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DIÁRIO DA MANHÃ
Unimed Goiânia garante atendimento aos exames de imagem
Em informe publicitário publicado hoje, a Unimed Goiãnia afirma que a paralisação do atendimento anunciada no domingo pelo Sindimagem, sindicato que representa as clínicas de diagnóstico por imagem, não vai prejudicar seus beneficiários. O atendimento, de acordo com o Sindimagem, será suspenso nos dias 5, 6 e 7 de junho,.
Clique aqui e confira o informe: http://www.dm.com.br/jornal/#!/view?e=20130604&p=7
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O remédio para curar a Saúde Pública
DIÁRIO DA MANHÃ
HÉLMITON PRATEADO
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, foi buscar nos quadros efetivos da Saúde de Goiânia um secretário de perfil técnico, mas que não deixasse de falar a linguagem política. O médico anestesiologista, Fernando de Araújo Machado foi o escolhido. Ele, que também atua na área de terapia intensiva, é servidor de carreira da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) desde 2007. Antes de assumir a Pasta, em 10 de janeiro deste ano, foi diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em 2005 e 2006 e depois assumiu a direção de Regulação, Avaliação e Controle. Até agora, caiu nas graças dos vereadores de Goiânia e tem mostrado disposição e coragem para enfrentar os desafios da Saúde pública. Não se furta em assumir o papel da capital de não fechar as portas para o interior, mas alerta: "Solução deve ser conjunta". Nesta entrevista exclusiva ao DM, Fernando Machado faz um diagnóstico, assume problemas e aponta soluções que está adotando para melhorar os serviços de Saúde em Goiânia.
Diário da Manhã – Quais são os problemas e as principais causas da crise na saúde pública?
Fernando Machado – A princípio, o formato que a saúde pública tem hoje, foi definido pela Constituição de 1988. Por causa disso, hoje temos uma situação em que a saúde é obrigada a oferecer de tudo para todos e a todo momento. Ou seja, universal, integral e o tempo todo. E não foi criado um arcabouço, nem jurídico, nem legal e muito menos administrativo para chegarmos nesse ponto ideal. Então, temos ainda uma série de demandas reprimidas que precisam ser atendidas. Isso quer dizer que o Sistema Único de Saúde está andando, avançou mas ainda desenhando a perna para o próximo passo.
DM- Quais seriam essas demandas reprimidas?
Fernando Machado – O que ilustra bem isso é uma demanda reprimida de consultas oftalmológicas de mais de 35 mil consultas para o Estado inteiro. Como não se consegue levar o oftalmologista para o interior, que é o médico especialista, e acaba ficando caro descentralizar, essas demandas vêm todas para Goiânia. A Capital então, acabou virando anteparo de todo o Estado, inclusive de outros Estados do País. Goiânia teve de se preparar para atender tudo nas demandas de especialidades, inclusive na área de Oncologia, que é o câncer, na área de Oftalmologia, cirurgia vascular, cirurgia cardiovascular, terapia intensiva, que são as UTI’s e muitas outras.
DM – A falta de UTI's em Goiânia é o problema mais grave?
Fernando Machado – Não faltam vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiânia. Isso é um equívoco. Faltam leitos de UTI em Goiás. Goiânia tem hoje 348 leitos de UTI, se atendêssemos somente os goianienses sobrariam 50% dos leitos. Não vamos deixar de atender as pessoas do interior, mas é preciso descentralizar esse atendimento nos outros locais que são polos regionais no Estado. Nossa dificuldade com leitos de UTI na Capital é que a Saúde não consegue levar o médico intensivista para o interior. Para melhorar o atendimento na saúde é fundamental que haja uma descentralização desses polos de alta complexidade no Estado. São as regiões mais desenvolvidas economicamente, como Rio Verde, Porangatu, Itumbiara e Trindade que têm condições de colocar para funcionar esses polos de alta complexidade e desafogar as unidades da Capital.
DM – E por que esses polos não estão atendendo a população dessas regiões? É comodidade?
Fernando Machado – Não é comodidade dos prefeitos, pois criar estrutura física de um prédio de um hospital nesses municípios não é tão difícil. Basta o investimento para criar uma estrutura adequada. O entrave hoje está na descentralização as equipes de Saúde. Tirar médicos e enfermeiros da Capital e levá-los para o interior. Temos essa grande dificuldade de ter generalistas, clínicos e profissionais comprometidos com atenção integral à Saúde nas partes mais periféricas dos municípios e no interior do Estado. Esse é o maior desafio.
DM- Qual é o caminho para essa interiorização?
Fernando Machado – Além de um adequado plano de carreira, é preciso criar situações atrativas tanto financeiramente quanto estruturalmente. Temos de ajudar, principalmente as universidades, a estimular a formação desses profissionais que querem ser generalistas. Que eles tenham isso como profissão. Hoje, todo médico quer se formar e rapidamente se tornar um especialista. Isso é grave para a Saúde pública. Há a questão financeira, pois ser especialista é mais rentável. Há a questão da comodidade em que o profissional acaba fugindo de plantões e de situações não atrativas. A solução é focar em boas condições para o trabalho do generalista e na interiorização da Saúde pública.
DM- O senhor tem conclamado a população a buscar a Estratégia Saúde da Família para desafogar os Cais. Mas essas unidades também enfrentam problemas de estrutura e falta de médicos. Como resolver isso?
Fernando Machado – A Estratégia Saúde da Família foi implantada a partir de 2004 em Goiânia e para que começasse a funcionar de forma mais rápida, foi implantada em prédios locados. Hoje estamos tendo o cuidado de substituir essas estruturas locadas por prédios próprios, mais adequadas para atender a esse pessoal. Reconhecemos que temos unidades de saúde da família com estruturas inadequadas. São unidades que foram adaptadas, mas estamos fazendo essa substituição aos poucos e também construindo novos centros. Neste mês de maio, por exemplo, inauguramos o Centro de Saúde da Família Antônio Pires, no Bairro Orlando de Morais. O prefeito Paulo Garcia vai entregar mais quatros unidades desse porte em Goiânia.
É preciso criar a figura do médico de Estado, o médico de carreira”
DM – As pessoas resistem em procurar a Saúde da Família. Preferem os Cais. Como o senhor pretende convencê-los?
Fernando Machado – É um processo de conscientização, mas as profundas mudanças na saúde só ocorrem assim. Além de capacitar nossos próprios gestores, diretores e supervisores, estamos tentando criar uma cultura na população. Só vamos conseguir caminhar bem dentro da saúde se reforçarmos essa Estratégia Saúde da Família. Dentro dessa ótica temos a ideia do programa "Melhor em Casa" para evitar a hospitalização precoce de pacientes. É um programa no estilo do Homecare, que ao invés da pessoa ser hospitalizada de forma inadequada, vai ser tratada em casa com administração de medicamentos, curativos e apoio psicológico. Isso evita que a pessoa seja exposta a um ambiente de risco de infecção e outros agravos emocionais e ainda desafoga a rede hospitalar.
DM- Mas e quanto a falta de médicos nas unidades?
Fernando Machado – Temos hoje 1.800 médicos lotados na Secretaria de Saúde de Goiânia. Desses, uma média de 600 médicos são contratados temporariamente. Vamos substituir parte dessa parcela com o chamamento do concurso. A próxima convocação do concurso da saúde vai chamar mais 160 médicos aprovados. Somando as contratações temporárias e o concurso, a Prefeitura terá contratado mais de 500 médicos. Mas isso não vai resolver a questão que as pessoas têm chamado de "falta de médicos". A rotatividade na rede é muito grande, pois o perfil do médico é o de quem acabou de se formar e está aguardando a oportunidade de entrar em uma residência. O que entra por concurso tem rotatividade menor. Mesmo finalizando esse processo, ainda vamos ter cerca de 400 que são conveniados ou contratados.
DM- Há quem afirme que os fatores que afugentam os médicos são locais de difícil acesso e os salários. Isso procede?
Fernando Machado – A questão financeira é sim um incentivo do mercado. Hoje um médico do município recebe em torno de R$ 9 mil bruto. Para o recém-formado é um bom salário, mas o mercado foi moldando esses valores maiores devido a lei da oferta e procura. O especialista de mercado ganha em torno de R$ 20 a R$ 25 mil. Mesmo com esse valor (R$ 9 mil) não conseguimos profissionais. Por isso, precisamos ter um plano de carreira, boas condições de trabalho, resolutividade dos pacientes e capacitação. A medicina tem um avanço rápido e o médico fica insatisfeito com sua profissão se não acompanhar. É preciso criar a figura do médico de Estado, o médico de carreira, mas não é fácil o poder público pagar esses valores de mercado. Por isso, vamos tentar aprovar uma medida para gerar incentivo para que os médicos e outros profissionais se fixem em lugares de acesso mais difícil.
DM- Muitos usuários também reclamam da qualidade do atendimento quando chegam à unidade. O que fazer para humanizar esse atendimento?
Fernando Machado – Essa humanização vem melhorando gradativamente na saúde pública, mas é preciso avançar mais. A humanização da saúde também é uma mudança cultural que ocorre por meio de capacitação e informação para que o profissional possa abordar o paciente, o usuário da saúde e os acompanhantes. Temos de desarmar os parentes do usuário que aguardam nas urgências e ambulatórios e orientar a população para o local onde ela vai ser atendida. Em alguns casos, a pessoa não sabe a prioridade de seu caso, mas mesmo assim ela quer ser atendida de imediato. Estamos criando um programa em parceria com a Secretaria da Juventude que se chama Jovens Acolhedores. São estagiários que estão sendo capacitados para acolher os usuários nos Cais e Ciams. Nos moldes do Posso Ajudar(?), eles vão orientar e direcionar os usuários.
DM – Mas não é o longo tempo de espera que irrita o usuário nos Cais?
Fernando Machado – Não queremos que as pessoas esperem. Queremos reduzir esse tempo de espera, mas isso leva um tempo para mudar. É questão de cultura. Por exemplo, no sistema de Teleconsulta, onde a consulta é marcada por telefone, se a pessoa aguarda de 30 a 40 minutos a mais do horário marcado já gera tumulto. Em uma clínica particular, o paciente aguarda muitas horas. A população já está muito armada contra o serviço público por causa de informações que não são dadas de forma adequada. Também temos de oferecer um conforto maior, nas salas de espera e acolher melhor.
DM- E no caso dos exames e cirurgias. A espera também é longa. Quando isso vai mudar?
Fernando Machado – Temos de melhorar. Estamos realizando mutirões de especialidades para reduzir as filas e recentemente lançamos um mutirão de cirurgias em parceria com o Estado e que está fazendo mais de 4 mil cirurgias. Sobre exames, por exemplo, no Canadá, onde o sistema de saúde é avançado, mas similar ao SUS, uma ressonância magnética demora de três a quatro meses e o cidadão entende que o exame tem prioridade. No Brasil, o usuário não tem orientação sobre a prioridade e quer o serviço de imediato. Existem consultas que o paciente pode aguardar, para orientação e prevenção. É preciso orientar o profissional para atender de forma correta e estamos fazendo isso. Mas reafirmo, as pessoas esperam muitas horas na rede particular, mas se irritam facilmente e não toleram a espera no SUS.
Caminhada reduz em 70% doenças cardíacas. Isso é promoção de saúde”
DM – O senhor falou muito em atenção básica e promoção de saúde. Pode explicar melhor o impacto dessas duas áreas na vida das pessoas?
Fernando Machado – É um assunto que consumiria muitas páginas do jornal (risos), mas vamos citar pequenos exemplos. Quando a pessoa fica sabendo tudo o que a Atenção Básica pode fazer, passa a acreditar nela. Por exemplo, um diabético já avançado, obeso, tipo II, a Saúde não investe menos que R$ 1.500 a R$ 2 mil, por mês, para tratá-lo na Rede. Com medidas higiênico-dietético-alimentares e atividade física, esse tratamento cai para R$ 5 ou R$ 6 por mês. E a qualidade de vida que a pessoa ganha com esse tratamento na Atencão Básica, com a disposição e por não ter que ficar tomando insulina é um ganho imensurável. Não é preciso de endocrinologista, de hospital, de uma Medicina avançada para prevenir ou tratar esse diabetes em fase inicial ou até revertê-lo. Por isso, temos a convicção que a Atenção Básica acolhe, trata e fica mais barato e melhora a qualidade de vida da população.
DM – Como o poder público pode promover saúde?
Fernando Machado – Com ações simples. Estamos agora trabalhando para criar a Academia da Saúde, pois sabemos que com 30 ou 40 minutos de caminhadas aceleradas por dia, a pessoa tem um decréscimo de doenças cardiovasculares na ordem de até 70%. Hoje, a maior causa de mortalidade tanto em Goiânia como no Brasil é de doenças cardiovasculares. A segunda maior causa de mortalidade é o câncer, que ultrapassou as doenças infectocontagiosas. A Atenção Básica é capaz de descobrir um câncer na fase precoce e diminuir a mortalidade do câncer.
DM- Nossas unidades estão preparadas para isso?
Fernando Machado – Sim. Por isso estou insistindo na Estratégia Saúde da Família. Um médico generalista na Rede consegue descobrir um câncer na fase inicial. Com alguns sinais, sintomas e exame físico adequado, esse médico consegue descobrir câncer de mama, câncer de colo uterino, câncer de garganta, enfim, alguns tumores que são extremamente prevalentes e que matam as pessoas e fazem as famílias sofrerem em demasia. Além disso, o câncer causa um grande impacto financeiro na Saúde Pública, mas que é possível prevenir na maioria dos casos.
DM – Que casos preocupam mais quando o assunto é câncer?
Fernando Machado – Estamos assustados porque há um alto índice de mortalidade por câncer de mama. Se descoberto de forma precoce, o câncer de mama é curável em até 90% dos casos. Temos esse alto índice de cura, mas também um alto índice de mortalidade porque a doença é descoberta quando a pessoa já tem sinais e sintomas avançados. Um simples exame físico, na Atenção Básica, uma simples orientação de como fazer o autoexame, fazer a mamografia anualmente, ou bianualmente pra quem tem mais de 40 anos, tudo isso é Atenção Básica. Um tratamento de câncer de mama, depois da doença já instalado e avançado chega a custar para os cofres públicos de R$ 40 a R$ 50 mil. Esse valor investido e revertido na Atenção Básica, evitaria centenas de novos casos de câncer.
DM – O senhor citou o câncer de mama, mas o câncer de colo uterino também mata muito..
Fernando Machado – É verdade. Somos o quarto País no mundo com maior índice de mortalidade de câncer de colo uterino. Esse mal também pode ser evitado com exames adequados uma vez por ano, ou duas, em situação de risco. É um exame extremamente barato e simples de ser feito. Hoje não é preciso nem do médico para fazer uma coleta de exame Papanicolau. As enfermeiras já têm um kit para fazer isso. Precisamos de ajudar para criar na população a cultura de aderir aos programas da Atenção Básica. Evitaríamos câncer, diabetes, hipertensão, infartos e a qualidade de vida melhoraria.
DM – Mas a Estratégia Saúde da Família não é a única solução…
Fernando Machado – Insisto neste direcionamento para a Estratégia de Saúde da Família porque acredito que a população tem de buscar a saúde para se manter saudável e não apenas quando ficar doente. A Atenção Básica pode ajudar a pessoa a não ficar doente. Temos de fazer esse usuário migrar para os Centros de Saúde da Família, porque ali, a coisa mais sagrada não é nem o atendimento médico, mas a orientação que vai ser o diferencial na vida e na saúde deste usuário. A partir do momento que acreditar que isso é importante, todos esses programas que citamos aqui, a própria pessoa vai cobrar pra que ela esteja nos programas. Assim vamos conseguir evitar sofrimento, desonerar hospitais, cais, medicina de alta complexidade e cuidar dessas pessoas na ponta.
Atendemos 65% de pessoas do interior e não vamos fechar as portas. Preferimos solução conjunta"
Municipalizar a Saúde foi o caminho correto?
O processo é correto. Minha ressalva fica para adoção de políticas verticais na Saúde. Ou seja, é inadequado adotar políticas para hipertensão, diabetes, tuberculose, hanseníase para o País todo seguir de forma homogênea. Cada município tem sua peculiaridade, cada população tem o seu viés no tratamento, então cada município tem seu ente que vai eleger prioridades para cuidar da população. Outra ressalva é que as políticas de municipalização da Saúde vieram muito rápido e os aparelhos municipais, a estrutura municipal e até o financiamento dos municípios na Saúde não acompanharam no mesmo ritmo. Por isso, toda a responsabilidade no tratamento do paciente acabou ficando para o município tanto na atenção básica, de média e de alta complexidades. Em contrapartida, o município não teve o devido incentivo da União e dos Estados para assumir todas essas responsabilidades.Temos debatido essa questão em fóruns nacionais, nos conselhos de secretários de Saúde.
Os investimentos da União e do Estado na Saúde em equipamentos e programas de Saúde têm sido suficientes ou estão aquém do necessário?
O Brasil ainda gasta na nossa visão, abaixo do que seria necessário na Saúde. Os municípios estão estrangulados. Goiânia por exemplo gasta 24,5% de toda a sua arrecadação na Saúde. Existe um mínimo constitucional de acordo com a PEC 29 que é de 15% e Goiânia gasta bem além disso. E não só Goiânia, praticamente todos os municípios estão gastando mais do que o estipulado. Os Estados, que têm o piso de 12% adotaram isso como teto. Então é raro Estados que superam esse percentual na Saúde. E a união também acaba que em vários acordos que historicamente foram feitos de gastos efetuados na Saúde, que ficariam em torno de 10% da arrecadação federal, hoje não passa nem perto. A União gasta cerca de 7% da sua arrecadação na Saúde.
Qual o impacto desse investimento menor no atendimento à população?
Essa diferença faz muita falta para que possamos principalmente dar andamento na Medicina da Atenção Básica que é o que o município prioriza. Os municípios estão sufocados e estão sendo levados a dar um atendimento universal que eles não têm condições. Há municípios pequenos, de até 4 mil habitantes, que têm de prover um atendimento na área de alta complexidade, na área cardiovascular, ressonância e tomografias. Municípios pequenos não têm caixa para isso. Se não houver um incentivo, no mínimo uma pactuação, assegurando que o paciente nessas condições da alta complexidade possa ser atendido utilizando-se recursos estadual ou federal a estaremos fadados ao insucesso nessa municipalização da Saúde.
DM – É por isso que os municípios acham mais fácil mandar os pacientes para Goiânia?
Fernando Machado – Os municípios acabam criando nesta dificuldade toda, um caminho para sair desta responsabilidade. Goiânia é esse caminho. O município encaminha o usuário para a Capital de forma não pactuada e não regulada. Muitas vezes, esse indivíduo que vem do interior, se passa por goianiense. Isso provoca um atendimento desordenado e uma sobrecarga em nossas unidades. Goiânia nunca se furtou em atender esses pacientes. Hoje nossas unidades de urgência do município de Goiânia atendem cerca de 40 % pessoas de outros municípios. Na média e alta complexidade esse número é ainda maior chegando a até 65% de pessoas do interior.
DM – Quais são esses atendimentos de média e alta complexidade prestados aos moradores de outros municípios?
Fernando Machado – Na média complexidade são consultas especializadas, exames laboratoriais, consulta em Oftalmologia, Endocrinologia, Neurologia e outras especialidades. Na alta complexidade são cirurgias cardíacas, cirurgias neurológicas, e hemodinâmicas, que são os cateterismos. Nestas áreas Goiânia atende mais os indivíduos do interior e não se furta a atender. Não fechamos a porta do Cais, muito pelo contrário, estamos atendendo todos, mas percebemos que existe uma migração justamente pelo sufocamento desses municípios. Isso acontece no País inteiro, não é só o Estado de Goiás. Todas as capitais passam por uma situação muito parecida com Goiânia. Não falo em tom de crítica aos municípios que enviam esses pacientes, pois a maior parte desses gestores são realmente responsáveis , são comprometidos, mas realmente não estão dando conta , por uma questão de ter estrutura. O Estados precisam enxergar isso e assumir essa solução. As capitais podem ajudar, aliás, já estão ajudando.
DM – Qual é o prejuízo de Goiânia?
Fernando Machado – Além da sobrecarga em nossa rede, estresse dos funcionários e insatisfação da população, o êxodo do usuário do interior causam prejuízos financeiros. Na pactuação financeira com os municípios, Goiânia hoje tem um prejuízo financeiro de mais de 20 milhões/ano. Hoje atendemos muito mais do que os recursos que vêm para esse fim. Ou seja, o paciente vem, mas o dinheiro para o atendimento não chega. Sabemos as dificuldades financeiras dos municípios do interior e somos solidários a eles, mas a maioria absoluta dos municípios goianos está deficitária no tocante a pactuação financeira com a Capital. Não vamos fechar as portas. Preferimos uma solução conjunta.
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O POPULAR
Coluna Giro – Opção ao Huapa
O prefeito Maguito Vilela (PMDB) diz que a prefeitura construirá um hospital de urgência em Aparecida, com recursos federais. Promete início das obras para este ano.
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Saúde
Projeto torna obrigatório o “teste da linguinha”
O deputado Humberto Aidar (PT) apresentou projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade de realização gratuita do exame denominado “teste da linguinha”, no Estado de Goiás. Aprovada preliminarmente em Plenário, a matéria está em discussão e votação na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa.
Em sua justificativa, o parlamentar petista argumenta que sua iniciativa atende ao apelo da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, que pretende ampliar o acesso de bebês ao teste da linguinha, que permite diagnosticar precocemente a chamada língua presa. Com isso, é possível fazer o tratamento adequado, corrigindo problemas de forma imediata, como sucção na amamentação, deglutição, e, posteriormente, a mastigação e a fala.
“Assim, busca-se garantir, por meio da presente proposição, que o exame seja gratuito nos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde, mantidos em todo o nosso Estado. Ressaltamos, por fim, que o teste da linguinha é um benefício que precisa ser garantido de forma gratuita a todos os recém-nascidos, deixando de ser um procedimento particular que beneficie poucos”, coloca o deputado.
Humberto Aidar ressalta que o teste da linguinha realizado por fonoaudiólogos ganhou projeção mundial pelos benefícios proporcionados, o que recomenda que a sua realização se torne obrigatória.
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Cartas dos Leitores – Plano de saúde
Ao assistir quinta-feira ao Jornal Hoje, reportagem sobre uma idosa que tem de pagar 700 reais ao plano de saúde, mais 600 reais em medicamentos para o tratamento de um câncer e, além disso tudo, pagar contas de água, luz e alimentação, fiquei muito triste. Para conseguir sobreviver, tem de recorrer aos empréstimos bancários e está endividada, não conseguindo mais quitar seus débitos. Isso me doeu fundo no coração!
É revoltante saber que num país onde se arrecada mais de R$ 1 trilhão em impostos e que tem potencial para se tornar uma das maiores economias do mundo, sua população idosa, pobre, passa por uma humilhação dessas. Isso sim que é humilhação, e não o que pensa um vereador de Goiânia ao dizer que se colocar ponto eletrônico na Câmara, para que eles registrem presença e confirmem que realmente não faltam às sessões e trabalham em função do povo, é humilhante para eles.
O brasileiro paga tanto imposto durante sua vida e na hora da velhice passa por uma humilhação dessas. Essa senhora não precisaria pagar plano de saúde, pois é obrigação da União dar assistência de boa qualidade a ela, mas vemos pessoas morrendo à míngua nas filas de espera por tratamento de saúde. A União tem obrigação de dar condições para que os idosos possam ter remédios mais baratos e assim não comprometam toda sua magra aposentadoria.
O povo pobre do Brasil está tão bem financeiramente, com boa moradia, mesa farta, seus filhos tendo uma educação de qualidade, que nem ligou quando a nossa generosa presidente perdoou uma dívida de quase R$ 1,8 bilhão dos africanos, sendo que esse dinheiro nem é dela. O povo pobre brasileiro que é obrigado a sobreviver com uma miséria de salário mínimo, isso se tiver sorte de ganhar um mínimo, desconhece a verdadeira motivação por trás disso.
Israel Macaubas Dourado dos Santos
Goiânia – GO
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Michael Douglas
Câncer de ator alerta para riscos do HPV
(Camila Blumenschein)
A declaração do ator americano Michael Douglas, de 68 anos, para o jornal britânico The Guardian, sobre a causa do câncer de garganta que descobriu há três anos tem chamado a atenção para a transmissão e possível evolução do papilomavírus humano (HPV). O ator disse que sua doença foi provocada pela prática de sexo oral, meio pelo qual adquiriu o HPV. Michael Douglas afirmou que não sofre mais com o câncer, do qual foi curado com sessões de quimioterapia e radioterapia.
O HPV é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo papilomavírus humano. De acordo com o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz, este vírus possui uma grande quantidade de subtipos, alguns mais agressivos que outros. “Inúmeras pessoas têm o HPV mas em uma imunomodulação favorável, ou seja, o vírus não evolui para um câncer. Outras adquirem os tipos mais agressivos que podem acarretar comprometimentos como lesões que evoluem para alguns tipos de câncer.”
Os tipos de câncer mais comuns causados pelo HPV são os de cólo de útero, ânus e da região da cabeça e pescoço. A transmissão do HPV ocorre por meio de relação sexual, mas também pode acontecer sem que haja penetração, conforme o médico. “De todas as DSTs, o HPV é a única que pode ser transmitida mesmo com o uso de camisinha. É um vírus que pode ser adquirido pelo contato íntimo, sem que haja a relação sexual completa”, destaca.
Segundo Boaventura Braz a forma mais eficaz para prevenir o HPV é por meio da vacina, disponível em clínicas particulares há 3 anos. “A vacina oferece 80% de proteção. São três doses, que custam hoje em torno de R$ 350 cada uma”, informa. O médico explica que é indicado que as mulheres tomem a vacina a partir dos 9 anos até os 46 anos e os homens a partir da adolescência até os 26 anos.
Alguns sorotipos do HPV podem provocar lesões pré-cancerígenas que podem ser identificadas por meio de exames de rotina e tratadas antes de evoluírem para um câncer.
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS
Unimed condenada a restituir segurada que pagou por prótese
O juiz João Corrêa de Azevedo Neto, em auxílio no 3º Juizado Especial Cível de Goiânia, julgou procedente ação de restituição de importâncias pagas movida por Lizia Couto contra a Unimed.
O plano de saúde terá de ressarcir, à cliente, R$ 4.585,24 que foram pagos por ela por uma prótese para o joelho.
Na ação, Lizia relatou que é segurada da Unimed há mais de 15 anos e, em maio de 2010, sofreu um acidente doméstico que a obrigou a se submeter a uma cirurgia no joelho esquerdo, quando lhe foi implantada uma prótese. Após a intervenção, contudo, a Unimed se recusou a pagar pela prótese ao argumento de que o contrato não previa essa cobertura, o que obrigou Lízia a arcar com o gasto.
Inconformada com a atitude do plano de saúde, Lizia ajuizou a ação de restituição de importâncias pagas ao argumento de que a cláusula do contrato que exclui a cobertura de próteses é abusiva. Ao dar ganho de causa à segurada, o juiz observou que o contrato formalizado entre a Unimed e Lizia é submisso ao Código de Defesa do Consumidor. Para
João Corrêa, embora seja admissível a inserção de restrições nos contratos de plano de saúde, é evidente o abuso da cláusula em questão.
O juiz também lembrou que a referida restrição fere o artigo 10 da legislação dos planos de saúde, que veda a exclusão, da cobertura, do fornecimento de próteses e seus acessórios, quando estes forem essenciais ao ato cirúrgico. “Quanto à necessidade de colocação da prótese no casos dos autos, tenho por mim que resta evidente ao bom sucesso do tratamento, até mesmo porque se não o fosse jamais haveria recomendação médica para tanto”, analisou o magistrado. (Texto: Patrícia Papini / Centro de Comunicação Social do TJGO)
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JORNAL OPÇÃO
Sexo oral causa câncer de garganta, mas álcool e tabagismo ainda são os grandes vilões
Declaração do ator Michel Douglas sobre a causa de seu tumor trouxe o tema para o debate. Especialista alerta que as principais causas seguem sendo os vícios e que, em todo caso, prevenir é melhor que remediar
Ketllyn Fernandes
A declaração do ator Michael Douglas ao jornal The Guardian de que o câncer de garganta diagnosticado em 2010 foi causado pela prática de sexo oral trouxe o assunto novamente ao debate e suscitou dúvidas. De fato é considerável a possibilidade de se contrair a doença a partir do vírus HPV (papilomavírus humano), que nas mulheres é o principal responsável por tumores de colo de útero, mas os principais causadores de câncer na região continuam sendo as bebidas alcóolicas e o tabagismo, conforme pesquisas recentes. Especialistas apontam, entretanto, que até 2020 o câncer de orofaringe causado pelo HPV possa superar a ocorrência por álcool e cigarro, sobretudo entre jovens.
Michael Douglas era fumante e consome bebida alcoólica, o que fez com que seus médicos não descartassem esses vícios como possíveis causadores do câncer do ator, cujo tamanho era semelhante ao de uma noz.
Pesquisa realizada pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, aponta que o vírus HPV atualmente é a principal causa da doença em pessoas com menos de 50 anos naquele país. O mesmo foi verificado na Inglaterra e na Suécia. No segundo país em 1970 25% dos casos de tumor na garganta foram relacionado ao sexo oral, porcentual que atualmente é de aproximadamente 90% – com a ressalva de que o dado refere-se a pacientes com menos de 50 anos. O HPV 16 é apontado como o principal tipo do vírus responsável pelo câncer de garganta e a probalididade de contrair aumenta em jovens que não têm parceiras fixas.
Neste sentido o oncologista de cabeça e pescoço Antônio Paulo Machado Gontijo, que trabalha nos hospitais Araújo Jorge, Geral de Goiânia (HGG) e no Centro Brasileiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia (Cebrom) explica que a literatura médica a respeito não é uniforme, mas que pela sua experiência diária os vícios em álcool e cigarro seguem como primeiros causadores de tumor, ao menos em Goiás. Antônio Paulo Gontijo atua há 15 anos na área.
Referindo-se à afirmação do ator de que a própria prática possa também auxiliar na cura do câncer, por meio da saliva, Antônio Gontijo é categórico: “Realmente há este efeito da saliva, mas é mínimo. A pessoa com tumor tem que passar por tratamentos adequados, caso contrário não tomaríamos, por exemplo, antibiótico para inflamações na garganta.”
Sintomas
Segundo o médico, nos tumores na boca e na base da língua os sintomas se apresentam na forma de feridas que não se cicatrizam e também em ardência. Com o passar do tempo, essa ferida passa a doer bastante. Na faringe a dor se mostra mais acentuada, pois é sentida no momento da alimentação e, em alguns casos, com dores de ouvido. “Quando o câncer é na laringe o primeiro sintoma é a ronquidão permanente que persiste por semanas”, finaliza.
Antônio Paulo Gontijo pontua que, como as demais formas de câncer, as chances de cura são maiores se o diagnóstico for precoce, sendo que para o câncer na região da boca e da garganta a cura também vai depender da lesão e se o paciente tem um estado geral de saúde positivo.
“O mais importante em um tratamento de câncer é a primeira etapa, sendo que dependendo do estágio da doença podem ser aplicados três tipos de tratamento: a cirurgia, a quimioterapia e/ou a radioterapia”.
Em todo caso, em relação aos tumores contraídos pela prática sexual o indicado é prevenir, o que não significa, frisa Gontijo, deixar de fazer. “A camisinha ainda é a melhor opção”, arremata.
Vacina
Atualmente são disponibilizados no Brasil dois tipos de vacinas contra as duas variações mais comuns de HPV – são mais de 120 no total – que causam câncer de colo do útero, que geralmente leva anos sem ser percebido devido à incubação do vírus.
Em março último o governo federal lançou uma campanha de vacinação destinada a meninas entre 11 e 13 anos. A imunização começou em 1º de abril. As vacinas estão disponíveis na rede privada de saúde para mulheres com mais de 14 anos.
Em setembro de 2012 um projeto de lei aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado prevê que o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça continuamente vacina contra o HPV a meninas entre 9 e 13 anos. A matéria deverá passar ainda pela Câmara Federal.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação