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DESTAQUES DE HOJE
• Tabagismo – Tratamento custa R$ 1,4 mil
• Pesquisa de Goiânia supre lacuna sobre tema em todo o Brasil
• Secretaria municipal oferece tratamento em 17 unidades de saúde
• Parto domiciliar – Opção pelo conforto do lar
• Entidades de classes têm opiniões diferentes
• Dificuldade na hora de registrar a criança
O POPULAR
Tabagismo
Tratamento custa R$ 1,4 mil
Estudo da UFG em parceria com outras instituições estipula valor de programa antitabagismo
Patrícia Drummond
Tratar um fumante, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é bem mais barato para os cofres públicos do que arcar com um paciente doente por causa do cigarro. E esse tratamento para parar de fumar já tem preço estimado: R$1,4 mil. O dado é apontado em um estudo desenvolvido entre 2011 e 2013 pelo Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS), assinado pelas pesquisadoras Andréa Cristina Rosa Mendes e Cristiana Maria Toscano, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Realizado em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e secretarias de Saúde do Estado de Goiás e do município de Goiânia, o estudo estimou custos e efetividade do Programa de Cessação de Tabagismo (PCT) implantado na capital pelo SUS, considerando o ano de 2010. Dos 803 goianienses atendidos, na época, pelo programa, 37,2% tiveram sucesso no processo terapêutico e deixaram de fumar – o índice, ou taxa de cessação, se refere à abstinência ao final da realização dotratamento, com duração aproximada de seis meses.
“O resultado da pesquisa foi positivo nos dois sentidos: tanto no que diz respeito a essa taxa de cessação quanto ao custo total do tratamento desses pacientes. Não há dúvida de que, em Goiânia, o PCT está muito bem estruturado”, afirma Andréa Mendes, mestre em Medicina Tropical e Saúde Pública e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental. Segundo ela, o índice de pacientes atendidos pelo PCT no município que deixaram de fumar é maior que o apontado pela literatura internacional, em que a taxa de cessação varia entre 13,3% e 19,7%, dependendo do medicamento utilizado no tratamento – na capital, dentre os pacientes que deixaram de fumar, 87,3% fez uso de apoio medicamentoso, sendo, a maioria, de adesivos de nicotina (73%).
PREVENÇÃO
De acordo com Andréa, os custos verificados pelo estudo, a partir do PCT desenvolvido em Goiânia, confirmam a ideia de que os investimentos em prevenção são mais valiosos do que os gastos com tratamento de doenças relacionadas ao hábito de fumar. A evidência científica fica ainda mais clara quando o custo da cessação – em média R$1,4 mil – é comparado aos custos estimados para tratar um caso de câncer em hospital público especializado no Brasil, em particular os cânceres sabidamente associados ao tabagismo: pulmão (R$ 29 mil), esôfago (R$ 33 mil) e laringe (R$ 38 mil), por paciente.
Quanto à taxa média de 31,5% de abandono do tratamento até a quarta sessão de abordagem cognitivo-comportamental – fase considerada decisiva no processo -, a pesquisadora diz estar dentro do esperado (35%).
Pesquisa de Goiânia supre lacuna sobre tema em todo o Brasil
Doutora em Epidemiologia e pós-doutorada em Avaliação de Tecnologias em Saúde, a professora Cristiana Maria Toscano lembra que os resultados apresentados pela pesquisa realizada em Goiânia suprem uma lacuna de informação existente no País e têm aplicabilidade imediata. “Os achados referentes à efetividade da abordagem e do tratamento do tabagismo reforçam seu bom desempenho no âmbito da atenção primária no Sistema Único de Saúde, podendo incentivar sua ampliação”, avalia a pesquisadora. Além disso, diz ela, a estimativa e a análise dos custos do Programa de Cessação de Tabagismo (PCT) constituem subsídio relevante para apoiar a decisão de gestores quanto a sua implementação.
“O tabagismo é responsável por cerca de 6 milhões de mortes a cada ano no mundo, com significativo impacto econômico e social”, sublinha Cristiana Toscano, citando dados de 2013 da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Os resultados do estudo podem contribuir não só para a sustentabilidade do PCT, por meio da alocação eficiente de recursos, como também poderão orientar sua implementação e ampliação, resultando em redução da mortalidade causada pelo uso do tabaco e por melhor qualidade de vida para a população”, completa. De acordo com a especialista, o trabalho já foi apresentado, preliminarmente, em congressos nacionais e internacionais em 2012 e 2013 e abre a perspectiva de uma investigação semelhante no âmbito federal.
Goiânia foi um dos primeiros municípios a implantar o PCT, em 2005 – não por acaso foi escolhido como objeto de estudo das pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás (UFG). No estudo, os custos da abordagem e tratamento do tabagismo foram estimados considerando uma amostra de unidades de saúde que desenvolvem o programa e extrapolados para o município como um todo. Estimou-se, também, o custo de gerenciamento do PCT, em itens médicos e não-médicos diretos: recursos humanos, medicamentos, material de consumo, despesas gerais, transporte, viagens, eventos e custos de capital.
“A perspectiva da análise foi a do SUS e os custos do PCT foram estimados considerando a sua ampliação para suprir a demanda dos fumantes do município motivados a deixar de fumar”, explica a pesquisadora Andréa Cristina Rosa Mendes. “Em Goiânia existe um total de 175.331 fumantes; destes, 35.232 estão motivados a parar de fumar e seriam usuários do SUS para o tratamento. Caso o município ampliasse o programa com vistas a alcançar toda esta demanda, o custo seria de R$ 20,2 milhões”, conclui. Os dados foram coletados junto às unidades, Secretarias de Saúde Municipal e Estadual e Ministério da Saúde para o ano de 2010.
Secretaria municipal oferece tratamento em 17 unidades de saúde
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 17 unidades de referência com grupos terapêuticos da abordagem intensiva ao fumante mantêm ativo o Programa de Cessação de Tabagismo (PCT), distribuídos, pelas diferentes regiões da capital, em Centros de Saúde (CSs), Unidades de Atenção Básica Saúde da Família (UABSFs), Centros de Assistência Integral à Saúde (Cais), Centro Integrado de Assistência Médica à Saúde (Ciams) e Centro de Referência em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (Craspi). Na Região Sul, por exemplo, oferecem atendimento o Ciams Pedro Ludovico e o CS Parque Amazônia; na Região Norte, o Ciams Urias Magalhães, as UABSFs Itatiaia e Vale dos Sonhos, e o CS Vila Clemente; e, na Região Leste, a UABSF Ville de France e os Cais Amendoeiras e Chácara do Governador.
Já moradores da Região Campinas/Centro que se interessarem pelo PCT oferecido pelo SUS, podem se dirigir ao CS Vila Canaã ou ao Craspi; na Região Oeste, à UABSF Bairro Goiá; na Região Noroeste, aos Cais Cândida de Morais e Finsocial e à UABSF Morada do Sol; e, na Região Sudoeste, mantêm o programa o CS Parque Anhanguera e o Ciams Novo Horizonte. “Basta procurar a unidade de saúde mais próxima da residência e fazer a inscrição. O nome do interessado será colocado em uma lista e, quando o grupo for formado, ele será convidado a participar”, explica a psicóloga Rose Barcelos, da Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da SMS.
ATENÇÃO ÀS RECAÍDAS
Segundo Rose, cada grupo conta, em média, com 15 pacientes, podendo chegar a 20. Desde 2005, quando os núcleos foram implantados em Goiânia, cerca de 300 grupos de tratamento foram formados e 7 mil fumantes dispostos a abandonar o vício passaram pelo atendimento. Ela afirma não dispor de números oficiais sobre a quantidade de pessoas que deixaram de fumar, mas aponta a pesquisa recém-divulgada – pelo estudo, 37,2% das pessoas tratadas conseguem manter abstinência seis meses. (07/07/14)
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Parto domiciliar
Opção pelo conforto do lar
Prática de parto planejado, mas fora dos hospitais, ganha adeptos, por ser mais “humanizado”
Janda Nayara
Na contramão do índices crescentes de cesáreas eletivas, a auxiliar veterinária Quedima Naisa Tavares de Oliveira, de 25 anos, optou por ter seu filho por parto natural e foi além, o pequeno Miguel, hoje com 9 meses, nasceu em casa. Ela faz parte de uma estatística ainda tímida, mas também crescente, de mulheres que escolheram planejar e vivenciar o parto domiciliar.
O vídeo, assim como as fotos, do nascimento de Miguel foram divulgados abertamente na internet com a esperança de desmistificar esse tipo de parto e de encorajar outras mulheres. Foi assistindo a um vídeo assim, que Quedima se apaixonou pelo parto humanizado e mesmo antes de engravidar, decidiu que queria passar por aquilo. “Me apaixonei pela forma como aquela criança veio ao mundo, cheia de carinho e respeito, cercada de amor”.
Quem acompanhou a gravidez e o parto de Quedima foi o enfermeiro obstetra Diego Viera de Mattos e uma doula – profissional responsável por proporcionar informação, acolhimento, apoio físico e emocional às parturientes. Mattos é uma espécie de parteiro moderno, bem diferente daquelas dos tempos de nossas avós. Com mais de seis anos de experiência na área obstétrica e quatro no atendimento domiciliar, ele também trabalha em uma maternidade pública de Goiânia e é professor universitário. “O trabalho fora dos hospitais começou com o pedido de uma paciente e continuou devido a demanda de novas mães”, conta.
A equipe acompanha o “casal grávido” a partir da 30ª semana de gestação, inicialmente com consultas quinzenais, que tem o intervalo encurtado com a proximidade do nascimento. “Essas conversas servem para facilitar e criar subsídios para eles passarem pelas fases do trabalho de parto. Nem todo casal tem o perfil de abrir mão do aparato tecnológico de um hospital de todas as intervenções, como por exemplo, uma analgesia”.
Normalmente, os partos domésticos acontecem na água. No caso de Quedima, ela usou uma piscina inflável comprada exclusivamente para este fim. “Mas quem decide é a mulher, ela é a protagonista. Já acompanhamos algumas que utilizaram a água apenas para alívio da dor, mas que na hora do nascimento estavam na banqueta auxiliar para o parto de cócoras”.
Foi pensando em se sentir tranquila que a secretária Ana Carolina da Silva Neves, de 32 anos, e o esposo, o bombeiro militar Danny Alves, de 34 anos, optaram para que o filho Isaque, de cinco meses, nascesse em casa, na banheira do quarto do casal. “Meu esposo sempre teve o desejo de ser o primeiro a pegar o filho e eu tinha medo de anestesia e pavor de hospital”.
O PARTO
Quando a mulher entra em trabalho de parto, um dos integrantes da equipe vai até a casa dela para averiguar os sinais, confirmar se o bebê realmente está a caminho e preparar a residência. Geralmente, a equipe completa só retorna para a casa do casal quando a mulher já está em trabalho ativo, ou seja, com três contrações no período de dez minutos. “O parto é do casal. Evitamos interferir, avaliamos os batimentos do bebê e a doula orienta o que o casal pode desenvolver”.
Diferente das cesáreas e de muitos partos normais realizados em hospitais, o bebê nasce e não passa por nenhuma intervenção, como aplicação de colírio, vacina ou sucção das vias respiratórias. Ele vai direto para o colo da mãe. Na maioria das vezes ele é acolhido pelo pai e é este quem corta o cordão umbilical. Apenas em um segundo momento o bebê é examinado pelo enfermeiro.
Ao todo, Mattos já acompanhou 40 mulheres no parto domiciliar planejado. Em sua opinião, a maioria está fugindo de intervenções desnecessárias que podem ocorrer no ambiente hospitalar. “Elas querem garantir que a vontade delas será respeitada.
Dificuldade na hora de registrar a criança
Mesmo fazendo o parto com a assistência de um profissional da saúde e tendo em mãos a Declaração de Nascido Vivo (DNV), as mães que optam pelo parto domiciliar podem ter dificuldades na hora de registrar o filho. Na opinião do enfermeiro obstetra Diego Vieira de Mattos e das mães ouvidas pela reportagem, os questionamentos e exigências além da lei por parte dos cartórios acontecem por desconhecimento e até mesmo preconceito. “Já chegaram a questionar o porque delas não terem ido para um hospital nos dias de hoje”, conta Mattos.
A DNV é preenchida pelo profissional de saúde que acompanha o parto, mas pode também, em caso de parto desassistido, ser preenchida pelo próprio escrivão. Neste caso, a lei permite que o cartório exija duas testemunhas. Diego Viera de Mattos orienta que as pacientes levem as testemunhas e também anexa fotos do parto, por garantia.
Tatiane Rodrigues Machado e o marido precisaram ir duas vezes no cartório para conseguir registrar o filho, mesmo com a DNV retirada por Mattos na Secretaria Estadual de Saúde (SES) e relatório sobre o parto, com fotos e dados sobre a gestação. “A atendente não queria registrar. Voltamos com as duas testemunhas e com as portarias.”
Entidades de classes têm opiniões diferentes
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) não recomenda aos médicos goianos a realização do parto fora do ambiente hospitalar. O vice-presidente da entidade, o ginecologista e obstetra Aldair Novato Silva, diz que o profissional sabe dos riscos que corre e acha difícil um obstetra querer assumir essa responsabilidade. Ele também reforça que a presença do médico especialista é o ideal. “O trabalho de parto é uma condição clínica que pode se modificar rapidamente, levando em risco a mãe e o feto. Muitas vezes é necessária uma ação rápida e se estiver em ambiente hospitalar fica mais fácil”.
Questionado sobre a principal justificativa dada pelas mulheres que buscam o parto domiciliar ser o temor de intervenções desnecessárias e o desrespeito as vontades da mãe, Silva discorda. “Não acredito em violência obstétrica. O médico é sempre bem intencionado e o conselho desaprova qualquer conduta médica que não esteja de acordo com o que o paciente precisa”.
Apesar da opinião contrária do Cremego, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos como enfermeiros-obstetras e parteiras e recomenda que as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo risco, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência para transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se surgirem problemas durante o parto.
A enfermeira Angela Bete Severino Pereira, conselheira do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO), defende a atuação dos enfermeiros obstetras na assistência ao parto e diz que o código de ética da categoria é claro ao destacar que este especialista tem qualificação para atender o parto no domicílio. (07/07/14)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação