morrem.” O alerta da gravidade do problema que é o infarto dado por Maurício Prudente aponta para a necessidade de se buscar alternativas para dar condições de vida aos pacientes.
A pesquisa de telemedicina nos Estados Unidos ganhou suporte da Medtronic, uma indústria farmacêutica que resolveu investir no projeto e leva-los para outros lugares no mundo. Com 60 centrais de diagnóstico online, as chamadas spokes, e dez centrais de tratamento, as hubs, no Brasil, o Latin chegou a Aparecida de Goiânia como a primeira experiência no Centro-Oeste, como relata o líder do Latin no Brasil e representante da Medtronic, Wilson Martins Junior.
Os 12.039 exames realizados entre novembro de 2015 e setembro de 2016 na cidade aconteceram por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, o Hospital Encore, a Medtronic e a ITMS, uma empresa com base em Uberlândia que tem parceria com a Lumen Foundation e realiza o serviço de telemedicina no Brasil.
Desde os pacientes atendidos, o poder público e as três empresas da iniciativa privada envolvidas nessa PPP, os relatos são de melhoria e organização no sistema de saúde voltado para o atendimento aos problemas graves cardiovasculares.
A enfermeira Amanda Melo, coordenadora de urgência e emergência da SMS, descreve o programa, que não gera custos à Prefeitura de Aparecida. “A ITMS fornece o eletrocardiograma às unidades de saúde e a Medtronic fornece o material para realizar o cateterismo e as cirurgias.” Essa integração não só reduz o tempo de atendimento do paciente com infarto como cria condições de que a pessoa seja encaminhada ao local necessário para receber o tratamento adequado.
Redução do problema
Dos mais de 12 mil pacientes que passaram por eletrocardiogramas nas quatro unidades de saúde de emergência, 123 eram casos com suspeita de infarto. Dos 123 exames com sintomas confirmados, 81 eram situações de infarto, das quais 28 foram atendidas no tempo necessário para que o tratamento tivesse mas sucesso, que é até 12 horas da primeira dor. A expectativa é a de que esse tempo de atendimento seja reduzido ao menor possível.
As mortes nesse período por infarto foram quatro. “Se não houvesse essa interligação e rapidez no atendimento entre a rede pública, a telemedicina e o hospital, esse número seria muito maior”, declara o médico Fernando Fernandes.
Entraves
Como é uma parceria que não existe pagamento ou vantagem financeira para a iniciativa privada nos hospitais e no setor público no caso dos gestores da área de saúde e da prefeitura, ainda há entraves para que a proposta seja implantada. “Mesmo em Aparecida nós tivemos esse problema em outras gestões. Nós já propusemos isso em Goiânia. Ouvimos do secretário que ia fazer, mas a coisa não anda”, relata Maurício.
A busca por alternativas que melhorem a oferta de saúde eficiente à população precisa de levar em consideração antes de qualquer coisa os cuidados com o paciente. A experiência nos dez primeiros meses em Aparecida mostra que a organização por meio da integração da iniciativa privada e o setor público melhora a prestação de um serviço, principalmente quando se fala em salvar vidas.
E essa é uma tendência, mas que ainda engatinha, a ser adotada em outras cidades. Do serviço público primário de saúde ao privado terciário, como a especialidade médica de cardiologia, houve avanços com a adoção do Latin em Aparecida. Para o prefeito Maguito Vilela (PMDB), o gestor público precisa deixar de lado qualquer vaidade e ser criativo. “É inovação, é criatividade, são novas ferramentas para ajudar a salvar vidas.”
O sistema já agilizou o tempo de atendimento dos pacientes que sofrem infarto com economia para o poder público. Mas ainda pode melhorar, como relatam todos os lado dessa parceria. O aperfeiçoamento do serviço deve ser contínuo para que muitos Vinicius consigam continuar a viver.

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DIÁRIO DA MANHÃ

MPF instaura procedimento para apurar falta de repasses para clínicas de hemodiálise em Goiânia

SMS deverá esclarecer os motivos dos atrasos nos pagamentos e quais medidas estão sendo adotadas para evitar que atendimentos sejam suspensos

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) instaurou procedimento nesta quarta-feira (28) para apurar a suposta suspensão de repasse de recursos financeiros à clínicas particulares em Goiânia por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A situação teria deixado diversos novos pacientes renais crônicos sem o devido tratamento devido à suspensão de atendimentos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, pelo menos nove clínicas particulares de hemodiálise conveniadas aos Sistema Único de Saúde (SUS) – responsáveis pelo atendimento de 90% dos doentes renais crônicos de Goiânia – deixaram de atender a novos pacientes da rede pública nas últimas semanas. A situação dessas clínicas teria se complicado em outubro de 2015, quando começaram a haver os atrasos nos repasses das verbas.
Os novos diagnósticos estariam sendo atendidos apenas pelos três hospitais públicos que realizam serviço de hemodiálise: Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, Hospital das Clínicas (HC-UFG) e Hospital Alberto Rassi (HGG).
O procurador da República Ailton Benedito, responsável pelo caso, aponta também que estaria faltando materiais necessários para o tratamento, inclusive, de pacientes que já estão cadastrados na SMS. Ele solicita que a pasta se posicione sobre a demora no repasse dos recursos e divulgue as providências que estão sendo tomadas para evitar a descontinuidade do tratamento de renais crônicos.
O procurador alerta que “a interrupção divulgada, caso mantida, tem potencial sério de risco de morte dos pacientes, o que certamente ensejará a responsabilidade dos entes federativos e dos agentes públicos responsáveis, tanto no âmbito cível quanto criminal”.
Por nota, a SMS informou ao Mais Goiás que vai prestar todos os esclarecimentos solicitados pelo MPF. O órgão também afirmou que está cumprindo o contrato com as clínicas de nefrologia e outros prestadores do município. “O repasse será feito na próxima segunda-feira (3). Conforme contrato com os prestadores, os repasses devem ser feitos no prazo de até 90 dias”, diz o texto divulgado.

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O ESTADO DE SÃO PAULO

4 em 10 diagnósticos de câncer de mama foram feitos antes dos 50, mostra estudo

Fabiana Cambricoli

SÃO PAULO – Embora o Ministério da Saúde recomende a realização periódica da mamografia somente a partir dos 50 anos, um novo estudo feito pelo A.C. Camargo Cancer Center traz de volta a polêmica sobre a idade a partir da qual as mulheres devem fazer o exame capaz de detectar o câncer de mama.

Levantamento do hospital com 4.527 pacientes mostra que 40% das mulheres que receberam o diagnóstico da doença entre os anos de 2000 e 2010 no centro médico tinham menos de 50 anos e não descobririam o tumor se tivessem seguido a orientação do ministério. Do total de pacientes acompanhadas, 11,4% descobriram a doença até os 39 anos e outras 28,7%, entre os 40 e os 49 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o exame a partir dos 40 anos.

“Não podemos dizer que os dados do A.C. Camargo refletem toda a realidade brasileira, até porque somos um centro de referência em oncologia e isso leva a mais diagnósticos precoces. No entanto, esse estudo mostra que vale a pena investir na mamografia mais cedo. Sabemos que a curva de incidência da doença começa a aumentar a partir dos 40 anos e, quanto mais cedo descoberto o tumor, maior a chance de cura”, diz Fabiana Baroni Makdissi, cirurgiã oncologista e diretora de Mastologia do A.C. Camargo.

Os dados do levantamento provam o quanto o diagnóstico precoce é decisivo no sucesso do tratamento. Do total de mulheres que descobriram a doença no estágio 1, 96,1% estavam vivas após cinco anos. No grau 2, eram 89,2%. No estágio 3, o índice foi de 71,6%, número que caiu para 30,3% no estágio 4, o mais avançado.

Sinal. Diagnosticada com câncer de mama aos 37 anos, a supervisora de vendas Patrícia Rosa Moreira, hoje com 40, atribui à sorte a realização da mamografia que a fez descobrir a doença. “Foi por acaso. Eu fui doar sangue e deu uma alteração nas plaquetas. Resolvi fazer um check-up e pedi para a médica uma guia para fazer mamografia. Ela não queria dar de jeito nenhum, disse que eu ainda não estava na idade, mas eu bati o pé e ela deu”, conta.

O exame feito em 2014 detectou o tumor no grau 2. A supervisora teve de retirar a mama esquerda, fazer 16 sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia. “O câncer já estava com 4 centímetros e eu não tinha nenhum sintoma, ele não era palpável. Nunca descobriria sem um exame. Se eu tivesse feito a mamografia aos 50 anos, ele já estaria espalhado pelo corpo.”

O tratamento terminou em dezembro de 2015 e, hoje, Patrícia aguarda pela cirurgia de reconstrução mamária, prevista para dezembro ou janeiro. “Enquanto eu estava no hospital, conheci muitas moças, de menos de 30 anos, com a doença. Acho errado passarem a mamografia só a partir dos 50 anos.”

O Ministério da Saúde diz que segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de realização da mamografia para fins de rastreamento entre os 50 e 69 anos, porque “essa é a faixa etária com maior efetividade na prevenção e que possui evidência científica de impacto na mortalidade”.

A pasta diz ainda que orienta os médicos a solicitarem o exame antes às pacientes que tenham histórico da doença na família, especialmente se uma parente de primeiro grau tenha recebido o diagnóstico antes dos 50 anos. Nesses casos, a recomendação é que as mulheres passem por avaliação médica a partir dos 35 anos para que sejam definidos os exames necessários. Isso porque, no caso de mulheres mais jovens, com estrutura mamária diferente por causa da idade, nem sempre a mamografia é suficiente – podem ser solicitados ultrassom ou ressonância magnética.

Polêmica. Há quem critique a realização de mais mamografias para fins de rastreamento por causa do risco de resultado falso positivo – quando o exame inicial aponta a presença de uma lesão que não se confirma maligna em exames adicionais.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, a recomendação para realização da mamografia periodicamente não resultou em queda da taxa de mortalidade por câncer de mama. Além disso, diz a entidade, o falso positivo pode causar danos às mulheres, como ansiedade, estresse e procedimentos desnecessários.

A oncologista do A.C. Camargo afirma que os benefícios do rastreamento são maiores do que os malefícios. “Por mais que, em alguns casos, a mamografia aponte a suspeita e ela seja descartada depois, em outros casos, o exame vai possibilitar que a mulher descubra mais cedo e tenha mais chances de cura”, afirma Fabiana.
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Hora de rever planos de saúde
A grave crise por que passa o País deixou mais evidentes os problemas enfrentados tanto pelos clientes como pelas empresas operadoras de planos de saúde, que não são de hoje e demonstram que o setor de saúde privada precisa ser repensado, e com urgência. Essa é uma questão que interessa a muita gente e por isso exige pronta resposta de todos os que nela têm uma parcela de responsabilidade. Cerca de um quarto da população é hoje atendido pelos planos, que a eles aderiu para fugir das notórias deficiências do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em pouco mais de um ano, os planos perderam 1,78 milhão de clientes, passando de 50,13 milhões em maio de 2015 para 48,35 milhões em junho deste ano, com um impacto facilmente imaginável na economia das operadoras. Isso é reflexo do desemprego, que já atingiu a marca de 12 milhões, pois aquela redução do número de clientes refere-se principalmente aos que foram demitidos por empresas que ofereciam planos de saúde coletivos a seus empregados.
A grande maioria dessas pessoas não pode evidentemente passar a pagar planos individuais, muito mais caros. Só com a reativação da economia, que não produz efeitos da noite para o dia, ela poderá voltar à situação anterior. Enquanto isso, será obrigada a recorrer ao precário e sobrecarregado SUS, em cuja ampliação e melhora sucessivos governos, com destaque para os do PT, não investiram o que deveriam. Preferiram apostar na ampliação da saúde privada como se com isso pudessem atingir dois objetivos: demonstrar que a “nova classe média” podia ter acesso aos sonhados planos e, ao mesmo tempo, aliviar os gastos com o SUS. Erraram nos dois casos: o caminho para os planos é mais acidentado do que lhes parecia e o SUS foi sucateado.
Não são apenas os acidentes da economia – no caso da crise atual, um desastre monumental – que não recomendam considerar a saúde privada capaz de absorver os vários segmentos da classe média. Os custos dos planos, já antes da crise, mostravam que a sua tendência é se tornarem mais restritos às camadas de melhor renda. Reportagem do jornal Valor mostra, com base em pesquisa da empresa de consultoria Willis Towers Watson, que no Brasil o reajuste médio dos planos corporativos, oferecidos por empresas a seus empregados, que representam 65% do mercado de saúde privada, é o dobro da média mundial.
E isso vem ocorrendo ao menos desde 2014, quando aquele reajuste foi de 14,1% no Brasil para 7,5% no mundo e 4,9% nos Estados Unidos, país onde a saúde privada tem papel importante. Em 2015, aqueles números foram 15,7% para o Brasil, 8% para o mundo e 4,1% para os Estados Unidos. Para este ano as estimativas são, respectivamente, de 18%, 9,1% e 5%.
Entre as várias razões que explicam o elevado custo dos planos no Brasil, um especialista na questão daquela consultoria, César Lopes, aponta três que merecem especial atenção. Uma é o fato de aqui as empregadoras assumirem praticamente toda a responsabilidade pelos planos. Isso leva seus empregados a não desenvolverem uma cultura de uso responsável do benefício, consultando médicos com grande frequência: “É muito comum a pessoa repetir consultas e exames”.
Outra é que, ao contrário dos Estados Unidos, aqui os planos não têm franquia. Quando ela existe, o cliente paga pelos procedimentos até uma determinada quantia e, por isso, ele os limita ao que é realmente indispensável. A ANS já estuda a adoção de algo semelhante aqui. Finalmente, a inclusão constante e obrigatória nos planos de novos procedimentos, resultantes de modernas e caras tecnologias, eleva seus custos e força reajustes elevados. Nesse caso específico, são inteiramente procedentes os argumentos das operadoras para explicar os altos preços dos planos.
Já está mais do que na hora de os planos de saúde serem reavaliados, à luz de questões como essas, para garantir seu equilíbrio e o bom atendimento que deve a quase 50 milhões de brasileiros.
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Anvisa alerta para risco de superbactérias
Lígia Formenti
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai divulgar na próxima semana um alerta sobre a confirmação da presença no Brasil de bactérias portadoras do gene mcr-1, capaz de torná-las imunes à Colistina, uma classe de antibióticos considerada como a última arma para combater bactérias multirresistentes. O comunicado de risco será encaminhado para todos os hospitais com leitos de unidade de terapia intensiva.
No documento, a Anvisa reforça a necessidade de equipes de saúde ficarem atentas para o risco, lista quais medidas são necessárias para diagnóstico e quais providências devem ser adotadas no caso de confirmação da presença de bactérias portadoras desse gene. Foram confirmados no Brasil até o momento três pacientes contaminados pela bactéria Escherichia coli, portadora da mutação – dois casos em São Paulo e um no Rio Grande do Norte. Há ainda outros três casos em análise, no Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo.
“Estamos preocupados. Uma das últimas armas que temos para combater infecções multirresistentes pode tornar-se também inútil”, afirmou a gerente da área de Vigilância e Monitoramento da Anvisa, Magda Machado de Miranda. “Ficaríamos sem opção terapêutica”, completou. Magda aponta ainda outro risco envolvendo o gene mcr-1. “Seu poder de transmissão é muito alto. Há possibilidade de ele se transferir de uma espécie bacteriana para outra.”
O coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, Marcos Boulos, afirmou que, entre os casos confirmados no Estado, um foi detectado no Hospital das Clínicas, em março. “O achado é muito importante. É preciso agora reforçar o alerta para que profissionais e instituições redobrem os cuidados para identificação de controle de casos suspeitos”, completou.
Pelo mundo. O gene mcr-1 foi descoberto na China. Países da Europa, África e Ásia já confirmaram a presença de bactérias com essa mutação. “O gene não significa, por si só, que a bactéria será multirresistente”, explicou o gerente de tecnologia e serviços de saúde, Diogo Soares. Ele compara o gene mcr-1 a uma armadura, que pode ser usada para proteger a bactéria do ataque de antibióticos. “A ferramenta está disponível. Basta agora que a bactéria faça uso da nova proteção.”
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O GLOBO
Planos de saúde pedem laudo de exames para pagar reembolso
Da Redação
RIO – A requisição do médico e o recibo comprovando o valor pago podem não ser mais suficientes para que o usuário de planos de saúde faça jus ao reembolso de exames ou outros procedimentos clínicos. Cresce o número de operadoras que exigem de seus beneficiários a apresentação do laudo do exame para o pagamento. O procedimento, além de ser encarado como mais um obstáculo para o cumprimento de um direito estabelecido em contrato, é considerado por consumidores e especialistas invasão de privacidade e quebra de sigilo médico. Representantes das empresas alegam, no entanto, que a exigência está ligada ao combate a fraudes e desperdícios.
O servidor público Roberto Diez Cortez se viu nesta situação quando sua mulher passou por uma cirurgia para retirada da vesícula. Antes do procedimento, devidamente autorizado pela NotreDame Intermédica, ele procurou saber os trâmites e documentos necessários para solicitar o reembolso. Na hora H, as exigências foram outras.
— Informaram-me que deveria enviar os recibos e um relatório médico, o que fiz logo após a cirurgia. No prazo dado para o reembolso do que paguei pelos serviços da equipe médica, recebi um demonstrativo com valor zerado e uma mensagem de que deveria enviar laudos de exames comprobatórios, como Raios-X, tomografia ou ressonância magnética, além do patológico — conta Cortez, que se queixa ainda de a empresa ter feito uma previsão equivocada de gastos. — Minha mulher se submeteu a uma cirurgia de colecistectomia com colangiografia por videolaparoscopia, e eles orçaram o procedimento sem colangiografia. No fim, disseram que teríamos que comprovar o procedimento realizado.
Advogada: informações protegidas por sigilo
A cada vez que reclamava — enviou queixa à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a esta coluna e à operadora — conta Cortez, a empresa pagava uma parte do valor devido, que somava cerca de R$ 6 mil. Segundo a NotreDame Intermédica, a solicitação de relatório médico ou de exames comprobatórios são feitas em algumas situações. No caso de Cortez, constatou-se que houve falha do sistema, diz a operadora, que afirma ter pago o reembolso em menos de um mês após o pedido, o que é contestado pelo beneficiário.
Já a assistente comercial Luana Santos precisou recorrer à Justiça para receber o reembolso de uma cirurgia de emergência da Seguros Unimed. Apesar de ter, como Cortez, seguido todas orientações, na véspera da data prevista para o depósito, a empresa criou uma nova exigência: o envio dos resultados dos exames.
— Exigiram até o laudo de um exame que eu sequer tinha feito. Senti minha privacidade invadida. A gente paga um plano caro e, quando precisa, tem que deixar cheque caução e ainda sofre todos esses transtornos — queixa-se Luana, que precisou pedir dinheiro emprestado para pagar o anestesista e a instrumentadora.
A sentença do processo movido por Luana contra a Seguros Unimed saiu na semana passada. A indenização pode ser paga em 15 dias úteis, se a empresa não recorrer. A operadora afirma que o pagamento do reembolso será realizado nos próximos dias.
Na avaliação da advogada Janaina Alvarenga, da Associação de Proteção aos Direitos da Cidadania e do Consumidor (Apadic), a conduta dos planos ao exigir laudos ou resultados de exames é irregular. Ainda que haja previsão contratual, diz a advogada, a prática é abusiva e, portanto, nula. Para o caso de reembolso, explica, o que pode ser exigido é a nota fiscal ou recibo dos valores pagos e a declaração dos procedimentos realizados.
— Exigir do usuário que exponha sua condição clínica é uma violação à privacidade. A relação médico-paciente é de absoluta confiança e protegida por sigilo. O consumidor não pode ser compelido a expor a sua vida, para ter ressarcido valores que foi obrigado a adiantar para ter acesso a tratamentos médicos — afirma Janaina.
A advogada acrescenta que o sigilo das informações médicas somente pode ser violado mediante consentimento do paciente ou decisão judicial.
Gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu de Oliveira ressalta que não há previsão legal que obrigue o consumidor a entregar resultados de exames a operadoras. Em relação aos laudos, assim como Janaina, ele também avalia que se equiparam ao prontuário médico, cujo segredo é garantido pelo código profissional da classe e pelo Código Penal Brasileiro. Essa violação, aliás, diz Oliveira, é considerada crime.
Advogado especialista em direito do consumidor, José Ricardo Ramalho aconselha aos usuários de planos de saúde a terem especial atenção aos termos do contrato e à tabela de reembolso. Em caso de se sentirem vítimas de prática abusiva, orienta que registrem reclamação na ANS.

Operadoras: Combate a fraude e desperdício

A agência reguladora confirma que a empresa pode solicitar a apresentação da comprovação da realização de procedimentos para fazer o reembolso, desde que essa exigência esteja prevista em contrato. A relação de documentos, no entanto, explica a ANS, não pode ferir o código de ética médica e deve preservar os dados do paciente.
Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde (FenaSaúde, que reúne grandes operadoras do setor), explica que essas exigências estão, normalmente, ligadas ao combate a fraudes:
— Não tenho conhecimento sobre esses casos específicos, e entendo que é, realmente, delicado do ponto de vista de sigilo médico. Mas o objetivo das operadoras é combater fraudes. E também o desperdício, pois dessa forma pode verificar se o médico requisitou exames pertinentes ao quadro clínico.
A advogada especialista em direito à saúde, Renata Vilhena, também entende que a conduta mais rigorosa adotada pelos convênios é reflexo da falta de transparência, que, por vezes, está presente nos hospitais.
— Há, de fato, muita fraude e desperdício com pedidos de cirurgias e exames que nem sempre são necessários. A questão é que quem sofre no fim é sempre o usuário.
Segundo Renata, o grande desafio é encontrar uma solução que não tire do médico a autonomia de solicitar exames ou a conduta que considere mais adequada e, ao mesmo tempo, evite abusos nos gastos para chegar ao diagnóstico.
Oliveira, do Idec, não acredita que a exigência do laudo possa ser um instrumento das operadoras para balizar seus preços, já que estariam municiadas de informações precisas sobre a patologia que acomete seus beneficiários. Para isso, diz Oliveira, as empresas já dispõem de índices de sinistralidade (de uso do plano), que dispensam laudos:
— Mas, certamente, essa exigência de laudos é uma maneira de as operadoras dificultarem e desestimularem o pedido de exames.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação