Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 06 a 10/02/16


ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES


• Moradora de Águas Lindas de Goiás morre vítima de dengue hemorrágica
• Família luta para vaga em UTI para garota de 2 anos, em Goiânia
• Ambiente hospitalar mais leve auxilia na recuperação
• Plano tem que cobrir reparadora
• Procura-se médico pediatra
• Países vizinhos atraem estudantes
• Editorial – O “Aedes” é seu vizinho
• Artigo – Todo goiano está a 100 metros de um mosquito
• Alckmin anuncia laboratório que vai produzir pílula do câncer
• Goiás não realiza exames de zika vírus: casos aumentam na Capital
• Saúde – Zikavírus: o mais novo inquilino do mosquito escancara o descaso do Brasil com a educação e a cidadania


TV ANHANGUERA/GOIÁS

Moradora de Águas Lindas de Goiás morre vítima de dengue hemorrágica
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/moradora-de-aguas-lindas-de-goias-morre-vitima-de-dengue-hemorragica/4799669/ (09/02/16)

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Família luta para vaga em UTI para garota de 2 anos, em Goiânia
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/familia-luta-para-vaga-em-uti-para-garota-de-2-anos-em-goiania/4799666/ (09/02/16)
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O HOJE
Ambiente hospitalar mais leve auxilia na recuperação
Tratamento humanizado é realizado por unidades de saúde de Goiânia como opção para amenizar a dor e angustia de pacientes
  
Karla Araujo
“Em um Sarau Itinerante entramos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cantamos uma música ao lado de um dos leitos. O idoso que há dias não fazia contato verbal ou visual abriu os olhos e balançou a cabeça no ritmo da canção. Foi surpreendente e muito gratificante”. A declaração é da diretora de Enfermagem do Hospital Alberto Rassi (HGG), Natalie Alves Andraschko, responsável pela organização das ações de tratamento humanizado na unidade de saúde.
Natalie explica que o hospital possui rotina de atividades com objetivo de amenizar as dificuldades do momento de enfermidade pelo qual o paciente passa. No Sarau, por exemplo, os pacientes podem participar de apresentações de dança realizadas na recepção do ambulatório. As cadeiras são retiradas e o local vira um grande palco. Quando a pessoa não pode sair da cama, o Sarau é levado até o quarto.
Além disso, a cada 15 dias, voluntários vão ao local para ensinar pintura em tela aos pacientes, que podem levar a produção para casa. A oficina dura uma hora e meia. Existe também no HGG o Projeto Dose de Letras, em que um carrinho, cheio de livros e revistas, passa pelos quartos dos hospitais. Os pacientes podem ficar com as edições até irem para casa.
Janielly Moreira Modesto Reis, 18, está internada no local há 20 dias. Ela mora no Tocantins e veio à Goiânia procurar tratamento, pois está com febre há semanas e os médicos ainda não descobriram a causa. Ela participou da última oficina de pintura ao lado da mãe, a dona de casa, Maria Rosangela Moreira, 44. “Achei interessante. Uma distração. Nunca tinha pintado na tela assim. É uma novidade”, admirou a jovem.
A adolescente, Maria Helena Lopes Ribeiro, 15, também participou da oficina. Ela está no hospital há uma semana porque tem diabetes e complicações aconteceram nos últimos dias. Para ela, aprender a pintar foi uma distração. “Ficamos sem fazer nada nos quartos. Foi bom sair um pouco. Nunca tinha feito nada assim”, disse a jovem.
Além das atividades, o HGG também é uma verdadeira galeria de arte, com exposições de pinturas de artistas renomados. As telas ficam nos corredores e recepções no hospital por três meses. Atualmente, 150 pinturas da exposição Imaginário Primitivo– de Américo Poteiro, Helena Vasconcelos, Sandro Carvalho e Veramarina- estão nas paredes da unidade de saúde.
Eficácia
De acordo com Natalie, é comum os pacientes perguntarem quando será o próximo sarau. “O êxito do tratamento humanizado é comprovado por diversos estudos científicos. Conseguimos acompanhar a melhora do paciente que está fragilizado por uma doença e ainda por cima longe de casa, em um ambiente estranho que é o hospital”, explica a coordenadora de Enfermagem.
Fátima Maria Lindoso da Silva Lima, diretora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), também concorda em relação ao efeito positivo do tratamento. “Por meio do programa de extensão Pronto Sorriso, estudantes do primeiro ao quarto ano dos cursos de Saúde levam alegria e a humanização do cuidado a pessoas doentes por meio da figura do palhaço”, diz Fátima Maria. O programa é executado no Hospital das Clinicas.
Além do resultado positivo para o paciente, a diretora afirma que o programa é fundamental na formação dos profissionais, pois desperta o carinho e o cuidado em relação ao paciente. “Quando há carinho no trabalho, o médico ou enfermeiro buscará o melhor para o paciente. Ao encontra um ex-aluno, é comum ouvir dele o quanto o Pronto Sorriso, que existe há 17 anos, acrescentou em sua formação”, afirma a diretora.   (07/02/16)
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Plano tem que cobrir reparadora

A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) julgou procedente pedido de uma segurada da Unimed Goiânia a fim de obter cobertura para realização de cirurgia plástica reparadora. O relator do voto, desembargador Gerson Santana Cintra, considerou que o contrato firmado entre as partes prevê o procedimento, uma vez que não tem cunho estético.
Consta dos autos que a autora da ação foi submetida à cirurgia para remover o apêndice, com custos arcados pelo plano de saúde. Em decorrência de um processo infeccioso grave durante a recuperação, ela precisou passar por novo procedimento, a fim de abrir a sutura e drenar secreção, o que provocou uma cicatrização de forma inadequada, profunda e bastante extensa no abdome.
Em primeiro grau, na 1ª Vara Cível de Goiânia, a beneficiária conseguiu a antecipação de tutela para realizar o procedimento. Posteriormente, em sentença de mérito, a liminar foi confirmada, com condenação imposta à Unimed para indenizar a segurada por danos morais arbitrados em R$ 5 mil.
O plano de saúde recorreu, alegando que, conforme cláusula contratual, as cirurgias plásticas cobertas são para restauração de funções em órgãos e membros atingidos em virtude de acidentes pessoais ocorridos na vigência do contrato.
Cliente
Contudo, para o magistrado relator, o acordo entabulado entre as partes deve ser analisado conforme Código de Defesa do Consumidor (CDC), que dispõe sobre interpretação favorável ao cliente, no sentido de abranger a situação fática apresentada no processo. “O procedimento cirúrgico pleiteado não possui um cunho estético, apto a justificar a ausência de cobertura contratual, posto que o quadro infeccioso que resultou nessa sequela visível e deformidade permanente, decorreu da necessária intervenção médica denominada apendicectomia”.
O veredicto singular foi reformado, apenas, no tocante à imposição indenizatória. Santana Cintra afirmou a recusa da Unimed em custear a cirurgia não ocorreu de forma injustificada, mas por entendimento restrito do contrato. “É indiscutível no presente feito que a autora sofreu dissabores, angústia e contrariedade em razão do problema físico apresentado, todavia, entendo que não alcança o patamar de abalo moral, a simples negativa de cobertura do procedimento cirúrgico com base em interpretação de cláusula contratual”.  (07/02/16)
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O POPULAR

Procura-se médico pediatra

Em Goiás, o número de pediatras na rede pública estadual nos últimos 18 meses ao invés de aumentar, diminuiu. Até julho de 2014, o número era 168. Agora, são 161. O último concurso realizado para contratação de profissionais no Estado foi em 2010. O superintendente executivo da Secretaria Estadual de Saúde, Halim Girade, explicou que existe uma dificuldade de encontrar pediatras não só em Goiás, mas no Brasil inteiro. De acordo com ele, o Estado não fez mais concurso, pois não adiantaria. "É um problema muito grave. Existe uma necessidade de aumento da quantidade desses profissionais."
Atualmente existem inscritos no Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) 751 médicos, sendo 516 em Goiânia. Número mostra aumento de 56 pediatras, quando em 2014 eram 695 profissionais inscritos. De acordo com o presidente do conselho, Aldair Novato Silva, número é ínfimo, principalmente se comparado com a demanda da pediatra. Conforme presidente, são formados anualmente em Goiás pelo menos 300 médicos. Ou seja, de 2014 a 2016 são 600 profissionais, mas somente 56 escolheram a área.
"A área está mesmo deficitária há alguns anos", disse Aldair. Para ele, fato é em decorrência da falta de atrativo para a área. A dedicação, conforme o médico, é grande. Além disso, nos últimos anos houve a redução no ganho na área, atraindo ainda mesmo jovens médicos. "Só foi mesmo para a pediatria quem queria por tendência pessoal", disse, explicando que o pediatra tem que se dedicar muito mais, com maior número de consultas e retorno do que as demais áreas da Medicina.
De acordo com ele, na rede pública os médicos de plantão ficam muito sobrecarregados, com remuneração que não condiz com o esforço do profissional e estruturas deficitárias. "Abre concurso aí querendo pagar R$ 1.800 para um médico no período de 20 horas semanais. Ele ganha isso no escritório em um dia", disse Aldair. O presidente do Cremego frisou ainda que plantões a 900 reais não incentiva os profissionais a sacrificarem um domingo, ou final de semana, por exemplo.
O superintendente estadual Halim Girade garante que remuneração não é problema. No Estado, conforme servidor, um médico recebe em média de R$ 8 mil a R$ 9 mil – somando vencimento com bônus e produtividade, para carga horária de 20 horas. Em Goiânia, conforme secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, paga-se de 900 reais a R$ 1.200 por plantão de 12 horas. "Isso não é por conta dos salários, que são compatíveis com o resto do País."
Para Halim, portanto, o problema da falta de pediatras é devido ao fato do trabalho ser mais "pesado". Conforme superintendente, os médicos não querem ser mais pediatras por terem que estar ligados 24 horas por dia para atender os pais das crianças. "E isso não é fácil. Tem profissional que não aguenta."  Para o presidente da Sociedade Goiana de Pediatria, Leônidas Bueno, o principal motivo da diminuição de pediatras na rede pública é a remuneração e falta de estabilidade profissional. De acordo com o médico, a área é mais trabalhosa do que as demais. Com isso, sem o incentivo, os jovens médicos acabam por preferir outras áreas. Leônidas explicou que o salário inicial de um médico é R$ 10.500 para todas as áreas.
Além da remuneração, o presidente garante que os municípios menores não possuem estrutura – o que não incentiva os médicos a se deslocarem. Por isso, a capital acaba sendo sobrecarregada com demandas dos outras cidades menores. "Há uma má distribuição de profissionais, porque nos interiores não existe hospital. Por isso, as grandes cidades lotam."
De acordo com Leônidas, com a remuneração abaixo do desejado, clínicos gerais acabam fazendo o atendimento de crianças – o que para o presidente é algo problemático, uma vez que somente o pediatra está qualificado para atender crianças.
A tendência agora, entretanto, é o cenário se inverter. De acordo com o presidente da sociedade, o aumento da procura pela especialidade gerou a elevação do número de residentes (sem saber falar ao certo em quanto aumentou). O tempo de residência também foi alterado, saindo de dois para três anos de especialização. "Isso qualifica mais o profissional e evita que ele vá para outras subespecialidades dentro da pediatria", explicou. Com esse aumento do período de residência o médico ficará, ainda, mais qualificado para resolver os problemas e isso evitará outros encaminhamentos, segundo Leônidas.
O presidente do Cremego também acredita que cenário tem mudado. Para ele, contratos de Organizações Sociais (OSs) com pessoas jurídicas têm melhorado a remuneração dos médicos e nos próximos anos o número de profissionais pediatras irá aumentar.
Na rede de saúde estadual, atende na área de pediatria o Hospital Materno Infantil (HMI), Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), Hospital de Doenças Tropicais (HDT) e Hospital de Urgências da Região Sudoeste (Hurso), sendo somente este último o único fora de Goiânia, localizado em Santa Helena de Goiás.
Como informou a SES, as demais unidades de saúde do Estado também fazem atendimento de crianças. Caso internação seja necessária, são encaminhadas para hospitais especializados.

Secretário diz que sobram consultas ambulatoriais

O secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, também não vê a questão salarial como problema, e sim a cultura de recorrer à emergência. De acordo com ele, o último concurso em Goiânia foi feito em 2012, mas a Prefeitura deixa um credenciamento dos profissionais em aberto e está sempre contratando pediatras. Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) possui 53 pediatras, sendo dez no Cais de Campinas, sete no Cais do Novo Mundo, 18 na Maternidade Dona Iris e o mesmo número na Maternidade Nascer Cidadão.
Conforme o secretário, a demanda é grande na emergência, enquanto nos ambulatórios sobram consultas. Segundo dados da SMS, no segundo semestre de 2015 sobraram 38.459 vagas para consultas ambulatoriais, que são as de rotina. “As pessoas às vezes não utilizam a rede para consultas de rotina, ou então preferem ir à emergência para ver um problema que poderia esperar 24 ou 48 horas, para a consulta.”
Para Fernando Machado, o problema é o atendimento emergencial que fica sobrecarregado muitas vezes com problemas que poderiam ser resolvidos por pediatras nos ambulatórios.
Portanto, segundo o secretário, é necessária uma mudança de cultura, com maior utilização das consultas ambulatoriais, que podem ser marcadas na tele consulta da secretaria de Saúde.

HMI é reformado, mas não expande leitos

Mensalmente, o Ministério da Saúde repassa 478 reais para hospitais da rede particular por leito de UTI infantil – tanto neonatal quanto pediátrica. O Estado de Goiás repassa mais 622 reais para inteirar o valor de R$ 1.100, que é pago para hospitais com leitos cofinanciados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. O valor pago pelo Estado e União é repassado para o município, que efetua o pagamento. A complementação de valores no serviço da UTI já existia para leitos adultos. Depois da crise de 2014, passou a existir para leitos infantis.
O Estado inaugurou terça-feira, 26, mais uma etapa das obras do Hospital Materno Infantil (HMI) que tiveram início no ano passado, com entrega do novo Pronto Socorro de Pediatria (PSP) e a nova UTI Pediátrica. Houve um investimento de mais de R$ 3 milhões na reforma, com compra de aparelhos mais modernos para o hospital de alta complexidade. Esta é a terceira reforma do hospital, com 35 anos de fundação. A primeira foi em 1984 e a segunda em 1998.
No número de UTIs, entretanto, não houve aumento. Isso porque segundo a SES, não existe espaço no local. De 2014 para cá, houve o aumento somente de oito Unidades de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin) na unidade. A diretora geral da unidade, Rita Leal, explicou que acontece do hospital não conseguir atender toda a demanda. “Chega gente de outros municípios, alguns regulados, outros não, e pode ocorrer de não ter vaga.” Para isso, o hospital trabalha com a central de regulação de Goiânia.

20 novas vagas em UTIs foram criadas

Em Goiás o aumento real de leitos de UTIs infantis foi de 20 – sendo 10 UTIs neonatais no Hospital Vila Nova (na retaguarda do Hospital Materno Infantil – HMI) e 10 UTIs pediátricas no Hugol. Em 2014, após problemas noticiados pelo POPULAR de 27 crianças que aguardavam vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) infantis, o Estado garantiu que iria aumentar pelo menos mais 40 vagas de UTIs para crianças, mas os 20 leitos de UTIs pediátricas prometidos para serem colocados no Hospital Vila Nova não foram incluídos.
Entretanto, o superintendente de Saúde do Estado, Halim Girade, frisou que para compensar, o Estado cofinanciou leitos de UTIs infantis, em que parte da diária é paga pelo governo federal e outra parte pela gestão estadual. Goiás passou, então, a cofinanciar a diária de pelo menos 108 leitos de UTI neonatal e pediátrica de hospitais da rede privada ou rede filantrópica privada de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.
No total, são 78 leitos de UTI pediátrica do SUS (sendo 39 do Estado) e 105 leitos de UTI neonatal (sendo 18 colocados pelo Estado) em Goiás. Desta quantia, 97 leitos de UTI neonatal 45 pediátrica são regulados em Goiânia. O restante fica nos municípios de Aparecida de Goiânia, Anápolis e Santa Helena.
“Hoje em dia não temos mais a emergência que tinha. De fato, antes era quase insuportável”, disse Halim Girade, pontuando que a complementação resolveu o problema, ao menos temporariamente. “Quando a população aumentar, sabemos que a demanda vai subir.”
Da rede pública de Goiânia, o superintendente de regulação e políticas de Saúde, Sandro Gomes, assegurou que os hospitais conseguem atender toda a demanda municipal. Entretanto, capital a recebe constantemente demanda de outras cidades do interior do Estado. (09/02/16)
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Países vizinhos atraem estudantes

Pedro Juan Caballero, no Paraguai, tem 6 universidades; maioria dos alunos é brasileira e muitos são de Goiás
Gabriela Lima

Uma pequena cidade paraguaia, na divisa com o Mato Grosso do Sul, desponta como polo de formação médica, atraindo cada vez mais estudantes goianos. Com cerca de 110 mil habitantes, Pedro Juan Caballero possui atualmente seis faculdades de medicina que, juntas, somam quase 4 mil estudantes brasileiros.
Assim como faculdades de medicina da Bolívia e da Argentina, que já há alguns anos são destinos de brasileiros, as escolas paraguaias não possuem vestibular e oferecem mensalidades com preços bem abaixo dos praticados no mercado da educação nacional. Mas Pedro Juan Caballero caiu nas graças do goianos por dois diferenciais: a distância relativamente pequena e a possibilidade de estudar no país vizinho e continuar morando no Brasil.
Pedro Juan fica na fronteira seca com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. As duas cidades são divididas apenas por uma rua. Na prática, funcionam como dois bairros próximos. Os estudantes afirmam que até sai mais barato morar do lado paraguaio da fronteira, pois o real vale mais que a moeda local, o Guarani, além do custo menor de itens como aluguel e energia. Mas, por questão de facilidade, muitos imigrantes estudantis preferem morar na parte brasileira.

Pontos positivos e um negativo

O estudante Welington de Jesus Moreira, de 36 anos, divide uma casa em Ponta Porã com um primo e dois amigos, todos goianos. Ele conta que, mesmo depois de formado em farmácia, queria cursar medicina. "Mas não consegui passar na UFG e a mensalidade das particulares, de mais de R$ 6 mil, era inviável para a minha família."
Um primo que estava estudando no Paraguai falou da opção. Welington vendeu o carro, anunciou os móveis na internet e, no dia 3 de fevereiro de 2015, partiu em busca do sonho de se tornar médico.
Atualmente, gasta entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil mensais com mensalidade, aluguel, transporte e alimentação. A mensalidade custa cerca de R$ 795. “Mesmo com a desvalorização da nossa moeda, é vantajoso."
Apesar da maioria dos alunos e até alguns professores serem brasileiros, as aulas são ministradas em espanhol. No início, ele estranhou: "Na primeira semana, fiquei perdido. Mas logo a gente se acostuma e o que é obstáculo vira ponto positivo, porque você acaba ficando bilíngue."
Welington faz uma avaliação positiva das instituições paraguaias, que estão adaptando suas grades curriculares às grades brasileiras. O ponto negativo, para ele, é o fato de a faculdade não ter hospital próprio. O último ano de faculdade (internato) é feito em hospitais conveniados na própria cidade.

Irmãs relatam experiência na Argentina e Bolívia

As irmãs Rafaela Farias Fonseca, de 29 anos, e Rebecca Farias Fonseca, de 25, também encararam o desafio de cursar medicina fora do Brasil. Rafaela escolheu a Bolívia, Rebecca optou pela Argentina.
"O que me motivou foi o fato de eu ter entrado como portadora de diploma lá", diz Rebecca, que já é formada em nutrição. Para estudar na Universidade de Moron, na Grande Buenos Aires, ela contratou uma empresa brasileira de assessoria conveniada com a instituição. Em média, gasta R$ 1,5 mil para de manter e mais R$ 2,8 mil com a empresa.
Para a futura médica, a instituição é de boa qualidade: "O ensino é um pouco diferente, mas estou gostando".
Rafaela Farias já era biomédica quando, aos 22 anos, decidiu estudar medicina na Bolívia para "não perder tempo com cursinho". Ela se formou na Universidad Técnica Privada Cosmos (Unitepc), em Cochabamba, passou pelo Revalida e desde março de 2015 exerce a profissão em Goiânia.
Atualmente, Rafaela é médica da saúde da família e atende em uma unidade de emergência. Ela diz nunca ter sentido preconceito por parte dos pacientes ou dos colegas. "O preconceito maior é contra os que exercem sem revalidar o diploma, como no Mais Médicos."
Ela escolheu a Bolívia por ter um primo e um amigo lá. O baixo custo também contou. “Meu custo não era alto. Gastava mais ou menos R$ 1,5 mil incluindo todas as despesas."
A maior dificuldade não foi o espanhol, mas a saudade da família. Ela não se arrepende. "Aprendi muito. Compensa ir."

Universidade tem 98% de brasileiros

Em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, a maior das seis instituições que oferecem cursos de medicina é a Universidad Sudamericana. Ela conta com 1,7 mil alunos, sendo 98% deles brasileiros. "Se tivermos 50 alunos paraguaios é muito", contabiliza o coordenador do Bem-Estar Estudantil, Daniel Gomes.
Também brasileiro, Gomes é responsável por recepcionar e dar suporte aos alunos. Na Sudamericana, a maioria dos alunos é da Região Nordeste do Brasil. Mas cerca de 100 estudantes são provenientes de Goiás. Apenas o município de Piranhas exportou mais de 40 estudantes. Em segundo lugar aparece Goiânia, com 10 representantes. Também há jovens de Anápolis, Aragarças, Formosa, Itumbiara, Iporá e cidade de Goiás.
Cremego critica “abertura indiscriminada"

Presidente do Cremego, Aldair Novato Silva acredita que há “uma abertura indiscriminada de faculdades de medicina nos países vizinhos" e demonstra preocupação com a qualidade da formação tanto fora quanto dentro Brasil. Segundo ele, a ampliação de "instituições com uma qualidade questionável, poderá aumentar o número de médicos formados que não conseguirão entrar no mercado".
Silva destaca que a média de aprovação de instituições de alguns países vizinhos no Revalida é baixa. "Muitos nem conseguem revalidar o diploma em uma instituição brasileira", lembra.
Segundo ele, apenas em Goiás, nos próximos anos, o número de egressos dos cursos de medicina saltará de 300 para 1.020. “Até recentemente tínhamos três universidades com cursos de medicina, duas em Goiânia e uma em Anápolis; agora temos duas faculdades em Aparecida de Goiânia, duas em Mineiros, além de Rio Verde, Goianésia e Jataí", destaca.
“A população precisa de acesso à saúde integral de qualidade com profissionais capacitados para resolver o problema. Não adianta formar médico a torto e a direito", conclui. (08/02/16)
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Editorial – O “Aedes” é seu vizinho

Artigo do secretário de Saúde do Estado, Leonardo Vilela, publicado na próxima página desta edição, revela uma informação extremamente preocupante: nenhum goiano está a mais de 100 metros de distância de um mosquito Aedes aegypti.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) chegou a esta conclusão depois de visitar mais de 1 milhão de imóveis em todos os municípios goianos. Outro dado também estarrecedor é que 24% dos imóveis não foram vistoriados porque estavam fechados ou porque seus proprietários se recusaram a autorizar a entrada dos agentes.
Não custa lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já declarou emergência internacional por conta do vírus zika; que Brasil teve um índice recorde de 1,6 milhão de casos de dengue em 2015, o maior número já registrado desde 1990, quando começou a série histórica. Necessário lembrar também que os cientistas investigam a relação entre o vírus zika e a microcefalia, que o vírus já foi encontrado em sua forma ativa na saliva e na urina e a suspeita de que vírus possa ser transmitido pelo sexo.
Tudo isso tem sido amplamente difundido, a população está mais do que alertada de todos os riscos e, pior, tem adoecido em massa com um dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Portanto, nada justifica que o mosquito ainda seja encontrado nos imóveis. A população tem de fazer sua parte urgentemente. (08/02/16)
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Artigo – Todo goiano está a 100 metros de um mosquito

Leonardo Vilela
Ao final da primeira etapa da força-tarefa Goiás Contra o Aedes, desencadeada com o objetivo de erradicar o Aedes aegypti em todo o território goiano, avaliamos com base nas visitas feitas a mais de 1 milhão de imóveis, que nenhum goiano está a mais de 100 metros de um mosquito.
Em janeiro, equipes compostas por agentes de endemias, agentes comunitários de saúde, bombeiros militares, servidores municipais de diversas secretarias e voluntários percorreram 1.003.828 imóveis nos 245 municípios (em Pirenópolis, pela enchente ocorrida a ação não foi efetuada em janeiro). Um total de 763.377 imóveis foram trabalhados pelas equipes, que identificou foco do mosquito em 30.437.
Os profissionais e voluntários atuaram diariamente, inclusive nos finais de semana, com o firme propósito de remover das residências, estabelecimentos comerciais e lotes baldios objetos, lixo ou utensílios que favorecem a proliferação do mosquito transmissor da dengue, do zika e da chikungunya.
A operação Goiás tornou-se referência em todo o País pelo sistema de monitoramento dessa força-tarefa que desenvolvemos com a parceria com o Corpo de Bombeiros. Medidas que adotamos como efetuar mudanças nos critérios de avaliação da infestação do mosquito e a entrada de dados on-line no sistema, permitiram-nos ter ao fim de janeiro, um desenho real de cada quadra, de cada bairro, e de cada cidade em todo o Estado.
Representantes do Ministério da Saúde em visita à SES-GO declararam a eficácia do sistema na busca da União por práticas exitosas, possíveis de serem replicadas em outros Estados. Mas além dele, temos uma força humana composta por funcionários públicos estaduais e municipais, além de voluntários num total de 20 mil pessoas mobilizadas. Temos a clareza que a determinação de cada componente da equipe, a sincronia e a padronização das atividades contribuem para o sucesso do movimento.
Há muito não se via, na esfera da saúde pública goiana, um anseio coletivo de pôr fim a algo que tem causado morte e sofrimento às famílias. Os prefeitos responderam ao chamado de mobilizar esforços para um combate incessante aos focos, e muitos, com ideias criativas têm obtido enorme êxito e adesão popular na limpeza de quintais e casas.
A segunda etapa do Goiás Contra o Aedes está acontecendo em fevereiro, período no qual esforços estão sendo direcionados a imóveis fechados e visitas recusadas. Continuamos firme para vencer o desafio de atuar nos domicílios fechados e naqueles quais os ocupantes se recusam em receber as equipes. Nesta primeira fase, cerca de 24% dos imóveis se encontravam nessa situação.
Um passo importante foi a ordem de serviço do governador Marconi Perillo, de 28 de janeiro, determinando à SES-GO a adoção de providências para que esses imóveis sejam vistoriados. O governo federal também editou medida provisória facultando aos secretários de saúde nos Estados autorizo nesse sentido. Frente ao respeito à inviolabilidade sagrada da propriedade privada, tal medida extrema faz-se necessária num momento de emergência mundial contra o zika vírus.
Assim policiais militares, bombeiros e agentes de vigilância sanitária poderão acessar esses imóveis. Atuamos com a certeza de que podemos vencer a guerra contra o Aedes. Atuamos com a certeza de que podemos vencer a guerra contra o mosquito com a conscientização da população e o uso de medidas simples, mas eficazes com o engajamento de toda sociedade
Leonardo Vilela é secretário de Estado da Saúde. (08/02/16)
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Alckmin anuncia laboratório que vai produzir pílula do câncer

Foi anunciado que serão investidos R$ 5 milhões na pesquisa

O governo do Estado de São Paulo divulgou nesta sexta (5), em nota, que o laboratório PDT Pharma, de Cravinhos será o responsável pela produção da fosfoetanolamina, que acabou ficando conhecida como pílula do câncer , por seus supostos efeitos contra a doença.
A medida faz parte do plano do governo de testar cientificamente essa hipótese. Foi anunciado que serão investidos R$ 5 milhões na pesquisa.
O protocolo de pesquisa ainda aguarda aprovação final da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde – CNS).
Segundo a nota do governo, o protocolo de pesquisa clínica irá avaliar a segurança e a possível eficácia da substância no tratamento de pacientes com câncer em estágios avançados. Todos os pacientes serão monitorados continuamente por uma equipe multiprofissional com larga experiência em testes clínicos, no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). Estão previstos estudos em cânceres de cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto (intestino), colo uterino, próstata, melanoma (tipo de câncer de pele), pâncreas, estômago e fígado. (06/02/16)

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DIÁRIO DA MANHÃ

Goiás não realiza exames de zika vírus: casos aumentam na Capital
É preciso que seja coletado material do paciente e enviado para São Paulo

Um dos principais problemas para agilizar o combate e tratamento de pacientes com zika tem sido a distância entre a suspeita e o diagnóstico.
Em Goiás, por exemplo, não se realiza o exame.  É preciso que seja coletado material e enviado para São Paulo.
Flúvia Amorim, superintendente de vigilância em saúde, afirma que o exame pode demorar até 20 dias.
Oito casos foram confirmados em Goiânia. O mosquito Aedes aegypt é o portador do vírus que causa a doença.
A técnica de laboratório para saber se a pessoa tem zika utiliza fragmentos do vírus na corrente sanguínea.
O diagnóstico dos casos tem sido realizado em laboratórios de referência do Ministério da Saúde, informa a especialista.
O PCR – sigla de  Polymerase  chain Recation ou  reação em cadeia da polimerase – consiste na mensuração da  proteína C reativa, produzida no fígado.  Trata-se do principal marcador da fase aguda de processos inflamatórios relacionados a alguma forma de infecção.
Na análise, o médico avalia os sintomas e os resultados do exame para definir se a pessoa tem ou não o zika.
O instituto Oswaldo Cruz é uma das unidades nacionais que realiza o exame, também conhecido como teste molecular.
“Existe uma grande contradição: quando,  enfim, o diagnóstico é dado, muitas vezes, o paciente já está bem. Por isso é utilizado mais como controle epidemiológico”. (06/02/16)
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JORNAL OPÇÃO
Saúde
Zikavírus: o mais novo inquilino do mosquito escancara o descaso do Brasil com a educação e a cidadania

Por causar também a microcefalia, o vírus faz as autoridades tomarem medidas que já deveriam ter sido executadas há décadas
Elder Dias

Nos anos 50 do século passado, o Aedes Aegypti era um animal ameaçado de extinção no Brasil e no mundo. Ele foi caçado impiedosamente como o transmissor da febre amarela urbana e quase foi definitivamente aniquilado. Quase. Hoje, após ressurgir nos noticiários a partir da década de 80, com o início da epidemia de dengue (hoje com seus quatro tipos e a forma hemorrágica), o mosquito prosperou em suas habilidades orgânicas propícias a abrigar exemplares viróticos: tornou-se um inseto polivalente, que transmite também a chikungunya e a febre zika.
Ficar no “quase” trouxe, aos dias atuais, um problema de grande monta. Ironicamente, é o fato de o mundo estar mais “moderno” que causa a volta retumbante do passado doloroso: a produção de lixo e a incivilidade em seu manejo, questões inerentes ao ser humano e agravadas no universo das cidades, são os maiores propagadores do mosquito e, por meio dele, dos males relatados no primeiro parágrafo.
Nos últimos meses, o mundo está sacudido com a forma mais recente dos adventos malignos do Aedes: é a febre zika, causada pelo zikavírus, que até 2007 só havia registrado 14 casos em seres humanos no mundo e de forma localizada, na África e na Ásia. Sua circulação se dava em macacos que viviam em ambientes como a Floresta de Zika, em Uganda, em que o vírus foi descoberto em 1947 — e de onde vem seu nome.
Embora a partir de 2007 tenham ocorrido casos de epidemias em regiões da África e da Ásia e em ilhas do Oceano Pacífico, como a de Páscoa, o zikavírus pode ter entrado efetivamente no Brasil por causa de um evento que já não trazia boa memória por seu resultado em campo e pelos gastos fora dela: a Copa do Mundo de 2014. É sobre a festa do futebol em seu aspecto mais positivo, o congraçamento de pessoas de todos os continentes, que se concentra a maior suspeita da entrada do vírus na América do Sul.
O infectologista e intensivista Boaventura Braz de Queiroz, do quadro permanente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), crê nessa possibilidade. “O mais provável é que o vírus tenha mesmo chegado com a Copa”, afirma o médico, que também foi diretor do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) de 2009 a 2012. E o Brasil teria como impedir a entrada do vírus, fazendo uma barreira epidemiológica ou algo parecido? “Era quase inevitável. Impossível bloquear um vírus que em 80% dos casos é assintomático. Como colocar em quarentena um indivíduo assim?”, diz, ainda ressaltando que à época não havia exames de sangue em escala para o trabalho.
Hoje isso, porém, é apenas um detalhe, uma filigrana. O fato é que há um problema a mais de saúde pública a ser enfrentado no País. E um problema grave: além de se apresentar ao doente de forma clínica semelhante à dengue e à chikungunya (entre os sintomas mais comuns, ela se diferencia por associar também a conjuntivite), a febre zika é a que tem o potencial de agressão fetal mais significativo: as grávidas infectadas podem ter seus bebês gerados com um quadro de microcefalia congênita, como ocorre quando são acometidas pelo rubéola.
Assim como o vírus da dengue — epidemia a que o brasileiro já está infelizmente mal-acostumado — o zikavírus é da família dos flavivírus, que têm cadeia simples e podem ser transmitidos por mosquitos e outros insetos, como carrapatos. Quando alguém doente é picado pelo Aedes aegypti, o vírus se multiplica no vetor ou em suas larvas. O mesmo exemplar ou, pior, esses novos exemplares, completam a ponte da doença entre um humano e outro ao picarem uma pessoa saudável.
No caso do Aedes, a chave da felicidade é também a porta para o infortúnio: o controle das larvas. Aos que sentem falta do “carro do fumacê”, como ficou conhecida a pulverização de áreas abertas por inseticidas, visando a combater o mosquito, uma má notícia: ele só tem ação durante meia hora após sua aplicação. Muito pouco para um adversário tão numeroso e espalhado. O custo da luta contra a dengue à base de fumacê se tornaria oneroso e improdutivo. Isso sem contar os efeitos colaterais, como os eventuais riscos à saúde humana e de contaminação do ambiente.
Os esforços logísticos (e, portanto, financeiros) precisariam ser, então, deslocados para o combate aos focos. Matar o mal no ninho. Um trabalho que necessita de uma sintonia muito grande entre governo, agentes e população. Na semana passada, uma pequena cidade piauiense chegou às manchetes por sua forma de lidar com a epidemia. Água Branca, localizada a 98 quilômetros de Teresina, a capital do Piauí, foi reconhecida pelo Ministério da Saúde como referência no combate ao mosquito. Lá, a ação adotou um sistema prático para uma triagem básica: toda residência, após inspecionada, ganha um selo — ou verde, ou amarelo, ou vermelho. Se a casa tiver o selo verde, indica imóvel sem criatório do mosquito; o amarelo significa risco de haver algum foco; já o vermelho, foco identificado.
O fato de ser um município com baixa população, cerca de 16 mil habitantes, é um item que deve ser pesado. É bem mais complexo cuidar de epidemias em metrópoles. Mas isso não significa que o trabalho conjunto entre autoridades e população perca seu valor. Pelo contrário, não dá para ser de outra forma.
Boaventura Braz de Queiroz ressalta a importância de que isso seja realmente um esforço conjunto. “Vivemos em um País onde presenciamos, ao mesmo tempo, o alto desenvolvimento de áreas como a informática e a volta de problemas primários, como uma epidemia provocada por um inseto. É um claro sinal de que falta investimento em educação. Até mesmo antes do saneamento básico, é preciso que haja cultura, higiene, cuidados básicos domiciliares, bons hábitos”, resume o infectologista.
Em outras palavras, não adianta só remediar a situação. Para dominar o inimigo Aedes aegypti é preciso antes absorver uma noção de autodisciplina nada fácil ao desleixado comportamento do brasileiro médio: verificar os possíveis locais de focos em casa já é algo que poucos fazem com a periodicidade recomendada — preferem “deixar para o pessoal da dengue”. Pior do que não fazer a lição (literalmente) de casa, é colaborar para a proliferação da doença com o costumeiro e irresponsável comportamento com o lixo. Isso vale tanto para quem jogar entulho em lotes baldios como para aquela sacola plástica de supermercado que carregou um pote de margarina, algo que seria completamente evitável com uma cultura mais ecológica. Esse plástico que muitas vezes vai parar numa praça pode se converter em um perfeito criadouro após alguns dias de chuva.
Assim como a zika veio com a Copa de 2014, desta também surgiu uma imagem e um exemplo emblemáticos: os torcedores japoneses recolhendo todo o lixo que produziam nos estádios brasileiros. “Eles mostraram como a educação pode produzir resultados. Onde havia um japonês ficava tudo limpo ao redor, deixavam o local como estava antes do jogo”, recorda Boaventura, para completar: “Precisamos tratar de uma mudança de hábitos, que estão muito aquém do que pede nosso tempo. A dengue e as outras doenças transmitidas pelo mosquito são um problema de saúde pública, agravado pela falta de educação. E hoje uma criança passa quase metade de seu tempo na escola. Sempre faltou gestão para isso, assim como falta sempre em outras áreas correlatas ao problema da infestação. E falo de todos os níveis da esfera pública, da municipal, da estadual e da federal.”
Enquanto os hábitos não mudam, o governo federal tenta mostrar que se preocupa com o problema. Cerca de 220 mil militares das Forças Armadas estão escalados para trabalhar em 356 municípios no combate ao Aedes aegypti. Em 115 deles, há suspeita de casos de microcefalia provocados pelo zikavírus. É um tipo de esforço que o médico infectologista aprova, ainda que com certa preocupação: “Nesse momento, é muito bom, é um reforço ao papel do agente de saúde. Resta saber se essas pessoas não vão se arvorar em fazer coisas que fujam de sua alçada”, explica.
Mas a bola da vez é mesmo o zikavírus, especialmente por conta da microcefalia. É uma tragédia gravíssima ter uma geração de crianças mortas ou com sequelas cerebrais permanentes simplesmente por falta de cidadania. Ainda que estejam sendo descobertas outras via de contaminação, como a via sexual — um caso dessa forma foi confirmado nos Estados Unidos, na semana passada —, é preciso vontade política e esforço coletivo para vencer a guerra contra a transmissão convencional. Importante ressaltar que a febre zika é também suspeita de desencadear a síndrome de Guillain-Barré — uma doença nervosa de caráter autoimune.
Com os holofotes sobre si, o zikavírus parece ser o mais aterrador dos inquilinos do Aedes aegypti. Mas há como estabelecer uma relação de hierarquia entre as doenças que o mosquito transmite? Se o colombiano de 49 anos do município de Sincelejo, no noroeste do país, que teve a funesta coincidência de ser contaminado com a tríade dengue–zika–chikungunya, pudesse evitar uma das três, qual seria? Em suma, há uma pior que as outras? Boaventura Braz diz que é um tanto difícil estabelecer um grau de comparabilidade. “Não dá para comparar, para dizer, por exemplo, que a zika seja pior. O grau de agressão da dengue, às vezes, é muito alto. Basta falar de sua versão hemorrágica.”

“Rebaixada” a doença controlada, aids agora avança por falta de medo

Mosquito multidoenças à parte, uma epidemia que anda silenciosa nos últimos anos é a da aids. Um dos motivos é o fato de que a antes temida doença foi “domada” por alguns coquetéis. Embora não se fale em cura, a aids é hoje totalmente controlável — isso se o paciente mantiver a disciplina no tratamento. Na contramão disso, a cultura de não usar preservativo nas relações tem prevalecido. E aqui não é coisa de Brasil, mas geral na maioria dos países, segundo o infectologista Boaventura Braz de Queiroz.

Como as gerações mais novas de jovens não viveram o trauma de ver alguns de seus ícones morrerem destruídos pela doença — Freddie Mercury, Cazuza, Renato Russo, entre outros —, para elas a aids não tem o mesmo significado. “São duas coisas: um novo olhar para a doença, que não é mais de ‘atestado de óbito’, e a não aderência ao preservativo como hábito”, diz o médico. O resultado é não haver redução significativa dos casos na faixa etária mais acometida, dos 20 aos 35 anos.
O avanço dos medicamentos faz com que a doença possa ser tratada de forma consistente — Boaventura tem pacientes com mais de 20 anos de convivência com o HIV. Mas é o mesmo avanço que provoca aberrações. Algo ainda muito raro por aqui, felizmente, é o abandono do uso do preservativo por conta de um medicamento que evita a transmissão, uma combinação de duas drogas. “Nas boates dos Estados Unidos e da Europa é muito comum o sujeito tomar essa pílula e não estar nem aí para a proteção pessoal”, relata.
No Brasil, estima-se que 0,5% da população tenha o vírus da aids. É algo em torno de 1 milhão de pessoas. Dessas 500 mil estão em tratamento, mas, da outra metade, 300 mil nem sabem que têm o vírus. Essas pessoas podem levar até oito anos para desenvolver sintomas. Até lá, são potenciais transmissoras do HIV sem que o saibam, a não ser que busquem um exame de sangue por conta própria. O mais bizarro — e Boaventura faz questão de ressaltar que são casos de exceção — são pacientes serem infectados por parceiros que já sabiam ter o vírus e não os comunicaram. “É importante reforçar que isso é uma minoria, mas ocorre.” Portadores que agem dessa forma, colocando a saúde de outras pessoas sob risco de forma dolosa, podem sofrer ação penal. (07/02/16)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação