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DESTAQUES
Depoimentos da CPI miram cloroquina e ‘ministério paralelo’; vacina tem pouco destaque
Governo de Goiás recebe mais 132,8 mil vacinas contra covid-19
Santa Casa de Misericórdia de Goiânia promove campanha de doação de sangue
Números de mortes e internações entre maiores de 60 anos despencam em Goiás
UFG fará testes em servidores e estudantes usando tecnologia desenvolvida por pesquisadores da própria Universidade
Após polêmica, Cremesp define regra sobre videochamada para pacientes internados
Ministro se omite sobre atuação de Bolsonaro na pandemia e irrita CPI
PORTAL TERRA
Depoimentos da CPI miram cloroquina e ‘ministério paralelo’; vacina tem pouco destaque
BRASÍLIA – Os depoimentos prestados à CPI da Covid no Senado ao longo desta semana tiveram pelo menos um ponto em comum: todos trataram da insistência do presidente Jair Bolsonaro no chamado “tratamento precoce”, baseado no uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como a cloroquina. O tema das vacinas, considerado o mais urgente, acabou ficando em segundo plano.
Na primeira semana de depoimentos, a CPI ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual titular do cargo, Marcelo Queiroga. Os dois primeiros relataram pressão de Bolsonaro para que o Ministério da Saúde defendesse o “tratamento precoce”. Já Queiroga irritou os senadores ao evitar dizer se concorda ou não com a defesa pública que o presidente faz da cloroquina – segundo ele, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) ainda vai decidir sobre o uso da droga antimalárica contra a covid-19.
Os termos cloroquina e hidroxicloroquina foram citados 124 vezes no depoimento de Teich na quarta-feira. Durante a oitiva de Mandetta, na terça, houve 79 menções a ambos os medicamentos. Já a palavra vacina aparece só 30 vezes nas notas taquigráficas do depoimento de Teich e 46 vezes nos registros da sessão de Mandetta.
Mandetta e Teich revelaram também a existência de uma espécie de “ministério paralelo”, com o qual Bolsonaro se aconselhava a respeito da pandemia, mas pouco tocaram no tema das vacinas – quando os dois estavam à frente da pasta ainda não havia vacina disponível.
Já Queiroga se contradisse sobre a compra de vacinas. Qestionado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o atual ministro repetiu inicialmente o número de 560 milhões de doses de vacinas já contratadas. Corrigido ao vivo por um assessor, voltou atrás e disse que eram 430 milhões, se dar maiores detalhes. O médico também admitiu que o ministério mentiu ao responder questionamento oficial do deputado Gustavo Fruet (PDT-PR).
Isolamento vertical
Em comum, Mandetta e Teich apontaram o comportamento errático de Bolsonaro: embora dissesse concordar com as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, o presidente fazia declarações públicas defendendo tratamentos e estratégias que não foram corroboradas pela evidência científica, como o uso da cloroquina e o chamado isolamento vertical. Este último é a ideia de manter em isolamento apenas pessoas idosas ou com comorbidades, liberando as demais para transitar normalmente.
Ambos disseram que deixaram o comando do Ministério da Saúde por divergências com Bolsonaro. Teich confirmou que decidiu pedir demissão com apenas 28 dias de trabalho porque havia percebido que não teria liberdade nem autonomia para fazer o que julgava necessário. Também afirmou que a pressão do governo para que indicasse o uso da clororuina colaborou com sua decisão.
“Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da covid-19. Enquanto a minha convicção pessoal, baseada em estudos, era de que, naquele momento, não existia evidência de sua eficácia para liberar – a gente vai falar um pouco sobre isso -, existia um entendimento diferente por parte do presidente (…). Isso aí foi o que motivou a minha saída”, disse Teich.
Um dia antes, na terça, Mandetta tinha dado declaração semelhante: “Eu acho que o presidente não gostou, não quis, achou por bem ter um outro ministro, também colega, que vem aí na sequência, o Teich – ficou lá 20, 30 dias – e depois encontrou um ministro (o general Eduardo Pazuello) que parece que é com quem ele teve melhor afinidade nas suas ações. O meu compromisso era com o meu paciente chamado Brasil. E eu não o deixaria em hipótese alguma, mas também não negociaria os valores, não negociaria a formação que eu tenho”, disse Mandetta, ao explicar sua demissão.
Cloroquina
Desde o início da pandemia, o governo federal gastou mais de R$ 100 milhões com medicamentos do chamado “tratamento precoce”, como a cloroquina (R$ 1,4 milhão); hidroxicloroquina (R$ 46,2 mil), Tamiflu (R$ 97 milhões); ivermectina (R$ 121 mil) e azitromicina (R$ 1,9 milhão). Nenhum deles tem efetividade comprovada para o tratamento da covid-19.
Só de oseltamivir (cujo nome comercial é Tamiflu) foram adquiridos mais de 20,8 milhões de cápsulas, segundo informou o Ministério da Saúde ao Estadão. O oseltamivir se mostrou eficaz contra outro vírus – o da gripe H1N1. Em 20 de maio, a pasta divulgou um documento recomendando o uso do oseltamivir contra a covid-19 nos estágios iniciais da doença, especialmente para pessoas no chamado grupo de risco, como hipertensos e diabéticos.
Tanto Teich quanto Mandetta negaram ter responsabilidade sobre a decisão do governo de produzir e distribuir cloroquina. Queiroga disse não ter sido pressionado para incentivar o “tratamento precoce”.
“A única coisa sobre cloroquina que o Ministério da Saúde fez, após consulta ao Conselho Federal de Medicina e aos conselheiros todos, era recomendar para o uso compassivo (como último recurso) (…). A cloroquina não é uma droga para uso indiscriminado, sem monitoramento, a margem de segurança dela é estreita. Ela não é aquela coisa assim: se bem não faz, mal também não faz. Como todo medicamento, ela tem uma série de reações adversas”, disse Mandetta sobre sua gestão.
“Eu não participei disso. Se aconteceu alguma coisa (decisões sobre cloroquina), foi fora do meu conhecimento. Ali, eu tinha uma posição muito clara em relação não só sobre a cloroquina, mas a qualquer medicamento. Não fui consultado (…). Do que eu vivi naquele período, a gente nem falava em cloroquina. Foi um assunto que não chegou a mim, a produção da cloroquina”, disse Teich.
No cargo desde março, Marcelo Queiroga disse aos integrantes da CPI na quinta-feira que não sofreu “qualquer tipo de pressão” para incentivar o uso de medicamentos sem comprovação científica. “Na minha gestão, não houve qualquer tipo de pressão para manutenção de qualquer fármaco em protocolo clínico e em diretriz terapêutica”, alegou Queiroga, que se negou a dar sua opinião pessoal sobre a utilização da droga. O atual ministro também não respondeu se, como médico, faria a prescrição a um paciente.
Aconselhamento paralelo
Outro ponto importante nos depoimentos de Teich e Mandetta é que ambos reafirmaram a existência de um “aconselhamento paralelo”, contrário às orientações do Ministério da Saúde, que era seguido por Bolsonaro para tomar decisões relativas à pandemia.
“Fui chamado ao terceiro andar (do Palácio do Planalto) porque tinha lá uma reunião com vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina (…). Quer dizer, ele (Bolsonaro) tinha esse assessoramento paralelo. Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não-timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus”, disse Mandetta, num dos pontos mais importantes de seu depoimento.
“Me lembro do presidente algumas vezes falar que ele adotaria o chamado confinamento vertical, que era também algo que a gente não recomendava. Eu acho que ele tinha uma outra, provavelmente, eu não saberia lhe dizer, mas provavelmente uma outra fonte (de assessoramento) que dava para ele (orientações)”, disse Mandetta.
À CPI, Teich reafirmou que Bolsonaro “tinha as atitudes dele”, e que a posição do presidente sobre o tratamento precoce “naturalmente é uma posição diferente da que eu tenho”. Teich também disse que não assinou a Medida Provisória 966 de 2020, que ficou conhecida como “MP da Cloroquina”, justamente por causa das divergências em relação ao medicamento.
Vacinas
Em seus depoimentos, Mandetta e Teich pouco trataram do tema das vacinas – os dois comandaram o Ministério da Saúde numa época em que os imunizantes para a covid-19 ainda não estavam disponíveis no mercado. O primeiro país a vacinar a população foi o Reino Unido, em dezembro de 2020. Teich, o último dos dois a ocupar o cargo, deixou o Ministério em maio de 2020.
Respondendo a uma pergunta do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), Nelson Teich lembrou que sua gestão foi responsável por trazer para o Brasil os testes clínicos de fase três da vacina Covishield, desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. Com número já relativamente alto de casos, o Brasil era considerado um bom “laboratório ao ar livre” para os testes, à época. Já Mandetta frisou a importância das vacinas, mas não aprofundou o assunto.
O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu ter divulgado um número inflado de vacinas já contratadas pela pasta. O primeiro a questioná-lo sobre o assunto foi o senador Renan Calheiros. Reportagem do Estadão publicada na quarta-feira, 5, revelou resposta do ministério a um requerimento de informações do deputado Gustavo Fruet (PDT-PR). Nela, a pasta diz que apenas parte das doses divulgadas como “compradas” possui contratos fechados.
Em propagandas oficiais e em falas públicas, Queiroga tem divulgado o número de 560 milhões de doses já contratadas. Ao responder ao deputado, no entanto, o ministério disse que apenas metade disso – cerca de 280 milhões – tem contratos fechados.
Ao ser questionado por Calheiros sobre qual é o número válido, Queiroga se contradisse. Primeiro, insistiu que o número de doses contratadas era de 560 milhões. Depois de receber informações do secretário executivo do ministério, Rodrigo Otávio da Cruz, admitiu que o número era menor e citou a quantidade de 430 milhões de doses.
No depoimento, o ministro também afirmou que a pasta errou na resposta oficial a Gustavo Fruet. Segundo o ministro, haverá uma apuração interna no ministério para determinar o que ocorreu, e a resposta ao deputado será “retificada”.
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A REDAÇÃO
Governo de Goiás recebe mais 132,8 mil vacinas contra covid-19
Goiânia – Mais uma remessa de vacinas contra a covid-19 chegou a Goiás nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (7/5). Desta vez, o Governo de Goiás recebeu 132,8 mil imunizantes do consórcio Oxford/AstraZeneca, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O lote de imunizantes seria para a aplicação das primeiras doses em pessoas com comorbidades, como anunciado na quinta-feira (6) pelo governo estadual. Contudo, o Ministério da Saúde mudou os planos e pretende emitir uma nota técnica ainda na manhã desta sexta-feira destinando essa nova remessa apenas para a segunda dose.
Até a definição, o lote recebido será estocado, com previsão de uso para segunda dose. “A princípio, este lote não terá a distribuição imediata. Será estocado aqui até que chegue o momento adequado para que a gente distribua aos municípios”, pontuou o governador Ronaldo Caiado (DEM).
As vacinas foram levadas para a Central Estadual de Rede de Frio, em Goiânia. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES) aguarda nota técnica do Ministério da Saúde para liberar a distribuição do lote aos municípios goianos.
Mais vacinas
O governador ainda comunicou a chegada de 32.200 doses da CoronaVac no próximo sábado (8/5). Para essa remessa também há previsão inicial de que seja utilizada para a segunda dose. “Nós esperamos um outro calendário, a partir de domingo ou de segunda-feira, para que possamos ampliar e dar continuidade à primeira dose”, avaliou.
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Santa Casa de Misericórdia de Goiânia promove campanha de doação de sangue
Goiânia – Com estoque baixo, o Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia realiza uma campanha para estimular a doação de sangue de qualque tipo. As doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h.
O atendimento pode ser agendado pelo telefone (62) 3254-4283, das 7h às 17h. “O Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia está funcionando normalmente e pronto para te receber, seguindo todas as medidas de segurança para evitar a disseminação do novo coronavírus”, informou a unidade.
Para ser um doador, você precisa:
– Estar em boas condições de saúde;
– Ter entre 18 e 65 anos de idade;
– Pesar acima de 51 kg;
– Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
– Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
– Não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
– Não ter tido gripe ou resfriado nos últimos 7 dias;
– Pode ter qualquer tipo sanguíneo;
No momento da doação, é preciso apresentar documento original, com foto.
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Números de mortes e internações entre maiores de 60 anos despencam em Goiás
Ismael Alexandrino atribui queda à vacinação | 06.05.21 – 08:49
Goiânia – O número de mortes e internações entre pessoas maiores de 60 anos, em Goiás, despencou no último mês, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). Uma planilha obtida pelo jornal A Redação mostra o recuo significativo dos óbitos, na classe citada, entre março (2.065) e abril (437), uma diferença de 1.628 notificações. “Percebemos nitidamente o fator protetor das vacinas”, avaliou o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, em entrevista exclusiva ao AR nesta quinta-feira (6/5).
Segundo Alexandrino, a queda de internações também foi vista em profissionais da saúde, que são outro grupo prioritário largamente vacinado até agora no estado. “Notamos claramente, entre trabalhadores da saúde, uma queda de 65% nos casos de internações em UTI para tratar covid-19”, revelou o secretário.
De acordo com Ismael, mais de 70% das internações por covid-19 eram de pessoas com mais de 70 anos. No entanto, com o avanço da imunização da classe, a taxa caiu para menos de 40%. Conforme a planilha da SES-GO, em março havia 3.562 registros de internações pelo novo coronavírus entre pessoas com mais de 60 anos. No mês seguinte, o número teve queda significativa, estacionando em 1.154 internações.
Em janeiro deste ano, aponta o documento, os óbitos registrados entre idosos representavam 77,5% das mortes notificadas. Em abril, a porcentagem caiu para 58,3%. A queda é igualmente notada nas internações entre maiores de 60 anos, que em janeiro eram 54,4% do total, mas em abril despencaram para 43,4%.
A vacinação no estado agora avança para grupos de comorbidades. Com as remessas da Pfizer (17.550 doses) e Astrazeneca (132.800) recebidas, o secretário Ismael estima alcançar até a próxima semana cerca de 25% do grupo citado – que possui 616 mil pessoas em Goiás, disse Alexandrino.
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JORNAL OPÇÃO
UFG fará testes em servidores e estudantes usando tecnologia desenvolvida por pesquisadores da própria Universidade
Por Nathália Alves
Testes utilizarão tecnologia denominada RT-LAMP, que foi desenvolvida por pesquisadores da instituição e que precisa de apenas 50 minutos para ficar pronto
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), desenvolveram uma tecnologia capaz de detectar a presença do coronavírus no organismo. Os testes de RT-LAMP detectam a presença do RNA do vírus Sars-Cov 2 na fase de infecção ativa, em um período de 3 a 10 dias de sintomas, podendo também detectar o vírus em portadores assintomáticos. Os pesquisadores responsáveis por essa tecnologia afirmam que o seu diferencial é o tempo para que o resultado do exame fique pronto, o qual gira em torno de apenas 50 minutos. A realização de uma parceria entre a Faculdade de Enfermagem (FEN-UFG) e o Instituto de Química (IQ-UFG), possibilitará a testagem de servidores e estudantes da instituição em questão nos dias 13,14 e 17 de maio, das 9 h às 16 h, no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia.
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O ESTADO DE S.PAULO
Após polêmica, Cremesp define regra sobre videochamada para pacientes internados
Parecer emitido em março orientava que não fossem feitas imagens de pacientes intubados e sedados; órgão diz que defende autonomia do paciente
Após a série de críticas e a polêmica causada por um parecer sobre videochamadas com pacientes internados e sedados, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) publicou nesta quarta-feira, 5, uma resolução que apresenta as normas para que as chamadas de vídeo sejam realizadas. Segundo o órgão, o objetivo é respeitar a autonomia do paciente e saber, enquanto o paciente está consciente, se ele tem interesse em ter as visitas virtuais caso seja sedado ou intubado.
A discussão teve início a partir da pergunta de um médico sobre o tema. No parecer, de março, um conselheiro utilizou pareceres de 2016 para embasar sua resposta, informando ser proibida a exposição de pacientes sedados ou em coma. No caso de pessoas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a orientação era de não fazer filmagens ou fotografias.
“Nas demais hipóteses, com possibilidade de interação dos pacientes, entendemos que seria compreensível e possível este contato remoto, desde que autorizado pelo paciente e em intervalo de horários predeterminados, como ocorrem em horário de visitas, o contato, respeitada a privacidade dos demais pacientes, sobrepesando dificuldades operacionais como não gerar um fator a prejudicar as rotinas dos serviços”, dizia o parecer.
Coordenador de comunicação do Cremesp, Edoardo Vattimo diz que o parecer dá respaldo a partir do que já foi publicado sobre o tema, mas não tem o poder de proibir ou permitir, como uma resolução ou uma lei. “O parecer traz o dilema do paciente desacordado. A gente foi checar o motivo da confusão e, esses pareceres, mesmo do CFM (Conselho Federal de Medicina), estavam abordando filmagens. Uma coisa é filmar e outra é a videochamada. Naquela época, elas nem eram feitas com tanta frequência”, diz. “A gente teve de fazer essa resolução para deixar bem explícito o que pode e não pode para ter uma resposta geral. O parecer é muito restrito e limitado.”
Vattimo diz que a questão é debatida em países como os Estados Unidos e o foco do conselho é no paciente. “É um debate que envolve a autonomia do paciente. O que a resolução traz é que, antes de ser intubado e sedado, ele já fale se quer (fazer as videochamadas). Isso, nos Estados Unidos, já é prática, mas não temos essa cultura da autonomia do paciente.”
De acordo com a resolução, caso o paciente perca a capacidade de consentir a videochamada durante a internação, o médico pode levar em consideração se o paciente já definiu um representante se gostaria ou não fazer as chamadas de vídeo e quem pode participar. Caso não haja um representante, o profissional pode verificar se as diretivas antecipadas de vontade registradas no prontuário.
As chamadas de vídeo podem ser feitas com celulares, tablets ou computadores, utilizando programas específicos que garantam sigilo e proteção dos dados protegidos. A privacidade dos demais pacientes deve ser respeitada e não são permitidas filmagens e fotografias “em especial o registro audiovisual do paciente e seu encaminhamento/postagem em um segundo momento em redes sociais”.
Vattimo explica que o conselho entende que a interação, ainda mais com os agravantes do contexto da pandemia, tem a sua importância. “É um instrumento importante. A videochamada é importante para tudo, porque as pessoas estão isoladas, para humanizar o cuidado, para aproximar o familiar e aumentar interação e afeto. A resolução vem para falar que tem de respeitar o direito da pessoa.”
Ele diz que, caso o paciente já chegue ao hospital em estado grave, o fato de ele não manifestar sua vontade não vai impedir que a família o veja. “Há casos específicos. Se a pessoa não conseguiu explicitar a vontade, porque já chegou mal, ninguém vai ser punido. Isso é para quando houver a oportunidade de discutir com o paciente”, afirma o membro do Cremesp.
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FOLHA DE S.PAULO
Ministro se omite sobre atuação de Bolsonaro na pandemia e irrita CPI
Marcelo Queiroga também não quis avaliar como encontrou o Ministério do Saúde após a gestão do general Eduardo Pazuello
Julia Chaib, Renato Machado e Constança Rezende
BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, irritou membros da CPI da Covid por evitar responder perguntas sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia.
Queiroga depôs na comissão nesta quinta-feira (6), em uma sessão de mais de nove horas, também marcada por atos de obstrução dos trabalhos por senadores governistas.
Os senadores próximos ao Planalto contestaram a atuação do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e reagiram a cada pergunta mais incisiva e direta, para tentar evitar respostas que pudessem contrariar os interesses do governo Bolsonaro.
Na quarta (5), parlamentares aliados do presidente tiveram uma reunião com ministros palacianos para tentar traçar algumas estratégias a serem usadas na CPL
Queiroga tentou driblar perguntas relativas ao posicionamento pessoal do presidente da República, recusou-se a dar sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina (medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid) e não quis fazer uma avaliação das condições do ministério e das ações de enfrentamento à pandemia no momento em que assumiu o cargo.
Queiroga se tornou ministro em março, em substituição ao general Eduardo Pazuello, que saiu bastante criticado por sua atuação, com atraso na contratação de vacinas e colapso do sistema.
O atual ministro respondeu que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro referente ao uso da hidroxicloroquina, mas se recusou a avaliar a posição do presidente em defesa do medicamento.
‘Todos nós estamos aguar dando a resposta. Não tem três palavras, só tem uma: ‘sim’ e não’ disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). ‘Até minha filha de 12 anos falaria ‘sim’ ou não’, completou.
Queiroga também disse desconhecer a existência de um ‘ministério paralelo’, expressão que membros da comissão têm usado em razão da possibilidade de o presidente receber aconselhamento de pessoas alheias à pasta para questões de saúde.
O ministro da Saúde, que é médico, também se recusou a dar sua própria avaliação sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar Covid-19.
Afirmou que a instância adequada para analisar essa questão seria a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), da qual faz parte, que está elaborando um protocolo.
‘Segundo o decreto-lei que regulamenta a Conitec, eu sou instância final decisória. Então, eu posso ter que dar um posicionamento acerca desse protocolo, de tal sorte que gostaria de manter meu posicionamento final acerca do mérito do protocolo quando o protocolo for elaborado’, disse.
Posteriormente, ele reconheceu que a hidroxicloroquina pode causar arritmias cardíacas. ‘A instância própria é essa. Esta é a instância’, reagiu o relator da CPI, Renan Calheiros.
O ministro da Saúde não soube dar certeza a respeito de ações de sua pasta para a distribuição de cloroquina para estados e municípios -apenas disse que não tinha conhecimento.
‘Eu não autorizei distribuição de cloroquina na minha gestão. Eu não tenho conhecimento de que esteja havendo distribuição de cloroquina na nossa gestão’, disse Queiroga, após ser questionado.
Em diversos momentos do depoimento, Queiroga disse que não faria ‘juízo de valor’ e assim evitou responder diretamente a perguntas feitas pelos parlamentares.
O ministro deu essa resposta, por exemplo, quando questionado se concordava com a declaração de Bolsonaro de que poderia editar decreto contra a política de isolamento social.
Após a insistência na pergunta, apenas respondeu que Bolsonaro pensa em preservar a liberdade das pessoas e que, com isso, ele concordava. Por outro lado, reconheceu que não foi consultado pelo Palácio do Planalto a respeito de uma medida nesse sentido, apesar de sua pasta estar no centro das discussões.
Queiroga se recusou a responder até mesmo a questões atuais, se envolvesse de alguma forma emitir uma opinião a respeito de gestões anteriores à frente do Ministério da Saúde. Senadores perguntaram, por exemplo, detalhes a respeito das negociações para a compra das vacinas da Pfizer e da russa Sputnik.
‘Eu não participei dessas tratativas’, disse o ministro da Saúde. ‘Mas o senhor está tratando do contrato da Pfizer. O senhor não teve acesso a isso?’, questionou Renan Calheiros. ‘Não leva em consideração [para as negociações atuais]| os contratos anteriores e as tentativas, o histórico?’
Por outro lado, o ministro se mostrou desenvolto para responder as perguntas de senadores governistas. Ciro Nogueira (PP-PI) perguntou o que Queiroga achava sobre a fala do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, na qual disse que o Brasil poderia ter começado a vacinação em novembro do ano passado.
‘Impossível, não é? O primeiro país do mundo a vacinar foi a Inglaterra, em dezembro, com a vacina da Pfizer. Como é que nós poderíamos começar à nossa campanha em novembro? Quer dizer, muito difícil’, respondeu o ministro.
Renan Calheiros então ironizou o ministro. ‘Eu quero cumprimentar o ministro e cumprimentar também o senador Ciro Nogueira, porque, após o advento das perguntas do senador Ciro Nogueira, o interrogado começou a fazer juízo de valor’, disse.
Vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que mesmo as negativas de respostas do ministro da Saúde oferecem elementos e contribuem com o trabalho da CPI
‘Troque não farei juízo de valor’ por não concordo com isso, aí eu acredito que nós temos a linha continuada a partir do depoimento do senhor Mandetta, que no meu sentido indica que o governo federal adotou deliberadamente a estratégia de contaminação coletiva, de contaminação natural, de imunidade coletiva, imunidade natural ou podemos chamar de imunidade de rebanho’, afirmou.
Em rara opinião sobre falas do presidente Jair Bolsonaro, Queiroga disse que desconhece’indícios de guerra química na China’. Na véspera, o mandatário havia levantado essa possibilidade.
É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?’ disse Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto na quarta (5).
“Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.’
O ministro da Saúde também foi questionado sobre a quantidade de vacinas contratadas pelo país e se confundiu ao dizer o número.
Inicialmente, ele falou que houve contratação de 563 milhões de doses de imunizantes, mas foi corrigido por um assessor e alterou para 430 milhões a quantidade. A diferença entre os números é referente a doses que a Fiocruz produzirá.
Grande parte da discussão durante a sessão, no entanto, se deu em torno do uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) brincou que o nome da comissão deveria ser mudado para CPI da Cloro-quina -ela é crítica do uso desse medicamento.
Presidente da CPI, Aziz contou que a médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 mesmo sem comprovação científica, pediu para ser ouvida na comissão.
Aziz comunicou aos colegas que o colegiado deverá ouvi-la. Já há requerimento, assinado por senadores aliados do governo Jair Bolsonaro, para convidar a pesquisadora a prestar depoimento na CPI.
Yamaguchi tornou-se conhecida por ser uma das médicas consultadas pelo presidente para referendar a defesa do mandatário do uso do medicamento contra o coronavírus, o que não tem comprovação científica.
Queiroga foi a terceira autoridade ouvida pelos senadores na CPI da Covid. Antes dele, houve o depoimento dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, seria ouvido também nesta quinta, mas o depoimento foi adiado para a próxima terça-feira (11). Com isso, o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten fica remanejado para o dia seguinte.
Na quinta-feira (13), serão ouvidos o ex-chanceler Ernesto Araújo e representantes da Pfizer.
Depoimento de Queiroga em seis pontos
SEM RESPOSTAS
Marcelo Queiroga irritou membros da CPI da Covid por evitar responder a perguntas sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia
Ele tentou driblar perguntas relativas ao posicionamento pessoal do presidente da República, recusou-se a dar sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina (medicamento sem eficácia comprovada para 0 tratamento da Covid) e não quis fazer uma avaliação das condições do ministério e das ações de enfrentamento à pandemia no momento em que assumiu o cargo
HIDROXICLOROQUINA
O atual ministro respondeu que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro referente ao uso da hidroxicloroquina, mas se recusou a avaliar a posição do presidente em defesa do medicamento.
A posição do ministro irritou os senadores. O ministro da Saúde, que é médico, também se recusou a dar sua própria avaliação sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 Afirmou que a instância adequada para analisar essa questão seria a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), da qual faz parte, que está elaborando um protocolo. “Segundo 0 decreto-lei que regulamenta a Conitec, eu sou instância final decisória. Então, eu posso ter que dar um posicionamento acerca desse protocolo, de tal sorte que eu gostaria de manter 0 meu posicionamento final acerca do mérito do protocolo quando o protocolo for elaborado’, disse. Posteriormente, ele reconheceu que a hidroxicloroquina pode causar arritmias cardíacas, embora ressalte que são seguros.
O ministro da Saúde não soube dar certeza a respeito de ações de sua pasta para a distribuição de cloroquina para estados e municípios -apenas disse que não tinha conhecimento.
“Eu não autorizei distribuição de cloroquina na minha gestão. Eu não tenho conhecimento de que esteja havendo distribuição de cloroquina na nossa gestão”, disse Queiroga, após ser questionado
ISOLAMENTO SOCIAL
Em diversos momentos, Queiroga disse que não feria “juízo de valor’ e assim evitou responder diretamente a perguntas.
O ministro deu essa resposta, por exemplo, quando questionado se concordava com a declaração de Bolsonaro de que poderia editar decreto contra a política de isolamento social. Após a insistência na pergunta, apenas respondeu que Bolsonaro pensa em preservar a liberdade das pessoas e que, com isso, ele concordava Por outro lado, reconheceu que não foi consultado pelo Palácio do Planalto a respeito de uma medida nesse sentido, apesar de sua pasta estar no centro das discussões
‘GUERRA QUÍMICA’
Em uma rara opinião sobre feias de Bolsonaro, Queiroga disse que desconhece “indícios de guerra química na China” No dia anterior, o presidente havia levantado essa possibilidade
‘MINISTÉRIO PARALELO’
Queiroga também disse desconhecera existência de um “ministério paralelo” expressão que membros da comissão têm usado em razão da possibilidade de o presidente receber aconselhamento de pessoas alheias à pasta para questões de saúde
VACINAS
O ministro também foi questionado sobre a quantidade de vacinas contratadas e se confundiu ao dizer o número Inicialmente, ele falou que houve contratação de 563 milhões de doses, mas foi corrigido por um assessor e alterou para 430 milhões. A diferença entre os números são referentes a doses que a Fiocruz produzirá.
“Todos nós estamos aguardando a resposta. Não tem três palavras, só tem uma: ‘sim’ e não’. Até minha filha de 12 anos falaria ‘sim’ ou ‘não’ “
Omar Aziz – presidente da CPI (PSD-AM)
“Eu não autorizei distribuição de cloroquina na minha gestão. Eu não tenho conhecimento de que esteja havendo distribuição de cloroquina na nossa gestão”
Marcelo Queiroga – ministro da Saúde
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Assessoria de Comunicação