Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 02 A 04/03/13


ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


O POPULAR

Saúde
Hospitais na mira da fiscalização
Número reduzido de fiscais dificulta ação das vigilâncias sanitárias na capital e interior
Vandré Abreu

A fiscalização das unidades de terapia intensiva (UTIs) em Goiânia deve seguir a programação inicial de um hospital por semana, mesmo após a vigência da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 7 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As normas, que atingem questões estruturais e de recursos humanos, como número de médicos especialistas por leitos, valem desde 24 de janeiro. Na capital, a fiscalização começou na quarta-feira e atingiu a um hospital que não teve o nome divulgado. O relatório sobre a unidade de saúde ainda não foi finalizado.
Chefe da Divisão de Fiscalização de Estabelecimentos de Assistência à Saúde da Vigilância Sanitária Municipal, Dagoberto Luiz Costa afirma que a capital possui apenas uma equipe, com 12 profissionais, que fiscaliza todas as unidades de saúde. “A média é que essa equipe fiscalize um ou dois hospitais por semana, em um cronograma já programado desde o início do ano.” A intenção, contudo, é que a fiscalização resulte em notificações, antes de haver o descredenciamento das unidades hospitalares.
Como a resolução é da Anvisa, a responsabilidade de fiscalização é das Vigilâncias Sanitárias. No caso das cidades do interior que não tem gestão plena do sistema de saúde, o trabalho é feito pelo Estado. Gerente de Fiscalização da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), João de Moraes explica que nas cidades sem as vigilâncias municipais a fiscalização só deverá ocorrer quando a unidade de saúde for renovar o alvará sanitário, que tem validade de um ano. “Assim que o licenciamento é requerido, uma equipe vai ao o hospital verificar se atende a todas as resoluções da Anvisa, não só a de número 7.”
A Anvisa exige que as UTIs tenham licenciamento sanitário para funcionamento. Esta licença, a partir do dia 24, é liberada se o hospital cumprir, dentre outras normas, a Resolução nº 7, da qual as unidades tiveram três anos para se adequarem. A principal dificuldade reconhecida é por conseguir médicos especialistas em Medicina Intensiva. Dagoberto Costa afirma que se reuniu pelo menos duas vezes com representantes da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade para falar sobre a norma. Caso as normas não sejam atendidas, os licenciamentos podem ser cassados e, desta forma, as UTIs seriam fechadas.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Saúde do Ministério Público estadual, Marcelo Celestino, afirma que a fiscalização à norma será feita em parceria com a Vigilância Sanitária. Segundo a assessoria de imprensa da Anvisa, os prazos de adequação dos hospitais à norma, após a autuação, depende mais do estabelecimento do que de uma regra. Ou seja, a punição é válida até que haja a adequação.

Entidade aponta falta de outros profissionais
O presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes, diz que além da dificuldade em se conseguir médicos intensivistas, há também entraves em se conseguir outros profissionais, como enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos em enfermagem. “Ainda falta muito para ficar bom, mesmo que tenha tido melhora. A gente vê aumento no número de leitos, mas não nos profissionais contratados.”
Responsável pela fiscalização da norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em Goiânia, o chefe da Divisão de Fiscalização de Estabelecimentos de Assistência à Saúde da Vigilância Sanitária Municipal, Dagoberto Luiz Costa, afirma que na capital o maior problema é em relação aos enfermeiros e fisioterapeutas. “Apesar de haver falta de médicos, eles estão concentrados em Goiânia.”
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Médicos intensivistas são insuficientes

A quantidade de médicos intensivistas em Goiás é insuficiente para que os hospitais cumpram a Resolução nº 7 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a norma, um médico intensivista deve ser responsável por apenas dez leitos de UTI. Em Goiás, a relação é de um médico a cada 14,41 leitos. De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil, do Conselho Federal de Medicina (CFM), há 81 especialistas em Medicina Intensiva no Estado. Em Goiás, conforme a Secretaria Estadual da Saúde, existem 1.168 leitos.
Para que a norma fosse cumprida em Goiás, deveria haver ao menos 117 médicos especialistas na área. Isso sem levar em conta a necessidade de um responsável técnico por Centro de Terapia Intensiva (CTI), também especialista, e que este profissional pode tomar conta de, no máximo, duas CTIs. Presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg), o médico Haikal Helou confirma que se todas as unidades de saúde fossem cumprir a regra não haveria profissionais suficientes.
Segundo Helou, as unidades do interior têm ainda mais dificuldade pela ausência de especialistas. “Um hospital lá no interior com os pacientes na única UTI da cidade, vai fechar? Mas ao mesmo tempo é necessária essa exigência da qualidade.” O presidente da Ahpaceg afirma que a RDC nº 7, no entanto, é uma busca pela segurança nas UTIs e, isso, como resultado, aumenta a qualidade dos hospitais.
Secretário-geral da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Ricardo Lima afirma que o grande problema é que órgãos gestores e donos de hospitais ampliam o número de leitos, mas não realizam a preparação dos profissionais. “Comprar um equipamento é fácil e você faz em um dia, mas incentivar que o profissional se especialize não é feito e é demorado.” Presidente do Conselho Estadual de Saúde, Venerando Lemes de Jesus confirma que o problema é nacional. Em relação ao Estado, ele reforça que faltam leitos de UTIs em Goiás para atender a população e, os existentes, são assistidos de maneira insuficiente, pela falta de profissionais. (04/03/13)
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Coluna Spot – Diagnóstico rápido

Uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase, presente na Bíblia com o nome de lepra, acomete mais frequentemente populações carentes e permanece carregada de preconceito. Ainda com alta incidência no Brasil, está na realidade presente em todas as camadas sociais. No mês em que se completam 140 anos da descoberta da bactéria causadora da doença na Noruega, são divulgados estudos realizados por cientistas do Brasil e dos Estados Unidos que resultaram na descoberta de novos antígenos para um inédito diagnóstico laboratorial, noticiado pela mídia no mundo todo. Coordenadora dos estudos na Universidade Federal de Goiás, a professora Mariane Martins de Araújo Stefani explica que esse teste simples, já registrado na Anvisa, pode detectar até 90% dos pacientes que mais transmitem a doença.

O diagnóstico da hanseníase ainda é feito apenas pela avaliação clínica. Como é esse novo teste?

Este é um teste rápido que utiliza sangue para pesquisar anticorpos, fornece resultados em 15 minutos e pode ser realizado nos pontos de atendimento por profissionais que tenham treinamento mínimo. Este teste traz ainda uma inovação que é um dispositivo de leitura acoplado a um smartphone que fornece resultados numéricos ao invés da leitura visual. Estes resultados podem ser transferidos para uma nuvem eletrônica e incorporados em tempo real a um banco de dados de órgão governamental ou laboratório privado. O desenvolvimento deste teste é resultado de parceria de nosso grupo de pesquisa do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG com pesquisadores dos Estados Unidos e uma empresa de biotecnologia brasileira, a Orangelife.

O que esse teste representa para a população?

Esse teste que identifica pacientes com maior potencial de transmitir a doença representa uma esperança, pois o diagnóstico e o tratamento podem contribuir para a eliminação da doença. Embora a hanseníase represente uma das doenças mais antigas da humanidade, até o momento não existe nenhum teste laboratorial para o seu diagnóstico, que continua sendo baseado em sinais e sintomas e que podem ser confundidos com outras doenças da pele.

Qual é a incidência atual da hanseníase em Goiás?

Segundo dados oficiais de 2010 (da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde), em 45% dos municípios de Goiás, é registrado um alto número de casos de hanseníase – 39,99 casos em 100 mil habitantes – e Goiânia também tem alta taxa de detecção – 27,4 casos em 100 mil habitantes. A eliminação da doença será atingida quando tivermos menos de 1 caso novo a cada 10 mil habitantes.

Qual a situação em outros Estados brasileiros e em outros países?

No Brasil, as regiões mais acometidas são Nordeste, Norte e Centro-Oeste, enquanto nas regiões Sudeste e Sul as taxas de detecção são baixas. A Índia lidera o número de casos de hanseníase no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (126.800 casos novos), seguido do Brasil (34.894 casos novos), mas, quando levamos em conta a população da Índia e a do Brasil, vemos que temos muito a avançar para eliminar essa doença.

Há cura?

A hanseníase é uma doença infecciosa que se manifesta principalmente na forma de lesões de pele, com perda de sensibilidade. É causada por uma bactéria e o tratamento consiste em uma combinação de antibióticos, em 6 ou 12 doses, que são distribuídos gratuitamente pelo serviço de saúde pública. O paciente é considerado curado quando conclui adequadamente o tratamento.

Ainda é grande o preconceito com o portador de hanseníase?

Sim e o desconhecimento de que a hanseníase é uma doença tratável e curável contribui para este estigma. Importante esclarecer que, a partir da primeira dose do tratamento, o paciente não transmite mais a doença. Devemos lembrar que, embora as populações carentes sejam mais vulneráveis à hanseníase, ela acomete todas as classes. (04/03/13)

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Artigo – Mentes criminosas
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1% da população sofre de esquizofrenia. A patologia faz com que a pessoa perca a capacidade de pensar de forma lógica e crie uma realidade paralela, que pode ser representada por imagens, vozes ou sensações. Essa doença mental possui tratamento eficaz, mas ainda lida com o preconceito e a demora no diagnóstico. Segundo especialistas, a dificuldade de concentração, o isolamento e uma tristeza sem motivos são o começo da doença. Os surtos acontecem depois dos sutis sintomas e consistem em alucinações que podem ser visuais, ou auditivas, tátil gustativas, paranoias e agressividade. A internação, algumas vezes é fundamental.
Há, porém, a psicopatia, mentes criminosas, diferentemente da doença acima mencionada. Sociopatas, personalidades antissociais, dissociais, amorais, entre outras, são os diversos nomes usados para o mesmo problema. É importante ressaltar que não se enquadram nas doenças mentais, bem delineadas e com características bastante específicas. Segundo a psiquiatria forense, a pessoa tem conduta antissocial crônica, que começa na infância ou adolescência, como o transtorno de conduta, e o diagnóstico médico é muito amplo, pois o sujeito pode ser hiperativo, depressivo, ou mesmo serial killer, que é controlado, calmo, tem prazer em matar e é organizado.
No livro Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado, a autora Ana Beatriz Barbosa Silva afirma que os psicopatas apresentam níveis variados de gravidade: leve, moderado e severo. “Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não sujarão as mãos de sangue ou matarão suas vítimas. Já os últimos, colocam verdadeiramente a mão na massa, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais”.
O Estado de Goiás tem apresentado ultimamente muitos casos de “mentes criminosas”. Laudos têm apontado condutas de psicopatias e extremamente agressivas: o famoso caso de Mohammed D’ali Santos, por exemplo, que assassinou e esquartejou a jovem inglesa Cara Burke, em que era um agente hiperativo, que não teve família adequada e desenvolveu transtorno de conduta, além de ser dependente químico; outra lembrança é o caso do artesão José Vicente Mathias, vulgo Corumbá, acusado de matar mulheres estrangeiras, quando o laudo psiquiátrico mostrou que tinha uma lesão cerebral, era envolvido com drogas e tinha carência familiar; o maníaco de Luziânia, Ademar de Jesus, que era homossexual, pedófilo e depressivo; o caso da chacina de Doverlândia, em que Aparecido Souza Alves confessou os homicídios e foi diagnosticado como transtorno de personalidade sádico. Há muitos outros fatos .
Assim, com “mentes perigosas” ao nosso lado diuturnamente, é extremamente perigoso para a sociedade conviver com isso.

JESSEIR COELHO DE ALCÂNTARA é juiz de direito (02/03/13)
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DIÁRIO DA MANHA
Segredo da saúde
Seja em empresas, residências ou locais públicos, prática previne doenças e pode garantir longevidade

A falta de higiene é um fator preocupante no sentido de saúde, por ser a maior causadora de infecções e contaminações provocadas no organismo humano. Residências, empresas, indústrias, estabelecimentos públicos e tantos outros são cenários desta realidade. Entretanto, é possível evitar que este mal assole ainda mais a sociedade. Através de cuidados pesssoais e da devida limpeza dos ambientes também é importante estar atento em locais públicos, principalmente nos sanitários. Os estabelecimentos com grande fluxo de pessoas são os primeiros da lista de vistoria dos agentes sanitários.
Para que a população possa ficar um pouco mais tranquila com os estabelecimentos da cidade, a diretora de Vigilância e Saúde, Flúvia Amorim, afirmou que é feita averiguação sanitária constantemente. “Os estabelecimentos que não cumprem as normas nacionais, estaduais e municipais estabelecidas são notificados. É estipulado um prazo para que se adequem as normas. Caso contrário, são multados e até interditados,” explica.
Questionada sobre higiene pessoal nos banheiros públicos, Flúvia disse que os principais cuidados a serem tomados são sempre lavar as mãos e evitar o contato com secreções humanas. “A vigilância passa todas as recomendações para as empresas responsáveis pela limpeza do local,” acrescentou.
É interessante ressaltar que muitas vezes, a falta de higiene não é um fator de responsabilidade apenas individual ou de empresas, mas é reflexo do descaso público. A precariedade ou completa ausência de saneamento público é outro fator responsável pela proliferação das mais diversas doenças, como verminoses e outras de maior gravidade como a tuberculose e hanseníase.
lado oposto
Ao passo que muitas pessoas desprezam a importância de uma boa higiene, outras, ao contrário adquirem certa neurose com o excesso da mesma. É o caso do comissário de bordo, Leandro Moreira Camargo, 26: “Meus amigos me apelidaram com codinome Tock, devido minha mania de limpeza, pois até quando estão a mesa já começo a retirar as louças usadas na refeição e limpar o local com todos ainda sentados,” conta. Segundo o comissário a limpeza de sua casa é feita diariamente para que não se acumule pó no chão e nos móveis. O banheiro é limpo com água sanitária, todo o lixo colocado para fora e as roupas lavadas diariamente. Tudo para evitar que, segundo ele, as bactérias fiquem vivas em sua residência.
Salões de Beleza
Como visto acima, estabelecimentos com grande número de pessoas tendem a correr maiores riscos quanto a contaminações. Por este motivo, locais como restaurantes, shoppings, clubes e centros de estéticas devem dar forte atenção ao adequado manuseio dos materiais presentes nesses locais.
Os salões de beleza são exemplos claros da importância dos cuidados com a higiene uma vez que estes podem comprometer o serviço oferecido. As mulheres são aqui as principais frequentadoras e muitas preferem levar seus próprios objetos pessoais para evitar qualquer tipo de contaminação.
A gerente do salão Up! Studio de Beleza e Estética, Vanessa Lopes Figueiredo, 36, atua na área há mais de cinco anos e diz ser essencial a manutenção da higiene local para dar segurança às clientes e também para evitar transtornos com a vigilância sanitária. Segundo ela, há uma série de regras impostas pela fiscalização e outras que o próprio local decidiu utilizar para otimizar o serviço. "Nas escovas retiramos todo o cabelo e passamos álcool 70% conforme nos é instruído pela vigilância. Todo material das manicures são envolvidos em papel cirúrgico e esterilizados ao final do dia," explica.
No topo do risco da baixa higiene estão as famosas intoxicações alimentares, adquiridas através de bactérias, como é o caso da Salmonela.
A infectologista Ana Joaquina Pereira esclarece que o simples hábito de tomar banho, escovar os dentes e lavar as mãos antes de se alimentar, diminui potencialmente o risco de contrair doenças infecciosas.
A exemplo temos a hepatite A, que é transmitida por coliformes fecais, através de água não tratada ou por frutas, legumes e verduras mal lavados. A hepatite A ataca em sua maioria as crianças que tem a imunidade mais baixa, em especial aquelas que não têm o costume contínuo de higienizar a si e que ingerem alimentos não higienizados.
A médica ainda alerta que os riscos de contaminação diminuem se os pais ensinarem transmitirem aos filhos atitides preventivas desde cedo. "Na cultura japonesa, há um costume muito respeitado pelas famílias que é o de retirar os calçados ao chegarem em casa. Este é um exemplo de tradição familiar de hábitos de higiene" detalha.
A enfermeira Clarissa Irinel de Souza, 33, mãe da Manuela, de 1 ano e meio diz ter o costume diário de levar sua filha para brincar no Parque Vaca Brava, aonde há um cercado de areia. Clarissa diz saber dos riscos pelos quais Manuela esta exposta, afinal há sujeira no local e um grande fluxo de crianças brincando nos mesmos brinquedos. Porém ela afirma achar importante o contato social da filha com outras crianças e acha suficiente as precauções tomadas nestas ocasiões.
“Fico sempre de olho para que ela não coloque areia na boca, e sempre que chegamos em casa além do banho, lavo o nariz dela com soro e providencio uma alimentação rica e saudável para que ela fortaleça seu organismo e adquira imunidade,” comenta.
A higienização faz parte das prevenções que todas as pessoas devem ter com a própria saúde para se proteger de diversas doenças, e assim, viver mais e melhor. (04/03/13)
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Válvula salva vidas

Implante de válvula na aorta é inovação para medicina goiana. A primeira cirurgia em Goiás foi realizada no Lúcio Rebelo

Equipe médica multidisciplinar do Hospital Lúcio Rebelo (HLR) realizou, na manhã de quarta-feira (27), cirurgia inédita em Goiás. Trata-se do implante de válvula aórtica por cateter com incisão abaixo da mama esquerda em paciente cardíaco grave e de alto risco. A cirurgia foi liderada pelo professor da Escola Paulista de Medicina José Honório Palma, um dos mais importantes nomes da cardiologia no Brasil, com experiência de mais de 200 cirurgias desta natureza.
O médico veio de São Paulo especialmente para apoiar a equipe do Lúcio Rebelo, que tem se capacitado para trazer a inovação médica para Goiás. “Antes de realizar o procedimento em Goiânia, acompanhamos o doutor José Honório Palma em dez cirurgias semelhantes em São Paulo e agora demos passo decisivo no sentido de consolidar este ramo de conhecimento da medicina em nosso Estado”, comenta o cirurgião cardiovascular Bruno Botelho.
A cirurgia demandou aproximadamente quatro horas, foi um sucesso e, ao final, o professor da Escola Paulista de Medicina elogiou tanto a capacidade da equipe quanto o centro cirúrgico do Lúcio Rebelo: “a estrutura do hospital é excelente e oferece plena possibilidade de realizar este tipo de cirurgia que exige alta especialização científica e tecnologia de ponta instalada”, comentou.
O implante de válvula aórtica por cateter é muito comum na Europa, onde já foram realizados mais de 20 mil procedimentos, sendo indicado para pacientes de alto risco. Ao contrário da cirurgia convencional, a inovação médica trazida a Goiás não exige que seja paralisada a atividade do coração nem demanda circulação sanguínea extracorpórea. “O procedimento mantém as funções cardiovasculares em funcionamento, é minimamente invasivo, permite recuperação pós-cirúrgica mais rápida e maior sobrevida de qualidade do paciente”, comentou o médico José Honório Palma.
A paciente submetida à cirurgia, de 58 anos, apresentava quadro de “estenose valvar aórtica grave”, além de sofrer de obesidade crônica e deficiência nas funções respiratórias. Em uma cirurgia convencional, o  risco de morbimortalidade seria de 41%, enquanto que no procedimento realizado a taxa caiu para 12%. A equipe multidisciplinar foi formada pelo anestesista Luís Flávio França, os ecocardiografistas Mailza Araújo Costa Rios e Heliandro Faria Ribeiro, e os cirurgiões cardiovasculares Bruno Botelho e Walter Vasgral. (02/03/13)
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O HOJE
Juiz nega pedido de aborto
Jovem de 21 anos tem câncer e está com gravidez de oito semanas. Quer autorização para abortar por causa de risco de vida
TAYNARA BORGES

Não possuir o direito de optar pela própria vida. É assim que se sente a jovem Jéssica da Mata Silva, de 21 anos, grávida de oito semanas e querendo optar pelo tratamento de um câncer em detrimento do prosseguimento da gestação. Doente desde o ano passado, ela se descobriu grávida e tentou na Justiça a autorização para a realização de um aborto. Entretanto, para o juiz da 2ª Vara Criminal, Lourival Machado Costa, o risco dos tratamentos de quimio e radioterapia não é motivo para que se interrompa a gravidez.
Jéssica está com um sarcoma alveolar na nádega esquerda, passou por uma cirurgia no último mês de dezembro para sua retirada, entretanto ainda precisa fazer sessões de radio e quimioterapia para diminuir as chances de que seus resquícios voltem a se manifestar. Com isso, teme interferência na formação e no desenvolvimento do embrião. “A cada dia, a minha vida se complica ainda mais. Passo mal e preciso ir ao médico, mas não posso tomar qualquer remédio”, relata.
A jovem diz possuir laudos em que médicos responsáveis pelas sessões de tratamento dizem que o câncer é agressivo, que há risco de má-formação do feto e de sua própria vida, e outro, de um ginecologista, que confirma que a gravidez é arriscada. No entanto, ela reclama que nem isso foi suficiente para que o juiz fosse favorável ao aborto. “Não é que eu não queira a criança, mas tenho outro filho de 4 anos e tenho medo de não sobreviver para poder cuidar dele”, rebate.
Aborto eugenésico
O magistrado indeferiu o pedido de Jéssica com o argumento de que a situação não se adéqua à previsão legal contida no artigo 128, inciso I, do Código Penal, que diz que o aborto é necessário se não há outro meio de salvar a vida da gestante. Para o juiz, o caso se trata de aborto “eugenésico”, aquele realizado quando existe probabilidade de que o feto seja afetado, dando origem a uma criança com anomalias ou malformações – situação que está em jogo, vez que o tratamento pode ocasionar problemas ao feto.
A respeito da agressividade do tratamento e do risco que ele oferece ao bebê, médicos oncologistas dizem que não há regras para se aplicar a todos os casos. Porém os especialistas são enfáticos ao dizerem que a radioterapia oferece risco real ao feto, diferentemente da quimioterapia que pode ser adotada paralelamente à gestação em algumas pacientes, sendo ideal esperar no mínimo o terceiro mês de gravidez. (04/03/13)
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JORNAL OPÇÃO
Um tabu que se torna rotina
Toda depressão está ligada à perda, seja ela afetiva, de bens materiais, ou de status, mas se percebe que as causas do vazio humano são bem anteriores à sociedade pós-moderna

Marcos Nunes Carreiro
“Hoje, a mãe mo¬r¬reu. Ou talvez on¬tem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: ‘Sua mãe falecida: Enterro amanhã. Sentidos pêsames’. Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem. O asilo de velhos fica em Marengo, a oitenta quilômetros de Argel. Tomo o autocarro das duas horas e chego lá à tarde. Quis ver imediatamente a mãe. Mas a porteira disse-me que eu precisava, antes disso, de falar com o diretor. Falou longamente e ao final disse: ‘Le¬vamo-la para a nossa morgue particular. Para não impressionar os outros’. Atravessamos um pátio onde havia muitos velhos e à porta de uma pequena construção, o diretor deixou-me. Lá estava o porteiro, próximo ao caixão, que disse: ‘Fecharam-no, mas eu vou desparafusá-lo, para que o senhor a possa ver’. Aproximava-se do caixão, quando eu o detive. Disse-me: ‘Não quer?’ Respondi: ‘Não’. Calou-se e eu estava embaraçado porque sentia que não devia ter dito isto. Ao fim de uns momentos, ele olhou-me e perguntou: ‘Por quê?’, mas sem um ar de censura, como se pedisse uma informação. Eu disse: ‘Não sei’. Então, retorcendo os bigodes brancos, declarou sem olhar para mim: ‘Compreendo’.”

Com algumas adaptações, é esse o resumo de “O estrangeiro”, romance do francês Albert Camus. E se pudéssemos sintetizar a obra em uma palavra, pontuaríamos: desinteresse. É certo que todos o sentem perto de si, assim como certa razão pela qual viver. Contudo, em alguns esse desinteresse cresceu e tomou até mesmo o lugar do sentido da vida. Pessoas assim são concomitantemente demonstradas na literatura e Meursault, protagonista do romance de Camus, é um dos principais. Alguém cuja resposta principal era “tanto faz”, mesmo quando a proposta era se casar com a mulher que desejava:

“Maria veio buscar-me à noite e perguntou-me se eu queria casar com ela. Respondi que tanto me fazia, mas que se ela de fato queria casar, estava bem. Quis então saber se eu gostava dela. Res¬pondi, como, aliás, respondera já uma vez, que isso nada queria dizer, mas que julgava não a amar. ‘Nesse caso, por que casar comigo?’, disse ela. Respondi que isso não tinha importância e que, se ela quisesse, nos podíamos casar. Maria observou então que o casamento era uma coisa muito séria. Respondi: ‘Não’. Maria calou-se durante uns instantes e olhou-me em silêncio. Depois, falou. Queria simplesmente saber se, vinda de outra mulher com a qual estivesse relacionado do mesmo modo, eu teria aceito uma proposta semelhante. Sim: ‘Possivelmente’.”

Meursault é um homem que vive, mas que também poderia morrer, caso a oportunidade se lhe apresentasse. Afinal, a tudo se pode acostumar. “Morto, deixava de interessar. Afigurava-se me normal esta atitude, assim como compreendia muito bem que as pessoas me esquecessem depois da minha morte. Já não tinham nada a fazer comigo. Nem sequer podia dizer que me custava pensar em semelhante possibilidade. Não há, no fundo, nenhuma idéia a que não nos habituemos. Acabamos por nos habituar a tudo, gostava a minha mãe de dizer.”

Por essas características, não é raro psicólogos tomarem Meursault como exemplo de depressão, chamada a doença do século e que atinge mais de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice de suicídio aumentou exponencialmente nos últimos 40 anos chegando a 60% em alguns países. Em Goiás, apenas em 2013, segundo estatística do Corpo de Bombeiros, foram 120 tentativas de autoextermínio, sendo 69 em janeiro e 51 em fevereiro. Os métodos não foram divulgados, assim como a taxa de tentativas bem sucedidas.

Mas o que é suicídio? Afinal, a depressão é a única causa desse fenômeno social que está afetando sociedades ao redor do globo? Qual a consequência da ocorrência desses fatos? O psicólogo Rômulo Chaul Filho aponta a complexidade do tema e diz que o assunto é um sério problema social. “Hoje, entendemos o suicídio sob vários aspectos: psíquico, emocional e ligados a uma doença, que é a depressão, mas, sobretudo, sob o aspecto social. E as razões são inúmeras, sendo preciso reintegrar todas essas visões para não correr o risco de isolar determinadas variáveis. São multicausas. Do ponto de vista psicopatológico, evidenciamos um humor triste, que, entre outros, é caracterizado pela completa apatia afetiva diante da vida, uma indiferença, como Meursault, que leva a vida com ‘tanto faz’”, diz.

De acordo com ele, as pessoas sentem um sentimento da falta de sentimento, o que os leva a não sentir nada diante de uma situação. “É sentimento de tédio, de aborrecimento crônico, de irritabilidade muito grande com pessoas, com vozes, com ruídos. As pessoas sentem desespero e desesperança. E isso está ligado intimamente com a falta de sentido da vida. A pessoas dizem: não tenho mais vontade de viver e não consigo mais pensar em minha vida futura. E a única resposta que ele tem para essa situação é a busca pela morte, que significa o abandono do sofrimento”, declara.

E nesse âmbito percebe-se que juntamente ao aumento no número de suicídios, cresce a taxa de jovens e adolescentes que cometem o ato. Muitos especialistas analisam que existe na sociedade pós-moderna uma pressão social que atinge principalmente essa faixa etária, devido à sensibilidade inerente à idade. A sociedade atual exige de seus componentes certo amadurecimento precoce, pois é necessário conquistar espaço para que se levem a cabo as deliberações econômico-sociais.

O Brasil, de acordo com o Mapa da Violência 2012, ocupa a 60ª posição no mundo, mas com os índices de suicídios de adolescentes em franca ascensão na maior parte das idades onde se registram suicídios. Em 2000 foram 0,9 para cada 100 mil habitantes e em 2010 a média elevou-se para 1.1. No ranking das 100 cidades em que há os maiores índices de suicídio por parte de crianças e adolescentes, Goiás tem três municípios: Caldas Novas (na 33°, com uma taxa de 4,3%), Val¬paraíso de Goiás (39°, 4,1%) e Formosa (81°, 2,7%).
Para Chaul, o fator social não é a única implicação, mas existem outras motivações. “Não é fácil entender isso no que concerne às causas ligadas à modernidade. Então, percebemos há uma banalização do Eu, da vida e das relações pessoais. Parece que a vida nunca valeu tão pouco como agora. Viver e morrer, hoje, são fatos tão naturais e com pesos iguais. A morte vem como sentido da vida, que é a acumulação de espetáculos, sendo o suicídio o ato final de uma história. E ele aparece como a terceira causa de morte em adolescentes. Para cada suicídio de um adolescente, acontecem dez tentativas, em que as mulheres tentam três vezes mais que os homens, embora estes te¬nham maior êxito, visto que se utilizam de métodos mais violentos. E a isso soma-se como possíveis causas a falta de suporte familiar e dos grupos de pertencimento do adolescente”, analisa o psicólogo.

Para ele, o autoextermínio por parte de adolescentes é preocupante e causa estranheza até nos profissionais que tratam essas pessoas. “Quando uma pessoa idosa, que está em ambiente terminal, atenta contra a própria vida, tem um significado, que é pôr fim a um sofrimento que não tem mais solução. Diferentemente do caso de um adolescente. E ainda temos que pontuar que o tratamento é difícil e vemos que os profissionais não estão preparados para isso, pois esse tipo de situação pode provocar nos terapeutas seus próprios desejos de im¬potência e morte”, relata.

O psicólogo analisa que há uma grande baixa na autoestima dos jovens, um sentimento de insuficiência, incapacidade, de vergonha e depreciação. “Hoje, vivemos uma situação de muitos suicídios por parte de adolescentes, que vivem uma época de conflito e contradição. E esse adolescente pós-moderno vive sob a tutela da banalização da existência e da violência na questão da sexualidade. Então, temos uma desvalorização nesse ser, que o leva às tentativas de autodestruição.”

Assim, pontua-se que a equivalência do ter sobre o ser, própria da sociedade pós-moderna, daquilo que se diz do consumismo, acaba provocando o desaparecimento da pessoa. “Ou ela aparece ou ela perece. Se isso não acontecer, não há sentido na vida. Vivemos em um mundo onde há uma preocupação muito grande com o presente e não se liga com o passado, tampouco com o futuro. Sem contar na falta de planejamento. Etapas da vida são ultrapassadas. Não há mais começo, meio e fim. Começa no fim, termina no início. E esses paradigmas provocam uma não-referência por parte das pessoas, que vão ficando perdidas”, pontua Chaul.

E não somente jovens e adolescentes têm atentado contra a própria vida, como também crianças. Mas são as crianças afetadas diretamente pelo sistema capitalista a que todos colocam a culpa da depressão que mata? Para o psiquiatra Lorival Belém, sim. Segundo ele, as crianças foram submetidas a um sistema que as amadurece precocemente, o que as torna adultas mui¬to rápido. E as mudanças na lida dessas etapas, que antes eram tratadas com certo cuidado, implicou uma séries de sintomas. “Há uma pressão social muito grande sobre essa criança, muita cobrança que acaba por desesperá-la.”

Por outro lado, o psiquiatra avalia que há certa pré-disposição biológica em cometer atos autodestrutivos. “Todos nós temos, em algum momento, pensamentos de autodestruição e de culpabilidade, em que você se agride. E tem uma hora em que você desiste, mas logo volta a sua consciência. Algumas pessoas não retomam essa consciência e o suicídio é isso levado ao extremo”, declara.

A psicóloga e psicanalista-especialista em Psicologia Escolar Ana Paula Fernandes Rezende evoca o psiquiatra e teórico francês Jac¬ques Lacan para explicar o fato de pessoas cada vez mais jovens estarem entrando nos índices de suicídio. “Lacan, no seu seminário sobre este tema, aponta que a an¬gústia é o afeto que não engana. Ela precisa ser acolhida por todos que convivem com as crianças e jovens, independentemente da idade. Hoje é comum receber no consultório crianças a partir de 3 anos, que chegam falando daquilo que traz sofrimento. Quando o sujeito não consegue simbolizar, ele pode passar ao ato. Na psicanálise lacaniana, nos referimos ao suicídio como uma passagem ao ato. O sujeito decide sair de cena, escolhe deixar de viver.”

O presidente da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), Edemundo Dias, aponta que a taxa de suicídios já ultrapassa o número de homicídios. “Temos um problema social de grande magnitude nas mãos. Vivemos em uma sociedade pós-moderna com uma crise existencial sem precedentes. O homem moderno não sabe se situar dentro desses novos contextos sociais. Há uma gama de evolução tecnológica e o homem recebe muitas informações, mas tem pouco conhecimento. E isso gera novos personagens na história com pessoas que estão virando verdadeiros zumbis. As clínicas de tratamento psicológico estão superlotadas, mas não há respostas.”

As drogas e o preenchimento do vazio

Para Edemundo Dias, o uso de drogas demonstra, entre outros fatores, que o ser humano precisa preencher um vazio que há muito se procura ocupar. “A droga é a busca do preenchimento do vazio existencial e isso que está causando uma depressão muito grande. As pessoas caminham com a multidão, mas estão se sentindo mais solitárias e isoladas. Então, temos as drogas como um componente devastador do tecido social moderno, que tem por trás esse vazio. Por isso, não adianta apenas prender, pois continuaremos prendendo e o Brasil continuará sendo a população carcerária que mais cresceu, tendo as maiores apreensões de drogas, os maiores usuários de crack e o segundo maior índice de consumo de cocaína. Isto é, continuaremos despontando nesses índices e nunca trataremos as causas”, indica.
Segundo ele, a janela que mostra como as drogas e o vazio do ser humano estão intimamente ligadas é o sistema prisional, que abriga criminoso cada vez mais jovens. “Um dos ancoradouros dessa questão é o sistema prisional. Estamos com uma população carcerária muito jovem, na faixa de 18 a 29 anos, que já representam 76% dessa população e que estão cometendo crimes cada vez mais violentos. O jovem está, a cada dia que passa, buscando o alento para sua solidão e frustração nas drogas e se afundando nesse mundo de depressão elevada e problemas psicossociais.”

Análise com que concorda o psiquiatra Lourival Belém. “Olhe¬mos, por exemplo, o sistema so¬cioeducativo. Nos últimos anos tem aumentado muito o número de internações. Antigamente, não me lembro de nenhuma situação em que eu não tivesse ficado tranquilo para conversar com o adolescente, medicar se fosse o caso, encontrar um ambiente mais seguro para ele, pedir um suporte psicológico, etc. Tudo isso para não precisar internar. Isso quer dizer que piorou a situação? Não, mas mostra que os números de tentativa de suicídio aumentaram bastante.”

A psicóloga Ana Paula Fer¬nandes Rezende diz que falar sobre o suicídio é uma forma de enfrentamento desse real traumático. “De acordo com o psicanalista lacaniano Jacques-Alain Miller, os sujeitos contemporâneos são ‘desinibidos, desamparados e desbussolados’. Vivemos na sociedade do consumo, da ditadura da beleza, tecnológica, da ciência, onde os sujeitos têm dificuldades em lidar com a angústia. É mais fácil se intoxicar com remédios, drogas, fugir ou ignorar os problemas do que enfrentá-los. Hoje vivemos uma baixa tolerância à frustração devido aos diversos imperativos que movem os sujeitos ao gozo sem limite”, diz.

O presidente da Agência Go¬iana do Sistema de Execução Penal (Agsep), Edemundo Dias, que também é pastor de uma igreja evangélica, diz que em grande parte, o vazio do ser humano é provocado pela falta de Deus, gerada, principalmente, pela crise vivida pela igreja — levando em consideração tanto as evangélicas quanto as católicas. “Vejo que a Igreja Católica vive uma desilusão e a igreja evangélica uma ilusão, pois há promessas e mais promessas para preencher esse vácuo existencial do ser humano e ninguém consegue mais viver. As pessoas não aguentam viver. Esse é o grande desafio do homem contemporâneo: viver.”

Ao ser questionado sobre o que deve ser feito, o pastor declara que a primeira ação deve ser a retomada dos valores fundamentais da vida humana, como Deus e a família. “Devemos recuperar os fundamentos e valores que perdemos, como Deus e a família — que está se desintegrando, pois não há diálogo. O Estado não está mais conseguindo responder todos os anseios da sociedade do século 21. Ele precisa se unir a essas instituições mais basilares da sociedade para retomar esses valores. Hoje falamos de Deus de forma envergonhada. Ele é muito questionado hoje em dia, mas ainda acho que Deus prefere ser questionado que esquecido”, declara Edemundo Dias.

Fuga ao sofrimento

Já para o assessor da Comissão Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Wladimir Porreca, o suicídio pode ser visto como uma ação de fuga ao sofrimento extremo vivido pelo ser humano. “O suicídio é uma questão urgente, no sentido de vida. O problema maior é quando fracionamos a questão da morte e da fuga do sofrimento. E quando falo fuga, não digo no sentido negativo somente, mas também como uma resposta ao sofrimento, que está insuportável e que há a necessidade pela própria pessoa em suprimir esse sentimento. E acho que muitos dos que suicidam não o fazem porque não amam a vida, mas porque a vida se tornou de tal forma insuportável, que perdeu seu sentido. E essa pessoa busca uma solução. Não encontrando, em sua ilusão e sofrimento intenso, ela se projeta em outra vida, que seria menos má que essa.”

O padre leva a questão para uma análise antropológica, em que o homem é separado da concepção de si mesmo pelo individualismo que o faz perder a razão enquanto pessoa humana. “Não há dúvida que a sociedade influencia e condiciona, mas por baixo disso temos a questão antropológica que é mais séria. A concepção de pessoa humana é que está perdida em si mesma. Com o individualismo e o relativismo, o ser humano perdeu a razão de ser aquilo que ele é, como pessoa humana, não precisamos nem falar como imagem e semelhança de Deus. E dentro dessa questão antropológica, o ser humano vira uma máquina de produção, lucro pelo lucro, fazer por fazer. E ele se perde em si mesmo”, analisa padre Porreca.

Para o religioso, a família tem grande importância na formação do ser e exerce grande influência no aspecto psicológico do homem, enquanto ser social. “A família é um bem em si mesmo, ou seja, é uma graça, um porto seguro para as pessoas. E quando falamos de família, precisamos entender que, por pior que ela seja, todo ser humano deseja ter uma e cresce através dela. Por exemplo, quando a criança recebe de sua família condições para ser criança e essa família recebe da sociedade condições para ser família, a criança vai procurando o próprio objetivo de ser: ela mesma. E a família contribui com o que desperta sua autoestima, valorização e educação. Assim, a questão destrutiva não tem espaço, pois não fomos feitos para sermos destrutivos, ou nos autodestruir. Ao contrário, fomos feitos para amar e valorizar a vida. O suicídio não é entendido como uma normalidade. Matar não é humano, por isso insisto na questão antropológica”, pontua.

Quando questionado sobre o crescente índice de jovens e adolescentes cometendo suicídio, o padre mostra que a sociedade capitalista é grande provocadora desses números, mas que a família também tem sua parte nisso, visto que representa o primeiro contato do ser humano com o social, além de ter nela sua principal fonte formativa de caráter. “O jovem é o mais cobiçado na sociedade capitalista. Ele é o potencial de tudo o que pode gerar lu¬cros. Então, se quer muito dar espaço ao jovem e vemos que isso co¬meça, muitas vezes, na família, quando não há imposição de limites. Há uma pesquisa na Bélgica que mostra que a maior parte dos jovens depressivos são aqueles que reclamam a falta de conquista, ou seja, sempre tiveram tudo muito fácil, porque vivemos em um mundo fácil e que induz o jovem a pensar que a vida também é fácil. E como não há  o objeto de conquista ele se sente frágil em si mesmo.”

Tabu

Não é novidade que falar sobre morte e levantar os aspectos que levam a ela — principalmente quando as causas são provocadas pelo próprio ser humano — é um verdadeiro tabu. Para o padre Porreca, é fato que a sociedade não tem interesse em falar de morte, ao passo em que induz o homem ao pensamento de onipotência e autossuficiência.

“A sociedade não quer falar sobre morte, sobre limite ou fragilidade. Vemos isso, por exemplo, nos jogos de videogame. Vemos a destruição, mas não se vê o choro da família, o sangue derramado, a consequência da polícia e assim por diante. É próprio da sociedade moderna não querer falar de morte, nem de fracasso, porque ela induz a pessoa humana a sua onipotência, achando que o ser humano é onipotente em si mesmo. Assim, perde-se a razão ser o que ele é. Ele não é onipotente e sim um ser limitado, mas que sabe fazer dessas limitações humanas uma razão para a própria sobrevivência.”   (03/03/13)
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SAÚDE BUSINESS WEB

UTIs podem ser obrigadas a ter câmeras de segurança

A suspeita recente de que uma equipe de médicos e enfermeiros vinha provocando a morte de pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba levou dois deputados a apresentar projetos de lei com o objetivo de proteger os doentes. Os PLs 5022/13 e 5024/13 obrigam hospitais públicos e privados a instalar câmeras de segurança nas UTIs.
Quatro médicos e uma enfermeira já foram presos em razão das suspeitas no Paraná, causadas por denúncias de pacientes e familiares. Até o último dia 22, a polícia já havia ouvido 60 depoimentos relacionados ao caso. Uma hipótese levantada durante a investigação é que as mortes tenham sido provocadas pelo uso de anestésicos e pela diminuição do oxigênio dos respiradores.
Apesar das denúncias, não há nenhuma prova material dos crimes e todos os acusados negam qualquer irregularidade.
Câmeras
Os dois projetos que tramitam na Câmara pretendem garantir imagens de todas as áreas utilizadas pelos pacientes nos hospitais. O material poderia ajudar os familiares e a justiça em caso de dúvidas quanto à atuação dos profissionais de saúde.
“Considerando o processo que investiga eutanásia no Hospital Evangélico de Curitiba, assim como tantos relatos de pacientes do SUS verifica-se a prática de desrespeito e agressividade de alguns enfermeiros, médicos e auxiliares de saúde com pacientes de UTIs. Nesse sentido, se faz necessária a instalação de aparelhos de circuito interno para coibir esse tipo de prática e aumentar a segurança de quem necessita de UTI nos hospitais públicos e privados do País”, argumentou o deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), autor do PL 5022/13. (04/03/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha

Assessora de Comunicação