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DESTAQUES
Técnica que morreu por coronavírus participou de campanha pedindo isolamento em Goiás
Técnica de laboratório que morreu por coronavírus participou de campanha pedindo que todos ficassem em casa
Telemedicina é saída viável em meio à pandemia
Goiás poderia ter mais 170 UTIs
Goiás tem 115 casos de coronavírus confirmados, com 3 mortes
Telemedicina ajuda a evitar contaminação
Regulamentada às pressas, consulta médica a distância explode no Brasil
Esperança na transfusão do plasma
Auditoria em internações em UTI deve ser feita por médico, diz Parecer 01/2020 do Cremego
Goiás é pouco transparente na divulgação de dados sobre coronavírus, diz estudo
Adiar vigência LGPD pode produzir insegurança jurídica, diz especialista
TV ANHANGUERA
Técnica que morreu por coronavírus participou de campanha pedindo isolamento em Goiás
https://globoplay.globo.com/v/8459364/programa/
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PORTAL G1/GOIÁS
Técnica de laboratório que morreu por coronavírus participou de campanha pedindo que todos ficassem em casa
Governador e colegas de trabalho homenagearam servidora da saúde em postagens nas redes sociais. Família teve que acompanhar o enterro a distância.
Por Vitor Santana, G1 GO
A técnica de laboratório Adelita Ribeiro da Silva, que morreu por coronavírus em Goiânia participou de uma campanha pedindo para que a população ficasse em casa durante a pandemia de Covid-19. O governador Ronaldo Caiado publicou neste domingo (5) em sua rede social uma homenagem à servidora da saúde, ressaltando o engajamento na ação de conscientização. Ela é a terceira paciente que morre devido à Covid-19.
Adelita aparece em uma foto ao lado de colegas de trabalho segurando folhas de papel com a frase: "Estamos aqui por você, fique em casa por nós".
Adelita foi internada na UTI de um hospital particular no dia 30 de março e morreu na manhã de sábado (4). Ela trabalhava no Cais Novo Mundo e no Hemolabor. A técnica de laboratório foi enterrada em Goianápolis no mesmo dia. A família não pôde fazer velório e teve que acompanhar o sepultamento a 20 metros de distância. O caixão estava lacrado e não possuía vidro.
Caiado escreveu em sua rede social que Adelita tinha 38 anos, não apresentava nenhuma doença anterior e reforçou que o vírus mata independentemente da idade. Ele reforçou o pedido de que toda população fique em casa para diminuir o contágio.
“Uma heroína que perdeu a vida para salvar vidas. A luta de Adelita Ribeiro, técnica de enfermagem e laboratório, morta aos 38 anos, vítima do coronavírus, jamais será esquecida pelo Estado", escreveu o governador.
A secretária de Saúde de Goiânia, Fátima Mrué, também divulgou uma carta lamentando a morte da servidora pela Covid-19. “Demonstrando amor à profissão e ao próximo, ela serviu à sociedade ao exercer seu trabalho com dignidade e coragem. … A ela, nos curvamos em profundo agradecimento e rogamos ao Pai que a acolha em seus braços de misericórdia e amor”, disse.
Uma colega de trabalho usou a rede social para definir Adelita: “maravilhosa, incrível, alegre e batalhadora”. Ela conta que chegou a encontrar a técnica de laboratório na UTI do hospital onde ela estava internada, que a paciente estava fraca, mas ainda mantinha o bom humor.
O Hemolabor, um dos locais onde Adelita trabalhava, também publicou mensagem lamentando a morte da funcionária. “Toda instituição está consternada e apoiando a família neste momento difícil”, afirma a nota.
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O POPULAR
Telemedicina é saída viável em meio à pandemia
Telemedicina ATENDIMENTO a distância em uso no Estado preserva saúde de pacientes e profissionais P14
Modalidade de atendimento à distância foi permitida por causa do novo coronavírus para preservar a saúde dos pacientes e profissionais
Após a autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM), a edição de uma portaria do Ministério da Saúde e a aprovação pelo Congresso Nacional de um projeto de lei que libera o uso da telemedicina durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, a prática, que consiste no atendimento, monitoramento e consulta à distância, passou a ser amplamente usada em Goiás.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Leonardo Mariano Reis, diz que a telemedicina ajudará a evitar a propagação da doença pelo Estado. "Contribuirá muito para diminuir a circulação de pacientes e portanto a transmissão do vírus. Porém, temos que fazer isso com responsabilidade. Tudo deve ser registrado", enfatiza.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia está fazendo o uso da telemedicina para acompanhar os casos suspeitos e confirmados da doença em Goiânia. Uma das médicas da pasta, Marta Silva, explica que em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), a SMS tem feito o telemonitoramento do estado de saúde desses pacientes.
"Temos uma equipe multidisciplinar que liga para eles todos os dias e acompanha a evolução dos sintomas. Se eles tiverem qualquer agravo no estado de saúde, são encaminhados para um médico que realiza um teleatendimento e se ele achar necessário encaminha o paciente para uma unidade de saúde", explica. Segundo ela, isso é benéfico pois dessa forma os pacientes nunca ficam desassistidos e caso precisem ir para uma unidade hospitalar, o local já estará preparado para recebê-lo.
Marta afirma que sem a telemedicina não seria possível fazer esse monitoramento tão amplo. "Não conseguiríamos ir em todas as casas todos os dias. Além disso, dessa maneira a saúde do profissional também é resguardada". A SMS oferece ainda uma interconsulta para os médicos. "Ela funciona como um apoio e orientação de médico para médico sobre os casos. Assim, os médicos da linha de frente poderão discutir os quadros de saúde com pneumologistas, infectologistas e intensivistas."
Porém, a médica ressalta que o trabalho da telemedicina só é eficiente se o distanciamento social for cumprido. "Já ligamos para fazer o monitoramento e as pessoas estavam em pit dogs e supermercados. Até mesmo os casos confirmados. É preciso levar a doença a sério e respeitar o isolamento", alerta.
A central de telemedicina da SMS fica na Faculdade de Medicina da UFG funciona das 8h às 18h e conta com 18 estações de trabalho, sendo 15 multidisciplinares preenchidas por profissionais do município e três para pneumologistas, infectologistas e intensivistas, que são preenchidas por profissionais da UFG e voluntários. A equipe conta ainda com quatro médicos e um psicólogo.
O professor Alexandre Taleb, da Faculdade de Medicina da UFG, explica que a telemedicina é um modo diferente de cuidar dos pacientes. "Neste momento em que temos a orientação para o isolamento ela é uma alternativa muito interessante e viável. É claro que existem limitações que precisam ser respeitada. Porém, no momento podemos trabalhar muito bem com ela"
Taleb afirma que além da parceria com a SMS da capital, a UFG também está trabalhando em um projeto conjunto com o Estado nos mesmos moldes. "Vai funcionar como uma teletriagem, teleorientação e telemonitoramento. Se for necessário, também haverá um teleatendimento médico", diz. O professor esclarece ainda que a UFG conta com dois endereços eletrônicos (tele.medicina.ufg.br e covid19.medicina.ufg.br) que os profissionais que desejam uma segunda opinião médica podem acessar.
Anápolis
Em Anápolis, o serviço de atendimento inicial à população já está disponível através do 'ZAP do Coronavírus'. Com quase 100 profissionais da área atuando na iniciativa, que funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia, o serviço já realizou 2,2 mil atendimentos desde que foi inaugurado no dia 18 de março.
As instruções para o uso são simples: Se estiver com sintomas gripais, basta entrar pelo celular no portal http://www.anapolis.go.gov.br/portal/zapdaprefeitura/ e escolher o grupo de informações sobre o coronavírus. Ao entrar, um profissional da saúde iniciará uma conversa de modo privado. Caso a pessoa tenha sintomas mais graves, como cansaço e falta de ar, e precise de uma assistência mais dedicada, um médico poderá realizar atendimento por meio de vídeo chamada, utilizando a ferramenta do próprio WhatsApp.
Através desse primeiro atendimento, o paciente é orientado ou a ficar em casa ou a ir para uma das cinco Unidades de Referência em Coronavírus (da Vila União, do Recanto do Sol, do Bairro São José e do Bairro de Lourdes e a do Parque Iracema) e a UPA Pediátrica. Há ainda a possibilidade da pessoa ser atendida a domicílio por um médico e enfermeiro/técnico enfermagem. Até o fim de março, foram 44 atendimentos domiciliares.
Unimed fez mais de 800 consultas de casos suspeitos
Mais de 800 pessoas com suspeita de estarem infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19) ou com dúvidas sobre a doença já foram atendidas pelo aplicativo de telemedicina da Unimed Goiânia "Cliente Unimed Goiânia", disponível para IOS e Android.
Pela plataforma o beneficiário encontra algumas opções de suporte relacionadas à doença como, por exemplo, atendimento via WhatsApp, consultório virtual e dicas e orientações sobre a Covid-19. "É muito importante que exista esse meio de atendimento, pois é uma forma das pessoas se consultarem e tirarem dúvidas sem sair de casa, garantindo assim o isolamento social, tão necessário para que não tenhamos uma explosão da Covid-19 e uma sobrecarga no sistema de saúde", explica o presidente da Unimed Goiânia, Sérgio Baiocchi Carneiro.
No ícone 'Covid-19' o paciente responderá algumas perguntas essenciais: qual estado de saúde, quais os sintomas apresentados, se viajou nos últimos 14 dias ou se teve contato com alguém que tenha testado positivo. Dependendo da resposta, ele será orientado a ficar em isolamento domiciliar ou procurar auxílio médico.
No consultório virtual, os beneficiários terão um teleatendimento e de acordo com o estado de saúde receberão instruções médicas do que deve ser feito. No aplicativo ainda existe um espaço reservado com dicas e esclarecimentos sobre a Covid-19.
A estudante de nutrição Fabiana Ribeiro Pires, de 36 anos, utilizou o serviço na última quinta-feira (2) depois ter sintomas gripais. "Baixei o aplicativo e foi bem rápido. Uma enfermeira me atendeu primeiro e depois me encaminhou para uma médica que me fez muitas perguntas e depois me passou medicação e recomendou que eu ficasse em isolamento domiciliar", relata.
Fabiana diz que achou a qualidade do serviço boa e se sentiu mais segura de não ter que sair de casa. "Ir para a rua nessa hora poderia fazer com que eu me infectasse", finaliza a estudante.
Teleconsulta oferece contato direto com infectologistas
Uma empresa goiana já está oferecendo o serviço de teleatendimento médico direto com infectologistas. A ConectMed, que já oferecia serviços de interconsulta para médicos há cerca de um ano, cobra R$ 60 pela triagem e consulta médica de pacientes que estejam com suspeita de novo coronavírus.
Um dos sócios da empresa, Frederico Moraes, explica que tanto o valor quanto a oferta do serviço foram pensados para contribuir positivamente em um momento de crise. "Contratamos cinco infectologistas que irão atender essas pessoas da melhor maneira possível", pontua.
O atendimento funciona em duas etapas: primeiro é preciso passar por uma triagem eletrônica onde o paciente responde algumas perguntas. "Dividimos esses pacientes entre os que têm sintomas leves, os que têm suspeita da doença e os que têm suspeita e apresentam quadro clínico de agravamento", afirma Mores. O segundo passo é o agendamento do teleatendimento. "Daí, eles vão para o atendimento online com o médico", diz Moraes.
Segundo ele, caso o médico veja indicação, o paciente receberá um encaminhamento para fazer o exame para o novo coronavírus e caso o resultado dê positivo, ele será acompanhado pelos médicos que trabalham para a empresa. "Se notarmos que o quadro está se agravando, ele receberá imediatamente um encaminhamento para uma unidade de saúde", finaliza.
Hospitais do Estado aderiram à modalidade
Os hospitais estaduais também já estão utilizando a modalidade. No O Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idetech), a teleconsulta e a teleorientação têm sido usadas para cuidar especialmente dos portadores de doenças crônicas. "Como o ambulatório está fechado, os médicos estão entrando em contato por telefone com os pacientes e acompanhado o seguimento da doença. Um dia antes do atendimento o hospital liga confirmando a consulta", explica o diretor técnico da unidade, Durval Pedroso.
Durante as consultas, os pacientes podem enviar fotos dos exames para os médicos por WhatsApp e receber receitas que não precisam de controle sanitário . "Caso seja necessário pegar uma receita que precisa de controle sanitário, nós agendamos um horário para um parente vir buscar. Se o profissional entender que é necessário uma avaliação clínica de urgência, ele orienta o paciente a procurar uma unidade de saúde. Se houver a necessidade de uma avaliação clínica local, é combinado um horário para ele vir ao hospital para receber o atendimento", esclarece o diretor técnico.
Os profissionais que estão atendendo nesta modalidade são os médicos endocrinologistas (atendimento ao paciente diabético), neurologistas, reumatologistas, pneumologistas, nefrologistas e clínica medica. Os programas específicos, como o Transexualizador (TX) e o Núcleo de Orientação Interdisciplinar em Sexualidade (Nois), também estão nessa modalidade e mantêm atendimento aos pacientes já em acompanhamento. "Os recém transplantados também estão no grupo que vai receber esse atendimento e as pessoas que estão com o quadro de pós operatório e precisam de acompanhamento clínico ainda serão atendidas na nossa unidade com agendamento prévio", reforça.
Como as visitações no local foram suspensas, os pacientes internados nos leitos das Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e enfermarias também estão usando da tecnologia para se comunicar com as famílias. "Na UTI, os que estão acordados são acompanhados pela equipe de assistência social e podem fazer vídeo chamadas com a família. Para os que estão desacordados, a equipe médica está passando diariamente o boletim com o estado de saúde. Na enfermaria, os pacientes têm a liberdade de falar com os seus familiares", explica Pedrosa.
No Hospital de Campanha (Hcamp), criado para tratar exclusivamente de pacientes com a Covid-19, a telemedicina também será uma grande aliada na hora de tratar os pacientes. Conforme o diretor-geral da unidade de saúde, Guillermo Sócrates, disse ao POPULAR na última sexta-feira (27) que essa modalidade será muito usada para o tratamento dos pacientes quando for necessário a consulta de outros especialistas como, por exemplo, cardiologista.
Na prática, segundo Sócrates, o contato seria de médico para médico e feito através das estruturas modulares colocadas no estacionamento da unidade de saúde. Nesse local, o médico especialista teria acesso ao prontuário e exames do paciente e poderia discutir o quadro de saúde e estratégias de tratamento. Dessa forma, os médicos especialistas não precisam entrar na unidade de saúde e correr o risco de serem infectados pelo vírus.
Segurança dos dados preocupa
A segurança dos dados compartilhados via telemedicina é algo que ainda é debatido e preocupa os especialistas da área de tecnologia. Até o momento, a regulamentação da prática é válida apenas para esse enfrentar o período de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Depois, caberá ao Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelecer as normas e critérios éticos para esse exercício profissional.
O especialista na área de Tecnologia da Informação, com mais de 12 anos de experiência no mercado, CEO e fundador da Integratto Tecnologia, empresa que presta serviço de segurança da informação, e membro do projeto LGPD Plan&Run, que pretende ofertar workshops práticos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para instituições da área médica, Dominique Fernandes, explica que o sigilo das informações depende totalmente das ferramentas que o hospital ou médico utiliza. "Outro ponto que conta muito é a ética dos profissionais de não divulgar, nem espalhar as informações dos pacientes", diz.
Fernandes afirma que no Brasil não existe nenhuma regulamentação sobre a segurança desses dados, mas que uma boa maneira de garantir que eles não serão expostos é usar bons softwares. "A gente espera uma mudança quando a LGPD passar a vigorar. Até lá, a ferramenta mais segura é um software corporativo que permita que as informações sejam auditadas", esclarece.
Por isso, o especialista não acredita que o WhatsApp seja a plataforma mais indicada. "Nesse aplicativo nunca é possível ter total certeza de quem está do outro lado e onde as suas informações pessoas vão parar. O mais indicado é que exista uma plataforma que você acesse com uma senha ou assinatura digital e que tudo sejam acessados apenas por lá", explica.
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Goiás poderia ter mais 170 UTIs
Quatro hospitais e 170 UTIs deveriam estar funcionando Estado deixa de oferecer 1.041 novos leitos à população devido a atraso em obras. Entre os motivos estão falta de repasses financeiros, erros de execução, quebras de contratos, suspeita de corrupção e falência de construtora P12 E 13
Hospitais em obras, alguns há mais de 15 anos, poderiam aumentar em 19% os leitos de terapia intensiva durante a pandemia caso estivessem prontos. Interior tem previsão de novas unidades
A falta de estrutura hospitalar em Goiás, problema antigo já denunciado em diversas reportagens nos últimos anos, ganha uma dimensão mais preocupante com a crise do novo coronavírus (Covid-19). Quatro hospitais do Estado, que já deveriam ter sido concluídos e estar em funcionamento, ofereceriam 1.041 novos leitos para a população, sendo 170 deles de unidade de terapia intensiva (UTI), essenciais para a sobrevivência de pacientes com casos mais graves do vírus. Falta de repasses financeiros, erros de execução, quebras de contratos, suspeita de corrupção e falência de construtora são alguns dos fatores que levaram ao atraso dessas obras.
Se esses hospitais tivessem sido abertos, Goiás teria hoje 19% de leitos de UTI a mais que o número atual, de 899 unidades, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúdes (CNES). Desses quatro hospitais, dois atenderiam a população do Entorno do Distrito Federal (DF), área de maior risco de contaminação do Covid-19, e um atenderia habitantes do Norte de Goiás, região distante da capital e de onde estão concentrados os leitos de UTI.
No dia 26 de março, o governador Ronaldo Caiado (DEM) pediu que os goianos parassem de viajar para Brasília e alertou sobre a situação mais delicada no Entorno do DF, que não tem a mesma estrutura hospitalar que a capital federal. O DF é a unidade da federação com mais casos confirmados de coronavírus para cada 100 mil habitantes. "A região do Entorno de Brasília é a mais importante neste momento que nós estamos enfrentando o coronavírus", revelou na ocasião.
É nessa região que estão as obras dos hospitais de Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas de Goiás. As duas unidades, que somariam 271 leitos, sendo 66 de UTI, começaram a ser construídas pelas suas respectivas prefeituras no início dos anos 2000, com recursos do Governo Federal. No entanto, ambas as obras acabaram paralisadas após suspeitas de desvio de recursos e superfaturamento.
Em 2014, o então governador Marconi Perillo (PSDB) estadualizou esses hospitais e passou a ser responsável por suas obras. A transferência de alçada, sugerida pelo Ministério Público de Goiás (MPG-GO) e pelo Ministério Público Federal (MPF), foi firmada em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que não foi cumprido. Diversos problemas impediram a finalização dos dois hospitais.
Caso a caso
O caso mais emblemático é do Hospital de Santo Antônio do Descoberto. A obra está abandonada e deteriorada, com goteiras no teto, registros de furtos de telhas, tubulações e equipamentos.
Uma auditoria do Ministério da Saúde de 2010 identificou diversas irregularidades no andamento da obra por parte da Prefeitura: falta de livros de registro de obras, que comprovam o andamento da construção; recursos (R$ 374 mil) pagos por serviços que não foram executados; dinheiro pago (R$ 2 milhões) sem regular liquidação; erros na proposta da empresa vencedora da licitação. Em 2013, o MP-GO identificou o desvio de R$ 1,2 milhões que haviam sido repassados pelo Governo Estadual e foram utilizados em outras despesas da Prefeitura.
Mesmo depois de sair das mãos do município, em 2014, a obra continuou impedida. A empresa licitada para a construção, Aires Incorporadora, não apresentou certidão negativa de débito trabalhista, condição para receber o recurso público. A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) resolveu, na época, quebrar o contrato com a construtora, mas a empresa não aceitou sair do canteiro de obras.
Começou então uma longa disputa judicial que só acabou em 2016, com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) favorável ao Estado. Em 2018, a obra chegou a andar a passos lentos, mas foi paralisada novamente por falta de recursos. O Governo do Estado na época chegou a prometer que uma fatia da venda da Companhia Energética de Goiás (Celg) seria utilizada na conclusão da obra, mas isso não aconteceu.
Para piorar a situação, um convênio federal que garantiria recurso para concluir o hospital, foi cancelado por falta de cumprimento de prazos, segundo a atual gestão da SES-GO. A obra segue abandonada e parada, sem previsão de retomada.
Esperança para a Região Norte
Em julho de 2018, o então governador José Eliton (PSDB) visitou a cidade de Uruaçu para inaugurar a primeira etapa do novo hospital da cidade, que começou a ser levantado em 2013. A promessa era que enquanto o resto da construção não fosse terminado, a população já poderia usar a parte ambulatorial para exames e consultas. O hospital nunca funcionou.
O Hospital Regional de Uruaçu, também chamado de Hugo 7, somaria hoje ao Estado 240 leitos, sendo 40 de unidade de terapia intensiva (UTI). Camas hospitalares compradas para a unidade, que estavam paradas, foram realocadas para o Hospital de Campanha (HCamp), em Goiânia, que funciona no novo Hospital do Servidor, exclusivo para pacientes com o novo coronavírus (Covid-19). Outros equipamentos hospitalares comprados originalmente para a unidade de Uruaçu foram remanejados para a Policlínica de Posse, inaugurada em fevereiro.
Uma das justificativas para o atraso da obra em Uruaçu, além da falta de repasses financeiros para a construtora, foi a construção de uma subestação de energia para atender ao hospital, que não estava prevista no projeto original. A construção desse novo item demandou a desapropriação de um terreno, atrás do hospital. Com isso, muito tempo foi perdido com os trâmites burocráticos
De qualquer maneira, os recursos financeiros da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) no final do mandato de José Eliton não foram suficientes para dar continuidade à obra. Haja vista que repasses financeiros para os municípios e a organizações sociais (OSs) dessa época estão até hoje sem ser quitados.
Obra do Hospital Regional de Águas Lindas se arrasta há 15 anos
No caso do Hospital Regional de Águas Lindas não houve briga judicial, mas ainda assim a obra não foi concluída no tempo previsto. Quando a obra estava com o município, uma vistoria do Ministério da Saúde em 2009 identificou várias irregularidades: preços executados eram bem acima do pactuado com o Governo Federal; pagamento de serviços incompatíveis com o valor contratado; mudanças na construção em desacordo com o planejamento.
Depois que a obra foi repassada para o Estado, sua continuidade caminhou a passos lentos. Um dos fatores foi a pouca capacidade de trabalho da empresa construtora. A baixa quantidade de funcionários na obra chegou a ser apontada pelo MP-GO em 2017. Esse fator se somou à falta de recursos do Governo do Estado no final do mandato de José Eliton (PSDB) em 2018.
No dia 31 de março, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que vai fazer um hospital de campanha em Águas Lindas para atender pacientes com Covid-19. A unidade será construída de forma adaptada em um terreno. O prédio do hospital regional, em obras há mais de 15 anos, não será usado porque ainda não tem energia elétrica e saneamento.
Outro caso
O Hospital de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal (DF), que está quase concluído, deixou de ser municipal e teve sua gestão repassada para o Governo Estadual. A unidade, que conta com 82 leitos, será utilizada como um hospital de campanha para pacientes com coronavírus. A promessa é que ele entre em operação entre 30 e 60 dias.
Pequenos também vão ajudar
Goiás possui atualmente pelo menos seis hospitais municiaampliação. Três deles devem ficar prontos a tempo de estarem disponíveis durante a crise do novo coronavírus (Covid-19). São eles das cidades de Campos Verdes, na Região Norte do Estado, Bom Jardim de Goiás, na Região Noroeste, e Inhumas, Na Região Metropolitana de Goiânia (RMG). Juntas, as três unidades devem oferecer 85 leitos.
Em Campos Verdes, o prefeito Haroldo Naves(PMDB) resolveu adiantar a reforma do hospital municipal e abrir uma primeira parte, antes de concluir toda a obra, para já atender possíveis infectados com o vírus. A unidade vai ter 30 leitos, sendo que dois vão contar com o equipamento de respiração mecânica, o respirador, vita para pacientes com Covid-19 e estado de saúde mais grave.
"Vamos entregar parte da reforma, para atender emergencialmente os pacientes do coronavírus. Vou abrir cinco enfermarias e três quartos", explica o prefeito. A previsão é que o hospital esteja em funcionamento no final de abril.
Em Bom Jardim, o prefeito Odair Sivirino Leonel (DEM) acompanha a finalização da reforma do hospital municipal. Falta o acabamento externo. São previstos 25 leitos e a previsão de inauguração é para o final de abril ou início de maio.
Em Inhumas, a ampliação do hospital municipal deve ser entregue na segunda quinzena de abril, período em que está previsto o pico de casos de Covid-19 em Goiás. A unidade tinha 9 leitos de internação e terá 30 após o fim da reforma. A unidade acaba atendendo pacientes de cidades vizinhas que não tem nenhuma estrutura hospitalar, como Araçu, Brazabantes e Damolândia, segundo a secretária municipal de Saúde, Patrícia Palmeira.
Demora para liberar emendas
O novo Hospital das Clínicas (HC), vinculado à Universidade Federal de Goiás (UFG) já está com sua estrutura pronta desde de dezembro de 2019, mas ainda não está totalmente equipado. São necessários R$ 37 milhões para que ele comece a funcionar. A universidade já conta com R$ 15 milhões para isso e tem ido atrás de mais recursos, incluindo doações. Com 20 pavimentos, o novo HC será o maior hospital universitário do país. São previstos 530 leitos, sendo 70 de unidade de terapia intensiva (UTI).
Foram 18 anos de obra e R$ 150 milhões de recurso investido, a maior parte proveniente de uma emenda da bancada federal goiana no Congresso Nacional aprovada em 2016. A demora para a liberação desse dinheiro parou a obra em 2017, por falta de repasses para a empresa construtora. Antes, a obra parou em 2009 porque uma das construtoras entrou em processo de recuperação judicial. Já em 2002 houve uma paralisação porque o Governo Federal tinha suspendido um contrato com a UFG. Madureira defende que há uma falta de política do Estado Brasileiro para a Saúde e a Educação, que também padece com o atraso de obras públicas.
Apesar de não estar em funcionamento, o novo HC já possui alguns equipamentos como respiradores, monitores, autoclaves e camas. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), empresa pública de direito privado responsável pela gestão do HC, vai abrir um processo seletivo para começar a ocupar o novo prédio. O objetivo, segundo o superintendente do HC, José Garcia Neto, é oferecer 40 leitos de UTI para a regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia durante a crise do Covid-19
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Goiás tem 115 casos de coronavírus confirmados, com 3 mortes
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) atualizou o boletim epidemiológico do novo coronavírus no início da tarde deste domingo (5). Goiás tem atualmente 115 casos confirmados de Covid-19, com 3 mortes, por critério laboratorial. Quatro óbitos suspeitos aguardam o resultado dos exames pelo Laboratório Central (Lacen).
De acordo com informações da SES, dez mortes que tinham Covid-19 no atestado de óbito tiveram o diagnóstico de coronavírus descartado após o resultado do exame. O número de casos suspeitos subiu para 2138 e o de descartados soma 1.205.
O óbito confirmado mais recente é o da técnica de laboratório Adelita Ribeiro, de 38 anos, que morreu na manhã desta sábado (4) no Hospital do Coração, em Goiânia. Também perderam a vida em consequência da Covid-19 um idoso de 87 anos, que morava na capital, e uma idosa de 66 anos moradora de Luziânia, no Entorno do Distrito. Federal.
Para tentar conter o crescimento da doença no Estado, o governador Ronaldo Caiado prorrogou a quarentena até o dia 19 desse mês. Já as aulas em escolas, faculdade e universidades das redes pública e privada estão suspensas até o dia 30 de abril.
Cidades
O local está fechado ao público, mas foi solicitada uma autorização especial para a realização da celebração
Neste sábado (4), no final do dia, o padre Welinton Silva, missionário redentorista, celebrou uma missa no alto da Serra Dourada, na cidade de Goiás. Embora o Parque Estadual da Serra Dourada esteja fechado ao público neste período de quarentena, foi solicitada uma autorização especial para que a celebração fosse realizada a pedido do provedor da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, Rafael Lino. O objetivo da missa foi abençoar a antiga capital e o estado de Goiás durante a fase da pandemia do Covid-19.
No alto da Serra Dourada, além do padre Welinton, estavam presentes apenas Rafael Lino e o fotógrafo André Albuquerque de Sá. A bênção foi feita com a imagem de Nossa Senhora de Santan'na, padroeira de Goiás.
Durante a missa, Rafael usou o balandrau, um sobretudo roxo de capuz que se joga por cima das roupas civis. A vestimenta é própria das irmandades dos Passos no mundo. Rafael Lino é o 159° provedor da irmandade na cidade de Goiás. fundada em 1745 pelo padre açoriano João Perestello de Vasconcelos Espíndola.
Este ano, em razão da pandemia do coronavírus, as tradicionais celebrações da Semana Santa em Goiás estão suspensas.
Cidades
Segundo a pasta, a previsão é que até segunda-feira (6) novas doses estejam disponíveis nos pontos de vacinação e nos drive-thrus dos shoppings Flamboyant e Passeio das Águas
A vacinação contra a gripe está suspensa em Goiânia nesta sexta-feira (3) e também durante o fim de semana. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que não recebeu reposição de novas doses da vacina até esta quinta-feira (2). Segundo a pasta, a previsão é que até segunda-feira (6) novas doses estejam disponíveis nos pontos de vacinação e nos drive-thrus dos shoppings F…
Cidades
Pesquisadores da USP pretendem coletar e avaliar rapidamente amostras de tecidos pulmonares e de outros órgãos para disponibilizar informações que possam ser úteis à comunidade médica do país
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) estão realizando, por meio de procedimentos minimamente invasivos, a autópsia de corpos de pacientes diagnosticados com covid-19 que faleceram no Hospital das Clínicas da instituição.
Um dos objetivos do trabalho é coletar e avaliar rapidamente amostras de tecidos pulmonares e de outros órgãos com o intuito de disponibilizar informações que possam ser úteis à comunidade médica do país para tratar os casos graves da doença.
"Estamos compartilhando os resultados preliminares das análises com a equipe médica do Hospital das Clínicas e de outras instituições antes mesmo de publicarmos em revistas científicas, com o objetivo de que os dados possam ajudar no tratamento dos pacientes atualmente internados", diz à Agência FAPESP Marisa Dolhnikoff, professora da FM-USP e coordenadora do estudo que faz parte de um projeto apoiado pela FAPESP.
A ideia dos pesquisadores é correlacionar as constatações que estão obtendo com exames de imagem (tomografias) e com as observações feitas por médicos clínicos ao tratar os pacientes em estado grave.
Dessa forma será possível avaliar se um paciente que ficou mais tempo internado apresenta outras alterações no pulmão ou se as diferentes formas de ventilação mecânica às quais são submetidos em unidades de terapia intensiva (UTIs) causam alterações diferentes no órgão.
"Essa correlação representa um passo fundamental desse estudo porque podem existir diferentes perfis tomográficos, patológicos e clínicos da covid-19", pondera Dolhnikoff.
"Quando começamos a liberar os dados, fomos imediatamente contatados por clínicos dizendo que as tomografias dos pacientes que estão analisando nos hospitais não são todas iguais. Isso levantou a questão de que pode haver mais de um padrão de comprometimento pulmonar pela doença, por exemplo", aponta a pesquisadora.
Foram feitas, até o dia 3 de abril, seis autópsias de pacientes que morreram por covid-19, com o consentimento das famílias.
O plano é realizar, no total, entre 20 e 30 procedimentos, que são guiados por um aparelho de ultrassom portátil e utilizadas agulhas, como as usadas em biópsias em pessoas vivas, para ter acesso aos órgãos internos e coletar amostras de tecidos, sem a necessidade de abrir o corpo.
Os quatro primeiros casos analisados foram de dois homens e uma mulher, com idade acima de 60 anos e histórico de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e de outro paciente mais jovem, também com doenças preexistentes. Em comum, a evolução da doença nos quatro casos foi muito rápida – entre quatro e 10 dias.
Os resultados preliminares das análises indicaram alterações semelhantes às descritas por grupos de pesquisadores da China em quatro artigos publicados nas últimas semanas, em que relatam os resultados de séries de autópsias de entre três e quatro pacientes diagnosticados com a doença.
"Há um interesse grande da comunidade médica brasileira nos dados que estamos produzindo porque podem dar respostas mais imediatas para perguntas como quais os impactos causados pelo vírus no pulmão", afirma.
Lesões extensas e múltiplas
As análises feitas pelos pesquisadores da FM-USP corroboram a constatação de que a morte pela covid-19 é causada por insuficiência respiratória em função de lesões extensas e severas causadas pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2, em múltiplas áreas dos pulmões – a síndrome respiratória aguda grave ou síndrome do desconforto respiratório agudo com lesão difusa do tecido pulmonar.
A ação do vírus é predominantemente nas células epiteliais, que revestem os alvéolos pulmonares, participam do processo de troca gasosa – de gás carbônico por oxigênio – e são alteradas ao serem infectadas pelo vírus.
A perda dessas células epiteliais causa uma extensa lesão nos alvéolos pulmonares (bolsas microscópicas nas quais ocorrem as trocas gasosas), denominada dano alveolar difuso. Esse dano compromete a troca gasosa em uma área muito expressiva do pulmão, reduzindo a oxigenação dos tecidos e levando à insuficiência respiratória.
"Observamos que o vírus infecta todo o trato respiratório, mas causa maiores danos nos alvéolos pulmonares", aponta Dolhnikoff.
Nos pacientes que desenvolvem a forma mais agressiva da doença, as lesões são muito semelhantes às que ocorrem na síndrome respiratória aguda grave (SARS) e na síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), ambas causadas por outros tipos de coronavírus, constataram os pesquisadores.
"Analisando as tomografias percebemos que algumas regiões do pulmão são mais afetadas, como as posteriores, e que a infecção compromete, pelo menos, metade do órgão", afirma.
Os pesquisadores também observaram, em um dos casos, pequenos focos de hemorragia na microcirculação pulmonar, associados com microtrombos.
"Esse fenômeno certamente está associado a distúrbios de coagulação já descritos em pacientes que morreram em decorrência da covid-19", diz Dolhnikoff.
Pneumonia bacteriana
Outra pergunta que os pesquisadores querem tentar responder por meio da correlação das análises dos tecidos com os dados clínicos e de tomografias é se as pneumonias bacterianas secundárias que podem acometer os pacientes em estado grave e complicar o quadro clínico têm relação com o tempo de ventilação a que foram submetidos.
As análises dos quatro primeiros casos mostraram que dois pacientes foram acometidos por uma grave pneumonia bacteriana após a infecção viral. Essa informação foi imediatamente comunicada às equipes médicas.
"É natural que uma infecção viral desencadeie uma pneumonia bacteriana. Mas, no tratamento desses casos graves, essas infecções bacterianas precisam ser rapidamente identificadas e tratadas com antibióticos", ressalta Dolhnikoff.
A ocorrência de duas pneumonias juntas – a viral e a bacteriana – causa sérios danos tanto locais, no pulmão, como sistêmicos, uma vez que começam a circular pelo corpo e lesar outros órgãos.
"A infecção bacteriana tem um impacto enorme na função pulmonar e repercute em outros órgãos, resultando em quadro de sepse [falência múltipla de órgãos] que culmina na morte do paciente", explica Dolhnikoff.
Os pesquisadores não observaram, até o momento, alterações agudas causadas pelo vírus em outros órgãos. As alterações identificadas foram relacionadas à própria sepse ou às doenças preexistentes dos pacientes, como alterações crônicas renais e no coração, relacionadas a hipertensão e isquemia, e acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) associada a diabetes e obesidade.
Mas, uma vez que dados da literatura médica sugerem que a infecção pelo novo coronavírus não se restringe ao pulmão, com evidências de que é excretado pelas fezes e urina e causa perda de olfato e do paladar, a ideia é analisar o efeito viral em outros órgãos por meio de materiais coletados do coração, rins, fígado, baço, cérebro, medula óssea, músculo esquelético, mucosa nasal e oral.
"A ideia é criar também um biorrepositório de tecidos que possam ser estudados por meio de técnicas avançadas de biologia molecular para identificar possíveis alvos terapêuticos para combater a doença", diz Paulo Saldiva, professor da FMUSP e um dos pesquisadores participantes do projeto.
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DAQUI
Telemedicina ajuda a evitar contaminação
ATENDIMENTO A DISTÂNCIA PRESERVA A SAÚDE DE PACIENTES E DOS PROFISSIONAIS
Durante a pandemia do novo coronavírus, a telemedicina atendimento, monitoramento e consulta a distância – vem sendo amplamente usada no País. Em Goiás não é diferente.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Leonardo Mariano Reis, diz que a telemedicina ajudará a evitar a propagação da doença no Estado. "Contribuirá muito para diminuir a circulação de pacientes e, portanto, a transmissão do vírus. Porém, temos que fazer isso com responsabilidade, anotando tudo que foi repassado para o paciente e todas as informações que o pacientes passar", enfatiza.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia já está fazendo o uso da telemedicina para
acompanhar os casos suspeitos e confirmados da doença. Uma das médicas da pasta, Marta Silva, explica que em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), a SMS tem feito o tele monitoramento desses pacientes. "Temos uma equipe multidisciplinar que liga para eles todos os dias e acompanha a evolução dos sintomas. Se eles tiverem qualquer agravo, são encaminhados para um médico que realiza um teleatendimento e se ele achar necessário encaminha o paciente para uma unidade de saúde", explica. Assim, segundo ela, os pacientes nunca ficam desassistidos e caso precisem ir para uma unidade hospitalar, o local já estará avisado e preparado para recebê-lo.
Marta afirma que sem a tele-medicina não seria possível fazer esse monitoramento tão amplo. "Não conseguiríamos ir em todas as casas todos os dias. Além disso, dessa maneira a saúde do profissional também é resguardada." A SMS oferece ainda uma interconsulta para os médicos. "Ela funciona como um apoio e orientação de médico para médico sobre os casos. Assim, os médicos da linha de frente poderão discutir os quadros de saúde com pneumologistas, infectologistas e intensivistas", esclarece, reforçando que o trabalho da telemedicina só é eficiente se o distanciamento social for cumprido.
A central de telemedicina da SMS fica na Faculdade de Medicina da UFG, funciona das 8h às 18h e tem 18 estações de trabalho, sendo 15 multidisciplinares e três para pneumologistas, infectologistas e intensivistas, que são preenchidas por profissionais da UFG e voluntários. Há ainda quatro médicos e um psicólogo.
ANÁPOLIS
Em Anápolis, o serviço de atendimento à população está disponível através do "ZAP do Coronavírus" e conta com cerca de 100 profissionais. A iniciativa funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia. Pelo portal www.anapolis.go.gov.br /portal /zapdaprefeitura, basta escolher o grupo de informações sobre o coronavírus. Ao entrar, um profissional da saúde iniciará uma conversa de modo privado.
Caso a pessoa tenha sintomas mais graves como cansaço e falta de ar, um médico poderá realizar atendimento por meio de vídeo chamada, utilizando a ferramenta do próprio WhatsApp. Depois, o paciente é orientado ou a ficar em casa ou a ir para uma das cinco Unidades de Referência em Coronavírus (da Vila União, do Recanto do Sol, do Bairro São José e do Bairro de Lourdes – entre 7h e 22h e a do Parque Iracema, com atendimento 24 horas) e a UPA Pediátrica. Pode haver orientação para atendimento em domicílio.
Microempresas vão ter linha de crédito
O governo pretende lançar uma linha especial de financiamentos para micro e pequenas empresas com recursos dos fundos constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A estimativa é de que cerca de R$ 6 bilhões poderão ser disponibilizados pelos bancos às empresas que estão nas regiões atendidas por esses fundos.
A proposta do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) é oferecer condições facilitadas, como juros subsidiados (de 2,5% ao ano), a pequenas empresas e até pessoas físicas que ficaram sem dinheiro para tocar os negócios em meio à crise provocada pelo novo corona vírus.
O objetivo é atender empresas que ficaram de fora do alcance da linha oferecida pelo BNDES para auxiliar no pagamento de salários. A linha emergencial de crédito para a folha de pagamento vai emprestar para companhias com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões.
Os valores dos financiamentos serão pequenos. Será possível contratar até R$ 100 mil para capital de giro ou até R$ 200 mil para investimento.
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AGÊNCIA ESTADO
Regulamentada às pressas, consulta médica a distância explode no Brasil
Regulamentada às pressas no País por causa do surto de covid-19, a telemedicina teve nas duas últimas semanas uma explosão em número de atendimentos. As consultas a distância entraram na rotina de hospitais, operadoras e clínicas. Em alguns casos, a demanda pela teleconsulta aumentou sete vezes em 15 dias, segundo levantamento do Estado com empresas que oferecem a modalidade.
Por resistência principalmente de conselhos regionais de medicina, atendimentos online não eram permitidos no Brasil até março. No dia 19, com a escalada da covid-19 e a necessidade de reduzir a ida desnecessária a prontos-socorros, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou, temporariamente, atendimentos virtuais para triagem e monitoramento de pacientes em isolamento. No dia 20, o ministério editou portaria em que regulamentava a prática.
Centros médicos que já ofereciam a modalidade mesmo sem aval do CFM tiveram alta expressiva. No Hospital Albert Einstein, o número de teleconsultas diárias saltou de 80 para 600. "Cerca de 450 delas são por sintomas de covid-19 e as outras 150 são de outras doenças. Estávamos com 100 médicos nesse projeto, mas estamos contratando e devemos chegar a 500", diz Sidney Klajner, presidente do Einstein.
Entre os pacientes que usam a plataforma de telemedicina do hospital estão beneficiários da Amil e da Care Plus. Na primeira, os atendimentos aumentaram seis vezes. Na segunda, o número de teleconsultas passou de 100 por mês para 100 por dia. "Já preconizávamos esse tipo de atendimento justamente em situações como essas, em que o deslocamento não é recomendado. Além da parceria com o Einstein para casos de pronto-atendimento, autorizamos todos os médicos credenciados a fazerem consultas a distância", diz Ricardo Salem, diretor médico da Care Plus.
Outras dezenas de empresas adaptaram suas plataformas para passar a oferecer o serviço. A Doctoralia usou a tecnologia de telemedicina que já tem em outros países e começou a oferecer o atendimento virtual no Brasil no mesmo dia em que a portaria do governo foi editada. Na primeira semana, agendou 5.170 consultas virtuais. Na seguinte, o número passou para 8.855. "Já tivemos 3 mil profissionais cadastrados para atendimento online. Para poder atender pela nossa plataforma, os médicos precisam ter o CRM e o RQE (registro de especialista) validados", diz Cadu Lopes, CEO da Doctoralia. Ele conta que as especialidades mais buscadas são psiquiatria, dermatologia, urologia e ginecologia.
Na GSC Integradora de Saúde, mais de 3 mil médicos se cadastraram em apenas 48 horas para oferecer o atendimento online. "O objetivo é aumentar a oferta de teleconsulta para tirar pacientes do front dos hospitais. Além de diminuir o risco de colapso do sistema, evita que um paciente se contamine ou seja vetor de transmissão para outras pessoas", destaca Ana Elisa Siqueira, CEO da GSC.
A rede de clínicas populares Dr.Consulta foi outra que também passou a oferecer atendimento virtual após a regulamentação. Em duas semanas, já foram abertas agendas para profissionais de 20 especialidades e feitas mais de 2 mil consultas online, segundo Renato Pelissaro, diretor de Marketing e atendimento ao cliente da companhia. "A quantidade de atendimentos tem dobrado a cada três ou quatro dias. Vemos que o público da consulta virtual é predominantemente jovem e das classes A e B", relata.
Mas há idosos que também têm usado o serviço para evitar a ida a um consultório, conta Fabrícia Jung, médica do Dr.Consulta. "São pessoas com doenças crônicas que precisam ser monitoradas, mas com medo de sair de casa. Às vezes só precisam de ajuste de tratamento, troca de receita. Já atendi um paciente de 85 anos e outro de 95 por videoconferência."
Há jovens que, mesmo fora do grupo de risco, buscam atendimento online para preservar parentes idosos. "Moro com minha mãe, que é idosa, e com meu irmão, que tem problema respiratório. Estava há três dias com sintomas de sinusite, mas não queria ir ao pronto-socorro para não correr risco de me contaminar e trazer o vírus para casa", diz o gerente de recrutamento e seleção Renan de Carlos Sertorio, de 30 anos, que buscou
o atendimento online da Care Plus. "No começo fiquei meio receoso porque não sabia como o médico poderia me examinar. Mas ele fez perguntas precisas, me passou alguns medicamentos e estou 100%."
Dificuldades. Embora em alta, a falta de regulamentação prévia da telemedicina traz agora insegurança para médicos e pacientes, diz Antonio Carlos Endrigo, diretor de tecnologia da informação da Associação Paulista de Medicina (APM). "A portaria do ministério veio em boa hora, mas como não tínhamos normas prévias, os médicos estão perdidos. Alguns estão usando o que têm à mão para atendimentos, como whatsapp ou skype, mas essas não são as melhores formas de garantir a privacidade dos dados."
Procurado, o CFM afirmou que concluiu em fevereiro a consulta pública para atualizar a resolução de 2002. Não disse quando o documento deve ser concluído e publicado.
FIQUE ATENTO
Especialistas ressaltam que os atendimentos médicos a distância devem seguir uma série de protocolos e regras para torná-los mais seguros:
• Privacidade
Prefira serviços que tenham plataformas próprias para a consulta em vídeo. Ferramentas bem conhecidas, como WhatsApp ou Zoom, podem ser práticas, mas, como não foram feitas para essa finalidade, têm maior risco de vazamento de dados.
• Profissionais
Confirme as credenciais do médico que fará seu atendimento. No site dos conselhos regionais de Medicina é possível checar se o número do registro bate com o nome do médico. Também é possível verificar nos sites de sociedades médicas se o médico possui título de especialista para a área em que atua.
• Documentos
Exija que as prescrições de medicamentos sejam enviadas com a assinatura certificada digitalmente. O mesmo vale para os atestados médicos.
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JORNAL DO COMMÉRCIO
Esperança na transfusão do plasma
CORONAVÍRUS Pesquisadores brasileiros tiveram aval da Anvisa para fazer testes experimentais com plasma, parte líquida do sangue, de pacientes curados da covid-19 para tratar casos mais graves da doença
11.130 casos confirmados da doença no Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde deste domingo
486 mortes por coronavírus no País. Foram contabilizadas 54 novos óbitos, entre sábado (4) e domingo (5), segundo a Saúde
Centros de pesquisa do Brasil estão autorizados a fazer estudos experimentais com o plasma de pacientes curados da covid-19 para tratar casos mais graves da doença. O plasma é a parte líquida do sangue. Nele, são encontradas proteínas, sais minerais, gás carbônico e outras substâncias dissolvidas. A autorização partiu da Anvisa, agência do governo responsável por regular esse tipo de iniciativa.
Estudos realizados no exterior mostraram que o plasma teria a capacidade de encurtar a manifestação dos sintomas mais graves em pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Segundo informações da TV Globo, um consórcio firmado pelos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, além da Universidade de São Paulo (USP) aguarda aval da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa para iniciar os estudos.
Mas a própria Anvisa, em nota técnica divulgada na última sexta-feira (3), pediu cautela em relação ao que já se sabe sobre os benefícios do plasma. "Estudos científicos têm sugerido resultados promissores, porém, derivam de análises não controladas e com tamanho limitado de amostras. Ou seja, eles são insuficientes para a comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do tratamento, requerendo uma avaliação mais aprofundada na forma de estudos clínicos", disse a Anvisa.
A Anvisa reforçou que o plasma convalescente (líquido retirado dos pacientes que se recuperaram da covid-19) seja utilizado apenas em protocolos de pesquisa clínica "com os devidos cuidados e controles necessários, sem prejuízo do disposto em legislação específica sobre a autoridade e a conduta médica do profissional prescritor", complementou.
Os pesquisadores são orientados a recolher o plasmo nos serviços de hemoterapia espalhados pelo País e seguir todos os procedimentos de doação da substância.
Os estudos não precisarão ser aprovados pela Anvisa, mas deverão seguir as regras dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
EXTERIOR
A FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou recentemente o teste clínico com o plasma.
Na Itália, um dos países com o maior número de mortes pelo novo coronavírus, o Hospital Policlínico de Pavia, na Lombardia, também iniciou a terapia experimental com plasma.
Na França, a Associação de Hospitais Públicos de Paris, o Instituto Francês de Sangue e o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica também anunciaram testes com a substância.
BALANÇO
O Brasil já registra ao menos 486 mortes pelo novo coronavírus, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados neste domingo (5). Foram contabilizad