ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES DE HOJE
• Cartas dos Leitores – Consultas médicas
• Estética – Riscos da beleza a qualquer custo
site:http://www.seofast.co.uk/
• Estética – Gel foi para virilha após aplicação
• Hidrogel – Sete novas vítimas de aplicação
• Saúde – Campanha de vacinação contra pólio e sarampo segue até o final do mês
• Esteticista não usou hidrogel
• Meninas adolescentes precisam tomar a segunda dose da vacina do HPV
• O câncer silencioso
• “Gestão clínica é o caminho para vencer a fragmentação da assistência”
O POPULAR
Cartas dos Leitores – Consultas médicas
Agora temos uma nova prática, que alguns médicos resolveram adotar para agendar consultas pelos planos de saúde, que é da seguinte maneira: para o Ipasgo, se for a primeira consulta, tem de pagar o valor de particular que é em média 300 reais; para a Unimed, tem de passar o cartão e mais 250 reais.
Diante disso, solicitamos esclarecimentos do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), bem como dos planos de saúde, para ver se tal procedimento é legal. Pois os usuários já pagam valores absurdos mensalmente para terem o direito de ser atendidos pelos profissionais que são devidamente credenciados.
Varsondes Cavalcante de Souza
Vila Aurora – Goiânia (10/11/14)
…………………………………………………………………
Estética
Riscos da beleza a qualquer custo
Novidades da indústria e procedimentos inadequados podem causar sérias complicações de saúde e estéticas
Gabriela Lima
Nariz necrosado ou lábios inflamados após aplicações; migração de silicone industrial para membros inferiores; deformações no corpo após uso de substâncias injetáveis para emagrecimento; flacidez causada por massagens inadequadas. Estas são algumas complicações que médicos goianos já se depararam em seus consultórios, consequência de procedimentos estéticos feitos por profissionais não habilitados.
É o alto custo da busca desenfreada pela beleza, que fez crescer de forma acelerada a oferta de serviços, nem sempre qualificados, como alternativas não-cirúrgicas para esculpir o corpo e o rosto. A estética é considerada um “terreno arenoso, que muitas vezes é de areia movediça”, pelo conselheiro do Conselho Regional de Medicina (Cremego) e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Luiz Humberto Garcia.
As opções são diversas (preenchimento, toxina botulínica, laser, peeling químico, etc.), as novidades não param e são propagandeadas por toda parte, em outdoors, nas redes sociais, nos sites de compras coletiva e no boca a boca entre amigos da academia ou escritório. Mas procedimentos considerados simples, se aplicados por mãos sem o devido preparo, podem comprometer gravemente o bem-estar, a aparência e até levar à morte, como ocorreu com a auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39 anos, morta após uma aplicação de hidrogel para aumentar as nádegas.
“Não existe nenhum tipo de tratamento isento de complicações. Procedimentos minimamente invasivos podem levar a complicações de importância significativa e por isso devem ser feitos por médicos, com especialização em cirurgia plástica ou dermatologia”, diz Luiz Humberto Garcia. Nesse rol estão todos os serviços estéticos feitos por meio de injeção, punção, enxertia, aspiração, aplicação de ácidos e abrasões.
A afirmação do conselheiro do Cremego é baseada no Ato Médico, lei sancionada em 2013. A lei diz que cabe apenas a médicos a realização de procedimentos invasivos, tanto para diagnóstico quanto com fins terapêuticos ou estéticos. Garcia afirma que, em caso de complicações, o profissional precisa estar apto a reconhecê-la e tratá-la. “ Cada tratamento é uma agressão controlada ao organismo e é preciso saber todas as respostas que o organismo pode dar. Por isso, os procedimentos de natureza invasiva devem ser feitos por profissionais que tenham conhecimento profundo de anatomia, farmacologia e fisiopatologia.”
NOVIDADES
Garcia alerta que, muitas vezes, procedimentos oferecidos como “revolucionários” carecem de comprovação científica, a exemplo da carboxterapia, procedimento de aplicação de gás carbônico (CO2) para combater gordura localizada e celulite, mas que, segundo ele, não tem aval do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Outro procedimento que, de acordo com Garcia, é considerado polêmico, é a aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA) para o contorno do rosto e do corpo, na chamada bioplastia. O produto é liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e usado por muitos cirurgiões plásticos. “Já recebi pacientes com o nariz necrosado após o procedimento. É um produto na berlinda”, diz.
Questionado sobre o hidrogel de poliamida para a bioplastia, o médico afirmou que o preenchimento mais consagrado é realizado com ácido hialurônico, por conta dos diversos estudos já realizados sobre eficácia e efeitos colaterais. O especialista cita o caso do silicone líquido industrial, utilizado na década de 80, mas que foi proibido por ser a causa de processos inflamatórios e rejeição. Regente do serviço de cirurgia plástica do Hospital das Clínicas, Garcia diz que, apesar da proibição, já chegaram à unidade pessoas que aplicaram o produto ilegal nas nádegas e nos seios, que migraram para os membros inferiores. Outro exemplo é o lipostabil, enzima usada há alguns anos, injetada para queima de gordura, proibida pela Anvisa após relatos de deformações no corpo.
Bronzeamento deixou feridas
Para ter a pele dourada, a dona de casa Miriam Ferreira, de 33 anos, passava por sessões de bronzeamento artificial há mais de um ano quando sofreu queimaduras de 2º grau em 70% do corpo. O caso aconteceu em Jataí, no Sudoeste do Estado, em 2 de março deste ano. Ela ficou internada por 12 dias, 4 deles na unidade de terapia intensiva (UTI), e, 8 meses depois, ela ainda sofre com sequelas da exposição ao sol com um produto desconhecido, supostamente óleo de coco e canela.
“Não dá para sair no sol. Tenho de usar uma roupa especial, que tampa o corpo durante o dia. Mesmo dentro de casa, quando está muito quente minha pele começa a arder e a ficar vermelha, parecendo que peguei insolação”, relata. Miriam diz que precisa usar protetor solar até à noite, por conta da luz das lâmpadas.
As sessões de bronzeamento eram realizadas no quintal de um salão de beleza, por uma esteticista. Depois da experiência dolorosa, Miriam diz que passou a alertar as amigas. “Agora, eu sempre falo para tomar cuidado com procedimentos de beleza.”
Ao todo, dez mulheres apresentaram algum tipo de queimadura depois do bronzeamento com óleo de coco em Jataí. Apenas oito formalizaram a denúncia e a dona do salão está respondendo por lesão corporal dolosa. A polícia entendeu que ela não tinha os conhecimentos necessários para exercer uma profissão, mas mesmo assim o fez, assumindo os riscos.
Miriam preferiu não formalizar a denúncia, porque conhece a dona do salão há algum tempo. Depois do problema, ela diz não ter mantido mais contato com a responsável pelo procedimento. “Ainda estou magoada com o que ela fez, mas não pretendo processá-la não.”
Disputa por competência confunde consumidores
Apesar de o Ato Médico especificar que procedimentos invasivos devem ser realizados por médicos, diversas clínicas de Goiânia oferecem procedimentos realizados por fisioterapeutas. A disputa de competência para a realização de alguns tratamentos deixa consumidores confusos a ponto de um procedimento que é desaconselhado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ser permitido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). É o caso da carboxiterapia, técnica de aplicação transcutânea de gás carbônico (CO2) para reduzir gordura localizada e celulite.
Para o CFM, até o momento não existem estudos científicos que comprovem a eficácia da carboxiterapia para fins estéticos ou terapêuticos. O conselho diz que a técnica não está isenta de risco, como infecções, por se tratar de método invasivo. Diz que, embora rara, pode ocorrer embolia gasosa.
A reportagem procurou o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 11ª Região – Distrito Federal e Goiás (Crefito 11), mas o coordenador do Departamento de Fiscalização do Crefito 11, Afonso Venutolo, preferiu não comentar assunto, E se limitou a dizer que “segue resolução do Coffito”.
A resolução 293/12 do Coffito, que regulamenta a fisioterapia dermatofuncional, diz que o fisioterapeuta pode utilizar “práticas integrativas e complementares de saúde, tecnologias assistivas” e cita os seguintes procedimentos: laser, luz intensa pulsada, radiofrequência, carboxiterapia e peelings.
Para o dermatologista Adriano Auad, coordenador da Câmara Técnica de Dermatologia do Cremego e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é uma questão de segurança do próprio paciente. “Cabe ao paciente fazer a escolha. Mas do ponto de vista técnico, eu não tenho nenhuma dúvida em dizer que a formação médica, nas especialidades de dermatologia e cirurgia plástica, é mais adequada. Porque não são técnicas superficiais, e a pessoa está exposta a riscos. Algumas complicações precisam de uma intervenção médica imediata”, diz.
Sobre a carboxiterapia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz: “Há diversos aparelhos registrados para fazer a infusão de CO2, mas para uso exclusivo médico e de acordo com os protolocos profissionais aceitos”. A Anvisa esclarece que cuida do registro de produtos com base em comprovações de segurança e eficácia, “porém a técnica e validação de procedimentos é de responsabilidade dos conselhos profissionais”.
Esteticista alerta para falta de preparo profissional
Esteticista há 30 anos, Ângela Maria da Silva Oliveira, de 57, diz que até os procedimentos não invasivos podem trazer problemas quando feitos por profissionais sem o treinamento necessário. “Uma massagem malfeita pode dar flacidez e machucar a carne. A drenagem tem um sentido certo, por onde a circulação é irrigada. Não dá para fazer em qualquer local”, argumenta.
Ela chama a atenção para a grande quantidade de salões de beleza que têm se transformado em centros de estética na capital. “A cabeleireira ou a depiladora passa a ser esteticista da noite para o dia, apenas com cursos de fim de semana. Para oferecer um bom serviço é preciso conhecer parte da biologia, a musculatura, os pontos linfáticos. Pessoas sem preparo estão aplicando laser, o que deve ser feito por profissional com formação específica e especialização”, alerta.
Ângela foi professora de cursos de estética do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) por vários anos e diz que os bons cursos para começar a carreira, oferecidos por lugares sérios, variam de 90 dias, 120 dias e até seis meses. Depois disso, a profissional precisa se aprofundar e fazer atualizações. (09/11/14)
………………………………………………..
Estética
Gel foi para virilha após aplicação
Funcionária de laboratório médico teve de ficar internada por quatro dias após aplicação de hidrogel
Patrícia Drummond
Migração da substância aplicada nos glúteos para a região da virilha e formação de nódulos no local; oríficios onde o produto foi aplicado alargados e não cicatrizados, com caso de vazamento frequente do líquido e necessidade de drenagem; falta de condições para sentar ou deitar normalmente; risco futuro de trombose ou embolia pulmonar. Segundo a polícia, essas são algumas das situações relatadas, em depoimento, por algumas das seis mulheres após a intervenção a qual teriam se submetido, nas mãos de Raquel Policena Rosa, de 27 anos, visando o aumento de glúteos prometido pela falsa profissional.
“No caso mais grave, a vítima, com média de 30 anos, depois de internada por quatro dias, está em acompanhamento médico por um cirurgião plástico. Ela não consegue ficar sentada; fica às vezes em pé e às vezes deitada, de lado, não tem dormido, e, por causa disso, está sem trabalhar”, conta a delegada Myriam Vidal, titular do 17º Distrito Policial (DP). A delegada investiga a morte da auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39 anos, menos de 24 horas depois de também ter se submetido ao procedimento com Raquel Rosa.
“Essa mesma vítima tem um orifício, onde o produto foi aplicado, que não fechou e pelo qual, até hoje, escorre um líquido; aí, frequentemente, ela tem ido ao hospital, para drenar, e diz que já foi informada sobre o risco de ocorrer uma trombose ou uma embolia pulmonar”, acrescenta a delegada.
MESMA CLÍNICA E SINTOMAS
A mulher, de acordo com Myriam, compareceu a uma segunda sessão agendada com Raquel, para retoque, no dia 24 de outubro, na mesma data e clínica de estética em que Maria José foi atendida, também pela segunda vez, no Parque das Laranjeiras. Funcionária de um laboratório de análises clínicas na capital, ela teve de abandonar suas funções desde que esteve internada, com falta de ar, dores nas pernas, nos glúteos e no peito, quadro que, conforme a delegada, a testemunha continua a vivenciar.
Em pelo menos outros três casos, segundo Myriam Vidal, o relato é de migração da susbtância aplicada por Raquel Rosa nos glúteos das testemunhas para a virilha. Com o tempo, o produto se petrificou e teria dado origem a nódulos na região, comprovados por exames. “Todas essas mulheres, confiando na capacitação de Raquel, considerada por elas como uma pessoa bastante persuasiva e fluente, fizeram e refizeram curativos com a cola instantânea SuperBonder. Em uma delas, mesmo assim, o orifício não cicatrizou e acabou se alargando, nos dois lados dos glúteos, como eu mesma vi”, declara a titular do 17º DP, que insistirá na investigação sobre a procedência do produto utilizado por Raquel.
7 mulheres que tiveram hidrogel aplicado por Raquel Policena tiveram complicações
3,9 mil reais era o preço cobrado para aplicação do produto no corpo
Outros casos precisam de confirmação
Além das seis testemunhas ouvidas pela titular do 17º Distrito Policial, Myriam Vidal, no caso da auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, foram identificadas outra cinco mulheres que também teriam se submetido ao procedimento para o aumento dos glúteos com Raquel Policena Rosa. Esses casos, contudo, como esclarece a delegada, ainda precisam de confirmação.
“Temos os nomes das possíveis vítimas, mas estamos em fase de investigação. Algumas se sentem envergonhadas e temem, por enquanto, a exposição”, afirma Myriam Vidal, que, nesta semana, espera ouvir o namorado de Raquel Rosa, o professor de línguas estrangeiras Fábio Ribeiro.
AJUDANTE
De acordo com as testemunhas que já prestaram depoimento no caso, o homem teria estado presente às sessões de aplicação do produto, tanto em um hotel no Setor Oeste quanto em clínicas de estética da capital, e era, na maior parte das vezes, quem recebia o pagamento de R$3,9 mil pelo procedimento. Raquel, por sua vez, nega a participação do namorado durante as aplicações; segundo conta, ele apenas teria massageado um dos lados do glúteo de Maria José, para “espalhar melhor” a susbtância.
Na internet, o casal faz sucesso na rede social YouTube, no Canal Anos Incríveis, mantido por Fábio, com mais de 58 mil seguidores. Ele e Raquel cantam, juntos, acústicos como Is This Love, do jamaicano Bob Marley, e até protagonizam cenas caracterizados como Alladin e Jasmine, personagens do desenho animado da Disney, enquanto interpretam a trilha sonora do filme.(09/11/14)
……………………………………………..
Hidrogel
Sete novas vítimas de aplicação
Patrícia Drummond
Sete mulheres que teriam se submetido ao procedimento para aumento dos glúteos oferecido por Raquel Policena Rosa, de 27 anos, foram ouvidas pela polícia e relataram problemas de rejeição ao produto utilizado pela jovem, além de problemas orgânicos após as aplicações. Segundo a delegada Myriam Vidal, que investiga a morte da auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39, após ter se submetido ao procedimento, todas as mulheres afirmam ter conhecido, durante as sessões, o namorado de Raquel, Fábio Ribeiro.
“Igualmente nesses casos, as aplicações foram feitas em hotel (o mesmo em que esteve Maria José, no Setor Oeste) e em diferentes centros de estética da capital. Pelos relatos, Fábio era quem recebia o pagamento, informava que o procedimento era seguro e orientava sobre o curativo com gaze e cola SuperBonder, se houvesse vazamento”, conta Myriam.
De acordo com os depoimentos, diz a delegada, Fábio teria participado diretamente das aplicações no dia 24 de outubro, no centro de estética do Parque das Laranjeiras, de onde Maria José Brandão saiu, antes de passar mal e morrer. “Todas as sete testemunhas ouvidas foram encaminhadas ao Instituto Médico-Legal para exame de corpo de delito para constatar e oficializar a gravidade das lesões e apontar possível ligação com o procedimento realizado por Raquel”, diz Myriam Vidal, destacando que, em todos os casos, o valor pago foi de R$3,9 mil.
A idade das mulheres ouvidas, conforme a delegada, varia entre 17 e 55 anos e a data de algumas das aplicações antecede o curso livre de Bioplastia Estética feito por Raquel Rosa no interior de São Paulo: teriam sido realizadas entre o fim de junho e o início de agosto. A nenhuma delas teria sido mostrado o produto utilizado no procedimento.
Namorado deve depor na próxima semana
Na próxima semana, a delegada titular do 17º Distrito Policial (DP), delegada Myriam Vidal, espera ouvir o namorado de Raquel Policena Rosa, Fábio Ribeiro. A delegada pretende apurar a participação dele na realização dos procedimentos estéticos.
Segundo o advogado dele, Jefferson de Oliveira Santana, ontem, por problemas pessoais, o rapaz não pode comparecer ao depoimento que estava marcado no 17º DP.
“Nem meus clientes nem o escritório em que trabalho iremos nos pronunciar sobre o caso até que o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) seja concluído. É prematuro trabalhar com hipóteses”, argumentou Jefferson Santana.
……………………………………
Saúde
Campanha de vacinação contra pólio e sarampo segue até o final do mês
A campanha de vacinação contra a poliomielite e sarampo teve início neste sábado (8) e segue até o dia 28 deste mês. No caso da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, devem ser vacinadas crianças de 6 meses até 5 anos incompletos. Já na vacinação contra o sarampo, a faixa etária indicada é de 1 ano até 5 anos incompletos.
Em Goiás, segundo a gerente de imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Clécia Vecci, a estimativa é imunizar cerca de 409.009 crianças contra a poliomielite e 362.326 contra sarampo. No dia 22 terá nova campanha, mas quem tomou a vacina hoje, não precisa tomar novamente. A expectativa do Ministério da Saúde é alcançar 95% de cobertura vacinal.
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa grave. Na maioria dos casos, a criança, quando infectada, não morre, mas adquire sérias lesões que afetam o sistema nervoso e provocam paralisia irreversível, principalmente nos membros inferiores.
Já o sarampo é uma doença viral aguda grave e altamente contagiosa. Os sintomas mais comuns incluem febre alta, tosse, manchas vermelhas, coriza e conjuntivite. A transmissão acontece de pessoa para pessoa por meio de secreções expelidas ao tossir, falar ou respirar. A única forma de prevenção da doença é a vacinação.
………………………………
O HOJE
Esteticista não usou hidrogel
A substância utilizada pela esteticista Raquel Policena Rosa para modelar as nádegas da ajudante de leilões Maria José Medrado, de 39 anos, não era hidrogel de poliamida. O produto é utilizado para corrigir linhas e rugas da face, pescoço e contornos e assimetria de tecidos moles, como glúteos, panturrilhas e coxas e é de uso restrito aos profissionais médicos, que determinam a quantidade segura e o local mais adequado para a aplicação.
A informação foi confirmada ontem pela delegada que investiga o caso, Myrian Vidal. A suspeita inicial era de que a estetisista teria aplicado hidrogel de poliamida, mas isso já foi descartado pela polícia, que aguarda exames para saber que produto foi aplicado em Maria José, que morreu no último dia 25, horas depois de fazer uso do produto. A hipótese da Polícia Civil deve ser confirmada com a conclusão de um laudo cadavérico feito pelo Instituto de Médico Legal (IML), que deve ficar pronto dentro dos próximos 20 dias.
Imagens
Ontem, a Polícia Civil divulgou as imagens de câmeras de segurança de um hotel na capital onde foi realizada a primeira aplicação da substância na auxiliar de leilões. A esteticista atendeu no local entre os dias 11 e 13 de outubro. Ela estava acompanhada do noivo, Fábio Ribeiro, que, segundo o filho de Maria José, teria participado ativamente de todo o processo no dia 12 de outubro.
Neste dia, às 19h24, é registrado quando Maria José e seu filho, acompanhados da esteticista e do noivo, caminham em direção a um apartamento. Pelas imagens é possível perceber que permaneceram no quarto, além de Raquel e Maria José, o noivo da esteticista.
Complicações
Quase duas horas após entrar no apartamento, às 21h18, as câmeras de segurança exibem a ajudante de leilões saindo do quarto, acompanhada do filho de 18 anos. Maria José parece tranquila e conversa e gesticula com o rapaz. Foi depois dessa sessão, em que os resultados não teriam agradado a vítima, que Maria José voltou a fazer uma nova aplicação no dia 24 de outubro e que teria resultado nas complicações que levaram a auxiliar de leilões à morte, possivelmente causada por uma embolia pulmonar.
Depoimentos
A esteticista Raquel Policena Rosa foi ouvida no início desta semana pela delegada Myrian Vidal, titular do 17º Distrito Policial, e pode ser indiciada por homicídio doloso, quando há intenção de matar, já que, mesmo diante das queixas de Maria José, depois do segundo procedimento, não teria orientado a cliente a procurar ajuda médica.
Já o noivo de Raquel, Fábio Ribeiro, que deveria se apresentar espontaneamente ontem no 17º DP, não compareceu ao local. O advogado dele, que havia negociado a apresentação espontânea de seu cliente sem necessidade de intimação da Polícia Civil, teria ligado para a delegada Myrian Vidal e adiado a oitiva.
Outro depoimento de mais uma testemunha do caso, que estava previsto para ontem, também não ocorreu. A polícia não quis identificar a pessoa. (Marcelo Tavares)
…………………………………………
Meninas adolescentes precisam tomar a segunda dose da vacina do HPV
O Ministério da Saúde, por meio das secretarias estaduais e municipais, tenta identificar as meninas de 11 a 13 anos que ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra o papiloma vírus humano (HPV). Dados da pasta indicam baixa adesão neste segundo momento da cobertura vacinal.
No primeiro mês de aplicação da segunda dose, 914 mil adolescentes foram imunizadas. O número representa 18,4% do público-alvo, formado por 4,9 milhões de meninas de 11 a 13 anos. A vacinação da segunda dose começou no dia 1º de setembro.
O último balanço do governo mostra que, desde 10 de março, quando a imunização passou a ser ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 4,5 milhões de meninas receberam a primeira dose da vacina, o que representa 92,6% do público-alvo.
Em entrevista à Agência Brasil, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lembrou que se trata de uma vacina nova, que passou a integrar o calendário básico de imunização apenas este ano. Outra particularidade considerada pelo governo, segundo ele, é o público-alvo: adolescentes, faixa etária que dificilmente procura postos de saúde por não ter de tomar nenhuma outra dose.
“O que vamos fazer é um trabalho mais pontual. Estamos identificando meninas que não tomaram a segunda dose e convocando para comparecer aos postos”, explicou, ao se referir ao plano como uma estratégia para as meninas faltosas.
Chioro ressaltou que, apesar da campanha deflagrada no primeiro semestre deste ano, a vacina contra o HPV foi incorporada ao calendário básico de imunização. Assim, está disponível nos postos de saúde durante todo o ano e não apenas no período da campanha. Dessa forma, meninas que completaram 11 anos apenas agora devem procurar uma unidade de saúde para receber a primeira dose.
O SUS oferece a vacina quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18). Os últimos dois subtipos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo.
Cada adolescente deve tomar três doses da vacina para completar a proteção: a segunda, seis meses após a primeira e a terceira, cinco anos após a primeira dose.
………………………………………..
DIÁRIO DA MANHÃ
O câncer silencioso
Autoexame e acompanhamento médico são fundamentais para a detecção do câncer de tireoide
SAULO HUMBERTO
Não gosto de ir ao médico", "só vou quando sinto alguma coisa". Você deve conhecer alguém que fala isso direto, pessoas que fazem uso de remédios caseiros e automedicação e só procuram um profissional em último caso. O problema é que existem doenças que são silenciosas, e não provocam nenhum sintoma, como o câncer de tireoide.
Segundo a endocrinologista Cecília Pacheco Elias, o câncer se apresenta como um "caroço" que cresce na glândula e nem sempre é visível na região do pescoço, podendo ser um nódulo único ou mais nódulos. "Não se sabe o motivo exato, mas o tumor se inicia porque células anormais começam a crescer de forma descontrolada. Existem quatro tipos de tumores, com características diferentes. Em alguns casos, o nódulo também pode levar ao aumento dos gânglios do pescoço, conhecidos como ínguas", explica.
Apesar de ser considerada uma doença assintomática, a profissional esclarece que existem situações em que ela apresenta sintomas. "Como no caso de nódulos maiores e de crescimento rápido, em que podemos ter alguns sintomas compressivos como rouquidão e dificuldade para respirar ou engolir", completa.
Quando não diagnosticado, o tumor pode crescer e não ficar mais localizado só na tireoide. Além de comprimir regiões próximas, como traqueia, laringe e esôfago, podem se espalhar para outros locais como pulmões, gânglios linfáticos, ossos e fígado, afirma a endocrinologista que explana ainda sobre dois tipos da doença. "O tipo anaplásico (3% a 5% dos casos) é o mais agressivo e com risco de vida. Felizmente, o tipo mais comum, chamado papilífero (80% dos casos), apresenta crescimento lento e raramente se espalha".
Dados
Conforme o cirurgião de cabeça e pescoço, José Carlos de Oliveira, em Goiânia, esta doença atinge 10 para cada 100 mil mulheres. A endocrinologista afirma que o câncer de tireoide vem se tornando mais comum, sendo que os novos casos aumentaram em 10% e já representa o quinto tumor mais frequente em mulheres. "Felizmente a taxa de mortalidade está menor, exatamente pelo diagnóstico mais precoce."
A doença sem indícios aparentes
Com base nas informações da endocrinologista Cecília Pacheco Elias as células da tireoide são estimuladas por um hormônio chamado TSH, que é produzido no corpo pela glândula hipófise, localizada na cabeça. O TSH recombinante é o hormônio estimulante da tireoide fabricado por engenharia genética, sendo uma medicação aplicada no músculo do paciente. "Ele nos ajuda quando vamos avaliar a extensão da doença e se o tumor está controlado ou possa ter voltado a existir. A atividade da célula do tumor, quando estimulada pelo TSH recombinante, fica mais fácil de ser reconhecida em exame de imagem (pesquisa de iodo no corpo) e por laboratório (através do marcador Tireoglobulina). A vantagem é que esta medicação não causa nenhum desconforto no paciente", diz.
Cecília explica que o histórico da doença na família é uma situação de risco, particularmente no tipo chamado medular. Mas existem outros fatores de risco, como: se o paciente já teve exposição a algum tratamento com radiação no pescoço ou cabeça ou se está nos extremos da idade, crianças, adolescentes e idosos com mais de 65 anos. "Apesar do câncer de tireoide ser mais prevalente em mulheres acima de 30 anos, homens com nódulos representam grupo de risco para malignidade. Mas qualquer pessoa pode apresentar o câncer de tireoide, independente de ter ou não esses fatores de risco. O risco aumenta com o passar da idade", afirma.
Diagnóstico
A endocrinologista afirma que o melhor exame para detectar e avaliar o nódulo é o ultrassom da tireoide, e esclarece como é feito esse diagnóstico. "Se o exame mostrar um tamanho maior que um centímetro ou se existir características suspeitas, nós solicitamos o exame de biópsia com agulha fina, em que serão retiradas algumas células do nódulo para análise no microscópio. A partir daí poderemos confirmar se o nódulo é benigno ou maligno. Gostaria de ressaltar que nódulos na tireoide são muito frequentes, principalmente em mulheres, porém a maioria dos casos (90% a 95%) apresenta benignidade.", diz.
O cirurgião de Cabeça e Pescoço, José Carlos de Oliveira afirma que a incidência de câncer de tireoide em Goiânia está a 1% ao ano, o que segundo ele é considerada lento. José Carlos diz também que a mortalidade na Capital diminuiu. "40 % dos casos são iniciais, o que propicia uma possibilidade de cura maior", afirma o médico que complementa: "Melhorou muito com a ultrassonografia e biópsia, o que está gerando possibilidade maior de cura. Deveria ser copiada com outros tipos de câncer", conclui.
Prevenção
Cecília explica que a melhor forma de prevenção é estar atento a alterações de volume no pescoço para atendimento médico precoce. "Pessoas que apresentam nódulo benigno, devem sempre fazer acompanhamento deste nódulo com consultas e exames de ultrassom anuais. Àqueles que tiverem algum caso familiar de câncer de tireoide convêm passar por uma avaliação médica específica", diz. Conforme a endocrinologista, um autoexame que pode ser realizado é ficar em frente ao espelho com um copo de água. Quando der um gole de água, observar a região embaixo do 'gogó', se há algum abaulamento ou outra assimetria. Engolir com a cabeça para trás pode facilitar o exame.
Descobrindo um caroço no pescoço
O jornalista Carlos Henrique Carvalho Freitas afirma que não sentia nenhum sintoma da doença, que foi descoberta por acaso. "Por volta ali do mês de outubro de 2010, mais ou menos, estava saindo de casa e minha mãe notou um caroço no meu pescoço, e esse caroço, podia ser algum inchado normal, então eu esperei mais uma semana no máximo, e aí sim fui procurar um médico para tentar ver o que era". Ele explica que fez um ultrassom, e por esse ultrassom, o médico pediu outro exame, chamado punção. "Você toma como se fosse uma injeção para tirar células daquele local. Com essas células você consegue ter ideia do que pode ser. Descobrindo que era carcinoma papilar, o médico já disse que era um caso cirúrgico, porque para ter certeza ou não, se seria benigno ou maligno, só fazendo a cirurgia mesmo, que aí você faz uma biópsia completa", diz
Carlos explica que foi uma cirurgia considerada simples. "Na hora ali, o médico abre, tira um pedaço da tireoide, do nódulo; na mesma hora, ele já tem uma equipe que fez o exame de biópsia. Ali ele já conseguiu saber se era benigno ou maligno. Eles perceberam que era maligno, então eu retirei toda a tireoide, e no outro dia eu já recebi alta". Ele diz que aproximadamente um mês depois começou a fazer uma dieta. "Fiquei sem comer sal um mês, por causa do iodo na verdade, não por causa do sal. Fiz um tratamento chamado radioiodo, que na verdade para mim foi a pior parte, já que não podia comer nada fora de casa. Nesse tratamento o médico liberou o sal sem iodo, é diferente do que a gente tá acostumado, então comer, eu comia somente em casa."
Carlos explica que atualmente se sente muito bem, e que não teve problema nenhum depois da cirurgia. Questionado sobre a recomendação que poderia conceder aos portadores da doença, ele diz que é procurar um médico. "Descobriu ou pareceu que tem uma coisa estranha, vá no médico olhar, o quanto antes tirar é melhor, o quanto antes você se tratar é melhor", recomenda.
Preocupação com a saúde
A jornalista e fotógrafa paulista, Fabíola Nosaki sempre foi preocupada com a saúde, e todo fim de ano agenda consulta com especialistas de diversas áreas. "Chegou o mês de março o retorno com o endocrinologista, já sabia que ele pediria inúmeros exames, dentre eles ultrassonografia de tireoide, pois já sabia da existência de dois nódulos que há anos estava com o mesmo tamanho, o último exame havia feito em agosto de 2011. Ao retornar com todos os exames o médico solicitou um punção aspirativa com agulha fina (Paaf) guiada por ultrassonografia", diz.
Ela afirma que realizou o exame e recebeu o resultado em casa. "Geralmente espero a consulta, não costumo abrir exames, pois não sou formada em medicina, mas como nunca havia feito o Paaf, eu resolvi abrir para saber o que escreveriam na conclusão. Eu li carcinoma. Eu não quis acreditar, preferia pensar que havia algum engano porque fazia controles periódicos", relata.
Fabiola procurou o médico e descobriu que estava com câncer de tireoide. Ela realizou a cirurgia no dia 25 de maio de 2012. "Ás 5h dei entrada num ótimo hospital, e fui muito bem tratada. Passei pelo procedimento chamado tireoidectomia total, ou seja, retirei toda a glândula para fazer a biópsia. A cirurgia correu muito bem e tive alta em 24h. Na segunda-feira, 28, já tirei o dreno e comecei as sessões de betaterapia, tipo de radioterapia específica para quem tem problemas de cicatrização. Durante esse período eu já estava menos inocente e já consegui com mais rapidez a liberação do meu plano para a iodoterapia, pois a biópsia da cirurgia confirmou o diagnóstico de carcinoma, então começaria outra etapa do tratamento", diz.
A jornalista e fotógrafa afirma que foram 74 dias com uma dieta rigorosa, pobre em iodo, sem sal. Depois, se internou novamente no isolamente para a iodoterapia. Ela afirma que após passar o tempo da internação e o afastamento, teve que realizar o exame PCI, que tira fotos do corpo para saber como foi o tratamento e, assim confirmar se precisaria de outra dose (em caso de metástase) ou não. "Graças a Deus a partir de agora, como todo paciente que teve câncer, devo para o resto da minha vida fazendo a reposição hormonal que fará o papel da tireóide retirada e fazer exames periódicos e cuidar da saúde, vivendo intensamente e sendo muito grata por cada dia bem vivido", afirma aliviada. (09/11/14)
………………………………
SAÚDE WEB 365
“Gestão clínica é o caminho para vencer a fragmentação da assistência”
Conhecimento e protocolos para gestão de doenças são pontos de investimento do Sírio Libanês para melhor equacionar o custo versus a qualidade
“Tecnologia será sempre parte da solução e do problema”. A frase proferida pelo superintendente do Sírio Libanês, Gonzalo Vecina, evidencia a equação qualidade versus custo que as empresas de saúde têm de enfrentar. Segundo ele, a tecnologia vai sempre seguir a sina de aumentar a eficiência de processos com a contrapartida do aumento dos custos. “A tecnologia para tratar não vai ser a de baixo custo”, disse Vecina durante *1º Fórum Internacional AITE – empresa do Grupo Benner – em Santiago, no Chile.
Para ultrapassar essa dificuldade, o superintendente aposta no conhecimento e nos protocolos para gestão de doenças. Diante de um setor em que o modelo de cuidados está amplamente fragmentado, calcado em um processo de medicalização e excesso de exames, o Hospital Sírio Libanês (SP), assim como muitos outros, têm investido em instrumentos que promovam a gestão clínica.
Para obter resultados por meio de sistemas e processos com foco na gestão clínica, Vecina lembra ser fundamental manter o paciente no centro do atendimento – aspecto este ainda pouco praticado de fato pela maioria dos hospitais brasileiros.
A criação de times de médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos, com algum grau de generalistas, para entender e atender as necessidades dos pacientes seria ponto central para esta conquista.
Para Vecina, sem dúvida o custo mais importante da saúde é com os profissionais. Neste contexto ele valorizou as ferramentas de gestão de pessoas para auxiliar na retenção e atração de talentos. “Para que o hospital conquiste o médico como um parceiro, é preciso também desenvolver competências gerenciais; compliance na questão farmacêutica; gerenciamento de risco; sistemas de auditoria (internos e externos), já que a acreditação é de vital valor para os hospitais”, afirmou.
*1º Fórum Internacional da AITE, empresa especializada em serviços e soluções para a gestão de operadoras de saúde suplementar, reuniu 50 participantes, dirigentes e gestores do setor. Também ministraram palestras o doutor Stephen Stefani, sobre “Os rumos da Medicina e da Gestão em Saúde”; e Guilherme Hummel, consultor e especialista em tecnologias da informação e comunicação aplicadas à saúde, que falou sobre o tema “eHealth: Presente e Futuro”. O evento aconteceu no último dia 31 de outubro, no Hotel The Ritz – Carlton, na capital chilena. (08/11/14)
………………………………………………….
O HOJE
Doenças que pareciam controladas voltam a assustar
Especialistas apontam a ação do homem na natureza como uma das causas para o alastramento desses males como malária, raiva e chikungunya
Kelly Lorena
Doenças que pareciam controladas ou praticamente extintas voltam a se propagar no País. Em Goiás, após 40 anos sem ser diagnosticada, a doença do mormo, que é perigosa para equinos e que pode ser transmitida para humanos, vitimou uma égua da raça mangalarga marchador, que teve de ser sacrificada no mês passado. Na capital, só este ano, sete morcegos foram identificados com a raiva, outra doença infecciosa. Goiânia, mesmo não sendo uma região endêmica para a malária, registrou recentemente pessoas infectadas com a doença, assim como com a febre chikungunya, que é transmitida pelo mesmo mosquito da dengue – Aedes aegypti –, e que começou a se espalhar pelo Caribe no final do ano passado. Segundo especialistas ouvidos pelo OHOJE, a soma de vários fatores, dentre eles a ação do homem, está diretamente ligada ao ressurgimento desses males.
Conforme o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz, a atividade do homem em áreas rurais com o “desmatamento e construção de barragens” têm afetado o eco sistema e, com isso, gerando um “descontrole ecológico”. De acordo com ele, as altas temperaturas e as constantes mudanças climáticas ameaçam a segurança sanitária do planeta. “A gente tem de perceber que, em âmbito mundial, o aquecimento global influencia no aparecimento de mosquitos que antes não tinham em determinadas regiões”, explica. Essa mudança, segundo ele, aumenta o surto de doenças como a malária, chikungunya e a dengue.
Área vunerável
A diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Juliana Braziel, diz que Goiânia é uma “área vulnerável” a algumas dessas doenças infecciosas, por causa do clima e do mosquito anopheles (conhecido como o mosquito prego e transmissor do protozoário que causa a malária), natural no eco sistema local. Segundo a diretora, Goiânia está na “era do mosquito”.
“Se pensarmos em qualidade de vida, todos querem morar próximos aos parques, à natureza, e com isso estamos invadindo o habitat desses animais, e por isso estamos mais sujeitos a essas doenças”, diz Juliana Braziel. Ela também ressalta que o aquecimento global e a globalização impactam diretamente para essas consequências. “A imigração e migração têm facilitado essa propagação. As pessoas viajam o tempo todo de um continente para o outro”.
Interferência humana é problema
De acordo com a professora da escola de veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG) Valéria de Sá Jayme, não chega a ser uma falha do controle de zoonoses do município – o aparecimento de recentes casos de raiva em morcegos –, e sim ações possibilitadas pela interferência do homem na natureza, como desmatamento, e construção de rodovias, mesmo a última “sendo de grande importância para a sociedade”, estão fazendo com que grupos de animais mudem do seu local de origem para as zonas urbanas. “A mudança antrópica de ambiente está fazendo com que a população de morcegos se desloque e se adapte a novas condições”, afirma a professora. “Os morcegos encontram aquilo que eles precisam nas cidades, como abrigo e comida”.
Outra razão apontada por Valéria Jayme é a de que o vírus rábico, relacionado a morcegos hematófilos (conhecido como vampiros e que se alimentam de sangue), tem atingido os não hematófilos (morcegos que comem isentos, frutos, polens, dentre outros alimentos). “Eles podem ser contaminados por essa variante do vírus, que é característica do morcego hematófilo. Quando eles se sentem ameaçados, seja pelo homem ou por outro animal, ele usa a mordedura defensiva e, pela saliva, transmite o vírus”.
A professora salienta que, apesar de o morcego transmitir algumas doenças – não só a raiva –, os morcegos têm um papel fundamental à natureza: “Os que se alimentam de insetos, por exemplo, controlam a população de insetos, promovem a dispersão de sementes e atuam na polimerização de vegetais”.
Em relação ao mormo, a professora da UFG diz que o reaparecimento do mormo no estado, depois de décadas sem notificação da doença, não quer dizer necessariamente que não existia. “As doenças podem ficar um tempo sem estar latentes”. De acordo com Valéria, no homem o mormo é uma infecção rara, mas, quando ocorre, é porque o indivíduo manipulou o animal infectado. “Apesar de rara, ela pode ser letal, embora haja o tratamento”. Segundo ela, todos correm o risco de ser infectados por ambas as doenças, porém ela salienta se tratar de doenças ocupacionais, quando profissionais que lidam diretamente com animais estão mais propensos.
A professora da escola de veterinária da UFG ressalta que as campanhas de educação e saúde são fundamentais para as pessoas conhecerem mais sobre os fatores de risco e prevenção. “Inclusive a população tem de atuar como parceira, castrando os animais de estimação, não deixando o animal ter livre acesso à rua e estar com a vacinação em dia. Tem de ter a guarda responsável”.
……………………………………………
Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação