Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 07/01/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Planos de saúde se recuperam, mas prejuízo ainda ameaça setor

Mabel anuncia pagamento integral da folha dos médicos de Goiânia nesta segunda-feira, 6

Mabel anuncia continuidade de parceria da prefeitura com o Estado na Saúde

Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente

Sete pautas que o setor da Saúde deve trabalhar em 2025

FOLHA DE S.PAULO

Planos de saúde se recuperam, mas prejuízo ainda ameaça setor

Apesar do recente alivio no desempenho do mercado de planos de saúde, que em 2022 tiveram um prejuízo operacional sem precedentes, é cedo para celebrar a retomada, e o cenário ainda não recuperou os patamares anteriores à pandemia, segundo representantes do setor.

Se os novos dados divulgados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), relativos ao acumulado até o terceiro trimestre de 2024, apresentam um lucro operacional de R$ 3 bilhões das operadoras médico-hospitalares, após dois anos de prejuízo na mesma base de comparação, o resultado ainda não reflete a realidade geral do setor.

Segundo levantamento da Abramge, (Associação Brasileira de Planos de Saúde), hoje, 44% das operadoras de planos médicos ainda registram resultado negativo, uma parcela muito maior do que os 33% de 2019.

“De fato, o ano de 2024 foi melhor para o equilíbrio da sustentabilidade. Por outro lado, chegando ao fim do ano, você vê que o número de empresas em prejuízo operacional pulou para 44%, o que é quase metade do setor. Isso assusta”, afirma Gustavo Ribeiro, presidente da Abramge.

Nos últimos anos, o setor tem permanecido dependente do apoio da remuneração das aplicações financeiras acumuladas pelas operadoras médico-hospitalares para compor seu resultado líquido total. Segundo a ANS, no acumulado de 2024 até setembro, o resultado financeiro foi positivo em R$ 6,9 bilhões, próximo ao recorde do ano anterior.

A sinistralidade, um dos principais indicadores neste mercado, melhorou. O índice, que aponta a parcela das receitas de mensalidades que são utilizadas com as despesas assistenciais, desceu do pico de 90,3% no acumulado do terceiro trimestre de 2022 para 84,3%, atingindo a menor taxa para o período desde 2020.

Naquele ano, a sinistralidade foi atipicamente baixa porque o isolamento provocado pela pandemia resultou na queda no uso dos planos de saúde pelos beneficiários.

Entre os grandes movimentos que as operadoras têm feito nos últimos anos para conter a crise, o combate às fraudes praticadas contra os planos de saúde ajudou a estancar parte dos desperdícios e abusos, segundo Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).

Empresas do setor ainda recebem críticas pela prática de cancelamentos unilaterais de planos coletivos, um problema que ficou conhecido como higienização de carteira, que exclui usuários custosos.

“A melhora era esperada, mas os resultados ainda não chegaram nos níveis pré-pandemia. Se o setor estava se afogando com 20 metros de água acima da cabeça, hoje são 5 metros. Ainda é preocupante. O lucro líquido de janeiro a setembro traduz os esforços de gestão das operadoras, de racionalizar custos e combater fraudes. Estamos nos recuperando após nove trimestres de prejuízo. A sinistralidade começa a entrar em uma janela razoável”, diz.

A despeito do alívio, representantes das operadoras de planos de saúde afirmam que o setor ainda enfrenta dificuldades estruturais geradas por mudanças legislativas e regulatórias que estimularam os questionamentos judiciais contra as empresas e agregaram incertezas ao cálculo do risco na operação.

Uma delas é a legislação do rol, publicada em 2022, que colocou fim ao chamado rol taxativo, obrigando os planos de saúde a arcarem com procedimentos que não estejam na lista de cobertura mínima da ANS.

Na mesma época, uma mudança regulatória da ANS acabou com a limitação do número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, tornando o atendimento ilimitado, o que favoreceu a prática de desperdícios e fraudes, segundo representantes do setor.

A entrada de medicamentos de custo milionário no mercado brasileiro, como o Zolgensma, também é citada como empecilho à sustentabilidade das contas.

Para este ano, o setor deve avançar sobre outro tema que impacta as contas das operadoras: a expectativa é que cresça a pressão para que a indústria farmacêutica participe da solução para combater o desequilíbrio da saúde suplementar.

Segundo Ribeiro, da Abramge, a saúde privada paga muito mais caro do que o SUS (Sistema Único de Saúde) por alguns medicamentos e não tem o benefício do compartilhamento de risco, modelo pelo qual o produto só é pago integralmente se houver desfecho positivo para o paciente.

A proposta, segundo ele, é que os planos de saúde possam comprar o produto do próprio SUS, pagando um adicional em torno de 20%, o que beneficiaria o sistema público. Ainda assim, segundo Ribeiro, sairia mais barato para a saúde privada do que ela hoje paga para a indústria.

“Se eu compro do SUS, pagando 22% a mais, o SUS ganha em cima da saúde suplementar. E eu deixo de pagar oito vezes a mais pelo remédio”, diz Ribeiro. A ideia deve ser defendida pelo setor em 2025.

Questionados sobre qual deve ser a intensidade dos reajustes nos preços dos planos de saúde, os representantes das operadoras evitam estimar com precisão.

“Este é um mercado de saúde com lastro atuarial baseado em seguro. E seguro é medição de risco. Eu não vi nenhuma grande mudança que faça com que os reajustes sejam maiores. Então, em condição de temperatura e pressão normal, vai seguir a tendência”, afirma o presidente da Abramge.

É difícil prever, afirma Vera Valente, da FenaSaúde. Segundo ela, o mercado em geral tem feito esforços para reduzir custos, desperdícios e fraudes, que impactam os reajustes, mas ainda há gargalos regulatórios e de legislação que podem pesar no bolso do consumidor.

No caso dos planos de saúde individuais, as projeções de bancos apontam altas entre 5,6% e 6,8%.

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JORNAL OPÇÃO

Mabel anuncia pagamento integral da folha dos médicos de Goiânia nesta segunda-feira, 6

Mabel também comentou sobre a dívida da Prefeitura de Goiânia com os prestadores de saúde e hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

O prefeito Sandro Mabel (UB) anunciou que a folha de pagamento dos médicos credenciados à Saúde de Goiânia será quitada nesta segunda-feira, 6, de forma integral. Questionado durante coletiva de imprensa que apresentou os resultados do Gabinete da Crise na Saúde, ele apontou que havia uma expectativa de realizar o pagamento de apenas 50%, mas com a garantia dos recursos em caixa, os salários serão pagos de forma integral.

“Hoje estamos pagando os profissionais da saúde credenciados de forma integral. Na saúde não vamos estar devendo nada para ninguém”, disse.

Mabel também comentou sobre a dívida da Prefeitura de Goiânia com os prestadores de saúde e hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério Público de Goiás (MPGO) a dívida com esses hospitais era de cerca de R$ 300 milhões. Uma operação do MP revelou que o ex-secretário de Saúde e seu núcleo mais próximo realizaram pagamento fora da ordem cronológica dos atendimentos, o que teria agravado o déficit e resultou na prisão de Wilson Pollara, além do secretário executivo da pasta, Quesede Henrique e do diretor financeiro, Bruno Viana.

De acordo com o prefeito, o mês de janeiro será “pago em dias” e um plano de parcelamento do restante da dívida será finalizado e apresentado aos credores. “Estamos explicando aos fornecedores que vamos pagar o mês de janeiro em dia e vamos fazer um plano para parcelar o restante para quitar as dívidas que existem para pagar ao longo dos próximos meses. Estamos negociando, mas eles foram camaradas, seguraram as pontas e entenderam que estamos em uma guerra que ainda não acabou”, disse.

Intervenção na saúde

A intervenção instaurada na saúde municipal de Goiânia foi um pedido do Ministério Público e acatado pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). O governo criou o gabinete de crise por meio de um decreto instaurado nas 13 unidades de Urgência e Emergência da capital e tinha como objetivo garantir o atendimento da população nas unidades de saúde da Capital.

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A REDAÇÃO

Mabel anuncia continuidade de parceria da prefeitura com o Estado na Saúde

O prefeito Sandro Mabel anunciou a continuidade da parceria com o Governo Estadual na área da Saúde da capital, nesta segunda-feira (6/1), durante apresentação dos resultados do Gabinete de Crise. Na ocasião, confirmou pagamento integral, nesta terça-feira (7/1), dos profissionais de saúde contratados, além da negociação de dívidas com fornecedores.

A ação conjunta zerou a fila de espera nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) há 12 dias e registrou queda de 79% nos pedidos de vagas, além de adquirir 200 mil medicamentos e ampliar o número de ambulâncias disponíveis para atendimento.

“Essa crise nos mostrou uma coisa muito importante: que juntos nós somos mais fortes. Então nós vamos trabalhar juntos em uma série de operações de regulação. Graças a Deus, já há 12 dias nós não temos problemas com falta de vaga para UTI. Conseguimos uma estabilização, mas nós não podemos parar. É por isso que nós vamos continuar juntos, de mãos dadas em todos os aspectos”, afirmou o prefeito Sandro Mabel. 

O prefeito agradeceu ao governador Ronaldo Caiado pela ajuda durante a intervenção. Mabel também disse que o pagamento dos servidores contratados da Saúde será feito de forma integral nesta terça-feira (7/1) e que está pedindo aos parlamentares que destinem todas as emendas para o setor. 

Mabel também esclareceu que tem conversado com os fornecedores da Saúde para realizar acordos e conciliações. No mês de janeiro, o pagamento será realizado em dia. “Agora, os fornecedores, sim, nós estamos negociando. Tem muito fornecedor que foi camarada nesse momento difícil. Nós estamos pegando um a um e conciliando, comprando medicamentos, fazendo as ambulâncias funcionarem, adquirindo gasolina e contratando profissionais para as equipes. Então, isso foi um trabalho muito bom”, avaliou.

O secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizer, afirmou que a instalação do Gabinete de Crise foi crucial para frear o processo de mortalidade de pacientes. “Conseguimos manter uma estrutura mínima sobre tratamentos desses doentes, reabastecer as unidades, o SAMU e trazer condições para um primeiro atendimento digno. Dessa forma, houve um impacto extremamente positivo criando confiança na Saúde de Goiânia. Na prática, a administração Sandro Mabel começou antes mesmo da posse”, disse.

Resultados

A apresentação foi realizada pelo secretário de Estado da Saúde, Rasível Santos, que esclareceu que o Gabinete de Crise foi criado com objetivo de monitorar a situação da Saúde na capital, planejar, estruturar e mobilizar ações e, por fim, coordenar respostas rápidas e eficientes para o desafio. Foram instalados, em tempo recorde, Gabinetes de Crise em 13 unidades de pronto atendimento e adquiridos 232 mil medicamentos por meio de processos emergenciais. 

“Foi uma decisão acertada do nosso governador Ronaldo Caiado. Nós conseguimos integrar o município juntamente com o Estado, com a comissão de transição, e depois com a intervenção. Então, trabalhamos com uma sinergia muito grande com o objetivo de reduzir mortes e complicações evitáveis. E a gente conseguiu fazer isso, porque nenhum paciente evoluiu para óbito aguardando vaga de terapia intensiva, nenhum paciente ficou mais de 24 horas aguardando vaga e nenhum caso foi judicializado nesse período”, disse o secretário Rasível Santos.

O secretário afirmou que a próxima etapa será a implantação do Samu macro-regional. “Será feito o gerenciamento através de um consórcio intermunicipal de saúde, com a cooperação de cada um dos municípios. E como é feita essa cooperação? Um valor per capita. Dessa forma, a gente consegue trazer justiça para esse processo”, pontuou. 

De acordo com o secretário, o Estado assumiria a parte variável do custo. Atualmente, o Governo Federal tem um valor fixo destinado para o SAMU e o Estado colabora com 50% do valor destinado pela União. A proposta é inverter, deixando o valor fixo para os municípios e o Estado assumindo a parte variável. “Dessa forma, a gente consegue trabalhar com todos os municípios cooperando, de forma que o SAMU possa ser organizado e operado com o apoio de todos os municípios”, disse.

UTIs

Segundo os dados apresentados na coletiva, atualmente estão à disposição 444 leitos de UTI em Goiânia, sendo que 332 estão ocupados, representando 74% do total. O número de internações autorizadas na capital também subiu vertiginosamente. No dia 11 de dezembro, foram autorizadas, somadas a regulação municipal e estadual, 831 internações. No dia 6 de janeiro o número atingiu 3.764 internações autorizadas no período. 

A atuação do Gabinete melhorou a organização na avaliação do paciente, reduzindo o prazo limite definido para permanência de paciente crítico nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para 24 horas. Nos últimos 12 dias o número de pendências de solicitação de vagas de UTIs se manteve em zero. Medidas que resultaram em um aumento de 134% no número de vagas autorizadas.

O balanço apontou ainda a ampliação no número de ambulâncias disponíveis para atendimento. O número de Unidades de Suporte Avançado (USAs) subiu de três para quatro, atingindo o número ideal de unidades. Já as Unidades de Suporte Básico (USBs) subiram de 6 para 11 com a instalação do Gabinete de Crise, que considera 13 o número ideal de veículos. O Serviço de Atendimento ao Transporte Sanitário (SATS) subiu de três para onze unidades, sendo que o número ideal é de 22.

Contratações

Na área de Recursos Humanos, após a reunião da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com o Ministério Público (MP), foram realizados esforços significativos para atender às demandas de saúde nas UPAs e no SAMU. Entre os técnicos de enfermagem, 178 vagas foram solicitadas, 148 publicadas e 76 credenciadas. Foram solicitadas 82 vagas para enfermeiros, todas publicadas, resultando no credenciamento de 65 profissionais. Para técnicos de laboratório, foram 20 vagas solicitadas, todas publicadas, com 15 credenciados. 

No caso dos auxiliares de farmácia, 15 vagas foram solicitadas e publicadas, com 10 credenciados. Para técnicos de raio-x, 11 vagas foram solicitadas, 9 publicadas e 8 credenciados. Em relação aos biomédicos, 9 vagas foram solicitadas e publicadas e 7 foram credenciados. Por fim, para farmacêuticos, 5 vagas foram solicitadas e publicadas, com 4 profissionais credenciados.

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MEDICINA S/A

Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente

Iniciativa única no país, levantamento chega à segunda edição com mais de 1.000 instituições participantes e dados fundamentais para a gestão e o avanço da cultura da segurança nos serviços de saúde brasileiros.

Os Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) presentes em serviços de saúde no país são realmente atuantes? São bem preparados e estão transformando e melhorando as condições de segurança dos pacientes atendidos? Quais dificuldades enfrentam? É possível identificar motivos que expliquem o número ainda reduzido de NSPs cadastrados?

Ciente da importância fundamental de conhecer essa realidade para o avanço da cultura da segurança do paciente no Brasil, a Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente, SOBRASP, realizou ao longo de 2024 a segunda edição da pesquisa “Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente”. Os resultados foram divulgados em primeira mão para a Medicina S/A.  

Foram 1.131 instituições participantes de 26 estados e do Distrito Federal, quase o triplo da primeira edição, em 2022 (400 respondentes). O salto é atribuído pela SOBRASP ao empenho na divulgação pela equipe do Núcleo de Informações Estratégicas* da entidade, ao trabalho do grupo “Comitê de Mobilização pela Demografia” (composto por cerca de 50 pessoas em diversas posições nos âmbitos público e privado e criado para fazer a pesquisa chegar ao conhecimento dos serviços de saúde com NSPs no país) e à credibilidade e às parcerias que a Sociedade vem conquistando desde sua fundação em 2017.

A Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente 2024 foi uma websurvey com um questionário de 42 perguntas, divididas em quatro seções: dados da instituição; dados do NSP; dados do(a) coordenador(a)/responsável pelo NSP; e dados sobre o nível de maturidade do Núcleo. A SOBRASP contou com a participação do Ministério da Saúde no início dos trabalhos de confecção e revisão dessas perguntas. Os dados, coletados no período de 1 de março a 21 de junho deste ano, são anonimizados e protegidos no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados. Nenhum estabelecimento é identificado.

DE 2013 A 2024: AFINAL, COMO OS NSPs ATUAM?

Segundo Antônio José de Lima Júnior, coordenador do Núcleo de Informações Estratégicas da SOBRASP, responsável pela Demografia, os principais objetivos da pesquisa são fornecer dados para a criação de políticas públicas que possibilitem o avanço da cultura da segurança no sistema de saúde brasileiro e garantir aos Núcleos de Segurança do Paciente (NSPs) elementos que os auxiliem a mudar sua realidade. A intenção é levantar uma discussão em nível nacional sobre a atuação dos núcleos e que contribua para entender, também, o que tem dificultado a implementação na maioria dos serviços, a julgar pela proporção de NSPs cadastrados de 2013 até hoje”, diz Lima Júnior. Os Núcleos de Segurança do Paciente integram o conjunto de medidas do Programa Nacional de Segurança do Paciente, lançado em abril de 2013 pelo Ministério da Saúde, e estão previstos na Resolução de Diretoria Colegiada-RDC 36/2013, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A RDC se aplica aos serviços de saúde públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, e ainda aos que exercem ações de ensino e pesquisa; ela não inclui consultórios individualizados, laboratórios clínicos e serviços móveis e de atenção domiciliar.

O documento diz o que compete ao NSP, como, por exemplo, elaborar o Plano de Segurança do Paciente (PSP) e monitorar e notificar os eventos adversos à Anvisa, e define as condições organizacionais dos núcleos. Segundo a RDC, é preciso que a direção do serviço de saúde disponibilize recursos humanos, financeiros, equipamentos, insumos e materiais, além de um profissional responsável pelo NSP com participação nas instâncias deliberativas do serviço de saúde.

“Como a RDC não determina qual a composição mínima dos Núcleos e a formação dos profissionais membros, esses questionamentos fizeram parte da Demografia. Identificamos, por exemplo, que os NSPs são predominantemente compostos por enfermeiros, seguidos de médicos e farmacêuticos. Também consideramos muito importante saber como essas pessoas atuam, quantas horas podem usar para a execução das tarefas do Núcleo e se o responsável pela gestão do NSP tem dedicação exclusiva, já que essas definições acabaram ficando a critério de cada instituição”, destaca Lima Júnior.

De acordo com ele, os resultados da Demografia 2024 ratificaram os dados encontrados na edição anterior sobre esse quesito: das instituições respondentes, a maioria (57,7%) não tem coordenadores com dedicação exclusiva.

ACREDITAÇÃO E MATURIDADE

Nessa edição da pesquisa, a SOBRASP incluiu uma pergunta sobre acreditação, a fim de verificar se essa estratégia pode trazer impacto para a qualidade da atuação dos Núcleos. Apenas 22,2% responderam que têm alguma acreditação e percebem que a atuação do seu NSP é significativa (próxima de 8 numa escala que vai até 10). “Saber que quase 77,8% das instituições participantes não são acreditadas nos leva a entender que essa iniciativa tem evoluído no país, mas que ainda não é uma realidade na maioria dos serviços”, comenta o coordenador.

E, ao associar variáveis de desfecho de resultado com outras variáveis da pesquisa, foram encontradas relações entre o quanto os Núcleos são atuantes e seu tempo de criação no serviço de saúde, ou seja, NSPs criados há mais de sete anos receberam uma avaliação melhor de seus participantes, com média superior a oito. Para Lima Júnior, é um indicador do valor do amadurecimento. “Não se cria um Núcleo hoje e no próximo ano ele já é muito atuante, com resultados. Isso requer tempo”, diz.

APOIO DA ALTA GESTÃO

Outra associação foi entre o quão atuante é o Núcleo com o apoio recebido da alta gestãoOs NSPs que dizem receber apoio da alta gestão tiveram uma nota de 7.9, enquanto que aqueles que afirmam não ter apoio alcançaram 6.68. “Parece pequena essa distância, mas é estatisticamente significante. Além do mais, está descrito na literatura sobre segurança do paciente que o apoio da alta gestão é fundamental para a melhoria da qualidade dessa segurança”, reforça Lima Júnior. “É preciso que a instituição tenha uma política na área e tenha a adesão das pessoas, e quem encabeça esses profissionais é a alta gestão.”

Uma divergência foi identificada entre a informação de que núcleo recebe apoio da alta gestão (90,3%) e a existência de uma agenda de reuniões com a alta gestão (61%). Para o coordenador, não ter encontros para a definição de ações e tomadas de decisão e, ao mesmo tempo, dizer receber apoio passa a impressão de que esse apoio é incondicional, que o NSP pode fazer o que quiser. A discrepância também fortalece a necessidade de aprofundamento da investigação sobre de que forma esse apoio é dado.

DIFICULDADE: ENVOLVIMENTO DE PACIENTES E FAMILIARES NAS AÇÕES DE SEGURANÇA

A necessidade da formação, capacitação e educação continuada dos profissionais de saúde nos aspectos da segurança do cuidado – que inclui o envolvimento de pacientes e familiares nas ações do Núcleo – aparece nos 41,6% dos NSPs que afirmam não ter ações nesse sentido. “Como eu vou dar uma orientação se não desenvolvi aquele olhar? Como posso reduzir o risco de queda sem envolver o paciente e o familiar? A maioria dos serviços de saúde não têm conseguido fazer isso, e a Demografia ratifica essa realidade”, salienta Lima Júnior.
Para o coordenador, atitudes básicas, como se apresentar para o paciente e o familiar antes de qualquer avaliação, pedem que haja uma mudança de comportamento, assim como para envolvê-los na análise de um incidente, de um evento adverso, convidando-os a ajudar na elaboração de um plano de ação para evitar que o problema aconteça novamente (uma das frentes de atuação do chamado disclosure).

“O envolvimento acontece na prevenção e na melhoria contínua, é algo que precisa estar sistematizado. Toda pessoa que é internada vai receber as orientações básicas de onde está a saída de emergência, a campainha para pedir ajuda, o que fazer para evitar uma queda. É preciso, ainda, que o NSP trabalhe para construir e manter um ambiente favorável e seguro que estimule o paciente e o familiar a questionarem o profissional de saúde toda vez que algum medicamento for administrado, por exemplo, e que o profissional seja treinado para essa troca. O quesito envolvimento do paciente e familiar comporta até a nomeação de um representante da comunidade para integrar o NSP”, afirma.

NÚCLEOS MAIS ATUANTES = PROTOCOLOS IMPLANTADOS

Serviços de saúde sem Núcleo de Segurança do Paciente estruturado enfrentam muito mais dificuldades na implantação e no monitoramento dos protocolos de segurança do paciente, segundo Lima Júnior. Por outro lado, como mostrou a Demografia 2024, NSPs com avaliação de atuação próxima ou superior a oito (numa escala de 1 a 10) têm protocolos descritos, implantados e monitorados, o que também envolve apoio da alta gestão, com capacitação dos profissionais para possibilitar adesão e recursos e suprimentos necessários ao cumprimento dos protocolos.

“Todos sabemos que protocolos de segurança do paciente são construídos a partir de evidências científicas, e que trabalhar com eles é condição essencial para melhorar a qualidade da assistência. Também sabemos que um apoio importante da alta gestão é o financeiro, para, por exemplo, ter os materiais previstos no protocolo de prevenção de lesões por pressão. Sem materiais, podemos entender que essa prevenção não é prioridade da gestão”, analisa.

Para a Demografia, os oito protocolos definidos pela SOBRASP foram: identificação do paciente; comunicação segura; segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; cirurgia segura; prática de higiene das mãos; prevenção de quedas; prevenção de lesão por pressão; e uso seguro de sangue e hemocomponentes.

A pesquisa mostrou, ainda, a associação entre o quão atuante é o núcleo e a análise de eventos adversos. Mais de 80% dos participantes responderam que analisam os eventos adversos, e seus serviços de saúde tiveram nota de atuação próxima de 8, o que também é estatisticamente significante, de acordo com Lima Júnior. Vale lembrar que, no Brasil, o número de eventos adversos notificados pelos serviços de saúde na Anvisa chegou a 370.000 em 2023.
“Só fazemos gestão se tivermos dados, e não tínhamos informações detalhadas sobre a conformação, o trabalho e as dificuldades dos Núcleos de Segurança do Paciente, que são uma célula importante de implantação das ações de segurança nas instituições de saúde do país”, pontua Paola Andreoli, que tomou posse como presidente da SOBRASP (2025-2026) no dia 6 de dezembro. Ela espera que a Demografia possa ser usada pelo Ministério da Saúde, pela Anvisa, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e pela Agência Nacional de Saúde (ANS), órgãos que definem diretrizes que podem apoiar mais os NSPs.

“Esperamos que esse conjunto de informações possa catalisar iniciativas para o desenvolvimento e o apoio às práticas de segurança implantadas pelos Núcleos de Segurança do Paciente e que a Demografia também seja um instrumento para os profissionais que compõem os NSPs, pois eles são a instância propulsora do Programa Nacional de Segurança do Paciente nos serviços de saúde do país”, deseja o Coordenador-geral do Proqualis ENSP/Fiocruz e ex-presidente da SOBRASP, Victor Grabois, que após sete anos deixa o cargo que ocupou desde a fundação da Sociedade.

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Equipe do Núcleo de Informações Estratégicas da SOBRASP, responsável pela Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente

Ana Gabriela Silva de Lima, Antônio José de Lima Júnior, Flávia Portugal, Isabelle Mury, Jurema Corrêa da Mota. Colaboradores da edição 2024: Claudia Toledo, Luiza Gerhardt e Victor Grabois.

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Sete pautas que o setor da Saúde deve trabalhar em 2025

Por Rogério Pires

O avanço tecnológico do setor da Saúde nos últimos anos transformou o modo como as instituições operam. A digitalização traz benefícios para todos os elos da cadeia: para os pacientes, o diagnóstico e tratamento são aprimorados, melhorando também sua jornada nas instituições de saúde como um todo; para os profissionais, a tecnologia é importante aliada para ganho de produtividade, agilidade e inteligência; e do lado das instituições, a gestão é elevada a um nível superior, conferindo maior eficiência, ponto fundamental para a gestão financeira.

Diante de tantos benefícios, o movimento de transformação digital da saúde deve se acentuar em 2025, a exemplo do aumento do uso da tecnologia na jornada dos pacientes. Além de proporcionar uma experiência muito mais completa e positiva para quem é atendido, a digitalização da jornada do paciente traz mais comodidade e praticidade. Hoje, vemos a crescente popularidade de ferramentas como aplicativos próprios das instituições, chatbots para agendamento de consultas e exames e canais digitais de atendimento para o contato entre pacientes e instituições. Inovações no processo de validação do “token” das operadoras de saúde também vêm ganhando destaque, utilizando tecnologias como a de reconhecimento facial, por exemplo, o mesmo racional usado já há algum tempo pelo setor financeiro.

A tecnologia também é ingrediente essencial na maneira como as instituições de saúde realizam o registro de suas informações, parte essencial da operação. De acordo com a pesquisa TIC Saúde 2024, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), 92% dos estabelecimentos de saúde do Brasil têm algum sistema eletrônico para registro das informações dos pacientes, um aumento de 5 pontos percentuais com relação a 2023.

E conforme essa digitalização se consolida o uso de dados se torna ainda mais estratégico, abrindo um leque de possibilidades. Para 2025, sem dúvidas, os dados continuarão atuando como protagonistas, uma vez que, se bem coletados, tratados e integrados, auxiliam na gestão das instituições, sejam hospitais, clínicas, cooperativas médicas ou planos de saúde, nos mais variados aspectos. A inteligência de dados já vem sendo aplicada na redução de custos nas operadoras, por exemplo. Por meio de uma visão completa da base de cliente é possível gerenciar gastos e reduzir a sinistralidade, ponto central para as operadoras.

Outro uso dos dados na área da saúde que ganha força são os wearables, ou dispositivos vestíveis. Na medida em que grandes empresas de tecnologia lançam dispositivos como smartwatches e anéis, a população tem demonstrado maior interesse nos benefícios do uso de wearables para sua saúde. Ao captarem dados do usuário ao longo do dia, estes dispositivos podem auxiliar no monitoramento e prevenção de doenças, ajudando na condução de um acompanhamento de saúde mais eficiente por meio da medicina preditiva.

E, quando falamos em dados, não podemos deixar de lado o assunto do momento: Inteligência Artificial. A IA já vem sendo utilizada na área da saúde em diversos processos, a fim de garantir automação e eficiência para as instituições. Por isso, para 2025, aposto que a IA seguirá com destaque no setor, inclusive a IA Generativa. Uma das suas aplicações que já são vistas é no registro de informações em prontuários, possibilitando que o médico dedique total atenção ao paciente, enquanto a ferramenta registra o que foi dito no prontuário.

O mercado de tecnologia para a área da saúde vem evoluindo e, com isso, cresce o número de novidades desenvolvidas especialmente para o segmento. Mas sabemos que a digitalização da saúde no Brasil ainda enfrenta desafios, e existe um longo caminho a ser percorrido para o uso e integração efetiva das soluções no setor. Um exemplo é a necessidade de capacitação dos profissionais com relação ao uso da tecnologia. De acordo com a TIC Saúde 2024, apenas 23% dos médicos e enfermeiros realizaram alguma formação ou treinamento em informática em saúde para lidar com as novas tecnologias nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

Outro desafio constante é a cibersegurança. Conforme o uso de soluções aumenta, é fundamental que as organizações de saúde estejam preparadas para garantir a proteção e privacidade dos dados de seus pacientes, garantindo também o cumprimento de legislações, como a LGPD. Ainda de acordo com a mesma pesquisa TIC Saúde 2024, houve um aumento no uso de todos os sistemas de segurança utilizados nas instituições de saúde em comparação à pesquisa do ano anterior. Ferramentas de segurança da informação como antivírus (88%), proteção por senha do acesso ao sistema eletrônico (83%), firewall (60%) foram as três mais citadas.

Frente a um cenário cada vez mais competitivo, volátil e repleto de desafios, as instituições de saúde têm muito a se beneficiar do investimento em digitalização. A tecnologia não é mais apenas uma ferramenta, mas sim a base para um sistema mais eficiente, conectado e centrado nas necessidades do paciente. O futuro da saúde não é apenas sobre como usamos a tecnologia, mas sobre como ela pode ajudar a criar um sistema mais sustentável e acessível para todos.

*Rogério Pires é diretor de produtos para Saúde da TOTVS.

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Assessoria de Comunicação