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DESTAQUES
Casos suspeitos de coronavírus no Brasil aumentam em 71%. Goiás investiga três
Inteligência artificial que prevê doenças é adotada por Unimed em Goiânia
O País reage ao coronavírus
Genomas de vírus dos dois brasileiros são diferentes
Mais Médicos só tem dez profissionais cubanos
Coronavírus pode infectar paciente duas vezes, aponta estudo
Hospitais são propícios para dupla infecção por vírus e bactérias
Programa de residência médica traz 26 novos profissionais para unidades de saúde em Goiânia
JORNAL OPÇÃO
Casos suspeitos de coronavírus no Brasil aumentam em 71%. Goiás investiga três
Por Fernanda Santos
São apenas dois casos confirmados da infecção no Brasil, ambos em São Paulo, estiveram na Itália recentemente e passam bem
De acordo com balanço diário do Ministério da Saúde (MS), Goiás tem 3 casos suspeitos de coronavírus. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO).
Em todo Brasil, são investigadas 433 suspeitas da infecção. No entanto, ainda são apenas dois os casos confirmados, ambos em São Paulo e os pacientes estiveram recentemente na Itália. Os sintomas dos dois são leves, por isso seguem em isolamento domiciliar.
Com essa atualização, as suspeitas subiram em 71% no país. A última notícia que se tinha, no domingo, eram de 252 casos investigados. No total, 162 já foram descartados pelo MS.
No mundo todo, cerca de 90 mil pessoas foram infectadas pelo Covid-19, das quais, a Organização Mundial da Saúde apontou 3.030 mortes. A letalidade da doença ainda é baixa, porém maior entre pessoas com saúde debilitada e idosos.
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Inteligência artificial que prevê doenças é adotada por Unimed em Goiânia
Por Italo Wolff
Programa de computador que foi desenvolvido na UFG e premiado internacionalmente é capaz de antecipar complicações de doenças crônicas com 97% de acurácia
Em Goiânia, a Unimed tem utilizado uma inteligência artificial capaz de prever quando pacientes crônicos de doenças como a diabetes terão complicações clínicas. O mais surpreendente: o software (ainda sem nome) é capaz de fazer estas predições com base apenas em informações financeiras da operadora de planos de saúde, sem ler dados clínicos como resultados de exames, pareceres médicos ou prontuários de pacientes. O resultado da tecnologia será apresentado em simpósios da Unimed e poderá ser adotado em outras unidades do país.
Fruto da tese de doutoramento em Ciências da Computação de Rafael Teixeira pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e orientado por Anderson Soares, o algoritmo é um exemplo do potencial que imensas bases de dados (big data) oferecem. A dupla de cientistas da computação explica que a ideia surgiu de conversas com médicos e funcionários da operadora de planos de saúde que estavam preocupados em reverter esforços da cooperativa médica para o pequeno percentual que mais necessita de atenção.
Sabendo que o programa teria de seguir as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados para ser aplicável na prática, Rafael Teixeira não pôde contar com informações pessoais dos clientes, nem mesmo as de valor médico. Só teria acesso aos dados transacionais detidos pela operadora de planos de saúde; informações financeiras que significam apenas a realização de exames. “Fizemos a ferramenta, mas precisávamos ligar à outra ponta, que são os clientes das operadoras”, explica Rafael Teixeira. “Eles nos ajudaram a fazer a modelagem fornecendo informações sobre exames feitos por 300 mil clientes.”
Aprendizado profundo
Para a tese de doutorado, que será defendida dentro de um mês, Rafael Teixeira se concentrou nas complicações advindas da diabetes, como amputações de membros, paradas cardíacas e falências renais. Alimentada com os dados transacionais financeiros, a inteligência artificial começou a encontrar padrões nos exames que foram feitos por pacientes antes de complicações surgirem. A ferramenta foi “ensinada” por deep learning a reconhecer quais exames precedem uma parada cardíaca e o desempenho do software foi continuamente aprimorado à medida que novas informações foram inseridas.
Rafael Teixeira explica: “Só sabemos que a pessoa fez um exame, mas sabemos sobre todas os clientes fizeram esse exame no passado e o que ocorreu com eles posteriormente. Existe um padrão de progressão da pessoa em tratamento. Um paciente vai ao pronto socorro algumas vezes, sentindo determinados sintomas, médicos pedem certos exames. Assim, o algoritmo percebe o que acontece antes do infarto e alerta médicos sobre pacientes em risco”.
O orientador da tese, Anderson Soares, explica sobre a importância do diagnóstico precoce: “A ideia é prever a entrada de pacientes em fase aguda. Pode-se fazer uma angioplastia eletiva ao invés de aguardar a parada cardíaca. Recupera-se o paciente de forma tranquila, sem sequelas, já que a maioria das pessoas que sobrevivem a uma parada cardíaca saem dela com sequelas”.
Ciência em favor da saúde
Atualmente, o algoritmo é capaz de prever com seis a 12 meses de antecedência quem sofrerá as consequências de doenças crônicas com 97% de acurácia. Através da análise dos exames que estão sendo feitos pelos clientes, a inteligência artificial (IA) é capaz de direcionar a atenção de médicos a pacientes em risco. Não mais limitada aos diabéticos, a IA acompanha todos os pacientes de doenças crônicas em Goiânia.
“Consigo identificar metade dos diabéticos que irão piorar com taxa de falso positivo de 50%”, explica Rafael Teixeira. “De 100 pessoas que terão complicações, prevejo metade”. O índice parece baixo, mas quando se considera que cerca de 97% dos pacientes permanecerão estáveis, o algoritmo ganha importância. O programa encontra com alta acurácia o pequeno grupo de risco em um universo com milhares de indivíduos.
“Em uma lista de 300 mil pessoas, identificamos 100 em que pelo menos 50 terão complicações. Então reduzimos bastante o foco e podemos destinar atenção adequada à esta centena”, explica Rafael Teixeira. O doutorando afirma que a solução resolve um dos maiores problemas das operadoras: o alto número de clientes com doenças crônicas que precisam de cuidados. “Não se pode oferecer o mesmo nível de cuidado preventivo. Nem mesmo é desejável exigir consultas frequentes ou destinar nutricionistas e psicólogos a pessoas saudáveis”.
O futuro da medicina
Dr. Diolindo dos Santos Freire Neto, ginecologista associado à Unimed, explica a importância da tecnologia para sua atividade: “Cerca de um terço dos recursos são consumidos com 4% dos pacientes mais graves. O Centro de Excelência em Inteligência Artificial da UFG usa inferências para chegar a uma lista de pessoas com maior risco, e então podemos nos antecipar a complicações com medidas preventivas simples e eficientes. Nossa intenção é transformar a unidade da Unimed do Setor Aeroporto, que atualmente trata de prevenção, em uma unidade de predição no futuro”.
Daniel Albuquerque, Diretor Executivo da PhD Consult, empresa de consultoria na área de saúde, afirma que a tendência é de atuação conjunta entre médicos e máquinas. Isto é, decisões clínicas feitas por médicos com base na apuração de grandes bases de dados processadas por computador. “Um não substituirá o outro; vemos uma clara melhora no desempenho quando os dois estão associados”.
Daniel Albuquerque explica que a principal diferença entre inteligência artificial e inteligência humana é que a complexidade é um fator bom para máquinas e ruim para pessoas. O computador consegue encontrar padrões onde seria impossível para médicos experientes, porque algumas correlações não são causais; ou seja não são clinicamente previsíveis. São relações chamadas de “caixa preta”, fatores que estão ligados mas não são previsíveis do ponto de vista médico.
A tese “Predição de complicações em diabéticos para aprimoramento de cuidados preventivos” conseguiu algo que poucas IAs fazem. Anderson Soares diz: “Este algoritmo cumpre uma tarefa impossível para humanos. Na maioria das vezes o software apenas automatiza uma atividade repetitiva, mas, neste caso, o programa faz algo impossível para um médico. Ele consegue fazer ligações que não estão no contexto clínico”.
Com o trabalho, a dupla foi vencedora do concurso internacional de automação da Johnson & Johnson Champions of Science Storytelling Challenge 2019. Entretanto, Anderson Soares conta que o reconhecimento pelo trabalho vem de realizações menores: “Quando apresentamos o trabalho em uma palestra, uma moça levantou a mão e disse que sua mãe havia recebido pedido para realizar um exame das coronárias por iniciativa da operadora. Quando fez o exame, descobriu que já estava com 98% da artéria fechada”.
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AGÊNCIA ESTADO
O País reage ao coronavírus
A epidemia global de coronavírus (Covid-19) iniciada na China no final do ano passado já infectou, aproximadamente, 89 mil pessoas — das quais cerca de 3 mil morreram — em 17 países, inclusive o Brasil, onde dois casos de contaminação de pacientes que viajaram à Itália foram confirmados em São Paulo, ambos sem gravidade.
A justificada apreensão quanto à evolução da nova doença tem afetado fortemente os humores das pessoas e dos mercados mundo afora. Observa-se uma corrida desenfreada às farmácias em busca de máscaras cirúrgicas, que só devem ser usadas por quem apresenta os sintomas de gripe, e frascos de álcool em gel, eficaz na prevenção. Escolas têm recomendado a alunos que viajaram ou tenham tido contato com pessoas que viajaram a países afetados pela epidemia que fiquem em casa. Empresas idem. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu de 2,9% para 2,4% sua projeção de crescimento global para este ano em função do surto de Covid-19, que afeta primordialmente a China, país que há três décadas puxa o indicador para cima.
Uma onda de pânico e desinformação é mais perniciosa do que os efeitos do coronavírus por atribuir à doença uma gravidade muito maior do que a que ela tem na realidade. O diagnóstico de coronavírus não é uma sentença de morte, bem longe disto. Na esmagadora maioria dos casos, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe simples (febre, tosse, coriza). Os casos fatais foram observados em pacientes que já eram suscetíveis a problemas respiratórios mais sérios, o que explica a baixa taxa de mortalidade da nova cepa do coronavírus, entre 2,5% e 3%. Neste sentido, a mídia profissional, a comunidade científica e a administração pública brasileiras vêm agindo muito bem até o momento para evitar que à epidemia se acrescente o pânico.
Apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil — o primeiro na América Latina — cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Adolfo Lutz, em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, sequenciaram o genoma da cepa que chegou ao Brasil, nomeada Sars-CoV-2. Trata-se de um grande feito da ciência brasileira e mostra a importância da coordenação de esforços em nível global para enfrentar essa ameaça epidemiológica ainda por ser totalmente pesquisada. Com base neste trabalho, pôde-se identificar a origem do vírus que contaminou os brasileiros, desconhecida até na Itália, e avançar nos estudos para o desenvolvimento de uma vacina.
Até aqui, também merecem destaque as ações proativas dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia. A pasta da Saúde tem se mostrado uma fonte de informação preciosa em relação à doença e às formas de prevenção. Em meio à disseminação de fake news — até uma xícara de água morna aparece como forma de "matar" o coronavírus, o que é uma grossa mentira –, tanto o site do Ministério da Saúde como o portal da pasta no YouTube são bastante esclarecedores. Pena que, pelo que mostram os números, pouca gente os acesse. Também é positiva a ação do Ministério da Saúde de antecipar a campanha nacional de vacinação contra a gripe Influenza para o próximo dia 23. Ela não imuniza contra o coronavírus, mas evitará que os casos não relacionados ao Sars-CoV-2 sobrecarreguem o sistema público de saúde.
Já o Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a pasta da Saúde, criou uma rede de pesquisadores de alto nível oriundos de entidades científicas e universidades federais a fim de decifrar a nova doença e estudar formas de imunização. Ou seja, o País tem os seus melhores cientistas debruçados sobre um problema que preocupa o mundo inteiro, o que há de dar algum conforto aos cidadãos mais aflitos.
Igualmente tranquiliza, ao menos por ora, ouvir de especialistas como o imunologista Dráuzio Varella que o Sistema Único de Saúde (SUS) está preparado para atender os casos de coronavírus no Brasil. Oxalá esta capacidade não precise ser testada.
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FOLHA DE S.PAULO
Genomas de vírus dos dois brasileiros são diferentes
Análise sugere que há transmissão interna na Europa, diz diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP
Karina Toledo
O genoma do coronavírus isolado no segundo paciente brasileiro diagnosticado com a doença no sábado (29) é diferente do encontrado no primeiro caso, confirmado no dia 26 de fevereiro.
"O primeiro isolado se mostrou geneticamente mais parecido com o vírus sequenciado na Alemanha. Já este segundo genoma assemelha-se mais ao sequenciado na Inglaterra. E ambos são diferentes das sequências chinesas. Tal fato sugere que a epidemia de coronavírus está ficando madura na Europa, ou seja, já está ocorrendo transmissão interna nos países europeus. Para uma análise mais precisa, porém, precisamos (ios dados da Itália, que ainda não foram sequenciados", disse à Agência Fapesp Ester Sabino, diretora do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da Universidade de São Paulo (USP).
O sequenciamento completo do segundo isolado viral foi concluído em apenas 24 horas por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da USR Os dados do estudo, apoiados pela Fapesp, devem ser divulgados em breve.
Após a publicação da primeira sequência brasileira do novo coronavírus no site virological.org, no dia 28 de fevereiro, pesquisadores italianos entraram em contato com a equipe da USP para solicitar o compartilhamento dos protocolos usados.
Os isolados virais dos dois pacientes brasileiros diagnosticados com covid-19 foram sequenciados por um grupo coordenado por Cláudio Tavares Sacchi, responsável pelo Leial (Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz), e Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP
O trabalho tem sido conduzido com apoio do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde) uma rede de pesquisadores dedicada a responder e analisar dados de epidemias em tempo real, coordenada por Sabino e Nuno Faria, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O projeto, cujo foco principal é o estudo de arboviroses, como dengue e zika, tem apoio de Fapesp, Medicai Research Council e Fundo Newton (os dois últimos do Reino Unido).
"Nosso objetivo inicial era treinar a equipe do Adolfo Lutz e implementar a tecnologia necessária para o monitoramento em tempo real da epidemia de dengue em curso no Brasil Quando foram divulgados os casos de coronavírus na China, em janeiro, começamos a nos preparar para também monitorar em tempo real essa nova doença", contou Sabino.
O grupo faz uso de um equipamento portátil conhecido como MinlON, usado pela primeira vez no país em 2016 para traçar retrospectivamente a disseminação e a evolução do vírus zika nas Américas.
"Essa agilidade só está sendo possível agora graças ao financiamento contínuo que nosso grupo no IMT-USP recebeu desde 2016. Os protocolos para sequenciamento foram desenvolvidos por uma aluna durante estágio de pesquisa em Birmingham [Reino Unido].
Conseguimos baixar o custo do teste molecular de US$ 500 R$ 2,2 mil] para US$ 20 R$ 89]. É um ganho tecnológico enorme para o país."
Segundo a pesquisadora, a principal vantagem do monitoramento em tempo real de uma epidemia é a possibilidade de identificar de onde exatamente veio o vírus que chegou ao país. Tal informação pode orientar ações de contenção e ajudar a reduzir a disseminação da doença.
"É uma nova ferramenta para vigilância epidemiológica, que por enquanto só foi testada na África, durante a epidemia de ebola", disse Sabino. "Queremos divulgar logo esta segunda sequência para ajudar o pessoal da Itália a analisar seus dados. Compartilhamos com os italianos o protocolo usado por nossa equipe e os colocamos em contato com o grupo do Cadde na Inglaterra."
De acordo com Sacchi, enquanto forem confirmados apenas casos esporádicos de covid-19 em São Paulo, todos os genomas serão sequenciados. Caso os testes positivos comecem a se multiplicar em larga escala, o trabalho passará a ser orientado pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de Estado da Saúde, que também integra o Projeto Cadde.
"Nesse caso o sequenciamento passará a ser feito por amostragem e com base em métodos estatísticos, de modo a garantir que os casos amostrados sejam representativos do total", explicou o pesquisador do Adolfo Lutz.
Caso seja possível sequência r um grande número de isolados virais, diversos tipos de análise poderão ser feitos no futuro, como a evolução do vírus e a identificação de cepas de pior evolução clínica, por exemplo.
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Brasil tem 433 casos de suspeita
O número de casos de suspeita de infecção pelo novo coronavírus no Brasil subiu nesta segunda (2) para 433, segundo dados do Ministério da Saúde.
No domingo (I o ), eram 252. O estado com o maior número de casos de suspeita é São Paulo, com 163, seguido por Rio Grande do Sul, com 73, de acordo com as informações divulgadas na Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde, do ministério. A lista segue com 42 casos de suspeita no Rio de Janeiro e 48 em Minas Gerais.
O país tem dois casos confirmados de coronavírus – dois homens, um de 61 e outro de 32 anos, vieram da Itália e estão em quarentena em São Paulo.
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Coronavírus pode infectar paciente duas vezes, aponta estudo
Resultado de exames sugere que o vírus permanece por mais tempo no organismo do que se imaginava
Matheus Moreira
Um estudo publicado na revista científica americana Jama (Journal of the American Medicai Association) diz que os testes de quatro profissionais da saúde chineses deram positivo para o novo coronavírus pela segunda vez após terem recebido alta. Um deles está internado, Os pacientes foram atendidos no hospital da Universidade de Wuhan, na cidade que é o epicentro da epidemia na China. A descoberta sugere que o vírus permanece por mais tempo no organismo do que se imaginava. No Japão, uma mulher que recebeu tratamento também voltou a apresentar a doença, Os quatro pacientes passaram por exames após o tratamento e o resultado para a presença do vírus foi negativo. Três dos quatro receberam alta e um deles foi mantido em isolamento.
Após a alta, os funcionários e seus familiares foram convida dos a manterem isolamento domiciliar durante cinco dias. Ao fim do período, os testes foram repetidos e todos deram positivo, indicando a recidiva (retomo) da infecção.
Para confirmara recidiva, a equipe médica fez novos testes com material de um fabricante diferente. O resultado foi positivo para todos os quatro pacientes. Dessa vez, a infecção foi assintomática.
Segundo os relato s dos funcionários que tiveram recaída, eles não tiveram contato durante os cinco dias em casa com nenhuma pessoa que tivesse problemas respiratórios. Além disso, testes identificaram que os familiares (chamados de contactantes na linguagem médica) não foram infectados.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo sugerem que os testes sejam refeitos com pacientes que não são profissionais da saúde e que tenham manifestado formas mais graves da doença para que se possa entender melhor o prognóstico da covid-19.
Para Amílcar Tanuri, professor titular do departamento de genética da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) é preciso tomar cuidado com falsos positivos, uma vez que o teste que amplia os sinais da presença do vírus pode estar ampliando, na verdade, resquícios da infecção anterior.
A pedido da Folha, Tanuri analisou o estudo para avaliar os dados. Ele explica que a situação apresentada se relaciona com o que tem sido discutido no grupo técnico de coronavírus do qual participa na UFRJ.
"O que está mostrando aí é que os pacientes se recuperaram clinicamente, mas tinham vírus na secreção. Isso é uma preocupação para o controle da doença, porque essas pessoas podem continuar infecciosas", disse.
Para Tanuri, caso a possibilidade se confirme de que os pacientes com recidiva podem infectar outras pessoas, haveria justificativa suficiente para alterar os critérios de quarentena domiciliar, ampliando o tempo de isolamento. "Talvez se possa usar o PCR como critério, para somente tirar das quarentenas domiciliares as pessoas que zerarem em duas medições do PCR".
A bióloga Rafaela Rosa-Ribeiro, que trabalha com um grupo de virologistas no hospital San Raffaele em Milão, na Itália, diz que há duas hipóteses que podem ajudar a compreender a re infecção.
A primeira – e mais provável- é a de que o vírus permaneça nas vias aéreas inferiores, nos alvéolos, mesmo após o tratamento. Isso porque os exames que testam para sua presença são feitos com material coletado das vias aéreas superiores (nariz e garganta). "Quando a pessoa não tem mais sintomas e os exames dão negativo na coleta em vias superiores, o paciente é liberado, porém ele pode ter vírus nas vias inferiores e, depois de um tempo, voltar a se replicar nas vias superiores", explica.
A segunda hipótese é a de que o sistema imunológico das pessoas re infectadas não esteja funcionando como esperado. "Acredito que a chance seja baixa, mas parece que o sistema imunológico não permaneça eficiente ou talvez o vírus modifique e não seja reconhecido."
Uma possibilidade preocupante é que o coronavírus siga o que é conhecido como infecção bifásica: o vírus persiste e causa um conjunto de sintomas diferente do observado no ataque inicial.
Em pacientes infectados pelo ebola, o vírus pode persistir por meses nos testículos ou nos olhos, mesmo após a recuperação – e pode infectar outras pessoas e manter a epidemia em andamento.
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O GLOBO
Mais Médicos só tem dez profissionais cubanos
Após o fim da parceria de Cuba com o governo brasileiro, venezuelanos são hoje maioria, seguidos de argentinos, uruguaios e bolivianos. O total de clínicos do programa atualmente é de 13.845
ANDRÉ DE SOUZA
andre.renato@bsb.oglobo.com.br
Mais de um ano depois de Cuba anunciar o fim da parceria com o governo brasileiro para fornecer profissionais para o programa Mais Médicos, restam apenas dez cubanos hoje em atuação no Brasil. No auge, eles somavam milhares e eram o principal grupo, superando até mesmo os brasileiros. Atualmente, os estrangeiros mais numerosos no Mais Médicos são os venezuelanos. Eles são 91, de um total de 269 nascidos fora do Brasil, distribuídos por 25 nacionalidades diferentes.
Os números são do Ministério da Saúde e foram obtidos pelo site Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação. Em resposta ao GLOBO, a pasta explicou que os dez médicos cubanos chegaram ao Brasil através da parceria com o governo de Cuba. Depois do fim do acordo, eles retornaram ao programa graças a decisões judiciais. Os demais estrangeiros, inclusive os venezuelanos, fizeram o processo de inscrição individual.
No fim de 2018, a cooperação entre os dois países foi encerrada por decisão de Cuba. Na época, o Ministério da Saúde cubano alegou que o então presidente eleito Jair Bolsonaro, "com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou que modificará os termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde e o que foi acordado com Cuba".
Cuba agora é apenas o quinto país de procedência dos médicos estrangeiros, ao lado do México, que também tem dez profissionais. A frente, além dos 91 venezuelanos, também há 59 argentinos, 24 uruguaios e 16 bolivianos. Do restante, boa parte é da América Latina e Caribe. Haiti, Honduras, República Dominicana, Paraguai, Peru, Colômbia, El Salvador, Panamá, Belize, Equador e Nicarágua reúnem 41 médicos.
Fora do continente, o maior contingente é da Alemanha: cinco profissionais. Outros quatro países da Europa- Espanha, Itália, Portugal e República Tcheca – forneceram juntos mais dez. Da África, há um de Benin e outro da Nigéria. Por fim, há um da Síria, no Oriente Médio.
A planilha fornecida pelo Ministério da Saúde por meio da Lei de Acesso à Informação mostra, entre brasileiros e estrangeiros, 58.042 médicos. Ao GLOBO, a pasta explicou que esse é todo o histórico de profissionais que foram homologados no programa. O número de médicos trabalhando atualmente é bem menor: 13.845. Em seu pico, o programa teve um pouco mais de 18 mil médicos.
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PORTAL R7
Hospitais são propícios para dupla infecção por vírus e bactérias
É possível contrair simultaneamente coronavírus e outro agente infeccioso; pacientes internados com quadros respiratórios devem ser isolados
A circulação de influenza (gripe) e a possibilidade de transmissão sustentada do novo coronavírus aumentam a preocupação com a possibilidade de infecção por dois ou mais agentes infecciosos, principalmente, em ambientes hospitalares.
Um artigo de pesquisadores norte-americanos, publicado na revista científica PLOS ONE em 2016, ressalta que a "infecção simultânea do trato respiratório com pelo menos dois vírus é comum em pacientes hospitalizados, embora não esteja claro se essas infecções são mais ou menos graves que as infecções por um único vírus".
De acordo com o artigo, vários vírus respiratórios são capazes de participar de infecções simultâneas, incluindo influenza e outros tipos de coronavírus.
"Sabe-se há muito tempo que infecções virais simultâneas exibem um fenômeno chamado interferência viral, em que um vírus bloqueia o crescimento de outro vírus."
O infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, afirma que "o fato de você já ter uma alteração por um dos vírus muda um pouquinho as defesas do trato respiratório, isso facilita a infecção não só por outros vírus, mas mesmo por bactérias".
Gorinchteyn explica que diante de uma infecção por bactéria, é necessário o uso de antibióticos, que se não forem administrados, pode haver agravamento do quadro do paciente.
Segundo o médico a coinfecção em hospitais é um problema e por isso é importante o isolamento de pacientes com quadros respiratórios.
"O isolamento inclusive dos pacientes com influenza. Às vezes o paciente está internado com uma cólica renal e acaba se infectando por vírus respiratório."
Um estudo conduzido por médicos chineses e publicado na revista científica The Lancet, em 30 de janeiro, analisou 99 pacientes internados com infecção pelo SARS-CoV2 em Wuhan, epicentro da epidemia. Quatro deles tinham coinfecção por fungos e um por bactéria.
"Alguns pacientes, especialmente os gravemente enfermos, tiveram co-infecções por bactérias e fungos. As culturas bacterianas comuns de pacientes com infecções secundárias incluíam A baumannii, K pneumoniae, A flavus, C glabrata e C albicans. […] Para infecções mistas graves, além dos fatores de virulência dos patógenos, o status imunológico do hospedeiro também é um dos fatores importantes. Velhice, obesidade e presença de comorbidade podem estar associadas ao aumento da mortalidade", relataram os pesquisadores.
Um artigo publicado no periódico científico Journal of Infection, analisou quatro casos ocorridos durante a epidemia de MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio) que apresentaram coinfecção. Os pacientes apresentaram contaminação por influenza e HIV.
O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a presença de dois vírus não faz, necessariamente, que o caso seja mais grave, mas ele ressalta a importância da vacinação contra gripe.
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PORTAL G1
Programa de residência médica traz 26 novos profissionais para unidades de saúde em Goiânia
O projeto é desenvolvido para formar especialistas para as unidades básicas de saúde da capital. Fazem parte áreas como mastologia, ginecologia e pediatria.
O Programa de Residência Médica da Prefeitura de Goiânia, apresentou na manhã desta segunda-feira (2), 26 novos médicos que devem realizar treinamentos e compor o quadro de profissionais de Unidades Básicas de Saúde (UBS's), hospitais e maternidades da capital. A formação deles deve ocorrer nas áreas de mastologia, neonatologia, pediatria, ginecologista e medicina da família.
Todos os profissionais receberão bolsa financiada pelos Ministérios da Educação e Saúde. Eles precisarão desenvolver as atividades teóricas e práticas para a formação completa, com carga de 60 horas semanais e duração média de dois anos.
A secretária de Saúde, Fátima Mrué, afirmou que o objetivo é que os residentes ampliem os conhecimentos nas respectivas especializações e saiam capacitados em atenção primária à saúde.
Segundo ela, a especialização ofertada pelo município é classificada como ensino de pós graduação latu sensu feita por treinamento em serviço.
"Os médicos que escolheram as diferentes especialidades propostas, acredito que vão consolidar os atendimentos em locais bem preparados", avaliou.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação