Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 06 A 08/07/13

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

O POPULAR
Automedicação
População abusa dos remédios
Pesquisa mostra que 33% dos moradores de Goiânia usa medicação de tarjas preta e vermelha sem receita
Janda Nayara

Cerca de 33% da população de Goiânia consome medicamento controlado, tarja preta ou vermelha, sem prescrição médica. Segundo dados de pesquisa realizada pelos Institutos Datafolha e de Pós-graduação para Farmacêuticos (ICTQ) em 12 capitais brasileiras, o porcentual goiano é superior à média nacional, de 20%, e só fica atrás do índice verificado em Fortaleza (CE), com 38%.
A presidente do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), Ernestina Rocha, se diz surpresa com o resultado. “Nos últimos anos, conselhos e vigilâncias aumentaram a fiscalização em torno da venda ilegal. A obrigatoriedade do farmacêutico no estabelecimento também visa garantir essa venda controlada”, argumenta.
Mesmo com o controle rigoroso, é possível comprar remédios sem receitas até mesmo através da internet. Em sites de busca, a reportagem do POPULAR encontrou diversos anúncios de empresas que vendem os remédios controlados, sem nenhum controle especial.
Uma farmacêutica, que preferiu não se identificar, contou como as farmácias conseguem vender caixas de medicamento sem receita. “Muitas vezes, um cliente chega com receita para três caixas, mas acaba levando somente uma. Retemos a receita e separamos as outras duas caixas autorizadas para vender sem a indicação”. Ela também avalia a fiscalização como falha. “Estou há um ano no mesmo estabelecimento e até hoje não tivemos visita da vigilância sanitária. O conselho só fiscaliza a presença do farmacêutico”, revela.
O jornalista Heitor Freitas faz parte deste grupo de goianos que se automedicam. Ele já fez uso de Rivotril. “Tomei por conta própria. Cursava duas faculdades, vivia sobre pressão, não conseguia dormir, tinha taquicardia e o médico falou que era estresse. Minha amiga tinha a receita e comprava para nós dois”, conta. A substância, que deve ser vendida apenas com retenção de receita, é prescrita por psiquiatras a pacientes em crise de ansiedade – nos casos em que o sofrimento tenha causa bem definida – mas tem sido usado para situações do dia a dia, como pressões, prazos e insônias, entre outros. Em 2008, o ansiolítico foi o segundo medicamento mais vendido no País, batendo aqueles de uso corriqueiro, segundo o IMS Health, instituto que audita a indústria farmacêutica.
Segundo o diretor-executivo do ICTQ, Marcus Vinícius Andrade, os estudos para mapear a medicalização da população são de extrema importância na conscientização de consumidores e nas ações estratégicas do Ministério da Saúde e órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Os medicamentos são formulados para prevenir, aliviar e curar doenças. No entanto, estes produtos farmacêuticos, mesmo aqueles isentos de prescrição médica, quando consumidos de forma irracional podem produzir efeitos colaterais indesejáveis e danosos. Essa dualidade é significativa para a saúde pública”, afirma.
COM RECEITA
A compra sem prescrição não é o único problema enfrentado hoje. Muitos fazem o uso de medicamentos controlados sem necessidade ou para um motivo além da sua real indicação, e conseguem a receita médica. Nem todos os profissionais se mostram tão rígidos. A vestibulanda Juliana Mendonça concorre a uma vaga para Medicina, não tem transtorno nem déficit de atenção, mas faz uso do tarja preta Metilfenidato para enfrentar longos períodos de estudo e provas. Ela conseguiu a receita com seu médico. “Falei para ele que estava cansada e que a maioria dos meus colegas que queriam medicina também usavam para se concentrar. Ele não viu problemas e me passou a receita”, informa.
RISCOS
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), médico psiquiatra Salomão Rodrigues Filho, a fiscalização às farmácias e outros locais que comercializam medicamentos deixa a desejar. “Também enfrentamos o problema da clandestinidade. É possível comprar remédios importados irregularmente, proibidos ou não, até mesmo nos camelódromos”, diz.
O presidente do Cremego defende que todo medicamento deveria ser de uso controlado e justifica sua posição com o velho ditado: “A diferença entre um medicamento e o veneno é a dosagem”. Ele ressalta que o uso sem a indicação adequada pode causar reações adversas, danos irreversíveis a saúde, dependência e até mesmo a morte.
Os medicamentos controlados não levam esse nome por acaso. Precisam ter indicação clínica analisada e dosagem recomendada. O médico reforça também que o indicado para uma pessoa pode não ser o melhor para outra. No caso de profissionais que prescrevem esses medicamentos sem filtros, Salomão afirma que estão sendo imprudentes e que a indicação imprecisa, principalmente de antidepressivos, calmantes e psicoestimulantes, pode levar à indução de quadros psiquiátricos.

Farmácia vista como mercado

A pesquisa realizada pelos Institutos Datafolha e de Pós-graduação para Farmacêuticos (ICTQ) também analisou o perfil dos compradores em farmácias sob diversos ângulos, como grau de importância da presença do farmacêutico nos estabelecimentos, identificação do farmacêutico, imagem das farmácias, entre outros dados. Dos entrevistados, 74% declararam ir à farmácia pelo menos uma vez ao mês.
Outro fator que chamou a atenção do ICTQ foi, segundo o diretor-executivo Marcus Vinícius, foi a forma com que o usuário vê as farmácias. “Muitos enxergam nas drogarias um supermercado de livre compra, em que podem adquirir medicamentos como se fossem balas ou refrigerantes”, analisa.
Segundo o levantamento, 94% dos brasileiros veem a farmácia como um minimercado ou loja de conveniência e apenas 16% como estabelecimento de saúde. Em Goiânia, este porcentual é de 76% e 24%, respectivamente.
O ICTQ também percebeu que, quando o uso de determinado medicamento provoca efeito colateral, a maioria dos entrevistados, 25%, procura auxílio junto ao farmacêutico. Somente 7% notificam a Anvisa. (08/07/13)
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Cartas dos Leitores – Médicos no Estado

Em relação à reportagem publicada no dia 1 de julho, com o título Saúde em crise: 68 cidades goianas sem médico, esclarecemos que as informações de domínio público foram retiradas do site da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES), utilizando o Mapa da Saúde, relativas ao indicador Quantidade de médicos por habitantes, segundo residência do médico, cujos dados foram fornecidos pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás, em janeiro de 2013, e trabalhados pela Supex utilizando o georreferenciamento (GéoClip).
A interpretação deste indicador relaciona o quantitativo de profissionais de saúde (médicos) pelo de habitantes, segundo residência do profissional. Assim, não quer dizer que um município está desassistido pelo fato de o médico não residir neste espaço geográfico (residência fixa).
Segundo a projeção Concentração de Médicos no Brasil em 2020, que compõe o estudo Demografia Médica no Brasil, do Conselho Federal de Medicina (CFM), mesmo sem abrir novos cursos e vagas de Medicina, o Brasil atingirá em 2020 a razão de 2,20 médicos por mil habitantes.
Se mantido o panorama atual, dentro de sete anos, em 2020, o Brasil terá 455.892 médicos em atividade, quando sua população será de 207.143.243 habitantes.
Em 2010, o número de médicos era de 364.946 para uma população de 193.252.604 o que correspondia a uma taxa de 1,9 médico por mil habitantes.
Com este pressuposto de crescimento, a razão médico-habitante se acomodaria em índice próximo do desejado pelo governo, ainda que não tenha sido apresentada até o momento nenhuma explicação lógica ou fundamentada para a suposta taxa nacional ideal de 2,5 médicos por mil habitantes pretendida pelos Ministérios da Educação e da Saúde (Cremesp, 2012).
Este indicador é diferente do trabalhado no Mapa da Saúde do Estado de Goiás que procurou abordar a interiorização, pela residência, e a consequente regionalização e proximidade da moradia deste profissional com o local de trabalho.
Alan Kardec de Lima Filho – Coordenador da Assessoria de Informação da SES-GO (08/07/13)
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Anápolis
Protesto contra vinda de médicos estrangeiros
(Paulo Nunes Gonçalves, de Anápolis)

Mais de 100 profissionais da saúde de Anápolis, entre médicos, enfermeiros e nutricionistas, realizaram um protesto ontem à tarde, percorrendo as principais ruas e avenidas da região central, com faixas e cartazes que expunham pauta de reivindicações de nível nacional, como o estabelecimento de critérios para a contratação de médicos estrangeiros, e reivindicações locais, como o fim dos chamados contratos precários. Os profissionais reagiram ao anúncio da presidente Dilma Rousseff, de importar médicos estrangeiros para cidades do interior. O presidente do Sindicato dos Médicos de Anápolis (Simea), Wilmar Afonso Rodrigues, os estrangeiros serão bem vindos no Brasil, desde que o diploma deles passe por uma convalidação do Conselho Federal de Medicina, o exame conhecido como Revalida. (06/07/13)
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Saúde
OAB quer veto a lei que libera antibióticos
Janda Nayara
A Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO) recomendou ao prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, através de ofício encaminhado ontem, o veto ao Projeto de Lei 105/2011, que permitiria a venda de antibióticos sem receita médica nas farmácias da capital. Segundo o documento, o projeto de lei “afronta os artigos 23 e 30 da Constituição Federal, uma vez que amplia a competência legislativa municipal; afronta o artigo 196 da Constituição Federal, uma vez que não visa reduzir o risco de doenças e de outros agravos; afronta o artigo 5º, inciso XIII da Constituição Federal por não ser a profissão farmacêutica de total livre exercício, pois deve obedecer legislação infraconstitucional já existente. Além disso, fere norma da Anvisa, pois retira eficácia de duas de suas resoluções dentro de município de Goiânia”.
Instituições de representação dos profissionais de saúde, entre elas os conselhos regionais de Medicina e de Farmácia, já se posicionaram contra o projeto. Elas alertam para os riscos sociais e à saúde da população que seriam ocasionados pela venda indiscriminada de antibióticos. No dia 20 de junho, o Comitê das Entidades Médicas do Estado de Goiás se reuniu com o prefeito Paulo Garcia e pediu o veto. Na ocasião, o gestor teria se mostrado à favor do pedido da entidade.
Segundo a assessoria de imprensa do prefeito, ele ainda não tomou conhecimento do ofício enviado pela OAB, e que o prazo para sanção ou veto é dia 9 de julho.(06/07/13)
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Anvisa
Funchicória deve voltar ao mercado

Brasília – A Funchicórea – remédio tradicional contra cólicas de bebês usado por mais de sete décadas no Brasil, mas fora do mercado há mais de um ano – poderá voltar em breve às prateleiras. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reverteu decisão adotada em 2005, que indeferiu o registro do produto. Segundo Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, o veto do produto em 2005 não teve relação com questionamentos sobre sua eficácia. .(06/07/13)
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DIÁRIO DA MANHÃ

Gordura que cura o diabetes
Células-tronco a partir da gordura do próprio diabético são a esperança para a cura de uma das doenças que mais matam no mundo
JOAQUIM MUNDURUCA

Um estudo científico iniciado em 2003 na Universidade de São Paulo (USP) pode ser a esperança que faltava para mais de 350 milhões de diabéticos no mundo. No Brasil, já são mais de 15 milhões. O diabetes mellitus é uma doença crônica não transmissível (DCNT) e a quinta maior causa de mortes no planeta. Ele mata mais que o câncer de mama, de próstata e a aids juntos. Células-tronco extraídas do tecido adiposo humano (gordura) nas cirurgias abdominais ou de lipoaspiração estão sendo utilizadas para auxiliar na produção de insulina, controlando melhor a glicemia (nível de açúcar no sangue) de pacientes com a doença. Entre as vantagens dessa técnica revolucionária estão a possibilidade de cura definitiva do diabetes de tipo 1, a não rejeição, a rápida cicatrização e a desoneração do tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmam especialistas.
Entre as muitas formas existentes de diabetes, as mais comuns são os tipos 1 e 2. O diabetes de tipo 1 costuma aparecer na infância ou na adolescência e torna  o paciente dependente de insulina para o resto da vida. É uma doença autoimune, ou seja, ela faz com que as células do pâncreas sejam destruídas pelo próprio sistema imunológico do organismo, deixando de produzir insulina. O diabetes de tipo 2 é a forma mais comum da doença e está relacionada a fatores de risco, a exemplo de maus hábitos alimentares, do excesso de peso, do sedentarismo, do tabagismo, dentre outros. É uma doença que se pode prevenir em boa parte dos casos. Há ainda o diabetes gestacional que acomete mulheres no período pós-parto.
De acordo com a técnica desenvolvida pela equipe coordenada pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, do Hospital das Clínicas (HC) da USP, em Ribeirão Preto, o tratamento com células-tronco extraídas do tecido adiposo (gordura) e do próprio paciente, transformadas em ilhotas produtoras de insulina e com nenhum risco de rejeição, aumenta a sua qualidade de vida, reduz o custo do tratamento para o SUS (o tratamento convencional com injeção de insulina é demorado e oneroso), e elimina o problema da escassez de doadores para os transplantes de ilhotas. A gordura é, ao lado do cordão umbilical e da medula óssea, um dos maiores reservatórios de células-tronco do organismo na proporção de 250 mil células-tronco para cada grama de gordura extraída em cirurgias estéticas de lipoaspiração, por exemplo.  A técnica consiste em fazer um autotransplante e retirar células-tronco da gordura do próprio paciente. Sessões de quimioterapia endovenosa são realizadas para desativar o sistema imunológico e, em seguida, as células-tronco são reintroduzidas na corrente sanguínea e o sistema imunológico é regenerado, fazendo com que o pâncreas volte a produzir insulina.
No estudo realizado pela USP, dos 25 pacientes com diabetes de tipo 1 apenas, com idades variando entre 12 e 35 anos e com menos de cinco meses de diagnóstico da doença, mais de 50% deles obtiveram a cura, ou seja, o pâncreas voltou a produzir insulina e ficaram livres das aplicações diárias de injeções. Nos demais voluntários, houve significativa melhora e as três ou quatro doses diárias foram reduzidas consideravelmente. A terapia é rigorosa e pressupõe alimentação equilibrada, atividades físicas regulares, compreensão e aceitação da doença, monitorização da glicose e insulinoterapia (quando houver necessidade). Apesar de não se poder confirmar a cura definitiva da doença, os resultados da pesquisa apontam para uma melhor qualidade de vida dos pacientes, com redução de problemas de visão, insuficiência renal, falência do pâncreas e amputação dos membros superiores e inferiores, muito comuns nestes casos.
Segundo o endocrinologista Sérgio Alberto Cunha Vencio, a técnica do “reset imunológico” realizado pela equipe paulista é pioneira e tem se mostrado eficaz no tratamento do diabetes de tipo 1, contudo é complexa e arriscada em razão das muitas sessões de quimioterapia. “A retirada das células-tronco é simples, o problema está no uso pesado da quimioterapia, que é sempre muito agressiva. Mas para isso existe a técnica da célula-tronco mesenquimal, que evita a quimioterapia e oferece menos riscos, contudo não se sabe ainda em que quantidade ela deveria ser utilizada. A técnica está em fase experimental”, informou o endocrinologista. “O diabetes de tipo 2 já se tornou uma pandemia mundial. São 350 milhões no mundo segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Goiás, 7% a 8% da população têm o diabetes, sendo que 95% dela é do tipo 2 e 5% do tipo 1. No Brasil, especialmente depois do Plano Real, ocorreu um acesso maior à comida para faixas desfavorecidas da população e com isso se verificou também um aumento nos casos de diabetes de tipo 2, associadas aos maus hábitos alimentares. O diabetes está diminuindo nas classes mais altas, e o acesso à informação e a disponibilidade de recursos ajudam a explicar o fenômeno. As classes mais baixas estão consumindo produtos muito calóricos. Todo mundo quer comer fast food e ter refrigerante na mesa todos os dias. Infelizmente o Brasil está caminhando na direção errada quando copia os maus hábitos alimentares dos americanos”, comentou.
Epidemia
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), no Brasil, o diabetes mellitus já é tratado como doença epidemiológica. Em dados referentes a 2009, 55% dos casos de enfermidades no País tiveram como causa ou estavam relacionadas ao diabetes, tais como doenças dos aparelhos circulatório e respiratório, neoplasias, doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. Em 2008, 4,49% dos casos de mortalidade estavam associados à doença. Em 2011, houve um aumento de 4,74%. 121.168 internações para o tratamento do diabetes foram realizadas em 2008. Em 2010, elas foram 130.062, e em 2011, 126.657. Adultos com mais de 65 anos de idade respondem por 21,8% dos casos, seguidos pelo grupo etário de 55 a 64 anos (15,2%). Crianças de 0 a 8 anos representam 7,5% do total de pacientes. 5,2% da população masculina brasileira sofre da doença, enquanto as mulheres respondem por 6% dos casos. Na região Centro-Oeste, 4% dos homens e 5,5% das mulheres são diabéticos. Apesar das taxas serem inferiores à média nacional, o diabetes de tipo 2 também é epidemia em Goiás e nos demais Estados da região.
A estudante e membro da Associação de Diabéticos do Sudeste Goiano (Adisgo), localizada em Catalão, Amanda Pereira Braga da Fonseca, de 17 anos, descobriu o diabetes de tipo 1 há mais de cinco anos. “Sou dependente de insulina. Faço seis aplicações subcutâneas ao dia, antes do café da manhã, do almoço e do jantar, e duas horas depois de cada um deles. Sigo à risca o tratamento, uso os medicamentos, não levo uma vida sedentária, faço caminhadas, vou à academia, como muita salada, frutas e legumes e nunca abuso de açúcares e gorduras. Acho que é por isso que levo uma vida quase normal. Sempre estou medindo a minha glicose com o glicosímetro. Se está alta (hiperglicemia) ou baixa (hipoglicemia), me sinto cansada e fraca. Mas eu sempre busco mantê-la no nível normal, 70 a 99, em jejum, e 70 a 140 após as refeições”, comentou. Ela recebeu o glicosímetro (aparelho utilizado para medir a presença de glicose na corrente sanguínea), fitas para medir o diabetes, seringas, doses de insulina e macetas da Secretaria Municipal de Saúde do município. “Estou satisfeita com o tratamento convencional da doença e não tentaria a técnica da célula-tronco porque já fui diagnosticada há muito tempo e por isso não poderia participar da experiência”, finalizou.  ((08/07/13)
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SAÚDE BUSINESS WEB

Consulta pública para novo rol de procedimentos é prorrogada

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou na sexta-feira (5) a prorrogação do prazo para envio de contribuições para a Consulta Pública nº 53, que atualiza a cobertura obrigatória dos planos de saúde (Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde). O prazo, que agora vai até 6 de agosto, foi ampliado por sugestão de entidades ligadas ao setor.
A proposta de resolução normativa contempla a inclusão de cerca de 80 procedimentos médicos e odontológicos entre medicamentos, terapias e exames, além da ampliação das indicações de mais de 30 procedimentos já cobertos (diretrizes de utilização). Entre eles estão a inclusão de medicamentos orais para tratamento de câncer; a introdução de uma nova técnica de radioterapia e cerca de 30 cirurgias por vídeo.
O envio de sugestões ou comentários é aberto ao público e deve ser feito exclusivamente por formulário eletrônico disponível na página da ANS. (06/07/13)
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JORNAL OPÇÃO
Opinião – As polêmicas do DSM-V

Lúcio Malagoni

O primeiro Manual Dia¬g¬nóstico e Es¬tatístico de Trans¬tornos Men¬tais (DSM, na sigla em inglês ) foi publicado em 1952 pela Associação Americana de Psiquia¬tria contendo 130 páginas e 106 categorias de desordens mentais. Em 1994, o DSM-IV, a quarta versão, surgiu, listando 297 transtornos em 886 páginas. Última versão, recentemente lançada, o DSM-V traz 300 patologias distribuídas por 947 páginas. Tal evolução quantitativa é citada frequentemente como sinal de uma progressiva tendência a patologização. Nessa linha, a divisão de psicologia clínica (DCP, na sigla em inglês) da Sociedade Britânica de Psicologia divulgou dia 13 de maio uma nota declarando que, face a falta de provas, é hora de uma “mudança do paradigma” utilizado para a compreensão dos transtornos mentais: “Agora há provas contundentes de que as pessoas desmoronam como resultado de uma complexa mistura de circunstâncias sociais e psicológicas — luto e perda, pobreza e discriminação, trauma e abuso”, afirma Lucy Johnstone, consultora de psicologia clínica que participou da elaboração da declaração do DCP.

O DSM é utilizado por vários países, e funcionava como um balizador dos sistemas de remuneração médica nos EUA: se não está no manual, não é reembolsável o trabalho do profissional (médico, psicólogo) que atende aquela situação, não pode ser considerada causa de incapacidade (vide as questões sobre a Síndrome de Asperger), e não faz jus a indenizações. Em outubro de 2014, os EUA adotaram a CID 10, classificação utilizada no Brasil e em parte da Europa, como sistema padrão de codificação, numa tentativa de integrar melhor ambos sistemas.

A nova versão do DSM nasce sob o fogo cruzado. Por um lado, o segmento “biológico”, defende uma classificação direcionada ao estabelecimento de critérios derivados dos novos achados das neurociências, que se mostre, portanto, útil a pesquisa derivada desse campo, e não conjuntos de sintomas, os critérios utilizados na rotina do clínico no atendimento de seus pacientes. Do outro lado, psicólogos, sociólogos, e parte dos psiquiatras (na maioria também ligados ao exercício da psicoterapia) declaram que a classificação caminha para uma patologização excessiva do comportamento humano.

Um dos motivos da ampliação do manual nasce exatamente da necessidade de critérios mais objetivos, mesmo para diagnósticos ainda provisórios, visando a realização de pesquisas que corroborem ou descartem sua utilidade. Mas mesmo pesquisadores de renome, como o diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), Tho¬mas Insel, discordam da nova publicação, anunciando que o instituto está “reorientando suas pesquisas” e se distanciando das categorias do DSM. “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação”, escreveu Insel em seu blog. “Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório.”

“A infraestrutura determina a superestrutura”: no emaranhado de opiniões conflitantes, é impossível deixar de pressentir as raízes econômicas. Em geral, os detratores recorrentes das classificações trabalham na área psicoterapêutica ou na psicologia acadêmica. Os pesquisadores “biológicos”, em sua maioria, atuam em pesquisas com orçamentos milionários das indústrias de tecnologia médica (e não poderia ser diferente, rigorosos que são os parâmetros atuais para julgar uma pesquisa “séria”, elevando assustadoramente seu custo financeiro).

Todos os fenômenos humanos apresentam determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Não é diferente na área médica, e portanto na psiquiatria. Em que medida cada um destes fatores participa da gênese do fenômeno, deve ser motivo de apreciação para compreender e atuar da forma mais eficiente. A multidimensionalidade não invalida a utilidade de cada dimensão em particular: só porque um transtorno tem um aspecto socialmente construído não significa que ele torne inexistentes os aspectos biológico e psicológico. Vide as ideias de que a esquizofrenia seja uma construção da sociedade para hostilizar formas minoritárias de funcionamento mental. Ou aquelas que atribuíam a origem desta doença a um tipo específico de relações familiares (ambas as teses demolidas por extenso material de pesquisa).

Um segundo ponto, talvez ligado a tradição judaico-cristã, considera que seria ilegítimo minorarmos o sofrimento psíquico através do uso de medicação. Um terceiro propõe que os transtornos mentais seriam fenômenos naturais, como o mofo no pão ou o leite que coalha, não merecendo intervenção. O curioso é que ninguém defende a mesma atitude em relação a dor física, ou às doenças infecciosas que a medicina controla em maior medida a cada dia.

No bojo da polêmica, não devemos nos esquecer dos diversos objetivos (clínico, experimental, balizador econômico) a que serve a classificação, e o fato de que se trata de um instrumento: provisório, parcial, e datado. E não de uma perspectiva totalizadora de reflexão sobre a complexidade humana. 
Lúcio Malagoni é médico psiquiatra (07/07/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação